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Destaques da Semana – Juliana Inhasz Outubro começa trazendo grandes emoções para a economia brasileira. Há poucos dias da efetivação do primeiro turno das eleições, as incertezas ao redor do possível resultado do primeiro turno, e das condições de disputa no segundo turno, tem deixado o mercado mais estressado. As possibilidades de reversão do atual cenário que leva Bolsonaro e Haddad ao segundo turno, ainda que considerando o percentual não desprezível que os votos úteis podem ter, parecem remotas. Neste contexto, sobram ao mercado as incertezas sobre eventuais alianças e a costura das novas tramas que delimitam o jogo dos poderes na economia brasileira. No cenário doméstico, a semana que passou foi marcada pelo tom pessimista da ata do Comitê de Política Monetária, que parece admitir cada vez mais a possibilidade de aumentos de taxa de juros para os próximos meses, a fim de conter as pressões domésticas (advindas das incertezas políticas) e externas (resultado das crises econômicas dos emergentes e das políticas das grandes potências como EUA e China). Também foi destaque a queda da confiança do consumidor no mês de setembro, explicada pela situação de fragilidade financeira das famílias, e a demorada retomada da economia brasileira, dadas as elevadas taxas de desemprego. Este resultado não deve se reverter nos próximos meses, visto que o processo de sucessão presidencial tem proporcionado ambiente econômico extremamente incerto, que afeta a confiança do brasileiro frente ao consumo. No cenário internacional ganharam projeções os avanços do acordo entre Venezuela e FMI, cujo aporte foi revisto para US$ 57 bilhões, com parcelas liberadas de maneira mais rápida. O acordo possibilita que o país resolva parte dos problemas fiscais e reduza as pressões sobre a economia doméstica, favorecendo também o cenário internacional. Fica a pergunta: seria uma trégua às pressões sofridas pelos mercados emergentes? Por fim, as expectativas do mercado para o crescimento econômico mantiveram-se nesta semana, com perspectivas de crescimento de 1,35% neste ano. Houve, no entanto, revisão para cima das percepções de inflação para o ano, com IGP-M atingindo 9,6% em dezembro, segundo previsões. Apesar deste resultado, e da pressão frente aos preços administrados percebida pelo mercado, o IPCA permanece próximo ao centro da meta de inflação, sendo esperado na casa de 4,30%. As percepções para a taxa de câmbio permaneceram praticamente estáveis, em R$3,89 para cada US$ (frente aos R$3,90 divulgados na semana passada).
Colaboradores
Arthur Siqueira – FECAP – Ibovespa João Sales – FECAP – S&P, Agronegócio, EUA Wellington Gonçalves – FECAP – COPOM, Taxa de Juros de Longo Prazo João Victor Alves – FECAP – Inflação BCB Daniel Lima – FECAP – Eleições, Agenda Econômica Michel Santos – FECAP – Câmbio Wesley Teixeira – FECAP – Taxa de Desemprego Lucas Cruz – FECAP – IGP-M Larissa de Camargo Gontscharow – FECAP - Argentina Juciara Rodrigues – FECAP – Confiança do Consumidor/Dívida PIB Kizzy Carvalho – FECAP – Auxílio internacional ou intervenção
MERCADO FINANCEIRO
Ibovespa
Apesar da indefinição no cenário
eleitoral brasileiro, faltando um pouco mais de
uma semana para o primeiro turno, o Ibovespa
fechou o mês de setembro com uma
valorização de 3,48% encerrando o dia cotado
a 79.342 pontos forçando a resistência nos
80.000 pontos, somando um volume
financeiro de 10,76 bilhões de reais.
Com a forte valorização do dólar frente
ao mercado internacional e a guerra comercial
entre EUA e China, as ações de países
emergentes ficaram mais baratas, atraindo
um grande fluxo de capital estrangeiro, a bolsa
paulista registrou uma entrada liquida de 2
bilhões de reais de capital externo no mês.
Os papéis que foram mais relevantes
no fechamento positivo do benchmark
brasileiro, foram as blue chips Vale e Petro,
com um aumento de 11,6% e 9,5%
respectivamente, devido a limitação de oferta
do Petróleo dos Estado Unidos e Opep
(Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) e um acordo da estatal com a justiça
americana para encerrar as investigações
decorrente Operação lava jato, trouxe uma
alta no preço da commodity.
Agronegócio
O ministério da agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), estima que a soma do
valor bruto da produção agropecuária
brasileira deve chegar aos R$ 565,6 bilhões
em 2018. A agricultura deve trazer 384,2
bilhões, representando uma queda de 1,2%
frente a 2017 e 181,3 bilhões da pecuária,
queda de 5,1% frente ao ano passado. O
recuo se dá devido a supersafra de 2017, no
qual os grãos obtiveram uma produtividade
histórica, tendo como previsto a diminuição
dos resultados financeiros deste ano frente ao
ano passado, já que ¼ do resultado bruto vem
do mercado de soja.
No mercado de café, houve nessa
semana o encontro do Conselho Internacional
do Café, na cidade de Londres. Alguns países
especulam a adoção do preço mínimo, como a
Colombia. A criação dessa ferramenta seria
desastrosa para a percepção de mercado,
visto que o preço é a melhor simetria que os
produtores têm como referencial para
determinar o nível de produção. A posição do
Brasil frente a essa especulação é contraria,
defendendo preços flutuantes, lembrando que
o país é o principal exportador de café no
mundo, no qual a projeção de vendas para
2018 atinja 34 milhões de sacas,
representando 1/3 da produção mundial.
No mercado de proteína animal,
segundo o Ministério da Agricultura, a Índia irá
abrir o mercado de carne suína para o Brasil.
Essa medida se dá devido à crise sanitária
vivida por alguns países na Ásia, a peste suína
africana, que reduziu a oferta da proteína na
região e, dado o tamanho da população
indiana (cerca de 1,3 Bilhão), se faz necessário
buscar outros mercados ofertantes.
S&P (Wall Street)
Em Wall Street, o S&P 500 fechou a semana
estável, apenas com perspectivas sobre as
tensões comerciais que envolvem os EUA, que
afetam diretamente as empresas americanas.
O destaque foi a queda dos papéis do
Facebook, que teve um ataque virtual que
afetou cerca de 50 milhões de usuários,
forçando por precaução, os usuários a
efetuarem o login novamente. O destaque
positivo ficou com a Intel, que registrou um
salto de 3,08 %, após as declarações de que
atingiria as metas de receitas nesse ano.
COPOM
Nos dias 18 e 19 de setembro o comitê
de política monetária (COPOM) reuniu-se para
definir a taxa básica de juros da economia
(SELIC). A decisão de manter a SELIC em
6,5% a.a. convergiu com as expectativas de
mercado.
Na ata da reunião, divulgada nesta
terça(25), o Copom sintetiza o cenário
econômico que guiou a decisão: recuperação
da economia brasileira em ritmo mais gradual
que no início do ano; alto nível de ociosidade
nos fatores de produção, especialmente na
indústria, o que reflete na taxa de
desemprego; cenário externo desafiador, com
redução do apetite ao risco nas economias
emergentes; normalização das taxas de juros
em economias avançadas; riscos referentes ao
comércio global.
As informações divulgadas ressaltam a
importância da continuidade das reformas e
ajustes necessários, notoriamente de natureza
fiscal, na economia brasileira. Além disso, o
Copom destacou que a política monetária
seguirá os mesmos caminhos – política
monetária estimulativa com taxa de juros
abaixo da taxa estrutural – mesmo diante de
choques inflacionários (como nos casos que
produzam depreciação cambial) quanto
deflacionários (como no caso de choque
favorável, deflação, no preço dos alimentos).
Quanto aos choques inflacionários, o Copom
avaliou que o grau de repasse cambial na
economia brasileira, com exceção em alguns
preços administrados, tem se mostrado
contido. Em relação aos choques
deflacionários, por sua vez, o destaque ficou
com o alto grau de ociosidade da economia
brasileira que retomou ao ritmo de gradual
recuperação após a greve dos caminhoneiros
ocorrida em maio deste ano.
O comitê destaca que o estimulo monetário à
economia será removido gradualmente
conforme o ocorram eventos de negativos no
cenário prospectivo de inflação no tocante ao
horizonte relevante para a política monetária e
ao balanço de pagamentos
CÂMBIO
O dólar fechou em alta no último dia útil
do mês de setembro, voltando a ficar acima de
R$ 4, com o mercado financeiro atento a novas
pesquisas sobre a corrida eleitoral e ao cenário
no exterior. A moeda norte-americana subiu
1,12%, vendida a R$ 4,0378. Na máxima do
dia, o dólar chegou a R$ 4,0498 e na mínima,
caiu a R$ 3,9894. No mês, o dólar acumulou
queda de 0,87% e, no acumulado do ano, uma
alta de 21,86%. A moeda apresentou queda
desde a terça-feira (25/09), e na quinta-feira
(27/09) já apresentava sua terceira baixa
seguida, fechando em queda de 0,79%, à R$
3,994 na venda. Foi o menor valor de
fechamento desde 20 de agosto, quando a
moeda fechou valendo R$ 3,958, e a primeira
vez em que ficou abaixo dos R$ 4,00 desde
então.
Investidores passaram a comprar
dólares em resposta a pesquisas que mostram
intenção de voto mais baixa para candidatos
considerados mais pró-mercado. Na avaliação
do mercado, os candidatos que lideram as
pesquisas de intenção de voto são menos
comprometidos com determinados modelos de
reformas econômicas consideradas
fundamentais para o ajuste das contas
públicas. Na prática, as flutuações atuais
ocorrem principalmente conforme cresce a
procura pelo dólar: se os investidores preveem
um futuro mais incerto ou arriscado, buscam
comprar dólares como um investimento
considerado seguro. E quanto mais
interessados no dólar, mais caro ele fica. Outro
fator que pressiona o câmbio é a elevação das
taxas básicas de juros nas economias
avançadas como Estados Unidos e União
Europeia, o que incentiva a retirada de dólares
dos países emergentes. Inclusive vale
mencionar que, conforme já esperado pelo
mercado, os EUA aumentou sua taxa de juros
básica nesta última semana e conforme dito
anteriormente, acaba atraindo investidores e
pressionando o câmbio e possíveis
interferências do Banco Central do Brasil.
O dólar turismo fechou o mês cotado a
R$ 4,1998. A projeção do mercado financeiro
para a taxa de câmbio no fim de 2018 subiu
de R$ 3,83 para R$ 3,90 por dólar, segundo o
último boletim Focus do Banco Central do
Brasil. Para o fechamento de 2019, avançou
de R$ 3,75 para R$ 3,80 por dólar.
CONJUNTURA ECONÔMICA DOMÉSTICA
Taxa de Desemprego
Na última sexta feira foi divulgado o
relatório da PNAD – Pesquisa Nacional por
Amostra em Domicílio – mensal referente ao
mês de agosto, a taxa de desemprego
continua estagnada como vendo sendo nos
últimos 3 meses, pois estamos com um
patamar de 12,1% da população
desempregada. Há um sinal de movimento de
queda na taxa de desemprego – houve uma
variação de -0,3% em comparação com os
dados divulgados em Junho deste ano –
porém, muito tímida e mais de 12 milhões de
pessoas não conseguem uma recolocação no
mercado de trabalho.
Além disso, ao somar a força de
trabalho potencial, ou seja são pessoas que
não estavam ocupadas nem desocupadas na
semana de referência, portanto estavam fora
da força de trabalho, mas que possuíam um
potencial de se transformarem em força de
trabalho a taxa de desocupação, temos por
fim um resultado de 18,4%. Este indicador
reflete o potencial de trabalho disponível
dentro da nossa economia, de acordo com os
critérios estabelecidos pela OIT –
Organização Internacional do Trabalho.
Por fim, a esperança para muitos
brasileiros é que este movimento de queda
torne-se mais acentuado com a chegada das
datas comemorativas de final de ano e
possam, mesmo que temporariamente se
recolocar no mercado de trabalho.
Inflação BCB
Publicado nesta quinta-feira (27), o
relatório de inflação, que tem como missão
“assegurar a estabilidade do poder de compra
da moeda e um sistema financeiro sólido e
eficiente.” Em ritmo gradual mais que o
esperado a economia brasileira segue em
processo de recuperação. Em relação ao
trimestre anterior, o PIB está obtendo um
crescimento, segundo o relatório, do Banco
Central do Brasil, a projeção central para o
crescimento do PIB em 2018 foi reduzida para
1,4% ligeiramente inferior a projecao
divulgada no Relatorio de Inflacao de junho
(1,6%)”.
Em um tempo de curto prazo, as
expectativas da para inflação 2018 e 2019 de
acordo pela pesquisa Focus são em torno de
4,1%. Já as projeções do Copom para a
inflação situam-se em torno de 4,4% para
2018 e 4,5% para 2019, considerando o
cenário com taxa Selic constante em 6,50%
a.a e taxa de cambio constante a R$4,15/US$.
De acordo com o relatório, na avaliação do
Copom, conclui-se, “a evolucao do cenario
basico e do balanco de riscos prescreve
manutencao da taxa Selic no nivel vigente. O
Copom ressalta que os proximos passos da
politica monetaria continuarao dependendo
da evolucao da atividade economica, do
balanco de riscos e das projecoes e
expectativas de inflacao.”
Vale considerar que a economia segue
com um nível elevado de ociosidade dos
fatores de produção. Efeitos como a
paralisação no setor de transporte de cargas
e da Copa do Mundo de Futebol dificultaram a
evolução econômica do período.
Considerando a diminuição do gastos das
famílias e um esfriamento na parte dos
investidores, a confiança de consumidores e
empresários. O Copom comunicou que seu
cenário básico para a inflação envolve fatores
de risco em ambas as direções. Segundo o
Copom, “Por um lado, (i) o nivel de ociosidade
elevado pode produzir trajetoria prospectiva
abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma
frustracao das expectativas sobre a
continuidade das reformas e ajustes
necessarios na economia brasileira pode
afetar premios de risco e elevar a trajetoria da
inflacao no horizonte relevante para a politica
monetaria. Esse risco se intensifica no caso
de (iii) deterioracao do cenario externo para
economias emergentes. O Comite julga que
esses ultimos riscos se elevaram.”
As projeções condicionais de inflação
para longo prazo, 2020 e 2021, são em cerca
de 4,2%. Em um cenário com taxa Selic e de
cambio da pesquisa Focus são em torno de
3,6% e 3,8% de acordo com o relatório.
IGP-M
O Índice Geral de Preços-Mercado
(IGP-M) registrou alta de 1,52% no mês de
Setembro, índice superior aos 0,7% de Agosto
e ao de 0,47% de Setembro/2017.
Considerando apenas o histórico do mês de
setembro, foi a maior taxa desde 2002. Com
isso, o índice acumula uma alta de 8,29% no
ano e de 10,04% nos últimos 12 meses. Vale
ressaltar que exatamente um ano atrás, o
índice apresentava retração de 1,45% nos
doze meses anteriores.
Confiança do Consumidor
Você sabia que o consumo de uma
economia é determinado tanto pela
capacidade quanto pela pré-disposição dos
agentes econômicos para o gasto? Pois bem,
o nível de renda determina a capacidade de
consumo e este consumo, por sua vez,
dependerá também da disponibilidade dos
produtos. Mas como os agentes decidem
consumir? Essa decisão é tomada (ou ao
menos deveria ser) baseada em expectativas
futuras da economia e situação financeira de
cada indivíduo.
A confiança do consumidor diminuiu
pelo segundo mês seguido devido a piora das
0.47
0.2
0.52
0.890.76
0.07
0.640.57
1.38
1.87
0.51
0.7
1.52
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
Taxa
( e
m %
)
Fonte: Elaboração Própria
IGP-M
expectativas para os próximos meses. A
queda foi de 1,7 ponto em relação a agosto,
chegando a 82,1 pontos em setembro, mesmo
nível de junho, quando a confiança do
consumidor estava enfraquecida devido à
greve dos caminhoneiros.
Segundo a FGV (Fundação Getúlio
Vargas), a recuperação lenta do mercado de
trabalho é a principal razão pela diminuição da
confiança do consumidor. Para Viviane Seda
Bittencourt, coordenadora da Sondagem do
Consumidor, o cenário político-eleitoral não
parece ser o principal fator para a queda do
indicador em setembro. Será?
O fato é que se o consumidor está
otimista com relação ao futuro, ele tende a
consumir mais e quando está pessimista ele
tende a gastar menos, consumindo apenas o
essencial. Portanto, a confiança do
consumidor é fator preponderante para o
crescimento da economia, que vem
apresentando um ritmo fraco de crescimento
e um cenário de incerteza para o consumo.
Dívida/PIB
Segundo o Jornal Valor Econômico, a
dívida bruta do governo avançou de R$ 5,187
trilhões em julho para R$ 5,224 trilhões em
agosto. Em relação do Produto Interno Bruto
(PIB), a dívida subiu de 77,2% para 77,3%. O
pagamento de juros da dívida destaca-se
como principal fator que contribui com um
incremento de 0,5 ponto percentual da relação
dívida/PIB.
A dívida pública deverá ultrapassar
80% do Produto Interno Bruto em 2020,
estimou o governo federal na proposta
orçamentária de 2019 enviada ao Congresso
Nacional.
A dívida pública cresce devido os
rombos nas contas públicas, que apontam
despesas maiores do que receitas, sem contar
os juros da dívida. O país gastando mais do
que recebe não sobra dinheiro para pagar a
dívida.
Parece que o teto dos gastos públicos
não funcionou. Será que chegou a chora de
fazer reformas para que as contas voltem ao
Azul?
Taxa de Juros do BNDES (TLP)
A taxa de longo prazo (TLP) foi
divulgada nesta sexta-feira (28) e sua parte
fixa foi definida em 6,98% a.a., ante 6,56%,
para os contratos firmados em outubro. A TLP
é o referencial das taxas de empréstimo do
BNDES. A TLP é composta por uma parte pré-
fixada (definida pelo BC) e uma parte pós-
fixada (IPCA) mais taxa do BNDES e do
agente parceiro.
A TLP foi aprovada em 2017 pelo
congresso para substituir a então taxa de juros
de longo prazo (TJLP) com o objetivo de tonar
as taxas praticadas pelo BNDES compatíveis
com seu custo de capitação. A TJLP, na
prática, era um subsídio implícito às empresas
que conseguiram recursos via BNDES; a
origem dos recursos do órgão são os
repasses do Tesouro Nacional e, por lei, 40%
dos recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) é repassado ao BNDES.
As operações do BNDES, em tese, são
orientas à criação de empregos e
desenvolvimento socioeconômico. Entretanto,
o órgão foi comumente utilizado para financiar
projetos de grandes empresas que tinham
condições de arcar com empréstimos no
mercado, como no caso da JBS. Além disso,
o órgão é criticado por atuar politicamente, ou
seja, sem racionalidade econômica em suas
decisões como, por exemplo, no caso dos
empréstimos feitos à Cuba e à Venezuela cuja
expectativa de reaver tais recursos é nula no
curto prazo, conforme destacado
recentemente pelo atual presidente do
BNDES Dyogo Oliveira.
O Tesouro precisa obter recursos, via
Governo Federal, para emprestar recursos ao
BNDES. A título de exemplo, com a TJLP, se
o Tesouro empresta 100 reais ao BNDES, o
Tesouro recebe 7 reais de juros pelo
empréstimo e paga 11 no empréstimo obtido,
ou seja, o Tesouro sofre uma perda a cada
empréstimo, chamada de subsídio implícito.
O subsídio implícito não aparece no
orçamento do governo, mas aumenta a dívida
pública e onera os pagadores de impostos. O
subsídio implícito ocorre quando o BNDES
empresta a uma taxa ainda menor do que
aquela qual ele paga ao Tesouro e, nesse
caso, quem sofre a perda é o BNDES cuja
compensação ocorre com verba do Tesouro
alocada para tal fim no Orçamento Geral da
União.
A seguir, um gráfico com dados do BC
evidenciando o subsídio implícito nos
empréstimos do BNDES, ou seja, o GAP, a
diferença, entre a taxa Selic e a taxa praticada
nos empréstimos concedidos pelo BNDES.
O processo de substituição ainda está
em andamento e passou a ser a referência
para os contratos firmados a partir de janeiro
deste ano; a previsão é de que em 2023 a
parte fixa da TLP seja igual à taxa básica de
juros divulgada pelo Banco Central.
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8
BNDES e SELIC
BNDES SELIC
Fonte: BCB - Elaboração própria
MUNDO
EUA
O Federal Reserve (Banco Central
Americano) aumentou o intervalo da taxa de
juros de 1,75% à 2% para 2% à 2,25%,
sinalizando o fim da política monetária
expansionista da entidade e indicou que
manterá as perspectivas monetárias para os
próximos anos estáveis, dado que o país
possuí um crescimento econômico estável e
um nível de emprego firme. O presidente do
FED, Jerome Powell, reiterou um outro
aumento no final desse ano e outros três no
ano que vem.
Argentina
Na última sexta feira (28/09), o dólar
avançou na Argentina, na mesma semana do
anuncio da ampliação do acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional) e a
implementação de uma banda cambial, que
permitirá o dólar a flutuar entre 34 e 44 pesos
argentinos, que iniciará na segunda-feira
(01/10).
Com a expectativa em conter a inflação
na Argentina, o recém nomeado presidente do
Banco Central da Argentina, Sandleris,
anunciou na terça-feira (25/09) um novo
regime de bandas cambiais, fixada incialmente
entre 34 e 44 pesos argentinos. Com isso o
governo espera além de reduzir a inflação
recuperar estabilidade e previsibilidade dos
preços. A moeda argentina já perdeu mais de
50% do seu valor neste ano, e o governo já
gastou mais de 16 bilhões de dólares de
reserva, na tentativa de elevar o peso
argentino.
O dólar fechou setembro com alta de
1,55 pesos, valendo 41,25 pesos argentinos,
sem nenhuma intervenção do banco central,
assim a autoridade monetária mostrou que o
novo sistema de banda cambais já está em
vigor.
O governo argentino também ampliou
o acordo com o FMI de US$50 bilhões para
US$57,1 bilhões, após fazer o anuncio do
aumento, o ministro da economia Nicolás
Dujovne chegou a projetar um aumento no
crescimento para a economia para o final do
último trimestre de 2019 de 5,2%, com
crescimento econômico, já no início do
primeiro trimestre de 2019. No entanto, a
previsão de analistas e do próprio governo. na
semana passada, diverge da anunciada essa
semana, quando previa uma contração de
0,5% do PIB para 2019 em seu projeto de
orçamento.
Auxílio Internacional ou
Intervenção
Repentinamente, o presidente Nicólas
Maduro decidiu participar da 73ª sessão da
Assembleia Geral da ONU esta semana, à qual
não comparecia desde 2015. Muitos foram os
assuntos internacionais abordados pelos
líderes mundiais neste "debate geral" anual,
dentre eles, a crise política e socioeconômica
venezuelana.
Na quinta-feira, dia 27, o Conselho de
Direitos Humanos da ONU aprovou uma
resolução que pedia cooperação da Venezuela
para que a crise humanitária seja amenizada
no país, ou seja, os governos se mostraram
inteiramente solícitos e pedem para que o
governo venezuelano aceite a ajuda
necessária - tal resolução foi aprovada com 23
votos a favor, incluindo o Brasil. Além disso,
com intuito de monitorar a situação, o
conselho pediu que um relatório sobre as
condições da Venezuela seja divulgado.
No dia anterior, junto ao Tribunal Penal
Internacional, os mesmos países que
motivaram a resolução protagonizaram outro
pedido - Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai,
Peru e Canadá - a fim de que se investigue
supostas violações de direitos humanos e
crimes contra a humanidade cometidos
durante o governo Maduro. Este fato é inédito
na história do Tribunal Penal Internacional,
pois desde o início de suas atividades (2002),
essa é a primeira vez que países membros
denunciam outro país - o TPI julga indivíduos
e não Estados. Certamente o pedido não
implica numa abertura instantânea de
investigação do caso, pois o TPI deverá
analisar se este cumpre com os requisitos
exigidos para tanto. Assim, a atuação do
Tribunal dependerá da gravidade dos fatos -
já que somente as graves violações são
submetidas à sua jurisdição - e também de
verificações internas junto ao judiciário
venezuelano, uma vez que o tribunal só
poderá agir quando o país responsável pelos
acusados tiver esgotado todas as suas opções
judiciais - princípio da complementariedade.
No entanto, cabe observar que segundo o
Estatuto de Roma, o que caracteriza os crimes
contra a humanidade não é o contexto da
guerra, mas sim, as ações políticas
sistemáticas perpetradas contra uma
população civil - desde 2013 o governo
Maduro não autoriza a entrada do escritório de
Direitos Humanos no país.
Por outro lado, a Venezuela rejeita
qualquer tipo de ajuda externa, ou seja, não
admite interferências em assuntos
domésticos, e ainda acusa os países de se
unirem contra Caracas, assim como de usarem
os argumentos levantados na resolução e no
pedido de investigação como justificativas
para uma intervenção militar, através de uma
verdadeira manipulação política - Donald
Trump e a direção da Organização dos Estados
Americanos chegaram a falar abertamente
sobre uma possível intervenção militar. Além
disso, o governo venezuelano afirma que o
país vem sofrendo agressões em diversos
aspectos, inclusive tendo sua identidade
nacional atacada, e aponta as sanções
econômicas tanto americanas quanto
europeias como real causa da crise - como por
exemplo o embargo de armas aprovado pela
União Europeia e a proibição norte-americana
de operações da principal empresa estatal
venezuelana PDVSA, Petróleos de Venezuela
SA, no mercado americano, 2017.
O Brasil, como se pôde notar, mesmo
não tendo protagonizado as ações, e assim,
sinalizado sua posição de forma pouco incisiva,
colocou-se contra qualquer iniciativa de uso de
força e imposição de sanções contra a
Venezuela, e, não obstante, condenou-a pela
ruptura democrática nos fóruns internacionais.
ELEIÇÕES
Na próxima edição do Boletim
Econômico, já teremos conhecimento dos dois
candidatos que concorrerão ao Planalto no
final deste mês, ou aquele que assumirá a
presidência em 2019, em caso de vitória no
primeiro turno. Os próximos dias serão
intensos para o cenário político brasileiro,
apesar da corrida presidencial estar sendo
tratada com mais destaque, os eleitores
também irão as urnas para votar para cargos
de governador, senador, deputado federal e
estadual, que são tão importantes quanto o
cargo de presidente.
No cenário da corrida presidencial, a
probabilidade de não haver um segundo turno
entre Haddad e Bolsonaro é pequena, de
acordo com os resultados das últimas
pesquisas. Apesar disso, é necessário destacar
a importância da última semana antes da
eleição, considerada a mais decisiva. Em 2014,
de acordo com o Datafolha, 23% dos eleitores
decidiram seu voto na última semana.
Segundo as últimas pesquisas, cerca de 34%
dos eleitores ainda podem mudar seu voto. O
voto útil tem potencial para mudar um cenário,
porém a tendência é que a principal medição
de força entre um Brasil dividido será num
possível segundo turno. Haddad e Ciro
dividem os votos da esquerda, o candidato
petista cresce a cada pesquisa, enquanto que
Bolsonaro pode receber ainda votos de
Alckmin, Amoêdo e Meirelles. Marina perdeu
muita força em Setembro, perdendo muito dos
seus votos para Haddad.
No último final de semana, muitas
cidades tiveram manifestações pró e contra o
candidato Bolsonaro, que teve alta do hospital
neste sábado e permanecerá em repouso até
a data da eleição. A rejeição do candidato do
PSL é gigante, ao mesmo tempo que o seu
eleitorado é o mais convicto do voto, por isso
é improvável termos grandes quedas de
Bolsonaro nas pesquisas ao ponto de tirá-lo de
1- Fonte: Jornal O Globo
um segundo turno. A principal questão está
nos números de Haddad, que nem sequer
precisou fazer campanha contra Bolsonaro
para ganhar votos daqueles que o rejeitam. A
análise deste primeiro turno se dará o quanto
que o eleitorado dos outros candidatos
enxergam Bolsonaro e Haddad e a partir disto,
construir as tendências para o embate no final
do mês.
Nesta semana teremos pesquisas de
intenção de votos divulgadas praticamente
todos os dias. Na madrugada de hoje, a BTG
divulgou os resultados da sua última pesquisa,
que indica Bolsonaro com 31% (tinha 33%)
das intenções de voto, Haddad 24% (tinha
23%), Alckmin 11% (tinha 8%), Ciro 9%
(tinha 8%), Amoêdo 5% e Marina 4%.
Nos próximos dias, os candidatos
concentrarão suas campanhas principalmente
na região Sudeste, onde o número de eleitores
é maior. Historicamente, o presidente eleito
venceu em dois estados da região Sudeste.
Jair Bolsonaro, hoje, vence nos três maiores
colégios eleitorais: São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Haddad tem sua principal força
no Nordeste, porém precisa ganhar força na
região sudeste, assim como fez Dilma em
2014, que venceu em Minas e no Rio de
Janeiro.
De qualquer forma, teremos uma
semana bem intensa no cenário eleitoral, onde
as estratégias precisam ser bem traçadas e
qualquer declaração polêmica de qualquer
candidato pode ser crucial no resultado.
AGENDA ECONÔMICA
A próxima semana será intensa para o
cenário eleitoral mas também haverá
divulgações de dados importantes para
conjuntura econômica brasileira e mundial. Os
dados do PMI americano e inglês serão
divulgados nesta segunda-feira. A Balança
Comercial do Brasil também será notícia neste
primeiro dia de Outubro. Nos próximos dias,
teremos dados da Produção Industrial
brasileira e os dados do IPC-Fipe, dados do
setor automobilístico e dados do IPCA. No
mundo, o destaque vai para a taxa de
desemprego e balança comercial americana,
que é uma importante medida para economia
estadunidense.