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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITARIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
DESENVOLVIMENTO INICIAL DA PIMENTA BIQUINHO SOB IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA
BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
HEULER PIRES NETO
Rondonópolis, MT – 2018
DESENVOLVIMENTO INICIAL DA PIMENTA BIQUINHO SOB IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA
por
Heuler Pires Neto
Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental.
Orientador: Profº. Dr. Marcio Koetz
Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil
2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou minha caminhada.
Minha eterna gratidão aos meus pais Antônio Carlos Pires Fantin e Ligia
Beatriz Martins pelo amor, paciência, dedicação, e por sempre me incentivarem e não
medirem esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
A minha avó Eva pelo apoio e sua presença em momentos de angústia e
alegria.
Aos meus colegas Arthur Maluf, Daniela Araújo, Giovane Manchinni,
Guilherme Benites, Lúcio Itacaramby, Luiz Ferreira, Renan Maluf e Vinicius Leão,
agradeço pelos momentos de alegria e descontração que ficarão para sempre, pela
amizade sincera e convivência durante a graduação.
Ao meu orientador professor Dr. Marcio Koetz pela orientação e
ensinamentos para realização deste trabalho.
A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida
acadêmica.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
DESENVOLVIMENTO INICIAL DA PIMENTA BIQUINHO SOB IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA
Graduando: Heuler Pires Neto
Orientador: Prof. Dr. Márcio Koetz
RESUMO
A maior limitação ao cultivo da pimenta biquinho é a inadequada umidade do
solo e também a falta de nutrientes no solo. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar
os indicadores agronômicos da pimenta biquinho sob lâminas de água e doses de
nitrogênio. O experimento foi realizado a campo na área experimental da UFMT,
Campus de Rondonópolis-MT. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho e
o clima é o Aw, sendo quente e úmido, com verão chuvoso e inverno seco. O
delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco níveis de lâminas
de água (40, 60, 80, 100 e 120 % da evapotranspiração de referência (ETo) e
também divididos em dosagens de nitrogênio (0, 60, 120, 180 e 240 kg ha-1), com
quatro repetições. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste
de F a 5% de probabilidade, e quando significativos, ao teste de regressão. Foram
avaliadas as seguintes variáveis: número de folhas, altura de planta, índice de
clorofila e diâmetro do caule. As variáveis altura de planta, diâmetro de caule e
número de folhas apresentaram diferença significativa entre os tratamentos apenas
para as doses de nitrogênio, com ajuste ao modelo quadrático de regressão. Para
a leitura SPAD não houve diferença significativa entre os tratamentos. As doses de
nitrogênio influenciaram no desenvolvimento inicial da pimenta biquinho.
Palavras-chave: Nitrogênio; gotejamento; evapotranspiração.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
INITIAL DEVELOPMENT OF PEPPER BIQUINHO UNDER IRRIGATION AND NITROGEN FERTILIZATION
Graduating: Heuler Pires Neto.
Instructor: Prof. Dr. Márcio Koetz.
ABSTRACT
The greatest limitation to the cultivation of small green pepper is the inadequate
moisture of the soil and also the lack of nutrients in the soil. The objective of this
research was to evaluate the agronomic indicator sofred pepper under water slides
and nitrogen doses. The experimente was carried out in the experimental área of
UFMT, Campus of Rondonópolis-MT. The soil was classified as Latossolo vermelho
and the climate is Aw, being warm and humid, with rainy summer and dry winter. The
experimental design was a randomized complete block design with five levels of water
(40,60,80,100 and 120% of the reference evapotranspiration (ETo) and also divided
into nitrogen dosages (0.60,120,180,240 kg ha-1), with four The following variables
were evaluated: number of leaves, plant height, chlorophyll index, and stem diameter,
and the results of the regression test The plant height, stem diameter and number of
leaves variables showed a significant difference between the treatments only for the
nitrogen doses, adjusted to the quadratic regression model, and for the SPAD Reading
there was no significant difference between the treatments. Nitrogen doses influenced
the initial development of the poutine pepper.
Keywords: nitrogen; drip irrigation; evapotranspiration.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Níveis para a adubação a partir dos resultados da análise do solo de
acordo com o Boletim 100 ..........................................................................................16
TABELA 2. Valores de Kc adotados, para as diferentes fases de desenvolvimento da
cultura da pimenta biquinho, de acordo com o Boletim FAO 56...................................21
TABELA 3. Média da leitura SPAD em função dos níveis de doses de nitrogênio, kg
ha-1.............................................................................................................................25
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Área experimental de realização de experimento, Rondonópolis-MT....18
FIGURA 2. Calagem realizada no local de implantação do experimento.................20
FIGURA 3. Produção de mudas de pimenta biquinho nas bandejas.......................21
FIGURA 4. Detalhes de sub-parcela irrigada por gotejamento................................22
FIGURA 5. Sistema de irrigação por gotejamento, sendo (A) a caixa d'água, (B) linha
principal, (C) linha de derivação e (D) os tubos gotejadores....................................22
FIGURA a 6. Leitura SPAD com clorofilômetro........................................................25
FIGURA 7. Determinação do diâmetro do caule, medido com um paquímetro digital.
..................................................................................................................................26
FIGURA 8. Altura de plantas em função de doses de nitrogênio.............................28
FIGURA 9. Diâmetro de caule em função das doses de nitrogênio.........................29
FIGURA 10. Número de folhas em função das doses de nitrogênio........................30
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12
2.1. Cultura da pimenta ............................................................................................... 12
2.2. Importância econômica ....................................................................................... 12
2.3. Características morfológicas ............................................................................. 13
2.4. Adubação nitrogenada ........................................................................................ 14
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 18
3.1. Localização do experimento: ............................................................................. 18
3.2. Delineamento experimental ............................................................................... 19
3.3. Manejo do solo: calagem e adubação ............................................................. 19
3.4. Produção de mudas ............................................................................................. 20
3.5. Manejo da irrigação .............................................................................................. 21
3.7. Analise estatística ................................................................................................. 26
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 27
4.1. Altura de planta ..................................................................................................... 27
4.2. Diâmetro do caule ................................................................................................. 28
4.3. Número de folhas .................................................................................................. 29
5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 31
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 32
10
1. INTRODUÇÃO
O consumo de pimenta no Brasil tem destaque em vários setores da economia
tanto na forma “in natura” ou processada, devido à sua utilidade na culinária, e ainda
no preparo de produtos alternativos na agricultura, produção de remédios, produtos
agroindustriais, e é muito exigido por clientes nos restaurantes (EMBRAPA
HORTALIÇAS, 2012). A variedade BRS Moema (Capsicum chinense), lançada pela
Embrapa Hortaliças em 2009, é uma cultivar nacional de pimenta sem pungência
(ardor) (EMBRAPA, 2009).
As pimentas e pimentões do gênero Capsicum, exclusivos das Américas,
representam parte valiosa da biodiversidade brasileira além de possuírem grande
valor comercial (RIBEIROet al., 2008). Produtos de pimenta vermelha, pungentes e
não pungentes, representam, em volume, uma das mais importantes commodities de
tempero no mundo. Elas adicionam aroma de especiarias e coloração aos alimentos,
além de fornecerem vitaminas e minerais essenciais (BOSLAND & VOTAVA, 2000).
No Brasil, a produção de pimentas se estende por todo o território, com uma
rica variação de tamanhos, cores, sabores e picância, incluindo alguns tipos
originários daqui. A malagueta, a habanero, a jalapeño, a bode, a pimenta-de-cheiro,
a biquinho e a cumari destacam-se nesse cenário (RIBEIRO et al., 2008).
Estudar diferentes tipos de lâminas de irrigação é uma das maneiras mais
prática para se determinar as necessidades hídricas de uma espécie, para estimar a
quantidade de água em que a cultura necessita para desenvolver e produzir dentro
dos limites impostos por seu potencial genético (AZEVEDO & BEZERRA, 2008).
Cada espécie possui sua necessidade hídrica, e durante seu ciclo, identificar
as respostas das espécies tem grandevalor para a preparação de planos de manejo
adequados, de maneira a obter rendimentos econômicos elevados (MONTEIRO et al.,
2006).
De modo geral, a irrigação traz vantagens indiscutíveis para as culturas, porém
as chuvas raramente são suficientes para atenderem as necessidades hídricas das
culturas durante o ano todo (AZEVEDO & BEZERRA, 2008).
11
Apesar dos solos do Brasil serem ótimos para a agricultura por sua estrutura,
eles não possuem os níveis de nutrientes adequados para as culturas, por isso são
utilizados fertilizantes. O nitrogênio é o nutriente mais exigido pelasplantas, sendo
que o fertilizante nitrogenado é o mais consumido no mundo (AQUINO, 2000).
Dessa forma, objetivou-se com esse trabalho, determinar os parâmetros iniciais
de desenvolvimento inicial da cultura da pimenta biquinho sob lâminas de irrigação e
doses de adubação nitrogenada.
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Cultura da pimenta
As pimentas Capsicum são membros da família Solanaceae.O gênero
Capsicum, é exclusivo das américas, mas houve sua expansão para outras partes do
mundo a partir do século XVI, devido a interação dos povos europeus com os
indígenas. O plantio de pimenta continua até hoje por tribos indígenas como entre os
índios Munducurus, na Bacia do Rio Tapajós (RUFINO& PENTEADO, 2006).
O gênero Capsicum apresenta grande diversidade genética e possui 32
espécies identificadas (DEWITT & BOSLAND, 2009). A classificação é feita de acordo
com o nível de domesticação e características morfológicas de flores e frutos, dentre
outras características (CARVALHO et al., 2003).
2.2. Importância econômica
As pimentas são cultivadas em quase todos os países no mundo. A Ásia é o
continente responsável pelas maiores áreas de cultivo e a América do Norte e a
Europa Ocidental são as regiões de maiores produções em seus continentes.
(BOSLAND et al., 2000).
A estimativa é que atualmente a demanda deste mercado seja de
aproximadamente 80 milhões de reais, valores que reforçam a representatividade no
agronegócio.O aumento no consumo de pimentas em escala mundial é justificado pelo
aumento da renda além da maior preocupação com uma dieta saudável em países
desenvolvidos e é reflexo do aumento da produção e industrialização em países em
desenvolvimento, de acordo com a Trade Information Brief (TIB, 2005).
No mercado brasileiro, a produção de pimenta é composta desde os pequenos
produtores e pequenas agroindústrias, até grandes indústrias exportadoras,
13
responsáveis pela produção de uma grande variedade de produtos e subprodutos,
usos e formas de consumo como é o caso de conservas, molhos, pimenta desidratada
e frutos na forma in natura (RIBEIRO et al., 2008). Em 2010 foram cultivados cerca de
3,8 milhões hectares de pimentas e pimentões por todo o mundo, totalizando uma
produção de 30,6 milhões de toneladas (FAO, 2012).
O cultivo de pimenta no Brasil deve-se, por sua rentabilidade e principalmente
quando o produtor gera valor ao produto e por necessidade de poucos investimentos,
quanto pela importância social, por empregar elevada mão de obra, principalmente na
agricultura familiar (RUFINO & PENTEADO, 2006). Ainda, o agronegócio da pimenta
tem chamado a atenção pela participação de grandes agroindústrias que mantém
interação com os produtores (PANORSMA RURAL, 2006).
2.3. Características morfológicas
As plantas de C. chinense podem atingir entre 0,45 a 0,76 metros de altura,
determinada pelas condições ambientais, em algumas variedades perenes podem
atingir até 2 metros, em climas tropicais. Possuem múltiplos caules e hábito de
crescimento ereto, prostrado ou compacto e sistema radicular pivotante. As folhas
variam do verde pálido ao médio, são grandes e enrugadas, chegando a 6 centímetros
de comprimento e 4 centímetros de largura (SMITH & HEISER, 1957; DEWITT &
BOSLAND, 2009).
As flores possuem corolas brancas, anteras e filamentos púrpura e são
hermafroditas, mas as taxas de polinização cruzada podem variar entre e dentro das
espécies de Capsicum entre 0,5 a 70%, o que as classifica no grupo intermediário
entre alógamas e autógamas (CASALI & COUTO, 1984). As plantas possuem entre 2
e 6 frutos por nó. Os frutos são pendentes e campanulados e alguns são alongados e
pontudos no final, outros são achatados semelhantes a um gorro, possuindo polpa
firme. Eles têm entre 2,5 cm de comprimento e 1 ou 2 cm de largura, verdes quando
não maduros, e de cores salmão, laranja, amarela, vermelha, marrom ou branca
quando maduros. De acordo com Carvalho et al., (2006), os frutos de pimenta biquinho
14
são pequenos com 2,5 a 2,8 cm de comprimento e 1,5 cm de largura e formato
triangular com ponta bem pontiaguda.
As plantas dessa espécie apresentammelhor desenvolvimento emclimas com
alta umidade e noites quentes. Suas sementes têm cor de palha com margem
ondulada e raramente suave, tendem a demorar para germinar e seu crescimento é
lento com duração entre 80 e 120 dias, ou mais (DEWITT & BOSLAND, 2009).
2.4. Adubação nitrogenada
Para alcançar altas produtividades, é de fundamental importância o suprimento
de nutrientes e a adequada proporção entre eles. Uns dos fatores mais importantes
para a o desenvolvimento de uma planta é o nitrogênio (MALAVOLTA, 2006). Na
planta é encontrado quase todo o nitrogênio em formas orgânicas na maioria das
vezes presentes nos aminoácidos e proteínas (MALAVOLTA et al., 1997).
O macronutriente requerido pelas plantas em maior quantidade é o nitrogênio
(TAIZ; ZEIGER, 2004). Representando em média de 10 a 40 g kg-1 de massa seca
dos tecidos vegetais, sendo componente de muitos compostos essenciais aos
processos de crescimento vegetal.
A planta pode absorver o nitrogênio de várias formas, entre elas, sistema solo-
planta por deposições atmosféricas, fixação biológica – simbiótica ou não e também
por adubações químicas e orgânicas (CANTARELLA, 2007).
A clorofila possui quatro átomos de nitrogênio e é componente dos ácidos
nucléicos que são responsáveis pela construção dos tecidos vegetais e também nos
núcleos celulares e protoplasma em que se encontram os controles hereditários
(MENGEL; KIRKBY, 2001). O nitrogênio é responsável por características do porte da
planta tais como tamanho das folhas (WERNER, 1986).
O nitrogênio e o potássio são entre os nutrientes mais exigidos pelas plantas
de pimentão (NEGREIROS, 1995), por esse motivo os adubos são parcelados em
várias aplicações, para reduzir as perdas por lixiviação e aumentar a eficiência de
utilização do fertilizante.
15
O nitrogênio é o nutriente mais significativos para as plantas pois assume a
função estrutural e faz parte de diversos compostos orgânicos vitais para o vegetal,
como aminoácidos, proteínas e prolina, entre outros, elevando a capacidade de
ajustamento osmótico das plantas à salinidade e aumenta a resistência das culturas
ao estresse hídrico e salino (PARIDA& DAS, 2005).
O uso excessivo de nitrogênio provoca desequilíbrio entre o crescimento da
parte aérea em relação à porção radicular, aborto de flores, alongamento do ciclo
vegetativo, maior sensibilidade a doenças e menor produtividade (LÓPEZ, 1988).
2.5. Irrigação por gotejamento
Embora seja técnica antiga, a irrigação vem sendo útil para aumentar a
produtividade das culturas em geral. A irrigação diminui a probabilidade de risco dos
agricultores no que se refere às produções a serem alcançadas, mas não impede
riscos financeiros. Ela é uma prática que incrementa a produtividade, proporcionando
a obtenção de um produto diferenciado, de melhor qualidade e preços melhores no
mercado. Adotar a irrigação deve ser estudada e analisada de forma minuciosa, no
que diz respeito ao planejamento, dimensionamento, manejo e desenvolvimento de
uma cultura (SOUZA, 2001).
A irrigação pode beneficiar os agricultores, porém possui riscos ao implantar
uma agricultura irrigada,pois deve-setercritérios para serem estudados e analisados,
buscando sempre que o retorno financeiro sejapositivo (SILVA, A. L. et al., 2002).
O processo de irrigação por gotejamento se dá a aplicação de pequenas
quantias de água na zona radicular das plantas, através de fonte pontual ou linha de
gotejadores sobre ou abaixo do solo(DASBERG& BRESLER ,1985).
Comparado a outros métodos de irrigação (RANDALL & SALVATORE, 1988), a
irrigação por gotejamento é muito vantajoso, destacando-se o aumento da
produtividade e a conservação da água. Segundo Wu & Gitlin (1983) concluem que
uma eficiência de aplicação de 90% pode ser facilmente alcançada.
16
2.6. Evapotranspiração de referência
A evapotranspiração de referencia (ETo) é utilizada em balanços hídricos,
climatológicos, na previsão do desenvolvimento e das safras das culturas, no
monitoramento de secas e no estabelecimento de zoneamentos agrícolas (MOTA et
al., 1989).
Uma definição muito citada por estudiosos do assunto é a de (PENMAN, 1948),
em que o autor define evapotranspiração potencial como o processo de transferência
d’água para a atmosfera, na unidade de tempo, de uma superfície totalmente coberta
por vegetação verde, de porte baixo, em pleno desenvolvimento e sem restrição de
água no solo.
Diversos pesquisadores em todo o mundo propuseram modelos indiretos para
a estimativa da ETo, com as mais diferentes concepções e número de variáveis
envolvidas. Antes de se eleger o modelo a ser utilizado para a estimativa da ETo, é
necessário saber quais os elementos climáticos disponíveis; a partir daí, verifica-se
quais podem ser aplicados, uma vez que a utilização dos diferentes métodos para
certo local de interesse fica na dependência dessas variáveis (J.C. MENDONÇA et
al., 2002).
Na impossibilidade de se obter ETo experimentalmente, a sua determinação é
feita utilizando métodos meteorológicos, sendo que o de Penman-Monteith é
considerado o método padrão para o cálculo da ETo (SEDIYAMA, 1996; ALLEN et al,
1998).
A evapotranspiração depende de fatores climáticos como: temperatura do ar,
umidade relativa do ar, radiação solar, velocidade do vento, chuva e pressão de vapor,
como principais variáveis. Com relação à cultura,ocorre a dependência de fatores
como: área foliar, estádio de desenvolvimento, arquitetura foliar, resistência do dossel
e outros que geralmente estão associados a um valor do coeficiente de cultura (Kc).
O método de Penman-Monteith necessita a utilização de variáveis como
temperatura do ar, saldo de radiação, velocidade do vento e umidade relativa do ar. A
Comissão Internacional de Irrigação e Drenagem (ICID) e a Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), consideram o método de Penman-
17
Monteith (PM) como padrão de cálculo da evapotranspiração de referência, a partir de
dados meteorológicos (SMITH, 1991; ALLEN et al., 1998).
18
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Localização do experimento:
O experimento foi realizadono campo (Figura 1), na área experimental da
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis,
situada na latitude de 16°27’50.9’’S, longitude 54°34’50.0’’W e altitude de 284 m. O
solo é classificado como LATOSSOLO Vermelho distrófico (EMBRAPA, 2013). O
clima da região de acordo com a classificação de Koppen é o Aw, sendo quente e
úmido, com verão chuvoso e inverno seco.
Figura 1. Área experimental de realização de experimento, Rondonópolis-MT.
19
3.2. Delineamento experimental
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro
repetições, o arranjo experimental foi em esquema de parcelas subdivididas,
consistindo em 5 lâminas de irrigação (40, 60, 80, 100 e 120% da demanda da
evapotranspiração de referência (ET0) e 5 doses de nitrogênio (0, 60, 120, 180, e 240
kg ha-1), perfazendo 25 tratamentos e totalizando 100 unidades experimentais. Os
tratamentos correspondes as lâminas de irrigação foram diferenciados 10 dias após o
transplante das mudas e as doses de nitrogênio foram divididas para todo o ciclo de
produção.
3.3. Manejo do solo: calagem e adubação
A partir da análise de amostras de solo coletadas da área onde foi implantado
o experimento, foi feito o cálculo para determinar a quantidade de calcário necessária
para elevar a sua saturação por bases a 80%. A fonte foi o calcário dolomítico, que foi
aplicado para corrigir a camada de solo de 0 a 20 cm de profundidade na área de 675
m2, totalizando volume de 13.500 m3 de solo (Figura 2).
Antes de ser feito o transplantio das mudas para o campo, foi feita parte da
adubação, de acordo com o Boletim 100 (1997). Na Tabela 1 tem-se os níveis para a
adubação a partir da análise do solo.
Tabela 1. Níveis para a adubação a partir dos resultados da análise do solo de acordo com o Boletim100.
A fonte do fósforo foi o Superfosfato Triplo e de potássio o cloreto de potássio
(KCl). A adubação com nitrogênio foi realizada de acordo com os tratamentos, que
será: 0, 60, 120, 180 e 240 kg ha-1, tendo como fonte a Ureia, parcelada em 7 vezes,
Nitrogêni
o
P resina, mg dm-3 K+ trocável, mmolc dm-3 Zn, mg dm-3
0-25 26-
60
>60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0 0,6 >0,6
N, Kg ha-
1 40
P2O5, kg ha-1 K20, kg ha-1 Zn, kg ha-1
600 320 160 180 120 60 3 0
20
com intervalos de 1 semana a partir do transplantio. Durante o período inicial deste
experimento, foram realizadas duas aplicações de nitrogênio.
Figura 2. Calagem realizada no local de implantação do experimento.
3.4. Produção de mudas
Na produção de mudas (Figura 3), foi utilizada a cultivar BRS Moema,
desenvolvida pela Embrapa, e após a produção das mudas, as mesmas foram
transplantadas na área experimental. As sementes foram semeadas em bandejas de
poliestireno expandido, com capacidade para produzir 300 mudas. O estande de
plantas na área experimental foi de 1500 mudas, sendo necessárias 6 bandejas de
poliestireno expandido para a produção de mudas.
As mudas foram produzidas na casa de vegetação do curso de Engenharia
Agrícola e Ambiental, da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de
Rondonópolis, onde foi possível manter a produção em condições de temperaturasob
controle. Quando as mudas atingiram a altura de 6 a 8 cm foi realizado o transplantio
manual das mesmas para as unidades experimentais.
21
Figura 3. Produção de mudas de pimenta biquinho nas bandejas.
3.5. Manejo da irrigação
As diferentes lâminas de água foram aplicadas a cultura de forma localizada via
sistema de irrigação por gotejamento no qual cada unidade experimental foi composta
por 3 tubos gotejadores espaçados em 90 cm e com emissões a cada 10 cm, sendo
o espaçamento entre plantas de 50 cm (Figura 4 e 5). O sistema de irrigação foi
composto por:
Caixa d’água, com capacidade para 5000 litros;
Bomba de 0,5 CV, para forçar a circulação da água por todo sistema;
Filtro de tela, para evitar a obstrução dos emissores por particulados presentes
na água;
Manômetro de 20 mca, para o controle da pressão de serviço adequada para
o sistema, que é de 8 mca;
Linha principal, com tubulação de 50 mm;
Linha de derivação, com tubulação de 50 mm;
Tubos gotejadores, com emissores espaçados em 10 cm.
22
Figura4.Detalhes de sub-parcela irrigada por gotejamento.
Figura 5.Sistema de irrigação por gotejamento, sendo (A) a caixa d'água, (B) linha principal, (C) linha
de derivação e (D) os tubos gotejadores.
As lâminas de água foram aplicadas de acordo com a evapotranspiração de
referência (ETo), que foi estimada pela equação de Penman-Monteith FAO (Equação
1). A partir da ETo foi obtida a evapotranspiração da cultura (ETc) (Equação 2), sendo
necessários elementos meteorológicos, que foram obtidos por uma estação
agrometeorológica do Instituto Nacional de Meteorologia, localizada próxima a área
23
experimental, sendo: a temperatura do ar, umidade relativa, precipitação, velocidade
do vento, radiação incidente, saldo de radiação, fluxo de calor no solo e pressão
atmosférica.
(1) Sendo:
ETo – Evapotranspiração de referência (mm dia-1);
Δ – Gradiente da curva de pressão de vapor x temperatura (kPa °C-1);
Rn – Radiação solar liquida disponível (MJ m-2 d-1);
G – Fluxo de calor no solo (MJ m-2 d-1);
γ – Constante psicrométrica (kPa);
T – Temperatura média do ar (°C);
es– Pressão da saturação de vapor (kPa);
ea–Pressão de vapor atual (kPa);
Para a determinação da ETo, os dados meteorológicos necessários para o cálculo
da mesma, foram importados do INMET, campus de Rondonópolis.
Considerando que os coeficientes de cultivo (Kc) não estavam disponíveis na
literatura para a pimenta biquinho, foi utilizado o da cultura do Pimentão (Tabela 2),
que pertence à mesma família Solanaceae, de acordo com o Boletim FAO 56 (ALLEN
et al., 1998).
Tabela 2. Valores de Kc adotados, para as diferentes fases de desenvolvimento da cultura da pimenta biquinho, de acordo com o Boletim FAO 56.
Estádio Fenológico Fase Kc
1 Inicial 0,4 2 Desenvolvimento 1 3 Maturidade 0,8
Sendo assim, tem se a seguinte equação da evapotranspiração da cultura: ETc = ETo x Kc
24
(2)
Em que:
ETc= evapotranspiração da cultura, (mm);
ETo = evapotranspiração de referência, (mm);
Kc = coeficiente da cultura;
Dessa forma, a irrigação foi realizada diariamente, a partir da determinação da
evapotranspiração de referência do dia anterior.
Todas a irrigações foram lidas diariamente e feitas de acordo com os
tratamentos, sendo: Lâmina 1 – 40% da ETc, Lâmina 2 – 60% da ETc, Lâmina 3 –
80% da ETc, Lâmina 4 – 100% da ETc e Lâmina 5 – 120% da ETc. A partir do valor
da estimativa da ETc e os tratamentos, foi feito o cálculo para se obter o tempo
necessário de irrigação para cada lâmina (Equações 3, 4 e 5).
-Determinação da lâmina:
𝐼𝑅𝑁 = (𝐸𝑇𝑜 × 𝐾𝑐)
𝐼𝑇𝑁 =𝐼𝑅𝑁
𝐸𝑓
Em que: IRN – irrigação real necessária (mm);
Eto - evapotranspiração de referência (mm d-1);
Kc – coeficiente de cultivo (adimensional);
ITN – irrigação total necessária (mm);
Ef – eficiência do sistema (%).
Para a determinação do tempo de irrigação, foi utilizada a equação:
𝑇 =𝐼𝑇𝑁 × 𝑆𝑒 × 𝑆𝑙
𝑄
Em que: T – tempo (h);
ITN – lâmina bruta (mm);
Se – espaçamento entre emissores (m);
Sl – espaçamento entre linhas (m);
(4)
(3)
(5)
25
Q – vazão do emissor (L h-1).
3.6. Variáveis analisadas
Foram realizadas análises do desenvolvimento inicial das plantas aos 15 dias após
o início da variação das lâminas de irrigação, para as seguintes variáveis:
Altura de plantas: obtida com o auxílio de uma régua graduada;
Número de folhas: foram contadas manualmente;
Diâmetro de caule: foi obtido com o uso de um paquímetro digital (Figura 7);
Leitura SPAD: realizada a partir de clorofilômetro Minolta (Figura 6).
Figura 6. Leitura SPAD com clorofilômetro.
26
Figura 7. Determinação do diâmetro do caule, medido com um paquímetro digital.
3.7. Analise estatística
Os dados foram submetidos a análise de variância, pelo teste F, a 5% de
probabilidade equando constatada diferença significativa para cada tratamento, foi
realizada a análise regressão. As análises estatísticas foram realizadas com a
utilização do software SISVAR (FERREIRA, 2008).
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na avaliação das plantas realizada no décimo quinto dia após o início da
variação das lâminas de irrigação as variáveis altura de planta, diâmetro do caule e
número de folhas apresentaram diferença significativa apenas para as doses de
nitrogênio. Para a leitura SPAD não houve diferença significativa, sendo que as
médias podem ser observadas na Tabela 3.
Tabela 3. Média daleitura SPAD em função dos níveis de doses de nitrogênio, kg ha-1.
Doses de N (kg ha-1) Leitura SPAD
0 51,00 60 51,78
120 49,34 180 49,74 240 49,10
Média 50,19
Ferreira et al. (2006) observaram que ao aumentar as doses de N, o valor da
leitura SPAD aumentaram. Contudo a observação foi feita para observar a estimativa
do teor de N-org na matéria seca do limbo foliar a partir das leituras SPAD.
Teixeira Filho et al. (2010) observam o aumento nos valores da leitura SPAD,
através das doses de nitrogênio, na cultura do trigo. Esse comportamento do aumento
de clorofila foi pela maior disponibilidade de nitrogênio nos tecidos.
Argenta et al. (2001), afirmam que o clorofilômetro não tem muita precisão para
avaliar o nível de N na planta nas etapas iniciais de desenvolvimento da cultura do
milho, o que pode ter correlação com o trabalho, uma vez que a leitura foi realizada
com apenas 15 dias após o início da variação das laminas de irrigação.
4.1. Altura de planta
Em relação a variável altura de planta, houve efeito significativo ao nível de 5%
de probabilidade, ajustando-se ao modelo quadrático de regressão (Figura 8). Houve
28
um aumento para a variável altura de plantas até o nível de 102,33kg ha-1de
nitrogênio, o que proporcionou a maior altura de planta (28,19 cm).
Figura 8. Altura de plantas em função de doses de nitrogênio.
Viana et al. (2016), verificaram que a medição daaltura das plantas de
pimentão, teve efeito em uma parcela na qual foi ofertada maior quantidade de
nitrogênio. A altura de plantas é uma das particularidades de cada cultivar e isso
explica as diferenças encontradas. (ESPÍNDULA et al., 2009).
Fontes & Silva (2002), concluíram que altas dosagens na aplicação de N no cultivo
do tomateiro podem acarretar um aumento da altura das plantas e no prolongamento
do estágio vegetativo da cultura.
Nesse experimento, observa-se que há uma tendência de redução da altura de
plantas a partir da dose de 102,33 kg ha-1.
4.2. Diâmetro do caule
Para o diâmetro de caule, houve efeito significativo ao nível de 5% de
probabilidade, ajustando ao modelo quadrático de regressão (Figura9). Houve um
aumento do diâmetro de caule até o nível de 97,22 kg ha-1 de nitrogênio, que
proporcionou o maior valor (9,33 mm) que corresponde a um incremento de 9,12%
quando comparado ao tratamento sem nitrogênio.
y = -0,0003x2 + 0,0614x + 25,105R² = 0,9806
0
5
10
15
20
25
30
35
0 60 120 180 240
Altu
ra (
cm
)
Doses de nitrogênio (kg ha-1)
29
Figura 9. Diâmetro de caule em função das doses de nitrogênio.
Resultados semelhantes foram encontrados por Backs et al. (2007).Ao estudar
tipos de fertilizantes de liberação lenta e convencional para produção de mudas de
pimentas ornamentais. Ao utilizarem adubo tradicional, não encontraram diferença.
Nos resultados que o uso de adubo de lenta absorção foi maior que convencional,
houve maiores valores para o diâmetro do caule (YAMANISHI et al., 2004).
4.3. Número de folhas
Em relação a variável número de folhas, houve efeito significativoao nível de
5% de probabilidade, ajustando ao modelo quadrático de regressão (Figura10). Pode
ser observar um aumento de número de folhas (218,04), até a dose de nitrogênio
de115,42 kg ha-1 tendo uma tendência de diminuição do número de folhas com o
aumento das doses de nitrogênio.
y = -9E-05x2 + 0,0175x + 8,48R² = 0,9543
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 60 120 180 240
Diâ
me
tro
de c
aule
(m
m)
Doses de nitrogênio (kg ha-1)
30
Figura 10. Número de folhas em função das doses de nitrogênio.
Rodrigues et al. (2014) verificaram que nas condições em que desenvolveram
o experimento, mostraram que as doses de nitrogênio e fósforo influenciaram na
produção de folhas dessa cultura. Às maiores produtividades foram obtidas com a
dose 112,5 kg ha-1de nitrogênio.
Segundo Silva da Rocha et al. (2013), na avaliação do número de folhas,
verificaram que todos os tratamentos que receberam doses de nitrogênio não
diferiram estatisticamente, e foram superiores ao tratamento com dosagem de 0 kg
ha-1 de N de nitrogênio na cultura do tomate.
y = -0,0047x2 + 1,085x + 155,43R² = 0,9403
0
50
100
150
200
250
0 60 120 180 240
Núm
ero
de F
olh
as
Doses de nitrogênio (kg ha-1)
31
5. CONCLUSÕES
As doses de nitrogênio influenciaram no desenvolvimento inicial da pimenta
biquinho, cultivada em Latossolo Vermelho do Cerrado Mato-Grossense.
Para as variáveis diâmetro de caule, altura de plantas e número de folhas o
intervalo de doses de nitrogênio variou entre 97,22 e 115,42 kg ha-1, proporcionando
melhor desenvolvimento das plantas.
Para a leitura SPAD não houve diferença significativa entre os tratamentos.
32
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