9
42 DETALHES TÉCNICOS CÂMARA fuji X-T1 OBJETIVA @58mm EXPOSIÇÃO 1/500” . ISO 800

DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

42

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA fuji X-t1OBJETIVA @58mmEXPOSIÇÃO 1/500” . ISo 800

Page 2: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

43

ENTREVISTA

MAURÍCIOMATOS

É presença assídua nas páginas da zOOm, com os seus entusiasmantes relatosde viagem na nossa FotoAventura. Viajante compulsivo, sempre acompanhadopela sua câmara, já fotografou lugares tão incríveis como Namíbia, Alasca,

Islândia, Maurícias, Nova Zelândia ou o deserto do Atacama, no Chile. Embarqueconnosco nesta viagem ao maravilhoso mundo de Maurício Matos.

»

Page 3: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

44

Quem olha para o seu trabalho temdesde logo um dilema: perceber se émaior o amor às viagens ou a paixãopela fotografia. Afinal, o Maurício é umviajante que gosta de fotografar, ouum fotógrafo de viagens?A melhor forma de responder a estapergunta é decidir de qual dos dois pra-zeres eu abdicaria primeiro em caso denecessidade... e penso que, se estivessenuma situação em que teria de optar porviajar ou fotografar, escolheria viajar. Pormuito que goste de fotografar, viajar é aminha primeira paixão... e como eu cos-tumo dizer, só deixarei de o fazer quan-do me faltar uma de duas coisas: saúdeou dinheiro.

O que veio primeiro, a fotografia ou aviagem? E, já agora, qual a primeiraviagem digna desse nome e qual a pri-

meira câmara?Já foi há tanto tempo que muito sincera-mente, não me lembro bem. Eu comeceia “brincar” de fotógrafo na minha ado-lescência, precisamente quando viajava,na época ainda com os meus pais.Digamos que era o fotógrafo oficial dasférias e dos passeios de fim de semana.Se não me engano, a primeira câmaraque usei foi uma rangefinder Konica, quena época existia em minha casa, e que játentei encontrar, mas infelizmente semsucesso. Já a primeira máquina quecomprei para mim, foi uma Canon EoS50. Eu tive a sorte de poder viajar desdemuito cedo, porque pelo menos asférias de verão, passava-as quase sem-pre fora de Portugal, mesmo quandoainda o fazia com a família. A primeiraviagem que fiz sozinho para o exterior, eportanto aquela que considero a minha

primeira grande viagem, foi para osEstados Unidos (Boston e nova Iorque)em 2001. o ano é impossível de esque-cer, porque foi apenas uns meses antesdos ataques terroristas que acontece-ram. Claro que, fotograficamente falan-do, na época as fotos pareciam-me omáximo mas hoje em dia nem as mostroa ninguém :) .

Antes do digital, fotografou algunsanos com filme. Nunca pensou em vol-tar “ao ponto de partida”?Ao contrário de outros fotógrafos quecomeçaram na época pré-digital, eu nãotenho qualquer tipo de nostalgia. A ver-dade é que a fotografia era um hobbyextremamente caro e muito mais difícilde aprender do que é hoje. Cada vezque regressava de uma viagem, gastavauma fortuna na revelação dos slides, já

MAURÍCIO MATOS

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA DJI InspireOBJETIVA olympus M.12mmf2EXPOSIÇÃO f/5.6 . 1/240” . ISo 139

Page 4: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

45

para não falar no custo da película. nãohavia a possibilidade de ir vendo osresultados, de verificar e corrigir even-tuais erros, de apagar o que estava mal.Por outro lado, a época pré-digital foitambém a época pré-Internet. nos anos90 a Internet já existia, é verdade… mas ainformação que por lá se encontravanada tinha a ver com o que é hoje. Erapor isso muito mais complicado apren-der, estar informado. Daí eu ter umgigantesco monte de revistas de foto-grafia dessa época. não compro a teoriadefendida por alguns que “antigamenteé que era”, que antes é que havia gran-des fotógrafos e que agora é só porca-ria. Hoje em dia existe muita porcaria,sim... mas apenas porque qualquer umpode ser fotógrafo, coisa que não acon-tecia há 20 anos. E se não fosse o digital,provavelmente não teriam aparecido

excelentes fotógrafos que conhecemoshoje. tudo isto para dizer que não,nunca tive interesse em voltar a fotogra-far com filme.

De todos os lugares do mundo que jálhe passaram pela objetiva, qual foi oque o mais cativou. Aquele que deumaior vontade de fotografar uma eoutra vez?A Islândia é, ainda hoje, aquele país poronde passei que mais me surpreendeuquando o vi pela primeira vez. é umailha de uma beleza ímpar, com umavariedade incrível de paisagens e comlocais únicos. o problema é que, hojeem dia, está transformado num circo,especialmente no verão. na minha pri-meira visita, há quase 10 anos, quaseninguém sabia onde era. Quando naépoca eu dizia a alguns amigos que ia à

Islândia, a reação era invariavelmente“vais onde???”. Era possível estar emlocais absolutamente fantásticos, semter mais ninguém por perto. Desfrutava-se de paisagens magníficas sem baru-lho, sem o rebuliço de outros turistas. naminha última visita, em abril de 2017,tudo foi diferente... e foi numa épocaainda considerada baixa, em que partedo país ainda se encontra debaixo deneve. Mesmo assim, alguns dos princi-pais locais já se encontravam com umadúzia de autocarros lá estacionados,com turistas por todo o lado, com osfamosos paus de selfie omnipresentes,com drones no ar, com vedações emlocais que antes eram de livre acesso,etc etc. é um destino que se tornoumoda, muito devido às companhiasaéreas low cost terem começado a voarpara lá. o acesso ficou muito mais facili-

»

ENTREVISTA

»

Page 5: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

46

tado e muito mais barato. Enfim, a ver-dade é que as outras pessoas têm omesmo direito que eu tenho de lá ir,mas perdeu-se muito da magia. A bele-za continua lá, mas não é possível des-frutar dela da mesma forma.

Nem de propósito, o Maurício volta porvezes ao “local do crime”. Há destinosaos quais regressa para os voltar afotografar. Porquê? Há necessidade deum novo olhar, quer completar algoque o deixou insatisfeito, pretendedocumentar mudanças nesses luga-res?Quando comecei a viajar, o meu objetivoera estar no máximo de países possível.Queria poder dizer que já tinha estadoem X número de países. Hoje em diatenho uma abordagem diferente. Prefiromuito mais voltar a um país que me fas-cine, do que ir a outro onde não tenhaestado só para fazer número. Existemalgumas razões que me podem fazerregressar a um país onde estive ante-riormente. A principal razão é o tamanhode algumas nações. Países como aAustrália, Estados Unidos ou Brasil,podem ser visitados inúmeras vezes,sempre em locais diferentes e muitasvezes tão diversos como se fossem defacto países diferentes. outra razão queme pode fazer regressar é o clima. ouporque encontrei condições adversas naprimeira visita e quero tentar a sortenovamente para encontrar melhortempo, ou porque quero simplesmentefotografar o país com um clima diferen-te. Um bom exemplo é a tal visita que fizà Islândia em abril, para poder encontraras paisagens com um ambiente diferen-te do que têm no verão. A mais recenterazão que me tem levado a revisitaralguns locais é o interesse pela fotogra-fia aérea. A viagem que me fez voltar ànamíbia no último mês de outubro foiprecisamente por saber que seria umdestino fantástico para esse tipo defotografia. Provavelmente não será oúltimo regresso a um local onde já esti-ve, para o poder fotografar de cima.

Sim, o Maurício tem um trabalhorecente com drones, que revela umlado desconhecido – mas fascinante –das paisagens que fotografa. Fale-nosum pouco deste seu projeto “World

From Above”.Há muitos anos que sou apaixonadopela fotografia aérea, desde que conhe-ci o trabalho de Yann Arthus-Bertrand,no livro Earth from Above.Curiosamente foi durante uma dasminhas viagens que tive oportunidadede ver uma exposição das obras dele,em Buenos Aires, em 2004. Era umaexposição no exterior, com impressõesenormes, exposição essa que tambémpassou por Lisboa. Com o aparecimentodos drones, comecei a fazer algumasexperiências, mas só nos últimos 2 anosé que tenho levado esse tipo de traba-lho mais a sério, o que coincidiu com acompra do meu primeiro drone profis-sional, o Inspire 1. Para a minha fotogra-fia aérea eu quero qualidade e, para teressa qualidade, é preciso um drone quetransporte uma verdadeira câmara foto-gráfica... e, para isso, drones mais acessí-veis como o Phantom ou Mavic não che-gam. Atualmente tenho o Inspire 2, queé uma evolução significativa do primeiromodelo. A câmara tem um sensor micro4/3, idêntico ao que equipa a PanasonicGH5. Recentemente, criei um site ondesó coloco as minhas fotografias aéreas(fromabove.pt) e é nesse tipo de traba-lho que tenho concentrado a minhaatenção nos últimos tempos. Apesar dos

drones serem cada vez mais comuns, éum trabalho com uma perspetiva dife-rente daquilo que faço há muitos anos eque me dá bastante prazer. Mais do quepaisagens, gosto muito do grafismo edas texturas que é possível captar quan-do o nosso mundo é visto de cima,numa perspetiva vertical.

Quem viaja tanto, normalmente gostaainda de viajar mais. Há algum destinoque queira mesmo fotografar masainda não teve a oportunidade de láir?tenho a felicidade de já ter visitadoaqueles países que estavam realmenteno topo da minha lista de locais a foto-grafar. Mas claro, continuam a existirdestinos onde quero muito ir. num futu-ro próximo quero visitar algumas dasilhas do Pacífico Sul. Locais como Ilhasfiji ou Ilhas Cook chamam-me muito aatenção pela beleza das paisagensparadisíacas, muito ao estilo dasCaraíbas mas sem o mesmo turismo demassa.

Viajar é, por si só, uma aventura quecomeça antes de sair de casa. Se qual-quer um de nós já tem uma terríveldificuldade em fazer caber tudo numapequena mala de viagem, imaginamos

MAURÍCIO MATOS

Page 6: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

47

os tormentos por que passa o Mauríciopara encontrar espaço para tudo o queprecisa para fotografar. Quais os seustruques secretos para acomodar todoo material?Já foi pior! é verdade que as restriçõesvão sendo cada vez maiores, mas com aexperiência também fui aprendendoaquilo que realmente preciso numadeterminada viagem e aquilo que podeficar em casa. Há uns anos eu simples-mente tentava levar tudo o que tinha.Hoje em dia tento levar o mínimo possí-vel. o equipamento também foi mudan-do e como já há alguns anos que usocâmaras mirrorless, que são por naturezamenores, também ajuda. Por outro lado,um dos benefícios de viajar muito éobter um certo estatuto nas companhiasaéreas. Uma vez que sou membro Goldda Star Alliance, isso permite-meembarcar juntamente com os passagei-ros que viajam em classe executiva, que

por norma têm direito a mais bagagemde mão... e, desde que isso acontece,nunca me chamaram a atenção por amala ser um pouco maior ou por ir muitomais pesada do que é permitido. o pesocostuma ser um problema maior do queas dimensões. Atualmente, o meu pro-blema maior é o drone. Como o apare-lho que eu uso, o DJI Inspire 2, é bastan-te grande, torna-se impossível transpor-tá-lo como bagagem de mão. Assimsendo, tenho que arranjar maneira de odisfarçar como bagagem normal, deforma a que não se saiba o que vai ládentro. o que eu faço é colocá-lo numamala onde ele vai bem protegido, edepois colocar essa mala dentro deoutra mala vulgar, de forma a que pare-ça apenas mais uma mala no meio detantas outras. E apenas coloco o “esque-leto” do drone nessa mala. Levo comigotudo o que posso levar como bagagemde mão, como a câmara, comando,

baterias e tudo o que é acessório.Depois resta rezar para que ele chegueao destino. Acho que o melhor truque émesmo levar apenas o indispensável. Sehouver ainda assim o risco de excessos,um bom método é levar um casaco oucolete como muitos bolsos, de forma acolocar nesses bolsos parte do equipa-mento, se a isso se for obrigado.

E, por falar em material, há de havercertamente alguma peça que façarealmente a diferença no seu trabalhoe que, decididamente, nunca poderáficar em casa. Qual é a sua?Por estranho que possa parecer, aquiloque considero indispensável nas minhasviagens não é propriamente relacionadocom o equipamento fotográfico. Aquiloque tenho mesmo que ter é Internet.Estou tão habituado a estar ligado 24horas por dia, que para mim é um sacri-fício quando vou para algum local onde

»

ENTREVISTA

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA DJI InspireOBJETIVA olympus M.12mmf2EXPOSIÇÃO f/10 . 1/75” . ISo 139

Page 7: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

48

tenho que estar desligado. Por muitoque isso possa apelar a algumas pes-soas, eu quero sempre estar comunicá-vel. Se quiser desligar, eu desligo, não épreciso desligarem por mim. Por isso éque tenho um dispositivo chamadoSkyroam que me permite acesso àInternet em cerca de 100 países. E quan-do vou para algum local que não fazparte desses 100, a primeira coisa quefaço quando chego ao destino é arranjarum cartão de Internet para o telemóvel.no que diz respeito à fotografia, levosempre comigo um tripé, mesmo quepor vezes não o use. não quero estarnuma situação em que quero fazer umalonga exposição e não a poder fazer.

Na sua biografia – no seu site –, oMaurício diz que “não exagero na edi-ção das imagens, que não retiro nadaque estivesse lá e que não adiciono

nada que não estivesse lá”. Quer istodizer que, no seu trabalho, a ediçãoestá reduzida ao mínimo?Sim. Que fique claro que nada tenhocontra quem edita as imagens de formaquase ilimitada. no entanto, no meuponto de vista, isso deixa de ser umafotografia e passa a ser arte digital.também tem a ver com a forma comoeu olho a minha fotografia. o meu obje-

tivo é mostrar às pessoas as coisas queeu vi, tal como as vi. não gosto de mos-trar uma realidade alternativa criadaatravés da edição das fotografias.Mesmo quando uso HDR, é devido àscondições de luz no momento e o obje-tivo final continua a ser uma imagem omais aproximada possível da realidade.

Em regra, os fotógrafos têm muitas e

MAURÍCIO MATOS

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA Pentax 645DEXPOSIÇÃO f/8 . 10” . ISo 200

MAURÍCIo MAtoSwww.mauriciomatos.com

EQUIPAMENTOPanasonic G9 e GH5ovjetivas (câmaras e drone):olympus 12mm, 25mm e45mm; Laowa 7.5mmDrone: DJI Inspire 2 equipa-do com a Zenmuse X5Stripé: feisol Carbon Ct-3442Mochila: LowproDroneGuard Pro Inspired

Page 8: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

49

ENTREVISTA

»

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA DJI InspireOBJETIVA olympus M.45mmf1.8EXPOSIÇÃO f/8 . 1/3000” . ISo 400

boas histórias para contar. Ora, quemfotografa em viagem terá então mui-tíssimas (e belíssimas) histórias quetransporta na bagagem.Sim, é verdade que não me faltam histó-rias ao longo destes anos todos, desdemultas de trânsito com paragens dramá-ticas por parte da polícia à moda dos fil-mes, como um carro metido numa poçacom um metro de água quando penseique eram apenas uns centímetros ouvoos perdidos. no entanto, penso que amais difícil de esquecer foi a que se pas-sou no Deserto de Atacama, no Chile. éverdade que hoje em dia rio-me da cenae é uma história engraçada para contar,mas naquele momento foi um verdadei-ro drama. Era o meu último dia de via-gem, eu fazia o percurso de Iquiquepara Calama, onde iria daí a umas horasapanhar o primeiro dos vários voos queme trariam até Portugal. A carrinha pic-

kup que tinha alugado e que já tinhaapresentado alguns sintomas preocu-pantes uns dias antes, simplesmenteresolveu parar no meio do deserto. Donada, desligou-se. Ponto final. não vol-tou a andar. Pego no telemóvel paraligar para a agência onde tinha alugadoo carro e não havia sinal de telemóvelnaquele local. Relembro que estava nodeserto, apesar daquela estrada em par-ticular ter algum movimento. o que res-tava fazer naquela situação? tentar quealgum carro parasse para me ajudar,num país onde as pessoas por normanão param nessas situações, conformeme foi dito depois. Lá comecei eu a ace-nar aos carros que passavam e até aca-bei por ter sorte porque não demoroumuito até que um chileno parasse. Lálhe expliquei o que se passava, no meuperfeito portunhol, e ele rapidamente seofereceu para me levar até Calama. não

só me levou até à cidade como fezquestão de me levar ao aeroporto. foiextremamente simpático. Restou-me otempo para ir a correr ao balcão deatendimento da agência informá-los dosucedido e do local onde o carro seencontrava. Quando se viaja de formaindependente, como eu faço, é pratica-mente inevitável que aconteçam impre-vistos. é preciso ter calma para lidar comeles e não deixar que os nervos tomemconta de nós.

Se a sua câmara falasse, o que diriaela?“não me vendas, ainda agora me com-praste!”. é que realmente eu troco deequipamento com muita frequência.Reconheço que é um exagero, masdeve-se ao prazer que tenho em experi-mentar coisas novas.

Page 9: DETALHES TÉCNICOS · aos quais regressa para os voltar a fotografar. Porquê? Há necessidade de um novo olhar, quer completar algo ... tudo o que posso levar como bagagem de mão,

Escolhi uma foto aérea para este desa-fio, visto que é o tipo de trabalho ao qualtenho dedicado mais tempo ultimamen-te. Uma sessão de fotos aéreas começageralmente muito antes de sair de casa,com uma busca exaustiva de locais quepossam ser interessantes fotografarnum determinado destino, tudo com aajuda do Google Earth. no entanto, háfotos que acontecem um pouco poracaso, como foi o caso desta.Andava a passear pela costa da ilha deZanzibar, quando parei junto a uma belapraia, com o objetivo de a fotografarvista de cima. Retirei o Inspire 1 da malado carro, montei a câmara, coloquei ashélices e descolei. Quando estava aposicionar o drone no local que queriapara fotografar a praia, observo o quepoderia ser uma imagem interessante,ainda sem perceber que se tratava deuma ilha. Do sítio onde eu me encontra-va não conseguia ver o local. Desisti pormomentos da praia e levei o drone parauma altitude mais elevada, onde final-

mente pude ver que se tratava de factode uma mini ilha, que mais tarde vim asaber se tratar de um hotel de luxo queestava prestes a ser inaugurado.Depois de dirigir o aparelho para o localindicado, fiz várias fotos, usando váriosenquadramentos e, de todas as ima-gens, esta é a minha preferida. Devido àdificuldade de controlar a exposiçãoatravés de um tablet, e também porqueo tempo não é muito, tendo em conta aautonomia do drone, uso sempre a fun-ção braketing da câmara, fazendo sem-pre 5 exposições em sequência, comvariações da velocidade de obturação. oDJI Inspire 1, assim como o Inspire 2 queuso atualmente, estão equipados comcâmaras micro 4/3, o que permitealgum controlo da profundidade decampo, e, por isso, é preciso também teratenção à abertura utilizada, para que afocagem fique como pretendemos.Quando não há condições de luz reduzi-da, uso quase sempre f/8 e deixo que acâmara decida a velocidade. A objetiva

que mais uso é a olympus 12mm.Em relação à edição desta imagem, edas minhas imagens aéreas em geral, oprocesso inicia-se com a importaçãodos ficheiros para o Adobe Lightroom.Segue-se a escolha das minhas preferi-das. Uma das grandes diferenças dafotografia aérea para o meu trabalho defotografia de viagem em geral é quefotografo muito menos, o que torna aescolha muito mais rápida. Depois façouma de duas coisas. Se alguma das 5exposições que fiz da imagem estivercomo pretendo, começo de imediato oprocesso de edição. naqueles casos emque acho que terei melhor resultadocom a junção das 5 exposições, uso afunção HDR do Lightroom e procuroconseguir algo melhor por este meio. orestante do trabalho é bastante básico erápido. Pequenos ajustes de exposição,contraste, saturação, nitidez e é basica-mente isso. Procuro sempre um resulta-do final que seja realista, que mostreaquilo que eu vi no local.

50

MAURÍCIO MATOS

DETALHES TÉCNICOSCÂMARA DJI InspireOBJETIVA olympus M.12mmf2EXPOSIÇÃO f/8 . 1/950” . ISo 351

n CoMo foI fEItA