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FACULDADE DO CENTRO LESTE
EDER LUIZ DE MELLO
FELIPE CÉSAR NASCIMENTO FONTENELLE
DESENVOLVIMENTO DE UMA PLANTA
DIDÁTICA PARA CONTROLE DE
TEMPERATURA
SERRA
2011
EDER LUIZ DE MELLO
FELIPE CÉSAR NASCIMENTO FONTENELLE
DESENVOLVIMENTO DE UMA PLANTA
DIDÁTICA PARA CONTROLE DE
TEMPERATURA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Automação e Controle, da Faculdade do Centro Leste, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Automação e Controle. Orientador: Prof. Flávio Morais de Souza Msc
SERRA
2011
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, nosso criador. Agradeço aos meus amigos pelos momentos de alegria e diversão. Agradeço ao orientador, Flávio Morais, pela paciência e conhecimentos passados. Agradeço aos professores Ícaro e Gustavo, pela boa vontade, atenção e gentileza em aceitar o convite. Agradeço a todos que apoiaram indiretamente ou diretamente para a realização deste trabalho.
Obrigado.
Eder Luiz de Mello
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS pela vida e por permitir vencer este desafio. Agradeço a toda a minha família pelo apoio incondicional, ao orientador, Flávio Morais, pela paciência e conhecimentos passados. Agradeço aos professores Ícaro e Gustavo, pela boa vontade, atenção e gentileza em aceitar o convite.
Obrigado.
Felipe César Nascimento Fontenelle.
RESUMO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma planta didática para controle de
temperatura (Kit Educacional). É um sistema simples que permite a visualização da
aplicação da teoria de controle em um sistema real. O kit é composto por um
compartimento de madeira que permitirá a fixação dos componentes do trabalho, um
tubo de acrílico, dois resistores de potência, um cooler, um sensor de temperatura
LM35, um drive para amplificar o sinal do sensor, um drive para manipular a tensão nos
resistores de potência, um controlador digital, e elementos que farão a ligação entre
estes componentes. O sistema permite realizar o controle da temperatura do ar soprado
pelo cooler no interior do tubo através da manipulação da potência fornecida aos
resistores, sendo que o sensor de temperatura pode ser fixado em três pontos distintos.
Para levantar a função de transferência do processo foi utilizada uma placa de aquisição
de dados modelo PCI-6251 da National Instruments em conjunto com a ferramenta de
identificação ident do MATLAB. Já no projeto dos parâmetros do controlador foi
realizada uma comparação entre o método de Síntese Direta e a ferramenta sisotool do
MATLAB.
Palavras chave: controle de temperatura, kit educacional, MATLAB.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – ESQUEMÁTICO SIMPLIFICADO DO SISTEMA ........................................... 9 FIGURA 2 – SISTEMA DE CONTROLE EM MALHA ABERTA ........................................ 12 FIGURA 3 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM SISMTEMA DE CONTROLE EM MALHA FECHADA ................................................................................................................ 12 FIGURA 4 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CONTROLADOR
PROPORCIONAL ................................................................................................................... 15 FIGURA 5 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CONTROLADOR INTEGRAL ............... 16 FIGURA 6 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CONTROLADOR DERIVATIVO .......... 18 FIGURA 7 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CONTROLADOR PROPORCINAL E DERIVATIVO ...................................................................................................................... 19 FIGURA 8 – (A) DIAGRAMA DE BLOCOS DE UM CONTROLADOR PID; (B) DIAGRAMAS ESBOÇANDO UMA RAMPA UNITÁRIA DE ENTRADA E O CORRESPONDENTE SINAL DE SAÍDA DO CONTROLADOR ....................................... 20 FIGURA 9 – CLASSIFICAÇÃO DOS MODELOS MATEMÁTICOS .................................. 21 FIGURA 10 – ENERGIA INTERNA DOS CORPOS ............................................................. 22 FIGURA 11 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENTRE DOIS CORPOS ............................. 23 FIGURA 12 – CIRCUITO DA TERMORESISTÊNCIA ........................................................ 27 FIGURA 13 – TERMOPAR .................................................................................................... 28 FIGURA 14 – SENSOR LM35 ................................................................................................ 29 FIGURA 15 – SÍMBOLO DE UM AMPLIFICADOR OPERACIONAL ................................ 30 FIGURA 16 – CIRCUITO SEM REALIMENTAÇÃO ........................................................... 31 FIGURA 17 – CIRCUITO COM REALIMENTAÇÃO NEGATIVA ..................................... 31 FIGURA 18 – CIRCUITO COM REALIMENTAÇÃO POSITIVA ....................................... 32 FIGURA 19 – TRANSISTOR BIPOLAR NPN E PNP ............................................................ 34 FIGURA 20 – CONFIGURAÇÃO DARLINGTON ................................................................ 36 FIGURA 21 – ENCAPSULAMENTO DO DARLINGTON .................................................... 37 FIGURA 22 – PLACA PCI-6251 ............................................................................................. 37 FIGURA 23 – PLACA CB-68LP .............................................................................................. 38 FIGURA 24 – ESQUEMA DE LIGAÇÃO PARA AQUISIÇÃO DOS DADOS .................... 39 FIGURA 25 – BLOCO DE AQUISIÇÃO DE DADOS ............................................................ 39 FIGURA 26 – SINTONIA PID DA SÍNTESE DIRETA ......................................................... 40 FIGURA 27 – ESQUEMÁTICO DO SISTEMA ...................................................................... 44 FIGURA 28 – MONTAGEM DO KIT EDUCACIONAL ........................................................ 45 FIGURA 29 – AMPLIFICADOR DO SINAL DO LM35 ........................................................ 49 FIGURA 30 – DRIVE PARA MANIPULAR A TENSÃO NOS RESITORES DE POTÊNCIA .............................................................................................................................. 50 FIGURA 31 – CONTROLADOR N1100 ................................................................................ 51 FIGURA 32 – DIAGRAMA UNIFILAR DO KIT ................................................................... 52 FIGURA 33 – AMPLIFICADOR DO LM35 ........................................................................... 53 FIGURA 34 – DRIVE QUE MANIPULA A TENSÃO NOS RESISTORES .......................... 53 FIGURA 35 – EXEMPLO DO DIAGRAMA DE CONEXÃO ................................................ 54 FIGURA 36 – INTERFACE GRÁFICA DA AQUISIÇÃO DOS DADOS .............................. 55 FIGURA 37 – DADOS AQUISITADOS NO EXCEL ............................................................. 55 FIGURA 38 – FERRAMENTA IDENT DO MATLAB ........................................................... 56 FIGURA 39 – CONFIGURAÇÃO DO TIME DOMAIN SIGNAL ......................................... 57 FIGURA 40 – VARIÁVEL DE PROCESSO E VÁRIAVEL MANIPULADA ....................... 57 FIGURA 41 – APROXIMAÇÃO DO MODELO MEDIDO COM O SIMULADO ................ 58 FIGURA 42– FUNÇÃO DE TRANFERÊNCIA DO PROCESSO .......................................... 58
FIGURA 43 – RESPOSTA DO PROCESSO AO DEGRAU .................................................. 59 FIGURA 44 – LUGAR DAS RAÍZES DO PROCESSO .......................................................... 60 FIGURA 45 – DIAGRAMA DE BODE DO PROCESSO ....................................................... 62 FIGURA 46 – INTERFACE DA FERRAMENTA SISOTOOL DO MATLAB ....................... 63 FIGURA 47 – SELEÇÃO DA ARQUITETURA DE CONTROLE ......................................... 64 FIGURA 48 – PARÂMETROS DO CONTROLADOR IMC .................................................. 64 FIGURA 49 – SIMULAÇÃO DO SISTEMA NO SIMULINK ................................................. 68 FIGURA 50 – RESPOSTA COM O CONTROLADOR CALCULADO PELO
SISOTOOL ............................................................................................................................... 68 FIGURA 51 – SIMULAÇÃO COM O MÉTODO SÍNTESE DIRETA COM 2/pc ττ = ......... 69
FIGURA 52 – SIMULAÇÃO COM O MÉTODO SÍNTESE DIRETA COM 10/pc ττ = ....... 69
FIGURA 53 – COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS ...................................................... 70 FIGURA 54 – RESPOSTA DO SISTEMA-MÉTODO IMC .................................................... 71 FIGURA 55 – RESPOSTA DO SISTEMA-MÉTODO SÍNTESE DIRETA COM
2/pc ττ = .................................................................................................................................. 71
FIGURA 56 – RESPOSTA DO SISTEMA-MÉTODO SÍNTESE DIRETA COM
10/pc ττ = ................................................................................................................................. 72
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
1.1. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 8 1.2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 10 1.3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 10
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 11
2.1. SISTEMAS DE CONTROLE DE PROCESSOS .............................................................. 11 2.2. CONTROLE EM MALHA ABERTA .............................................................................. 11 2.3. CONTROLE EM MALHA FECHADA ........................................................................... 12 2.4. AÇÕES DE CONTROLE BÁSICAS ................................................................................ 13 2.4.1. Controle de Duas Posições ou Liga-Desliga (on-off) ................................................. 13 2.4.2. Técnicas de controle PID ............................................................................................. 14 2.4.2.1. Ação Proporcional (P) ................................................................................................. 14 2.4.2.2. Ação Integral (I) .......................................................................................................... 15 2.4.2.3. Ação Proporcional + Integral (PI) ............................................................................... 16 2.4.2.4. Ação Derivativa (D) .................................................................................................... 17 2.4.2.5. Controlador Proporcional + (PD) ................................................................................ 18 2.4.2.6. Controlador Proporcional, Integral e Derivativo (PID) ............................................... 19 2.5. MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS .......................................................... 21 2.5.1. Classificação dos modelos matemáticos ...................................................................... 21 2.6. TEMPERATURA ............................................................................................................. 22 2.6.1. Conceitos de temperatura e calor ............................................................................... 22 2.6.2. Efeito Joule .................................................................................................................... 24 2.6.2.1 Aplicações do efeito joule ............................................................................................ 25 2.6.3. Primeira lei da termodinâmica .................................................................................... 25 2.6.4. Medição de temperatura .............................................................................................. 26 2.6.4.1 Termoresistência ........................................................................................................... 27 2.6.4.2 Termopar ...................................................................................................................... 28 2.6.4.3 LM35 ............................................................................................................................ 29 2.7. AMPLIFICADORES OPERACIONAIS .......................................................................... 30 2.7.1. Circuitos com amplificadores operacionais ............................................................... 31 2.8. TRANSISTORES ............................................................................................................. 33 2.8.1. Transistores bipolares de junção (TBJ)...................................................................... 34 2.8.2. Transistores de efeito de campo (FET) ....................................................................... 35 2.8.3. Configuração Darlington ............................................................................................. 35 2.9. PLACA DE AQUISIÇÃO ................................................................................................. 37 2.10. LABVIEW ....................................................................................................................... 38 2.11. PROJETO DE CONTROLADORES .............................................................................. 39 2.11.1. Síntese Direta .............................................................................................................. 40 2.11.2. Controladores analógicos ........................................................................................... 41 2.11.2. Controladores digitais ................................................................................................ 41 2.12. MÉTODO DO LUGAR DAS RAÍZES ........................................................................... 42 2.13. DIAGRAMA DE BODE ................................................................................................. 42 2.14. MATLAB ........................................................................................................................ 43
3. DESENVOLVIMENTO DE UMA PLANTA DIDÁTICA PARA CONT ROLE DE TEMPERATURA ............................................................................................................ 44
3.1. MODELO MATEMÁTICO DO SISTEMA ..................................................................... 45 3.2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO .............................................................................. 47 3.3. CIRCUITOS PARA AMPLIFICAR O SINAL DO LM35 ............................................... 48 3.4. DRIVE PARA MANIPULAR A TENSÃO NOS RESISTORES DE PONTÊNCIA ........ 49 3.5. CONTROLADOR ............................................................................................................. 50 3.5.1. Características e Especificações do Controlador Novus N1100 ............................... 51 3.6. TESTES DOS CIRCUITOS NO PROTOBOARD ............................................................ 52 3.7. AQUISIÇÃO DE DADOS DO PROCESSO ..................................................................... 54 3.8. FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO PROCESSO ........................................................ 56 3.8.1. Análise do lugar das raíses ........................................................................................... 60 3.8.2. Diagrama de Bode ........................................................................................................ 60 3.9. PROJETO DO CONTROLADOR ..................................................................................... 62 3.9.1. Projeto Através da Ferramenta Sisotool do Matlab .................................................. 63 3.9.2. Método de Síntese Direta ............................................................................................. 65 3.9.3. Parametrização do controlador Novus N1100 ........................................................... 66
4. RESULSTADOS ................................................................................................................. 68
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 73
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 75
7. ANEXOS ............................................................................................................................. 77
ANEXO A – CIRCUITOS ELETRÔNICOS CONFECCIONADOS ..................................... 77
ANEXO B – DATASHEET DO SENSOR LM35 ................................................................... 78
ANEXO C – DATASHEET DO CONTROLADOR NOVUS N1100 .................................... 80
NÃO APAGAR ESTÁ PA
8
1 INTRODUÇÃO
O controle automático tem se transformado em um instrumento importante dentro das
indústrias nos últimos tempos. Ele permite a otimização do sistema como um todo,
principalmente em termos de melhoria da produtividade, confiabilidade e segurança
para os trabalhadores e equipamentos.
Com o advento da revolução industrial, e conseqüentemente das máquinas a vapor,
tornou-se possível a conversão da energia da matéria em trabalho. O trabalho executado
pelo homem que era predominantemente físico, foi se tornando cada vez mais mental, já
que o esforço maior atualmente é o de tentar controlar essa nova fonte de energia, tarefa
essa que exige muita atenção e experiência, e por diversas vezes expõe o indivíduo a
grandes riscos (GONÇALVES, 2003).
Inicialmente era possível controlar esses equipamentos manualmente devido a baixa
demanda. Entretanto, com o passar do tempo, essa tarefa foi se tornando cada vez mais
difícil, dando origem então ao controle automático, onde o controle dos processos é
realizado por máquinas, não mais por seres humanos.
Dentro desse contexto a temperatura é uma das principais variáveis a serem controladas,
já que determinados processos necessitam que ela se mantenha dentro de uma faixa
adequada para um resultado satisfatório. Podemos citar como exemplo um forno para
reaquecimento de placas de aço, onde o controle adequado da temperatura tem
influência direta na qualidade final do produto, e, mais comum no dia-a-dia das pessoas,
o ar-condicionado digital em veículos, que permite que o usuário escolha o valor
desejado de temperatura (GONÇALVES, 2003).
1.1 OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo geral desenvolver um kit didático para controle de
temperatura para que alunos da UCL – Faculdade do Centro Leste possam aprender e
aprimorar questões relacionadas à teoria de Controle Automático. Será desenvolvido um
sistema com componentes semelhantes a uma planta de temperatura.
9
Serão instalados alguns dispositivos para manter a temperatura de saída em um valor
desejável, sendo a mesma composta por um tubo no interior, no qual será acoplado um
resistor de potência que será a fonte geradora de calor, por um cooler que será um
exaustor de ar do ambiente e por um sensor de temperatura que informará para o
sistema qual valor da temperatura.
Figura 1: Esquemático simplificado do sistema
Para que este objetivo seja alcançado é necessário:
Conceituar e ilustrar o funcionamentos de dispositivos eletrônicos, tais como
transistores, sensores e amplificadores operacionais, bem como uma planta
completa controlada automaticamente;
Definir a melhor forma de construção do kit, como dimensões, posicionamento
dos equipamentos e drives;
Dimensionar todos os equipamentos eletrônicos envolvidos no trabalho;
Criar um modelo matemático que represente o sistema como um todo;
Após a montagem e testes na planta, aplicar uma excitação no sistema de forma
que seja possível levantar a sua função de transferência através de uma placa de
aquisição de dados;
Através da função de transferência do processo projetar um controlador
eficiente, através da ferramenta sisotool do Matlab, além do tradicional método
de síntese direta;
10
Simular a resposta do sistema ao degrau com o controlador projetado através da
ferramenta de simulação simulink do Matalab;
Parametrizar o controlador real com os dados projetados e comparar o resultado
real com o simulado.
1.2 JUSTIFICATIVA
A base teórica de Controle Automático é uma das mais importantes do curso de
Engenharia de Automação e Controle, principalmente com relação à aplicação dessa
teoria na prática.
A realização de um Kit Educacional torna-se, portanto, fundamental para uma melhor
compreensão do que é visto em sala de aula. Dessa forma os alunos terão a
oportunidade de enxergar na prática parte dessa teoria e se familiarizar com o que tem
sido feito na indústria, o que é essencial para a formação de um bom profissional.
1.3 METODOLOGIA
O presente trabalho utilizará basicamente as pesquisas bibliográfica e experimental. As
informações inerentes ao desenvolvimento do projeto serão coletadas em livros e sites
da internet. Em alguns momentos, porém, haverá a necessidade de serem colhidas
informações através de experimentos já realizados, buscando uma maior celeridade na
realização do projeto, bem como evitar erros já cometidos no passado.
Durante a fase de realização do projeto haverá a observação e registro da resposta do
sistema, como conseqüência a manipulação de determinadas variáveis. Esse registro
poderá ser feito manualmente ou eletronicamente, através de placas de aquisição de
dados. Por fim, após registrados os dados colhidos no sistema real, ocorrerá a
comparação com a resposta simulada em softwares específicos.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo será feita uma fundamentação teórica dos tópicos relevantes ao
desenvolvimento do presente trabalho.
2.1 SISTEMAS DE CONTROLE DE PROCESSO
De acordo com Dorf e Bishop (2001, p. 139) “um sistema de controle é uma
interligação de componentes formando uma configuração de sistema que fornecerá uma
saída de sistema desejada.” O principal objetivo de um sistema de controle é a
manutenção de certa variável em um determinado valor desejado (set-point).
Basicamente um sistema de controle automático opera da seguinte forma: ocorre a
medição da variável a ser controlada, que é denominada variável de processo (PV), faz-
se então a comparação do valor medido com o valor desejado, onde a diferença entre
ambos é denominado desvio ou erro. Através desse erro o controlador gera um sinal de
correção que atuará na variável manipulada (MV).
Existem vários tipos de controlador, e a escolha do mais adequado para determinado
processo deverá levar em conta diversos fatores, como custo, operacionalidade, tempo
de resposta, confiabilidade, manutenabilidade, entre outros (OGATA, 2001, p.178).
2.2 CONTROLE EM MALHA ABERTA
De acordo com Ogata (2001, p. 5, grifo do autor), “os sistemas nos quais o sinal de
saída não afeta a ação de controle são chamados sistemas de controle a malha aberta.”
Ou seja, nesse caso não ocorre a comparação entre o sinal de saída com o sinal de
entrada. Um diagrama de blocos típico de um controle em malha aberta é mostrado na
figura 2.
12
Figura 2: Sistema de controle em malha aberta Fonte: Apostila de Fundamentos de Controle de Processo
É possível concluir que esse tipo de controle apresenta baixa precisão, nenhuma
imunidade à distúrbios e dependência do julgamento e da estimativa humana. Por outro
lado, sua principal vantagem consiste no fato de ser um equipamento simples e barato,
já que não utiliza instrumentos de medição (OGATA, 2001, p.5).
2.3 CONTROLE EM MALHA FECHADA
O controle em malha fechada é aquele em que há realimentação da saída para a entrada,
ou seja, ocorre a medição da variável de processo, que é comparada com o set-point e o
desvio entre eles é utilizado pelo controlador para gerar um sinal de controle que atuará
no processo de forma a igualar a variável de processo com o valor desejado (OGATA,
2001, p.5).
A figura 3 ilustra um sistema de controle em malha fechada.
Figura 3: Diagrama de blocos de um sistema de controle em malha fechada Fonte: Dorf (2001)
13
Pode-se observar que esse tipo de controle possui inúmeras vantagens em relação ao
controle em malha aberta, dentre as quais podemos destacar: boa precisão, capacidade
de adaptação à perturbações externas e aumento da robustez do sistema (DORF, 2001).
2.4 AÇÕES DE CONTROLE BÁSICAS
Segundo Ogata (2001, p.177) os controladores analógicos industriais são classificados,
de acordo com a ação de controle, como controladores de duas posições ou liga-desliga
(on-off), proporcionais (P), do tipo integral (I), derivativos (D), do tipo proporcional e
integral (PI), do tipo proporcional e derivativo (PD) e do tipo proporcional, integral e
derivativo (PID). A escolha da ação de controle a ser utilizada é função de fatores como
variável a ser controlada, dinâmica do processo e custo, dentre outros (OGATA, 2001).
2.4.1 Controle de Duas Posições ou Liga-Desliga (on-off)
Segundo Ogata (2001, p. 179), “em um sistema de controle de duas posições, o
elemento atuante possui apenas duas posições fixas que são, em muitos casos,
simplesmente ligado ou desligado".
As vantagens deste controlador são a simplicidade e baixo custo, fato pelo qual ele é
extremamente utilizado, porém a contínua oscilação da saída entre os limites de atuação
do controlador é uma deficiência deste controle. Este tipo de controle é ideal em
aplicações onde a variável controlada possui um tempo de resposta lento.
Para exemplificar esse tipo de controle podemos citar um termostato, que é desligado
quando a temperatura ultrapassa determinado valor e ligado quando temperatura
diminui, sempre mantendo uma faixa de operação constante (OGATA, 2001, p.179).
14
2.4.2 Técnicas de controle PID
Determinados processos requerem uma ação de controle mais suave do que a que
fornece o controlador on-off, nesses casos são utilizadas as ações de controle
proporcional, integral e derivativa. Cada uma dessas ações tem seus objetivos: a ação
proporcional estabiliza o processo, provocando uma correção proporcional ao valor do
erro, instantaneamente, a integral é uma ação auxiliar que elimina o desvio
permanentemente, produzindo uma correção proporcional à duração do erro depois da
ação proporcional, a derivativa é uma ação adicional que apressa a correção, gerando
uma ação proporcional à velocidade da variação do erro, antes da ação proporcional
(RIBEIRO, 2003).
2.4.2.1 Ação Proporcional (P)
Segundo Ogata (2001, p.180) na ação proporcional o sinal que atuará na variável
manipulada é proporcional ao desvio, o que suaviza a ação de controle em relação à
ação liga-desliga. A relação entre o sinal de saída do controlador )(tu e o sinal de erro
atuante )(te é
)(.)( teKptu = (1)
ou, no domínio da frequência
KpsE
sU =)(
)( (2)
onde Kpé denominado ganho proporcional.
15
O controlador proporcional é um amplificador com ganho ajustável. A figura 4 mostra
este controlador.
Figura 4: Diagrama de blocos de um controlador proporcional Fonte: Ogata (2001)
A ação de controle proporcional reduz as oscilações no processo, porém não é capaz de
eliminar o erro de off-set, que é um desvio em relação ao set-point em estado
estacionário (OGATA, 2001, p.180).
2.4.2.2 Ação Integral (I)
De acordo com Ogata (2001) a ação integral age de forma a eliminar o erro de off-set,
integrando o sinal de correção no tempo até eliminar o erro por completo. Em um
controlador com a ação de controle integral, o valor de saída do controlador u(t) é
variado segundo uma taxa proporcional ao sinal de erro atuante e(t). Isto é,
)(.)(
teKidt
tdu = (3)
ou
∫=t
dtteKitu0
)()( (4)
16
onde Ki é uma constante ajustável. A função de transferência do controlador integral é
s
Ki
sE
sU =)(
)( (5)
De acordo com Ogata (2001, p.180), “se o valor de )(te dobrar, então o valor de )(tu
varia duas vezes mais rápido quando ocorre um distúrbio em degrau. Assim, quanto
mais tempo o desvio perdurar, maior será a saída do controlador e ainda se o desvio
fosse maior, sua resposta seria mais rápida. Para o erro nulo, o valor de )(tu permanece
constante.” Este controle muitas vezes também é chamado de controle de
restabelecimento (reset). A figura 5 ilustra o diagrama de blocos deste controlador.
Figura 5: Diagrama de blocos de um controlador integral Fonte: Ogata (2001)
Neste tipo de ação de controle a correção é função não somente do erro, mas também do
tempo que ele perdurar, além de que quanto maior o erro, maior a velocidade de
correção, devido a ação integradora (OGATA, 2001, p.180).
2.4.2.3 Ação Proporcional + Integral (PI)
É a ação que resulta da combinação das ações proporcional e integral, e age de forma a
corrigir desvios instantâneos (proporcional) e eliminar o desvio remanescente ao longo
do tempo (integral) (OGATA, 2001, p.181).
17
Segundo Ogata (2001, p.181) a ação de controle de um controlador proporcional e
integral pode ser definida por:
∫+=t
dtteTi
KptKpetu
0)()()( (6)
ou pela função de transferência
+=Tis
KpsE
sU 11
)(
)( (7)
Deve-se atentar ao fato de que se o processo se caracteriza por apresentar mudanças
rápidas, esse tipo de ação pode vir a causar oscilações no sistema, gerando instabilidade
(OGATA, 2001, p.181).
2.4.2.4 Ação Derivativa (D)
Como visto anteriormente as ações proporcional e integral só atuam em presença de
desvio. A ação derivativa atua de forma a antecipá-lo, ou seja, ela reage em função da
velocidade do desvio, no momento que ele tende a aparecer a ação derivativa fornece
uma correção de forma a prevenir o seu aumento, diminuindo assim o tempo de resposta
(OLIVEIRA, 1999). Essa ação pode ser definida por:
dt
tdeTdtu
)()( = (8)
ou pela função de transferência
18
TdssE
sU =)(
)( (9)
É importante observar que a ação derivativa não atua caso o desvio seja constante, mas
somente caso ele varie. Além disso, quanto mais rápida a mudança do desvio, maior
será a correção (OLIVEIRA, 1999).
Figura 6: Diagrama de blocos de um controlador derivativo Fonte: Apostila Senai Instrumentação
2.4.2.5 Ação Proporcional + Derivativa (PD)
De acordo com Ogata (2001, p.181) a ação do controlador proporcional e derivativo é
definida pela seguinte equação
dt
tdeKpTdtKpetu
)()()( += (10)
Ou pela função de transferência
)1()(
)(TdsKp
sE
sU += (11)
Ainda segundo Ogata (2001), algumas vezes a ação de controle derivativa é
denominada como controle de taxa, onde a saída do controlador é proporcional à taxa de
19
variação do sinal de erro atuante. O tempo derivativo Td é o intervalo de tempo pelo
qual a ação derivada avança o efeito da ação de controle proporcional. A figura 7 mostra
o diagrama de blocos do controlador proporcional e derivativo.
Figura 7: Diagrama de blocos de um controlador proporcional e derivativo Fonte: Ogata (2001)
De acordo com Ogata (2001, p.182) a ação derivativa apresenta as desvantagens de
amplificar os sinais de ruído e causar um efeito de saturação no atuador. Porém ela
possui a vantagem de antecipar o erro. Ela só é efetiva durante os períodos transitórios.
2.4.2.6 Controlador Proporcional Integral e Derivativo (PID)
Este controlador é a combinação entre as ações de controles proporcional, integral e
derivativa. Com essa combinação temos as vantagens de cada uma das três ações de
controle individuais (OGATA, 2001, p.182). Sua equação é dada por
∫ ++=t
dt
tdeKpTddtte
Ti
KptKpetu
0
)()()()( (12)
ou pela função de transferência
++= TdsTis
KpsE
sU 11
)(
)( (13)
20
Onde Kp é o ganho proporcional, Td é uma constante de tempo derivativo e Ti é a
constante de tempo integral. Este tipo de configuração do PID é o controlador em série,
pois este controle computa o modo derivativo em série com os modos proporcional e
integral. Os modos são interativos no domínio do tempo, mas são não interativo no
domínio da freqüência. A maioria dos controladores industriais, analógicos e digitais,
calcula inicialmente o modo derivativo, antes do integral, para reduzir o erro de pico
(RIBEIRO, 2003).
A figura 8 ilustra um sinal de erro como função em rampa unitário.
Figura 8: (a) Diagrama de blocos de um controlador PID; (b) e (c) Diagramas esboçando uma rampa unitária de entrada e o correspondente sinal de saída do controlador
Fonte: Ogata (2001)
Outra configuração existente é a PID paralelo. A sua função de transferência é dada por
TdsTis
KpsE
sU ++= 1
)(
)(
(14)
Nesta configuração os modos proporcional, integral e derivativo estão em paralelo. Os
modos são não interativos no domínio do tempo, mas são interativos no domínio da
freqüência. Este tipo de configuração é difícil de ser sintonizado e de se manter
sintonizado (RIBEIRO, 2003).
Neste trabalho será utilizado o controlador P+I série, pois o controlador do kit possui
internamente o modelo PID série.
2.5 MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS
Para que seja possível compreender e controlar sistemas é necessária a obtenção de
modelos matemáticos, que são representações matemáticas de um processo real.
Devido ao fato dos sistemas reais serem dinâmicos, as equações que os descrevem
normalmente são equações
linearizadas, pode-se utilizar a transformada de Laplace para simplificar o método de
solução. Através da análise do modelo dinâmico do sistema pode
parâmetros do controlador a ser uti
2.5.1 Classificação dos modelos matemáticos
Os modelos matemáticos podem ser classificados em três tipos, de acordo com a forma
que foram obtidos: os modelos teóricos, que são desenvolvidos utilizando princípios
físico-químicos, os modelos empíricos, obtidos através da análise matemática do
processo a partir de dados da operação da planta e os modelos semi
combinam os modelos teóricos e empíricos, onde alguns parâmetros físico
determinados a partir de dados da planta. A figura
matemáticos (SODRÉ, 2007)
Figura Fonte:
.5 MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS
seja possível compreender e controlar sistemas é necessária a obtenção de
modelos matemáticos, que são representações matemáticas de um processo real.
sistemas reais serem dinâmicos, as equações que os descrevem
normalmente são equações diferenciais. Além disto, se essas equações puderem ser
se utilizar a transformada de Laplace para simplificar o método de
solução. Através da análise do modelo dinâmico do sistema pode-
parâmetros do controlador a ser utilizado (DORF, 2001, p.25).
.5.1 Classificação dos modelos matemáticos
Os modelos matemáticos podem ser classificados em três tipos, de acordo com a forma
que foram obtidos: os modelos teóricos, que são desenvolvidos utilizando princípios
químicos, os modelos empíricos, obtidos através da análise matemática do
processo a partir de dados da operação da planta e os modelos semi
combinam os modelos teóricos e empíricos, onde alguns parâmetros físico
dos a partir de dados da planta. A figura 9 ilustra a classificação dos modelos
(SODRÉ, 2007).
Figura 9: Classificação dos modelos matemáticos. Fonte: disponível em http://www3.fsa.br
21
seja possível compreender e controlar sistemas é necessária a obtenção de
modelos matemáticos, que são representações matemáticas de um processo real.
sistemas reais serem dinâmicos, as equações que os descrevem
diferenciais. Além disto, se essas equações puderem ser
se utilizar a transformada de Laplace para simplificar o método de
-se encontrar os
Os modelos matemáticos podem ser classificados em três tipos, de acordo com a forma
que foram obtidos: os modelos teóricos, que são desenvolvidos utilizando princípios
químicos, os modelos empíricos, obtidos através da análise matemática do
processo a partir de dados da operação da planta e os modelos semi-empíricos, que
combinam os modelos teóricos e empíricos, onde alguns parâmetros físico-químicos são
ilustra a classificação dos modelos
22
2.6 TEMPERATURA
A temperatura é uma das principais variáveis presentes nos processos industriais, e sua
medição e controle, são fundamentais não só para a qualidade do produto mas para a
segurança do homem e das máquinas envolvidas no processo. Não é difícil chegar a
essa conclusão, já que a temperatura é capaz de afetar diretamente grandezas físico-
químicas de qualquer substância, como seu estado físico, sua densidade, sua
condutividade, etc (BONJORNO E CLINTON, 1999).
2.6.1 Conceitos de temperatura e calor
Segundo Bonjorno e Clinton (1999, p.267), “todos os corpos são constituídos por
partículas que estão sempre em movimento”, esse movimento é denominado energia
interna do corpo. O nível de energia interna é determinado através da velocidade do
movimento de suas partículas, se o movimento é rápido, o corpo apresenta um nível de
energia interna alto; se o movimento é lento, o corpo possui um nível de energia baixo.
A figura 10 ilustra esse conceito:
Figura 10: Energia interna dos corpos. Fonte: disponível em http://fisicadompedro.blogspot.com/2010/06/calor.html
23
Com base nesse conceito, Bonjorno e Clinton (1999, p.267) definem temperatura como
“uma grandeza física que mede o estado de agitação das partículas de um corpo,
caracterizando seu estado térmico.”
A temperatura de um corpo indica se ele ganhará ou perderá energia interna ao entrar
em contato com outro, ou seja, se dois corpos, um quente e outro frio, forem colocados
em contato, uma parcela da energia interna do corpo quente passará para o corpo frio
sob a forma de calor, diminuindo a temperatura do corpo quente e aumentando a do
corpo frio, até que elas se igualem, atingindo o equilíbrio térmico (BONJORNO E
CLINTON, 1999).
Este processo está representado na figura 11.
Figura 11: Transferência de calor entre dois corpos. Fonte: disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/
Portanto, Wylen et al (2006, p.65) definem calor como sendo “a forma de transferência
de energia, a um outro sistema, numa temperatura inferior, em virtude da diferença de
temperatura entre dois sistemas”.
De acordo com Bonjorno e Clinton (1999) é possível afirmar que relação entre a
temperatura e a quantidade de calor é dada pela equação:
tcmQ ∆⋅⋅=∆ (15)
Onde:
∆Q = variação da quantidade de calor;
24
m = massa da substância envolvida;
c = calor específico (característica da substância);
∆t = variação da temperatura.
Calor específico pode ser definido como uma grandeza física que define a variação
térmica de determinada substância ao receber determinada quantidade de calor
(BONJORNO E CLINTON, 1999).
No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de quantidade de calor é o joule (J),
porém ela também pode ser expressa em caloria (cal), a relação entre caloria e joule é:
1 cal = 4,186 J
2.6.2 Efeito joule
Quando um elemento condutor é percorrido por uma corrente elétrica este se aquece,
ocorrendo a transformação de energia elétrica em energia térmica. Este fenômeno é
conhecido como efeito joule (BONJORNO E CLINTON, 1999).
Este fenômeno ocorre devido à colisão dos elétrons da corrente elétrica com outros
átomos da rede cristalina do condutor. Parte da energia cinética do elétron é transferida
para o átomo, aumentando seu estado de agitação, conseqüentemente sua temperatura.
A potência térmica desenvolvida em virtude do efeito joule é dada pela seguinte
equação:
2IRP ⋅= (16)
Onde:
P = potência térmica desenvolvida;
R = resistência do material;
25
I = corrente elétrica.
2.6.2.1 Aplicações do Efeito Joule
A descoberta do fenômeno do efeito joule foi essencial para a criação de dispositivos
que estão cada vez mais presentes no dia-a-dia da sociedade, dentre os quais podemos
citar os chuveiros elétricos, os ferros de passar roupas, as lâmpadas incandescentes, os
fusíveis e os disjuntores.
2.6.3 Primeira lei da termodinâmica
De acordo com Moran e Shapiro (2010) os sistemas termodinâmicos podem ser
classificados como sistemas fechados e volumes de controle. Um sistema fechado é
aquele onde a quantidade de matéria é fixa. Já em um volume de controle é uma região
do espaço onde ocorre fluxo de massa.
De acordo com essa definição é possível classificar o trabalho atual como um volume de
controle, já que ocorrerá fluxo de massa pelo interior do tubo de acrílico.
Ainda de acordo com Moran e Shapiro (2010), a primeira lei da termodinâmica para
volume de controle permite estabelecer a taxa de variação da energia do volume de
controle através dos balanços das taxas de energia que cruzam sua fronteira. Esta
equação será útil a criação de um modelo matemático que represente o sistema do
presente trabalho e pode ser definida da seguinte forma:
)2
()2
(2
.
2
..... ss
ssee
eecvcv gzv
hmgzv
hmWQdt
dEvc ++−+++−=••••
(17)
Onde:
26
Evc = energia total dentro do volume de controle;
..cvQ•
= calor transferido por unidade de tempo ao volume de controle;
..cvW•
= potência fornecida ao sistema;
em•
= fluxo de massa da entrada;
sm•
= fluxo de massa da saída;
eh = entalpia específica da entrada;
sh = entalpia específica da saída;
g = aceleração da gravidade;
ev = velocidade do ar na entrada;
sv = velocidade do ar na saída;
ez = cota vertical na entrada;
sz = cota vertical na saída;
2.6.4 Medição de temperatura
Segundo Bugalho e Dos Santos (2001, p. 14):
A medição da temperatura é realizada através dos sensores, que são
dispositivos que têm a função básica de responder a um estímulo físico
externo e transmitir o impulso resultante. Em um sistema controlado que
requeira o seu uso, ele desempenha o papel de proporcionar a entrada de
dados para o controle deste sistema.
A temperatura é uma grandeza que não pode ser medida diretamente, os medidores de
temperatura são construídos baseados nos efeitos elétricos ou físicos produzidos sobre
27
uma substância cujas características são conhecidas (BUGALHO E DOS SANTOS,
2001).
Os medidores de temperatura podem ser divididos em dois grandes grupos: os de
contato direto e os de contato indireto. O primeiro grupo abrange os medidores nos
quais o elemento sensor está em contato direto com o material que se deseja medir a
temperatura, como o LM35 e os termômetros de maneira geral, já nos de contato
indireto isso não ocorre. São exemplos de medidores de contato indireto os pirômetros
(BUGALHO E DOS SANTOS, 2001).
2.6.4.1 Termoresistência
As termoresistências são sensores de temperatura baseadas na dependência entre a
resistência e a temperatura dos materiais. Quase todos os materiais condutores alteram
a resistência com a variação de suas temperaturas permitindo assim o seu emprego nos
sensores (BEGA, 2006).
São comumente chamados de bulbo de resistência e por suas condições de alta
estabilidade e repetibilidade, baixa contaminação, linearidade, menor influência de
ruídos e altíssima precisão, são muito usados nos processos industriais (VIANA,
1999).
A figura 12 ilustra o circuito de um termoresistor, que converte a sua variação de
resistência em leitura de temperatura e/ou sinal padronizado e garantindo que a
corrente no sensor seja adequada para que seu auto aquecimento seja desprezível
(BEGA, 2006).
Figura 12: Circuito da termoresistência Fonte: Viana, 1999
28
De acordo com Bega (2006) as termoresistências são ligadas a um circuito de medição
tipo Ponte de Wheatstone, balanceado quando é respeitada a relação R4.R2 = R3.R1 e
desta forma não circula corrente elétrica pelo detector de nulo, pois os potenciais nos
pontos A e B são idênticos.
2.6.4.2 Termopar
Um termopar consiste em dois condutores metálicos, de natureza distinta, na forma de
metais puros ou de ligas homogêneas, conforme mostra a figura 13. Os fios são ligados
em um extremo, ao qual se dá o nome de junta quente ou junta de medição. A outra
extremidade dos fios é levada ao instrumento de mdição de FEM (força eletromotriz),
fechando o circuito elétrico por onde passa a corrente. O ponto onde os fios que
formam o termopar se conectam ao instrumento de medição que é chamado de junta
fria ou referência (GONÇALVES, 2003).
Figura 13: Termopar Fonte: Gonçalves, 2003
O aquecimento da junção de dois metais gera uma força eletromotriz. Este princípio é
conhecido como efeito Seebeck, propiciou a utilização de termopares para a medição
de temperatura (GONÇALVES, 2003).
29
2.6.4.3 LM35
Foi utilizado neste trabalho um sensor LM35 como transdutor de entrada para a
medição de temperatura. O LM35 é um sensor de temperatura de precisão, cuja tensão
de saída é linearmente proporcional a temperatura em graus Celsius. O LM35 possui,
portanto uma grande vantagem em relação aos sensores de temperatura lineares
calibrados em Kelvin, visto que o usuário não necessita subtrair uma constante da
tensão da sua saída para obter respectiva escala Celsius, simplificando assim os
circuitos e lógicas. O LM35 não necessita de nenhuma calibração externa ou
reguladores para fornecer as exatidões típicas de + ¼ °C da temperatura do ambiente e
+ ¾ °C sobre a escala total de amplitude de temperatura que varia de –55° a +150°C
(NATIONAL SEMICONDUCTOR, 1994).
A figura 14 ilustra o sensor LM35:
Figura 14: Sensor LM 35 Fonte: disponível em http://www.cerne-tec.com.br/lm35.jpeg
De acordo com a National Semiconductor, o LM35 tem uma impedância de saída
baixa, a saída é linear, e a calibração inerente é exata, o que faz com que as interfaces
de leitura e de controle sejam simples. Este sensor é utilizado com fontes de
alimentação, positivas ou negativas. Como ele consome só 60 µA da fonte, possui
baixo auto-aquecimento, que é menor do que 0.1°C em ambiente de ar calmo. A
temperatura de trabalho do LM35 pode variar de -55 °C à +150°C.
30
2.7 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS
Os amplificadores operacionais são dispositivos versáteis e com uma enorme gama de
aplicações em toda a eletrônica, atualmente são encarados como componentes
fundamentais na construção de circuitos analógicos. Podem ser usados em amplificação,
controle e geração de ondas (BIRD, 2009).
As principais características dos amplificadores operacionais ideais são Impedância de
entrada infinita, impedância de saída nula, ganho de tensão infinito, resposta de
freqüência infinita e insensibilidade à temperatura (BIRD, 2009).
Os amplificadores operacionais são representados pelo símbolo mostrado na figura 15.
Figura 15: Símbolo de um amplificador operacional. Fonte: disponível em http://www.lsi.usp.br
Onde e1 representa a entrada inversora, e2 a entrada não inversora e eS a saída do
amplificador. As conexões da fonte de alimentação ficam invisíveis.
Segundo Bird (2009), os amplificadores operacionais são chamados dessa maneira
porque realizam uma operação matemática entre as tensões aplicadas nas suas entradas
e fornecem a tensão de saída, de acordo com a seguinte equação:
vs Aeee ⋅−= )( 12 (18)
Onde:
se = tensão de saída do amplificador;
2e = entrada não inversora;
1e = entrada inversora;
31
vA = ganho de tensão.
2.7.1 Circuitos com amplificadores operacionais
De acordo com Bird as principais configurações de circuitos com amplificadores
operacionais são: sem realimentação, com realimentação positiva e com realimentação
negativa. A configuração sem realimentação é utilizada principalmente em
comparadores e sua formatação básica é representada da seguinte forma:
Figura 16: Circuito sem realimentação Fonte: disponível em http://physika.info/physika/documents/ampop.pdf
Os circuitos com realimentação negativa podem ser usados como somadores,
subtratores, integradores, diferenciadores, filtros, amplificadores inversores e não
inversores (BIRD, 2009). Sua configuração básica é a seguinte:
Figura 17: Circuito com realimentação negativa Fonte: disponível em http://physika.info/physika/documents/ampop.pdf
32
Já os circuitos com realimentação positiva compõem basicamente os osciladores e sua
configuração básica é representada da seguinte forma:
Figura 18: Circuito com realimentação positiva Fonte: disponível em http://physika.info/physika/documents/ampop.pdf
Aqui o sinal é aplicado em um amplificador operacional não inversor e o sinal de saída
tem a mesma fase do sinal de entrada, com um ganho de ifv RRA /1+= . Assim o sinal
de saída é encontrado através da expressão vi AVV .0 = (BIRD, 2009).
Onde:
iV = tensão de saída do amplificador;
0V = entrada não inversora;
fR = entrada inversora;
iR = ganho de tensão;
vA = ganho de tensão.
Para amplificar o sinal do sensor LM35 foi utilizada esta configuração para que sua
saída continuasse com a mesma fase da entrada e com o ganho necessário para o sinal
do LM35 pudesse chegar até o controlador N1100.
33
2.8 TRANSISTORES
Os transistores dividem-se em duas classes principais: bipolares de junção (TBJ) e de
efeito de campo (FET). Também podem ser classificados de acordo com o material
semicondutor empregado – germânio ou silício – e com sua área de aplicação (BIRD,
2009).
Segundo Bird (2009) temos as seguintes equações para os transistores NPN:
Na região ativa:
BC II β= (19)
BC II ).1( β+= (20)
EC II β= (21)
VVV BEonBE 7,0=≅ (22)
CEsatCE VV > (23)
EC II .1+
=β
β
(24)
Na região de saturação:
BC II β< (25)
VVV BEonBE 7,0=≅ (26)
VVV CEsatCE 2,0=≅ (27)
Na região de corte:
0=== EBC III (28)
VVBE 7,0< (29)
Onde:
BI = corrente na base;
CI = corrente no coletor;
34
EI = corrente no emissor;
BEV = tensão entre a base e o emissor;
CEV = tensão entre o coletor e o emissor;
β = ganho do transistor.
2.8.1 Transistores bipolares de Junção (TBJ)
Os transistores bipolares são compostos por uma junção NPN ou PNP de silício ou de
germânio. Essas junções são produzidas em uma única pastilha de silício através da
difusão de impurezas por meio de máscara fotográfica. Comparando os transistores de
junção de silício com o germânio, os transistores de silício são superiores na maioria das
aplicações, com isto, os de germânio raramente são encontrados nos equipamentos
eletrônicos modernos (BIRD, 2009).
As estruturas de transistores NPN e PNP são mostradas na figura 19.
Figura 19: transistor bipolar NPN e PNP Fonte: disponível em http://www.simplemotor.com/tmotor.htm
35
2.8.2 Transistores de efeito de campo (FET)
Existem dois tipos básicos de transistores por efeito de campo: os de junção e os de
porta (gate) isolada. A junção JFET (transistores de junção por efeito de campo) é
efetivamente uma junção PN inversamente polarizada. Já os IGFET (transistores de
junção por efeito de campo de porta isolada) está isolado do canal e acoplado
capacitivamente a ele. Convencionalmente chamamos os FET de junção ou JFET
(BIRD, 2009).
Segundo John Bird (2009, p.99):
Os transistores de efeito de campo de junção são compostos por um canal de
material tipo n ou tipo p envolvido por material semicondutor de polaridade
oposta. As extremidades do canal formam eletrodos chamados de fonte de
dreno. A largura efetiva do canal onde se dá a condução é controlada por
uma carga colocada no terceiro eletrodo (porta ou gate). A resistência efetiva
entre a fonte e o dreno é, portanto determinada pela tensão presente na porta.
Comparados aos transistores bipolares, os JFETs apresentam resistência de entrada
muito mais alta, são relativamente imunes à radiação, apresentam menor ruído e
estabilidade térmica (BIRD, 2009).
2.8.3 Configuração Darlington
Uma das principais restrições dos transistores bipolares de potência é o pequeno ganho
de corrente (muitas vezes inferior a 20) e necessitam de correntes elevadas na base para
condução. O transistor Darlington possui dois transistores NPN em um único
encapsulamento de acordo com a figura 20.
36
Figura 20: Configuração Darlington Fonte: disponível em http://www.tecmos.com.br
Nesta configuração o valor de hfeé alto, a corrente de base é baixa, mas suficiente para
levar o transístor a condução. A corrente de base do transistor 2Q que regula a corrente
de coloetor 2CI , é a corrente de emissor do transistor 1Q .
BBBCC IIIIII 1211212 )( βββββ =+=+= (30)
Assim o ganho deste transistor é o produto dos ganhos dos dois transistores.
Este transistor possui uma má estabilidade com a temperatura devido a amplificação da
corrente de fuga entre 1Q e 2Q . Para solucionar este inorportuno são inseridas
resistências de estabilização de pequeno valor. As pontências dissipadas por estas
resistências são pequenas, pois suas tensões são de baixo valor (BIRD, 2009).
Neste trabalho utilizamos o transistor Darlington TIP-122 por possuir as caracteristicas
descritas anteriormente. Este transistor possui um baixo custo. Com ele temos uma faixa
de trabalho maior na corrente de coletor CI que pode chegar até 5A e na tensão entre
coletor e emissor que pode chegar até 100V.
37
Figura 21: Encapsulamento do Darlington Fonte: disponível em http://www.datasheetcatalog.com
2.9 PLACA DE AQUISIÇÃO
Foi utilizado neste trabalho a placa de aquisição de dados PCI-6251 que é
multifuncional e possui alta velocidade de aquisição de dados, maior precisão e altas
taxas de amostragem (NATIONAL INSTRUMENTS,2008 ).
Figura 22: Placa PCI-6251 Fonte: disponível em http://sine.ni.com/ds/app/doc/p/id/ds-22/lang/en
Para conectar o sinal da planta na placa PCI-6265 utilizamos a placa CB-68LP. Está
placa CB-68LP é um módulo de E/S para conectar o meio físico na placa PCI-6265
(NATIONAL INSTRUMENTS, 2008).
38
Figura 23: Placa CB-68LP Fonte: disponível em http://sine.ni.com/nips/cds/view/p/lang/en/nid/1187#
2.10 LABVIEW
LabView uma linguagem de programação gráfica que utiliza ícones, em vez de linhas
de texto, para criar aplicações. O LabView utiliza programação baseada em fluxo de
dados, onde o fluxo dos dados determina a execução. Nele é construída uma interface de
usuário, utilizando um conjunto de ferramentas e objetos. Esta interface é conhecida
como Painel frontal. Neste painel é adicionado códigos utilizando representações
gráficas de funções para controlar os objetos do painel frontal. O diagrama de bloco
contém esse código. Esse diagrama assemelha a um fluxograma (NATIONAL
INSTRUMENTS, 2001).
No LabView é possível criar aplicações, como por exemplo, medição, aquisição de
dados, controle de instrumento e registro de dados. Para realizar uma aquisição de dado
em tempo real através de sensores que são interligados a computadores onde esses
sinais são recebidos, interpretados e registrados, mas também podem condicionar
diversas ações, como por exemplo, gerar um alarme ou tomar uma medida de controle
(NATIONAL INSTRUMENTS, 2001).
39
Figura 24: Esquema da ligação para aquisição dos dados Fonte: disponível em http://www.ni.com/pdf/manuals/371022k.pdf
Figura 25: Bloco de aquisição de dados
2.11 PROJETO DE CONTROLADORES
Através da função de transferência em malha aberta do processo é possível estimar os
parâmetros que serão utilizados no controlador. Existem diversos critérios para se fazer
essa estimativa, como o , Ziegler Nichols, IAE, o ITAE, o de Síntese Direta, entre
outros (OGATA, 2001).
De acordo com Ogata quando se tem um modelo matemático do processo, é possível
aplicar várias técnicas visando à determinação dos parâmetros do controlador que
atendam às especificações de regime transitório e estacionário do sistema a malha
fechada. Para os casos em que o processo é muito complexo e seu modelo matemático
não possa ser obtido, então a abordagem analítica para se projetar um controlador PID
deixa de ser viável. Neste caso deve-se utilizar técnicas experimentais de sintonia do
40
PID. O processo da seleção dos parâmetros do controlador que garantam uma dada
especificação de desempenho é conhecido como sintonia do controlador (OGATA,
2001).
2.11.1 Síntese Direta
O método da Síntese Direta busca a função de transferência de malha fechada para
impor a resposta de malha fechada. Ao especificar a resposta desejada, é necessário
verificar se o controlador resultante é realizável, ou seja, se não possui um tempo morto
positivo ou termos de diferenciação pura com mais zeros que pólos na função de
transferência (RIBEIRO, 2003).
A partir dos modelos padrões de plantas representadas na figura 26, obtêm-se a sintonia
dos controladores. No caso, as plantas de primeira ordem com ou sem tempo morto,
admitem apenas sintonia PI. Plantas de segunda ordem com ou sem tempo morto,
admitem apenas sintonia PID (RIBEIRO, 2003).
Figura 26: Sintonia PID da Síntese Direta Fonte: Ribeiro, 2003
41
2.11.2 Controladores analógicos
Os controladores analógicos trabalham com sinais contínuos no tempo. A variável de
processo é medida através de um sensor que converte a grandeza física em geral em um
sinal elétrico, pneumático ou mecânico, este sinal é comparado com uma referência de
mesma grandeza. A diferença entre os dois sinais é então aplicada a um controlador que
nada mais é que um sistema elétrico, pneumático ou mecânico que irá gerar um sinal
contínuo a ser aplicado na entrada da planta a ser controlada (RIBEIRO, 2003).
Um controlador analógico pode ser visto também como um filtro analógico. Sua
implementação se dá então a partir de uma função de transferência. Assim, por
exemplo, este filtro pode ser realizado sob a forma de um circuito eletrônico cuja
característica entrada-saída corresponde à função de transferência que o controlador
deve apresentar a fim de satisfazer certas especificações de controle (RIBEIRO, 2003).
2.11.2 Controladores digitais
O controle digital de um processo envolve então o que chamamos de processo
de amostragem. O sinal de saída (ou de erro) é amostrado periodicamente com um
período (T). O sinal amostrado (analógico) passa então por um conversor
analógico/digital (A/D) onde é quantizado e transformado em um sinal numérico
(palavra de n bits). Este sinal digital é lido por um microprocessador (ou
microcontrolador) que vai então realizar operações numéricas com este sinal e gerar
uma outra palavra de n bits correspondente à ação de controle que deverá ser aplicada
sobre a planta no próximo instante de amostragem. Este sinal numérico é então
convertido novamente em um sinal analógico por um conversor digital-analógico (D/A)
que disponibilizará, no próximo clock de amostragem, um sinal constante de tensão.
Desta forma, entre dois instantes de amostragem, o sinal efetivamente aplicado pela
planta é um sinal contínuo de amplitude fixa (RIBEIRO, 2003).
42
2.12 MÉTODO DO LUGAR DAS RAÍZES
Segundo Dorf o método do Lugar Geomátrico das Raízes permite determinar os pólos
da função de transferência de malha aberta, em função do ganho do sistema. O Lugar
Geométrico das Raízes se tornou uma ferramenta auxiliar ao desenvolvimento de
projeto de sistemas de controle.
Com este método é possível saber como os pólos e zeros em malha aberta devem ser
modificados para que a resposta atenda a certas especificações de desempenho de um
sistema. Porém esse é apenhas um, entre muitos outros recursos oferecidos na aplicação
deste método (DORF, 2001, p.262).
Conforme este método podemos dizer que um processo é estável se somente todos os
pólos estiverem situados no semiplano esquerdo do plano s.
2.13 DIAGRAMA DE BODE
O Diagrama de Bode ou gráfico logarítmico é representado por dois gráficos separados,
um representando o valor do módulo (magnitude) e a fase (em graus) da função de
transferência versus o valor da freqüência (rad/s). Verifica-se assim que, para sistemas
lineares e em função do princípio da superposição, estudando-se a resposta para cada
frequência individual, pode-se prever o comportamento para excitações mais complexas
(OGATA, 2001).
O primeiro gráfico corresponde ao módulo que tem a frequência angular (w) no eixo
horizontal em escala logarítmica, e o módulo no eixo vertical em escala linear, portanto
é um gráfico monolog. A escala normalmente utilizada no módulo é o decibel (dB), que
é logarítmica, então, esse gráfico pode na realidade ser interpretado como um diagrama
tipo log/log. O segundo gráfico representa a frequência angular na horizontal, também
em escala logarítmica, e a fase na vertical em escala linear em graus (OGATA, 2001).
O Diagrama de Bode é uma técnica de utilização de gráficos logarítmicos, para observar
a resposta da função de transferência em função da variação da frequência.
43
2.14 MATLAB
O Matlab (acrônimo de MATrix LABoratory) é um software computacional conhecido
mundialmente como uma excelente ferramenta para soluções de problemas
matemáticos, científicos e tecnológicos, que possuí comandos muito próximos da forma
como escrevemos as expressões matemáticas, podem ser usado como prancheta de
rascunhos para avaliar expressões digitadas nas linhas de comando, ou para executar
programas grandes previamente escritos, pois ele possuí um ambiente de
desenvolvimento integrado embutido, um depurador de informações (FILHO, 2001).
No início o Matlab era apenas um software para operações matemáticas sobre matrizes,
mas ao longo dos anos transformou-se em um sistema computacional flexível capaz
desenvolver essencialmente qualquer problema técnico (FILHO, 2001).
A grande vantagem que o MATLAB possui em relação à outras linguagens como, por
exemplo, o C e o Fortran consiste no fato de que no MATLAB as informações são
facilmente armazenáveis em matrizes o que proporciona uma fácil e rápida manipulação
de uma grande quantidade de informações. Além disso, o MATLAB possui uma grande
quantidade de bibliotecas auxiliares (“Toolboxes”), ou pacote de programas
relacionados a várias áreas de pesquisa, particularmente relacionadas à engenharia
(MIRANDA, 2007).
Essas bibliotecas auxiliares ou pacotes de programas são adquiridos separadamente e
englobam, entre outras, as seguintes áreas processamento de sinais, processamento de
imagens, controle, wavelets, redes neuronais, lógica fuzzy, estatística, otimização,
identificação de sistemas, operações simbólicas e o simulink (pacote de simulação por
diagrama de blocos) (GAGY, 2008).
44
3 DESENVOLVIMENTO DE UMA PLANTA DIDÁTICA PARA CONTR OLE
DE TEMPERATURA
Propõe-se a construção do sistema de controle de temperatura mostrado na figura 27.
Para tal foi confeccionada uma caixa de madeira que possui dimensões de 46x33x16 cm
onde foi conectado um tubo de acrílico com 31 cm de comprimento e 6 cm de diâmetro.
O kit proposto possui ainda um controlador digital, um amplificador para o sinal do
sensor LM35, um drive para manipular a tensão sobre os resistores de potência e quatro
plugues para entrada da alimentação dos componentes elétrico/eletrônicos. No interior
do tubo foram inseridos dois resistores de potência de 22 ohms ligados em paralelo, um
sensor de temperatura (LM35) e um cooler acoplado a uma das extremidades. Foi
utilizado o resistor de 22 ohms porque ele se encaixava perfeitamente no tubo de
acrílico.
Figura 27: Esquemático do sistema
A figura 28 a seguir ilustra a implementação do kit educacional proposto com seus
componentes, o controlador digital N1100 da Novus Automation, o tubo de acrílico, o
cooler e as entradas 0V, 12V e 24V.
45
Figura 28: Montagem do kit educacional. As placas dos drives estão na parte de trás do kit.
3.1 MODELO MATEMÁTICO DO SISTEMA
Neste caso é possível aplicar a primeira lei da termodinâmica para volume de controle.
Para o desenvolvimento de um modelo simplificado devem-se considerar algumas
hipóteses:
• O diâmetro do tubo de acrílico é constante;
• O tubo está na horizontal;
• Não há troca de calor entre o tubo e o ambiente (tubo adiabático);
Pela primeira lei da termodinâmica para volume de controle tem-se:
)2
()2
(2
.
2
..... ss
ssee
eecvcv gzv
hmgzv
hmWQdt
dEvc ++−+++−=••••
(31)
Levando em consideração que o tubo é adiabático o calor transferido por unidade de
tempo ao volume de controle é igual a zero. Além disso, assumindo que a velocidade de
entrada é igual à de saída eliminamos os termos que envolvem as velocidades de entrada
46
e saída. Da mesma forma devido ao fato de o tubo estar perfeitamente na horizontal não
haverá variação das cotas verticais de entrada e saída. Portanto chega-se a seguinte
equação:
)(... secv hhmWdt
dEvc −+−=••
(32)
Pela equação de difusão de calor é possível afirmar que:
dt
dTc
dt
dEvcvρ= (33)
Onde:
ρ = massa específica do fluido (ar);
vc = calor específico a volume constante;
T = Temperatura interna do sistema;
Pode-se ainda afirmar que:
2.. RIW cv =
• (34)
Substituindo a equação 18 e 17 em 16 temos:
v
se
c
hhmRI
dt
dT
ρ)(.2 −+
=•
(35)
47
É possível obter ainda um modelo simplificado do sistema, considerando regime
permanente, nesse caso a taxa de variação da energia total dentro do volume de controle
é nula. Então:
)(.2es hhmRI −=
• (36)
Considerando o modelo de gás ideal e calor específico constante, tem-se que:
)( espes TTchh −=− (37)
pc = calor especifico a pressão constante;
eT = temperatura de entrada;
sT = temperatura de saída;
Portanto:
p
es
cm
RITT •+=
2
(38)
3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
Este sistema funcionará da seguinte forma: o cooler será um exaustor de ar do ambiente
para o interior do tubo, onde foram instalados dois resistores de potência que terão a
função de aquecer o ar. O controlador manipulará a tensão sobre os resistores para
controlar a temperatura. O sensor realimentará o controlador informando o valor da
temperatura atual. Nesse instante ocorre à comparação com o valor desejado (set point)
e o valor real, caso seja necessário o controlador atua novamente na tensão que alimenta
os resistores.
48
O sistema possui as seguintes variáveis:
• Ti: Temperatura do ar ambiente;
• T0: Temperatura de saída do ar;
• MV: Tensão sobre as resistências;
• PV: Temperatura do ar no interior do tubo;
3.3 CIRCUITO PARA AMPLIFICAR O SINAL DO LM35
A figura 29 a seguir representa o circuito de um amplificador não inversor, onde a
tensão de entrada (saída do LM35) é aplicada no terminal não inversor do amplificador.
Isso produz uma saída 0V em fase com a entrada. A realimentação negativa é obtida ao
se realimentar o terminal inversor, com a fração de 0V que aparece através de iR no
divisor de tensão formado por fR e iR através de 0V . Determinamos o ganho deste
amplificador com a expressão.
ifv RRA /1+= (39)
2700/270001+=vA
11=vA
Em posse deste ganho encontramos o valor da saída 0V , através da expressão:
vi AVV .0 = (40)
Foi utilizado este amplificador para adequar a leitura do sensor para a faixa de 0 a 10V.
49
Figura 29: Amplificador do sinal do LM35
3.4 DRIVE PARA MANIPULAR A TENSÃO NOS RESISTORES DE POTÊNCIA
O circuito da figura 30 tem o objetivo de manipular a tensão sobre os resistores de 22
ohms para ser a fonte geradora de calor. Com a tensão sobre os resistores podemos
encontrar a corrente no coletor (cI ), que pode ser obtida pela divisão da tensão aplicada
nos dois resistores em paralelo.
11
24
22//22
24 ==Ic
AIc 18,2=
Sabemos que para manipular a tensão sobre os resistores devemos alterar a corrente na
base do transistor, então, foi colocada uma resistência de 1700 ohms para limitar essa
corrente. Essa resistência foi encontrada em função das equações:
AIb 00218,01000
18,2 == e Ω=−= 170000218,0
4,15Rb
O resistor de 250 ohms é para assegurar zero na base do transistor quando a tensão na
entrada for 0V e transformar a corrente que vem do controlador de 0 a 20mA em tensão.
Este resistor encontra-se conectado na saída do controlador. Comercialmente não existe
resistor de 250 ohms, então, colocamos três resistores em série, sendo dois de 120 ohms
e um de 10 ohms.
50
Figura 30: Drive para manipular a tensão nos resistores de potência
Inicialmente também foi utilizado um transistor BJT convencional, porém sua alta
impedância de entrada estava consumindo boa parte da tensão fornecida na saída do
controlador, e a MV que era pra variar de 0 a 5V estava variando apenas de 0 a 2,5V,
conseqüentemente a tensão nos resistores de potência atingia no máximo 12V, perdendo
assim boa parte da potência fornecida aos mesmos. Para solucionar este problema foi
necessária a utilização do transistor tipo Darlington.
Com o transistor Darlington foi possível variar a MV de 0 a 5V e fornecer a máxima
tensão (24V) aos resistores e a conseqüente dissipação máxima de calor, porém com
essa configuração o transistor satura com a MV em 60%, fato este que não impede o
funcionamento do sistema, já que o controlador pode ser configurado para trabalhar
somente dentro desta faixa.
3.5 CONTROLADOR
O kit possui o controlador digital universal modelo N1100, da Novus Automation.
Esse controlador foi escolhido porque era o único existente no laboratório de automação
da UCL – Faculdade do Centro Leste. O N1100 possui características que não foram
51
utilizadas neste trabalho, porém permite melhorias no sistema, como por exemplo, a
entrada para setpoint remoto.
3.5.1 Características e Especificações do Controlador Novus N1100
O Novus N1100 é um controlador digital de características universais, aceita a maioria
dos sensores e sinais utilizados na indústria e proporciona praticamente todos os tipos
de saída necessários à atuação nos mais diversos processos (NOVUS AUTOMATION,
2011).
Sua configuração é toda realizada através do teclado, ou seja, a seleção do tipo de
entrada e de saída, além de outras funções especiais, são todas acessadas e programadas
via teclado frontal, sem nenhuma alteração no circuito.
Figura 31: Controlador N1100 Fonte: Datasheet do controlador N1100
Características utilizadas neste trabalho foram:
• Seleção da entrada de 0-5 Vdc (código 18 da seleção de entradas do datasheet);
• Configuração de saída de controle analógica 0 a 20mA (código 11 da seleção de
saídas do datasheet);
• Saídas de controle do tipo relé, 4-20 mA e pulso, todas disponíveis;
52
3.6 TESTES DOS CIRCUITOS NO PROTOBOARD
Foram montados os circuitos eletrônicos (circuito para amplificar o sinal do LM35 e
drive que manipula a tensão sobre os resistores) numa matriz de contato (protoboard)
para realizar os testes necessários para o funcionamento do kit.
Foram interligados os circuitos que amplifica o sinal do LM35 com o controlador
Novus N1100 e este com o drive que manipula a tensão sobre o resistor de potência.
Todos os circuitos funcionaram corretamente.
O transistor aqueceu um pouco, então para reduzir este aquecimento foi inserido um
dissipador de calor no transistor e um ventilador (cooler) para melhorar a refrigeração
do mesmo.
Para aumentar a faixa de operação foi reduzida a tensão do exaustor (cooler) de 24V
para 12V e elevada a tensão sobre os resistores de potência de 12V para 24V.
O circuito completo é apresentado na figura 32.
Figura 32: Diagrama unifilar do Kit
O controlador Novus N1100 tem sua alimentação (127V) nos pinos 5 e 6, a entrada
positiva do sensor LM35 é no pino 8 e no pino 9 é a entrada negativa. A saída do
controlador são os pinos 1 (negativo) e 2 (positivo), que foi configurada para variar de 0
a 20mA. Para poder trabalhar com sinal de tensão na entrada do drive das resistências
53
foi colocado uma resistência de 250 ohms em paralelo com a saída do controlador,
sendo assim possível obter de 0 a 5V.
No Diagrama unifilar, figura 32, também há mais dois sensores que podem ser
utilizados para o controle de temperatura, permitindo a variação da função de
transferência do processo. Nesse trabalho será utilizado somente o primeiro sensor. Para
utilizar os demais sensores devem-se efetuar as suas conexões no amplificador
conforme a sequência das cores na figura 32 no mesmo local que o primeiro sensor se
encontra, por exemplo, conforme a figura 32 o sensor 1 está ligado no amplificador
seguindo a sequência das cores preto, verde e amarelo. Para ligar o sensor 2 no
amplificar tem que seguir as cores vermelho, preto e cinza.
Com os resultados obtidos foram confeccionadas duas placas de circuito impresso
conforme as figuras 33 e 34.
Figura 33: Amplificador do LM35
Figura 34: Drive que manipula a tensão nos resistores
54
3.7 AQUISIÇÃO DE DADOS DO PROCESSO
Através da placa PCI-6251, do módulo de E/S CB-68LP e do LabView foi realizada a
aquisição através do Diagrama de Bloco chamado “DAQ Assistante. Este bloco foi
configurado como entrada analógica e foi selecionada a leitura em tensão para a
variável de processo (PV - sensor) e para variável manipulada (MV - tensão sobre as
resistências de potência). Foram criadas duas variáveis com os nomes MV e PV. Depois
deste passo foi configurado o acesso aos pinos físicos do dispositivo (ai0 e ai1). O
período de amostragem foi de 0,1s. Com esses dados definidos foi possível realizar as
ligações físicas no diagrama de conexão da placa CB-68LP. Foram escolhidos os pinos
63 e 33 para PV e 64 e 34 para MV.
Figura 35: Exemplo do Diagrama de conexão
Após a realização desta seqüência o controlador foi colocado em manual. Foi realizado
um degrau na variável manipulada e colhida a resposta da planta, conforme mostra a
figura 36.
55
Figura 36: Interface gráfica da aquisição dos dados
O degrau na variável manipulada foi de 10%, o que estabeleceu uma faixa de operação
de 37 0C a 44 0C.
Lembrando que é necessário aguardar a estabilização do processo para realizar outra
manipulação. Os dados coletados foram salvos em um arquivo no formato .xls (Excel)
com a taxa de amostragem de 0.1s num total de 16200 amostras.
Figura 37: Exemplo dos dados aquisitados no Excel
56
3.8 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO PROCESSO
Após a aquisição dos dados do processo é necessário obter uma função que o represente
matematicamente. Para isso foi utilizado o comando “ ident” do MATLAB, que permite
essa identificação utilizando os dados provenientes da aquisição.
Figura 38 Ferramenta “Ident” do MATLAB
Nesse momento é necessário inserir os dados aquisitados na Ferramenta “Ident” do
Matlab através da opção “Time Domain Signal” e informar em qual coluna encontra-se
a PV e a MV, o nome do processo e o tempo de amostragem.
57
Figura 39: Configuração do “Time Domain Signal”
Após importar os dados é possível vizualizá-los na própria ferramenta de identificação,
como mostra a figura 40.
Figura 40: Variável de processo e variável manipulada, respectivamente.
Em seguida aplica-se uma remoção da média e um filtro para reduzir os ruídos, que
foram observados principamente em alta frequência. Foi aplicado a remoção da média
para que o processo aponte para onde mais se concentram os dados, a média é calculada
através da combinação de valores de um conjunto de um modo específico e gerando um
valor, a média do conjunto. Após todas essas etapas, tem-se uma aproximação dos
dados colhidos na planta pela placa de aquisição com uma curva simulada, que
58
representa o modelo real. No presente trabalho essa aproximação tem 93,05% de
precisão através de um modelo de a1 ordem sem tempo morto.
Figura 41: Aproximação do modelo medido com o simulado.
O modelo dado pela curva acima ilustrada pode ser representada pela equação mostrada
pela figura a seguir, também fornecida pela ferramenta ident, e será considerada a
função de transferência em malha aberta do processo:
Figura 42: Função de transferência do processo.
59
Portanto a função de transferência do processo é dada pela seguinte equação:
1844,961888,1
)(+
=s
sG (41)
Onde:
Kp = ganho do processo = 1,1888;
σ = constante de tempo do processo = 96,844
A figura a seguir ilustra a resposta do processo ao degrau:
Figura 43: resposta do processo ao degrau
60
3.8.1 Análise do lugar das raízes
A função de transferência do processo apresentou o seguinte diagrama do lugar das
raízes (root locus).
Figura 44: Lugar das raízes do processo
Conforme o critério de estabilidade do lugar das raízes um sistema é estável se somente
todos os pólos estiverem situados no semiplano esquerdo do plano s. É possível
observar que o sistema é estável, já que possui apenas um único pólo e este está
localizado no semiplano esquerdo do plano s.
3.8.2 Diagrama de Bode
De acordo com Ogata (2001) quanto mais próximo o lugar geométrico )( ωjG estiver
de envolver o ponto Ο+− j1 , mais oscilatória será a resposta do sistema. A
proximidade do lugar geométrico )( ωjG do ponto Ο+− j1 pode ser usada como uma
medida da margem de estabilidade. À medida que o ganho diminui para certo valor, o
61
lugar geométrico de )( ωjG passa pelo ponto Ο+− j1 . Isto significa que, com este
valor de ganho, o sistema está no limiar de instabilidade e exibirá oscilações mantidas.
Para um valor menor do ganho K, o sistema é estável. E para um valor grande do ganho
K, o sistema é instável (OGATA, 2001).
Segundo Ogata (2001, p.446)
A margem de fase é o atraso de fase adicional na freqüência de cruzamento
do ganho, necessário para levar o sistema ao limiar de instabilidade. A
freqüência de cruzamento do ganho é a freqüência na qual )( ωjG , é o
modo da função de transferência em malha aberta, é unitário. A margem de
fase γ é 180º mais o ângulo de fase φ da função de transferência a malha
aberta na freqüência de cruzamento do ganho, ou seja,
θγ += º180 (42)
Ainda segundo Ogata (2001, p.446)
A margem de ganho é o recíproco do módulo )( ωjG
na freqüência onde
o ângulo de fase é -180º. Definindo-se a freqüência de cruzamento de fase
1ω como a freqüência na qual o ângulo de fase da função de transferência a
malha aberta é igual a -180º, resulta a margem de ganho Kg:
)(
1
ωjGKg =
(43)
Em termos de decibéis
)(log20log20 ωjGKgKgdB −== (44)
A margem de ganho expressa em decibéis será positiva de gK for maior do que a
unidade e negativa se gK for menor que a unidade. Portanto, uma margem de ganho
positiva (em decibéis) significa que o sistema é estável, e uma margem de ganho
negativa (em decibéis) significa que o sistema é instável.
62
Conforme a figura 45 a margem de ganho tende ao infinito, pois este processo é de
primeira ordem e sua fase esta ente 0º e -90º. Portanto conforme o critério de
estabilidade de Bode este processo é estável. Também podemos afirmar que para
qualquer frequência este processo é estável.
Figura 45: digrama de Bode do processo
3.9 PROJETO DO CONTROLADOR ATRAVÉS DA FERRAMENTA SISOTOOL DO
MATLAB
Para levantar os dados do controlador P + I que será utilizado foi encontrado esses
valores através do Método do Modelo Interno pela Ferramenta do Sisotool do Matlab e
Síntese Direta.
3.9.1. Projeto Através da Ferramenta Sisotool do Matlab
63
Para estimar os parâmetros do controlador a princípio foi utilizada a ferramenta sisotool
do MATLAB, que possui a interface da figura 46.
Figura 46: Interface da ferramenta sisotool do MATLAB.
A ferramenta importa a função de transferência do MATLAB e em seguida necessita
que o usuário informe a arquitetura de controle utilizada, dentre várias opções. No caso
do presente trabalho a arquitetura mais adequada foi a mostrada na figura a seguir, onde
F vale 1, assim como H. Gp representa a função de transferência do processo e C o
controlador. Conforme ilustra a figura 47.
64
Figura 47: Seleção da arquitetura de controle.
A ferramenta estima os parâmetros do controlador através da informação do algoritmo
de controle, através da seleção da opção Método do Modelo Interno (Internal Model
Control-IMC) Tuning. Conforme ilustra a figura 48.
Figura 48: Parâmetros do controlador Método do Modelo Interno (IMC) Tuning
65
O controlador proposto pelo sisotool foi um P+I, já que este algoritmo considera a
parcela derivativa nula quando o processo a ser controlado é de 1ª ordem, e pode ser
representado pelas seguintes funções de transferências:
)197
(044402,0)(s
ssC
+⋅= (42)
A equação padrão do controlador P+I série é a seguinte:
+→
+Tis
TisKc
TisKc
111 (43)
E pode ser reescrita da seguinte forma:
+s
Tis
Ti
Kc 1 (44)
Portanto:
044402,0=Ti
Kc
97=Ti
306994,4=Kc
3.9.2 Método de Síntese Direta
Foi feito também o projeto do controlador pelo método de síntese direta, primeiramente
adotando a constante de tempo do controlador duas vezes menor que a do processo e,
em seguida, dez vezes menor.
Como a função de transferência do processo é dada por:
1844,96
1888,1)(
+=
ssG (45)
E de acordo com o método de síntese direta o valor do ganho do controlador é dado por:
( ) pc
pc K
Kθτ
τ+
= (46)
66
Se adotarmos que a constante de tempo do controlador é duas vezes menor que a do
processo tem-se que:
( ) 1888,1*0422,48
844,96
+=cK (47)
Portanto:
7,1=cK
De acordo com este mesmo método:
pi ττ = (48)
Então:
844,96=iτ
Em seguida foi realizado também um projeto considerando a constante de tempo do
controlador dez vezes menor que a do processo. Dessa forma o ganho proporcional do
controlador é dado por:
( ) 1888,1*06844,9
844,96
+=cK (49)
Portanto:
4,8=cK
E:
844,96=iτ
3.9.3 Parametrização do controlador NOVUS N1100
Com posse dos valores de cK e iτ é possível definir os valores a serem ajustados no
controlador. Como o controlador NOVUS trabalha com banda proporcional (bP ) com
ajuste percentual e em taxa integral (x ) com repetições por minuto tem-se que:
67
cb K
P100
= (50)
E para se obter a taxa integral a ser configurada no controlador deve-se fazer a seguinte
regra de três simples:
x
sTi
−−
60
1 Assim iT
x60= (51)
Portanto, foi inserido no controlador os valores encontrados através do Método do
Modelo Interno e Síntese Direta.
Para o Método do Modelo Interno temos:
2,23004402,0
100100===
cb K
P
6,097
6060 ===iT
x
Para o Método de Síntese Direta temos:
2/pc ττ =
8,587,1
100100===
cb K
P
6,097
6060 ===iT
x
10/pc ττ =
9,114,8
100100===
cb K
P
6,097
6060 ===iT
x
68
4 RESULTADOS
Para realizar a análise do sistema com os controladores projetados foi feita uma
simulação com a ferramenta simulink do MATLAB utilizando os valores de Kc e Ti . A
seguir são mostrados os resultados das simulações realizadas no decorrer do trabalho.
Figura 49: Simulação do sistema no simulink
Resultado da resposta do controlador encontrado através da ferramenta sisotool do
MATLAB utilizando o Método do Modelo Interno (Internal Model Control-IMC)
Tuning. Conforme ilustra a figura 50.
Figura 50: resposta com o controlador calculado pelo sisotool - (IMC) Tuning
69
Na figura 51 pode-se observar o resultado obtido com o método de síntese direta com o
controlador duas vezes mais rápido que o processo:
Figura 51: simulação com o método síntese direta com 2/pc ττ =
Em seguida o resultado encontrado com a constante de tempo do controlador dez vezes
menor que a do processo. Conforme ilustra a figura 52.
Figura 52: simulação com o método síntese direta com 10/pc ττ =
70
É possível então ser feita uma comparação entre os métodos de projeto de controladores
escolhidos com suas respectivas respostas. Conforme ilustra a figura 53.
Figura 53: comparativo teórico entre os métodos
Após realizada a simulação no Matlab foi feita a implementação prática com os ganhos
do controlador calculados. A seguir são mostrados os resultados da resposta real do
sistema para o método do Modelo Interno, Síntese direta com a constante de tempo duas
vezes mais rápida que o processo e com a constante de tempo dez vezes mais rápida que
o processo.
71
Figura 54: Resposta do sistema – Método IMC
Figura 55: Resposta do sistema – Método Síntese Direta 2/pc ττ =
72
Figura 56: Resposta do sistema – Método Síntese Direta 10/pc ττ =
73
5 CONCLUSÕES
Através das simulações utilizando a ferramenta simulink do MATLAB foi verificado
que o controlador encontrado com o Método da Síntese Direta com a constante de
tempo do controlador dez vezes mais rápida que a do processo estabiliza em
aproximadamente 50s, sendo mais rápido que os demais controladores projetados. A
figura 53 ilustra este resultado.
Através dos resultados da resposta real do sistema utilizando os valores dos
controladores encontrados através do Método do Modelo Interno e Síntese Direta
tiramos as seguintes conclusões:
Com o resultado do Método do Modelo Interno é possível observar que a variável de
processo atinge o set point em aproximadamente 100 segundos, conforme ilustra a
figura 50, exatamente como na simulação, ver figura 54, porém ela não estabiliza
completamente nesse período.
Com o resultado do Método Síntese Direta com os valores da constante de tempo do
controlador duas vezes mais rápida que a constante de tempo do processo foi verificado
que com esses valores de ganho, teoricamente a PV deveria estabilizar-se
completamente em aproximadamente 250s. Conformes as figura 51 e 55 é possível
observar que isso ocorre na prática.
Para o caso da constante de tempo do controlador dez vezes mais rápida que a constante
de tempo do processo teoricamente a PV deveria estabilizar completamente em 50s,
conforme a figura 52, porém na prática o transistor satura logo após o degrau, o que
retarda a estabilização do sistema, a figura 56 ilustra este fato.
É possível concluir que a resposta real do sistema foi bastante parecida com a simulação
teórica. Deve-se levar em consideração, entretanto, que a precisão da função de
transferência é de 93%, o que pode ocasionar algumas discrepâncias entre teoria e
prática, além de pequenas interferências no sistema, visto que ele é bastante sensível.
Porém nada que comprometa o funcionamento do sistema.
Foi possível alcançar todos os objetivos explicitados na introdução deste trabalho, e seu
resultado final na visão da dupla foi um sucesso. É possível, porém, propor algumas
melhorias no processo, além de novos testes. Poderá ser feito o levantamento da função
74
de transferência do processo e projeto dos parâmetros do controlador com os outros
sensores que o kit possui e comparar os resultados.
Outra melhoria seria a indicação real da temperatura no display do controlador, através
de alterações no drive do LM35, além disso, é possível a utilização deste Kit através de
sistema supervisório, onde o operador seja capaz de manipular a as variáveis
remotamente e visualizar como o processo de comporta.
Portanto, como foi possível observar, o projeto apresentado permitirá aos alunos da
UCL – Faculdade do Centro Leste a visualização de algumas aplicações da teoria de
controle, a comparação de diversas técnicas de projeto e sintonia de controladores, bem
como da utilização dos conhecimentos dos alunos para projetos futuros de novas
implementações.
75
REFERÊNCIAS
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76
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77
ANEXOS
ANEXO A – CIRCUITOS ELETRÔNICOS CONFECCIONADOS Circuito 1 – Amplificador do LM35
Circuito 2 – Drive de manipulação da tensão sobre os resistores
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ANEXO B – DATASHEET DO SENSOR LM35
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ANEXO C – DATASHEET DO CONTROLADOR NOVUS N1100
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