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LANÇAMENTOS AGOSTO 2010 O PALáCIO DE INVERNO John Boyne Em novo romance histórico do autor de O menino do pijama listrado, um garoto de dezesseis anos é catapultado dos grotões da Rússia para o fausto da corte imperial. Ali, por quase três anos, irá testemunhar, do olho do furacão, eventos que alteraram por completo os rumos da história do século XX Pode-se fugir da história? Será pos- sível viver no anonimato após uma exis- tência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública? Geórgui Jachmenev passou a vida in- teira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século XX que sempre lhe pareceu longo demais. Seus feitos começaram cedo: aos de- zesseis anos, em ação impulsiva e ata- balhoada, o rapaz impediu um atentado contra a vida de ninguém menos que o grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar Nicolau ii, que, agradecido, no- meou Geórgui o guarda-costas oficial de seu filho Alexei, destinado a ser o pró- ximo czar. Uma reviravolta impressio- nante, que o levou da taiga russa para o fausto dos palácios moscovitas, cenário que, apesar da amplidão e luxo de seus imensos corredores, iria se revelar bem mais inóspito que os frios grotões de sua vida anterior. A dura experiência com esse mun- do gélido de intrigas palacianas, às quais sempre era jogado contra sua vontade, e de grandes tensões e responsabilidade só foi apaziguada com a chegada do pri- meiro amor, Zoia. Mas os tempos eram agitados, e a história deixou pouco es- paço para idílios: quando a Revolução Bolchevique tomou de assalto o país, e isolou toda a família do czar numa casa de campo nos arredores de Ekaterinburg, mais uma vez Geórgui teve de agir rápido a fim de salvar a si e a Zoia. A vida com ela lhe custaria pátria, família e prestígio, e ele jamais se arrependeu disso — mas e para Zoia, o que teria custado? Numa narrativa fascinante, em que presente e passado vão convergindo em capítulos alternados, da Inglaterra dos anos Thatcher para a época dos czares russos, e dos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial para o turbilhão da Re- volução Bolchevique, acompanhamos Ge- órgui em meio a acontecimentos históri- cos decisivos que acabam por se revelar mero pano de fundo para uma história de amor que esconde um grande mistério, talvez maior mesmo que a própria história. John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971. É autor de sete romances e foi traduzido em mais de trinta línguas. O menino do pijama listrado (2007) conquistou dois Irish Book Awards, vendeu mais de 5 mi- lhões de cópias ao redor do mundo e foi adaptado para o cinema em 2008. Tam- bém de sua autoria, a Companhia das Letras publicou o best-seller O garoto no convés (2009). Romance Tradução: Denise Bottmann Capa: warrakloureiro 456 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 30 000 ex. R$ 39,50 Previsão de lançamento: 05/08/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1710-9 “O grão-duque estava a pouco mais de um metro e meio de distân- cia quando gritei o nome de meu amigo — ‘Colec! Não’ — e arremeti por uma brecha entre os cavaleiros em desfile, atravessando a rua numa carreira enquanto os soldados, per- cebendo que havia algum problema, viraram a cabeça em minha direção para ver o que se passava. [...]. Ele deve ter visto o reflexo do aço no ar, mas não teve tempo de sacar a própria arma nem de virar o cava- lo e escapar rapidamente, porque a pistola disparou quase de imediato num grande estrondo, enviando sua mortífera carga na direção do primo e mais íntimo confidente do czar no exato momento em que eu, sem ava- liar as consequências de tal gesto, saltei na frente dela.”

Destaques de agosto da Cia das Letras

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Page 1: Destaques de agosto da Cia das Letras

LANÇAMENTOS agosto 2010

o Palácio de invernoJohn Boyne

Em novo romance histórico do autor de o menino do pijama listrado, um garoto de dezesseis anos é catapultado dos grotões da Rússia para o fausto da corte imperial. Ali, por quase três anos, irá testemunhar, do olho do furacão, eventos que alteraram por completo os rumos da história do século xx

Pode-se fugir da história? Será pos-sível viver no anonimato após uma exis-tência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública?

Geórgui Jachmenev passou a vida in-teira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século xx que sempre lhe pareceu longo demais.

Seus feitos começaram cedo: aos de-zesseis anos, em ação impulsiva e ata-balhoada, o rapaz impediu um atentado contra a vida de ninguém menos que o grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar Nicolau ii, que, agradecido, no-meou Geórgui o guarda-costas oficial de seu filho Alexei, destinado a ser o pró-ximo czar. Uma reviravolta impressio-nante, que o levou da taiga russa para o fausto dos palácios moscovitas, cenário que, apesar da amplidão e luxo de seus imensos corredores, iria se revelar bem mais inóspito que os frios grotões de sua vida anterior.

A dura experiência com esse mun-do gélido de intrigas palacianas, às quais sem pre era jogado contra sua vontade, e de grandes tensões e responsabilidade só foi apaziguada com a chegada do pri-meiro amor, Zoia. Mas os tempos eram

agitados, e a história deixou pouco es-paço para idílios: quando a Revolução Bolchevique tomou de assalto o país, e isolou toda a família do czar numa casa de campo nos arredores de Ekaterinburg, mais uma vez Geórgui teve de agir rápido a fim de salvar a si e a Zoia. A vida com ela lhe custaria pátria, família e prestígio, e ele jamais se arrependeu disso — mas e para Zoia, o que teria custado?

Numa narrativa fascinante, em que pre sente e passado vão convergindo em ca pítulos alternados, da Inglaterra dos anos Thatcher para a época dos czares russos, e dos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial para o turbilhão da Re-volução Bolchevique, acompanhamos Ge - órgui em meio a acontecimentos históri-cos decisivos que acabam por se revelar mero pano de fundo para uma história de amor que esconde um grande mistério, tal vez maior mesmo que a própria história.John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971. É autor de sete romances e foi traduzido em mais de trinta línguas. O menino do pijama listrado (2007) conquistou dois Irish Book Awards, vendeu mais de 5 mi-lhões de cópias ao redor do mundo e foi adaptado para o cinema em 2008. Tam-bém de sua autoria, a Companhia das Letras publicou o best-seller O garoto no convés (2009).

romancetradução: denise Bottmanncapa: warrakloureiro456 pp. 14 3 21 cmtiragem: 30 000 ex.r$ 39,50 Previsão de lançamento: 05/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1710-9

“O grão-duque estava a pouco mais de um metro e meio de distân-cia quando gritei o nome de meu amigo — ‘Colec! Não’ — e arremeti por uma brecha entre os cavaleiros em desfile, atravessando a rua numa carreira enquanto os soldados, per-cebendo que havia algum problema, viraram a cabeça em minha direção para ver o que se passava. [...]. Ele deve ter visto o reflexo do aço no ar, mas não teve tempo de sacar a própria arma nem de virar o cava-lo e escapar rapidamente, porque a pistola disparou quase de imediato num grande estrondo, enviando sua mortífera carga na direção do primo e mais íntimo confidente do czar no exato momento em que eu, sem ava-liar as consequências de tal gesto, saltei na frente dela.”

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LANÇAMENTOS agosto 2010 2

a ilusão da almaBiografia de uma ideia fixaEduardo Giannetti

Em romance recheado de reflexões instigantes e acessíveis sobre filosofia e neurociência, o economista Eduardo Giannetti, autor de autoengano e o valor do amanhã, valor do amanhã, valor do amanhãapresenta um personagem aturdido por uma ideia fixa: desvendar as relações entre mente e cérebro

romancecapa: Kiko Farkas e thiago lacaz/ máquina estúdio256 pp.14 3 21 cmtiragem: 7000 ex.r$ 46,00Previsão de lançamento: 02/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1705-5

A ilusão da alma é o relato em pri-meira pessoa de uma perturbadora con-versão filosófica. Após a retirada de um tumor cerebral que o deixa parcialmente surdo, um jovem professor de literatura, especialista em Machado de Assis, isola- -se do mundo e passa a viver, entre livros e livros, absorvido por uma paixão inte-lectual: o estudo da relação entre o cére-bro e a mente.

Do embate entre Sócrates e Demócri-to no iluminismo grego do século v a.C. aos achados e espantos da moderna neu-rociência, a trama do livro descreve pas-so a passo, com detalhe e precisão, mas sem perder a visão de conjunto, a viagem de descoberta do narrador pela história das ideias.

A aventura, contudo, tem um desfe-cho inesperado, pois à medida que avan-ça nos estudos, o protagonista se desco-bre nas malhas de um credo obsessivo e aterrador: a ideia de que tudo que lhe passa pela consciência — suas alegrias e tristezas, suas memórias, temores e espe-ranças, seu senso de identidade e sua sen-sação de liberdade ao agir no mundo — nada mais é senão o produto da atividade de bilhões de células nervosas situadas em seu cérebro. A paixão de conhecimento que nele desperta após a cura do tumor físico dá lugar a um tumor metafísico — uma crença despótica alojada no cerne da consciência anfitriã.

Urdindo com engenho ficção e en-saio, relato confessional e argumento filo- sófico, A ilusão da alma é uma meditação corajosa sobre a condição humana — uma sinfonia contrapontística sobre a incerteza e a fragilidade do que estamos habituados a crer e pensar sobre nós mes-mos. Um livro, em suma, endereçado a to- dos aqueles que, independente de forma-ção acadêmica ou ocupação profissional, mantêm viva a chama de uma irrefreável curiosidade em torno daquilo que o enig-ma humano, desvendado, possa abrigar.

“Para encontrar a alma”, dizia o neu-ropsicólogo russo Alexander Luria, “é ne- cessário perdê-la”. O risco, entretanto, como atesta o drama do narrador deste livro, é fazer da ciência uma religião; é perder a alma para não mais encontrá-la. E se a busca da verdade científica sobre o Homo sapiens resultar na descoberta do nosso autoengano cósmico? E se a retidão cognitiva desaguar, por fim, na loucura? O que prevalece: a verdade a todo custo ou a sanidade mental?Eduardo Giannetti nasceu em Belo Ho-rizonte, em 1957. É professor do Insper — Instituto de Ensino e Pesquisa e PhD pela Universidade de Cambridge. De sua auto-ria, a Companhia das Letras já publicou Vícios privados, benefícios públicos? (1993), Vícios privados, benefícios públicos? (1993), Vícios privados, benefícios públicos?Autoengano (1997), Felicidade (2002), Felicidade (2002), Felicidade O mercado das crenças (2003), mercado das crenças (2003), mercado das crenças O valor do ama-nhã (2005) e nhã (2005) e nhã O livro das citações (2008). O livro das citações (2008). O livro das citações

“O problema da relação mente-cérebro. Dito dessa forma solene poderia parecer que se trata de uma questão técnica

e abstrusa, afastada das realidades da vida; o tipo de assunto que só interessaria a cientistas de jaleco, filósofos e es-

pecialistas em doenças nervosas. Nada mais falso. No meu caso, é verdade, o tumor teve papel crucial. Mas depois que

passei a estudar e a ruminar o assunto, percebi que do berço ao túmulo estamos a todo instante às voltas com ele, ainda

que mal o notemos. Do mais sério ao mais distraído, cada um de nós traz consigo um conjunto de crenças espontâneas

sobre a relação que existe entre o nosso corpo — cérebro incluso — e o nosso mundo mental — ‘a exuberância tropical

brutamente caótica da vida interior’, no dizer do filósofo americano Thomas Nagel.”

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LANÇAMENTOS agosto 20103

68 contos de raymond carver

Esta coletânea reúne grande parte dos contos de Raymond Carver, um dos maiores ficcionistas americanos do século xx. Dispostas xx. Dispostas xxem ordem cronológica, as narrativas acompanham a trajetória do escritor, cheia de percalços pessoais, crises familiares e problemas relacionados ao alcoolismo e à falta de dinheiro

contostradução: rubens Figueiredocapa: Jeff Fisher712 pp. (estimadas)16 3 23 cmtiragem: 4000 ex.r$ 54,00Previsão de lançamento: 30/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1713-0

Mesmo após a morte do escritor ame-ricano Raymond Carver, em 1988, a im-portância de sua obra não para de cres-cer no meio literário internacional. Mas embora ele seja cada vez mais frequente-mente saudado como “o novo Tchekhov”, isto é, um novo mestre do conto, sua obra permanece publicada de forma dispersa em quase todos os países do mundo. Para que esse paradoxo editorial acabe de uma vez por todas no Brasil, a Companhia das Letras lança 68 contos, a mais ampla reu-nião das histórias de Carver existente fora dos Estados Unidos.

A seção inicial do volume reúne cin-co narrativas feitas entre 1960 e 1967. Em seguida, vêm os dois primeiros livros de Carver: Você poderia ficar quieta, por fa-vor?, de 1976, e Do que estamos falando quando falamos de amor, de 1981. Mais adiante, estão os contos incluídos em Fogos, de abril de 1983, uma miscelânea de ficção, poesia e ensaística. Surge então sua obra-prima, Catedral, que saiu em se-tembro do mesmo ano. Por fim, na seção “Contos recolhidos”, encontram-se cinco histórias dos anos 1980, que permanece-ram inéditas em livro até 2001.

As narrativas permitem, juntamente com os subsídios fornecidos na introdu-ção assinada por Rodrigo Lacerda, que os leitores finalmente entendam a grande polêmica que paira sobre a literatura do mestre do conto americano: a forte inter-venção de seu editor, Gordon Lish, em um de seus livros mais famosos, Do que estamos falando quando falamos de amor.

Para compreender essa polêmica, es-te volume oferece ao leitor brasileiro a chance de, em alguns casos especialmen-te eloquentes, comparar duas versões de um mesmo texto, uma escrita com e ou-tra sem a interferência de Lish. Para os aficcionados, esse exercício comparativo se completa com o livro Iniciantes, já lan-çado pela Companhia das Letras em 2009, no qual todas as histórias de Do que esta-mos falando quando falamos de amor rea-mos falando quando falamos de amor rea-mos falando quando falamos de amorparecem integralmente restauradas con- forme os originais de Carver.

Mas é sobretudo aos leitores em ge-ral que esse lançamento se dirige, e a eles 68 contos reserva o olhar incrivelmente poético do escritor sobre as cidades pe-riféricas dos Estados Unidos e sua popu-lação de “caipiras de shopping center”, personagens traumatizados pela exclusão, em luta consigo mesmos, mas de uma ge-nerosa humanidade. Graças à aguda per- cepção que Carver possuía do mundo material, em suas histórias emoções vastas são comprimidas em episódios cotidia-nos, com naturalidade de tom e irrestrita solidariedade com as fraquezas humanas.Raymond Carver nasceu em Oregon, em 1938. Casou-se muito cedo e duran-te anos teve de dividir seu tempo entre a escrita e trabalhos mal remunerados, além de arcar com as consequências do alcoolismo, do qual só se livrou com qua-se quarenta anos. Tabagista inveterado, morreu de câncer pulmonar aos cinquen-ta anos, em 1988. Dele, a Companhia das Letras publicou Iniciantes.

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LANÇAMENTOS agosto 2010 4

Ponto Finalcrônicas sobre os anos 1960 e suas desilusõesMikal Gilmore

Mikal Gilmore, veterano da revista rolling stone, retrata os anos 1960 em perfis reveladores dos grandes criadores do rock e adjacências, como Bob Dylan, John Lennon, George Harrison, Bob Marley, Jim Morrison e Johnny Cash

Em Ponto final, o jornalista Mikal Gil-more, um dos principais críticos norte- -americanos de música popular, traça o perfil da geração que transformou os anos 1960 num mundo de sexo, drogas e rock’n’roll. O livro, que reúne ensaios de fôlego publicados nos últimos quinze anos, monta um painel diversificado da sociedade e da música nos Estados Uni-dos e na Inglaterra num período em que a influência da cultura jovem foi particu-larmente forte.

Radical na arte e na vida, essa nova geração de músicos e escritores muda costumes, polariza a sociedade, tenta reinventar o mundo, e tudo isso é captado pelas antenas atentas do autor. A loucura hippie do Verão do Amor na Califórnia, a fulminante ascensão e queda de Jim Morrison, a Liverpool dos Beatles, o Pink Floyd na estrada — não há personagem ou evento relevante da época que tenha escapado ao olhar de Gilmore.

Embora trabalhe com personagens emblemáticos, o autor consegue dizer algo de novo sobre cada um deles, proe-za que se deve ao método de investigar a vida à luz da obra, e vice-versa, no me-lhor estilo do jornalismo cultural ameri-cano. No entanto, Gilmore não se coloca como observador isento: escreve como

integrante do mundo que retrata em suas crônicas, do qual às vezes chega a ser per-sonagem (quando Timothy Leary, doen-te terminal, transformou a própria morte num happening lisérgico, lá estava Gil-more ao lado do leito).

Essa perspectiva, que torna única a galeria de astros reunida pelo autor, não significa que o leitor terá em seu relato a visão do fã; por mais que se identifique com o objeto abordado, Gilmore é, antes, o admirador crítico, cuja honestidade in-telectual não lhe permite fugir de temas difíceis, como o fato de tantos heróis da época terem sucumbido às drogas. Sem um pingo de moralismo ou adjetivação vazia, Ponto final está repleto de narra-Ponto final está repleto de narra-Ponto finaltivas sobre o lado sombrio dos astros do rock, alguns dos quais nunca voltaram da descida ao inferno. Mikal Gilmore nasceu em 1951, e des-de o início dos anos 1970 é jornalista da revista Rolling Stone —, na qual escreve Rolling Stone —, na qual escreve Rolling Stonesobre música e cultura. É autor do pre-miado Tiro no coração, lançado no Brasil pela Companhia das Letras e vencedor do National Book Critics Circle Award, rela-to sobre a vida do irmão Gary, um assas-sino que se tornou o primeiro homem a ser executado em Utah após a reintrodu-ção da pena de morte no estado.

crônicastradução: oscar Pillagalocapa: warrakloureiro432 pp. (estimadas)16 3 23 cmtiragem: 5000 ex.Preço a definir Previsão de lançamento: 30/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1719-2

“George Harrison às vezes se

referia a si próprio e a Ringo Starr

como ‘Beatles de classe econômi-

ca’. Era uma observação autodepre-

ciativa e mordaz — uma maneira

de assinalar que Paul McCartney

e John Lennon eram o reconhecido

e invejado cerne criativo da mais

adorada banda de rock do mundo,

além de serem seus integrantes

mais ricos.”

“Quando Morrison se formou na universidade, em 1965, dis-

se aos amigos que planejava viver em Nova York. [...] Em vez dis-

so, acabou passando o verão no sótão de um prédio de escritórios

abandonado no balneário de Venice, em Los Angeles. Lá, tentou

saber se era possível ficar sob efeito de lsd por dias seguidos e

começou a escrever poesia a sério. Era o auge da transformação

do rock: os Beatles [...] compunham então músicas mais comple-

xas; os Rolling Stones mesclavam blues e libido com um efeito

formidável; Bob Dylan transformava rapidamente [...] todas as

possibilidades da linguagem e das metáforas; e uma vibrante

cultura jovem [...] florescia em Sunset Strip, Los Angeles.”

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LANÇAMENTOS agosto 20105

o colecionador de mundosIlija Trojanow

Premiada e polifônica ficção biográfica que tem por objeto a vida de sir Richard Francis Burton em três de seus momentos decisivos, o colecionador de mundos contrapõe a voz do explorador inglês às daqueles que o auxiliaram em suas empreitadas pela Ásia, o Oriente Médio e a África

Oficial do Exército britânico, orienta-lista e etnólogo, além de tradutor para o inglês de clássicos como As mil e uma noitese o Kama Sutra, Richard Francis Burton (1821-90) foi sem dúvida uma das grandes personalidades do século xIx. Não por aca-so, sua vida, repleta de aventuras por qua-tro continentes, já foi objeto de numerosas biografias, dentre elas a de Edward Rice, publicada pela Companhia das Letras.

Desse incrível repertório de aventu-ras, o premiado escritor búlgaro Ilija Tro- janow escolheu três, a partir das quais dá forma a uma brilhante mescla de biografia ficcional e perspicaz estudo psicológico de uma personalidade que, pouco a pouco, revela-se tão fascinante quanto misterio-sa. O colecionador de mundos, que Günter

Grass, prêmio Nobel de literatura, com-parou ao Moby Dick de Herman Melville, Moby Dick de Herman Melville, Moby Dicktem por cenários principais a Índia em que Burton atuou como oficial e coletor de informações, a peregrinação sagrada de Meca a Medina, de que ele tomou par-te disfarçado de muçulmano, e a expedi-ção ao coração da África que acabaria por conduzir à descoberta da nascente do rio Nilo. Nessa narrativa das muitas aventu-ras e desventuras de um homem notável, Trojanow costura uma polifonia de raro talento literário, dando voz a universos culturais contrastantes.Ilija Trojanow nasceu em Sofia, na Bul-gária, em 1965. O colecionador de mun-dos, seu segundo romance, foi finalista do Prêmio Alemão do Livro de 2006.

romancetradução: sergio tellarolicapa: warrakloureiro416 pp. 16 3 23 cmtiragem: 3000 ex.r$ 51,00Previsão de lançamento: 05/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1714-7

em trânsitoAlberto Martins

“O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” As palavras de Guimarães Rosa descrevem o gesto poético de Alberto Martins em seu novo livro, em trânsito. “Notável”, diz Francisco Alvim

Os poemas de Em trânsito têm uma delicada linha narrativa, uma nítida espi-nha dorsal, visível quando o leitor acompa-nha o olhar do poeta em seu trajeto coti-diano para o trabalho e de volta para casa, e em seus pequenos trajetos aleatórios: o que obtém é a percepção contundente da passagem do tempo, dos frágeis compo-nentes da vida, da experiência humana.

No caminho entre a casa e o trabalho o poeta recolhe cenas corriqueiras, como a draga escavando o leito do rio, os pas-sageiros esperando o trem: são poemas que transmitem a consciência constante de estar no mundo em companhia — e de partilhar a experiência dessa travessia com a multidão de desconhecidos, uma multidão que de repente entra em foco: “um homem de casaco/ atravessa a rua/

com seu cão [...] o que permanece dele em mim/ que atravesso a rua/ Para com-prar pão?”.

A beleza desses poemas toca especial-mente o leitor urbano, que busca definir e reconhecer seu trajeto no mundo apesar da infinidade de referências que o cerca e comprime. A melancolia, contudo, não é a chave desse livro extraordinário. Porque, como afirma Francisco Alvim na orelha do livro, “A poesia é feita de paradoxos: de onde virá a alegria deste livro, o qual tem, apesar da matéria tratada, o frescor de certos crepúsculos; e da alvorada?”.Alberto Martins nasceu em Santos, sp, em 1958. Escritor e artista plástico, publi-cou, entre outros, os livros Poemas, Cais, A história dos ossos e a peça de teatro Uma noite em cinco atos.

Poesiacapa: Kiko Farkas/ máquina estúdio112 pp. 14 3 21 cmtiragem: 2000 ex.r$ 33,00Previsão de lançamento: 10/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1709-3

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LANÇAMENTOS agosto 2010 6

lançamentos reimPressões

Editora SchwarczRua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — sp

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o Palácio de invernoJohn Boyne

a ilusão da almaEduardo Giannetti

68 contos de raymond carver

Ponto Final Mikal Gilmore

o colecionador de mundosIlija Trojanow

em trânsitoAlberto Martins

são Jorge dos ilhéusJorge Amado

cinzas do norte (Bolso)Milton Hatoum

a trégua (Bolso)Primo Levi

as Palavras de saramagoFernando Gómez Aguilera (org.)

o delírioMachado de Assis

o nascimento do dragãoMarie Sellier

nome, soBrenome, aPelidoRenata Bueno e Mariana Zanetti

PumBlandina Franco

morte de tintaCornelia Funke

a sala dos réPteis Lemony Snicket

humano, demasiado humano (edição de Bolso)Friedrich Nietzsche

incidente em antares (edição de Bolso) Erico Verissimo

mau humor (edição de Bolso) Ruy Castro

vícios Privados, BeneFícios PúBlicos? (edição de Bolso) Eduardo Giannetti

nova antologia Poética Vinicius de Moraes

Por um Fio Drauzio Varella

tantas Palavras Chico Buarque

o tecido do cosmo Brian Greene

o lago das das d sanguessugas Lemony Snicket

a Princesa Feiosa e o BoBo saBido Margaret Gray

diário de uma minhoca Doreen Cronin

giraFas Fas F não saBem dançar dançar dGiles Andreae

histórias da Preta da Preta dHeloisa Pires Lima

menino do rio doce Ziraldo

minha mãe é um ProBlema Babette Cole

minhas memórias de loBato Luciana Sandroni

nove novos contos de Fadas e de Princesas Didier Lévy

PíPPi meialonga Astrid Lindgren

vice-versa ao contrário Vários autores

Boa comPanhia — Poesia Panhia — Poesia PVários autores

estrela solitária Ruy Castro

éticaFábio Konder Comparato

FelicidadeEduardo Giannetti

getúlio vargas vargas vBoris Fausto

hitchcocK/ truFFaut: FFaut: FF entrevistas François Truffaut e Helen Scott

mar morto Jorge Amado

maldita guerra Francisco Doratioto

noturno do chile Roberto Bolaño

Page 7: Destaques de agosto da Cia das Letras

LANÇAMENTOS agosto 20107

são Jorge dos ilhéusJorge Amado/ Posfácio de Antonio Sérgio GuimarãesNa década de 1930, Ilhéus vive uma era de ouro sustentada pelas exportações de cacau. Jorge Amado narra com destreza esse momento de efervescência, entrecruzando os destinos trágicos e cômicos de coronéis e prostitutas, exportadores e artistas de cabaré, poetas e vigaristas

Jorge Amado considerava São Jorge dos Ilhéus (publicado em 1944) uma con-tinuação natural de seu romance anterior, Terras do sem-fim (1942). Se este, ambien-tado no campo, narra a saga dos pioneiros e as guerras sangrentas pela posse da terra, aquele, tendo Ilhéus como cenário princi-pal, fala do momento em que, pacificada, a região colhe os frutos da exportação de cacau e se moderniza.

Nesse contexto, em que os confron-tos de jagunços foram substituídos pelo jogo na bolsa de valores e pelas intrigas políticas, pululam os personagens mais díspares: prostitutas, jogadores, exporta-dores estrangeiros, militantes comunis-tas, filhos de coronéis transformados em bacharéis ociosos, poetas de fim de sema-na, artistas de cabaré.

Durante uma alta de preços forçada astuciosamente pelos exportadores, com o intuito de ludibriar os velhos coronéis e açambarcar suas terras, a cidade de Ilhéus vive uma breve idade do ouro, com uma vida noturna vibrante, e recebe aventu-reiros de todos os pontos do país e até do exterior.

Jorge Amado entrelaça os destinos de uma dúzia de personagens das mais variadas extrações, narrando de modo envolvente seus dramas e suas comédias, seus sonhos, traições, vinganças.Jorge Amado (1912-2001) nasceu em Itabuna, na Bahia, e é um dos grandes nomes da literatura brasileira. Desde 2008, a Companhia das Letras está re-lançando sua obra (www.jorgeamado.com.br).

finalmente entrava na guerra contra o eixo nazifascista, São Jorge dos Ilhéus é um dos romances mais saborosos de Jorge Amado e se enquadra na vertente

“cacaueira” de sua literatura, que inclui, entre outros, Cacau, Terras do sem-fim, Gabriela, cravo e canela, Tocaia Grande e O menino grapiúna.

Na década de 1930, na zona ca-caueira da Bahia, os confrontos san-grentos pela posse da terra, tão bem descritos no romance Terras do sem-fim, são coisa do passado. Permanecem vivos, porém, na memória dos mais velhos, nas cantigas de cordel e nos relatos orais, repetidos no interior das casas e nas mesas de bar.

Na próspera Ilhéus, de cujo porto os navios partem carregados de ca-cau para os quatro cantos do mundo, fervilham os cabarés, os cassinos, as inovações da vida urbana, os flertes, os movimentos sociais, as intrigas políticas. O poder passa rapidamente das mãos dos velhos coronéis latifun-diários para as dos exportadores es-trangeiros e seus prepostos.

Com habilidade ímpar em com-por amplos painéis humanos, Jorge Amado narra esse processo social, que ele conheceu em primeira mão na juventude. Povoam estas páginas per-sonagens inesquecíveis, como o argu-to exportador Carlos Zude; o motorista e militante de esquerda Joaquim, filho de lavradores; o casal de dançarinos de tango e trapaceiros argentinos Lola e Pepe Espínola; o vetusto coronel Horácio Silveira, fantasma de si mes-mo, e seu filho fascista Silveirinha.

Manipulando com destreza a nar-ração em terceira pessoa, alternada com diálogos vivazes e com o dis-curso indireto livre, o autor envolve o leitor em sua prosa encantatória e o faz mergulhar plenamente no uni-verso retratado, levando-o a partilhar o drama e a comédia de um sem-nú-mero de criaturas.

Concluído em 1944, quando o Brasil

Baiano de Itabuna, Jorge Amado (1912-2001) é um dos grandes nomes da lite-ratura brasileira. Deputado pelo Partido Comunista em 1946, foi membro da Academia Brasileira de Letras e teve seus romances traduzidos para dezenas de idiomas. Entre seus livros mais conhe-cidos estão Capitães da Areia, Dona Flor e seus dois maridos, Tenda dos Milagres e Tieta do Agreste. [www.jorgeamado.com.br]

“Foram três anos durante os quais Ilhéus e a zona do

cacau nadaram em ouro. ‘Dinheiro perdeu a importância’,

costumava dizer o coronel Maneca Dantas tempos depois.

Ilhéus e a zona do cacau nadaram em ouro, se banharam

em champanhe, dormiram com francesas chegadas do Rio

de Janeiro. No Trianon, o mais chique dos cabarés da cida-

de, o já citado coronel Maneca Dantas acendia charutos

com notas de quinhentos mil-réis, repetindo o gesto de

todos os fazendeiros ricos do país nas altas anteriores do

café, da borracha, do algodão e do açúcar. As prostitutas

— mesmo as mais gastas e mais decadentes — ganhavam

colares e anéis, os navios traziam para Ilhéus, Itabuna e

Itapira, para o porto de Canavieiras, para Belmonte e Rio

de Contas, os mais estranhos carregamentos: jazz-bands

e perfumes caros, cabeleireiros e massagistas, jardineiros,

agrônomos e mudas de frutas europeias para os pomares,

aventureiros e automóveis de luxo. Foi espetacular, pare-

cia um cortejo de festa carnavalesca.”

Re veliquis nonsecte

deliquisit iriure et prat, se

euguePosfácio de

Antonio Sérgio Alfredo Guimarães

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romancecapa: Kiko Farkas e mateus valadares/ máquina estúdio352 pp. + 8 pp. (caderno de fotos)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.r$ 49,00Previsão de lançamento: 30/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1718-5

cinzas do norteMilton Hatoum

Cinzas do Norte é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la. Na Manaus dos Cinzas do Norte é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la. Na Manaus dos Cinzas do Norteanos 1950 e 60, dois meninos travam uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo (Lavo), o narrador, menino órfão, criado pelos tios, cresce à sombra da família do melhor amigo, Rai-mundo Mattoso (Mundo), de berço aristocrático.

A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem sabe para investigar suas angústias mais pro-fundas, Mundo engalfinha-se numa luta contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam o poder em 1964. A rebeldia e a posterior fuga do rapaz ampliam o universo romanesco, que alcança a Europa da irrequieta década de 1970, de onde Mundo manda sinais para Lavo, ainda preso à cidade natal. Por versões e revelações que se cruzam ou desencontram, sem jamais chegar a esgotar o enigma da vida de seus protagonistas, Hatoum escreve, neste aclamado romance, uma “história moral” de sua geração.

romancecapa: Jeff Fisher240 pp. 12,5 3 18 cmtiragem: 5000 ex.r$ 23,00 Previsão de lançamento: 10/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1722-2

romancecapa: Jeff Fisher216 pp.12,5 3 18 cmtiragem: 5000 ex.r$ 21,50Previsão de lançamento: 10/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1720-8

a tréguaPrimo Levi

A partir da experiência de prisioneiro e sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz, Pri-mo Levi inscreveu seu nome entre os maiores escritores do século xx. Sua prosa literária tem a força expressiva das narrativas em que a voz da testemunha alia-se ao trabalho da memória e da recriação da vida nos limites máximos da dor e da destruição. Neste romance autobiográfico, Levi narra a longa e incrível viagem depois da liberação de Auschwitz. Numa Europa semidestruída, o autor e vários com-panheiros de estrada viajam sem destino pelo Leste até a União Soviética, premidos entre as ruínas da maior de todas as guerras e o absurdo da burocracia dos vencedores.

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LANÇAMENTOS agosto 2010 8

o delírioMachado de Assis/ Ilustrações: Marilda Castanha

48 pp. 27 3 20,5 cmtiragem: 3000 ex.r$ 27,00Previsão de lançamento: 23/08/2010isBn e código de barras: 978-85-7406-445-1

Machado de Assis é com certeza um dos maiores escritores brasileiros, e Me-mórias póstumas de Brás Cubas, um de seus maiores livros. Lançado em 1881, o romance conta a vida de um homem co-mum da elite do Rio de Janeiro do século xix, um sujeito destinado ao fracasso tan-to pela má educação que recebeu dos pais como pela natureza preguiçosa.

Mas a originalidade da obra está no fato de o próprio Brás Cubas narrar suas memórias depois de morto. Ele come-ça falando de seu enterro e, depois, da agonia que antecedeu a sua morte. É nesse momento que acontece o delírio

declarar guerra à guerra. Elas criaram um animal que protegia todos ao mes-mo tempo, e que era vivo como o pei-xe, esperto como a serpente, livre como o pássaro, rápido como o cavalo e forte como o búfalo. Elas pegaram o corpo da serpente e colaram nele as escamas do peixe; acrescentaram a cabeça do cavalo e nela colaram os chifres do búfalo; por fim, adicionaram as patas do pássaro. A este animal incrível, que podia se elevar nos ares, mergulhar nos mares e se enfiar na terra, deram o nome de dragão.

A história vem acompanhada de ilus-trações, enfeitadas com carimbos de ideo-gramas, e também do texto em chinês. Ao final, um pequeno anexo fala sobre a im-portância dos carimbos e da caligrafia na China, ensina a ordem correta dos traços nos ideogramas e sugere um jogo da me-mória com as imagens do livro.

tradução: Fernanda mendes40 pp. (estimadas)15 3 30 cmtiragem: 3000 ex.Preço a definirPrevisão de lançamento: 27/08/2010isBn e código de barras: 978-85-7406-437-6

Na China, o dragão não é simples-mente um animal fabuloso. Desde que o primeiro imperador, Qin Shi Huang, as-sociou-se à sua imagem, o dragão foi um símbolo da realeza, do país, de seu povo, de sua força. Hoje ele representa a paz, e por isso é festejado a cada Ano-Novo.

Este livro conta a lenda chinesa do nascimento do dragão. Segundo ela, no tempo em que esses seres ainda não exis-tiam, os homens, as mulheres e as crianças da China viviam em tribos sob a proteção de espíritos bondosos: os pescadores ti-nham o cuidado dos peixes; os homens das montanhas, dos pássaros; os cavalei-ros das planícies sem fim, dos cavalos; os dos planaltos, das serpentes; e os campo-neses dos arrozais juravam pelos búfalos.

Acontece que, por seus animais pro-tetores, os chineses empreendiam guerras sem fim. Até que as crianças resolveram

o nascimento do dragãohistória, caligrafias e carimbos: Wang FeiMarie Sellier/ Ilustrações: Catherine Louis

A lenda chinesa do nascimento do dragão, animal de grande importância para o país, acompanhada de belas ilustrações e em edição bilíngue

no qual Brás Cubas se vê, inicialmente, como um barbeiro chinês e, em seguida, como a Suma teológica de São Tomás de Aquino.

Essa viagem vertiginosa e galopante da mente febril de Brás Cubas em seu delírio, contada no sétimo capítulo do livro de Machado, é riquíssima em ima-gens lúdicas, misturando bichos, homens e objetos. Ilustrada por Marilda Castanha, artista premiada, é uma ótima introdu-ção ao nosso grande escritor. A presente edição, idealizada para os jovens leitores, traz também uma introdução da historia-dora Isabel Lustosa.

O delírio, sétimo capítulo de memórias póstumas de Brás cubas, é uma espécie de viagem pela imaginação de Machado de Assis. Aliado às ilustrações inspiradas de Marilda Castanha, revela-se um conto fantástico e, para as crianças, uma ótima oportunidade de fazer um primeiro contato com esse grande escritor

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LANÇAMENTOS agosto 20109

nome, soBrenome, aPelidoRenata Bueno e Mariana Zanetti

40 pp. (estimadas)26 3 20,5 cmtiragem: 3000 ex.r$ 28,50Previsão de lançamento: 23/08/2010isBn e código de barras: 978-85-7406-443-7

Logo que as crianças aprendem o seu próprio nome, gostam de mostrar que o decoraram inteirinho. Não que alguém entenda a resposta ao “Qual o seu nome”, mas daí percebemos como essa é uma questão importante e presente na vida delas, que vivem dando nomes, sobreno-mes e apelidos às suas bonecas, bichos, brinquedos, amigos, desenhos...

Neste livro, quinze histórias curtas, escritas em prosa, falam sobre cachorros, gatos, homens e mulheres e suas várias alcunhas. Ilustrado a quatro mãos, com pedaços de papel colorido recortado com os dedos — nada de tesoura —, este livro traz ainda um depoimento das autoras sobre esse desenho feito sem lápis, cane-ta, giz ou pincel, além de uma sugestão de atividade.

Conheça agora algumas historinhas do livro.

32 pp. 20,5 3 20,5 cmtiragem: 4000 ex.r$ 25,00Previsão de lançamento: setembroisBn e código de barras: 978-85-7406-446-8

A história é simples, mas a sacada é das boas: imagine um cachorrinho de es-timação que se chama Pum! Daí dá para tirar diversos trocadilhos, criando frases e situações realmente hilárias.

É um tal de não conseguir segurar o Pum, que é barulhento e atrapalha os adultos, que dizem que o Pum molhado, em dia de chuva, fica mais fedido ainda, o que faz o menino passar muita vergonha. Pobre Pum. E pobre dono do Pum!

Mas não tem jeito, com o Pum é as-sim mesmo: simplesmente ninguém con-segue evitar que ele escape e cause certos inconvenientes.

PumBlandina Franco/ Ilustrações: José Carlos Lollo

Um pum pode ser problemático na vida de uma pessoa. Quando ele é um cachorro, então, aí é que ninguém segura. Vira e mexe o Pum escapa, faz barulho e atrapalha os adultos! Um livro divertido e inusitado, de arrancar várias risadas tanto dos filhos quanto dos pais

Mentex é o bull terrier de Davi.Tem nome e sobrenome, o coitado:

Mentex Mentoco Mentolado.Na rua, já foi confundido com Chi-

clete, urso da Coca-Cola e até com um Jacaré…

Natália tem cinco gatinhas malhadas:Laura, Laima, Lakta, Lana e Laís.Na casa da Natália é um tal de Lá, Lá,

Lá, Lá, Lá o dia inteiro.Rabicho de gato pra cima e pra baixo.

Nina, a cachorrinha do Alex, é filha da Menina.

Clara deu para a sua gata o nome de Escurinha.

Shark é o pit bull do Fred, que parece mesmo um tubarão.

Lia escolhe um nome novo pro seu gato a cada dia…

Flora tem um galgo-afegão que se chama JP. Não vem de João Pedro, José Paulo nem Jorge Pinto. Melhor nem tentar adivinhar o que significa, ela diz que é segredo, não conta nem pra melhor amiga

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LANÇAMENTOS agosto 2010 10

morte de tintaCornelia Funke

Onde termina a fantasia e começa a realidade? É possível ler ou transformar uma história sem ser modificado por ela? Que poder tem o autor sobre os seus personagens? Não será o próprio autor apenas mais um personagem? Essas são algumas das questões levantadas por Cornelia Funke em mundo de tinta, trilogia de sucesso que chega agora ao fim inta, trilogia de sucesso que chega agora ao fim inta

Mundo de Tinta é um universo onde ficção e realidade se confundem e tam-bém o nome da trilogia iniciada com o best-seller Coração de tinta, seguida de Sangue de tinta e que chega agora ao fim com Morte de tinta. Nesse universo, um “língua encantada” é alguém que, ao ler uma história em voz alta, tem o poder de trazer o mundo dos livros para a realida-de, assim como viajar ele mesmo, e levar quem estiver por perto, para o mun-do fantástico da palavra escrita. É o que aconteceu com Mo, um encadernador de livros, e sua família, quando um dia, ao ler em voz alta seu livro favorito — Cora-ção de tinta —, ele manda a mulher para o mundo da ficção, trazendo em seu lu-gar alguns vilões da trama.

Mo e sua filha Meggie acabaram tran-sitando entre essa fronteira; viveram um bocado de aventuras nessas viagens e co-nheceram milhares de personagens incrí-veis — muitos deles malvados até a alma. Desta vez, com a ajuda de Dedo Empoei-rado, Farid, Resa e Violante, Mo enfrenta o mais terrível de todos os vilões, o Cabe-ça de Víbora, numa batalha final, de vida ou morte.

Mas, antes dela, personagens já co-nhecidos dos livros anteriores vivem suas

aventuras. Fenoglio, o autor de Coração de tinta, tem que combater Orfeu, pla-giador que se utiliza de passagens de seu livro para reescrever e manipular a his-tória. Meggie, ao se apaixonar por Farid, se depara com as alegrias e decepções do primeiro amor. Resa, mãe de Meggie, traz em seu ventre um novo herdeiro. E Mortimer, nosso herói, que no Mun-do de Tinta assume a personalidade do Gaio, espécie de Robin Hood, tem que lutar contra o próprio personagem que interpreta, já que pouco a pouco começa a se confundir com ele e a se esquecer de quem é no mundo real. Cornelia Funke nasceu em 1958, em Dorsten, na Alemanha. Escritora e ilus-tradora de livros infantis e juvenis, re-cebeu diversos prêmios literários. Com mais de quarenta títulos publicados, é autora, entre outros, do aclamado O senhor dos ladrões, publicado em 2004 pela Cia. das Letras e best-seller na lis-ta do New York Times. Entre os seus maiores sucessos, está também a trilogia Mundo de Tinta, cujo primeiro volume, Coração de tinta, adaptado para o cine-ma, tornou-se um best-seller mundial, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos.

tradução: carola saavedra576 pp. 16 3 23 cmtiragem: 8000 ex.r$ 44,00Previsão de lançamento: 10/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1706-2

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José Saramago nasceu em 1922, de uma família de camponeses da província do Ribatejo, em Portugal. Exerceu diversas profissões — como serralheiro, desenhis-ta, funcionário público e jornalista — an-tes de se dedicar só à literatura. Prêmio Nobel em 1998, escreveu algumas das obras mais relevantes do romance con-temporâneo, como O ano da morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, todas lançadas pela Companhia das Letras, que publicou outros 21 livros do escritor. Sa-ramago faleceu em Lanzarote, nas ilhas Canárias, em 2010.

as Palavras de saramagoCatálogo de reflexões pessoais, literárias e políticas elaborado a partir de declarações do autor recolhidas na imprensa escrita

Organização: Fernando Gómez Aguilera

Seleção de declarações à imprensa organizada em três grandes eixos temáticos por Fernando Gómez Aguillera, as palavras de saramago revela o grande inovador do romance contemporâneo e sua relação com a literatura, mas também o homem Saramago, que nunca se furtou ao dever de se manifestar sobre as questões políticas de seu tempo, de desconfiar das ideias prontas e convencionais, e de protestar contra as desigualdades e injustiças do mundo

Único escritor de língua portuguesa a ganhar o prêmio Nobel, José Saramago (1922-2010) é um exemplo perfeito do intelectual engajado preconizado pelo au-tor de As palavras, Jean-Paul Sartre. Com efeito, a intervenção na esfera pública, o comprometimento com uma visão crítica do mundo, a defesa de ideias muitas vezes polêmicas, a indignação diante das injus-tiças e desigualdades econômicas e sociais são características marcantes de alguém que jamais separou o escritor do cidadão e sempre disse com todas as palavras o que pensava. Este livro, editado por Fernando Gómez Aguillera, biógrafo espanhol de Saramago, traz uma ampla seleção de de-clarações do escritor extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas, publicados em Portugal, no Brasil, na Espanha e em diversos outros países, da segunda metade da década de 1970 até março de 2009.

Os textos estão organizados cronolo-gicamente no interior de núcleos temáti-cos que abrangem as questões mais recor-rentes nas manifestações do escritor. A primeira parte, centrada na pessoa José de Sousa Saramago, reúne comentários so-bre sua infância, a formação autodidata, a trajetória pessoal, os lugares onde morou, bem como reflexões sobre si mesmo — o pessimismo, a indignação, a coerência, a primazia da ética — que traçam o perfil de um escritor sempre disposto a prati-car a introspecção e a compartilhar seu

pensamento com a opinião pública. A se-gunda parte, em que vem para o primeiro plano a figura do escritor, traz reflexões sobre o ofício literário que mostram sua plena consciência dos procedimentos ro-manescos, concepções pouco ortodoxas para um comunista sobre as relações en-tre literatura e política — “não vou utili-zar a literatura para fazer política” — e o papel do escritor na sociedade: “se o es-critor tem algum papel, é intranquilizar”. Na terceira parte, quem fala é o cidadão José de Sousa Saramago, o crítico, entre outras coisas, da globalização econômica, do “concubinato” dos meios de comu-nicação com o poder, do consumismo, do comunismo soviético, da paralisia da esquerda incapaz de inovar, do conser-vadorismo da Igreja católica, da postura de Israel em relação aos palestinos e do irracionalismo generalizado do mundo capitalista. Sua voz clama pela democra-cia social plena — não apenas formal e eleitoral —, pelo respeito integral aos direitos humanos e pelo sagrado direito de espernear: “Ao poder, a primeira coisa que se diz é não”.

As palavras de Saramago compõe o retrato falado de um escritor que exer-ceu seu ofício com o profissionalismo de um operário, a pertinácia de um mi-litante político, a consciência de um ci-dadão e a visão ampla de um verdadeiro intelectual.

capa: hélio de almeida482 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 20 000 ex.Preço a definirPrevisão de lançamento: 26/08/2010isBn e código de barras: 978-85-359-1721-5

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“Se eu olho para trás, independentemente dos triunfos, das glórias, aquilo que eu gosto mais é encontrar um sujeito consciente, coerente. Coerente. Nunca cedi às tentações do poder, nunca me pus à venda.”

“Incluir a literatura entre os agentes de transformação social é uma reflexão ingênua e idealista.”

“O que eu digo é que eu tenho, como cidadão, um compromisso com o meu tempo, com o meu país, com as circunstâncias, digamos, do mundo. Eu não posso virar as costas a tudo isso e ficar a contemplar minha obra. O futuro irá julgar a obra do autor, mas o presente tem o direito de fazer um juízo sobre o autor, o que ele é.”

“O grande problema de nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente.”

“Não é somente o pensamento correto, é que agora tudo se está convertendo em correto, é preciso comportar-se segundo normas que ninguém sabe quem determinou. Eu reivindico a diferença, mas nos estamos tornando cada vez mais iguais, no sentido menos bom, menos criativo e menos contestatório, perdendo assim a capacidade de discutir.”

“É preciso trocar o conceito da mobilidade social pelo de mobilização social e desobediência civil.”

“Não mudaremos a vida se não mudarmos de vida. É preciso perder a paciência.”

“O tempo das verdades plurais acabou. Agora vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira, todos os dias.”