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Departamento de Engenharia Mecânica DESENVOLVIMENTO DE APARATO ACESSÓRIO PARA ANESTESIA PERIDURAL E PUNÇÃO LOMBAR Alunos: Raphael Curvello Pizzaia e Guilherme Eduardo Orientadores: Djenane Cordeiro Pamplona Hans Ingo Weber Introdução A anestesia é usada em uma ampla gama de campos da medicina tradicional e odontologia. O bloqueio do nervo epidural é comumente usado em procedimentos na parte inferior do abdomen. Vem sendo usado há décadas, com uma expectativa de falha de 6% para 25% [1]. As consequências do erro variam de dores de cabeça a uma possível paralisia respiratória e, em alguns casos, a morte do paciente [1,2]. Os procedimentos de aplicação de anestesia peridural e o procedimento de punção lombar são semelhantes. Estratégias para redução de tais falhas em ambos procedimentos exigem tempo e prática apropriada. Para a proficiência no bloqueio do nervo epidural é importante evitar ou reduzir a taxa de acidentes clínicos causados aos pacientes, através de um alto número de tentativas para adquirir proficiência. O médico iniciante geralmente obtém competência de inserção de agulha epidural após um ano, e depois de 75 a 85 tentativas [3]. Considera-se que esta é a habilidade anestésica mais difícil de se adquirir competência, com uma taxa média de sucesso de 80% alcançado após 90 tentativas [4,5]. Esses números podem ser desafio para um iniciante em formação. Para uma grande variedade de procedimentos, a importância da simulação no aprendizado é amplamente reconhecida como um mecanismo eficaz para melhorar a familiaridade técnica dos iniciantes antes que eles participem dos cuidados clínicos. O aprendizado é feito tradicionalmente atraves da simulação focada em hapticos, do grego “haptikos”, que significa “sentir ou tocar”. Esse foco resultou na criação de plataformas de simulação destinadas a reproduzir a realidade com níveis variados de fidelidade física. Em contraste, o treinamento por imagens mentais (IM), que também podem ser descritas em termos de prática mental, ensaio mental, imagens motoras ou visualização mental, são uma forma de simulação não-técnica. Imagem mental (IM) é “O ensaio cognitivo de uma tarefa na ausência de movimento físico” [6], e é amplamente utilizado e reconhecido como eficaz nos domínios da reabilitação do AVC, na terapia cognitivo-comportamental, no atletismo de alto desempenho e na musicalidade profissional [7-11]. O treinamento não-simulado, facilita o treinamento pois diminui a carga financeira associada à construção, transporte e manutenção do um modelo de simulador. Assim, hipotetizamos que o treinamento em MI é mais efetivo do que o treinamento em simulações hápticas para alcançar habilidades técnicas entre residentes novatos em anestesiologia,[12,13]. Com o desenvolvimento do projeto aqui proposto será possivel dar suporte ao treinamento em MI, posto que além do ensaio cognitivo o iniciante poderá visualizar todo este processo. O procedimento de aplicação de anestesia peridural e o procedimento de punção lombar têm como semelhança uma “perda de resistência” na agulha quando esta perfura certas membranas da coluna vertebral [14]. Portanto, esta pesquisa contemplará ambos os procedimentos.

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Departamento de Engenharia Mecânica

DESENVOLVIMENTO DE APARATO ACESSÓRIO PARA ANESTESIA

PERIDURAL E PUNÇÃO LOMBAR

Alunos: Raphael Curvello Pizzaia e Guilherme Eduardo

Orientadores: Djenane Cordeiro Pamplona

Hans Ingo Weber

Introdução

A anestesia é usada em uma ampla gama de campos da medicina tradicional e

odontologia. O bloqueio do nervo epidural é comumente usado em procedimentos na parte

inferior do abdomen. Vem sendo usado há décadas, com uma expectativa de falha de 6% para

25% [1]. As consequências do erro variam de dores de cabeça a uma possível paralisia

respiratória e, em alguns casos, a morte do paciente [1,2]. Os procedimentos de aplicação de

anestesia peridural e o procedimento de punção lombar são semelhantes.

Estratégias para redução de tais falhas em ambos procedimentos exigem tempo e

prática apropriada. Para a proficiência no bloqueio do nervo epidural é importante evitar ou

reduzir a taxa de acidentes clínicos causados aos pacientes, através de um alto número de

tentativas para adquirir proficiência. O médico iniciante geralmente obtém competência de

inserção de agulha epidural após um ano, e depois de 75 a 85 tentativas [3]. Considera-se que

esta é a habilidade anestésica mais difícil de se adquirir competência, com uma taxa média de

sucesso de 80% alcançado após 90 tentativas [4,5]. Esses números podem ser desafio para um

iniciante em formação.

Para uma grande variedade de procedimentos, a importância da simulação no

aprendizado é amplamente reconhecida como um mecanismo eficaz para melhorar a

familiaridade técnica dos iniciantes antes que eles participem dos cuidados clínicos. O

aprendizado é feito tradicionalmente atraves da simulação focada em hapticos, do grego

“haptikos”, que significa “sentir ou tocar”. Esse foco resultou na criação de plataformas de

simulação destinadas a reproduzir a realidade com níveis variados de fidelidade física. Em

contraste, o treinamento por imagens mentais (IM), que também podem ser descritas em

termos de prática mental, ensaio mental, imagens motoras ou visualização mental, são uma

forma de simulação não-técnica. Imagem mental (IM) é “O ensaio cognitivo de uma tarefa na

ausência de movimento físico” [6], e é amplamente utilizado e reconhecido como eficaz nos

domínios da reabilitação do AVC, na terapia cognitivo-comportamental, no atletismo de alto

desempenho e na musicalidade profissional [7-11].

O treinamento não-simulado, facilita o treinamento pois diminui a carga financeira

associada à construção, transporte e manutenção do um modelo de simulador. Assim,

hipotetizamos que o treinamento em MI é mais efetivo do que o treinamento em simulações

hápticas para alcançar habilidades técnicas entre residentes novatos em anestesiologia,[12,13].

Com o desenvolvimento do projeto aqui proposto será possivel dar suporte ao treinamento em

MI, posto que além do ensaio cognitivo o iniciante poderá visualizar todo este processo.

O procedimento de aplicação de anestesia peridural e o procedimento de punção

lombar têm como semelhança uma “perda de resistência” na agulha quando esta perfura certas

membranas da coluna vertebral [14]. Portanto, esta pesquisa contemplará ambos os

procedimentos.

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Anestesia peridural

A anestesia peridural é um procedimento médico que envolve a aplicação de um fluido

anestésico em uma região do corpo chamada Espaço Lombar Peridural. Esta região se localiza

na coluna vertebral a uma profundidade aproximada de 3 a 7 centímetros a partir da pele. Um

estudo realizado por Ravi et al [14] determina uma medição mais precisa para esta

profundidade a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) do paciente.

Punção lombar

A punção lombar é um procedimento realizado com o objetivo de coletar o líquido

cefalorraquidiano (Figura 1: Cerebrospinal fluid) que circula na medula, mais especificamente

no Espaço Subaracnóideo, para diagnosticar possíveis infecções no sistema nervoso ou outras

doenças neurológicas [15,16].

Anatomia

Para a aplicação de anestesia peridural, é inserida uma agulha, como por exemplo a

tipo Tuohy, entre duas vértebras (geralmente L3 e L5) para alcançar o espaço peridural. A

agulha normalmente é inserida na linha média (eixo de simetria) da vértebra, entre os

processos espinhosos, Fig.2. No caso de uma inserção paramediana (fora do eixo de simetria),

a agulha passa por uma camada óssea chamada Lâmina antes de alcançar o ligamento

amarelo.

Figura 1 - Seção reta da espinha mostrando as estruturas em volta da medula espinhal

Figura 2 - Diagrama mostrando a perfuração de uma agulha Tuohy para o procedimento de anestesia peridural

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Devido à falta de visão do que ocorre dentro do corpo humano, o médico determina a

chegada da agulha no espaço peridural ao sentir uma breve “perda de resistência” ao empurrar

a agulha. Neste momento, a ponta alcança o espaço peridural. O médico pode, ainda, utilizar

uma solução salina para garantir que a agulha alcançou corretamente o espaço peridural. Ao

tentar injetar a solução salina através de uma seringa pela agulha, o médico pode determinar

se a ponta da agulha alcançou o espaço peridural pela pressão na seringa. Antes de alcançar o

espaço peridural, o médico sentirá uma resistência à injeção da solução na agulha. Essa

resistência não será sentida, no entanto, quando a agulha tiver alcançado o espaço peridural.

Após este primeiro passo, um cateter é inserido através da agulha no espaço peridural.

Através deste cateter será injetado o fluido anestésico.

Este procedimento possui diversos riscos associados. Além da ocasional dor de cabeça

causada pelo uso de ar ou solução salina para identificação do espaço peridural, o avanço

excessivo da agulha pode levar à perfuração da dura mater, acarretando no vazamento de

anestesia para outras camadas da espinha, levando a consequências fatais.

No caso da punção lombar, é utilizada uma agulha mais fina para a coleta de fluido

cérebro-espinhal no espaço subaracnóideo, Fig. 3. Este espaço se localiza além da dura mater,

entre a membrana aracnóide e a medula espinhal.

Figura 3 - Diagrama mostrando a perfuração de uma agulha comum para o procedimento de punção lombar.

À medida que a agulha de punção lombar se desloca na direção do espaço

subaracnóideo, onde coletará o líquido cefalorraquidiano, será necessário aplicar força para

perfurar os diferentes tecidos dentro da coluna vertebral. A sensibilidade a essas mudanças é

crucial para o profissional que realiza a punção lombar detectar a chegada da agulha na região

subaracnóidea espaço. A Figura 1 mostra os diferentes tecidos atravessados pela agulha e

onde o espaço subaracnoideo pode ser encontrado. A punção lombar descrita por Busti e

Kellogg [15], depende da habilidade do profissional em sentir um “pop”, i.e., a sensação

quando a agulha perfura a dura-máter, cruzando do espaço epidural para o espaço

subaracnóideo.

Para um profissional adquirir a habilidade, tanto na anestesia peridural como na

punção lombar, muita experiência e treinamento são necessários.

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Objetivos

O objetivo da pesquisa consiste em, além de pesquisar os métodos, desenvolver um

aparelho capaz de auxiliar o médico durante o procedimento da anestesia peridural e da

punção lombar. O aparelho possibilitará a instrumentação das agulhas utilizadas em ambos

procedimentos, permite também a aquisição de dados para a formação de um banco de dados

indispensável para futuros estudos. A agulha instrumentada permite registrar em tempo real a

força utilizada ao longo da perfuração, assim como a profundidade da penetração da agulha,

possibilitando saber qual camada de tecido foi perfurada e a localização da ponta da agulha.

Com o novo aparelho há mais precisão na inserção da agulha, e, portanto, a melhoria no

processo de aplicação da anestesia peridural e da punção lombar.

O novo aparelho também irá auxiliar o treinamento de residentes em IM, que se mostra

tão importante. O residente poderá, ao penetrar a agulha no paciente ou em um corpo de

prova, associar a sensação da perfuração de camadas com os picos do gráfico que os registram

visualizados em uma tela.

Metodologia

Utilizando conhecimentos em eletrônica para instrumentação, programação de sistemas

embarcados, somados às ferramentas de projeto para o desenvolvimento de circuitos

eletrônicos, Figura 4, e de modelagem mecânica foi desenvolvido um aparato, Figura 5 ,

capaz de instrumentar uma agulha para aplicação de anestesia peridural e punção lombar,

Figura 6.

Figura 4 – Circuito Eletrônico

Figura 5 – Modelo CAD do Aparelho

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Figura 6 – Agulha Peridural

O aparelho é composto por duas peças, a primeira responsável pela instrumentação da

agulha, por meio de duas células de carga de 10 N cada e um sensor de distância

infravermelho, além de possuir um design anatômico próprio capaz de auxiliar na inserção da

agulha pelo médico, Figura 7 e 8 (a).

Figura 7 - Instrumentação da Agulha

A segunda peça é composta pelos componentes eletrônicos responsáveis pela aquisição

de dados e interface gráfica com o usuário, Figura 8 (b). Nele os dados de distância e força da

perfuração são aquisitados, tratados, interpretados e mostrados por tela sensível ao toque em

tempo real.

Figura 8 – Aparelho Completo, (a) instrumentação da agulha, (b) aquisição de dados e interface gráfica

(a) (b)

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O aparato é capaz de funcionar por bateria e ser carregado em tomada convencional,

além de registrar em cartão microSd os dados da distância de perfuração e força ao longo do

tempo para múltiplos procedimentos consecutivos, além da capacidade de emitir aviso sonoro

no auxílio à perfuração. Possui um design que permite apoiar o aparelho em mesa enquanto o

procedimento acontece, além de possuir uma inclinação de tela que facilita a visualização dos

dados em bancada pelo médico.

Nele existem duas interfaces gráficas, uma com o acompanhamento em tempo real da

perfuração da agulha, Figura 9, onde constam um gráfico que indica a intensidade da força ao

longo do tempo e uma barra de progresso para indicar a distância de perfuração, sendo a

região vermelha crítica para atingir a região peridural.

A outra interface permite a configuração pelo médico dos parâmetros fisiológicos do

paciente a fim de registrar e determinar a região crítica de perfuração, Figura 10, para

trabalhos futuros.

Figura 9 – Interface Principal de Usuário

Figura 10 - Interface de Configuração

Calibração e Validação

Testes de bancada para calibração e validação dos resultados se utilizaram da máquina

para ensaios de tração Instron, Figura 12, e diversos corpos de prova de silicone, dentre eles

os com três camadas de silicone com propriedades de rigidez diferentes, sendo a rosa a menor,

a verde a média e a preta a maior, Figura 11. A intenção das diferentes camadas de silicone é

de simular a transição entre materiais de diferentes propriedades, a fim de ser identificado

pelo aparelho através do acompanhamento da resistência à penetração.

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Figura 11 – Corpos de prova de silicone

Figura 12 - Bancada de Testes

O primeiro teste foi realizado se utilizando dos valores aquisitados pelos sensores do

aparelho sem calibração e comparando-os com os adquiridos simultaneamente pela máquina

de tração Instron, os erros apresentados foram compensados por meio de interpolação por um

polinômio de segundo grau do gráfico que representa o coeficiente de calibração ao longo do

tempo para a força, Figura 13. O segundo teste já contando com os coeficientes de calibração

resultou em valores muito próximos à máquina de tração, Figura 14 .

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Figura 13 – Resultados antes da Calibração

Figura 14 – Resultados da força após a Calibração

Apesar das células de carga possuírem uma precisão significativa comparados aos

valores na máquina de tração, para valores acima de 4 N existe uma diferença que não foi

possível corrigir com uma nova calibração, Figura 14. Os valores do sensor de distância

infravermelho tiveram um resultado esperado para o sua classe, apresentando uma dispersão

de até 5 mm em torno do valor indicado pela Instron, Figura 15.

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Figura 15 – Resultados da perfuração

Pode-se ser observado, quanto aos dados da força ao longo da perfuração, Figura 16,

quatro inclinações de reta, a primeira antes de 5 mm caracterizada pela penetração completa

da ponta da agulha, e as três subsequentes nas quais as suas distâncias de perfuração

coincidem com os limites dos três materiais de silicone. A primeira de cor rosa e com a menor

rigidez, com até 10 mm de perfuração. A segunda de cor verde com rigidez intermediária,

com até 25 mm de perfuração. A terceira de cor preta com a maior rigidez, com até 35 mm de

perfuração. Nota-se que a inclinação da reta aumenta conforme a rigidez, e nessa variação da

inclinação é possível identificar a transição do material que a agulha perfura.

Figura 16 – Resultados após a Calibração

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Resultados e Discussões

Novos testes, com a finalidade de colher dados em condições mais próximas das

encontradas no processo de aplicação de anestesia peridural e de punção lombar, foram

realizados com a utilização de tecidos orgânicos. Para isso foi posicionado um contra filé

bovino na máquina de tração Instron como corpo de prova, Figura 17, e seus resultados,

Figuras 18-19 e 20.

Figura 17 - Ensaios com Contra Filé

Figura 18 – Resultados em força (N) v. perfuração (mm) no contra filé

Os dados do Figura 18, referente ao aparelho, apresentaram uma dispersão significativa

devido ao cruzamento da força com a distância de perfuração extraída pelo sensor

infravermelho.

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Figura 19 – Resultados da força (N) v. tempo (s) no contra filé

Figura 20 – Resultados da perfuração (mm) v. tempo (s) no contra filé

Pode-se observar pelos dados do Figuras 18 e 19, que a perfuração possui quatro picos

de resistências antes de estabilizar aproximadamente em 2 N, em outras palavras a agulha

vence a resistência de quatro tecidos diferentes antes de se estabilizar nesse patamar. Pelas

observações feitas no corpo de prova durante a perfuração, a princípio a agulha sofre pouca

resistência ao penetrar completamente sua ponta na gordura, deslocando-se 5 mm. A partir daí

os tecidos do corpo de prova são gradativamente comprimidos antes que haja continuidade na

perfuração, em 3,4 N, em seguida ocorrem mais duas camadas consecutivas de gordura sendo

perfuradas, chegando por fim ao patamar de 2 N, caracterizado pela perfuração contínua na

musculatura. Portanto o novo método é capaz de identificar as transições de tecidos através do

acompanhamento da distância perfurada, variação da inclinação e picos da força de

perfuração.

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Conclusões

O aparelho inteiramente inovador propõe um novo método de realizar o processo de

anestesia peridural e punção lombar, além de coletar dados para estudos médicos e na área da

bioengenharia, com precisão, portabilidade e vasta capacidade de armazenamento. O aparelho

poderá ser de grande valia também para treinamento médico.

Trabalhos futuros

Conclusão da segunda interface que permite a configuração pelo médico dos parâmetros

fisiológicos do paciente, sexo, raça, altura e ICM a fim de registrar e determinar a região

crítica de perfuração. Será importante também buscar um sensor de distância de maior

precisão.

Referências

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