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1 FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA DESLOCAMENTO DOS BRICS EM RELAÇÃO AOS ESTADOS UNIDOS LUIZ OCTAVIO BICUDO CASARIN ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM EECCOONNOOMMIIAA

DESLOCAMENTO DOS BRICS EM RELAÇÃO AOS ESTADOS UNIDOS

LLUUIIZZ OOCCTTAAVVIIOO BBIICCUUDDOO CCAASSAARRIINN

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010

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“DESLOCAMENTO DOS BRICS EM RELAÇÃO AOS ESTADOS UNID OS”

LUIZ OCTAVIO BICUDO CASARIN

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças

ORIENTADOR: FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010.

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“DESLOCAMENTO DOS BRICS EM RELAÇÃO AOS ESTADOS UNID OS”

LUIZ OCTAVIO BICUDO CASARIN

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor Dr. FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA (Orientador) Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec _____________________________________________________

Professor Dr. OSMANI GUILLEN Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec _____________________________________________________

Professora Dra. MYRIAN NEVES Instituição: Banco Central do Brasil

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010.

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FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas).

1) Luiz Octavio Bicudo Casarin; 2) Deslocamento dos BRICs em Relação aos Estados Unidos 3) 2010; 4) Área de concentração: Macroeconomia 5) Assunto principal (contextualizado): deslocamento das principais economias emergentes; 6) Assuntos secundários: métodos de verificação do deslocamento; 7) Palavras-chave: deslocamento e decoupling; 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em Economia) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Fernando Nascimento, que aceitou me orientar desde nossa

primeira conversa ao telefone. Por acreditar no meu potencial em levar esta pesquisa à

diante, por toda ajuda e objetiva orientação.

Agradeço, de maneira especial, ao Julio Bueno, que me confiou a tarefa de ser seu assessor

na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Governo do

Estado do Rio de Janeiro. Minha gratidão pela viabilização deste mestrado, pela

convivência fraterna, generosidade e amizade. Pela preocupação em me ensinar e me passar

a sua experiência profissional no dia a dia.

Agradeço ao Julio Mirilli, Chefe de Gabinete, pela amizade e compreensão com meus

momentos de estudo.

Agradeço ao André Caldeira, querido amigo que me inspirou na escolha deste tema.

Agradeço aos amigos que fiz na Secretaria que me acolheram desde o início: Diana,

Velloso, Heloísa, Marília, Dayse, Kátia, Juliana, Renata e Rachel.

Aos meus pais, Luiz Octavio e Teresa Cristina, por todo incentivo. Ao meu irmão, Marcos

Felipe, pelos comentários precisos e por me manter próximo da macroeconomia.

Aos meus amigos do Ibmec: Gustavo, Luciana, Lívia, Márcio, Bruno, Alexandre, Márcio

Fadigas, André, Felipe Ruivo e Marcel Zellmer.

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RESUMO

Historicamente, a taxa de crescimento do produto dos países em desenvolvimento estava

correlacionada à taxa de crescimento dos países desenvolvidos, em especial à dos Estados

Unidos. Mas, recentemente, o crescimento econômico do mundo desenvolvido tem

desacelerado e um grupo de países tem se destacado por apresentar altas taxas de

crescimento econômico e grande integração na economia global. Dentre estes países

chamam a atenção Brasil, Rússia, Índia e China (os chamados BRICs). Assim, objetivo

desta dissertação é verificar se há evidência empírica de descolamento da taxa de

crescimento do produto interno bruto (e seus setores de atividade) dos BRICs em relação

aos Estados Unidos. Para fazer essa análise são usados três instrumentos: primeiro uma

análise das correlações dos ciclos econômicos, segundo uma análise de resposta impulso

com vetores auto-regressivos e, por último, uma regressão em mínimos quadrados

ordinários com dummies de tempo para os anos de 1985 e 2000. Os resultados são positivos

quanto ao deslocamento, principalmente em relação ao produto interno a partir de 2000.

Palavras Chave: deslocamento, decoupling.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................................... 12

2. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ANÁLISE .......................................................................... 17

2.1. PRODUTO INTERNO BRUTO ............................................................................................. 17

2.2. AGRICULTURA ..................................................................................................................... 21

2.3. INDÚSTRIA ............................................................................................................................. 24

2.4. SERVIÇOS ............................................................................................................................... 27

3. ANÁLISE DO DESLOCAMENTO ....................................................................................................... 31

3.1. PRODUTO INTERNO BRUTO .............................................................................................. 34

3.1.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS .............. 34

3.1.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS 35

3.1.3. ANÁLISE COM MODELO AKIN E KOSE (2007) ........................................ 37

3.2. AGRICULTURA ..................................................................................................................... 39

3.2.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS .............. 39

3.2.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS 39

3.2.3. ANÁLISE COM MODELO AKIN E KOSE (2007) ........................................ 40

3.3. INDÚSTRIA ............................................................................................................................. 42

3.3.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS .............. 42

3.3.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS 42

3.3.3. ANÁLISE COM MODELO AKIN E KOSE (2007) ........................................ 43

3.4. SERVIÇOS ............................................................................................................................... 45

3.4.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS .............. 45

3.4.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS 45

3.4.3. ANÁLISE COM MODELO AKIN E KOSE (2007) ........................................ 47

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 49

APÊNDICE: GRÁFICOS DE RESPOSTA-IMPULSO

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INTRODUÇÃO

A economia mundial tem passado por mudanças importantes nas últimas duas décadas e,

em especial, nos últimos anos. Em primeiro lugar, desde meados da década de 1980,

observa-se o processo de globalização, entendido por Akin e Kose (2007), como o

fenômeno de crescimento do comércio internacional e movimentações financeiras. Em

segundo lugar, um grupo de países tem se destacado no contexto internacional por

apresentar altas taxas de crescimento econômico e grande integração na economia global.

Dentre estes países chamam a atenção Brasil, Rússia, Índia e China, os chamados BRICs –

termo cunhado pelo banco de investimentos Goldman Sachs em 2003.

Dentro deste contexto, vamos analisar o desempenho do produto interno bruto e dos seus

setores de atividade (agricultura, indústria e serviços) em relação à economia norte-

americana e seus setores. A idéia é que, historicamente, a taxa de crescimento do produto

do mundo em desenvolvimento estava correlacionada à taxa de crescimento do mundo

desenvolvido, em especial à taxa de crescimento dos Estados Unidos. Mas, mais

recentemente, o crescimento dos Estados Unidos tem desacelerado e os BRICs têm

crescido rapidamente.

Assim, o objetivo desta dissertação é verificar se há evidência empírica de descolamento

(ou decoupling) da taxa de crescimento das principais economias emergentes (Brasil,

Rússia, Índia e China) em relação à taxa de crescimento dos Estados Unidos. O conceito de

decoupling é definido mais precisamente pelo Asian Development Bank (2007) como a

emergência de uma dinâmica de ciclo de negócios que é relativamente independente das

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tendências globais de demanda e que é conduzida principalmente por mudanças autônomas

na demanda interna.

Para verificar o deslocamento utilizaremos três metodologias. A primeira é o cálculo das

correlações dos ciclos econômicos dos países do grupo do BRICs em relação ao ciclo

econômico dos Estados Unidos. A referência desta metodologia é Oliveira e Bolle (2007).

A segunda maneira de medir o deslocamento é através de respostas-impulso com regressões

de vetores auto-regressivos tomando como referência o texto de Kim, Lee e Park (2009). O

terceiro modo de verificar o deslocamento será através de uma regressão em mínimos

quadrados ordinários das séries de tempo dos produtos internos brutos (e seus setores de

atividade) dos BRICs contra as mesmas séries dos Estados Unidos com dummies de tempo

para os anos de 1985 e 2000.

A base de dados utilizada nesta pesquisa faz parte do World Development Indicators obtida

no site do Banco Mundial. As séries de tempo são anuais começando em 1960 e terminando

em 2008.

Os resultados mostraram que houve evidência de decoupling do produto interno bruto do

Brasil em relação aos Estados Unidos a partir de 2000. Quanto à agricultura e à indústria

brasileira, verificaram-se deslocamentos a partir de 1985. Em relação aos serviços do

Brasil, verificou-se forte evidência de decoupling em relação aos serviços dos Estados

Unidos a partir de 1985 e a partir de 2000.

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Os resultados Rússia mostraram evidência de deslocamento do produto interno bruto a

partir de 2000. Em relação ao setor de agricultura há evidência de decoupling a partir de

2000. Os serviços da Rússia apresentam evidência de deslocamento em relação aos Estados

Unidos a partir de 2000.

Para a Índia, os resultados do produto interno bruto indicam um decoupling em relação aos

Estados Unidos a partir de 2000. Em relação à agricultura os resultados não são conclusivos

e, no caso da indústria, há evidência de decoupling a partir de 2000. As análises de

deslocamento dos serviços da Índia em relação aos serviços dos Estados Unidos mostram

um decoupling a partir de 1985.

Finalmente, no caso da China há evidência de deslocamento do produto interno bruto em

relação aos Estados Unidos a partir de 1985 e a partir de 2000. Em relação à agricultura, há

evidência de coupling em relação à agricultura dos Estados Unidos a partir de 1985. Em

relação à indústria da China, há evidência de decoupling em relação à indústria dos Estados

Unidos a partir de 1985. Por último, a análise do deslocamento dos serviços da China em

relação aos serviços dos Estados Unidos mostra um decoupling a partir de 1985.

Desta maneira, esta dissertação está organizada da seguinte forma. Após esta Introdução, o

Capítulo 1 faz uma revisão da Literatura. O Capítulo 2 traz uma descrição das variáveis de

análise: taxa de crescimento do produto interno bruto e dos setores de agricultura, indústria

e serviços de Brasil, Rússia, Índia, China e Estados Unidos. As taxa de crescimento são

comparadas entre si em seis sub-períodos de análise entre 1960-2008. Neste capítulo

também é mostrada a evolução dos pesos relativos dos produtos e dos setores dentro da

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economia dos países e no conjunto da economia mundial. O Capítulo 3 faz as análises do

decoupling de três maneiras. A primeira é através da comparação das correlações dos ciclos

econômicos dos BRICs em relação ao ciclo dos Estados Unidos em quatro sub-períodos

(1960-1984, 1985-2008, 1960-1999, 2000-2008) de modo a captar possíveis mudanças

ocorridas a partir de 1985 e 2000. A segunda maneira de verificar o deslocamento foi

através de regressões com vetores auto-regressivos e análise dos gráficos de resposta-

impulso. Neste caso o numero de observações da amostra (49) só permitiu o recorte de

tempo de 1960 a 2008.

A terceira maneira de verifica o decoupling foi através de uma regressão em mínimos

quadrados ordinários onde a variável dependente é a taxa de crescimento de uma das

economias emergentes estudadas e uma das variáveis explicativas é a taxa de crescimento

dos Estados Unidos controlada por uma dummy de tempo (pós-1985 e pós-2000) de modo

a captar as mudanças do impacto do crescimento dos Estados Unidos no crescimento dos

BRICs após estes anos. Todas as análises foram feitas para as séries de taxa de crescimento

do produto interno bruto e dos setores de agricultura, indústria e serviços. A idéia da

escolha dos anos de 1985 e 2000 está ligada ao início da globalização e à entrada da China

como um importante player no mercado internacional, respectivamente. A última sessão é a

Conclusão que faz um apanhado das principais evidências empíricas mostradas pelas três

metodologias e aponta o desafio das economias emergentes como atores importantes da

economia mundial.

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1. REVISÃO DA LITERATURA

Este trabalho tem como principal referencia o texto de Akin e Kose (2007). Esse artigo

analisa a mudança de natureza dos spillovers de crescimento entre as economias

desenvolvidas, do Norte, e os países em desenvolvimento, do Sul, impulsionada pelo

processo de globalização. Para isso, é utilizado um banco de dados abrangente de variáveis

macroeconômicas e setoriais para 106 países durante o período 1960-2005. O artigo

considera que o Sul deve ser composto de dois grupos de países. O Sul Emergente e o Sul

Em Desenvolvimento, com base na medida das suas integrações com a economia global.

Utilizando um quadro de regressão em painel, Akin e Kose (2007) encontram evidência

empírica de que o impacto da atividade econômica do Norte sobre o Sul Emergente

diminuiu durante o período de globalização (1986-2005). Em contrapartida, as relações de

crescimento entre o Norte e o Sul Em Desenvolvimento têm se mantido bastante estáveis ao

longo do tempo. Os resultados também sugerem que as economias do Norte e do Sul

Emergentes começaram a apresentar spillovers de crescimento mais intensos.

Outra referência importante deste trabalho é o artigo de Kim, Lee e Park (2009). Este texto

investiga o grau de interdependência econômica entre a Ásia emergente e os principais

países industriais para jogar luz sobre o debate sobre o deslocamento da Ásia emergente.

Através de um modelo de vetores auto-regressivos (VAR), é estimado o grau de

interdependência econômica antes e depois da crise financeira asiática de 1997/1998. As

evidências empíricas mostraram que a interdependência econômica real aumentou

significativamente no período pós crise, sugerindo um “recoupling” , ao invés de um

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decoupling (deslocamento), nos últimos anos. Choques nos produtos das maiores

economias industriais têm efeito positivo significativo nas economias emergentes asiáticas.

O mais interessante é que o inverso também é verdade. Choques nos produtos de países da

Ásia emergente (inclusive a China) têm efeito positivo significativo no produto das

principais economias industriais. Os resultados sugerem que a interdependência

macroeconômica entre a Ásia emergente e os países industriais se tornou bi-direcional,

derrotando a visão tradicional das relações Norte-Sul como sendo de dependência

unidirecional.

A terceira referência é Oliveira e Bolle (2007). Este relatório testa o descolamento real e

financeiro do Brasil através da análise da correlação de ciclos econômicos com dados que

vão até o ano de 2006. A conclusão, do ponto de vista do deslocamento real, é que os ciclos

econômicos do Brasil, dos Estados Unidos e do mundo estão mais sincronizados,

contrariando a tese de que a economia brasileira depende menos da evolução do cenário

externo.

Uma inspiração de trabalho foi o texto de Dominic e Purushothaman (2003), Dreaming

with BRICs: The Path to 2050 do banco de investimentos Goldman Sachs. Esta publicação

inaugura o termo BRICs como denominação das principais economias emergentes: Brasil,

Rússia, Índia e China. O relatório destaca que nos próximos 50 anos estes países vão se

tornar uma força muito maior na economia mundial. Usando projeções demográficas e

modelos de acumulação de capital e crescimento da produtividade é mapeado o

crescimento dos produtos, produtos per capita e movimentos cambiais nas economias dos

BRICs até 2050. Os resultados apontam que em menos de 40 anos os BRICs em conjunto

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podem ser maiores que o G6. Uma hipótese importante das projeções é que os BRICs

mantenham políticas e desenvolvam instituições que sustentem o crescimento. O artigo

pondera os BRICs enfrentarão desafios importantes para manter o desenvolvimento em

curso. Isto significa que existe uma boa chance de que as projeções não sejam cumpridas,

seja por causa de más políticas ou má sorte. Ainda assim, se os BRICs chegarem perto de

cumprir as projeções, as implicações para o padrão de crescimento e de atividade

econômica serão grandes.

Outro texto de referência é o artigo de Kose, Otrok e Prasad (2008). Este trabalho analisa a

evolução do grau de interdependência global cíclica durante o período 1960-2005. Os 106

países da amostra são categorizados em três grupos: países industrializados, mercados

emergentes e outras economias em desenvolvimento. Usando um modelo de fator

dinâmico, as flutuações macroeconômicas são decompostas em diferentes fatores: (i) fator

global, que mostra flutuações que são comuns a todas as variáveis e países; (ii) fatores

específicos dos grupos, que capturam as flutuações que são comuns a todas a variáveis e

todos os países de cada grupo; (iii) fatores de países, que são comuns a todos os agregados

de um mesmo país; e (iv) fatores específicos de cada série de tempo. O principal resultado

foi que, durante o periodo da globalização (1985-2005), tem havido uma convergência

(coupling) da flutuação dos ciclos de negócios entre os grupos de economias industriais e

entre o grupo de mercados emergentes. Tem havido também um declínio na importância

relativa do fator global. Em outras palavras, há evidência de convergência dos ciclos de

negócios em cada um desses dois grupos, mas há uma divergência (decoupling) entre os

grupos.

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Uma reflexão importante sobre a crise econômica internacional recente e suas implicações

para as economias emergentes é colocada por Canuto (2010). Os países em

desenvolvimento estavam crescendo mais rápido do que as economias avançadas durante

alguns anos anteriores à crise econômica iniciada no final de 2008. Esse padrão de

crescimento associado à crescente fragilidade financeira e à aproximação de uma

desaceleração econômica nas principais economias avançadas tornou evidente um possível

decoupling dos mercados emergentes.

No último trimestre de 2008 e no início de 2009, a possibilidade do decoupling foi

rapidamente substituída por um reverse coupling quando as economias em

desenvolvimento também foram impactadas pelo quase-colapso das finanças e do comércio

internacional. Mas, o que ocorreu de fato foi que os países em desenvolvimento vêm se

recuperando mais rápido do que as economias avançadas, mantendo também o prêmio positivo de

crescimento tinham antes da crise. O crescimento em países em desenvolvimento é projetado pelo

Banco Mundial para chegar a 6,0% em 2010 e 5,9% em 2011, enquanto os valores correspondentes

são de 2,2% e 2,4% para os países de alta renda. Quase a metade do crescimento do PIB global

estará vindo de países em desenvolvimento.

Nesse contexto, Canuto (2010) sugere duas questões: Será que as economias em desenvolvimento

vão experimentar um recoupling como resultado de um cenário de baixo crescimento nas

economias avançadas? Ou, pelo contrário, poderiam os países em desenvolvimento se tornarem

locomotivas da economia mundial, fornecendo uma força de compensação contra uma

desaceleração?

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Canuto (2010) conclui que há uma margem para uma transição em que os países em

desenvolvimento tenham um papel mais importante como locomotiva global e movam o

mundo a frente, compensando forças no sentido de um recoupling decorrente do menor

dinamismo nos países avançados. No entanto uma agenda abrangente em termos políticas

domésticas e reformas será fundamental para cumprir essa missão.

Inspirado nestes trabalhos, a idéia é verificar empiricamente se está havendo o

descolamento das quarto economias emergentes do grupo dos BRICs em relação aos

Estados Unidos.

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2. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS DE ANÁLISE

Antes de fazer as análises do deslocamento, é necessário descrever o desempenho das

variáveis que serão analisadas: taxas de crescimento do produto interno bruto e dos setores

de agricultura, indústria e serviços dos países do grupo dos BRICs e dos Estados Unidos. O

período de 1960 a 2008 foi dividido em cinco sub-períodos de acordo com algumas

mudanças importantes na economia internacional.

� 1960-1972: Início da série até antes da primeira crise do petróleo em 1973.

� 1973-1979: Período entre as crises do petróleo, logo após a elevação dos juros nos

Estados Unidos.

� 1980-1985: Período que precede o início da globalização.

� 1986-1994: Primeiro período de globalização antes das crises das dívidas do

México (1995), Ásia (1997/1998) e da Rússia (1999).

� 1995-2001: Período das crises internacionais até os atentados de 11 de setembro em

Nova York em 2001.

� 2002-2008: Período após os atentados de 11 de setembro até o final da série.

2.1. PRODUTO INTERNO BRUTO

A taxa média de crescimento do produto interno bruto (PIB) do grupo dos BRICs no

período de 1960 a 2008 foi de 5,0% ao ano, ficando acima da média dos Estados Unidos

que registrou avanço médio de 3,2% ao ano. Individualmente, chama a atenção o

desempenho da China, com crescimento médio do PIB de 8,1% ao ano. Em seguida, a Índia

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apresenta uma taxa média de crescimento de 5,0% ao ano, pouco acima da média do Brasil

que ficou em 4,5% ao ano. A Rússia registrou crescimento médio de 0,7% ao ano. Mas,

nesse caso, entre 1960 e 1989, a Rússia era uma república da antiga União Soviética.

Assim, a base de dados utilizada só registra dados de crescimento do PIB a partir de 1990.

Neste curto período a média de crescimento anual da Rússia fica em apenas 0,7% ao ano.

Gráfico 1: Produto Interno Bruto – Taxa de Crescimento Média (1960-2008)

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

A análise dos subperíodos indica que a economia chinesa vem mantendo um patamar de

crescimento acima das demais economias, próximo a 10% ao ano, desde a década de 1980.

Antes deste período a economia brasileira é que mantinha o maior ritmo de crescimento

médio entre os países analisados. Entre 1960 e 1979 o Brasil apresentou crescimento médio

do PIB, acima de 7% ao ano. Mas, esse ritmo de crescimento não se manteve, caindo a uma

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média em torno de 2,5% ao ano entre 1980 e 2001 e voltando a acelerar entre 2002 e 2008,

crescendo em torno dos 4% ao ano, em média.

Chama atenção a aceleração do crescimento indiano a partir da década de 1980, passando

de um patamar em torno de 3,5% ao ano (1973-1979), passando a um ritmo acima de 5,0%

ao ano (1980-1994) e aproximando-se de 8% ao ano de 2002 a 2008. No caso da Rússia

percebe-se uma forte aceleração na taxa de crescimento do PIB saindo de uma forte

retração de quase 9% entre 1986 e 1994 e chegando a quase 7% ao ano no período 2002-

2008. Infelizmente a análise da Rússia fica prejudicada pela não disponibilidade de dados

antes de 1989.

Gráfico 2: Taxa de Crescimento do PIB – Média dos Subperíodos

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

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Uma vez analisados os desempenhos individuais é importante entender como essas

economias emergentes se comportaram em relação à economia global. Os BRICs

respondiam por apenas 3,2% da economia mundial no período 1960-1972. O forte

crescimento de 5,0% ao ano, em média, fez com que esse grupo de países passasse a

responder por 10% da economia mundial no período 2002-2008.

Individualmente, a China era o país emergente com menor participação no PIB mundial no

período 1960-1972. O forte crescimento de 8,1% ao ano, em média, fez com que a

economia chinesa chegasse a 5,3% do PIB mundial em 2002-2008, tornando-se o país

emergente com a maior fatia do produto global.

O segundo país com maior market-share no PIB internacional é o Brasil, com 2% no

período 2002-2008. Vale notar que no início da série o Brasil era o país emergente mais

importante com participação de 1,5% no PIB global. A maior participação do Brasil no PIB

mundial foi de 2,3% entre 1980 e 1985. Apenas no período 1995-2001 é que a China

ultrapassa do Brasil.

A Índia conta atualmente com uma participação de 1,8% no PIB mundial, ficando à frente

da Rússia que conta com 1,0%. A diferença é que a Índia vem crescendo o seu market share

no produto mundial, saindo de 1,0% em 1960 e 1972 e a Rússia vem perdendo espaço já

que contava com 1,3% do PIB global entre 1986 e 1994.

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Gráfico 3: Participação na Economia Mundial

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

2.2. AGRICULTURA

Em relação à agricultura, a taxa de crescimento média do grupo dos BRICs ficou em 4,3%

ao ano. Esse resultado fica um pouco abaixo crescimento médio do PIB dos BRICs (5,0%

ao ano) e acima do crescimento médio da agricultura dos Estados Unidos (1,3% ao ano em

média).

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Gráfico 4: Taxa de Crescimento Média da Agricultura

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Com esse ritmo de crescimento, ficou claro que a agricultura dos países emergentes

analisados perderia espaço nos produtos internos brutos. O Brasil apresenta a menor queda

relativa, com a sua agricultura passando de 16% do PIB, em média, entre 1960 e 1972 e

passando a 6% do PIB, em média, entre 2002 e 2008. A Rússia apresenta trajetória

semelhante à brasileira, com a sua agricultura passando de 12% para 5%, em média, entre

1986-1994 e 2002-2008. A agricultura da China tem uma queda de 36% para 12% do PIB,

em média, durante todo o período analisado, assim como a da Índia que passa de 42% para

19%.

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Gráfico 5: Participação da Agricultura no PIB

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Em relação à agricultura mundial, pode-se dizer que a agricultura dos BRICs vem

ganhando espaço, se os BRICs representam 10% da economia mundial, sua agricultura

representa mais de três vezes mais, 35,3%. A agricultura da China responde por 19,5% da

agricultura mundial, a da Índia 10,4%, a do Brasil, 4,0% e a da Rússia, 1,6%.

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Gráfico 6: Participação na Agricultura Mundial

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

2.3. INDÚSTRIA

Em relação à indústria, a taxa de crescimento média do grupo dos BRICs ficou em 6,7% ao

ano. Esse resultado fica acima do crescimento médio do PIB dos BRICs (5,0% ao ano) e

bem acima do crescimento médio da indústria dos Estados Unidos (1,3% ao ano em média).

Destaque para a China que obteve uma taxa de crescimento média da indústria de 8,8% ao

ano entre 1960 e 2008. A Índia teve crescimento médio de 5,9% e o Brasil de 4,3%. A

indústria da Rússia caiu 0,6% no período.

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Gráfico 7: Taxa de Crescimento Média 1960-2008

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Com o ritmo de crescimento médio de 6,7% ao ano, acima da taxa média de crescimento do

PIB, a indústria dos BRICs ganhou espaço nos produtos de modo geral. Contudo, isso não

foi verdade no caso do Brasil e da Rússia. No Brasil, o peso da indústria na economia passa

de 37% para 28% do PIB, em média, entre os períodos 1960-1972 e 2002-2008. No caso da

Rússia, o peso da indústria na economia passa de 46% para 37% do PIB, em média, no

mesmo período. Vale lembrar que no caso brasileiro, entre 1960 e 1985 a indústria vinha

ganhando participação, quando registrou 45% do PIB, tendência que se inverteu a partir

desse período.

China e Índia apresentam tendência semelhante de crescimento da participação da indústria

em seus produtos, porém em patamares diferentes. A indústria da Índia passa de 20% para

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28% do PIB, em média, entre os períodos de 1960-1972 e 2002-2008. A indústria da China

passa de 37% para 47% do PIB no mesmo período, patamar muito superior ao da Índia e ao

das demais economias emergentes analisadas.

Gráfico 8: Participação da Indústria no PIB

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Em relação à indústria mundial os BRICs vêm ganhando espaço, com a sua indústria

passando de 3,1% para 13,7% da indústria mundial. Grande destaque para a China que

passa de menos de 1% entre 1960-1972 e chega a 8,6%, em média, entre 2002 e 2008. Os

outros emergentes em análise ficam em torno dos 2%.

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Gráfico 9: Participação na Indústria Mundial

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

2.4. SERVIÇOS

Em relação aos serviços, a taxa de crescimento média do grupo dos BRICs ficou em 6,7%

ao ano, igualando o ritmo de crescimento médio da indústria. Esse resultado fica acima do

crescimento médio do PIB dos BRICs (5,0% ao ano) sendo também quase o dobro do

registrado no crescimento médio dos serviços dos Estados Unidos (3,7% ao ano em média).

Destaque para a China que obteve média anual de crescimento dos serviços de 8,7% ao ano

entre 1960 e 1972. Índia e Brasil apresentaram crescimentos robustos de 5,8% e 5,7% ao

ano em média no período. No caso da Rússia, a expansão foi semelhante à dos Estados

Unidos, 3,7% ao ano em média.

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Gráfico 10: Taxa de Crescimento Média

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Com esse ritmo de crescimento a participação dos serviços no PIB tendeu a crescer. No

conjunto dos BRICs ela passou de 40% para 49% no período analisado. O país com a maior

participação do setor terciário em seu produto é o Brasil, que também apresentou trajetória

de crescimento, passando de 47% para 65%, em média, entre os períodos 1960-1972 e

2002-2008. A Rússia, em seguida, passa de 42% para 58%, em média, entre os períodos

1986-1994 e 2002-2008. O desempenho dos serviços da Índia acompanha a média dos

BRICs, passando de 40% a 49%, em média, no período analisado. A China é o país com

menor participação dos serviços no PIB, passando de 27% para 41% no período analisado.

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Gráfico 11: Participação dos Serviços no PIB

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

Em relação à economia global, os serviços prestados pelos BRICs passam de 2,5% para

7,0% dos serviços prestados mundialmente, ficando com um market-share inferior ao do

produto interno bruto. Mesmo com a China tendo a menor participação dos serviços em seu

produto entre os países analisados, o tamanho da economia deste país permite que eles

tenham a maior participação nos serviços mundiais entre os países analisados, 3%, em

média, no período 2002-2008. Em segundo lugar aparece o Brasil com 1,9% dos serviços

mundiais, em média, no período 2002-2008. Em seguida temos a Índia com 1,3% e a

Rússia com 0,8% no mesmo período de 2002 a 2008.

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Gráfico 12: Participação nos Serviços Mundiais

Fonte: World Development Indicators (Banco Mundial)

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3. ANÁLISE DO DESLOCAMENTO

Uma vez descritas as variáveis de análise, cabe agora testar se está havendo o deslocamento

das taxas de crescimento do PIB dos BRICs em relação à taxa de crescimento do PIB dos

Estados Unidos. As análises serão repetidas para os setores de atividade (agricultura,

indústria e serviços).

Para medir o deslocamento usaremos três tipos de análises. O primeiro tipo será a análise

das correlações dos ciclos econômicos. A principal referência é Oliveira e Bolle (2007).

Para medir o grau de sincronização entre as economias emergentes estudadas e os Estados

Unidos, foram calculadas as correlações entre os componentes cíclicos das séries de taxa de

crescimento do PIB e de seus setores. As séries de tendência foram construídas usando o

filtro Hodrick-Prescott e os componentes cíclicos das séries são definidos da seguinte

forma:

Ciclo = Log (PIB) – Log (Tendência PIB)

O período 1960-2008 foi dividido em quatro sub-períodos para captar as mudanças nas

correlações após o início da globalização em 1985 e após a emergência da China com um

importante player no mercado internacional em 2000. Assim, a divisão ficou da seguinte

maneira:

� 1960-1984: Período antes do início da globalização em 1985.

� 1985-2008: Período da globalização.

� 1960-1999: Período anterior à entrada da China no mercado internacional

� 2000-2008: Período posterior à entrada da China no mercado internacional.

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As evidências de decoupling (ou coupling) nesse caso ficam por conta da variação da

correlação e não pelo valor da correlação em si. No caso de uma diminuição da correlação,

registra-se um decoupling e no caso de uma elevação da correlação registra-se um coupling.

O segundo tipo de análise é através de regressões com vetores auto-regressivos (VAR). O

vetor auto-regressivo é usado para analisar o impacto de um distúrbio aleatório em um

sistema de séries de tempo inter-relacionadas. A análise VAR não necessita de uma

modelagem estrutural, pois trata todas as variáveis endógenas do sistema como função dos

valores defasados destas variáveis endógenas.

Assim, o sistema de variáveis endógenas que utilizamos foi o seguinte:

YBRA = C1,1*YBRA(-1) + C1,2*YBRA(-2) + C(1,N)*YBRA(-N) + C(1,3)*YEUA(-1) + C(1,4)*YEUA(-2) +

C(1,N)*YEUA(-N) + E

YEUA = C1,1*YBRA(-1) + C1,2*YBRA(-2) + C(1,N)*YBRA(-N) + C(1,3)*YEUA(-1) + C(1,4)*YEUA(-2) +

C(1,N)*YEUA(-N) + E

Para a especificação do número de lags a serem incluídos nas funções utilizamos o critério

Akaike de informação. Vale lembrar que as regressões em VAR foram rodadas para os

quatro países dos grupo dos BRICs e para as respectivas séries de produto interno bruto,

agricultura, indústria e serviços.

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Através da análise destas funções de resposta impulso podemos captar o impacto que um

choque num determinado ponto do tempo exerce nos valores correntes e futuros das

variáveis endógenas.

O terceiro tipo de análise será uma regressão utilizada em Akin e Kose (2007). O modelo

faz uma regressão em mínimos quadrados ordinários da taxa de crescimento do PIB (e seus

setores) dos países do grupo dos BRICs em relação às taxas de crescimento dos Estados

Unidos. Dummies de tempo (1985 e 2000) são utilizadas para medir a mudança do impacto

do crescimento dos Estados Unidos nas economias emergentes estudadas e verificar o

deslocamento.

Assim, a versão simplificada dos modelos é a seguinte:

YBRA = C(1)*YEUA + C(2)* YEUA*dummy (pós-85)

+ C(3)* YCHI + C(4)* YCHI *dummy (pós-85)

+ C(5)* YBRA(-1) + C(6)* YEUA(-1) + C(7)* YCHI(-1)

YRUS = C(1)*YEUA + C(2)* YEUA*dummy (pós-85)

+ C(3)* YCHI + C(4)* YCHI *dummy (pós-85)

+ C(5)* YRUS(-1) + C(6)* YEUA(-1) + C(7)* YCHI(-1)

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YIND = C(1)*YEUA + C(2)* YEUA*dummy (pós-85)

+ C(3)* YCHI + C(4)* YCHI *dummy (pós-85)

+ C(5)* YIND(-1) + C(6)* YEUA(-1) + C(7)* YCHI(-1)

YCHI = C(1)*YEUA + C(2)* YEUA*dummy (pós-85)

+ C(5)* YCHI(-1) + C(6)* YEUA(-1)

Vale lembrar que, além da dummy pós-1985, usamos também a dummy pós-2000.

Nas próximas sessões, vamos analisar se houve deslocamento do produto interno bruto e

dos setores de agricultura, indústria e serviços segundo essas três metodologias.

3.1. PRODUTO INTERNO BRUTO

3.1.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS

Para o Brasil, a análise das correlações dos ciclos econômicos indica que a partir do início

da globalização em 1985 eleva-se a correlação dos ciclos econômicos de Brasil e Estados

Unidos, o que não caracteriza um deslocamento. No entanto, a partir de 2000 há uma queda

na correlação de ciclos econômicos, que é um primeiro indício de decoupling em relação

aos Estados Unidos.

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No caso da Rússia, a análise das correlações dos ciclos econômicos indica um

deslocamento em relação ao produto interno bruto dos Estados Unidos a partir de 2000.

Não foi possível fazer a análise a partir de 1985 devido à indisponibilidade de dados.

Para a Índia, verifica-se uma maior sincronização com o ciclo do produto interno bruto dos

Estados Unidos a partir de 1985 e também a partir de 2000, configurando um coupling em

relação à economia americana.

No caso da China, as evidências empíricas de correlações de ciclos econômicos mostram

um decoupling a partir de 1985 e também a partir de 2000 em relação aos Estados Unidos,

com duas quedas nas correlações.

Tabela 1: Correlação dos Ciclos Econômicos – Produto Interno Bruto

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.1.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS

No caso do Brasil o gráfico de resposta impulso mostra uma resposta positiva do produto

interno bruto do Brasil após um choque nos produto dos Estados Unidos no período 1960-

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2008. Para a Rússia, a resposta impulso a um choque na economia dos Estados Unidos

também é positiva no período estudado.

No caso da Índia e da China, as evidências de resposta impulso mostram deslocamento no

período 1960-2008.

Tabela 2: Resposta Impulso Acumulada em 10 Períodos – Produto Interno Bruto

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.1.3. ANÁLISE COM MODELO AKIN E KOSE (2007)

Na última maneira de verificar o deslocamento, a regressão proposta por Akin e Kose

(2007) mostra, no caso do produto interno bruto Brasil, um deslocamento em relação aos

Estados Unidos a partir de 1985. Este resultado está em linha com a evidência de Akin e

Kose (2007) que mostra diminuição do impacto da atividade econômica dos países do

Norte sobre o Sul Emergente durante o período de globalização. É interessante notar que o

decoupling em relação aos Estados Unidos a partir de 1985 é acompanhado de um coupling

em relação à China, mostrando uma direção do deslocamento brasileiro. Esta evidência está

de acordo também com Kose, Otrok e Prasad (2008) que registrou convergência dos ciclos

de negócios dos grupos de países.

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Na análise a partir de 2000, os resultados são inconclusivos já que os coeficientes não são

estatisticamente significativos. Ambas as regressões rejeitaram as hipóteses nulas de

heterocedasticidade dos resíduos, mas as hipóteses de correlação serial foram não foram

rejeitadas indicando que os resíduos são correlacionados com seus próprios lags.

No caso da Rússia, não foi possível fazer a regressão com a dummy pós-1985 pela

indisponibilidade de dados. Mas, no caso da regressão usando a dummy para os anos a

partir de 2000, verifica-se o decoupling. Este resultado pode estar fundamentado no alto

crescimento registrado pela Rússia recentemente com média de 6,7% entre 2002 e 2008

destacado no Capítulo 1. Novamente, merece destaque a evidência de coupling em relação

à China a partir de 2000 novamente em linha com Kose, Otrok e Prasad (2008). A hipótese

nula de correlação serial foi rejeitada pelo teste-LM.

As regressões para Índia e China com dummy pós-1985 são inconclusivas já que os

coeficientes não são estatisticamente significantes. No caso das regressões com dummy

pós-2000, verifica-se um deslocamento do produto interno bruto da Índia em relação aos

Estados Unidos – em linha com Akin e Kose (2007) – e um coupling com a China – em

linha com Kose, Otrok e Prasad (2008). Nesse caso as hipóteses nulas dos testes de

heterocedasticidade e correlação serial são rejeitadas, indicando uma boa especificação do

modelo.

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Tabela 3: Regressão Modelo Akin e Kose (2007) – Produto Interno Bruto

Painel A: Dummy Pós-1985

Painel B: Dummy Pós-2000

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.2. AGRICULTURA

3.2.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS

No caso da agricultura do Brasil a análise da correlação com o ciclo econômico dos Estados

Unidos mostra um deslocamento a partir de 1985 e uma sincronização dos ciclos a partir de

2000 como primeiras evidências. No caso da Rússia, as evidências das correlações dos

ciclos econômicos mostram uma menor sincronização com o ciclo da agricultura dos

Estados Unidos a partir de 2000. Nos casos da Índia e da China verificam-se sincronizações

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com o ciclo da agricultura dos Estados Unidos a partir de 1985 e 2000, indicando um

coupling em ambos os casos.

Tabela 4: Correlação dos Ciclos Econômicos – Agricultura

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.2.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS

A análise dos gráficos de resposta impulso mostra respostas negativas da agricultura do

Brasil e da Índia após um choque na agricultura dos Estados Unidos no perído 1960-2008,

configurando deslocamentos. No caso das agriculturas de Rússia e China verificamos

respostas impulso nulas no período estudado.

Tabela 5: Resposta Impulso Acumulada em 10 Períodos – Agricultura

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

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3.2.3. ANÁLISE DO MODELO AKIN E KOSE (2007)

Na terceira maneira de verificar o deslocamento, a regressão proposta por Akin e Kose

(2007) com dummy pós-1985 mostra resultados inconclusivos, no caso da agricultura de

Brasil, Rússia e Índia. Em relação à China, verificou-se um coupling em relação à

agricultura dos Estados Unidos a partir de 1985. Este resultado está de acordo com as duas

evidências anteriores e, neste caso, o modelo está bem especificado quanto à

heterocedasticidade e à correlação serial.

Na análise do modelo com dummy pós-2000, os resultados são inconclusivos para todos

dos BRICs quanto à interação com a agricultura dos Estados Unidos, já que os coeficientes

estimados não são significativos. Mesmo assim, vale destacar que houve evidência de

coupling da agricultura do Brasil com a da China a partir de 2000 – assim como verificado

em Kose, Otrok e Prasad (2008). Nesse caso o modelo também está bem especificado,

rejeitando as hipóteses nulas de heterocedasticidade e correlação serial dos resíduos.

Tabela 6: Regressão Modelo Akin e Kose (2007) – Agricultura

Painel A: Dummy Pós-1985

Painel B: Dummy Pós-2000

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Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.3. INDÚSTRIA

3.3.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS

No caso do Brasil a análise da correlação com o ciclo econômico da indústria dos Estados

Unidos mostra um deslocamento a partir de 1985 e um movimento inverso de coupling a

partir de 2000. No caso da Rússia a análise das correlações mostra uma maior

sincronização com o ciclo da indústria dos Estados Unidos a partir de 2000. Índia e China,

da mesma forma, apresentam evidências de sincronização com o ciclo da indústria dos

Estados Unidos a partir de 1985 e 2000, não configurando também um deslocamento.

Tabela 7: Correlação dos Ciclos Econômicos – Indústria

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

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3.3.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS

Os gráficos de resposta impulso mostram respostas negativas das indústrias de Índia e

China após um choque na indústria dos Estados Unidos no período 1960-2008. No caso da

Rússia, ao contrário, há evidência de coupling no período estudado. A indústria do Brasil

apresenta resposta-impulso nula frente a um choque na indústria dos Estados Unidos.

Tabela 8: Resposta Impulso Acumulada em 10 Períodos – Indústria

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.3.3. ANÁLISE DO MODELO AKIN E KOSE (2007)

A regressão proposta por Akin e Kose (2007) com dummy pós-1985 mostra resultados

inconclusivos, quanto ao deslocamento da indústria do Brasil, Rússia e Índia. Em relação à

China, verificou-se um decoupling em relação à indústria dos Estados Unidos a partir de

1985. Este resultado está de acordo com a evidência anterior de resposta-impulso e contra a

primeira evidência de coupling da análise das correlações. No caso desta primeira

regressão, o modelo está bem especificado, rejeitando as hipóteses nulas de

heterocedasticidade e correlação serial dos resíduos.

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Na análise do modelo com dummy pós-2000, os resultados são inconclusivos para Brasil e

China, que apresentaram coeficientes estimados não são significativos. No caso da Rússia,

há evidência de decoupling (ainda que não corroborada pelas duas análises anteriores). No

caso da China, há evidência de descolamento em relação à indústria dos Estados Unidos a

partir de 2000, resultado que é confirmado pela análise de resposta-impulso e

desconfirmado pela análise das correlações dos ciclos econômicos.

Tabela 9: Regressão Modelo Akin e Kose (2007) – Indústria

Painel A: Dummy Pós-1985

Painel B: Dummy Pós-2000

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

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3.4. SERVIÇOS

3.4.1. ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES DOS CICLOS ECONÔMICOS

Para as quatro economias emergentes estudadas, a análise das correlações com o ciclo dos

serviços dos Estados Unidos mostra evidência de decoupling a partir de 2000. Brasil e

China também apresentam um deslocamento da taxa de crescimento dos seus serviços a

partir de 1985. A Índia, ao contrário, apresentou maior sincronização com os serviços dos

Estados Unidos a partir de 1985. No caso da Rússia, a análise do deslocamento a partir do

início da globalização não foi possível pela indisponibilidade de dados.

Tabela 10: Correlação dos Ciclos Econômicos – Serviços

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.4.2. ANÁLISE DAS REGRESSÕES COM VETORES AUTO-REGRESSIVOS

No caso do Brasil o gráfico de resposta impulso mostra uma resposta positiva após um

choque nos serviços dos Estados Unidos no período 1960-2008 indicando um coupling.

Nos casos de Rússia, Índia e China os gráficos de resposta impulso mostram respostas

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negativas dos serviços após um choque nos serviços dos Estados Unidos no período

estudado.

Tabela 11: Resposta Impulso Acumulada em 10 Períodos – Serviços

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

3.4.3. ANÁLISE DO MODELO AKIN E KOSE (2007)

A regressão proposta por Akin e Kose (2007) com dummy pós-1985 mostra um

deslocamento dos serviços do Brasil em relação aos serviços dos Estados Unidos a partir de

1985. Estes resultados estão em linha com as duas evidências anteriores, o que torna forte a

evidência decoupling. Nesse caso, vale destacar que houve um coupling em relação aos

serviços da China. Os testes de heterocedasticidade e correlação serial dos resíduos foram

rejeitados, indicando que o modelo está bem especificado.

Em relação à Índia e China, os resultados são inconclusivos já que os coeficientes

estimados não são significativos. Para a Rússia, novamente, a indisponibilidade de dados

inviabilizou a regressão.

Analisando o modelo com dummy em 2000 verifica-se também um decoupling dos

serviços do Brasil e da Rússia a partir desse ano. No caso do Brasil, o deslocamento dos

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serviços também foi verificado nas análises das correlações e resposta-impulso, tornando

forte também a evidência decoupling. O deslocamento dos serviços da Rússia só foi

confirmado pela análise das correlações dos ciclos econômicos. Quanto à especificação dos

modelos, a regressão do Brasil está bem especificada do ponto de vista da

heterocedasticidade e da correlação serial dos resíduos, ao contrário da regressão da Rússia

que aceitou a hipótese nula do teste-LM. Deve-se destacar que, assim como no período a

partir de 1985, há novamente evidência de um coupling dos serviços do Brasil e da China

indicando também uma direção do deslocamento.

Brasil e Rússia foram os únicos países a apresentar um deslocamento do setor de serviços,

sendo que, no caso do Brasil as evidências são unânimes para ambos os períodos

analisados. Assim, vale lembrar também que a Brasil e Rússia são os países emergentes

com maior participação dos serviços em seus produtos (65% e 58%, em média, no período

2002-2008). A importância relativa dos serviços nestas economias pode ser uma fator que

explica o deslocamento em relação aos Estados Unidos ainda que esta hipótese não tenha

sido testada.

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Tabela 12: Regressão Modelo Akin e Kose (2007) – Serviços

Painel A: Dummy Pós-1985

Painel B: Dummy Pós-2000

Fonte: WDI (Banco Mundial). Elaborado pelo autor.

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CONCLUSÃO

As análises do deslocamento do produto interno bruto do Brasil em relação aos Estados

Unidos mostram que há evidência de decoupling a partir de 2000. O coupling pós 1985 foi

mostrado pelas análises das correlações e pelos gráficos de resposta-impulso. Este resultado

está em linha com as evidências dos mesmos autores que mostra a diminuição do impacto

da atividade econômica dos países do Norte sobre o Sul Emergente durante o período de

globalização. Um fato importante é o coupling com a China a partir de 1985 verificado na

regressão feita na última análise.

Quanto à agricultura brasileira, verificou-se um deslocamento em relação à agricultura dos

Estados Unidos a partir de 1985. Esta evidência foi confirmada pelas análises das

correlações dos ciclos econômicos e de resposta-impulso. O mesmo resultado foi verificado

para a indústria brasileira, mas esta evidencia foi confirmada apenas pela correlação dos

ciclos econômicos.

Em relação aos serviços, verificou-se a evidência mais forte de deslocamento. As três

análises realizadas apontaram para um decoupling em relação aos serviços dos Estados

Unidos a partir de 1985 e 2000. É importante notar que a partir de ambos os anos, também

se verificou um coupling com os serviços da China através da regressão proposta por Akin

e Kose (2007).

No caso da Rússia, há forte evidência de deslocamento do produto interno bruto a partir de

2000. Neste caso, as análises das correlações dos ciclos econômicos e a regressão proposta

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por Akin e Kose (2007) confirmaram o decoupling. Novamente o modelo aponta para um

coupling da Rússia com a China a partir de 2000.

No caso do setor de agricultura da Rússia há apenas uma evidência de decoupling,

demonstrada na análise das correlações. No caso da indústria, os resultados da Rússia não

são conclusivos a respeito do decoupling em relação aos Estados Unidos já que as

evidências são conflitantes. Os serviços da Rússia, no entanto, apresentam evidência de

deslocamento em relação aos Estados Unidos a partir de 2000 confirmados pelas análises

das correlações dos ciclos econômicos, pelos gráficos de resposta-impulso e através da

regressão em mínimos quadrados ordinários.

No caso da Índia, os resultados do produto interno bruto indicam um decoupling em relação

aos Estados Unidos a partir de 2000 confirmados pela análise da resposta-impulso e pela

regressão em mínimos quadrados ordinários – que também aponta para um coupling em

relação à China.

Em relação à agricultura os resultados são conflitantes, o que torna a análise inconclusiva.

No caso da indústria da Índia há evidência de decoupling em relação aos Estados Unidos a

partir de 2000, confirmada pelas análises de resposta-impulso com vetores auto-regressivos

e pela regressão em mínimos quadrados ordinários – que também aponta para um coupling

em relação à indústria da China. As análises de deslocamento dos serviços da Índia em

relação aos serviços dos Estados Unidos mostram um decoupling a partir de 2000,

confirmado pelas análises das correlações de ciclos econômicos e pelos gráficos de

resposta-impulso.

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No caso da China há evidência de decoupling do produto interno bruto em relação aos

Estados Unidos a partir de 1985 e a partir de 2000 (confirmados pelas análises da

correlação dos ciclos econômicos e pela análise da resposta-impulso com vetores auto-

regressivos).

No que diz respeito à agricultura da China, há evidência de coupling em relação à

agricultura dos Estados Unidos a partir de 1985. Esta evidência foi confirmada pela

correlação dos ciclos econômicos e pela regressão proposta por Akin e Kose (2007).

Em relação à indústria da China, há evidência de decoupling em relação à indústria dos

Estados Unidos a partir de 1985 (confirmada pelas análises de resposta-impulso com

vetores auto-regressivos e pela regressão em mínimos quadrados ordinários). Finalmente, a

análise do deslocamento dos serviços da China em relação aos serviços dos Estados Unidos

mostra um deslocamento a partir de 1985 confirmado pela análise da correlação de ciclos

econômicos e pela análise de resposta-impulso com vetores auto-regressivos.

Como se pode ver todos os países do grupo dos BRICs apresentaram evidência de

deslocamento de seus produtos internos brutos em relação aos Estados Unidos. Essa

evidência está de acordo com a literatura estudada e indica que estas economias emergentes

continuarão a crescer independente da desaceleração por que passa o mundo desenvolvido

em geral e os Estados Unidos especificamente desde a crise de 2008.

Desta maneira a o decoupling registrado neste trabalho é um indicador de que estes países

emergentes podem continuar alavancando o crescimento da economia mundial. Mas,

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conforme advertiu Canuto (2010), para isso continuar acontecendo é fundamental a

implementação uma agenda abrangente políticas domésticas e reformas de modo a garantir

o crescimento sustentado destes países no longo prazo.

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APÊNDICE: GRÁFICOS DE RESPOSTA-IMPULSO

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Accumulated Response of BRA_GDP_GR to BRA_GDP_GR

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Accumulated Response of BRA_GDP_GR to EUA_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to BRA_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to EUA_GDP_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of RUS_GDP_GR to RUS_GDP_GR

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Accumulated Response of RUS_GDP_GR to EUA_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to RUS_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to EUA_GDP_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of IND_GDP_GR to IND_GDP_GR

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Accumulated Response of IND_GDP_GR to EUA_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to IND_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to EUA_GDP_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of CHI_GDP_GR to CHI_GDP_GR

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Accumulated Response of CHI_GDP_GR to EUA_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to CHI_GDP_GR

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Accumulated Response of EUA_GDP_GR to EUA_GDP_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of BRA_AGR_GR to EUA_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to BRA_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to EUA_AGR_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of RUS_AGR_GR to RUS_AGR_GR

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Accumulated Response of RUS_AGR_GR to EUA_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to RUS_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to EUA_AGR_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of IND_AGR_GR to IND_AGR_GR

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Accumulated Response of IND_AGR_GR to EUA_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to IND_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to EUA_AGR_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of CHI_AGR_GR to CHI_AGR_GR

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Accumulated Response of CHI_AGR_GR to EUA_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to CHI_AGR_GR

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Accumulated Response of EUA_AGR_GR to EUA_AGR_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of BRA_IND_GR to BRA_IND_GR

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Accumulated Response of BRA_IND_GR to EUA_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_IND_GR to BRA_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_IND_GR to EUA_IND_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.

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Accumulated Response of RUS_IND_GR to RUS_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_IND_GR to EUA_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_IND_GR to EUA_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_IND_GR to EUA_IND_GR

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Accumulated Response of EUA_SERV_GR to EUA_SERV_GR

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Accumulated Response of EUA_SERV_GR to EUA_SERV_GR

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Accumulated Response of EUA_SERV_GR to EUA_SERV_GR

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.01

.02

.03

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Accumulated Response of EUA_SERV_GR to EUA_SERV_GR

Accumulated Response to Cholesky One S.D. Innovations ± 2 S.E.