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especial da jornalista tania passos para o diario de pernambuco sobre mobilidade urbana no Recife
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CADERNO
ESPECIA
L
DIA
RIO
dePP
EERRNNAAMM
BBUUCCOO
DOMINGORecife, 1º demaio de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando.Textos: Daniel Alves e Tânia Passos Edição: Jaqueline Andrade Edição de fotografia: Heitor Cunha.Design: Jaíne Cintra e Kelen Linck
Desafios para otrânsito doamanhã“Em 1990, Pernambuco tinha uma frota de 390mil veículos. Em 2002, alcançou amarca de ummilhão de carros. E comemorou. Emmenos de 10 anos quase duplicamos essa frota e
agora corremos o risco de sofrer”. O depoimento do presidente do FórumDesafios para o Trânsito do Amanhã, Laédson Bezerra, promovido pelos Diários Associados emPernambuco, é
um retrato dos desafios que todos nós temos pela frente. O que fazer diante de um cenário de catástrofe iminente? O fórum terá 10 edições até o fim do ano. Na sua primeira edição, na
última quarta-feira, teve como tema as rodovias federais. Neste caderno especial, aprofundamos as questões levantadas durante o encontro. Ao final das edições, as propostas
apresentadas vão ser reunidas emumdocumento para ser entregue às autoridades. A ideia é que cada umpossa contribuir compropostas para amelhoria do trânsito. As grandes
intervenções viárias, que estão em curso, dentro da infraestrutura para a Copa de 2014, são importantes, mas é preciso tambémdesenvolver em cada um a atitude cidadã e a cultura do
bem. Evitar fechar os cruzamentos, não estacionar em locais impróprios, obedecer à sinalização, descobrir as vantagens de ser educado tambémno trânsito. Então, sejam bem-vindos!
EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
desafios para o trânsito do amanhã
Já não nos contentamoscom um pavimento dequalquer jeito. É preciso
que as vias funcionem como umtapete: boa pavimentação, sinali-zação e segurança para trafegar.É pedir muito? Até bem poucotempo conviver com as rodoviasem péssimas condições pareciafazer parte da “normalidade”, masjá não é mais assim. Hoje, perce-be-se que pagamos um preço altopor serviços ruins e ninguém gos-ta disso. Não por acaso, a privati-zação das rodovias voltou ao cen-tro das discussões. O assunto foium dos temas levantados no Fó-rum Desafios do Tios do TDesaf rânsito do Ama-nhã, promovido pelos Diários As-sociados em Pernambuco, quetrouxe em sua primeira edição as
rodovias federais. Mas, afinal, pri-vatizar as estradas é a solução?
O tema polêmico trouxe à tonaa situação atual da BR-232. E apergunta que se faz é se ela tives-se sido privatizada após a sua du-plicação em 2002, estaria nas con-dições em que se encontra hoje?Menos de 10 anos depois da suaduplicação, a BR-232 apresentaproblemas de drenagem, buracosem vários trechos, placas trinca-das, acostamentos ruins e sinali-zação deficiente. Pelo menos 18pontos críticos foram identifica-dos pelo Departamento Estadualde Estradas e Rodagens (DER).
Para o engenheiro e professordas universidades Federal e Ca-tólica de Pernambuco, MaurícioPina, um dos palestrantes do fó-rum, essa é uma decisão que a so-ciedade terá que tomar. “Nin-guém gosta de pagar a mais porum serviço que é obrigação do es-tado. Mas quem paga mais usamais. A Ponte Rio/Niterói é pri-vatizada e nós não pagamos na-
da. Se ela não fosse privatizadatambém pagaríamos pela manu-tenção dela”, afirmou.
Na opinião de Maurício Pina, oestado tem pelo menos duas ro-dovias federais em condições deserem privatizadas: as BRs 232 e101. “A demanda das duas viasjustificaria uma privicaria uma privtif atização umavez que são rodovias que recebemum volume de tráfego muitogrande e a maioria de cargas pe-sadas vindas de outros estadosque danificam o pavimento”, ex-plicou o professor.
Para se ter uma ideia desse im-
pacto, o professor explica que to-das as equações feitas por insti-tuições internacionais sobre o efei-to da carga no pavimento estimaque para cada 10% do excesso depeso, aumenta o efeito elevado àquarta potência. “É um impactode 46% a mais do suportável emcima do pavimento. Então, umarodovia que duraria 10 anos, sódura metade”, explicou.
No caso das estradas federaisque cortam o estado a fiscalizaçãoiscalizaçãofdo excesso de carga praticamen-te não existe. Na Região Metropo-litana, as três balanças instaladas
na década de 1970 em Igarassu,Moreno e Ribeirão não funcio-nam há mais de 20 anos. No pos-to da balança de Moreno, as ins-talações foram ocupadas por famí-lias de sem-teto. De acordo com osuperintendente de operações doDepartamento Nacional de In-fraestrutura e Transporte (Dnit),Emerson Valgueiro, após as obrasde requalificação das BRs 232 e101, os postos serão reativados.“Temos seis unidades móveis debalança e duas fixas no interior.Vamos reativar os equipamentosna RMR”, disse.
A única via privatizada no es-tado é a do sistema viário do Pai-va. O sistema tem início a partirda ponte que atravessa o Rio Ja-boatão com 320 metros de ex-tensão. A via litorânea tem 6,2quilômetros de extensão e é com-posta de canteiro central, ciclo-via, passeio, iluminação com ca-beamento subterrâneo, passare-la para pedestres, ciclovia e mi-rantes. Conta ainda com duaspraças de pedágio posicionadasnos extremos do sistema viário,sendo uma em Itapuama, no mu-nicípio do Cabo de Santo Agos-tinho, e outra em Barra de Jan-
gada, no município de Jaboatãodos Guararapes.
Os motoristas de veículos pas-seio pagam R$ 3,70 nos dias úteise R$ 5,50 nos fins de semana e fe-riados. Outros veículos com até5 toneladas terão tarifa específi-ca. O sistema começou a funcio-nar no dia 11 de junho de 2010,já com a cobrança do pedágio.Segundo os estudos de fluxluxf o detráfego, a estimativa para o pri-meiro ano de funcionamento erade cerca de 1.800 veículos pordia. Hoje o fluxluxf o é de mais de 3mil veículos/dia. “Esse resultadosó confirma a importância desse
novo sistema viário para o desen-volvimento da região”, ressaltouIvan Moraes, gerente de opera-ções da Rota dos Coqueiros.
Em 2004, a Secretaria de In-fraestrutura de Pernambuco che-gou a elaborar um estudo de via-
bilidade de privatização da BR-232. De acordo com o engenhei-ro Maurício Pina, que partici-pou do estudo, o valor da tarifado pedágio estimada na épocaera de R$ 1,50. “Acho que o va-lor não seria muito diferente. A
tarifa da Ponte do Paiva é maisalta porque eles executaram aobra e estão retirando do pedá-gio os recursos para cobrir asdespesas. Na BR-232, o pedágioseria apenas para a manuten-ção”, explicou.
Único exemplo de via privatizada no estado, fluxo de veículos já superou as previsões
O excesso de peso dos caminhões é apontado como um dos vilões para a degradação da BR-101 Sul. Na foto abaixo, posto de pesagem abandonado emMoreno, na RMR
Privatizar é a saídapara asBRs?
Pedágio naPonte do Paiva
2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 1º de maio de 2011especial
CECILIA
DESA
PEREIRA/D
P/D
.APRESS
EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
JULIO
JACOBIN
A/D
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depoimentos
No momento em que seprivatiza e se angaria
recursos para manter a rodoviaem bom estado, acho uma coisaboa. Porém, antes de fazer isso,precisamos de mais estudos paranão cometermos equívocos”● Simírames Queiroz -presidente do ConselhoEstadual de Trânsito
!
“
Especialistas debateramsobre os problemas das rodovias
Tema polêmico foidiscutido na primeiraedição do fórum sobretrânsito dos DiáriosAssociados em PE
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Os exemplos de melhoriaque temos pelo Brasil
apontam para a conveniênciadesse mecanismo. As 10 melhoresrodovias federais do país têm opedágio. Além disso, paga-se poralgo que está se usando. Diferentede quando pagamos através dosimpostos, que temos descontossem mesmo usar”● César Cavalcanti - chefe doDepartamento de Arquitetura eUrbanismo (UFPE)
“
Discordo
quando falam
que temos que
melhorar o
trânsito por
causa da Copa.
Devemos
melhorar
porque está
um caos”
“
MMMMaaaauuuurrrríííícccciiiioooo PPPPiiiinnnnaaaa,,,, professor eespecialista em trânsito
DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 1º de maio de 2011 especial 3
Seria viável a privatizaçãode estradas como a BR-232,por exemplo?Sim. Os investimentos para man-ter essa rodovia são elevados.Atualmente, as demandas sociaisestão muito grandes. Educação,saúde e segurança cada vez maisconsomem volumes maiores derecursos. As pessoas tendem areclamar que seria mais uma coi-sa para se pagar, mas é justo. Sópaga quem usa, quem não usanão paga. Está na hora de abrir-mos essa discussão sobre a BR-232. Há 9 anos ela foi duplicadae consome cada vez mais recur-sos e precisamos de uma defini-ção da fonte para isso.
Oexcessodepesodos cami-nhões é um dos principaisdestruidores das rodovias.As regras de pesagem esti-puladas para esses veículossão cumpridas?O que se fiscaliza aqui nas rodo-vias federais em Pernambuco équase nada. Tínhamos três pos-
tos: um em Igarassu, que nuncafuncionou; outro em Moreno emais um em Ribeirão, todos ina-tivos. Esses dois últimos foramdesativados em 1998 porque hou-ve uma greve de caminhoneirosna época e o sindicato deles co-locou como exigência ao gover-no o fechamento desses postos depesagem. Desde então, não háfiscalização. Com isso, um pavi-mento que era para durar dezanos, com cinco se acaba.
As estradas mal conserva-dascontribuemparaaciden-tes?Em 2005, tivemos 3.969 aciden-tes. Em 2010, foram mais de6.700. Algo em torno de 90% decrescimento em cinco anos. Te-mos que levar em consideraçãotrês elementos que provocam oacidente: o homem, a via e o veí-culo. Boa parte é causada peloser humano, por imprudência,álcool com direção. No entanto,nas estatísticas nunca aparecemas vias como provocadoras de
acidentes. Ninguém diz que arodovia estava em péssimo esta-do e que o motorista precisoudesviar de um buraco e tal fatocausou o acidente.
Oque o senhor acha dos in-vestimentos na infraestru-tura viária para a Copa doMundo?Discordo muito quando as pes-soas dizem que temos que me-lhorar o trânsito por causa da Co-pa. Sou radicalmente contra essaafirmativa. Sabe por quê? Esta-mos em uma situação de totalcaos no trânsito da cidade. Nãopodemos dizer que vamos melho-rar em razão da Copa. Devemosmelhorar porque precisamos. Cla-ro que eu entendo que o eventoé uma oportunidade de captarrecursos para isso. Afinal, serãoinvestimentos de grande porte.Barcelona é um grande exemplopois, na Olimpíada de 1992, mu-dou a estrutura e se transformouem uma nova cidade. Os equipa-mentos ficaram.
Mestre em engenharia civil com especialização na área de transporte, o professor da UFPE e daUnicap Maurício Pina foi um dos palestrantes da 1ª edição do Fórum Desafios para o Trânsito doAmanhã. Pina dedica-se aos estudos do setor há mais de 36 anos. Depois de tanto tempo acom-panhando o assunto na academia e na prática, o doutorando em engenharia civil é um dos pou-cos nomes no Recife indicado para falar sobre um dos maiores problemas das cidades brasilei-ras: o trânsito. Em entrevista ao Diario, ele deu sua opinião sobre questões polêmicas como pri-vatização das estradas, o crescimentos anual dos acidentes e Copa do Mundo.
entrevista >>Maurício Pina
“Devemosdiscutirsobrea privatização da 232”
JULIO
JACOBIN
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P/D.A
PRESS
desafios para o trânsito do amanhã
desafios para o trânsito do amanhã
Aprincipal via de acessoaos polos têxteis doAgreste do estado, a BR-
104, também conhecida como Ro-dovia das “Confecções” ou do“Jeans”, já teve a primeira etapadas obras de duplicação finaliza-da há duas semanas. Foram en-tregues pelo governo do estado21,4 quilômetros, do total de 51,7quilômetros. A BR corta os muni-cípios de Carua-ru, Santa Cruzdo Capibaribe eToritama. O res-tante da obra,iniciada em ju-nho de 2009,deverá ser fina-lizado até o fimdeste ano. Atualmente, essa rodo-via recebe cerca de 15 mil veícu-los diariamente. Em um dia desulanca, o fluxluxf o chega a 25 mil veí-culos. Duplicada, a pista suporta-rá 49 mil veículos/dia. A obra es-tá orçada em R$ 319 milhões. Mes-mo sendo uma via de escoamen-to no Agreste, não levantou ne-nhum tipo de discussão sobre pri-vatização.
A rodovia faz a interligação dospolos comerciais do Agreste, sen-do importante por cortar o esta-do no sentido Norte/Sul, ligando
o município de Caruaru aos esta-dos da Paraíba e Alagoas. Um dospalestrantes do Fórum Desafiospara o Trânsito do Amanhã, o en-genheiro e superintendente deOperações do Departamento Na-cional de Infraestrutura de Trans-porte (Dnit), Emerson Valgueiro,informou que 58% das obras estãoconcluídas. “Estamos adiantados.A nossa previsão é entregar tudoaté o fim do ano”, informou.
Essa BR representa para os mu-nicípios da região uma das maisimportantes vias de escoamentodos seus produtos, o que deverá,com o fim das obras, beneficiar
aproximada-mente um mi-lhão de pes-soas. A via tam-bém exerceum papel fun-damental noaumento doturismo e do
intercâmbio comercial e culturalentre as cidades vizinhas.
O trecho da obra já concluídovai da saída de Caruaru até o en-troncamento da PE-145, no aces-so a Fazenda Nova. O restante dotrajeto até o distrito de Pão deAçúcar, em Taquaritinga do Nor-te, segue em andamento. Dois via-dutos também já foram entre-gues. “A duplicação dará outra vi-da ao tráfego dessa importanterodovia. Os viadutos também evi-tarão os semáforos”, afirmou apresidente do DER-PE, Éryka Lyka LÉr una.
No alto, duplicação do viaduto em Caruaru. Acima, na 408, facilidade para a Copa
Hoje,via temfluxo
diáriode15mil
veículos.Metaé
chegara25mil
O futuro da realização daCopa do Mundo em Pernam-buco passa pelas obras de du-plicação da BR-408. Parece exa-gero, mas não é. A pista é oprincipal acesso à Cidade daCopa. Afinal, ela é ligada aoprincipal corredor viário doestado, interagindo com a BR-232, o Terminal Integrado dePassageiros (TIP) e com o sis-tema metroviário metropoli-tano, além de permitir a co-nexão com a BR-101, no Reci-fe. Apesar de ter começado aobra de duplicação no mes-mo período da BR-104, em ou-tubro de 2009, a BR-408 sóconcluiu aproximadamente27% das suas obras. Duranteo Fórum no Diario de Per-nambuco foi discutida a ne-cessidade de mais rapidez naduplicação dessa rodovia.
A BR-408 é uma das quatrorodovias federais que estãotendo as obras executadas pe-lo estado, mas parte dos re-cursos é da União. O enge-nheiro e superintendente deOperações do Dnit, EmersonValgueiro, que acompanha ostrabalhos, informou que a pre-visão de conclusão da BR-408é para maio de 2012, mas re-velou que os trabalhos preci-sarão ser agilizados.
“Devemos dar maior anda-mento. Essa via é importantís-sima não só para a Copa de2014, mas também para a mo-bilidade do nosso trânsito”,disse Valgueiro. A duplicaçãoda rodovia vai beneficiar osmunicípios de Recife, Jaboa-tão dos Guararapes e Nazaréda Mata (RMR) e Carpina, naZona da Mata Norte.
Rodoviado JeansduplicadaPrimeira etapa da obrafoi entregue há duassemanas. Até o final doano, será concluída
Acesso àCidadeda Copa
saibamais+
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RICARDO
FERNANDES/DP/D
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EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
BR-104
Total de quilômetrosduplicados
51,7(58% concluído)
Investimento
R$ 319 milhões
Atualmente: Médiade carros/dia
20 mil
Após duplicação
49 mil veículos/ dia
Trecho e obras prontas
21,4 km
Início da obraJunho de 2009
Previsão de finalizaçãoFinal de 2011
BR-408
Quilômetros duplicados
19,7 km (27% concluídos)
Investimento
R$ 120 milhões
Média de carros/dia
15 mil
Após duplicação
30 mil
Início da obraOutubro 2009
Previsão de finalizaçãoMaio de 2012
Fonte: DER-PE
saibamais+
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Aobra de requalificaçãoda 4ª perimetral, no tre-cho urbano da BR-101,
também chamado de contornodo Recife, está orçada em R$ 450milhões. O trecho de 42km vai re-ceber um corredor exclusivo deônibus nos padrões do BRT (Trans-porte Rápido por Ônibus). O cor-redor de ônibus sairá do quilôme-tro 41, em Igarassu, e se estende-rá até o km 83, em Prazeres, Jaboa-tão dos Guararapes. De acordocom a Secretaria de Transportesdo estado, a licitação do projetoexecutivo será aberta no dia 10de maio e a expectativa é que atésetembro seja dado início à licita-ção da obra, a partir do projeto bá-sico. A meta é deixar pronta a 4ªperimetral até 2013.
Com um tráfego de 35 mil a55 mil veículos, o trecho do con-torno do Recife é um dos maisproblemáticos. Além do tráfegointenso, a via se encontra em pés-simo estado de conservação. Emvários trechos o pavimento apre-senta fissuras e trincas. A manu-tenção ocasional da operação ta-pa-buraco é um paliativo que sópiora quando os buracos voltama abrir. A sinalização é precáriae o canteiro central é muitas ve-zes usado como ponto de retor-no irregular.
Pelo projeto da Secretaria deTransportes de Pernambuco, a ro-dovia terá o pavimento requalifi-cado ao longo do contorno emcerca de 40 km. O canteiro centralserá usado para implantação dasestações de embarque no padrãodo BRT: pagamento antecipado eembarque no nível da porta deentrada, a exemplo do metrô. Nopercurso será implantado aindaum elevado nas proximidades dareitoria da UFPE até a BR -232.
Com a implantação de uma fai-xa exclusiva para ônibus, a viaserá alargada. Além da faixa doônibus haverá outras três faixaspara os veículos. O projeto tam-bém prevê dois viadutos: um so-bre o viaduto da Caxangá e ou-tro próximo ao Posto da PolíciaRodoviária Federal nas imedia-ções do Colégio Militar. Corredor que deixará o trânsito fluir sairá de Igarassu e seguirá até Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes
O custo da obra de recuperaçãoda BR-232 está estimado em R$100 milhões. A rodovia apresentaproblemas estruturais, que já ha-viam sido identificados em 2004em um relatório feito pelo Depar-tamento Nacional de Infraestru-tura e Transporte (Dnit). Outro re-latório feito por técnicos da USP,
também havia apontado proble-mas estruturais na via. De acordocom o superintende de operaçõesdo Dnit, Emerson Valgueiro, porcausa disso o órgão não oficializouicializouofo recebimento da rodovia federalque havia sido entregue ao estadopara as obras de duplicação.
“Nós pedimos para que fossem
feitos os reparos, mas isso nuncaocorreu e os problemas se agrava-ram”, afirmou Emerson Valguei-ro. As obras de recuperação da BR232 estão dentro do cronogramada Secretaria de Transportes dePernambuco. De acordo com apresidente do Departamento Es-tadual de Estradas e Rodagens
(DER), Éryka Luna, foram identi-ficados 1icados 1f 8 pontos críticos da rodo-via. Segundo ela, o maior proble-ma é de drenagem. “Estamos fa-zendo obras emergenciais de ma-nutenção, mas o problema maiorde drenagem só será resolvidocom a recuperação da via que vaiser licitada neste mês”, apontou.
As obras de recuperação serãorealizadas da saída do Recife atéCaruaru (um trecho de 130 km).A estimativa é que a obra, previs-ta para ser iniciada em 2012 sejarealizada até 24 meses. “Depoisda recuperação, o estado vai ten-tar receber os recursos que foraminvestidos”, afirmou Éryka Luna.
Umcorredor paraônibus
Orçada em R$ 450Orçada em R$ 450milhões, requalificaçãoda BR-101 inclui viapara coletivos notrecho urbano
Os problemas estruturais da 232
RICARDO
FERNANDES/DP/D
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GOVERDO DO ESTADO DE PE/DIVULGAÇÃO
desafios para o trânsito do amanhã
BR 101 (4ª perimetral )
R$ 450milhões é o custo estimadopara a obra
2 viadutosserão construídos paraimplantação do corredor BRT
1 elevadoserá implantado entre areitoria da UFPE e a BR 232
42 kmserá o trecho do corredor doBRT de Igarassu a Jaboatãodos Guararapes
BR 232
2002Conclusão da duplicação
R$ 500 micusto de execução da obra
R$ 100 micusto da requalificação
2012Previsão do início das obrasde restauração
CADERNO
ESPECIA
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dePP
EERRNNAAMM
BBUUCCOO
DOMINGORecife, 22 demaio de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando.Textos: Daniel Leal e Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha. Design: Moacyr Campelo
Integração é senhapara amobilidadeNenhum tipo demobilidade é capaz de funcionar de forma isolada. São rodovias que se integram ao cotidiano das cidades. São cidades que tambémdependemde sua própria
capacidade de se integrar, movimentar ou parar. Não são apenas os transportes demassa que são essenciais. Todas as formas demobilidade são bem-vindas. A rodovia que divide
espaço com o ciclista de forma segura. O ciclista que sabe o seu lugar e o pedestre, até então sem vez, sem passeios, que descobre que tem direito ao seu espaço. O trânsito que teremos
amanhã depende de cada umde nós, mas tambémdas políticas públicas. Na segunda edição do FórumDesafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diários Associados,
mostramos que amudança do olhar redesenha umnovomapa viário para o estado e recria possibilidades. Descobrimos tambémque a iniciativa privada tem umpapel fundamental no
desenvolvimento pormeio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e, sobretudo, que a Copa doMundo não se resumirá a três jogos, mas deixará para nós umdosmaiores legados na
infraestrutura viária. Nunca se investiu tanto namobilidade de uma única vez. Lições que caminham juntas: investimentos, políticas públicas e cidadania. Já não era sem tempo.
SILVINO/DP
desafios para o trânsito do amanhã
Um olhar ao contrário.De Leste a Oeste, doSul ao Norte. A novaestratégia para o de-
senvolvimento das rodovias esta-duais obedece a lógica não apenasde reduzir distâncias e tirar doisolamento comunidades quaseesquecidas. Isso também, masprincipalmente fazer a interliga-ção dos polos produtivos nos qua-tro cantos do estado. O desafiotem pela frente um universo de142 estradas estaduais, hoje pre-cárias. A meta é transformar essasvias, mal pavimentadas, em ver-dadeiros eixos de integração emtrês anos. E, nessa perspectiva, aespinha dorsal é a BR-232, queatravessa praticamente todo o es-tado. No tema rodovias estaduais,da 2ª edição do Fórum Desafiospara o Trânsito do Amanhã, pro-movido pelos Diários Associados,a Secretaria de Transportes apre-sentou o redesenho de traçados jáexistentes e de outros que aindanão existem, tendo como foco oprolongamento do olhar, do lito-ral para o interior.
E há uma razão para isso. Nãoé preciso ir muito longe paraperceber que o litoral é onde seconcentra a maior malha viáriado estado e mesmo assim em co-lapso. Com o processo de dupli-cação de vias estruturadoras, aexemplo das BRs 101, 104, 408 e423 e a promessa de mais umtrecho da 232, de São Caetano aCruzeiro do Nordeste, o passoagora é melhorar as condiçõesde rodovias estaduais tambémestratégicas na interligação dospolos produtivos. Entre elas PEs90, 120, 126, 127, 177, 275, 292,360, 390 e 320. A reestruturaçãodas rodovias tem como propósi-to criar pelo menos três polígo-nos viários nas zonas da Mata,Agreste e Sertão.
Os polígonos viários irão fun-cionar não apenas como rotas dedesenvolvimento, mas tambémcomo alternativas de corredorespara desafogar a BR-232. A Agên-cia Condepe/Fidem já faz proje-ções de estrangulamento dessarodovia em até cinco anos emfunção da demanda dos polos de
desenvolvimento. “A expansãodos polos industriais no interiordo estado aumentará a circula-ção de cargas e a pressão sobre aBR-232. Basta olhar o que estáacontecendo em Suape, Caruarue Salgueiro. É uma questão detempo e a gente precisa se ante-cipar”, afirmou o presidente daAgência Condepe/Fidem, Antô-nio Alexandre. Segundo ele, osestudos sobre os impactos na ma-lha viária dos transportes de car-ga ainda não foram concluídos,mas é preciso planejar alternati-vas para atender a demanda. “A
ferrovia Transnordestina será es-tratégica porque ela segue para-lela à BR-232, mas além disso, oestado está apostando em um sis-tema viário de rotas alternativaspotencializando as PEs”.
Um exemplo do plano B, pre-visto no cronograma da Secreta-ria de Transportes, pode ser vis-to no município de Garanhuns,no Agreste Meridional. Paraquem viaja hoje de Garanhunspara o Recife, a lógica é pegar aBR-423 e acessar a BR-232 até che-gar à capital. Com a proposta dopolígono, depois da requalifica-
ção das PEs 177 e 126 será possí-vel chegar ao mesmo destinoacessando também a BR-101, semutilizar a 232. “Para atrair o trá-fego nesse sentido precisamosde rodovias em condições per-feitas com boa pavimentação,acostamento e sinalização. Elasnão vão ser duplicadas, mas emalguns casos serão alargadas”,detalhou o secretário de Trans-portes, Isaltino Nascimento.
Está prevista ainda a pavimen-tação também de vias vicinaispara interligar comunidades edos acessos aos estados vizinhos.
Uma das principais rodovias es-taduais no litoral Sul já não com-porta mais o tráfego. A propostade federalização da via ainda nãofoi aprovada no Congresso Nacio-nal. Principal acesso às praias dolitoral Sul e ao Complexo de Sua-pe, mesmo se a duplicação já es-tivesse concluída já estaria satu-rada com um fluxluxf o atual de qua-se 50 mil veículos/dia, sendo maisde 30% de tráfego comercial.
De acordo com o secretário deTransportes, Isaltino Nascimen-to, a principal alternativa para de-safogar o tráfego da PE- 60 e da BR-101 será a implantação do arcometropolitano. Ele saírá de Suapemargeando o litoral até Itamar-cá. Tem cerca de 140km e corta-rá sete municípios. Apesar de fa-zer parte do Plano Nacional de
Logística de Transportes (PNLT),não há ainda um cronograma deimplantação. Pelo plano, a esti-mativa é até 2015. Orçado em cer-ca de R$ 1,3 bilhão, não há aindaprojeto e tampouco a definiçãodos recursos. “Essa via é impor-tante porque ela irá tirar todo otráfego pesado que hoje passa pordentro dos centros urbanos donosso litoral e vai desafogar tam-bém a 101. O arco é uma das prio-ridades do governo do estado”,afirmou o secretário.
Enquanto o arco não vem, oestado dividiu a recuperação daPE- 60 em quatro segmentos: Doquilômetro 0 ao km 10, já é du-plicado. Do km 10 ao 13,3, o tre-cho se encontra em obras de du-plicação. É o que contorna a re-finaria e serve também de 2º
acesso a Suape. Do km 13,3 atéo km 21, o projeto de duplica-ção foi licitado e está orçado emR$ 59 milhões. Aguarda a au-diência pública do Ei-Rima e dealguns ajustes solicitados pelaPrefeitura de Ipojuca. Do km 21ao 86,6 na divisa de Alagoas,
aguarda o termo de referênciapara elaboração do projeto. “Nósestávamos aguardando a federa-lização para os recursos seremdo governo federal. Mas o proje-to ainda não passou. Por enquan-to, vamos executar os projetoslicitados”, revelou o secretário. O
complexo de Suape está execu-tando uma autoestrada paralelaa PE -60, por meio de uma Par-ceria Pública- Privada (PPP). Éuma via de 12 km que já existiae faz parte do sistema viário deSuape, que vai possibilitar o es-coamento do Norte e do Sul.
PEsnas rotasdaprodução
PE- 60 ainda éum nó a ser desatado
2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011especial
EDITORIA
DEARTE/D
P
Governo aposta
em sistema viário
alternativo pela
rodovias estaduais,
que funcionarão como
eixos de integração
Aexpansão dos
polos industriais
aumentará a
circulação e a
gente precisa se
antecipar”
“Isaltino Nascimento, secretáriode Transportes de Pernambuco
Uma das principais rodovias do Litoral Sul, a PE-60 já está com o trânsito saturado
O secretário de Transportes, Isaltino Nascimento, apresentou plano para as rodovias
Secretário das Cidades,Danilo Cabral, fezpalestra no fórum
TERESA MAIA/DP/D.A. PRESS
FOTOS: ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
SSertão/SSertãoFormado pelas PE- 390, BR -116, PE- 604, PE-
555 e BR- 428, faz a integração dos polos entre
os sertões do Pajeú,Araripe e São Francisco.
Integra os polos da caprinovinocultura,
gesseiro, fruticultura e roteiro do vinho
AgrAgreste/SSertãoFormado pelas PEs 265,280, 292, 320 e 360,
possibilita a integração dos polos entre
Arcoverde,Afogados da Ingazeira, Serra
Talhada e Floresta. Integra os polos da
caprinovinocultura, turismo e bacia leiteira
101
232
BRBR
BR
BR
BR
BR
BR
BR
BRBR
CCARPINAARPINA
RERECIFECIFE
VITÓRIA DEVITÓRIA DESSANTANTO ANTÃOO ANTÃOCCARARUUARARUU
ARARCCOOVERDEVERDE
GGARANHUNSARANHUNS
PPALMAREALMARESS
SERRA TSERRA TALHADALHADAA
SSALALGGUEIRUEIROOOURICURIOURICURI
PETRPETROLINAOLINA
AFAFOGOGADOS DADOS DAAINGINGAZEIRAAZEIRA
408
423
104116
428
316
11
3322
22
polos econômicos
33
11
polígonos viários
CCCaprinooaprinoovinoculturvinoculturaae turismoe turismoe turismo
ApiculturApiculturApicultura e gea e gesssoso
FFFFruticulturruticulturruticultura ira ira irrigadarigadarigadae turismoe turismoe turismo
LLLeite e derivados,e turismoe turismoe turismo TTTurismo
TTTTecnologia daecnologia daecnologia dainfinfinformação
MadeirMadeirMadeira e móva e móveiseiseis
TTTererciário moderciário modernononoe are are artteesanatsanatoo
ConfConfConfecção e turismoecção e turismoecção e turismo
PEPE- 604- 604
PEPE- 280- 280
PEPE- 29- 2922
PEPE- 265- 265
PEPE- 32- 3200
PEPE- 390- 390
PEPE- 360- 360PEPE- 1- 17777
PEPE- 126- 126
PEPE- 555- 555
Zona da Mata/AgrAgresteFormado pelas PEs 126,177 e as
BRs 101, 232 e 423, cria alternativas de
tráfego para desafogar a BR- 232.
Integra os polos de engenhos,
confecções e turismo no litoral Sul
X3
DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011 especial 3
desafios para o trânsito do amanhã
Historicamente, as ro-dovias pernambuca-nas são sinônimos deestradas esburacadas
e problemáticas. Dos cinco milquilômetros de estradas estaduaispavimentadas, pelo menos 20%estão em péssimas condições. Aschuvas, aliadas a um sistema dedrenagem falho e um mau servi-ço de recapeamento, só ajudam amanter a má fama. Para mudar es-sa realidade, a Secretaria de Trans-portes promete inverter a lógicada manutenção das estradas es-taduais visando requalificar as ricar as rualif o-dovias pavimentadas no estado.
O processo é simples: antes,quando o governo contratava umaempresa para restaurar um tre-cho de uma estrada, a empreitei-ra só ficava responsável por taparos buracos. Como muitos dessesserviços eram realizados e, pelabaixa qualidade, logo apresenta-vam falhas, o governo resolveumudar: agora só irá contratar asempresas por pacotes onde esta-rão incluídos tanto a restauraçãoquanto a manutenção. Ambosagregados em um contrato de trêsanos, que só será totalmente pa-go após o fim dos serviços cum-pridos e devidamente realizados.
Para iniciar o processo de mu-dança, uma empresa foi contrata-da este ano para fazer um raio xdas 142 rodovias estaduais pavi-mentadas. Nos próximos 30 dias,
será entregue à Secretária deTransportes a análise de 588 qui-lômetros, em 18 rodovias. Os de-mais estudos serão entregues emquatro meses. “Nosso objetivo éuniversalizar o padrão de atendi-mento para toda a rede. Além dis-so, queremos restringir a manu-tenção dos pavimentos a interven-ções emergenciais e improduti-vas. Vamos otimizar a aplicaçãodos recursos disponibilizados”,afiriraf mou o secretário da pasta, Isal-tino Nascimento.
Dos dez mil quilômetros de es-tradas estaduais, cerca de 50% sãopavimentadas. A outra metade écomposta por leito natural (de ter-ra batida) ou terraplenagem pron-ta, que ainda irá ser finalizada.“Apesar desse número de rodo-vias não pavimentadas, a nossapreocupação atual é recuperar asestradas já construídas”, afirmouo secretário executivo de Trans-portes, Carlos Júnior. Segundo ele,esse novo modelo proposto temuma peculiaridade: só concluiráo pagamento à empresa contra-tada caso os parâmetros básicosde qualidade sejam cumpridos.“Indicadores como bom acosta-mento, sinalização horizontal,drenagem e ausência de buracosserão devidamente analisados”.
Esta metodologia de conserva-ção das estradas já é utilizadaem Minas Gerais, Paraná e MatoGrosso do Sul.
Empreiteiras terão
que cumprir
parâmetros básicos
de qualidade
nas rodovias
saibamais+Malha viáriaem Pernambuco
9.978 kmé o total de rodovias estaduais
4.897 km(50%) estão pavimentadas
1 mil kmpavimentados estãoem péssimo estadode conservação
5.081 kmestão em leito natural ou emprocesso de terraplanagem(não pavimentados)
Idade média dasrodovias estaduaispavimentadas
31 anos
1,2 mil kmEx: PE-507 (Salgueiro-Serrita)e PE-090 (Carpina-Limoeiro-Surubim)
21 anos
1,8 mil kmEx: PE-089 (Limoeiro-Sirigi-Timbaúba) e PE-062 (Goiana-Condado-Aliança)
11 anos
1,9 mil kmEx: PE-585 (Araripina-Serrolândia) e PE-300(Inajá-Manari)
Fonte: Secretaria de Transporte dePernambucoRecuperaçãodas vias é prioridade,mas contratosmudarão
Nãobasta taparos buracos
Serão
analisados
indicadores
como bom
acostamento,
sinalização e
buracos”
“
Carlos Júnior, secretárioexecutivo de Transportes
ALC
IONEFERREIRA/D
P/D
.APRESS
desafios para o trânsito do amanhã
São aproximadamentedez mil quilômetrosde rodovias estaduais.Como o próprio nome
sugere, essa malha é dependen-te das finanças do estado parase manter em boas condições.Todavia, ao longo das estradasque pertencem a Pernambuco,cerca de 50% estão sem pavi-mentação. Além disso, dos cin-co mil quilômetros que estãopavimentados, mais de um milestão em péssima conservação.Apesar de o governo apostarem uma mudança radical napolítica de manutenção das es-tradas, uma tendência, segun-do os especialistas, é a Parce-ria Público-Privada (PPP), quesurge como uma saída rápida,de qualidade e, sobretudo, lu-crativa tanto para o governoquanto para a empresa que ade-rir a concessão.
Com a necessidade emergen-cial de não só recuperar as ro-dovias no estado como tambémexpandi-las em tempo recorde,visando os investimentos paraa Copa do Mundo, a maioriados especialistas aponta a par-
ceria como um meio seguro eviável para o estado mudar apéssima realidade das estradas.“As dez melhores rodovias doBrasil estão em São Paulo e to-das são frutos de PPPs. Não ve-jo como não se pensar nisso.Algumas pessoas podem ques-tionar o fato de ter que passara pagar pelo serviço. Mas é jus-to: só paga quem usa. No pú-blico, mesmo quem não usa,também paga via impostos”,disse um dos especialistas con-vidados do Fórum, o chefe doDepartamento de Arquitetura
e Engenharia da UFPE, CésarCavalcanti.
A Ponte do Paiva, no LitoralSul, e a iniciativa para a cons-trução da Arena da Copa, emSão Lourenço da Mata, são doisbons exemplos de PPPs em Per-nambuco. Essas parcerias acon-tecem quando o setor privadoprojeta, financia, executa e ope-ra uma determinada obra/ser-viço. “De todas as PPPs no mun-do, apenas 3% não deram cer-to”, defendeu o palestrante dotema no Fórum, o vice-presi-dente do Sindicato Nacional de
Arquitetura e Engenharia doestado (Sinaenco-PE), Ilo Leite.
O objetivo das parcerias éatingir o melhor atendimentode uma determinada deman-da social. Como contrapresta-ção, o setor público paga oucontribui financeiramente, nodecorrer do contrato, com osserviços já prestados à popula-ção, dentro do melhor padrãode qualidade aferido pelo po-der concedente. Como tambémé consultor do governo do esta-do sobre PPPs, Ilo Leite admitiuque Pernambuco tem algunsprojetos em estudo para possí-veis implantações de novas par-cerias. “Está em gestação umpensando na área de saneamen-to, interiorização para 13 loca-lidades do Expresso Cidadão etambém está em análise rodo-vias com a questão da mobili-dade urbana. Onde se imagi-nar área de serviço publico, ca-be um estudo sobre uma PPP”.
A boa recepção às PPPs, du-rante o Fórum, foi quase umaunanimidade, mas o tema foitratado de forma mais cautelo-sa pelo secretário de Transportes,Isaltino Nascimento. “Sabemosque essas parcerias são uma al-ternativa, mas, atualmente, pa-ra as nossas rodovias, estamosapostando no novo modelo doplano de manutenção. Esta estra-tégia, inclusive, está sendo apoia-da e aprovada pelo Banco Mun-dial”, explicou o secretário.
As PPPs podem ser a solu-çãoparaamelhoriadases-tradas no estado?Essas parcerias são grande solu-ções para onde o governo preci-sar multiplicar seus recursos. Oestado tem muitas responsabili-dades: saúde, educação, segu-rança. E tudo isso necessita prio-ritariamente de investimentose muitos recursos. O cobertor écurto: ou cobre a cabeça e dei-xa os pés do lado de fora ou ocontrário.Como funcionaessaparce-ria?Normalmente, fazemos aqui noestado uma Participação de Ma-nifestação de Interesse (PMI).Uma empresa se apresenta parao estado e solicita uma autoriza-ção de estudo, que o governo po-de permitir ou não. Se aprova-do, o projeto entra em licitaçãocomo PPP. Nesse caso, analisa-mos sustentabilidade, acompa-nhamos a modelagem da par-ceria, vendo se está tudo dentroda lei, se há equilíbrio econômi-co-financeiro. A parceria pode
ter no mínimo 5 e no máximo35 anos.
Se não fosse a PPP, tería-mos condições de realizaro projeto da Copa no esta-do?Não. Os prazos eram muito cur-tos, os recursos (em torno de R$500 milhões) elevados e os níveisde exigência da Fifa altíssimos.Foi uma via necessária utiliza-da pelo estado e, se não fosse as-sim, certamente não teríamoscondições de tocar o projeto.
Pernambucopossui proje-tos de PPPs em curso?Está em gestação pensamentosna área de saneamento, interio-rização para 13 localidades doExpresso Cidadão, e também es-tão em análise rodovias com aquestão da mobilidade urbana.Especialmente para as estradas,essa parceria pode aparecer co-mo uma solução viável. Afinal,a burocracia para licitar umaobra de recapeamento, porexemplo, pode demorar meses.
APontedoPaiva
eaArenadaCopa
sãomodelos
positivosdePPPs
Alternativaviável e lucrativa
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4 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011especial
ALC
IONEFERREIRA/D
P/D
.APRESS
Especialistasdefendem ParceriaPúblico-Privada (PPP)como meio rápidopara mudar a péssimarealidade das estradas
Se não fosse a PPP,
o estado não teria
condições de
tocar o projeto da
Arena da Copa em
tempohábil”
“Ilo Leite, vice-presidente do
Sinaenco - PE e especialista em PPP
entrevista >> Ilo Leite
“Nomundo, apenas3% das parceriasderam errado”
Empreendimento da Ponte do Paiva é o único exemplo no estado de uma PPP no sistema viário. O fluxo de veículos já superou as expectativas em apenas dois anos
Ilo Leite, especialista emPPP fez palestra no fórum
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Umdosmaiores especialistas em PPPs do Brasil, o engenhei-ro Ilo Leite foi um dos palestrantes da segunda edição do Fó-rumDesafios para oTrânsito doAmanhã. Com experiência in-ternacional emconsultoria a váriasempresaseuropeias,éoatualvice-presidente do Sinaenco-PE e foi contratado como con-sultor dePPPspelo governodePernambuco.Segundo ele,“emqualquer área pública, você sempre vai encontrar algumapos-sibilidade de fazer uma PPP”.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 22 de maio de 2011 especial 5
Ocaminho da melhoriana mobilidade nãopassa apenas pela re-qualificação das rodo-
vias e vias urbanas. A integraçãode diversos modelos de mobilida-de são essenciais dentro da estru-tura de deslocamentos. Entre eles,a bicicleta. Isso mesmo. Muitostrabalhadores usam a bicicleta co-mo meio de transporte, mas esbar-ram na falta de condições ou au-sência de ciclovias ou ciclofaixas.A PE-15, uma rodovia estadual queinterliga os municípios de Igaras-su, Paulista, Olinda e Recife temapenas 11 quilômetros de ciclo-via e mesmo assim em situaçãoprecária. Falta sinalização e o es-paço destinado às bicicletas, emalguns trechos, é ocupado pelocomércio informal. Em outros, apista é usada para depósito de li-xo e de entulhos.
Apesar das condições precárias,a ciclovia da PE-15 ainda é utiliza-da. No Fórum Desafios parios parDesaf a o Trân-sito do Amanhã, o secretário dasCidades, Danilo Cabral, anunciouque o estado vai ampliar a quilo-metragem das ciclovias da RMRde 73,4 km para 143,4 km. A pro-posta é integrar as faixas nos qua-tro corredores de tráfego previstosno PAC da mobilidade: os eixosNorte/Sul, Leste/Oeste, AvenidaNorte e ainda a quarta perimetralna BR-101, que corresponde ao con-torno Recife. “A gente espera do-brar o número de ciclovias nessescorredores metropolitanos”, afir-mou o secretário. Segundo ele, os
11km da PE-15 vão ser requalifi-cados. “O espaço da ciclovia na PE-15 já existe, mas vem sendo mauutilizado, inclusive com a presen-ça de comerciantes na faixa”,apontou o secretário.
Dos municípios que dispõemde ciclovia, a capital pernambu-cana tem a maior malha cicloviá-ria. Ainda assim, os 27 km são emfaixas descontínuas, o que nãopermite uma interligação para o
usuário. Segundo o plano muni-cipal de mobilidade do Recife,apresentado em fevereiro desteano, o município estima aumen-tar o sistema cicloviário para 424km, mas o plano não define emquanto tempo. Já o município deJaboatão dos Guararapes é o quetem a menor média cicloviária daRMR, com apenas 900 metros deciclovia na orla de Piedade.
Para incentivar ainda mais o
uso das bicicletas como um ti-po de modal de integração, o se-cretário das Cidades anuncioutambém que os terminais do Sis-tema Estrutural Integrado (SEI)vão receber bicicletários. “A pes-soa vai poder chegar de bicicle-ta no terminal, deixar o equipa-mento, pegar o ônibus ou me-trô e quando voltar pegar a bici-cleta e fazer o caminho de volta”,afirmou Danilo Cabral. O siste-
ma, que atualmente tem 13 ter-minais integrados em operação,terá 22 quando as obras foremconcluídas em dezembro de2012. Segundo o secretário, osterminais novos já estarão equi-pados com os bicicletários e osantigos terão que ser adaptados.
Se para o ciclista a realidade dotrânsito ainda é ingrata, imagi-ne então para o pedestre. Uma es-timativa das empresas de ôni-
bus é que cerca de um terço dapopulação da Região Metropoli-tana do Recife (RMR) está forado sistema e se desloca a pé. Amelhoria da mobilidade das ro-dovias precisa vir acompanhadadas condições do pavimento, dasinalização, da oferta de ciclo-vias, dos passeios em condiçõesadequadas e da interligação dosistema de transportes com osterminais integrados.
Na PE-15, os 11 quilômetros de ciclovia estão em péssimo estado de conservação. Lixo, entulho e até comércio tomam conta da faixa
A PE-15 é a rodovia estadualque irá receber parte do corredorNorte/Sul. O corredor vai iniciarno município de Igarassu e se es-tenderá até Jaboatão dos Guara-rapes. A interligação de rodoviasestaduais e federais com os cor-redores metropolitanos é um ca-minho sem volta e necessário. APE-15, por exemplo, faz ligaçãodireta com a Avenida AgamenonMagalhães. Além do Norte/Sul fa-zem parte também o Leste/Oes-te, Avenida Norte e a 4ª perime-tral (BR-101). Desses, somente a4ª perimetral está em fase de li-citação. A estimativa é que até ju-nho o governo federal divulgue arelação dos projetos aprovadospelo PAC da Mobilidade, onde es-tão inseridos os corredores de trá-fego. Até o fim deste mês, o gover-nador Eduardo Campos definiráos modais que vão compor os cor-redores: BRT (Transporte Rápidopor Ônibus) ou monotrilho.
De acordo com o secretário dasCidades, Danilo Cabral, a indefi-nição é em relação ao trecho quevai do Shopping Tacaruna à Zo-na Sul e Avenida Norte. “Tantoo corredor Leste/Oeste como ocontorno Recife, o modal será oBRT. O restante nós temos queaguardar a definição do governa-dor”, afirmou o secretário.
Ainda segundo Danilo Cabrala demora na definição não irátrazer atrasos para a licitação.“Os projetos estão prontos. Quan-do o governador escolher é só en-viar para a licitação”, explicou. ONorte/Sul terá 30,5 km. A primei-ra etapa, no entanto, está previs-ta até o Terminal Integrado Joa-na Bezerra, no Recife. O prolon-gamento até o Terminal de Ca-jueiro Seco, em Prazeres, Jaboa-tão, somente quando a Via Man-gue ficar pronta. O projeto daPrefeitura do Recife estima queem 2013 a via esteja concluída.
Ciclistas semmobilidadeCiclistas semmobilidade
Estado promete dobrarnúmero de cicloviasnos corredoresmetropolitanos
FOTOS:
MARCELO
SOARES/ESP
DP/D.A
PRESS
desafios para o trânsito do amanhã
Na espera dosrecursos do PAC
saibamais+Corredores paraintervenção na mobilidade
Leste/OesteExtensão: 12,8 kmFluxo de pessoas: 180mil/diaCusto Estimado: R$ 183,6milhões
Norte/SulExtensão: 30,5 kmFluxo de pessoas: 182mil/diaCusto Estimado: não divulgado
Acesso àCidadedaCopa, PE-05 eTI CosmeeDamiãoExtensão: 8,5 kmFluxo de pessoas: não divulgadoCusto Estimado: R$ 300,8milhões
BR-101Extensão: 42 kmFluxo de pessoas: 143mil/diaCusto Estimado: R$ 480milhões
AvenidaNorteDescrição: Segue do TerminalIntegrado daMacaxeira até oCentro do Recife.Extensão: 8,9 kmFluxo de pessoas: 143mil/diaCusto Estimado: não divulgado
Fonte: Secretaria das Cidades Corredor Norte/Sul na AgamenonMagalhães ainda sem definição demodal
SETRANS/DIVULGACAO
CADERNO
ESPECIA
L
DIA
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dePP
EERRNNAAMM
BBUUCCOO
DOMINGORecife, 10 de julho de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Anamaria Nascimento, Nina Wicks e Tânia Passos Edição: Karla Veloso e Gabriel Trigueiro Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
Para fazer oRecife andarComquantos prédios e carros se faz a imo-
bilidade de uma cidade? Depende das ruas,
do próprio sistema viário e da qualidade do
transportepúblico.Masamobilidadevaimui-
to além do transporte individual ou público.
Todas as formas de deslocamento são váli-
das. O bê-à-bá deveria começar pelas calça-
das. Somente noRecife, cerca de 20%da po-
pulação se deslocam a pé. Nossos passeios
sãomalcuidados,emgeral têmobstáculos.Ou-
tros são desnivelados, quase ladeirados. Ou-
tros sequer existem. É nessa condição que a
macromobilidade vem sendo discutida e o
nosso dever de casa ainda não foi feito. Esta-
mos longe tambémdedispor de um sistema
decicloviaseficiente.Oqueexiste são trechos
semnenhum tipode conexão. As necessida-
des sãourgentes e o calo apertamais quanto
entra em cena o transporte individual.
Na contramão de uma lógica demobilida-
de, a aposta pelos automóveis tem sido uma
opção preferencial não só aqui, mas em to-
do omundo. Opreço dessa escolha pode ser
visto nos engarrafamentos que enfrentamos
todososdias.O tempoqueperdemosno trân-
sito é emmédia de 30%. Imagine odesperdí-
cio disso em uma semana, um mês ou um
ano. O Plano de Mobilidade do Recife prevê
alternativas a longo prazo. Mas já há inter-
vençõessendoapresentadasparareduziro im-
pactodosentraves, comoaconstruçãodaVia
Mangue, o alargamento doCapitão Temudo
e a reestruturação da CTTU. Igualmente im-
portante é a operação sistemática demanu-
tenção das vias que, por enquanto, é pouco
perceptível. E, finalmente, a aposta no trans-
porte público. As linhas alimentadoras do
transportecomplementar sãohojepeças fun-
damentais no contexto da mobilidade, mas
sem esquecer a imprescindível necessidade
demelhoriado sistemaviário.NoFórumDe-
safios para o Trânsito doAmanhã, promovi-
dopelosDiáriosAssociados, fizemosumraio
x do que existe hoje na capital pernambuca-
naedoqueaindaestáporvir.Até2014, espe-
ramos um novo trânsito e principalmente
uma novamobilidade urbana para a capital
e a RegiãoMetropolitana.
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Desde 2003, quando foicriada, a Companhiade Trânsito e Trans-porte Urbano (CTTU)
nunca viveu uma transformaçãotão intensa. Medidas como dupli-cação do número de agentes, aqui-sição de viaturas, melhoria na si-nalização das vias e instalação desemáforos que funcionam mes-mo com chuva forte devem se tor-nar realidade até o próximo ano.A reestruturação foi um dos te-mas debatidos na 3ª edição do Fó-rum Desafios para o Trânsito doAmanhã, promovido pelos Diá-rios Associados.
Aumentar o contingente de téc-nicos e guardas municipais foi to-mado como prioridade pela presi-dente da CTTU, Maria de PompéiaLins, que elaborou o projeto dereestruturação. No início do ano,eram 290 agentes de trânsito.Atualmente são 400 e o efetivo de-ve aumentar ainda mais após a
realização de um concurso públi-co previsto para agosto. Mais 200agentes serão contratados, totali-zando 600, ou seja, mais que o do-bro da quantidade inicial.
Segundo Maria de Pompéia, astransformações na empresa abran-gem três segmentos: a parte físi-ca, os equipamentos e o quadro depessoal. “Nosso maior desafio éfazer com que os motoristas fi-quem felizes com o trânsito. To-das as questões necessárias paraque tenhamos uma empresa defiscalização e controle de trans-porte que responda às necessida-des dos recifenses são levadas emconsideração”, frisou.
Entre as ações já desenvolvidaspela CTTU está a melhoria dos se-máforos da cidade. Mais de 200equipamentos estão recebendobateria como fonte de energia al-ternativa. “Uma das principais re-clamações era quanto ao desliga-mento dos semáforos quando cho-via. Esses equipamentos são mui-to importantes para o fluxluxf o deveículos e não podem ter só umafonte de energia”, explicou Ma-ria de Pompéia, autora da ideiadas baterias. Os semáforos das ave-nidas Agamenon Magalhães, Ca-
xangá e Norte funcionam com afonte alternativa. “Até agosto, osequipamentos da Rua Real da Tor-re, das avenidas ConselheiroAguiar e Dois Rios e de outras viasestarão com as baterias”.
A ideia da presidente da CTTU jáfoi, inclusive, exportada para SãoPaulo. “A capital paulista tambémtem problemas de desligamentode semáforos com a queda de ener-gia. Os paulistas viram reporta-gens sobre nossa ideia e quiseramimplantá-la por lá também. Umaempresa recifense desenvolve a tec-nologia que eles vão implementarna cidade. É muito bom ver nossaideia expandindo”.
FuturoDe acordo com Maria de Pompéia,ainda há muito o que ser feito pa-ra se chegar a uma situação idealpara o trânsito do Recife. Entreas melhorias previstas para os pró-ximos anos está o aumento nonúmero de equipamentos eletrô-nicos. O Recife conta hoje com 24fotossensores que registram oavanço de sinal e aumento de ve-locidade. O projeto de reestrutu-ração da empresa prevê um au-mento no número dos equipa-
mentos. “A aquisição de mais se-máforos, fotossensores e lombadaseletrônicas está sendo discutida eainda vai passar por processo delicitação, por isso ainda não háum prazo, mas podemos garan-tir que o número de equipamen-tos vai aumentar”, disse.
Outra questão que está sendodiscutida pela CTTU é a estrutu-ra física da empresa. A CTTU fun-ciona, desde 2003, na Rua FreiCassimiro, 91, em Santo Amaro,área central do Recife. O prédio
não pertence à empresa e não ofe-rece estrutura física sufucientepara os funcionários e visitantesda companhia. “As salas são real-mente pequenas e não dão confor-to suficiente às pessoas. Não é im-possível trabalhar aqui, mas a es-trutura pode ser melhorada”, afiriraf -mou Maria de Pompéia. Segundoela, a intenção é se instalar noimóvel da antiga Companhia deTransportes Urbanos (CTU), loca-lizado na Rua Treze de Maio, 207,também em Santo Amaro.
desafios para o trânsito do amanhã
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 10 de julho de 2011especial
saibamais+
saibamais+
ÓrÓrgão intensificamonitoramentodo trânsito diantedo aumento dofluxo de veículos
CTTU investeempessoal e tecnologia
Plano deMobilidadeUrbana doRecife
Oplano inclui cinco eixos a seremdesenvolvidos pela CTTU:
1.Eliminação de giros àesquerda:Entre a Avenida Norte e a Ruada Hamonia: proibido a partir de9 de julho
Entre a Avenida AgamenonMagalhães e a Avenida RuiBarbosa e entre a AvenidaAgamenonMagalhães e a RuaHenrique Dias: proibido a partirde 23 de julho
Entre a a Avenida Norte para aRua Gomes Coutinho: proibidoa partir de 30 de julho
NaAvenida Mascarenhas deMorais, embaixo do viadutoTancredo Neves: proibido apartir de 3 de setembro
2.Melhoria nos semáforos:Até agosto deste ano, 210 gruposde semáforos estarão operandocomo sistema de baterias
3. Sinalizações mais eficientes:ACTTU tematé 2012 paramelhorar a sinalização, complacas e pintura, por exemplo, nasprincipais vias do Recife
4. Disciplinamento nosentornos dos mercadospúblicos:Inclui a regulamentação deestacionamento, alémdaimplantação emanutenção desinalização horizontal e vertical.Osmercados deAfogados,ÁguaFria, BoaVista,CasaAmarela,Cordeiro, Encruzilhada,Madalena,NovaDescoberta eSãoJosé receberão oordenamento até o próximo ano
5.Melhoria viária:Ações paramelhorar o tráfegonas principais vias do Recife.ARuaJosé deAlencar, no bairro daBoaVista, por exemplo, terá osentido invertido até dezembrodeste ano
Fonte: CTTU
“O grande vilão do trânsito é oprocesso de carga e descarga”. Foicom essa frase que a presidente daCTTU começou a falar sobre osproblemas de mobilidade no Re-cife. Segundo Maria de Pompéia,além de intervenções físicas, a em-presa está elaborando um proje-to de lei que pretende regulamen-tar a operação de carga e descar-ga de mercadorias além do Cen-tro Expandido (Bairro do Recife,Boa Vista, Santo Antônio, São Jo-sé, Santo Amaro, Ilha do Leite e Ca-banga), onde a lei municipal, de1996, que estabelece regras paraque esse tipo de transtorno nãoaconteça, já vale.
A intenção é fazer com que acarga e descarga seja regulamen-tada em todos os bairros do Reci-fe. A lei já proíbe a parada e o es-
tacionamento de veículos detransporte, com comprimento su-perior a 6 metros nos dias úteis noCentro Expandido, nos corredo-res de transporte coletivo do Cen-tro e nos corredores metropolita-nos, urbanos principais e secun-dários, das 7h às 19h. Na AvenidaBoa Viagem, as sinalizações colo-cadas pela CTTU estabelecem re-gras para carga e descarga na via.O serviço pode ser realizado das5h às 8h e das 17h às 20h e só po-de ser executado por cargas e des-cargas de mercadorias especiaisou emergenciais, pois a legisla-ção dá respaldo a esses serviços.
O projeto será encaminhado àCâmara dos Vereadores neste anoe, caso seja aprovado, ficará proi-bida a parada e o estacionamen-to de carga e descarga das 6h às
22h, de segunda a sábado, em vá-rios bairros. “A ideia é fazer comque não só o motorista do veícu-lo que está realizando a carga oua descarga seja punido, mas tam-bém a empresa que está receben-
do ou enviando mercadoria. Éuma ação conjunta com outrosórgãos da prefeitura”, explicouMaria de Pompéia, afiriraf mando queainda não há prazo para a proibi-ção entrar em vigor.
Carga e descargaserão regulamentadas
Números da CTTU
66 câmeras demonitoramento
24 fotossensores
24 lombadas eletrônicas
400 agentes detrânsito
642 semáforos detrânsito
31 motocicletas
38 viaturas
Fonte: CTTU
FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A.PRESS
Número de agentes atuando nas ruas dobrou neste ano
Central de operações da companhia em Santo Amaro. Projeto de reestruturação buscamelhorar as estruturas interna e externa
>>diariodepernambuco.com.br
Vídeo do FórumDesafios para oTrânsito do Amanhã
acesse
/vidaurbana
Falta de ordenamento atrapalha o trânsito e gera risco para os próprios trabalhadores
Quando se fala se mobilida-de urbana, desafogamen-to do trânsito e sustenta-
bilidade, muitos planos de açãoapontam para o uso de bicicletascomo transporte, seja prioritárioou complementar. Hoje o Recifepossui 24km de ciclovias construí-das. As principais estão localiza-das na avenidas Norte, Boa via-gem e do Forte. Não há ligaçõesentre elas, uma das principaisqueixas dos usuários, que preci-sam se aventurar no meio do trân-sito para chegar ao seu destino.
O plano de mobilidade urbanada Prefeitura do Recife prevê aconstrução de 424km de ciclovias.A solução integrada às outras su-gestões de mobilidade, como oaperfeiçoamento das calçadas eincentivo ao transporte público,procura minimizar o uso de car-ros. Mas tem prazo de construçãoprevisto para 20 anos.
Para o garçom Luiz Carlos Go-mes, 43, que mora no Prado, Zo-na Oeste do Recife, visitar a mãeem Olinda virou uma tarefa di-fícil. Desde que adotou a bicicle-ta como meio de transporte, elepassou a restringir as visitas, queagora acontecem uma vez pormês. “Percorrer 20km até Olin-da sem uma estrutura que meofereça segurança e facilite meuacesso é muito desgastante”, ava-liou o ciclista.
Também adepto da bicicleta, omotorista Henrique Lucena da Sil-va, 20, já quebrou dois dedos dopé em uma colisão com um veí-culo. “Por falta de ciclovias, a gen-te tem que se arriscar no trânsi-to mesmo. E os carros não respei-tam as bicicletas. Quando saio decasa, tenho a ciclovia da Avenidado Forte. Mas quando chego naAvenida Caxangá não tem mais”.
Segundo o presidente do Insti-tuto da Cidade do Recife - Pelópi-das Silveira, Milton Botler, a prio-ridade é para as ciclovias que dãoacesso aos corredores de transpor-
te público. “Inicialmente pensa-mos nas bicicletas como transpor-te complementar. Ao invés de per-correr 20km, o ciclista pedalaria3km e em seguida utilizaria al-gum transporte público. Para is-so, precisamos também da cons-trução de bicicletários”, esclare-ceu Botler. “Faz muito pouco tem-po que se incorporou o tema deacessibilidade às políticas públi-cas. Com o plano todo executado,teremos uma malha perfeita de li-gamento entre as ciclovias. Maspara isso é preciso tempo e inves-timento”, completou.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 10 de julho de 2011 especial 3
desafios para o trânsito do amanhã
Recife tem 24km desseacesso contruído. Metaé implantar mais 424kmno prazo de 20 anos
Percorrer 20km
atéOlinda sem
estrutura que
ofereça segurança
é um risco”
“Luiz Carlos , 43, que mora no Prado e usaa bicicleta para visitar a mãe, em Olinda
Na Avenida Caxangá, ciclistas se aventuram emmeio aos carros por falta de uma via apropriada para o veículo
Anecessidadede ciclovias
FOTOS:
RICARDO
FERNANDES/DP/D
.APRESS
Hoje existem 24 km deciclovias construídas, nosseguintes pontos
Avenida do ForteEngenho domeioAvenida 21 deAbrilAvenida NorteCentroAvenida Brasília FormosaAvenida BoaViagem
Os novos trechos
74kmde cicloviasnos corredores hidrográficos
Rio BeberibeRio CapibaribeCanal do arrudaIlha do RetiroMustardinhaRio MornoRio TejipíóVia MangueCanal do Jordão
120km de cicloviasnos corredores de transporte
Avenida BeberibeAvenida NorteCorredor Leste-OesteAvenidaAbdias de CarvalhoAvenida Mascarenhas deMoraisCorredor Norte-Sul3ª Perimetral4ª perimetral
156km de ciclofaixas
Avenida NorteAvenida Maurício de NassauAvenidaAgamenonMagalhãesCais José EstelistaIbura a Boa viagemRuaMaria IreneDois IrmãosVárzea
saibamais+
Andar pelas calçadas doRecife tem sido umato cada vez mais tor-tuoso. São tantos os
obstáculos no passeio que a mo-bilidade dos 20% da populaçãoque se deslocam a pé pela cidadeé dificultada ou até impedida. Osgalhos ou raízes de árvores, bar-racas ambulantes, sacos de lixoou desníveis que atrapalham o ca-minho dos que transitam pelasvias da capital pernambucana são,também, responsabilidades doscidadãos. O fato é que a lei muni-cipal das calçadas - n°16.890/03,aprovada há oito anos, não tem si-do respeitada. A legislação deter-mina que os proprietários façama manutenção de sua própria cal-çada. Muitos recifenses, porém,não conhecem a lei. Outros sa-bem que devem cuidar do passeioem frente à residência, mas con-tinuam a desrespeitar a norma.
A pedagoga aposentada Luzine-te Lopes, 68 anos, moradora dobairro de Santo Amaro, na áreacentral do Recife, conhece a leimunicipal e sabe que deve cuidardo trecho da calçada da Rua Pau-
lino Câmara que fica em frente àsua casa. “Sei que tenho que man-ter minha calçada bem cuidada elivre de obstáculos. Já fiz um repa-ro nela, inclusive”, contou. O vizi-nho dela, no entanto, desconheciaa legislação até a chegada da repor-tagem do Diario de Pernambucona rua. “Nunca tinha ouvido falarnesta lei. Estava por fora, mas ago-ra estou sabendo”, afirmou o en-genheiro Sílvio Rêgo, 59 anos.
As calçadas mal cuidadas pre-judicam muitas pessoas, mas, prin-cipalmente, os idosos e deficien-tes físicos. A aposentada MarianaPereira, 88 anos, por exemplo, sen-te muita dificuldade ao caminhariculdade ao caminhardifpelo Recife. Além da idade avan-çada, ela sofre de artose, umadoença degenerativa das articula-ções. “Já levei três quedas nas cal-çadas da cidade. Ando forçada pe-las ruas, mas preciso resolver meusproblemas e não tenho quem fa-ça isso por mim”, disse. O cadei-rante Marcelo Costa, 47, trabalhana área central do Recife e se ar-risca pelas calçadas do centro. “Osburacos e ausência de rampas sãoos maiores obstáculos para os queusam cadeira de rodas. É um so-frimento enorme circular por aquie acabamos nos arriscando aindamais passando pela pista com osveículos”, ressaltou.
FiscalizaçãoA Lei Municipal das Calçadas de-termina, desde 2003, que a ma-
nutenção delas cabe ao proprie-tário do imóvel. Porém, o que sepercebe é que a legislação nãotem sido respeitada. De acordocom a lei, o cidadão pode sermultado de R$ 161,36 a R$2.418,77, dependendo do tipo deinfração cometida.
A Diretoria de Controle Urba-no do Recife (Dircon) é responsá-vel pela fiscalização do cumpri-mento da legislação. A diretorado órgão, Maria José D’Biase, afir-ma que o papel da Dircon vemsendo feito. “Exigimos o cumpri-mento da legislação vigente. An-tes da Lei das Calçadas, já exis-tia a lei federal de acessibilida-
de, de 2000. Novos projetos sósão aprovados se estiverem deacordo com a legislação”.
Ainda segundo D’Biase, a Dir-con faz um trabalho em parce-ria com o Núcleo de Acessibilida-de da Prefeitura e está elaboran-do uma cartilha sobre a manu-tenção das calçadas. “A ideia éoferecer várias opções de padrõesconstrutivos a partir das normasda Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT). Hoje todosos projetos da prefeitura são con-templados com as normas deacessibilidade. Estamos tambémfazendo trabalhos junto às esco-las, hospitais e praças”, explicou.
desafios para o trânsito do amanhã
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4 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 10 de julho de 2011especial
Lei municipaldetermina que osproprietários façam amanutenção dopasseio. Regra que nãovem sendo cumprida
Exigimos o
cumprimento
da legislação
vigente. Novos
projetos só
são aprovados
se a seguirem”
“Maria José D’Biase,diretora da Dircon
saibamais+
Calçadas,o dever de casa
Lei Municipal 16.890/03(“Lei das Calçadas”)
Regulamentada pelodecreto 20.604/04
Trata da construção,manutenção e recuperaçãodas calçadas no Recife
A lei determina queproprietários de imóveisou condôminos sãoresponsáveis pelaconservação das calçadas
Os cidadãos sãolegalmente obrigados aconsertar a calçada emfrente ao seu imóvel dentrodo prazo de 90 dias
Caso não realize o consertoda calçada, o proprietáriopode ser notificado pelaPrefeitura do Recife, sobpena de multa
O valor da multa varia deR$ 161,36 a R$ 2.418,77 edepende do tipo de infração
Caso omunicípio execute oserviço de conserto dacalçada, o proprietário teráainda que pagar umpercentual de 10%acima dopreço do reparo
Cabe a Prefeitura conservaras calçadas quemargeiamosrios, canais, lagos, praias,praças e as que ficamemfrente aos prédios públicos,alémde canteiros centrais deavenidas, praças, parques
Estragos causados por obraspúblicas e privadas devem serconsertados pelas empresasresponsáveis pelas obras
Rampas construídas para aentrada de veículos só sãopermitidas se ocuparematéum terço da largura dacalçada
Aconstrução das rampas sópodeser feita senãoprejudicara arborizaçãoda rua
As calçadas devem serconstruídas e reformadascommateriaisantiderrapantes
Não é permitido deixaralgum obstáculo que impeçao livre trânsito de pedestrespelas calçadas
FOTOS: LAIS TELLES/ESP DP/D.A PRESS
Mariana Pereira, 88: dificuldade para andar nas ruas
Moradora de Santo Amaro, Luzinete Lopes, 68, sabe que deve cuidar do espaço
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 10 de julho de 2011 especial 5
desafios para o trânsito do amanhã
Sistema quesubstituiu as kombisatende demanda de
populações queantes sofriam
para se locomover
O sistema é bom,
mas como só
funciona até as
22h, ainda subo
a ladeira a pé
quando chego”
“Anílson Edson, auxiliar de cozinha,morador do Alto do Rosário
saibamais+
Transporte complementarfacilita odeslocamento
Quem lembra das vans ekombis que invadiam ocentro do Recife e trans-
formavam o trânsito em um caos?Oito anos depois, essa cena já nãofaz mais parte da paisagem urba-na da cidade. No lugar delas, sur-giu o transporte complementarcom a função de não mais con-correr com os ônibus e sim fazera complementação do sistema emáreas de difícil acesso ou onde nãohá demanda suficiente. Das 26 li-nhas previstas para entrar em ope-ração desde 2003, oito ainda nãocomeçaram a operar. Elas foram di-vididas em interbairros e alimen-tadoras. Essas últimas são gratui-tas e transportam o passageiro atéa parada de ônibus mais próxima.Já a interbairro tem a função deatender demandas de menor por-te de um bairro para outro. De
acordo com a Companhia de Trân-sito e Transporte Público (CTTU),o sistema complementar atendehoje toda demanda dos altos da ci-dade. De fato melhorou e a própriapopulação reconhece. Mas aindanão é o ideal.
No Alto do Rosário, Zona Nor-te, uma van faz o transporte depassageiros dos moradores até aparada de ônibus mais próxima.Nem sempre foi assim. Antes, pa-ra ter acesso aos ônibus, os mora-dores precisavam vencer a distân-cia do alto até uma região maisplana onde houvesse paradas dosistema regular de transporte. Pa-rece perfeito, mas não é. As ali-mentadoras, em geral, atuam nospontos onde o sistema viário é
ruim. Na Rua Chagas Ferreira, Al-to do Rosário, a via esburacada éum tormento para os passageirose motoristas. “O ônibus quebraumas duas vezes por mês”, reve-la o motorista Giliarde da Silva, 28anos. Na van, encontramos o au-xiliar de cozinha Anílson Edson,32 anos, que estava indo para o tra-balho e pegou carona na linhaalimentadora. “Ficou muito me-lhor para a gente. Mas quandovolto do trabalho subo a ladeiraa pé. Saio depois da meia-noite eas vans só funcionam até as 22h”.
Para a dona de casa Adriana San-tos, 39, a opção da van é suficienticientsuf e.“Vou raramente ao centro. Muitacoisa resolvo no bairro. Desço esubo na van sem pagar. Se precis-
ar ir ao centro, tem ônibus”, afir-mou. De fato, a circulação de ôni-bus nos morros é cena bastantecomum. Segundo o engenheiro eespecialista em transporte, Ger-mano Travassos, a cidade é bemservida de ônibus. “Há uma con-centração de linhas nos morros,mas o ônibus não chega onde o sis-tema viário não permite e ondenão há demanda que justifique”.
A comunidade de Sítio dos Pin-tos, Zona Norte, é uma das que so-licitaram uma linha alimentado-ra, mesmo dispondo de ônibus.“No caso de Sítio dos Pintos, háum problema do sistema viárioque precisa ser resolvido antes deimplantarmos uma alimentado-ra”, explicouadiretorade transpor-
te da CTTU, Bárbara Estolano. Adistância para justificar uma ali-mentadora é de 600 a 700 metros.
Das oito linhas complementaresque ainda não entraram em ope-ração, pelo menos duas não de-vem sair do papel. São as inter-bairros Shopping/Setúbal e Tor-re/CDU. “Essas regiões hoje sãobem servidas de ônibus e não jus-tificaria a implantação de com-plementares. Provavelmente va-mos fazer ajustes dos itinerários”,explicou Estolano. De 2003 a 2011,houve modificações no sisicações no sismodif tema. Oedital previa um número maiorde linhas interbairros. “Hoje agente percebe que há uma deman-da maior pelas alimentadoras”,explicou Bárbara.
O sistema de transporte com-plementar atende 63 bairros e al-tos da cidade e transporta cercade 70 mil pessoas por dia. São 36comunidades atendidas pelas se-te linhas interbairros e 27 que re-cebem as 17 linhas alimentado-ras. Uma das razões para essa dis-paridade é a distância. As linhasinterbairros percorRem trechosde até 30 quilômetros e cobremum número maior de comunida-des. E as alimentadoras têm a fun-ção apenas de levar o passageiro
para a parada mais próxima.Atualmente a CTTU estuda a
implantação de duas novas linhas:uma interbairro ligando o Jordãoao Aeroporto e uma alimentado-ra na Cidade Universitária. “A Ali-mentadora na Cidade Universitá-ria vai evitar que uma grandequantidade de ônibus circule nasruas do campus. O passageiro vaipoder descer nas imediações dareitoria e pegar um transporte. Osistema também vai atender a de-manda interna de um prédio pa-
ra outro já que as distâncias sãograndes”, explicou Bárbara Esto-lano. Segundo ela, tanto a univer-sidade como os empresários deônibus estão simpáticos à inicia-tiva, que ainda não tem data pa-ra ser implantada.
Em oito anos de implantaçãodo complementar a frota estásendo renovada. Os micro-ôni-bus vão dar lugar a ônibus de 21lugares. A mudança na classifi-cação é uma exigência de umalei federal para que todos os veí-
culos tenham o elevador para ocadeirante. “A gente tambémconseguiu redução no IPVA e noICMS da mesma forma que osônibus convencionais”, comemo-rou o presidente da CoopeNorte,Manoel Leôncio Correia. Segun-do ele, já foram adquiridos 40novos ônibus, dos 170 que com-põem a frota do complementar.“Até 2014 toda a frota deverá serrenovada, inclusive das linhasalimentadoras que ainda funcio-nam com vans”, afirmou.
Números do transportecomplementar do Recife
70 milpessoassão transportadas pordia no sistema
63 bairros e altos doRecife são atendidos peloscomplementares
141 veículos compõema frota do sistema
28% da frota já foramrenovados com40 novos ônibus
8 anos é o tempode vida útil dos primeirosmicro-ônibus adquiridos em2003
2014 é o prazo limitepara renovação de toda a frota
Números dos ônibusconvencionais na RMR
385 linhas
2.730 ônibus
1,8 milhãode passageirostransportados ao dia
Fonte: CTTU e Grande Recife
Linhas têm funções distintas
Moradores tinham
quecaminharpor
longasdistâncias
atéasparadas
FOTOS: MARCELO SOARES/ESP. DP/D. A PRESS
No Alto do Rosário, linha alimentadoramelhora o transporte demoradores, mas via está emmás condições
CADERNO
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DOMINGORecife, 31 de julho de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
encencararamospramosproblemasoblemasda (i)mobilidadeda (i)mobilidade
Olindae Jaboatão
Onde começa um e termina o outro ? Os dois vizinhos de
(porta)doRecifevivemosextremosdasdiferençasesemelhan-
ças. JaboatãodosGuararapes temcincovezes o território de
Olinda,quaseodobrodapopulaçãoepossuia segundamaior
arrecadaçãodoestado.Masquandose falaemmobilidadeur-
bana, eles comungampraticamentedosmesmosproblemas.
A frota de veículos dos doismunicípios é semelhante e, nes-
secaso,Olinda ficaemdesvantagempelapoucadimensão ter-
ritorial. Ambos superaram amarca dos 100mil veiculos.
Jaboatão tem 21mil carros amais do que Olinda e apenas
13agentesamais.Quantoaonúmerodesemáforos,Olinda fi-
ca na frente com65 equipamentos contra 48 de Jaboatão. E
nenhum dos dois municípios possui equipamentos reduto-
res de velocidade. Faltando apenas três anos para a Copa de
2014, eles têmumenormedesafioacumprir -umdeverdeca-
sa sempre adiado. O tempo é curto paramelhorar as vias ur-
banaseacapacidadeoperacionaldo tráfego.Na4ªediçãodo
FórumDesafiosparaoTrânsitodoAmanhã,umaradiogra-
fiadosdoismunicípiosmaispróximosdacapital pernambu-
cana, carentes de uma política de mobilidade que deve ir
muito além da Copa.
PAULO PAIVA/ESP. DP/D.A PRESS.
Não há como melhorar amobilidade de uma ci-dade se não for levada
em conta a qualidade do trans-porte público. Em Jaboatão dosGuararapes, o sistema que deveriaser complementar é responsávelpor 80% do transporte de passagei-ros na área urbana do município,cerca de 120 mil pessoas por dia.E deixa muito a desejar. Mesmocom a regulamentação do siste-ma, que reduziu o número de veí-culos pela metade, a forma de tra-balhar não mudou em nada emrelação à época dos clandestinos.Em Olinda, o transporte comple-mentar responde por 6,43% dospassageiros transportados por diano município, o que representacerca de 2.400 pessoas. A regula-mentação do sistema em 2002,reduziu de mil kombis para 25microônibus. O complementarpassou a fazer apenas a funçãode alimentar o sistema onde oônibus convencional não chega.
O terminal do Caenga, no bair-ro de Rio Doce, em Olinda, inau-
gurado em 2008, é exclusivamen-te para o complementar. Os pas-sageiros esperam sentandos oufazem fila para entrar no veículo.O cronograma das viagens é defi-nido pelo Grande Recife Consór-cio de Transporte Metropolitano.Somente Olinda e Recife integramatualmente o consórcio. Os passa-geiros admitem que o modeloatual é mais organizado, mas ain-da há críticas. A dona de casa Cris-tina Leite, 37 anos, reclama da de-mora nos intervalos de saída dosveículos e da cobertura do termi-nal. “Sem dúvida é mais organi-zado, mas quando tem chuva devento a gente se molha e às vezesa gente espera mais de 40 minu-tos para sair um carro”, disse.
Em Jaboatão dos Guararapes asparadas não têm cobertura. Ospassageiros esperam em calçadasestreitas e até na rua. É só umaparte do sofrimento. Na AvenidaBarreto de Menezes, uma das prin-cipais vias do centro de Prazeres,os veículos chegam nas paradas atodo instante e os cobradores des-cem para disputar a preferênciados passageiros. O acerto do paga-mento é feito na rua mesmo e,para não perder tempo com o abree fecha das portas, é comum osdeslocamentos de porta aberta.Mas não é só isso. Não há contro-
le para evitar a superlotação e ospassageiros se acomodam do jei-to que podem. A cabeleireira IranMaria dos Santos, 30 anos, recla-ma do excesso de passageiros.“Tem gente que vai quase sentan-do no colo do motorista”.
A gerente de operações de trân-sito de Jaboatão, Lúcia Recena ad-mite que o sistema tem ainda mui-to o que melhorar. “Nós consegui-mos acabar com os clandestinos,mas há ainda um hábito adquiri-
do na forma antiga de se traba-lhar, que ainda não foi superado.O nosso trabalho será de intensi-ficar a fiscalização”, afirmou. Ja-boatão também não está inseri-da no Consórcio Metropolitano eisso significa que o passageiro,que usa o transporte complemen-tar ou as linhas de ônibus muni-cipais não pode fazer parte do Sis-tema Estrutural Integrando (SEI),onde com apenas uma passagemé possível entrar e se deslocar pa-
ra qualquer município da regiãometropolitana. “Eu vim de BoaViagem para Prazeres e tive quepagar duas passagens”, reclamoua dona de casa Daniele da Silva,22 anos. De acordo com o prefei-to Elias Gomes, a previsão é queo município passe a fazer parte doconsórcio ainda este ano. “O sis-tema de bilhetagem eletrônica jáfoi implantado no complemen-tar. Faltam alguns ajustes”, afir-mou o prefeito.
desafios para o trânsito do amanhã
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 31 de julho de 2011especial
saibamais+
EmOlinda, transportecomplementar facilitamobilidade. Jabotãosofre por não integrar oSistema Integrado (SEI)
Transportepúbliconãopodeservilão
Olinda
43,5km2é a área domunicípio
380milhabitantes
108milveículos é a frota registrada até
junho/2011
75agentes de trânsito
65semáforos
50 permissionárioscadastrados no transportecomplementar
7 linhasmunicipais
77 linhas intermunicipais
11 linhas complementares
2.400pessoas são transportadas pordia pelo complementar
37.321pessoas são transportadas pordia pelas linhasmunicipais
358.804pessoas são transportadas pordia pelas linhas intermunicipais
Com quase a mesma frota,Olinda e Jaboatão dos Guarara-pes enfrentam problemas seme-lhantes na operacionalização dotrânsito. A cidade PatrimônioCultural da Humanidade tentaadministrar não apenas sua fro-ta de 108 mil veículos, mas tam-bém o trânsito vindo de outrosmunicípios. Tanto Olinda quan-to Jaboatão são corredores natu-rais para quem se desloca para oslitorais Norte ou Sul. “Olinda re-cebe um número muito maiorde carros do que a sua frota enós temos corredores de tráfegomuito curtos, mas com um fluluf -xos intensos”, explicou o prefei-to Renildo Calheiros.
A municipalização do trânsitoem Olinda ocorreu no ano de2005, sete anos depois de Jaboatão
dos Guararapes. Os dois municií-pios ainda engatinham na ques-tão da operacionalização do trân-sito. Olinda até bem pouco tem-po tinha apenas 29 agentes detrânsito e hoje conta com 75, maso número ainda é insuficiente.Jaboatão tem apenas 88 para umafrota de 129 mil veículos.
De acordo com o prefeito EliasGomes, está sendo elaborado umplano de mobilidade para o mu-nicípio que prevê, entre outrasações, a implantação de uma cen-tral de controle de tráfego e umconcurso público para 200 agen-tes, além da compra de equipa-mentos de monitoramento. “Anossa expectativa é de implantaressas melhorias até o próximoano”, afirmou Elias Gomes.
Em Olinda são 65 semáforos,
implantados há 35 anos. O muni-cípio não dispõe de nenhumalombada eletrônica ou equipa-mentos que flaglagf rem o avanço desinal. Déficit de material huma-no e tecnológico, insufientes pa-ra atendar a demanda do muni-cípio. “Nós vamos licitar uma sé-
rie de ações para melhoria do ge-renciamento de tráfego, inclusi-ve a modernização dos semáfo-ros e a compra de equipamentoseletrônicos para monitorar o trân-sito”, afirmou o secretário exe-cutivo de transporte, controle ur-bano e ambiental, Adriano Max.
Aprendendo a desatar os nós
Na Avenida Barreto deMenezes, em Jaboatão, veículos param a todo instante e cobradores disputam passageiros como os velhos clandestinos
JaboatãodosGuararapes
256km2
é a área domunicípio
645milhabitantes
129milveículos é a frota registrada até
junho de 2011
88agentes de trânsito
48semáforos
400 permissionários dotransporte complementar
12 linhasmunicipais
58 linhas intermunicipais
120milpessoas são transportadas pordia pelo complementar
24milpessoas são transportadas pordia nas linhasmunicipais
246milpessoas são transportadas pordia nas linhas intermunicipais
Fonte: Prefeituras deOlinda e JaboatãodosGuararapes eGrande Recife Consórcio
Passageirospodemesperar sentadosocomplementar noTerminal doCaenga, emOlinda
EmOlinda, semáforosjá contabilizam 35 anos
Sinais sincronizados facilitammobilidade em Piedade
PAULO PAIVA/ESP. DP/D.A PRESS.
MARCELO SOARES/ESP DP/D. A PRESS
MARCELO
SOARES/ESP
DP/D
.APRESS
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 31 de julho de 2011 especial 3
desafios para o trânsito do amanhã
Mapa cicloviário de Olinda
2km de ciclovia na orla (existe
atualmente)
4km de ciclovia na orla da
ampliação da via litorânea ( em
execução)
6km de ciclovia margeando a
futura Via Metropolitana Norte
(projeto)
4km de ciclovia na duplicação
do trecho da 2ª perimetral
(projeto)
2km de ciclovia margeando um
trecho do canal de Bultrins
(projeto)
8km de ciclovia no trecho a ser
recuperado da PE -15 (do estado)
Total
26km de ciclovia para
serem implantados até 2014
Mapa cicloviário previsto
para Jaboatão
3km de ciclovia na orla ( existe
atualmente)
2km para fazer a ligação com a
orla de Recife (projeto)
2km de ciclovia na pista Leste
daAyrton Senna (em execução)
Total
7km de ciclovia para ser
implantado até o fim do ano
saibamais+
Na mobilidade urbana, pe-destre e ciclista não po-dem ser esquecidos.
Quanto mais existir a opção dosdeslocamentos não motorizados,menos carros haverá nas vias. Osmunicípios de Olinda e Jaboatãodos Guararapes não são os únicosa deixar essa premissa em últimoplano. As duas cidades dispõem deciclovias, ambas na orla. Olindatem dois quilômetros de cicloviano Bairro Novo e terá mais quatrocom a ampliação da via litorâneaaté a Ponte do Janga. Jaboatão temtrês quilômetros de ciclovia naorla e projeto para fazer a ligaçãocom a ciclovia da orla de Recife.Também em obras no município,a requalificação da Avenida Ayr-ton Senna, que passará a ter umaciclovia de 2 kms na pista leste.
As ciclovias em trechos isola-dos são apenas um primeiro pas-so. A interligação da cidade em
vias seguras para o ciclista aindaé um sonho distante para os doismunicípios, e mesmo para o Re-cife. As dificuldades vão desde acaptação de recursos à adaptaçãode vias não projetadas para estefim. “Em Olinda, as ruas são mui-to estreitas e teria que haver gran-des desapropriações”, explicou asecretária de planejamento e ges-tão do município, Sônia Calheiros.Segundo ela, na requalificação daicação daualifAvenida Presidente Kennedy, nãofoi possível implantar uma ciclo-via por falta de espaço. O mesmoocorreu com o binário das aveni-das Transamazônica e Brasília.
Nem sempre espaço é o proble-ma. A Ponte do Paiva tem ciclovia,mas a avenida que foi construídana orla de Barra de Jangada, quese liga a ponte, não tem. “É per-feitamente possível implantaruma ciclovia na orla de Barra deJangada e fazer a ligação com oPaiva, depois com a orla de Jaboa-tão e com a orla de Recife”, afir-mou o secretário de Serviços Pú-blicos do município, Evandro Ave-lar. Segundo ele, também há pro-jetos de implantar ciclovias na re-qualificação da Estrada de Curcu-rana e no trecho do eixo de inte-gração da BR 101 com JaboatãoCentro pela PE - 17.
CicloviascontinuamesquecidasGestores deixam emsegundo plano projetosque viabilizam osdeslocamentos nãomotorizados. Cidadescorrem atrás do prejuízo
EmOlinda, as
ruas sãomuito
estreitas e teria
que havermuitas
desapropriações”
“Sônia Calheiros, sec. de Planejamento
Jaboatão tem3kmde ciclovia na orla e projeto de ligação comciclovia deBoaViagem
BairroNovo tem2kmdeciclovia evai ganharmais 4km
RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
BLENDASOUTO
MAIO
R/ESP
.DP/D
.APRESS
ACidade Patrimônio Cul-tural da humanidadetem carências de mobili-
dade na área do Sítio Histórico.Mas não é só. Além dos limites dacidade histórica, os problemas sãoainda mais evidentes. Um dosgrandes desafios é melhorios é melhordesaf ar a qua-lidade do pavimento das vias, a si-nalização e os passeios. Uma dasintervenções previstas é a recupe-ração das vias de interesse turís-tico. Pelo menos treze vias serãorecuperadas. O projeto não inclui,no entanto, obras de acessibilida-de e a implantação de ciclovias.
“Não há como fazer tudo deuma só vez. Os recursos que Olin-da conseguiu foram para deixaressas vias, de importância turísti-ca, em condições adequadas detrafegabilidade”, explicou o secre-tário de Serviços Públicos do mu-nicípio, Oswaldo Lima Neto. Es-
pecialista em trânsito e professorda Universidade Federal de Per-nambuco, ele conhece bem os de-safios da mobilidade. “Não hou-ve planejamento das cidades e hámuito o que ser feito. O trabalhoconjunto de melhoria de pavi-mentação e gerenciamento do trá-fego é o caminho dentro das li-mitações existentes”, afirmou.
Uma cidade com pouco maisde 300 mil habitantes e uma fro-ta de 108 mil veículos, não era pa-ra sofrer tanto com os gargalosdiários, mas sofre. Olinda fica narota do Recife para quem vem dolitoral Norte. A PE-15, que corta omunicípio é uma rodovia esta-dual que faz parte do projeto doCorredor Norte/Sul. O trânsito in-tenso na via acaba trazendo im-pacto nas vias internas.
Um dos projetos mais espera-dos é a duplicação do trecho da2ª perimetral que fará ligaçãocom uma nova via a ser implan-tada: a Metropolitana Norte. Se-gundo o prefeito de Olinda, Re-nildo Calheiros, a via é a mais im-portante intervenção para me-lhorar o tráfego que hoje passadentro do município e está orça-da em mais de R$ 400 milhões.Pelo projeto, a Metropolitana
Norte vai margear os canais doFragoso e do Bultrins, saindo dolimite de Paulista para se encon-trar com a 2ª perimetral na PE-15. “Haverá um viaduto que vaipassar por cima do terminal deintegração da PE-15 ligando aMetropolitana Norte, explicou oprefeito.
A nova via e o trecho duplica-do da perimetral vão totalizar 10quilômetros de extensão. “Quemvier de Paulista e quiser ir para oRecife não precisará usar a Getú-
lio Vargas ou Carlos de Lima Ca-valcanti. Poderá fazer fazer essa li-gação pela Metropolitana Norte”,afirmou. Apesar da sua importân-cia não há ainda um cronogramadefinido das obras. “É uma obramuito cara que será feita em par-ceria com o estado e o governo fe-deral. Nós estamos trabalhandoo trecho do canal dos Bultrins”,adiantou o prefeito.
Outra via estratégica dentroda dinâmica do trânsito no mu-nicípio é a Presidente Kennedy,
principal ligação para os altosde Olinda e para a segunda pe-rimetral. A via que está sendorequalificada vai receber um cor-redor exclusivo de ônibus no can-teiro central, semelhante ao queexiste hoje na Avenida Caxangá.“Paralela à Presidente Kennedy,nós criamos um binário com asavenidas Transamazônica e Bra-sília, que vão servir para desafo-gar a Kennedy”, explicou a se-cretária de planejamento e ges-tão, Sônia Calheiros.
desafios para o trânsito do amanhã
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saibamais+
Intervenções nasrotas do turismo eduplicação da segundaperimetral interligadaa uma nova via sãoprioridades em Olinda
Metropolitana
Norte,orçadaem
R$400mi,éobra
maisambiciosa
FOTOS: PAULO PAIVA/ESP. DP/D.A PRESS
Pavimentandoo futuro
Avenida Presidente Kennedy vai ganhar um corredor de ônibus no canteiro central
Cartão de visitas da cidade-patrimônio, Sítio Histórico será recuperado com a pavimentação das vias, dos passeios e o reforço na sinalização
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PE15
PE15
PE15
PE15
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3
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Requalificação da Avenida Presidente KennedyImplantação do binário da KennedyDuplicação da 2ª perimetralExpansão da via litorânea até a Ponte do JangaRecuperação das vias dos bairros da bacia do Beberibeacia do BebeVetor Norte/Sul (da Avenida Olinda até o limite de Pe de aulistaVetor Norte/Sul- PE-15Vetor Leste/Oeste - Avenida Presidente Kennedyennedy
Fonte: Prefeitura de Olinda
Projeto deUrbanização - canal de Bultrins
Complementação da 2ª perimetral/ViaMetropolitanaNorte
Construção de lagoas de retenção e urbanizaçãodo entorno
Áreas para reassentamentos- construção deconjuntos habitacionais
Via Metropolitana Norte - Olinda
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Mapa viário das obras de Olinda
Como tirar uma cidade doisolamento metropolita-no? O município de Jaboa-
tão dos Guararapes está sendo re-desenhado do ponto de vista viá-rio. A começar pela requalifica-ção da Estrada da Batalha, um dosprincipais acessos ao litoral Sul. Aobra foi o pontapé para uma sé-rie de mudanças no traçado viá-rio do município. O bairro de Pra-zeres, por onde passa a via, tam-bém receberá um binário que vailigar a Estrada da Batalha à Ave-nida Ayrton Senna, que tambémserá requalificada. A Ayrton Sen-na vai receber um corredor exclu-sivo de ônibus e ciclovia. O proje-to também inclui a melhoria dascalçadas e sinalização.
“Nós estamos priorizando osprincipais corredores de tráfegopara dar mais velocidade ao trân-sito. Pela Avenida Ayrton Sennatambém vai passar o projeto do es-tado, do Corredor Norte/Sul”, ex-plicou o secretário de Serviços Pú-blicos do município, Evandro Ave-lar. Um dos maiores desafios queo prefeito Elias Gomes disse quetem pela frente não é apenas ti-rar a cidade do isolamento me-tropolitano, mas também do seupróprio isolamento. Segundo oprefeito, são várias cidades dentrode uma que não se interligam.“Tem a cidade de Prazeres, de Pie-dade e Candeias, de Jaboatão Cen-tro e de Cavaleiro. Nós queremoscriar uma unidade e o sistema
viário é fundamental na melho-ria da mobilidade”, explicou.
Melhorar as condições das viase criar novas mecanismos de liga-ção entre os bairros fazem partedo plano de mobilidade do mu-nicípio previsto para ser implan-tado até 2020. Mas algumas açõesjá estão em curso. A Avenida Ber-nardo Vieira de Melo, que sequerera sinalizada, ganhou sinaliza-ção horizontal e vertical e semá-
foros sicronizados. Dentro dasações de mobilidade, estão pre-vistos investimentos na ordem deR$ 71,5 milhões dos cofres do mu-nicípio para cerca de 300 interven-ções este ano, incluindo o biná-rio da Avenida Aarão Lins de An-drade, em Prazeres. Além da pa-vimentação de 254 ruas com ser-viços de drenagem e saneamen-to. É um esforço, sem dúvida, po-rém mais uma vez a acessibilida-
de não será contemplada nessasobras. Para um município quenunca priorizou o sistema viário,as lacunas ainda são grandes.
De acordo com o secretário deServiços Públicos, Evandro Avelaras ações de melhoria da mobilida-de dos centros urbanos do muni-cípio envolvem inerligação deáreas até agora esquecidas. É o ca-so de Jaboatão Centro. “A via prin-cipal do centro de Jaboatão não
comporta mais o tráfego.É uma si-tuação insustentável”, afirmou.No local será construído um biná-rio das avenidas Manuel Rabelo eVisconde do Rio Branco.
A intervenção inclui ainda a re-qualificação da PE-07, uma via es-tadual, que faz a ligação ao bair-ro de Cavaleiro e a BR-101. A açãotambém prevê a requalificação daicação daualifEstrada da Luz, que faz a ligaçãode Jaboatão Centro com a BR-232.
“Com essas intervenções a gentevai possibilitar tirar a área mais an-tiga de Jaboatão do isolamento”,afiriraf mou o secretário. No bairro deCavaleiro está prevista a requalifi-cação das ruas do entorno do mer-cado e a implantação de um bi-nário. Na área das praias, uma dasintervenções previstas em parceriacom o estado é a duplicação daEstrada de Curcurana com paradasem baias e ciclovia.
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desafios para o trânsito do amanhã
Jaboatão quer garantirvelocidade ao trânsito,quebrar o isolamentoexterno e investir naligação dos bairros quenão se interligam
saibamais+
Estãoprevistas
cercade300
intervenções
paraesteano
Porumsistemaviário integrado
MARCELO SOARES/ESP DP/D. A PRESS
BR 232BR 232
BR40
8BR
408
PE 00PE 0077
BR1
BR10
1 01
BR1
BR10101
CurCurcurcuranaana
CaCavvaleiraleiroo
PE 01PE 0177
EixEixooIntIntegregraçãoação
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Jaboatão Centro: BináriodaAvenidaManuel Rabelo eAv.Visconde do Rio Branco ea requalificação das PE-07
Jaboatão Centro: Estrada daLuz, a requalificação da via
Centro Urbano de Prazeres:AvenidaAyrton Senna e bi-nário daAarão Lins deAn-drade e as ruas Emiliano Ri-beiro e Cel Francisco Galvão
Centro Urbano de Cavaleiro:Requalificação das ruas doentorno domercado com aimplantação de umbinário
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Mobilidade nos centrosurbanos de Jaboatão
Principais eixosmetropolitanos de Jaboatão
1.BR-101 (Radial do contornoda RMR)
2. BR-232 (Interiorização)
3. BR-408 (Acesso Cidadeda Copa)
4. Eixo de Integração (PE-17,Estrada de Curcurana,Av.Manoel Rabelo/Av.Barão deLucena e Estrada da Batalha)
5. Eixo doMetrô (LinhaRecife/Jaboatão Centro;LinhaTip e Linha Cajueiro Seco)
6. Eixo do Trem (Cabo/Curadoe futura implantação doVLTCajueiro Seco/Cabo)
7. Corredor Norte/Sul(BR-101, PE-15,Av.AgamenonMagalhães, Domingos Ferreirae Ayrton Senna)
Fonte: Prefeitura do Recife
Av. Bernardo Vieira deMelo já tem sinalizaçãovertical e horizontal
CADERNO
CADERNO
ESPECIA
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TERÇA-FEIRARecife, 30 de agosto de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
InteligênciaaInteligênciaaserserviçodotrânsitoviçodotrânsito
Tecnologia
Encontrar caminhos livres para trafegar não tem sido fácil.
Sejadecarro, apé, oude transportepúblico.Mashámecanis-
moparareduzirosefeitosdanososdosengarrafamentos.Opri-
meirodeles, indiscutivelmente, é o investimentono transpor-
tepúblico.Ooutroédispor, comantecedência,de informações
sobreos gargalos. E, nessse sentido, a tecnologia está cadavez
mais ao alcance de todos. A internet é uma das ferramentas,
a exemplo do site transitolivre.comedoTwitter.Mas é preci-
so também apostar nas políticas públicas de mobilidade. O
últimoPlanoDiretordeTransporteUrbano (PDTU), de2008,
aponta as diretrizes para o sistema viário com projeções até
2020. O plano indica as intervenções viárias, mas também
apontaalternativasparaopedestre eociclista. Enaparteque
cabe ao transporte individual, que acaba sendo amaior par-
te, énecessário tambémumeficiente trabalhonaengenharia
de tráfego. Na quinta edição do FórumDesafios para o Trân-
sito do Amanhã, esse foi o principal tema da pauta, com dis-
cussões emtornodacapacitaçãodosagentes eda tecnologia
disponívelparaatuarna fiscalização.Paraenriquecerodeba-
te, o Diario foi a São Paulo conhecer o funcionamento da en-
genharia damaior cidade do país. Temosmuito a aprender.
PEDROM/DP
Todo brasileiro é um pou-co técnico de futebol. Notrânsito, não é muito dife-
rente. Todo mundo opina. Mas pe-lo menos em um aspecto, a ope-racionalização do tráfego pode es-tar ao alcance dos dedos. Na quin-ta edição do Fórum Desafios pa-ra o Trânsito do Amanhã, promo-vido pelos Diários Associados, quetratou da questão da engenhariade tráfego, uma ferramenta cadavez mais poderosa, a internet, setorna parceira para driblar os gar-galos no trânsito. No sitewww.transitolivre.com, os inter-nautas podem traçar suas rotas eacompanhar em tempo real qualdelas oferece a melhor opção detrafegabilidade. Pelo menos nopróprio trajeto, o motorista é simum engenheiro do seu tráfego.Além da internet, o celular, o rá-dio e a televisão são ferramentasque ajudam na guerra diária pa-ra vencer as distâncias.
O estado caminha para atin-gir a marca dos dois milhões deveículos e mais da metade cir-cula na Região Metropolitana doRecife. Não por acaso, é cada vezmais comum os motoristas caí-rem nas armadilhas das rotas al-ternativas. O que é bom em umdia, pode não ser necessariamen-te no outro, e o motorista correo risco de ser surpreendido com
mais um engarrafamento. Naplataforma do site é possível es-colher os caminhos mais livrese acompanhar o comportamen-to do tráfego a qualquer hora dodia e da noite. “Acho que é umaexcelente contribuição para amelhoria da mobilidade na nos-sa cidade”, ressaltou o vereadorMaré Malta, autor de um proje-to de lei que pretende criar esca-lonamentos de horários para asescolas e o funcionalismo públi-co no sentido de reduzir os fluluf -xos nos horários de pico.
Para o especialista em trânsi-to e professor de engenharia dasuniversidades Federal e Católi-ca de Pernambuco, Maurício Pi-na, o site é um instrumento queajudará a reduzir as vias engar-rafadas. “Se o motorista conse-gue saber com antecedência on-de há gargalo, ele tem condiçõesde evitar essa via e, dessa forma,será um carro a menos para con-tribuir com os engarrafamen-
tos”, destacou Pina.As principais vias da Região Me-
tropolitana do Recife são apresen-tadas no site sob quatro cores, queindicam as condições do tráfego.Na página, também é possívelacompanhar as imagens das câ-meras da Companhia de Trânsitoe Transporte Urbano do Recife (CT-TU), atualizadas minuto a minu-to. E ainda observar, em uma úni-ca tela, a situação dos principaiscorredores viários do Grande Re-
cife. O conteúdo do site tambémpode ser acompanhado pelo pro-grama Trânsito Livre, na RádioClube AM (720 khz), das 7h às 9he com flashes na prlashes na prf ogramação.
Além de informar os possíveiscaminhos, o transitolivre.com cal-cula, de acordo com a velocidadedesenvolvida na via, no horárioda consulta, o tempo esperado pa-ra que a pessoa chegue ao seu des-tino. “Dessa forma, você persona-liza a busca de trajetos e recebe in-
formações definidas sobre qualcaminho tomar no dia específicoda consulta. Por ser muito dinâ-mico, isso muda com facilidade.Um dia, será melhor seguir pelaImbiribeira, no outro, pela Aveni-da Conselheiro Aguiar. O site éque vai ajudar nessa decisão”, ex-plica o diretor da SegSat, SérgioBaptista. A empresa é parceira doPernambuco.com na disponibili-zação do serviço. Para ter acessoaos dados, o usuário deve reali-
zar um cadastro simples no site,informando seu CEP e, então, po-derá adicionar seus endereços pre--eferenciais, como residência, tra-balho e escola dos filhos.
Com as informações na tela, ousuário consegue obter até duasalternativas de trajeto. SegundoSérgio Baptista essa limitação foiuma opção para evitar o conges-tionamento do sistema. “De qual-quer forma as pessoas podemcriar roteiros diversos”, explicou.
desafios para o trânsito do amanhã
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No sitewww.transitolivre.como internauta acompanhaem tempo real asituação do trânsito ecalculamelhor sua rota
Sejaengenheirodoseupercurso
Os caminhos mais curtos nemsempre são as melhores opções. Aestudante do curso de direito Cláu-dia Maria Borba, 26 anos, morana Zona Norte do Recife e estudano centro. Para se informar sobreo trânsito, ela costuma acessar oTwitter. Acho mais prático e nãoperco tempo”, afirmou. “Hoje émais fácil ter acesso a essas infor-mações e isso significa tambémmenos tempo no trânsito”, disse.
A presidente da CTTU, Maria dePompéia, considera importante a
população dispor das mais diver-sas ferramentas para se informarsobre o trânsito, mas faz um aler-ta. “A CTTU entende que a popu-lação precisa estar bem informa-da. Mas é importante lembrar queas consultas aos celulares devemser feitas antes de as pessoas come--começarem a dirigir. Ou seja, o uso docelular só deve ocorrer se o carroestiver estacionado. Não é permi-tido usar o aparelho quando o si-nal fecha ou o trânsito estiver pa-rado”, ressaltou Maria de Pompéia.
Informação móvelé tempo ganho
TERESA MAIA/DP/D.A.PRESS JULIO JACOBINA/DP/D.A.PRESS
CECILIA
DESA
PEREIRA/D
P/D
.APRESS
Sérgio Baptista, daSegSat, parceira dopernambuco.com na
oferta do serviço
>>www.transitolivre.com
Confira asmelhoresopções de trajeto paraevitar congestionamentos
acesse
MaurícioPinaacreditaqueumcarroamenos fazdiferença
LUCAS OLIVEIRA/ESP. DP/D.A PRESS
REPRREPRREPRODUÇÃOODUÇÃOODUÇÃO TRANSITTRANSITTRANSITOLIVREOLIVREOLIVRE...CCCOMOMOM
CláudiaBorbaacessaoTwitter porqueachamaisprático MotoristapodeperMotoristapodepersonalizsonalizar buscarbuscade trade trajetoajetosnapáginasnapágina
Maria de Pompeia, presidente da CTTU, elogia iniciativa
Parateracesso
aosdados,usuário
precisa fazerum
cadastrosimples
A população tambémpoderá participar,enviando informações:
Programação
pelo telefone3421-4244
pelo twitter@transitolivrepe
por SMSnúmero 50056
pelo siteradioclubeam.com.br
(custo de R$ 0,31 + impostos)
Rádio Clube AM (720khz)das 7h às 9h e flashes apartir das 14h
Apresentação:Kaká Filho (manhã) eEduardo Lima (tarde)
A legislação e osagentes de trânsito
No Código de TrânsitoBrasileiro (CTB), o artigonº 280 determina que aautoridade de trânsito podedesignar para a função deagente de trânsito, o servidorcivil, estatutário, celetista eainda o policial militar
Já a Constituição Federal de1988 diz, no parágrafo 8º doartigo 144, que a guardamunicipal tem a função deguardar e zelar pelo patrimônio
Para o DepartamentoNacional de Trânsito (Denatran)o entendimento é omesmo daConstituição Federal e nãoreconhece o guardamunicipalcomo agente de trânsito
O Denatran, no entanto, nãointerfere diretamente naspolíticasmunicipais e amaioriadosmunicípios brasileiros usa aguardamunicipal como agentesde trânsito. É o caso de Recife.
O curso para formação doagente de trânsito feito pelaprópria CTTU tem duraçãomédia de 122 horas
Fonte: CTTU e Denatran
saibamais+
Em uma metrópole que re-cebe quase um milhão deveículos, a operacionaliza-
ção do tráfego exige cada vez maisum trabalho especializado. Umadas grandes polêmicas em relaçãoà municipalização do trânsito es-tá na capacitação dos agentes detrânsito. Na maioria das cidadesbrasileiras, o guarda municipalatua no trânsito. No Recife não édiferente. Embora não haja con-senso sobre o exercício da fun-ção, o próprio Código Brasileirode Trânsito (CTB) deixa uma bre-cha, no artigo 280, admitindoque a autoridade de trânsito temo poder de designar para a fun-ção o servidor civil, estatutário, ce-letista e ainda o policial militar.
Segundo o professor de enge-nharia da Universidade Federalde Pernambuco (UFPE), OswaldoLima Neto, a engenharia de trá-fego é uma das disciplinas docurso de engenharia e exige umaespecialização. “Trânsito é uma
coisa muito complicada e requerum pessoal especializado. É ne-cessário um quadro concursadocom agentes de trânsito e nãoguardas municipais. Eu acho queguarda tem outra função”, criti-cou. Para ele, uma das grandesfalhas na questão do trânsito éa falta de gestão na operação e
ausência de uma estrutura ade-quada tanto de pessoal quantode equipamentos.
Na quinta edição do FórumDesafios para o Trânsito do Ama-nhã, uma das propostas apresen-tadas foi a criação de uma par-ceria entre a academia e a Com-panhia de Trânsito e Transporte
Urbano (CTTU). O professor deengenharia das universidade Fe-deral e Católica de PernambucoMaurício Pina sugeriu a criaçãode um núcleo de capacitação.“Nós precisamos formar pessoascapazes de atuar no trânsito emtodos os níveis, desde o agente detrânsito até os gestores”, expli-
cou. A presidente da CTTU, Ma-ria de Pompéia, aceitou as críti-cas. “Acho que essa parceria coma academia é importante e nósaceitamos. Além disso, estamosrealizando um concurso até ofim deste ano para melhoria doquadro técnico da CTTU”, afir-mou Pompéia.
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desafios para o trânsito do amanhã
Falta de gestão naoperaçãodo trânsito e ausência de estrutura depessoal e equipamentos comprometemeficiência
Capacitaçãoparaquemestá na linhade frente
BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS
Estudiosos defendem aespecialização dosagentes de trânsito.Parceria entre CTTU euniversidades podesistematizar formação
Um carro quebrado emuma via de fluxluxf o inten-so ou estacionado de for-
ma irregular é uma faixa a me-nos e congestionamento na cer-ta. E o motorista que está emmeio ao caos costuma se pergun-tar se ninguém da central deoperação de tráfego está vendoaquilo? Uma das premissas bási-cas da engenharia de tráfego, se-gundo os especialistas, é identi-ficar o problema e remover rapi-damente qualquer obstáculo queesteja impedindo o fluxo nor-mal das vias, seja um carro pa-rado no meio do caminho, umacidente ou até buracos na pis-
ta. Para que isso ocorra são ne-cessários dois requisitos básicos:que as autoridades de trânsitotenham conhecimento do queestá acontecendo e disponhamdos elementos necessários pararesolver o problema.
O Diario foi até a central deoperação de tráfego da maior me-trópole do país para conhecer deque forma funciona a gestão dotrânsito em uma cidade que jásuperou a marca dos sete milhõesde veículos. Se em São Paulo os en-garrafamentos costumam ser me-didos por quilômetros, imagineo que seria da cidade sem o efi-ciente sistema de monitoramen-te de tráfego existente. São seiscentrais de monitoramento. Amaior delas fica no centro da ca-pital e cobre uma área de 868 qui-lômetros. Para isso, conta com360 operadores em quatro turnos,nos sete dias da semana, 356 câ-
meras e dois mil agentes. Outraferramenta que ajuda a enxergaro que está acontecendo no trân-sito, são os Postos Avançados deComunicação (PAC), que funcio-nam em 32 edifícios da capital. Ouseja, os prédios servem de postosde observação com agentes de
trânsito munidos de binóculos erádio para avisar se alguém estáfazendo besteira no trânsito.
“Se um carro estacionar emuma via de trânsito intenso, issosignifica três quilômetros de en-garrafamento e, para desfazer onó, eu levo até uma hora”, expli-
cou Hércules Justino, superinten-dente da Companhia de Enge-nharia de Tráfego (CET - SP). Alémda própria infraestrutura de 20guinchos entre médios e gran-des, a CET licitou empresas paraserviços terceirizados de guin-cho e até limpeza das vias, emcaso de acidente. “Imagine se umcaminhão tomba e despeja óleona pista. A gente tem uma empre-sa contratada para fazer essa lim-peza, do contrário, a via não se-ria desobstruída”. Há ainda umainteração com os bombeiros, apolícia e outras secretarias mu-nicipais. “Se tivermos problemade buraco em via que esteja atra-palhando o trânsito, a gente en-tra em contanto com a empresade manutenção”, afirmou. EmSão Paulo, a chuva é outro fatorcomplicador e mais do que con-gestionamentos há o risco de en-chentes. “Algumas vias se trans-
formam em rios; antes, os car-ros eram arrastados, agora a gen-te tem a informação com antece-dência do nível de inundação efecha as vias. Ninguém passa atéser seguro”, detalhou.
Com mais de 40 anos, a CETacumula experiência e tecnolo-gia, mas tem como seu maiorobstáculo o crescimento da fro-ta. Para uma cidade com sete mi-lhões de veículos e dois mil agen-tes de trânsito, a proporção é deum agente para cada 3.500 car-ros. No Recife, se contarmos so-mente a frota da capital de 500mil veículos e 400 agentes, a pro-porção é de um agente para 1.250carros. Por enquanto, a nossa si-tuação está um pouco mais “con-fortável”, mas com a velocidadedo crescimento da frota, ou seja,de cinco mil novos veículos pormês, essa margem não significamuito tempo.
desafios para o trânsito do amanhã
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Monitoramentopermite identificar oproblema e remover oobstáculo que provocao congestionamento
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OBigbrotherportrás do fluxonas vias
Os números do Recife
216 km²de cobertura
1 centraldemonitoramento de tráfego
500mil veículosé a frota da capital
400 agentes
66 câmeras,sendo 27 comtransmissão online
1 guinchopróprio demédio porte
4 guinchoscom uma empresa terceirizada(portemédio)
48 equipamentoseletrônicos
Os números de São Paulo
1,6 mil km²de cobertura
6 centraisdemonitoramento de tráfego
7 milhõesde veículos
2 mil agentesde trânsito (para toda a cidade)
356 câmeras(da central do centro parauma área de 868 km)
20 guinchospróprios - tamanhosmédiose de grande porte
30 guinchosde empresas terceirizados(médio e de grande porte)
19 painéisdemensagens nas vias centrais
575 equipamentosde fiscalização eletrônica
Com setemilhões de carros nas ruas, São Paulo possui seis centrais demonitoramento, a maior cobrindo 868Km. No Grande Recife, uma central controla 500mil veículos
Um dos trabalhos mais impor-tantes da Central de Engenhariade Tráfego de São Paulo (CET) es-tá voltado para a educação no trân-sito. No centro de treinamento dacompanhia funciona um verda-deiro laboratório do trânsito. Asações são voltadas principalmen-te para as crianças, mas há tam-bém cursos direcionados para ado-lescentes e adultos.
O centro de treinamento temagenda diária com alunos de esco-las públicas ou privadas. O primei-
ro contato deles ocorre com asnormas de trânsito. O trabalhoimpressiona não apenas pela cu-riosidade natural que é desperta-da, mas também pela vontade queeles têm de fazer o que é certo.
Depois de uma breve palestra,eles seguem para a cidade cenográ-fica com vias urbanas. Usar a fai-xa de pedestre e prestar atençãonas cores dos semáforos são par-te da brincadeira educativa. “Gos-tei muito e aprendi que não podeatravessar a rua fora da faixa de pe--pe
destre e, se não tiver faixa, temque atravessar longe das curvas”,afirmou Daiane Vitória, 9, da es-cola municpal Fagundes Varela.
O centro de treinamento foiimplantado em 1991. A últimacampanha da CET é sobre o res-peito à faixa de pedestre. “A CETestá sendo pioneira nesse traba-lho e a gente percebe que há umapreocupação também da popu-lação em participar”, afirmouIrismar Menezes, gestora de edu-cação da CET. Da teoria, crianças treinam emumacidade cenográfica
Questão de (boa) educação
Fonte: CTTU e CET
Carroquebradoou
paradoemuma
viademovimento
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TERESA
MAIA/D
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desafios para o trânsito do amanhã
Passeios encurtadose alargamento devias privilegiam o
transporte individual.Pedestre nunca élevado em conta
saibamais+
Não há como ser diferente.A escolha das políticas pú-blicas de mobilidade traz
consequências diretas no tipo demobilidade que nós temos. A apos-ta do poder público, nas últimasduas décadas, pelo menos, tem si-do pelo transporte individual. Es-pecialista em mobilidade urbana,o engenheiro e consultor Germa-no Travassos destacou algumas in-tervenções viárias no Recife quemostram essa tendência.
Ele fez um recorte em um raiode 1,2 quilômetro, no entorno doTerminal Integrado Joana Bezer-ra, que tem um público diário decerca de 40 mil pessoas. O especia-lista aponta que, mesmo sendoum dos terminais com maior mo-vimento na cidade, as interven-ções feitas no entorno privilegia-ram o transporte individual. E eledestaca: as pontes Joaquim Car-doso e Gregório Bezerra, o alar-gamento do Viaduto Capitão Te-mudo e a implantação da ViaMangue. “Tanto o pedestre comoo passageiro de ônibus não rece-beram nenhum tipo de benefícioa exemplo de ciclovias ou melho-ria nas condições do próprio ter-minal”, avaliou Travassos. O Ter-minal Joana Bezerra é um dos 11que irão receber intervenção dogoverno do estado com recursosavaliados em R$ 44 milhões nos11 equipamentos. “Foram neces-sários 14 anos para finalmente osterminais serem contempladoscom investimento. Para se ter umaideia, esses recursos equivalem auma única intervenção para otransporte indivual como é o ca-so do alargamento do Capitão Te-mudo”, comparou o especialista.
Entre as intervenções viáriasequivocadas para a mobilidade,segundo Germano Travassos, umdos palestrantes da 5ª edição do Fó--Fórum Desafios para o Trânsito do
Amanhã, está a Avenida Hercula-no Bandeira, no Pina. A via teve ospasseios encurtados nos dois sen-tidos para priorizar o transporteindividual e mesmo assim nãoconseguiu acabar com os proble-mas de congestionamentos. “O pe-destre não é levado em conta. Opasseio é estreito e com obstácu-los, e para piorar, a via exclusivade ônibus foi desativada e o trans-porte individual também ocupaa faixa do ônibus. Ou seja, regre-dimos”, aponta o especialista.
Dentro da política de oferecermelhores condições de mobilida-de, ele aponta ainda a ausênciade estacionamentos para bicicle-tas. “O Terminal Integrado de Iga-rassu, por exemplo, tem uma vo-
cação para receber ciclistas, quenão é aproveitada. Não há um lo-cal apropriado e mesmo assim osciclistas improvisam um estacio-namento”, revelou.
Além dos ciclistas, os terminaisintegrados poderiam também ofe-recer opção para os motoristas quequiserem deixarem o carro e pe-gar o transporte público. Aliás, so-bre isso, houve uma tentativa nadécada de 1980 que acabou nãovingando no estacionamento doTerminal Integrado Joana Bezerra.“Era uma ideia boa, mas fora doseu tempo. Hoje ela precisaria serrepensada”, apontou o deputadoestadual Ricardo Costa (PTC), da co-missão de mobilidade da Assem-bleia Legislativa de Pernambuco.
As políticas públicas não nas-cem do dia para a noite. É preci-so um planejamento. O últimoPlano Diretor de Transporte Ur-bano (PDTU), concluído em 2008e tendo como base as projeções de2007 até 2012 e 2020, serve deinstrumento para os gestores pú-blicos direcionarem os investi-mentos viários. A coordenadorado PDTU, Regilma Souza, expli-cou, durante o fórum, que foramanalisadas duas conjunturas: a
primeira com a realização das in-tervenções e a segunda com a es-tratégia do nada fazer.
O estudo teve como base o anode 2007 e aponta que o desem-penho das vias, no caso de ne-nhuma intervenção ser realiza-da até 2012, sofrerá um aumen-to de 200% de congestionamen-to e uma redução de 63% das queestão em boas condições de uso.Já o tempo gasto em vias conges-tionadas sofrerá um aumento de
83% em relação a 2007.Passados mais da metade do
prazo para a primeira projeção, asintervenções previstas não foramconcluídas e a maioria das obrassequer iniciadas. O cenário preo-cupante tem a seu favor o planode mobilidade para a Copa de2014. O PDTU indica, por exemplo,a implantação de corredores ex-clusivos de ônibus, integração dosterminais de ônibus com o me-trô, expansão da linha do metrô
(concluída), e melhoria da redeviária com a construção de via-dutos, duplicação de trechos jásaturados, implantação da 3ª pe-rimetral e a construção de umavia metropolitana, para desafo-gar o trânsito da BR 101, que pas-sa em zonas urbanas.
Também está previsto no PDTU,a implantação da 4ª perimetral,que está em projeto, o contornoRecife da BR-101. Ainda sem umafonte de recursos definida. “Já se
fala na 5ª perimetral, que será oanel viário, mas a 2ª e a 3ª não fo-ram concluídas”, criticou Regil-ma Souza. Para garantir a mobi-lidade, os investimentos previs-tos pelo PDTU estão orçados emR$ 3,5 bilhões. Desses, R$ 2,5 bi-lhões deveriam ser aplicados até2012 e R$ 1 bilhão até 2020. Amaior parte dos recursos está pre-vista no Pacto de Aceleração deCrescimento da Copa. A estimati-va é de aplicar 63% dos recursos.
Desempenho da rede viáriada RMR a partir do PDTU
Estratégia Nada Fazer -2012 (ano base 2007)
200% de aumento de viascongestionadas na RMR
63% de redução de vias comboas condições de fluidez
83% de tempo tempo gasto amais em vias congestionadasem relação a 2007
Estratégia Nada Fazer-2020 (ano base 2007)
213% de aumento de viascongestionadas na RMR
64% de redução de vias comboas condições de fluidez
96% de tempo gasto amaisnas vias congestionadas emrelação a 2007
Benefícios da estratégiaselecionada em 2020 comas intervenções propostas
75% de redução das viascongestionadas na hora de pico
185% demelhoria de fluideznas vias com boas condiçõesde tráfego
61% de economia de tempoem vias congestionadas emrelação ao nada fazer em 2020
Benefícios da estratégiaselecionada em 2012 comas intervenções propostas
63% de redução de viascongestionadas na RMR emrelação a estratégia do nadafazer
148% demelhoria de fluidezdas vias em boas condições detráfego
69% de redução do tempo nasvias em relação a estratégia donada fazer em 2012
Fonte: PDTU
Plano Diretor ainda é só um documento
RICARDO FERNANDES/P/D. A PRESS
1122
3344
55
66
77
(1) TI Joana Bezerra, (2) Alargamentodo Viaduto Cap. Temudo, (3) SistemaViário de J. Bezerra, (4) Pte. JoaquimCardoso, (5) Pte. Gregório Bezerra,(6) Via Mangue, (7) Túnel sob Av.Herculano Bandeira
Horade inverter alógica damobilidade
Congestionamentos na Avenida Herculano Bandeira, no Pina, não acabaram com as intervenções viárias
Linhado Metrô
>> automóveis em 1º plano
CADERNO
ESPECIA
L
DIA
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BBUUCCOO
DOMINGORecife, 25 de setembro de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
Motos:contra abarbárie,a educação
Asmortesnotrânsitoprovocadasporacidentesdemotosem
Pernambucosãoumadas facesmaiscruéisdaexplosãodoau-
mento da frota, que vemcrescendomais de 300%a cada dé-
cada.Eaquantidadedemortes jáchegouanúmerosalarman-
tes.Noanode2010 foramregistradas 571mortes, umamédia
de 1,5pordia.Nomesmoano, a frotaalcançou639milmotos.
Na década de 1990, a diferença entre carros e motos era de
90%, hoje já reduziu essa distância para cerca de 30%.
A explosão do aumento na forta não veio acompanhada de
umaspecto fundamental: a formação dos condutores. Os pró-
priosmotociclistasadmitemafragilidade dapreparaçãoeotes-
te do Detran não é suficiente paramedir a habilidade. O resul-
tadopodeservistonasruascommotociclistasmalpreparados
eimprudentese,oqueépior,transformadosemarmasletaiscon-
tra eles mesmos e terceiros. Mesmo sem a exigência da lei, os
próprios motociclistas estão se organizando em clubes e pas-
sandoaofereceralternativasdereciclagemparaumadireçãose-
gura. Eles também chamam atenção da responsabilidade dos
fabricantes emrelaçãoaos equipamentosde segurança.
NasextaediçãodoFórumDesafiosparaoTrânsitodoAma-
nhã, pr,prnhã omovidopelosDiáriosAssociados,asmotos foramote-
madadiscussão.Paratentarreverteroquadro,ogovernodoes-
tadoinstituiuoComitêdePrevençãodeAcidentesdeMoto,com
ametade reduzir pelametadeasmortes ematé 10anos.
GREG/DP
Aemergência da trau-matologia do Hospi-tal da Restauraçãoestá quase sendo
chamada de emergência de trau-mas de moto. Mais de 80% dosatendimentos são de vítimas deacidente de motocicleta, que ocu-pam praticamente todos os lei-tos, todos os dias. Na última se-gunda-feira, o Diario foi conhe-cer as histórias dessas pessoas, ví-timas do mesmo tipo de trau-ma, e que passaram a dividirsuas dores, suas esperanças e ex-pectativas enquanto se recupe-ram em uma cama de hospital.
Há oito meses internado, o ex-motociclista José Romariz Rêgo,42 anos, assiste à chegada de no-vos pacientes. Alguns conse-guem ter alta antes dele. Josésofreu um acidente no dia 28 dejaneiro deste ano, na Muribeca,em Jaboatão dos Guararapes. Elehavia pego carona na moto deum amigo e viu quando um car-ro entrou na contramão e atin-giu os dois em cheio. Desde quefoi internado, ele já passou porseis cirurgias, mas acabou per-dendo a perna esquerda. A am-putação havia ocorrido quinzedias antes de nossa chegada aohospital. O ex-motociclista esta-va conformado, mas inseguroquanto ao futuro.
“Eles fizeram de tudo para sal-var a minha perna, mas não tevejeito. O importante é que estouaqui. Muitos morrem no aciden-te. Só não sei como será minha vi-da daqui para frente”. Casado e
pai de quatro filhos, ele e a mu-lher costumavam usar a moto co-mo meio de transporte . “Perdi aperna, mas mesmo se não tives-se perdido não iria mais usar mo-to. Minha esposa também nãoquer mais. Foi preciso isso acon-tecer para gente entender que orisco é muito grande e eu pode-ria ter morrido”, afirmou.
Nem todas as vítimas de aci-dente de moto pensam assim. Omototaxista de profissão Adre-nílson Ramos Gonzaga, 26 anos,foi internado no HR no dia 30 deagosto deste ano. Ele sofreu fra-tura na perna, foi operado e de-verá ficar um bom tempo inter-nado. “Uma moto bateu de fren-te com a minha. Eu desmaiei eacordei no hospital. Mas aindaacho a moto um meio de trans-porte seguro. O motoqueiro quebateu em mim estava bêbado.Quando eu sair daqui volto a pi-lotar”, disse.
Tamanha disposição tambémpode ser vista no motoqueiroEdiclei dos Santos da Silva, 25anos, que sobreviveu a um aci-dente por quase milagre. A mo-to de Ediclei também se chocoucom outra. O outro piloto mor-reu. Ele passou dois meses em
coma e teve perda temporáriada memória. Internado desde odia 1º de agosto, está quase re-cuperado. Só continua preso àcama devido a uma fratura naperna e outra no braço. “Só é otempo de sair daqui para subirna moto. Na minha opinião, é omelhor meio de transporte e detrabalho. Não tem outro”, afir-mou Ediclei. Se depender damãe, ele terá que procurar outraprofissão. “Não quero que elevolte a andar de moto. Muitagente está morrendo”, revelouMaria de Fátima dos Santos Ne-vez, 45 anos.
Cirurgião há 21 anos do Hos-pital da Restauração, o médicoJoão Veiga, atual coordenadordo Comitê de Prevenção de Aci-dente de Motos, diz que já per-deu as contas de quantas vezesteve que comunicar a um pai ouuma mãe a morte do filho, víti-ma de acidente de moto. “A gen-te faz de tudo para salvar e, quan-do não consegue, chega o piormomento de dar a notícia. Hojeme recuso a fazer isso. Designeiessa função a um residente. Jádei minha contribuição por 21anos. Tenho filhos adolescentese me coloco na posição dos pais”.
desafios para o trânsito do amanhã
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011especial
saibamais+
Asortedossobreviventes
Em 1990, Pernambuco tinhauma frota de apenas 33.381 mo-tos. Dez anos depois houve umsalto para 144.804, um aumen-to de 334%. Era o início de umaexplosão no consumo, que en-controu terreno em duas con-junturas: a facilidade na comprado veículo com prestações a per-der de vista e a corrida para es-capar do transporte público aqualquer preço. Não deu outra.De 2000 a 2010, houve mais341% de aumento da frota quepassou, no ano passado, para639.404 motos.
A cada ano, o acréscimo sur-preende. De 2008 para 2009 hou-ve um aumento de 83.096 novasmotos. De 2009 a 2010 esse au-mento chegou a 99.020 e a ten-dência é aumentar ainda mais.Apesar de ser um veículo peque-no de fácil locomoção, a motochega a ocupar 4 vezes mais es-paço que o ônibus nas vias.
Para ser controlada, essa “epi-demia” deve seguir alguns ca-minhos. O primeiro é a melho-ria do transporte público. A mo-to ou o carro não podem ganharpara o ônibus ou o metrô. “Namoto eu chego mais rápido aotrabalho. Se for depender do ôni-
bus, vou perder muito tempo”,revelou o motociclista RozanoGomes, 39 anos. A expectativada melhora do transporter pú-blico deve vir com os investi-mentos para a Copa de 2014. Oestado, o município e o governofederal anunciaram investimen-tos na ordem de R$ 1,3 bilhão nainfraestrutura viária de trans-porte, que inclui corredores ex-clusivos, paradas em nível, ho-ra de chegada e partida e, dequebra, a implantação do proje-to de navegabilidade para a par-te Oeste da cidade.
“Não estamos defendendo queas pessoas deixem de comprarcarro ou moto. Mas esses podeme devem ter outra utilidade, co-mo por exemplo o lazer. Nas ati-vidades do dia a dia, o transpor-te público deve ser prioridade ecom qualidade”, declarou o pre-sidente do Fórum Desafios parao Trânsito do Amanhã, o enge-nheiro Laédson Bezerra. O outroviés é o da educação e fiscaliza-ção. “Nós vamos direcionar asações do comitê de Prevenção deAcidentes em dois pilares: edu-cação no trânsito e fiscalização”,detalhou João Veiga, coordena-dor do comitê estadual.
Radiografiados acidentesde moto em PE
8.700atendimentos em 2010
571 mortes
30%das vítimas apresentavamsinais de embriaguez
70%não eram habilitadas
11%das vítimas ficarammutiladas
20%dos atropelamentos depedestres nas calçadas sãopor motociclistas
77%dos acidentes deixamos pacientes em estadomuito grave
Fonte: João Veiga, em pesquisa no HR
Motos ganhamespaço nas vias
1990 2000 2010 2011
Apesardas
sequelas,muitos
acidentados
voltamapilotar
Fonte: Detran - PE
Evolução da frota de motos em PE
33.381motos
144.804motos
639.406motos
701.139motos(até omês de agosto)
Internadoháoitomeses, JoséRomariz perdeu aperna depois de passar por seis cirurgias
Ediclei dos Santos da Silva ficoudoismeses emcoma
Adrenilson Gonzaga sofreu uma fratura na perna, foi operado e deve ficar um bom tempo no hospital
Na Traumatologia doHR, mais de 80% dosinternados são vítimasde acidentes de motos.Recuperação costumaser longa e incerta
FOTOS:
TERESA
MAIA/D
P/D
.APRESS
Osenhor concordacoma te-se de que amoto é a grandevilã no trânsito?E ela é? Porque não há nenhumestudo de causa dos acidentesno Brasil. Não sabemos ao certose a responsabilidade é do con-dutor ou do veículo, ou ainda deterceiros. Um buraco na pista,por exemplo, pode ser um cau-sador de acidente.
O motociclista brasileiro épreparado o suficiente na
horade tirar acarteiradeha-bitação?Há uma grande lacuna na capa-citação. O que importa é passar noteste do Detran. Tem uma piadaconhecida que diz que basta saberfazer o oito para passar no teste.E isso, claro, não mede a capaci-dade do condutor. Em São Paulo,por exemplo, não sei aqui, mas látem motociclista que altera a mo-to para que ela acelere mais e en-tão fica mais fácil de passar noteste da rampa.
Na sua opinião, a fiscaliza-çãoprecisaria sermais rigo-rosa?Sim. Quando há um acidente en-volvendo moto ninguém investi-ga se a moto estava com defeito.Em alguns casos é possível iden-tificar se o condutor estava ounão alcoolizado, mas a moto nãoé fiscalizada.
Em relação aos itens de se-gurança da moto, os fabri-cantesnãopoderiammelho-
rar a qualidade e os acessó-rios serem obrigatórios noato da venda do produto.É preciso que tenha uma regula-mentação sobre isso, uma vezque não é permitida a venda ca-sada. E não é certeza se fosse ofe-recido um capacete básico jun-to com a moto, se o motociclis-ta iria utilizar.
Deque formaos fabricantespodem colaborar na redu-ção dos acidentes?
Nós estamos abertos a colaborarno que for possível. E já fizemosalgumas iniciativas por conta pró-pria, inclusive com a realização demutirão para fiscalizar as condi-ções das motos. Foram observa-dos 21 itens de manutenção emalguns estados brasileiros. Aqui,por exemplo foi observado que sequebra mais a coroa e a corrente.Não sabemos ao certo a razão, queprecisa ser melhor investigada.Em São Paulo são os freios quesão mais danificados.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011 especial 3
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desafios para o trânsito do amanhã
Quando há um
acidente com
moto ninguém
investiga se
ela estava
comdefeito”
Diretor daAbraciclo critica a falta deumpadrãona fiscalizaçãode veículos e condutores
entrevista >> Moacir Alberto Paes
“Nãohá estudosobre a causadosacidentes nopaís”
Vilã ou vítima? Estigmatizada, em função da quantidade de
vítimas no trânsito, amoto vem se transformando emalvo fá-
cil de críticas. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes
de Motos (Abraciclo) questiona a ausência de um estudo da
causa dos acidentes. De fato não existe. Também não há ho-
je um padrão de fiscalização que seja capaz de identificar as
condições do veículo e do condutor. Na entrevista abaixo, o
diretor executivo da Abraciclo, Moacir Alberto Paes, fala so-
bre o que poderia ser melhorado na fiscalização e capacita-
ção. Há muito o que ser feito e os fabricantes também preci-
sam ser chamados para fazer a parte deles.
JULIO JACOBINA /DP/ D.A PRESS
“
ALEXANDREGONDIM
/DP/D
.APRESS
-03/07/20
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Aepidemia social resul-tante do crescimen-to da frota de motosno estado respinga
responsabilidade para todos os la-dos. Não há um único culpado. Oefeito dominó tem raízes que seiniciam desde a ausência de umaformação adequada dos conduto-res, da não disponibilização, pe-los fabricantes, dos equipamen-tos de segurança e da falta de res-ponsabilidade de motociclistas,motoristas e pedestres.
A resolução nº 356/2010 do Con-selho Nacional de Trânsito (Con-tran) define os requisitos de se-gurança, por exemplo, para moto-frete e mototáxi: protetor de per-nas e motor, aparador de linha(corta-pipa), faixas refletivletivef as e di-mensões das cargas e alça paraapoio dos passageiros, entre ou-tros. A resolução, no entanto, nãoaponta até onde vai a responsabi-lidade do fabricante. “Os itens desegurança da moto eram para virjunto com a moto. Ninguém com-pra um carro faltando o cinto desegurança. A nossa legislação éomissa na hora de chamar os fa-bricantes à responsabilidade”, cri-ticou o motociclista e conselhei-ro de segurança do Clube Bodesdo Asfalto, Aílton Martins Cezar.
A crítica de quem está numaguerra diária no trânsito é tam-bém em relação à falta de forma-ção dos condutores. E nesse que-sito a lacuna é talvez a mais da-nosa, uma vez que traz conse-quências, em geral, irreversíveispara o próprio condutor ou tercei-ros. “Ninguém aprende a condu-zir nos cursos das autoescolas. Apessoa aprende apenas a passare as autoridades sabem disso enão fazem nada para mudar”,afirmou Aílton Cezar. E ele nãoé o único. O próprio diretor defiscalização do Detran, SérgioLins, admite que a formação nãoé suficiente. “São escolas de ha-bilitação. Não de formação”, reve-lou durante uma audiência públi-
ca sobre os motociclistas na Câ-mara de Vereadores.
A educação no trânsito é umdos pilares do Comitê Estadualde Prevenção de Acidentes. Se-gundo o coordenador e médicoJoão Veiga, será feito um traba-lho junto às escolas. “Somente es-te ano, nós teremos 60 escolasque irão adotar a disciplina deeducação no trânsito, mas a pro-posta é ampliar para todos os ní-veis de ensino”, revelou.
Dentro do tema de educação,o motociclista Aílton Martins Ce-zar acredita que é uma oportu-
nidade de se repensar a forma-ção dos condutores. “O estadoprecisa fiscalizar e tornar obriga-tória uma formação mais com-pleta para os condutores. Nãoadianta criar metas de reduçãoda mortalidade se não se comba-ter a raiz do problema”, ressal-tou. E a raiz pode ser o própriocondutor. “Eu costumo dizer quea moto sozinha não oferece ne-nhum risco. Mas uma moto comum condutor mal capacitado étão perigosa quanto uma armacarregada”, comparou Moacir Al-berto Paes, da Abraciclo.
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4 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011especial
saibamais+Dicas de comopilotarcom segurança:
Não passe emalta velocidadeentre os carros.Numaemergência, você pode precisarfrear rápido. E frear acima dos30Km/h entre os carros podesermuito difícil
A velocidade boa é poucoacima da velocidade dos carros.Se eles estiveremparados operigo é dobrado
Osmotoristas podemabrir aporta do carro, colocar o braçopara fora, ou uma criança podecolocar a cabeça para fora
Cuidado ao passar ao lado deônibus parados.Algummotorista pode passar pelafrente dele tentando atravessara rua e dar de cara com você
Se você se desequilibrar entreumcarro e umônibus, opte porse encostar no ônibus. Ele tema superfíciemais lisa e poucospontos para prender suamoto
Émais fácil “rolar”por baixode umônibus do que de umcarro
Observe os retrovisores. Seentortar o restrovisor de umcarro, pare e arrume.Sequebrar, seja honesto e pague
Não tire “onda”coma caradosmotoristas presos noengarrafamento. Eles comcerteza já estãomuitorevoltados por estarempresos no trânsito
Não pare para discutir.Nãovale a pena jogar fora seutempo emdiscussões que nãotrazembenefício algum
A velocidade no trânsitodependemuito da capacidadede frenagemda suamoto, e dasua habilidade, que você comobommotociclista, deveconhecer e reconhecer sempre
Não pare amoto emcimada faixa de pedestre.Vocêse arrisca a ganhar umamulta e não ganhamaistempo com isso
O certo é parar longe dosinal (semáforo). Isso tambémevita a situação desagradáveldomotormorrer na frentede todomundo
À noite é recomendávelnão parar “em cima”dosinal. Os assaltos acontecemnestes pontos
Se a a rua tiver poucomovimento, émelhor avançar osinal do que ficar parado.Claro,olhando antes de avançar
Fique atento ao retrovisor.Caso veja umamoto comdoisocupantes se aproximando,deixe amoto engrenada (aliás,deixe sempre engrenada) eprepare-se para acelerar
Fonte: Motoclube Bodes da Estrada(www.bodesdaestrada.com.br)
O aumento da frota de motosno estado cresceu mais de 600%nas duas últimas décadas. É osegundo tipo de veículo emmaior número no estado. Só per-de, por enquanto, para o carro.Uma diferença de menos de 30%.Em 1990, essa diferença era dequase 90%. “As motos vieram pa-ra ficar. É preciso saber convivercom elas e cada um deve fazer asua parte”, afirma o conselheirode segurança do clube Bodes doAsfalto, Aílton Martins Cezar.
Qual a parte que cabe a cadaum de nós? Do estado, a capacita-ção dos condutores, a educaçãoda disciplina trânsito na rede es-colar e, ainda, a fiscalização. Aparte que cabe aos condutores é pi-lotar com responsabilidade, parti-cipar dos cursos de capacitação,entender a lógica da direção defen-siva e saber se comportar no trân-sito em meio a uma selva de car-ros. Aos motoristas, a responsabi-lidade no trânsito requer tambémum detalhe básico de respeito aos
veículos menores e ao pedestre.O pedestre também precisa sa-
ber ocupar o seu espaço no trân-sito e isso significa usar a faixa eos passeios. “Precisamos fazer umtrabalho de base. Há registro deque 20% dos atropelamentos depedestres nas calçadas são feitospor motociclistas. Ninguém estárespeitando o espaço de ninguéme é claro que isso não pode con-tinuar assim”, ressaltou João Vei-ga, do Comitê Estadual de Pre-venção de Acidentes.
Desafio para todos
Condutores malpreparados e a faltade equipamentos desegurança nas motosreforçam as estatísticas
Tragédia emefeito dominó
Diferença entre o número de carros emotos é de 30%
Em 20 anos, frota demotos no estado cresceu 600%
FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A. PRESS
Uma das maiores críti-cas em relação à for-mação dos motociclis-tas pelas autoescolas e
centros de formação de condutor,para quem vai tirar a carteira dehabilitação para moto, é quanto aotipo de curso que é oferecido. Ameta é deixar o aluno pronto pa-ra o teste do Detran, mas não ne-cessariamente saber conduzir comsegurança no trânsito.
“É costume dizer que basta sa-ber fazer o oito com a moto, queo candidato passa no teste”, de-clarou o presidente da AssociaçãoBrasileira dos Fabricantes de Mo-to (Abraciclo), Moacir Alberto Paes.Com 15 aulas práticas em umaautoescola, Andréa Sales, 28 anos,conseguiu tirar a carteira de ha-bilitação para as categorias A e B,respectivamente, carro e moto.
Das quinze aulas obrigatórias,10 ficaram para o carro e cincopara aprender a pilotar moto. Eela não teve dificuldade para pas-sar. Não é um caso isolado. Dos200 exames realizados por dia noDetran-PE, cerca de 70% são apro-vados. Para o teste da moto, o de-safio é fazer o oito, três curvas àdireita e três à esquerda, um zi-gue-zague em dois cones e a subi-da na prancha acelerando semdesequilibrar. “Não me sinto pron-ta para as ruas. O aprendizado vaiser na prática”, admitiu Andréa.
Os cursos oferecidos nas escolase centros de formação estão deacordo com a resolução nº168/2004 do Contran. Segundo ocoordenador de educação de trân-sitodoDetran/PE,MarceloTenório,as cinco aulas oferecidas são sufi-centes para preparar o aluno. “Pi-lotar é uma questão intuitiva. Ocurso é suficiente se o instrutorpreparar bem o aluno”.
A segurança do coordenador detrânsito do Detran não parece con-dizer com o que acontece na prá-tica. Basta olhar para as estatísti-cas dos acidentes. Um total de 8,7mil atendimentos com vítimas deacidentes de moto em 2010. “Nin-guém começa a dirigir um carro
com perfeição. Com a moto é amesma coisa. A prática ensina”,afirmou Tenório.
Se depender do que diz a reso-lução do Contran, no caso de mu-dança de classificação, isto é, dequem já dirige e vai tirar a cartei-ra para moto, as aulas teóricasnão são obrigatórias desde 1998.Mas, nesse aspecto, há chances demelhora. Uma nova portaria doContran vai entrar em vigor emfevereiro de 2012. Trata-se da re-solução nº 321/2012, que prevêreavaliação dos instrutores e exa-minadores dos testes.
A expectativa é de que o níveldos instrutores e examidores pas-se a ser top de linha. “O Detrande Pernambuco está entre os seisdetrans do Brasil que vão apli-car a nova resolução. Até o fimdo ano, vamos implementar exa-mes para instrutores e examina-dores”, detalhou Marcelo Tenó-rio, que integra o Comitê Esta-dual de Prevenção de Acidentescom Motos. Segundo ele, quemnão passar no teste e for reinci-dente perderá a licença para serinstrutor. Isso dificilmente ocor-rerá. Afinal, se um instrutor nãoconsegue passar em um teste,não precisa dizer mais nada.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011 especial 5
desafios para o trânsito do amanhã
Com cinco aulaspráticas e o testede condução noDetran, pode-se tirar ahabilitação para moto
saibamais+
Basta fazer ooito…
Nova resolução
doContrandeve
melhornível
dos instrutores
LAIS TELLES/ESP. DP/D.A PRESS
LAIS TELLES/ESP. DP/D.A PRESS
Cerca de 70% dos candidatos são aprovados no exame, que consiste de desafios de equilíbrio, como curvas, zigue-zagues e subidas em rampas
De volta à sala de aula. O mo-tociclista Everton dos Reis, 27anos, pilota moto há dois anos,mas teve que se submeter a umcurso oferecido pelo Centro deTreinamento da Companhia deEngenharia de Tráfego de SãoPaulo (CET), que ensina motoci-clistas, já habilitados, a enfrentarcom segurança o trânsito de SãoPaulo. A exigência foi da empre-sa onde ele trabalha. “A firmamandou que todos os emprega-dos que usam a moto como meiode transporte fizessem o cursode formação da CET. Aqui estoureaprendendo a me comportarno trânsito”, contou.
Um dos ensinamentos do cur-so é em relação à frenagem. Amoto tem três tipos de freios:dianteiro, traseiro e o freio mo-tor. O instrutor da CET é categó-rico no primeiro dia de aula. “Es-queçam tudo o que vocês apren-deram para fazer o teste do De-tran. Aqui vocês vão aprender a
pilotar com segurança”, afirmouo instrutor que não teve autori-zação para dar entrevista.
Ele faz simulações de frenagemcom a moto para mostrar como oveículo se comporta em diferen-tes velocidades e condições do pi-so. Outro ponto insistentementerepetido é quanto a obrigatorieda-de do uso da viseira. “Os motoci-clistas chegam aqui com muitosvícios”, revelou a gestora de educa-ção da CET, Irismar Menezes.
No Recife, cursos do gênero sãooferecidos pelo Sesc/Senat e o cen-tro de treinamento de motos daHonda, em parceria com os clubesde moto. “Basta o motociclista seassociar a um dos clubes que te-rá acesso gratuito. Depois da ex-periência, a maioria reconheceque não sabia pilotar”, contou Aíl-to Cezar, do Motoclube Bodes daEstrada. “Infelizmente a procurapelos cursos ainda é muito peque-na”, revelou Lúcia Recena, gesto-ra do trânsito em Jaboatão.
Reaprendendoa pilotar
Você sabe quantostipos de condução demotos existem?
Condução Urbana:
No trânsito urbanodas cidades
Nos fins de semana
Lazer
Condução em BRs:
Viagens
Condução Off-Road:
Trafegar em terrenos nãopavimentados
Condução Esportiva:
Off-Road(Trilha, enduro, emcompetição demotocros)
Autódromos(Tracky Days, competições)
Exibições(Stunt Bikes,Manobras,Acrobracias,ArenaCross)
Fonte: Motoclube Bodes da Estrada
Motociclistas chegam aoCET commuitos vícios
Andrea tem a carteira,mas não se sente segura
TANIA PASSOS/DP/D. A PRESS
CADERNO
ESPECIA
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DIA
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DOMINGORecife, 16 de outubro de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos e Rafaella Magna Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
Leis nãoandamsozinhas
O Brasil tem uma das melhores legislações de trânsito do
mundo.Aafirmaçãoéquaseumaunanimidadeentreosprofis-
sionaisqueatuamnaáreadetrânsito.Masporqueseráquenós,
cidadãos,nãosentimosissonaprática?Aocontrário.Osentimento
coletivo é de que prevalece a impunidade, o que na verdade é
umcontrassenso.Easestatísticasmostramisso:cercade40mil
pessoasmorremporanovítimasdeacidentedetrânsitono país
eosresponsáveisdificilmentevãoparaacadeia.Ondeerramos?
Umaquestãoécertter a:nãobastaterapenasumaboalegislação.
Éprecisoqueosestadosemunicípiosestejampreparadospara
lidarcomumtrânsitoqueficamaioracadadia.EmPernambuco,
dos 187municípios apenas26 tiveramo trânsitomunicipaliza-
do.Edesses,apenas10funcionamefetivamenteintegrados.Falta
de pessoal qualificado e infraestrutura adequada são algumas
dasdeficiênciasdosmunicípios,queacabam nãoconseguindo
melhorar aqualidadedo trânsito.
Outra questãoquenos equipara apaíses bemmenosdesen-
volvidos e nos distancia dos países do primeiro mundo: não
somoseducadosparaotrânsito.Sejacomomotoristaoupedestre.
Aindapreferimos,porexemplo,tirar“vantagem”nahoradeesta-
cionardeformairregular,atrapalhandootrânsito.Jáopedestre
nãopensaduasvezesaoatravessarforadafaixa.Parafuncionar,
a legislação tem que vir acompanhada de um tripé básico: es-
truturadosórgãosdetrânsito,educaçãodetrânsitonasescolas
e fiscalização eficiente. Se a lei fosse cumprida, os motoristas
“culposos” dariam lugar aos responsáveis, que já teriamenten-
didoque trânsito segurodependede todosnós.
JARBAS/DP
O Código de Trânsito Brasileiro(CTB) completou 14 anos. Entreos avanços na atual legislação, oadvogado Paulo César destacamaior rigor para retirar a Cartei-ra Nacional de Habilitação (CNH).“Antigamente, a carteira tinha va-lidade de até 20 anos. Hoje emdia, a cada cinco ou três anos épreciso fazer a renovação, e issoinclui os testes de aptidão física”,explica. Na opinião da presiden-te do Conselho Estadual de Trân-sito (Cetran), Simíramis Queiroz,o CTB é completo também no que
diz respeito à formação dos con-dutores. “A legislação tem um ri-goroso programa que deve sercumprido pelos candidatos quevão tirar a CNH. Mas a questãoque precisa ser colocada é se a le-gislação está sendo cumprida cor-retamente pelos centros de for-mação de condutores”, ressalta.Ainda segundo ela, cabe ao De-tran esse tipo de fiscalização.
Do ponto de vista das penalida-des, o CTB contabiliza algunsavanços se comparado ao CódigoPenal. No artigo 121, parágrafo 3º
do Penal, o homicídio culposo po-de resultar em pena de um a trêsanos. Já no artigo 302 do CTB, ohomicídio culposo, no trânsito,pode resultar em pena de dois aquatro anos de prisão, suspensãoe proibição da CNH. “No homicí-dio culposo a pena é aumentadade um terço à metade se o aci-dente ocorrer na faixa de pedes-tre”, explica o advogado.
Nos casos de lesão corporal gra-ve, o Código Penal prevê, no arti-go 129, pena de dois meses a umano. E no artigo 303 do CTB, a pe-
na é de seis meses a dois anos. “Ona é de seis meses a dois anos. “Ona é de seis meses a dois anos. “OCTB é bem mais rigoroso do qoso do qoso do queueo Código Penal. Então, não se poenal. Então, não se poenal. Então, não se po--de dizer que há impunidade, maspunidade, maspunidade, masé natural que as pessoas que perue perue per--deram alguém queiram uma puam uma puam uma pu--nição máxima”, opina.
desafios para o trânsito do amanhã
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 16 de outubro de 2011especial
saibamaismais+
>>diariodepernambuco.com.br
entrevista comPaulo César,advogado
acesse
/vidaurbana
Odifícil dilemada interpretação
Ajurisprudência
estámudando
para entender
que nos casos de
delitosdetrânsito
comomotorista
embriagado, ele
assume os riscos
“
Desembargador José Fernandeernandeernandess,,ex-presidente do TJ/PE
Composição doSistema Nacionalde Trânsito
11 - O C- O Consonselho Nacional deelho Nacional deTTrânsitrânsito - Co - CONTRONTRAN,AN,ccooroordenador do Sisdenador do Sisttema eema eórórgão máximo normativgão máximo normativo eo ecconsultivonsultivo;o;
22 - O- Os Cs Consonselhoelhos Es Esstaduais detaduais deTTrânsitrânsito - CETRo - CETRAN e o CAN e o Consonselhoelhodede TTrânsitrânsito do Diso do Distrittrito Fo Federederal -al -CCONTRONTRANDIFE,ANDIFE, órórgãogãossnormativnormativooss,, cconsultivonsultivoos es eccooroordenadordenadorees;s;
33 - O- Os órs órgãogãos e entidades e entidadesseexxecutivecutivoos de trânsits de trânsito da Uniãoo da União,,dodos Es Esstadotadoss,, do Disdo Distrittrito Fo Federederalale doe dos Municípios Municípios;s;
44- O- Os órs órgãogãos e entidades e entidadesseexxecutivecutivoos rs rodoodoviárioviários da Uniãos da União,,dodos Es Esstadotadoss,, do Disdo Distrittrito Fo Federederalale doe dos Municípios Municípios;s;
55 -- AA PPolícia Rolícia Rodoodoviária Fviária Federederal;al;
66 -- AAs Ps Polícias Militarolícias Militarees dos dossEEsstadotados e do Diss e do Distrittrito Fo Federederal; eal; e
77-- AAss JuntasJuntas AAdminisdministrtrativativas deas deRRecurecurssoos de Infrs de Infraçõeações -s - JJARI.ARI.
Legislação ficou mais rigorosa
Acidente provocadoporAlisson Jerrar, quedirigia alcoolizado ematouumapessoa , continua semdesfechona Justiça
FOTOS: RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS - 18/12/2008
Não há unanimidadeentre os juristas emrelação a tipificaçãode crime em aciden-
tes de trânsito. Mas na maioriadas vezes, quem provoca o aci-dente, mesmo quando resultaem morte, é enquadrado em ho-micídio culposo (sem intençãode matar). A premissa é de que sea pessoa tivesse intenção de ma-tar também correria o risco demorrer. Não por acaso, quase nin-guém fica preso depois de umacidente. Onde não há culpa, emtese, não há punição.
O primeiro caso em Pernambu-co que veio de encontro a essa “re-grinha” ocorreu em 2008, maisde uma década depois que o no-vo Código de Trânsito Brasileiro(CTB) entrou em vigor. Mesmo as-sim permanece sem desfecho atéhoje. O empresário Allisson Jer-rar Zacarias se envolveu em umacidente de trânsito em dezem-bro de 2008, aos 21 anos. Ele vol-tava de uma festa às 5h45, segun-do a perícia, dirigindo a mais de100 quilômetros, quando avan-çou o sinal vermelho em um doscruzamentos da Avenida Domin-gos Ferreira, Boa Viagem. A ca-mionete que ele dirigia atingiu opálio onde estavam Aurinete Go-mes de Lima, 33 anos, o marido e
a filha. Aurinete morreu na hora.O empresário acabou sendo en-
quadrado no crime de homicídiodoloso, no caso o dolo eventual(quando se assume o risco de ma-tar), e pode ser o primeiro per-nambucano a ir a júri popularem razão de um acidente de trân-sito. A defesa recorreu e o jovemresponde o processo em liberda-de. Na época, o então presidentedo Tribunal de Justiça de Pernam-buco, desembargador José Fernan-des, chegou a dizer que a senten-ça tinha um apelo pedagógico pa-ra os motoristas que costumamdirigir alcoolizados. "A jurispru-dência está mudando para enten-der que nos casos de delitos detrânsito com o motorista embria-gado, ele assume os riscos. A teme--emeridade da conduta desse condutorpode classificar um episódio demorte resultante de um acidentenessas condições como homicí-dio doloso", explicou.
Para o advogado Paulo César, alei não tem o papel de educar esim de manter o estado de direi-to. “A educação é um papel do es-tado. Manter o estado de direitoé respeitar os direitos de todas aspartes. Por mais que exista umsentimento de querer fazer justi-ça de qualquer forma. A lei temque ser imparcial”, avalia. O advo-gado diz que há uma diferençaentre uma pessoa que mata emum acidente de trânsito e outraque aponta o revólver e atira. “Sealguém puxa o revólver para ou-tro e atira, tem intenção de ma-tar. Mas se você está com a armae acidentalmente ela dispara, não
há intenção. No acidente de trân-sito, a intenção da pessoa tam-bém deve prevalecer. Se ela atro-pelou alguém e matou, sem a in-tenção, não pode haver dolo”.
Pode até ser, mas hoje o carronas mãos de motoristas desprepa-rados é sem dúvida uma arma, es-teja ele com a inteção ou não deprovocar acidentes. “Uma pessoaque bebe, pega o carro e dirige emvelocidade é um criminoso. Elenão apenas está pondo a própriavida em risco, mas a de outras pes-soas. Quem está no volante temessa escolha”, ressalta Diza Gonza-ga, da Fundação Vida Urgente. Elaperdeu o filho em um acidentede trânsito e ajudou a criar a fun-dação que leva o nome dele, Thia-go de Moraes Gonzaga.
Não há consenso sobrea culpabilidade de ummotorista que provocamortes. Impunidade oucumprimento da lei?
Rodrigo Lopes estava no carro (acima) com Allsson
FFonte:onte: CCTBTB
Não se pode dizer que alei seca não causou im-pacto. A tolerância zero
ao álcool para os motoristas, ins-tituída na legislação de trânsitopelo presidente Luís Inácio Lulada Silva, em 2008, ganhou outraconotação e conseguiu mudarcomportamentos. Beber e diri-gir, uma combinação sempre pe-rigosa, passou a ser encaradacom mais cuidado pela maioria.Não apenas pelo medo da mul-ta, mas também pelo risco depassar pelo menos um ano sempoder dirigir.
A estudante Raíssa Martins, 22anos, há quatro tem carteira dehabilitação e começou a dirigirjá consciente da tolerância zerode álcool. “Quando saio parauma balada, deixo o carro emcasa. Ou vou de táxi ou de caro-na, mas não me arrisco”, revela.De agosto de 2008 a julho de2011 foram fiscalizados no esta-do quase 290 mil veículos, o equi-valente a 14,5 % da frota.
Parece pouco e é. Mas segun-do o diretor de fiscalização e en-genharia de tráfego do Detran,Sérgio Lins, o estado vem conse-guindo manter um padrão de
fiscalização. Em 2009 foram 107mil veículos fiscalizados e noano passado 99 mil. O trabalhoé realizado por seis equipes queatuam em pontos alternados nacapital e região metropolitana,de terça a domingo. “O Detran dePernambuco é um dos maisatuantes do país na questão da
fiscalização. Só perde para Riode Janeiro e São Paulo, mas le-vando em conta a frota e a estru-tura deles”, compara.
Mesmo mantendo o padrão, aimpressão é que a fiscalizaçãoperdeu fôlego e há alguns pon-tos a considerar: as campanhaseducativas também estão menos
intensas e há também uma crí-tica em relação ao trabalho dosagentes. “A lei seca quase fun-cionou, mas a partir do momen-to em que alguns agentes come-çaram a aceitar “bola”, ela per-deu a força”, critica o empresá-rio Saulo Gomes, 35 anos.
Segundo o diretor de fiscaliza-
ção do Detran, Sérgio Lins, pra-ticamente não há denúncias emrelação aos agentes do órgão. “Agente não tem recebido denún-cia nesse sentido e se ocorrer, elaserá investigada. É um procedi-mento totalmente inaceitávelque traz prejuízos para toda a so-ciedade”, afirma. No ano passa-
do, mais de cinco mil multas fo-ram aplicadas em motoristas quese recusaram a fazer o teste do ba-fômetro, mas apresentavam si-nais de embriaguez. “Mesmo quese recusa a fazer o teste, o agen-te tem condições de identificar sehá sinais de embriaguez e fazera autuação”, explica.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 16 de outubro de 2011 especial 3
NNooss úúllttiimmooss aannooss,, oo íínnddiiccee ddee aacciiddeenntteess eennvvoollvveennddoo mmoottooss ssóó tteemm ccrreesscciiddoo nnoo nnoossssoo EEssttaaddoo.. ÉÉ ppoorr iissssoo qquuee oo DDPPVVAATT,,oo sseegguurroo ddoo ttrrâânnssiittoo,, vveemm aalleerrttaarr vvooccêê ssoobbrree aa iimmppoorrttâânncciiaa ddee uussaarr ccaappaacceettee ee ppiilloottaarr ccoomm ccaauutteellaa,, rreessppeeiittaannddoo sseemmpprreeaass lleeiiss.. MMaass,, ssee mmeessmmoo aassssiimm aaccoonntteecceerr uumm aacciiddeennttee,, ccoonnttee ccoomm oo sseegguurroo qquuee éé uumm ddiirreeiittoo sseeuu ee ddooss 119900 mmiillhhõõeessde cidadãos deste país.de cidadãos deste país.
OO SSEEGGUURROO DDPPVVAATT ÉÉ CCOOMMOO OO CCAAPPAACCEETTEE:: PPRROOTTEEGGEE VVOOCCÊÊ EEMM CCAASSOO DDEE AACCIIDDEENNTTEEDDEE TTRRÂÂNNSSIITTOO.. MAS NÃO É POR ISSO QUE VOCÊ VAI DAR MOLE, NÉ?
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desafios para o trânsito do amanhã
Acultura da lei secaApesar das críticas àfiscalização, tolerânciazero ao álcool paraos motoristas, aospoucos, vemmudandocomportamentos
Números da vigilância
saibamais+
Testedealcoolemia 2008 2009 2010 2011 Total
Total de veículos abordados 47.432 107.535 99621 34.639 289.227
Total deMotos abordadas 1.953 9.279 8.367 2.854 22.453
Total de Infrações 4.552 11.731 12.739 4.681 33.703
Total de CNHRecolhidas 859 4.051 4.861 1.821 11.592
ARTE SOBRE FOTO DE MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
Aprofissão de mototaxis-ta e motofretista foi re-gulamentada em 2009,
por meio da Lei 12.009, e regula-mentada em 2010. O Conselho Na-cional de Trânsito (Contran) esta-beleceu as Resoluções 350 e 356,mas apenas neste ano elas entra-ram em vigor. A regulamentaçãodesses profissionais e as novas re-soluções sobre equipamentos desegurança e cursos preparatóriossó trazem benefícios.
A resolução 350/2010 obriga oscondutores a passarem por umcurso de especialização, seja parao transporte de passageiros (moto-taxe) seja para entrega de merca-dorias (motofrete). O curso deveter 30 horas, sendo 25 horas deteoria e cinco de aulas práticas.
Apesar da regulamentação, es-sa formação ainda não é ofereci-da na maioria dos estados brasilei-ros. Em Pernambuco, só é válidoo curso ministrado no Serviço So-
cial do Transporte (Sest) e o Servi-ço Nacional de Aprendizagem doTransporte (Senat), que custaR$160, de acordo com o presiden-te do Sindicato dos Mototaxistasde Pernambuco, Rinaldo Tavares.
Já a Resolução 356/2010, estabe-lece requisitos mínimos de segu-rança para o transporte de cargae passageiros. Os veículos deverãoter um protetor de pernas e mo-tor, uma antena para proteção con-tra linhas de pipa, e estar cadastra-dos na categoria aluguel, ou seja,possuir a placa vermelha.
De acordo com Rinaldo Tava-res, o estado, órgãos fiscalizado-
res, empresas e profissionais têmum ano para se adequarem àsnovas exigências, ou seja, emagosto de 2012. Até lá, fica a cri-tério de cada prefeitura regula-mentar. “As placas vermelhas sóserão instaladas nos municípiosque regulamentarem e fizerema licitação”.
Edson Magalhães, tem 42 anose há 15 trabalha como mototaxis-ta. Para ele, essas resoluções vãoajudar a melhorar e fortalecer ogrupo. “Com a padronização, ocliente vai identificar o motota-xista com maior facilidade, alémde tornar o serviço mais seguro”.
desafios para o trânsito do amanhã
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4 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 16 de outubro de 2011especial
saibamais+O que diz a Lei
MotofreteMotocicleta - deve estarequipada com um baú,grelha, bolsas ou caixaslaterais para transportar acarga.
MototáxiMotocicleta - deve possuiralças metálicas para apoiodo passageiroCondutor - deve usarcapacete e colete com faixasrefletoras
Para exercer a profissão oscerca de 2.800motoboys emototaxistas do estado,devem ter, no mínimo, 21anos de idade e pelo menosdois anos de carteira dehabilitação.
O profissional tambémdeverá ter a certificação deum curso especializado de30 horas-aula járegulamentado pelo Contran
As aulas serão ministradaspelos Departamentos deTrânsito (Detrans) ou porinstituições autorizadas eabordarão assuntos relativosà ética, cidadania esegurança.
O curso
Segundo a regulamentação,o curso será dividido emduas etapas: curso teóricoque terá carga horária de 25horas-aula e o curso dePrática de PilotagemProfissional com duração decinco horas-aula. Pararealizar o curso, o condutornão poderá estar cumprindopena de suspensão dodireito de dirigir, cassação ouimpedido judicialmente deexercer os seus direitos.
Para ser aprovado e podertrabalhar legalmente, ocondutor não poderá faltar anenhuma aula e deverá ter70% de acertos na avaliaçãofinal. Se reprovado, terá oprazo máximo de 30 diaspara realizar outra avaliação.
Nos últimos tempos, o quadri-ciclo deixou de ser vendido ape-nas como um equipamento mo-torizado para uso off-road e agrí-cola para ganhar também os jo-vens e adultos da classe média ealta nas fazendas, praias e condo-mínios privados. Hoje, apenas 10%dos modelos vendidos são para otrabalho no campo. Por serem con-siderados máquinas agrícolas, osquadriciclos não podem ser em-
placados e, portanto, não podemcircular em áreas urbanas.
O quadriciclo não consta do Re-gistro Nacional de Trânsito e a le-gislação sobre seu uso não é espe-cífica. Em junho, o jovem BrunoNogueira, de 15 anos, morreu emum trágico acidente. Estava diri-gindo um quadriciclo mas, deacordo com a resolução 008/2010do Conselho Estadual de Trânsito(Cetran), não poderia. Na semana
passada, no Janga, mais um aci-dente envolvendo um quadriciclopoderia ter sido evitado.
Pela lei, quando pego em situa-ção irregular, o veículo é apreen-dido. Segundo dados do Detran-PE, neste ano foram realizadas se-te apreensões, sendo apenas cin-co liberados. O motivo é simples:a máquina só pode circular no pe-rímetro urbano com a autorizaçãodo órgão.
Quadriciclos na urbe
Contran regulamentaatividade profissionaldos motociclistas, maslei só produzirá efeitosem agosto de 2012 Paraumofício
derisco,alei
Acidente no Jangamostra queproibição não é respeitada
EdsonMagalhães acredita que categoria sai fortalecida
Mototaxistas emotofretistas terãoquepassar por curso de especialização eusar equipamentos específicos de segurança
JAN MELO/DIVULGAÇÃO
JULIO JACOBINA /DP/ D.A PRESS
PAULO
PAIVA/D
P/D.A
PRESS
Itens
Capacete - Deve ter viseira efaixa refletora
Antena - Protege contralinhas de pipa
Protetor - de perna e motor
Colete - Deve ter faixarefletora
Baú - Deve ter faixa refletora
Alça - Usada para apoio dopassageiro emmototáxi
Está no Código de Trânsi-to Brasileiro: os motoris-tas que se arriscam esta-
cionar nos estabelecimentos pri-vados nas vagas reservadas aosidosos, pessoas com deficiênciae gestantes correm o risco de le-var multa. O Código prevê a apli-cação de todas as penalidadesprevistas na lei para lugares aber-tos à circulação de pessoas, mes-mo que o local seja pago.
Desde janeiro de 2010, a Com-panhia de Trânsito e Transporte
Urbano do Recife (CTTU) tornouobrigatória a colocação do docu-mento no painel do carro iden-tificando que o mesmo transpor-ta alguém nas condições descri-tas. Caso o automóvel esteja es-tacionado sem a credencial, es-tará sujeito a reboque e infraçãoleve, multa no valor de R$ 53,20e três pontos da Carteira Nacio-nal de Habilitação(CNH), deter-minados pelo Código de Trânsi-to Brasileiro.
No Recife, desde o dia 1º de ou-tubro deste ano, quem for flaglagf ra-do ocupando as vagas dos estacio-namentos exclusivos será multa-do se não apresentar a credencialemitida pela CTTU. De acordo coma presidente do órgão, Maria dePompéia, os agentes vão visitar oslocais e farão giros com motocicle-
tas e batedores. “Caso houver de-núncia, vamos disponibilizar umagente para ir no momento ao lo-cal e checar. Como os shoppingspossuem um fluxluxf o mais intenso,será o local ideal para conscienti-zar as pessoas”, diz a presidente.
A dona de casa Lúcia Alecrim,72, comemora a decisão. “Esta-cionar sem a permissão nas va-gas preferenciais é um ato sériode falta de educação”, afirma.Há cinco anos dona Lúcia utili-za o adesivo no carro, mas já secansou de ver pessoas que nãotêm direito ocupando as vagas.“Quando eu encontro, falo e pe-ço para tirar o carro do local.Mas é muito difícil.. Com as mu-danças no Código, Lúcia acredi-ta que esse tipo de situação irádiminuir consideravelmente.
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desafios para o trânsito do amanhã
CTTU promete fazerrondas para inibir aocupação indevidadas vagas especiais.Serão aplicadas multas
Paraquemédedireito
LúciaAlecrim reclamada “falta de educação” ao volante
Beneficiados precisam deixar visível a credencial
Projeto de lei vai disciplinar processo de carga edescarga
É fácil andar pelas ruas doRecife e encontrar veículos pe-sados fazendo carga e descar-ga nas vias. A legislação muni-cipal que fala sobre a circula-ção desses transportes ainda éfalha. Por isso, a CTTU vai re-gulamentar o tráfego pesadoalém do Centro Expandido (daAgamenon Magalhães até oMarco Zero), onde a lei muni-cipal de 1986 estabelece regraspara evitar o transtorno.
Além disso, projeto de leique tramita na Câmara Muni-cipal deve melhorar essa rea-lidade, proibindo a parada eo estacionamento de carga edescarga em horário útil emvários bairros da cidade. O di-retor de operações da CTTU,Agostinho Maia, afirma queo motorista e a empresa querecebe ou envia a carga serãopunidos. “Essa ação vai envol-ver diversos órgãos da prefei-tura, mas ainda não tem na-da certo. Não existe um pra-zo para entrar em vigor”.
A médica Eliane Santos, de69 anos, moradora da RuaSão Gonçalo, na Boa Vista,conhece bem o problema. Elajá perdeu as contas das ve-zes que organizou abaixo-as-sinados para os órgãos com-petentes tentando evitar quetransportes pesados conti-nuem utilizando a área ina-dequadamente. “Todos osdias eles atrapalham o fluxluxf odo trânsito e a passagem dosmoradores”, diz.
Depoisda horado rush
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
ANDRE MARINS/ESP. DP/D.A PRESS
PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS.
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS.
R$ 53,20Valor da multa que será aplicada paraquem descumprir a norma
Mais de 3milPermissões para estacionar dejaneiro de 2010 até o início deste mês
Fiscalizações iniciadas desde1ºdeoutubro
Obrigatória a colocação dodocumento no painel do veículo -desde janeiro de 2010
saibamais+
A permissão, que deve ficar nopainel do veículo, comprova quea pessoa tem direito aestacionar nas vagas reservadasa idosos, gestantes e deficientes
Quem ainda não se cadastroupode solicitar a credencial nasede da CTTU (Santo Amaro)
A permissão emitida em 30minutos
Idosos e gestantes devemestar com o RG, CPF,comprovante de residência edocumento do veículo. O carroserá vistoriado
Pessoas com deficiência devemlevar, além dos documentosacima, o laudo médico.
Caso não possam comparecer,devemmandar procuração
Como retirar o documento
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DOMINGORecife, 30 de outubro de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
Porquenãousar otransporte público?
A Região Metropolitana do Recife tem uma população de
cerca de 3,7 milhões de pessoas e dispõe de um Sistema de
Transporte Público de Passageiros (STPP) capaz de trans-
portar por dia 2 milhões de usuários. Parece muito? Não é.
Apenas um terço desse universo se desloca a pé, o restante
segue com o transporte individual que lota as vias. Para se
ter uma ideia, já ultrapassamos a marca de um milhão de
veículos na RMR e temos uma frota de 3 mil ônibus. Nessa
lógica é preciso levar em conta que umcarro transporta em
média duas pessoas, e umônibus convencional, 80. Isso ex-
plica os nossos engarrafamentos?
Os prognósticos não são muito animadores. Pesquisas in-
dicamque, enquanto crescememproporções assustadoras
osusuários de carro emotocicletas, amigraçãoparao trans-
porte público é insignificante. Em cinco anos a frota no país
aumentou 34% e a demanda pelo serviço público apenas
6%. Em 2010, só na RMR, foram 88 mil novos carros com
umamédiamensal de setemil. Nãoháviaque suporte tama-
nha demanda.
Odiscurso damelhoria do transporte público para atrair o
usuáriodo transporte individual aindanãodecolou. Ehává-
rios aspectos ainda não considerados: transporte demelhor
qualidade, acessibilidade plena, integração de todo o siste-
ma, aposta nas ciclovias e melhoria dos passeios.
Um requesito fundamental: é preciso ter hora certa para
sair e chegaraodestino.Ônibusemetrô sãoosprincipaismo-
dais que nós dispomos. O metrô é um transporte estrutura-
dor alimentado pelo ônibus, mas temos uma linha de ape-
nas39,5quilômetros. Sãoosônibusqueseguramamaiorpar-
tedademandaeelesdisputamoespaçodasvias comoscar-
ros.ACopanosalenta comapossibilidadedediasmelhores.
Na8ªediçãodoFórumDesafiosparaoTrânsitodoAmanhã,
o transporte público foi o foco da discussão.
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
MARCELO
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Uma longa jornadacomum
TÂNIA PASSOS
Eram 6h30 de uma quinta-feira, quando embarqueina estação dometrô/aero-
porto, Zona Sul do Recife, depoisde uma caminhada de 15 minu-tos. Mesmo perto, o acesso da Ba-rão de Souza Leão à estação dometrô, emBoaViagem,deixamui-to a desejar. As calçadas são ruinse a sinalização de travessia parapedestre não existe. Tambémnão
podia contar com um ônibus cir-cular quemedeixasse na estação.Mas a minha missão era outra:identificar o funcionamento dosistema de transporte coma inte-gração ônibus/metrô. E para isso,era preciso encontrar um perso-nagem que vivenciasse a realida-de dessemodelo todos os dias. En-contrei Ivanildo José Nascimen-to, 37 anos, no metrô da LinhaSul. Ele é técnico em manuten-ção,mora em Jardim Piedade, naZona Sul de Jaboatão dos Guara-rapes, e trabalha no bairro daMa-caxeira, Zona Norte do Recife. Pa-ra chegar ao trabalho às 8h, ele saide casa (a pé) às 5h50. São cercade 40minutos de caminhada atépegar a primeira conduçãododia,o metrô, às 6h30.
Usuário da integraçãoônibus/metrô gastamais de um mês porano no deslocamentode casa para o trabalho
5h506h30
7h15
8h15
Ocomeçonometrô
Horadas integrações
Finalmente, no trabalho
O trajeto dometrô é tranquilo.Nãohá ainda superlotação da Linha Sul,que, por enquanto, funciona sem osterminais de ônibus integrados e temumademandadecercade20mil pas-sageiros por dia, enquanto a LinhaCentro transporta 205mil pessoas.Aestimativa é que a integração da Li-nha Sul fique pronta até dezembrode 2012. Ao todo serão 23 terminaisintegrados às duas únicas linhas demetrô doRecife,Sul e Centro.Juntaselas têm 39.5 quilômetros de exten-
são. Com a integração concluída, aestimativa é de duplicar a demanda.Voltando à Ivanildo, ele esperava sen-tado o momento de fazer a primei-ra integração. Conversando com areportagem,ele disse perder, emmé-dia, quatro horas e meia por dia nosdeslocamentos (ida e volta) para otrabalho. É quase um dia inteiro porsemana. Quatro dias no mês e 48por ano, ou seja, passa mais temponos deslocamentos para o trabalhodo que no seu mês de férias.
Ivanildo não reclama quando chegao momento de fazer a primeira inte-gração do dia. Na estação Joana Be-zerra, desce e pega outro metrô, a Li-nhaCentro,queo levará àZonaNorte.Agora,ovolumedepassageirosébemmaior,mas ele consegue um lugar pa-rasentar.Opróximopassoéa integra-ção com o ônibus na estação do Bar-ro, que tem omaior volume de passa-
geiros do sistema.São50mil pessoaspor dia. Desse total, 12 mil são passa-geiros integrados do metrô. Ivanildochega à estação por volta das 7h15 etempressaparaentrarnafiladoônibus.“Quando os fiscais estão aqui, a fila éorganizada,mas se não tiver ninguémé cada um por si. É a lei do mais fortepara entrar no ônibus. Mulheres e ve-lhos sofremmais”, explica.
DaestaçãodoBarro,elese-gue no ônibus, também sen-tado, para o terminal integra-dodaMacaxeira.“Hoje eu es-toucomsorte,masnemsem-pre é assim”. De lá, ele pega asua quarta condução do dia:doismetrôsedoisônibus.Tu-do por uma única passagem.Como ele entrou no sistemapelo metrô, a tarifa foi de R$1,50.Essa é a principal vanta-gemdoSistemaEstrutural In-tegrado (SEI), o usuário con-segue se deslocar dentro dosistema com uma única pas-sagem. “O sistema seria me-lhor se a gente não passasse
tanto tempopresonosengar-rafamentos. É claro que issosóacontecenoônibus;navia-gemdemetrô o caminho é li-vre”, afirma. Já são quase 8hquando ele chega à estaçãodaMacaxeiraepegaosegun-doônibusparadescernaAve-nidaNorte.Viajou empé, pe-la primeira vez no dia. A via-gem é curta, só duas para-das. Na Avenida Norte, medespedi de Ivanildo. Ele se-guiria aindaapéalgunsquar-teirões até o seu trabalho.“São 8h, devo chegar lá às8h15,masumatrasodeaté30minutos é normal”.
Arealidadedo sistema
Deixei Ivanildo e segui de ônibus daAveni-daNorteàCruzCabugá.Semengarrafamen-to,opercurso talveznão levassemaisdoque20 minutos. Mas demorei mais de uma ho-ra.Ocobradordoônibusdissequeeraumdianormal.Nenhumprotesto,nenhumcarroque-brado,nenhumaobra.Apenascarrosdemais.Compreendi que Ivanildo tinha razão: o sis-tema funciona,mas estámuito longe de serideal. Talvez o maior desafio do transportepúblico (por ônibus) seja vencer os engarra-famentos.Eareceitadosespecialistasésem-preamesma:corredoresexclusivos,ondeoscoletivosnãodisputemespaçocomosveícu-los pequenos. Nesse quesito ainda engati-nhamos.Emcorredores importantescomoosdas avenidas Conselheiro Aguiar, Abdias deCarvalho,MascarenhasdeMoraeseNorte,en-tre outras, não há prioridade para o trans-porte público. O aumento da velocidade nu-ma pista exclusiva não é nenhuma conquis-ta,mas um dever de casa que não vem sen-do feito.Oscaminhosnuncaserão totalmen-te livres,mas quemsabe , no futuro, Ivanildoe outros milhares de usuários não percammais de ummês de suas vidas nos desloca-mentos de casa para o trabalho.
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BRTépromessade futuromelhor
As quatro conduções queo técnico emmanuten-ção Ivanildo José da Sil-
va, 37, precisa pegar para fazero deslocamento de sua casa, emJardim Piedade, Jaboatão dosGuararapes, até a Macaxeira, Zo-na Norte do Recife, poderá resu-mir-se a uma.O BRT (sigla em inglês para
Transporte Rápido por Ônibus),de acordo com o projeto aprova-do pelo governo, sairá da esta-ção Cajueiro Seco, em Jaboatão,passará pela estaçãoMacaxeira eseguirá até Igarassu. É pratica-mente uma reta ao longo do tre-cho urbano da BR -101,em umcorredor exclusivo. O serviço in-clui ainda estações emnível, compagamento antecipado, e painelcom as informações de horáriode chegada e partida dos trens.O governador Eduardo Camposjá aprovou a obra.Mas há outras alternativas pa-
ra diminuir o tempo de desloca-
mento dos usuários. O estudo ela-borado pelo Metrorec/CBTU pre-vê para o trecho da estaçãoCajuei-ro Seco à estaçãoMacaxeira umalinha férrea no trecho urbano daBR-101 para o Veículo Leve sobreTrilho (VLT). O projeto não chegoua ser analisado pelo governo doestado. Segundo Eduardo Cam-pos, o Plano Diretor de Transpor-te Urbano (PDTU), apresentadoem 2008 e encomendado pelaprópria CBTU, não definia VLTpara aquela área e sim um corre-dor exclusivo de ônibus. “O pro-jeto foi feito levando em contacritérios técnicos mostrados no
PDTU”, justificou o governador.Segundo a engenheira e especia-lista em transporte urbano, Re-gilma Souza, o PDTU pedia umaanálise da demanda. “Não temosdemandanaquela área para ome-trô. OVLT tambématenderia,maso BRT cabe perfeitamente na re-comendação do PDTU e aindadentro do prazo e do volume dosinvestimentos disponíveis paraaquela área”, explicou.Para o técnico em manuten-
ção Ivanildo José da Silva, sejaqual for o projeto, a possibilida-de de ter a viagem encurtada ecom uma única condução me-
lhorará muito a vida dele e dosusuários que dependem dessa li-nha. “O metrô é o melhor trans-porte público considerando queele anda. Mas se a gente tiverum ônibus que não fique presonos engarrafamentos e que cum-pra os horários serámuito bom”.A estudanteMirtes Almeida, 24
anos, mora no bairro de Prazerese estuda naUniversidade Federalde Pernambuco (UFPE). “É umper-curso longo e a gente troca três ve-zes de condução. A nossa quali-dadade de vida seria outra. Per-demosmuito tempo nos desloca-mentos”, lamentou.
Implantação dosônibus rápidos foiautorizada. Serãocorredores exclusivosao longo da BR-101
Serão construídas estações em nível, com painel de informação e compra antecipada
Projeto foi escolhido levandoemconta critérios técnicos
FOTOS: SECRETARIA DAS CIDADES/DIVULGAÇÃO
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O transportepúblicoque temos
Se nos principais corredo-res de tráfego o transpor-te público ainda não é o
ideal, imagina então nas linhasque não fazemparte do SistemaEstrutural Integrado (SEI), ondeencontramos a face mais crueldo serviço. Desde o tipo de abri-go usado nas paradas, às péssi-mas condições das calçadas, fal-ta de climatização nos coletivos,superlotação e ainda a reclama-ção número um: a demora nosintervalos das viagens.Na falta de painéis eletrônicos
para informar o horário de che-gada das linhas, os usuários cos-tumam pedir ajuda aos fiteirosque se fixamnos pontos de para-da. Ademir José Rodrigues, 54anos, trabalha há 15 na calçadada Escola Estadual São Francis-co de Assis, em Água Fria, e éuma espécie de central de infor-mação dos ônibus da linha dobairro. “Se eu ganhasse por in-formação, já estava rico”, brincao dono do fiteiro. Ele conta queas perguntasmais frequentes sãoreferentes aos horários e as li-nhas que seguem para o centro.“Eu informosemproblemas,mastem gente que quer saber até osminutos para o próximoônibus.Às vezes não dá”. Empé e já sempaciência, o aposentado Bartolo-meu Ferreira, 62 anos, esperavaa chegada do seu ônibus da li-nhaChãodeEstrelas. “Estouaquihá 30minutos, é assim tododia”.Chegar comsegurança às para-
das éoutroobstáculo. As calçadasnão oferecem conforto. Em al-guns casos, elasmal existem.Umdos critérios paraqueaparada se--ada seja, de fato, um abrigo é a largu-ra do passeio (no mínimo 1,50metro).Masnemsemprehá espa-ço. Na Avenida Cônego Barata,ZonaNorte doRecife, no sentidoÁguaFria, encontramosoprimei-ro exemplo dessa realidade. Emuma calçada estreita, a paradade ônibus é identificada apenascom uma bandeira. Passava domeio dia quando registramosusuários acomodados emumes-paçoquemal davaparaumapes-soa e com sol a pino.Os abrigos das paradas de ôni-
bus são de responsabilidade daempresa Grande Recife Consór-cio de TransporteMetropolitano.Ao todo são 6.238 paradas. Dessetotal, 400 são abrigos compubli-cidade localizadosnos principaiscorredores. Não há interesse dapublicidade nas áreas de subúr-bio. Omais comumnessas áreassão abrigos de concreto ou demetal. Bem diferente do que seencontra, por exemplo, naAveni-da AgamenonMagallhães ou naAvenida Domingos Ferreira. “Es-tamos trocando os abrigos com
publicidade por modelos maismodernosnosprincipais corredo--edores”, afirmou Taciana Ferreira,diretora de operações doGrandeRecife.Nadaprevisto para os bair-ros do subúrbio.Dentrodos ônibus, o problema
é outro: o calor nos coletivos.Com um clima quente, a sensa-ção térmica fica aindamaior pa-ra quem fica preso nos engarra-famentos. A professoraNelcieneBraga, 38 anos, tenta aliviar o ca-lor usando um caderno como
abanador. “A gente sofre com ocalor. Na época das kombis, asempresas diziam que iriam ofe-recer ônibus climatizados e na-da não foi feito”, reclamou.O presidente do Sindicato das
Empresas de Transporte de Pas-sageiros (Urbana-PE), FernandoBezerra, explicou que a climati-zação nos coletivos só é indica-da para os ônibus do tipo opcio-nal ou BRT (Transporte Rápidopor Ônibus). “ Nos ônibus quetêmuma abertura de porta comuma frequênciamuito grande aclimatização não funciona por-que o ar vai todo embora. Aliás,não conheço nenhuma cidadebrasileira que use ar-condiciona-do nesse tipo de ônibus”, afir-mou. Segundo ele, tanto o BRTquanto os opcionais têm para-das em trechos mais longos.A climatização dos ônibus es-
tá prevista nos veículos que irãocircular nos corredores de tráfe-go exclusivo. De acordo com di-retora de planejamento doGran-de Recife Consórcio, IvanaWan-derley, umdos itens da licitaçãopara as linhas de ônibus do Re-cife e RegiãoMetropolitana, queterão edital lançado até dezem-bro, prevê o ar-condicionadonosônibus dos corredores. “Tambémestá sendo analisada a possibili-dade de as empresas teremumamaior contrapartida social”.
Usuários das linhas deônibus enfrentamatrasos, superlotaçãoe calor, além daspéssimas condiçõesdos abrigos e calçadas
No Sistema de Transporte Pú-blico de Passageiros (STPP), geridopelo Grande Recife Consórcio deTransporte Metropolitano, alémdometrô e dos ônibus das linhasque integramo sistema, há aindao transporte complementar. Ape-nas Recife e Olinda fazem parte,atualmente, do consórcio.No Recife, o sistema opera des-
de 2005 e tematualmente duas li-nhas: alimentadoras e interbair-ros. As duas transportam por dia59 mil pessoas. “O complemen-tar é importantíssimo para ali-
mentar as linhas convencionais”,afirmou Carlos Augusto Elias, di-retor de transporte da CTTU.Em Olinda são 25 microônibus
que compôem o transporte com-plementar do município e quetransportam por dia cerca de 50mil usuários. “As linhas comple-mentaresalimentamoscorredoresde tráfego e as linhas coletoras.Olinda temmuitos altos e o com-plementar chega onde o ônibusnão consegue”, revelou o secretá-rio executivodeTransporte eTrân-sito de Olinda, Adriano Max.
saibamais+
Nãoháprevisão
dereformanos
abrigossituados
nossubúrbios
Integração incluicomplementares
Passeio deve ter largura mínima de 1,50m nas paradas
É no fiteirÉ no fiteirÉ no fiteiro de Ademir Rodrigues, em Água F, em Água F, em Água Fria, que a população se informa sobre horários e linhas do bairro
FOTOS: MARCELO SOARES/ESP. DP/D.A PRESS
TRANSPORTEPORÔNIBUS
2milhões de passageiros3mil ônibus385 linhas26mil viagens por dia13 terminais integrados emais 10 até 2012450milhões de passageirosintegrados
TRANSPORTEFERROVIÁRIO
Metrô -39,5 quilômetrosLinha Sul - 14,5km35mil usuários10 estações5 trens174 viagens/dia
Linha Centro -25km18 estações
205mil usuários/dia
20 trens
309 viagens/dia
LINHADÍESEL
De Cajueiro a Cabo de SantoAgostinho33kms4 locomotivas40 viagens/dia e passarápara82 com oVLT em 20126.500 passageiros/dia epassará para53milcomVLT em 2012
TRANSPORTE
COMPLEMENTAR
RECIFE
140microônibus2 linhasAlimentadora - 18 linhas e25mil pessoas/diaInterbairros -7 linhas e34 mil pessoas/dia
OLINDA
25microônibusLinhas alimentadoras nosaltos50mil passageiros/dia
Fonte: Grande Recife,Metrorec emunicípios
Um corredor exclusivo,paradas em nível, ôni-bus climatizados a uma
velocidade média de 40 quilô-metros, nos horários de pico. E,ao lado, carros a 10 km/h, presosnos engarrafamentos. O futurose desenha dessa forma. E emqual dos lados você quer estar?Atrair o usuário do transporte in-dividual para o transporte pú-blico é o desafio dos gestores pú-blicos. Porém a melhoria temque ser percebida não apenasnos principais corredores de trá-fego, mas também nas linhasalimentadoras e com melhoracessibilidade aos terminais in-tegrados ao metrô.Até a Copa de 2014 serão três
importantes corredores de trá-fego: Norte/Sul, Leste/Oeste e aBR-101. Todos com o BRT, mode-lo adotado em Curitiba e Bogo-tá. A opção pelo VLT (Veículo Le-ve sobre Trilhos) se restringe, porenquanto, à linha Cajueiro Se-co/Cabo de Santo Agostinho. Omodal, no entanto, é uma opçãoonde o sistema ferroviário possaser implantado no futuro. “É umsistema que transportamais pes-soas, tem uma energia limpa egarantemaior velocidade. Temosestudos que poderão ser viabili-zados a longo prazo”, explica ogerente de manutenção do Me-trorec, Bartolomeu Carvalho.Apesar de ter uma linha de ape-
nas 39,5 quilômetros, o metrô éo transporte público que funcio-na como elemento estruturadordo sistema de transporte público.
Os terminais de integração doônibus com o metrô acompa-nhamo percurso das duas linhashoje existentes: Sul e Centro, que,juntas, transportam 240mil pes-soas por dia. Mais dametade dospassageiros é oriunda dos ôni-bus. “A função do ônibus é ali-mentar ometrô. Sãomodais com-plementares e não concorren-tes”, afirma Taciana Ferreira, di-
retora de operações do GrandeRecife Consórcio de TransporteMetropolitano.O Sistema Estrutural Integra-
do (SEI) tem atualmente 10 ter-minais de integração, e a metapara 2012 é alcançar 23 termi-nais, além de outro em 2013,com o Terminal Integrado Cos-me e Damião, porta de entradada Cidade da Copa. Com todos os
terminais integrados, a deman-da de passageiros no sistema de-verá duplicar. Alémdos dois prin-cipais modais, a expectativa éque o transporte fluvial de pasluvial de pase f -sageiros também comece a fun-cionar. O projeto está entre osquatro previstos no PAC da Mo-bilidade. O fluvial contemplatrês corredores, o principal deles,o Oeste, tem previsão de trans-
portar 10.500 pessoas. “O proje-to vai desafogar a Avenida 17 deAgosto e a Rui Barbosa e passa-rá a ser uma solução para quemhoje vem de carro da Zona Oes-te com destino ao Centro”, res-salta o secretário das Cidades,Danilo Cabral.A melhoria do transporte pú-
blico passa por soluções de mo-bilidade que vão além dos mo-
dais. Os terminais integrados,por exemplo, não têm espaçopara estacionamento. “Essa cul-tura tem que ser estimulada. Oterminal de Paulista, por exem-plo, tem uma bicicletário im-provisado pela população. Ouseja, há uma vocação que não es-tá sendo aproveitada”, critica oconsultor em transporte, Ger-mano Travassos.
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RMR se prepara paraganhar três corredoresde tráfego, 13 novosterminais integrados eaté um meio fluvial
MobilidadeMobilidadenãoésonhonãoésonho
Transporte fluvialAté 2014, a Secretaria das Cidades espera implantar doisdos três corredores fluviais que aguardam recursos doPAC da Mobilidade: o Norte e o Oeste. O último apresentamaior demanda de passageiros, cerca de 10.500 pessoas.As rotas totalizam 22 km e estão orçadas em R$ 398mi.
VLTsOs VLTs vão fazer a linha deCajueiro Seco e Cabo de SantoAgostinho. As viagens terão emmédia 22 minutos. Sete trens devemtransportar 153 mil passageiros.
Controle eOperações (CCO)Uma central demonitoramento seráinstalada no Grande Recife ConsórciodeTransporte, comPCs e painéis deLCD para acompanhamento emtempo real do percurso dos ônibus.
Ônibus comGPSTrês mil veículos na RMR serãoequipados comGPS. Painéiseletrônicos também serão instaladosnos terminais integrados e estaçõesdos principais corredores.
Transporte rápido
O Corredor Leste- Oestefará ligação com a Cidadeda Copa. Já o CorredorNorte-Sul, de Igarassu até oRecife, deverá transportar182 mil pessoas. O Corredorda 4ª Perimetral (BR 101)deve transportar 143 milpessoas, indo doentroncamento da BR-101com a PE-15 à Jaboatão.Informações via SMS
Um serviço de mensagens pelo telefone celular, poronde o passageiro receberá informações, deveentrar em funcionamento em janeiro de 2012.
JULIANA LEITAO/DP/D.A PRESS
CECILIA DE SA PEREIRA/DP/D.A PRE
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EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
SemeducaçãonãohásoluçãoOpadrãodecomportamentodeumasociedadeédetermi-
nadopela formacomoamaioriaencaraosvalores sociais.No
trânsitonãoédiferente.As infrações, por exemplo, sãovistas
comosocialmenteaceitas.Nãoexiste indignaçãodiantedomo-
toristaqueestacionana faixaouultrapassao sinal vermelho.
Talvez issoexpliqueadificuldadedascampanhaseducativas
surtirem o efeito esperado. Mudar o padrão é mudar a lógi-
cadoconvencimento.Aocontráriodeusaramulta como for-
ma de educação, o próprio vizinho passa a ser o instrumen-
to de uma virada comportamental.
Pelomenosnafilosofia,oprincípioéconquistaraté30%deum
determinadosegmentodasociedadeparaqueorestantedaso-
ciedade assimile. Damesma forma que se aprende o errado, é
possível aprender o certo. Nessa lógica, os especialistas acredi-
tamqueatitudeé repetidaquandoé socialmente aceita.
Éclaroquenãose fazrevoluçãodeumdiaparaanoitee tam-
pouco emtodosos lugares aomesmo tempo. ImaImagingineeneentãoatãoa
multiplicaçãodeagentessociaisde trânsitonoâmbitodeuma
rua, do seu entorno e do bairro. O 9º caderno doFórumDesa-
fios para oTrânsito doAmanhã traz como temaaeducação e
mostra os desafios de uma escola para multiplicar as ações
educativasnouniversodobairrodeCasaAmarelacomseus25
milmoradores. Revela ainda a razão da educação de trânsito
não fazer parte do cotidianodas unidades de ensino.
PEDRO/DP
Com passos firmes e decididos,as crianças caminham sobre a fai-xa de pedestre, seguras de queaquele espaço será respeitado pe-los motoristas. A cena real ocor-re na frente de uma escola parti-cular, no bairro de Casa Amarela,Zona Norte do Recife. Mas bemque poderia se expandir para asruas do entorno, o bairro, a cida-de, o estado, o país. A ideia de setrabalhar a educação do trânsitoa partir das comunidades é ba-seada na teoria do filósofo Mal-colm Gladwell. Ele parte do prin-cípio de que, se 30% de um seg-mento significativo da sociedadese convencer de que a prática deum determinado comportamen-to é válida, toda a sociedade pas-sará a exerce-la. É o chamado pon-to de virada, a exemplo do queocorreu em Nova York, quando apopulação comprou a ideia de sercontra a violência. Ou em Brasília,quando os motoristas se conven-ceram de que respeitar a faixa erao certo a ser feito. Também pode-mos ser convencidos.
A iniciativa da escola é um pas-so que pode e deve ser multipli-cado pelas escolas do bairro. E
quem sabe assim elas alcancem os30% dos 25 mil habitantes do bair-ro de Casa Amarela. Nada que nãopossa ser feito. “A gente vem tra-balhando a conscientização dosalunos e pais de alunos. Mas anossa meta é também trabalharo entorno. Uma ideia é promoverum encontro de todas as escolasdo bairro para trabalharmos a te-mática do respeito às normas dotrânsito com a participação dos ór-gãos de trânsito”, afirma a dire-tora pedagógica do Colégio Apoio,Rejane Maia.
No que depender da disposiçãodos alunos, a meta tem tudo pa-ra ser alcançada. Os estudantesLuíza Braga, João Carlos Muniz, Ri-cardo Dias,Mateus Zarzar, Fernan-da Guedes, Carolina Smith e Jú-
lia Roffé sonham em transformaro mundo que cabe nas suas casase nas ruas onde moram e estu-dam. “Em algum momento, o mo-torista também é pedestre e elenão vai querer ser atropelado, en-tão, é preciso saber respeitar”, de-fende Luíza. João Muniz traz a es-tatística na ponta da língua. “EmSão Paulo, duas pessoas morrempor dia atropeladas na faixa depedestre. Só porque o motoristaainda não entendeu que o pedes-tre tem prioridade”, ressalta.
Com uma área de 185 hectarese uma densidade populacional de
138 habitantes por hectare, CasaAmarela é um dos bairros mais po-pulosos do Recife. O bairro faz li-mite com Casa Forte, uma dasáreas mais nobres da cidade. Naárea limítrofe, a ocupação imobi-liária segue os mesmos padrões dobairro nobre. É o lado “rico” dobairro, que trouxe junto um nú-mero maior de carros para trafe-gar nas vias. Mesmo sendo umbairro tradicionalmente popular,a presença de carros é cada vezmaior até mesmo no morro, on-de se concentra uma populaçãode baixa renda. No morro, as ruas
são estreitas e as casas, em suamaioria, não dispõem de gara-gem. O resultado é que os carrosocupam os trechos estreitos decalçadas. “Carro é uma necessi-dade, mas não há espaço paraguardá-lo”, justifica o moradorJoão Menezes, 38 anos.
Esse talvez seja um outro desa-fio: como trabalhar a mobilida-de e o respeito às normas de trân-sito em espaços não planejadospara esse tipo de ocupação? Hámuito o que ser feito, mas o res-peito à faixa de pedestre já é umgrande passo.
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Cultura de respeitoàs normas pode sercriada a partir dascomunidades para,então, ganhar a cidade
Pontodeviradaparaumtrânsito-cidadão
“Dê educação para o homemque ele transforma o país”. A fra-se, do educador Paulo Freire, nãopoderia se aplicar melhor ao con-texto do trânsito. Motoristas, mo-tociclistas, ciclistas e pedestrescompartilham as mesmas ruas eavenidas todos os dias, mas o res-peito ao espaço do outro parecenão existir. Motoqueiros levam osretrovisores dos carros, motoristas
pensam ter a prioridade sobre mo-tociclistas e ciclistas, pedestresacreditam estar com a razão...
Para o coordenador da pós-gra-duação em gestão de trânsito daFaculdade Maurício de Nassau,major Israel Moura, a educaçãopara o trânsito permaneceu em se--segundo plano até entrar em vigoro Código de Trânsito Brasileiro(CTB), em 1997. Mas as pessoas
não adquiriram, na mesma pro-porção, o respeito ao próximo e anoção de segurança. “Essa gera-ção que está sendo amputada noHospital da Restauração é vítimada má formação como cidadã pa-ra o trânsito”, pontua.
Segundo dados do Ministérioda Saúde, 40.610 pessoas morre-ram em acidentes de trânsito noBrasil em 2010, quase 7,5% acima
do registrado em 2009. “Recife éa 5ª cidade mais violenta no trân-sito. As escolas não formam ascrianças para serem cidadãs res-ponsáveis. Não basta ensinar umaplaca, mas mostrar os danos cau-sados pela infração”, afirma. Masalgo começa a mudar e as crian-ças e jovens podem ser protagonis-tas em potencial dessa transforma-ção, por ora, silenciosa.
Respeito ao próximoé a primeira lição
Convencer os motoristas a respeitar a faixa é um dos desafios dos alunos
Alunos do ColégioApoio aprendem a fazera travessia na faixa de
pedestre
FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A PRESS
EmSão Paulo,
morremduas
pessoas por dia
atropeladas na
faixa de pedestre
“JJJJooooããããooooMMMMuuuunnnniiiizzzz,,,, 11110000 aaaannnnoooossss,,,, estudante da 4ªsérie do Colégio Apoio
Convença30%de
umacomunidade
etransformará os
outros70%
Comoosenhorbaseouasuateoria da criação dos agen-tes sociais de trânsito?A primeira é que a sociedade lo-cal autoriza (consciente ou in-concientemente) o comporta-mento irresponsável no trânsi-to, independente da lei. A segun-da é que os autores de trânsitobuscam se ajustar aos compor-tamentos socialmente aceitosem cada localidade, independen-te de sua formação.
Oturista,pota,poturis rexemplo,s,so e“e“s abraar -sileira” quandovemparacá?Isso mesmo. Ele pode cumprirtodas as regras no seu país, masse ficar por aqui de três a quatromeses e presenciar a “normalida-
de” das infrações, ele pode repe-tir o mesmo comportamento. As-sim como nós, brasileiros, temosmais cuidado no comportamen-to fora do país.
Na questão da educação, osenhor segueamesma linhade pensamento do filósofoMalcolmGladwell de se tra-balhar a conscientizaçãodentro das comunidades?Exatamente. Eu acredito que asociedade precisa ser convenci-da de que obedecer às normasde trânsito, por exemplo, é ocerto a fazer e não porque hárisco de alguma punição. Sehouver uma mudança de com-portamento, o restante do gru-
po assimila.
Não é verdade quando di-zem que quando pesa nobolso, o motorista cumpreas normas, como foi o casoda obrigatoriedade do cin-to de segurança?É verdade, sim, mas se o agentede punição não estiver presen-te, seja um guarda de trânsitoou uma lombada eletrônica, ocondutor não se sente culpadode não cumprir a lei. Pelo contrá-rio é um comportamento social-mente aceito.
EmSãoPaulo, a Companhiade Engenharia de Tráfegolançou uma campanha de
multar omotorista que nãorespeitar a faixa de pedes-tre. Não é esse o caminho?Eu acho um grande equívoco es-se tipo de punição que irá fun-cionar por determinado perío-do e em determinados lugares.O motorista precisa ser conven-cido de que é errado não respei-tar a faixa e não pelo medo damulta.
Osenhor falouqueesse tipode revoluçãopodecomeçarna própria rua. Como seria?
É verdade. Não se deve a ter pre-tensão de trabalhar uma cam-panha na cidade como um todoe esperar um resultado imedia-to. O trabalho deve ser feito nascomunidades. Por isso, eu de-fendo a criação de centros deeducação social de trânsito. Épreciso deixar a educação nor-mativa para a educação socialde trânsito.
De que forma funcionariaesses centros?Imagine, por exemplo o bairro
do Curado e junto com a comu-nidade, os empresários, os órgãosde trânsito desenvolverem açõescom as pessoas para o respeito asinalização no bairro, que teráseus próprios agentes sociais detrânsito. Não tenho dúvidas deque a comunidade é capaz de fa-zer essa revolução. E essa teoriaque eu defendo será trabalhadanuma linha de pesquisa da Uni-versidade de Brasília. Espero queo trabalho possa ajudar na mu-dança de concepção do que ho-je é a educação de trânsito.
O engenheiro civil Carlos Guido Soares Azevedo, formado na Universidade Federalde Pernambuco (UFPE), é consultor em organizações públicas na área de trânsitoe transporte em todo o país há mais de 30 anos. Ele participa de projeto do Iaupe
– Instituto de Apoio à UPE - no Ministério da Integração Nacional para implantação deum sistema de Modelo de Gestão para a pasta. Mas tem como maior desafio a criação de“agentes sociais de trânsito”. Ele está convencido de que a melhoria na qualidade e segu-rança do trânsito depende não apenas dos órgãos de trânsito na sua função de fiscalizare operar, mas, principalmente, de um “convencimento” da população sobre o modo certode agir. Nesta entrevista, ele fala sobre a revolução que pode começar em uma rua e ba-seia a sua teoria em duas hipóteses.
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desafios para o trânsito do amanhã
entrevista >>Guido Soares Azevedo
“O condutor não se senteculpado de não cumprir a lei”
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
desafios para o trânsito do amanhã
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TERESA MAIA/DP/D.A PRESS
TERESA MAIA/DP/D.A PRESS
PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS. PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS.
MARCELO SOARES/ESP.DP/D.A PRESS
Salve-se quempuder
Ocomportamento de ummotorista no trânsitonão necessariamente re-
fletletf e o seu modo de ser enquantocidadão, mas deveria. O que nosfaz esquecer as “boas maneiras” é,em parte, a guerra que tem setransformado o trânsito. É o taldo salve-se quem puder. E os maisdiversos absurdos resultam da prá-tica individualista, que traz conse-quências para todo o resto, que, naprimeira oportunidade, dá o “tro-co” na mesma moeda. Nesse pata-mar, entramos no mesmo nívelde consciência coletiva. Mesmoquando, em determinado momen-to, somos nós os prejudicados, al-guns metros à frente lá estamosnós repetindo o comportamento“padrão” do individualismo.
Retratar os descaminhos dotrânsito é, sobretudo, descreveras cenas diárias com as quais nosdeparamos ou protagonizamosno trânsito. Desde um avanço desinal, estacionar em local impró-prio, dirigir falando ao celular,fazer uma conversão indevida pa-ra encurtar o caminho, mudar defaixa sem ligar a seta, ocupar atéa terceira faixa para passar nafrente em uma conversão e, ain-da, estacionar sem culpa na faixade pedestre e, mesmo assim, acor-dar todos os dias como se normalfosse não fazer o que é certo.
Mas há outras situações tam-bém gritantes. Um caso emble-mático é o da Praça dos Mangui-nhos, no bairro do Parnamirim,que era literalmente usada comoestacionamento. Os motoristaschegavam a subir o canteiro. De-pois de muita reclamação dos mo-radores, a Companhia de Trânsi-to e Transporte Urbano (CTTU)“resolveu” o problema instalan-
do “gelo baiano” em todo o pisoda praça que, para piorar, está empéssimo estado. Os carros de fatonão sobem mais, ficam no entor-no da praça, que continua nãosendo dos moradores. “Os moto-ristas são muito mal educados”,resume o engenheiro José Carlosdos Santos Silva, 70 anos, depoisde estacionar em local proibido.
Outra situação inusitada é a bar-raquinha de frutas instalada emcima de uma faixa de pedestre,no cruzamento da ConselheiroPortela com a Rosa e Silva, no bair-ro das Graças. É impossível nãoenxergar, mas a cena vem se repe-tindo há anos e os pedestres queusam a faixa são obrigados a con-tornar a barraca no meio dos car-ros. “Recife deve ser o único lugardo mundo onde o comércio am-bulante usa a faixa de pedestrepara negociar”, reclama a profes-sora Marta Oliveira Costa, 53 anos.
Que os motoristas são abusa-dos e não respeitam os ciclistas epedestres, isso a gente já sabe,mas o pedestre também tem suaparcela de culpa pela total ausên-cia de zelo com a própria vida.Um exemplo diário pode ser vis-to na Avenida Conde da Boa Vis-ta, no cruzamento com a Rua doHospício. O sinal de pedestre équase de “enfeite”, praticamenteninguém respeita. Foi o que acon-teceu com a dona de casa Adria-na Silva, 28 anos, que atravessoua avenida com o sinal fechado pa-ra ela e segurando a mão da filhade seis anos. “Eu não percebi queestava fechado. Passei com pressaporque ela estava me aperrean-do”, contou a mãe.
Para o consultor de trânsitoCláudio Guido, prevalece a au-sência de culpa por infringir a lei.“O motorista que reduz a veloci-dade na lombada eletrônica e au-menta logo que passa do equipa-mento é o mesmo que só obede-ce à regra se tiver um guarda detrânsito por perto. Não houve mu-dança de comportamento”.
Na subida doMorro daConceição, em uma rua estreitaque cabe um único carro, omotorista decide ocupar oespaço da calçada, sem opçãode acessibilidade para opedestre
Estacionamentoirregular
NaAvenida Conde da BoaVista,mesmo com o sinal de pedestre,os riscos de atropelamento sãoconstantes. Os pedestresignoram quando o sinal fecha econtinuam passando pela faixa
Travessiadealtoriscoemviapública
Aoperação de carga e descarganas ruas doRecife ainda é umproblema.Osmotoristas nãorespeitamos locais proibidos.Apartir de janeiro de 2012, a CTTUpromete apertar o cerco e limitara operação das 22h às 6h
Descumprimentoda lei
Uma barraca de frutas em plenafaixa de pedestre nocruzamento da ConselheiroPortela com a Rosa e Silva é umexemplo de imobilidade
Semregras
Uma cena comum é o usoinadequado das ciclovias. Oflagrante do fotógrafo PauloPaivamostra umamotoestacionada na ciclovia daAvenida Norte.A pista exclusivaé constantemente invadida
Obstáculo
Individualismo trazconsequências paraa mobilidade de formageral e vira padrãode comportamento
Aeducação de trânsitonão é e não será discipli-na curricular nas esco-
las. A decisão é do Ministério daEducação, mas o tema pode e de-ve ser inserido nas diversas disci-plinas de forma transversal, pre-vista no Código de Trânsito Brasi-leiro (CTB) desde 1997. Na teoriaparece funcionar, mas na práticaisso pouco acontece. A orientaçãodo MEC é que o DepartamentoNacional de Trânsito (Denatran)forneça material aos estados e es-tes aos municípios para que o as-sunto seja debatido nas escolas. Afalta de estrutura é um dos empe-cilhos. A consultora técnica doDenatran, Rita Cunha, que parti-cipou da 9ª edição do Fórum De-safios para o Trânsito do Amanhãcom o tema educação de trânsito,revelou que o departamento res-ponsável pelos projetos de educa-ção conta apenas com 13 funcio-nários e, desses, apenas cinco sãoda casa, o restante é terceirizado.“É um volume de trabalho muitogrande para o tamanho do país.Mesmo assim, estamos trabalhan-do para a melhoria da educação”,afirma Rita Cunha.
Com a definição do MEC de nãoinição do MEC de nãodefassumir a responsabilidade de en-sinar a disciplina trânsito, restouaos órgãos de trânsito a realizaçãode campanhas períodicas, que nãotêm conseguido alcançar os obje-tivos. Apesar do sucesso dos pa-lhacinhos da Turma do Fom Fom,o número de acidentes e mortesainda é grande. No Brasil, mor-rem por ano mais de 40 mil notrânsito. “Nós somos 10 vezes piordo que qualquer país “, diz o con-sultor em trânsito Carlos Guido.
De acordo com o sociólogo econsultor em trânsito EduardoBiavati, a única forma de atin-gir as diversas camadas da socie-dade é pela escola. “Nenhum ór-gão de trânsito é capaz de ter apenetração que a escola tem emtodos os municípios”, destacou.Que o caminho é a escola pare-ce haver consenso nesse senti-do. No Recife, a Companhia deTrânsito e Transporte Urbano(CTTU) iniciou junto as escolasdo município um processo decapacitação dos professores pormeio do Plano Municipal de Edu-
cação para o Trânsito. “Inicial-mente estamos capacitando 100coordenadorese e profissionaisde informática com aulas semi-presenciais. A nossa estimativa éque até 2015, todos os professo-res da rede sejam treinados”,afirma o gerente de educação detrânsito, Francisco Irineu.
Em 2012, o município prometeimplantar uma escola municipalde trânsito, que ficará sob a coor-denação da Secretaria de Educa-ção. O espaço será de pesquisa emeducação de trânsito, com labora-tório para as crianças aprenderemna prática as regras básicas dotrânsito. Para Biavati, a educaçãoinfantil é importante, mas deve seestender para os jovens. “Há umapreocupação grande com a crian-ça, mas o jovem que está prestesa dirigir fica sem a formação e
acaba sendo influenciado peloluenciado peloinfgrupo e deixando de lado o queaprendeu aos cinco anos”.
O Detran/PE foi pioneiro na for-mação extracurricular de profes-sores com o Programa Detran naEscola. A Secretaria Estadual deEducação no Curso de Formaçãode Instrutor de Trânsito Teórico-Técnico foi parceira na iniciativa.A ação está prevista na resoluçãonº 265 do Denatran. Até agoraapenas os municípios do Cabo deSanto Agostinho, Jaboatão dosGuararapes, Petrolina e Caruaruforam beneficiados.
Uma das vantagens do modeloé que, após o curso, o professor-instrutor tem autoridade para re-passar o conteúdo aos alunos namesma lógica dos clubes de for-mação de condutores. “O aluno re--ecebe o mesmo conteúdo ensina-
do nas autoescolas. As escolas queadotam o modelo são inseridasno sistema do Detran”, explica Fá-tima Bezerra.
A ideia era capacitar dois milalunos nas escolas. Mas a inicia-tiva esbarrou em um detalhe.“Uma lei federal determinou quepara ser instrutor era necessárioter habilitação na categoria D e is-so acabou desestimulando os pro-fessores a continuar com a for-mação”, comenta a presidente doCetran, Simíramis Queiroz.
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desafios para o trânsito do amanhã
Responsável peloensino da disciplinano país, Denatrannão possui estruturapara atender demanda
Turma do Fom Fom seduz a criançada com apelo lúdico
SERVIÇO
Cursos para educação no trânsito:Detran/PE - 81- 3184-8004CTTU - 81- 3355-5316Sest/Senat - 81 2119-0220Sec - 81- 3212-1616Centro Educacional de Trânsito daHonda (CETH) - 81 - 3252-6764
Trânsito, aindaTrânsito, aindaTrânsito, aindaórfãodaeducaçãoórfãodaeducaçãoórfãodaeducação
Oque diz a legislação sobreeducação de trânsito:
1199997 - Códig7 - Código deo de TTrânsitorânsitoBrBrasileirasileiro (o (CCTB):TB):artart.. 776 - educação:6 - educação:AAdoção de cdoção de contonteúdoeúdos des deeduceducação (magisação (magistério etério etrtreinamenteinamento de pro de prooffeessssororeess))
11996 - L996 - Lei de Direi de Diretrizetrizees e Bs e Basaseessda Eda Educação Nacional (LDBEN)ducação Nacional (LDBEN)Não prNão preevê a educvê a educação na gração na gradeadecurricular e tcurricular e tema trema transansvvererssalal
22004 - C004 - Consonselho Nacional deelho Nacional deTTrânsito (rânsito (CControntran)an)InsInstituiu o ttituiu o tema trânsitema trânsito po pararaaprprojetojetoos pedagógics pedagógicooss
EEsstabelectabelece que o De que o Denatrenatrananfforneça matorneça material de apoio àserial de apoio àseessccolasolas
22009 - P009 - Portaria 1ortaria 1447 do7 doDDenatrenatran:an:DirDiretrizetrizees nacionais de educs nacionais de educaçãoaçãopparara o trânsita o trânsito: pré-eo: pré-essccolar eolar eensino fundamental e médio:ensino fundamental e médio:
InfInfantanto-juvo-juvenil: noçõeenil: noções des detrtraavveesssia de fsia de faixaixa,a, sinaissinais,, andar deandar debicicleta,bicicleta, cidadaniacidadania
FFundamental: 3 livrundamental: 3 livroos cs com som seiseishishistórias ptórias parara sa sererem disem distribuídastribuídasnas enas essccolas e dois solas e dois sooftftwwarareesseduceducacionaisacionais
Médio - prMédio - produção de vídeoodução de vídeos ss sobrobreeum trânsitum trânsito co consonscientcientee
22009 - R009 - Reessolução 2olução 2665 do5 doDDenatrenatrananFFormação tormação teóriceórico-técnico-técnica doa dossprprooffeessssororeesspparara 1a 1ª habilitaçãoª habilitação
AAtividade etividade extrxtracurricular eacurricular eopcionalopcionalpparara alunoa alunos e prs e prooffeessssororeess
DDetretran ran reesponsávsponsável pelael pelaautautorizorizaçãoação,,ccontrontrole e fisole e fisccalizalizaçãoação
FFontonte: De: Denatrenatranan
INES CAMPELO/DP/D.A PRESS
saibamaismais++JJARBARBAAS/DPS/DP
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CADERNO
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DOMINGORecife, 18 de dezembro de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
10 pas10 passos parsos paraamudar o trânsitomudar o trânsito
O trânsito de hoje não será igual ao de amanhã. Será pior.
Em todo o país a frota de veículos tem estimativas de cresci-
mento de 9,19% ao ano. Em Pernambuco, temos um incre-
mentomensaldemaisdedoismilveículos.Éumcaminhosem
volta. O desafio para o trânsito do amanhã não é apenas en-
contrar alternativas demelhorar a convivência coletiva com
o respeito às normas de trânsito. Isso também,mas é impor-
tante a intervenção do estado na melhoria da estrutura da
mobilidadeurbanadopontovistaviárioedecirculação, com
todos os elementos que integram a cadeia dos deslocamen-
tos: o pedestre, o ciclista e o motorista. Não existe pretensão
de frear o consumo automobilístico, mas é possível estimu-
lar a boa convivência no trânsito e o poder público pode e
deve apostar em soluções de mobilidade, a começar pelas
calçadas: o primeiro elo em toda e qualquer estrutura dos
deslocamentos. Somente na Região Metropolitana, 23% das
pessoas se deslocam a pé. Durante nove edições do Fórum
DesafiosparaoTrânsitodoAmanhã,promovidopelosDiários
Associados, ouvimos 28especialistas sobre os temas ligados
diretamente ao trânsito. Na última edição do fórum, trouxe-
mosascontribuiçõesapresentadaspelosparticipaticipar ntes.Mesmo
comoaumentoda frotapodemosdescobriroutras formasde
encarar os deslocamentos, seja no transporte público (de
qualidade), debicicleta (comciclovias), oudecarona.Equem
sabeassim,passea sernormal tirar o carrodagaragemapae-
nasparaospasseios. Iniciemos, então, o caminhoque levará
às necessárias mudanças no nosso trânsito!
PEDRPEDROM/DPOM/DP
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 18 de dezembro de 2011especial
OOs 10 p0 passos para mudar o trânsito não se encerram neles mesmos. O que é prioridade hojeO que é prioridade hoje, pode não ser amanhã.Queremos calçadas, ciclovias, transporte público de qualidade, respeito às normas de trânsito. Depois disso, novasprioridades vão surgir. As mudanças são conceituais e dependem de nossas atitudes enquanto cidadãos.Temos a chance de viver uma outra cidade menos caótica e individualista. Não é pouco.
Outras formasdevicenciar a cidade
Mobilidadenãomotorizada
Segurança nas calçadasO primeiro passo da mobilidade é o caminhar a pé. Somente na Região Metropolitana do Recife, mais de
800 mil pessoas se deslocam a pé. A única infraestrutura necessária para isto são as calçadas. No entanto,a maioria delas não oferece as condições adequadas, seja pela ocupação indevida, falta de manutenção oudimensões inferiores ao que determina a legislação. Em alguns casos, as calçadas nem mesmo existem. Deacordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a largura mínima de um passeio público éde 1,20 metro. E é o mínimo que vem sendo adotado pela maioria dos municípios. No Recife, a legislaçãomunicipal determina para as novas obras largura mínima de 1,50 metro. A lei repassa para os donos dosimóveis a responsabilidade dos passeios. A sugestão do fórum é que o poder público cuide e padronize ascalçadas e os proprietários façam a manutenção. As prioridades são para os acessos aos corredores detráfego, terminais de integração, unidades de saúde e escolas.
Velocidade semmotorQuanto menos pessoas usarem carro, melhor. Então, comece a mirar com outros olhosquando vir um ciclista na via. É um carro a menos disputando espaço. A convivência de
ciclistas e motoristas no trânsito, no entanto, é desigual. O carro não quer perder o espa-ço que foi feito para ele e o ciclista busca por um espaço que ainda não tem. Os 20 quilô-
metros de ciclovias existentes na capital pernambucana não são o bastante para conectara cidade e o ciclista e ele acaba sendo obrigado a se aventurar pelo trânsito. O plano de
mobilidade do Recife pretende ampliar as ciclovias para 420km em duas décadas. Enquan-to isso não acontece, campanhas de conscientização, recuperação e instalação de ciclo-vias principalmente na Zona Norte (onde há uma vocação para o uso do equipamento) e
ainda uma melhoria da sinalização nas vias com indicativos de preferências para o ciclista.Outra aposta é incentivar espaços para bicicletários e aluguéis de bicicletas como já exis-
tem em outros países. Ciclovias cheias significam menos carros nas ruas.
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Há pelo menos três pressupostos para a redução do uso do automóvel: a melhoria dotransporte público, das opções não motorizadas e, por fim, dificultar a presença docarro nos centros urbanos. Se não há estacionamento, em tese, não há como ir de car-ro. Na prática não é assim. Os motoristas usam as vias públicas para estacionar os veí-culos com ou sem permissão. A proposta trazida para o fórum pelo engenheiro e con-sultor Germano Travassos é que os espaços públicos só poderão permitir estaciona-mentos de autos privados se: a) Forem antes assegurados passeios com larguras ade-quadas para pedestres; b) Forem preservados espaços seguros (segregados ou não)para o uso das bicicletas; c) Forem asseguradas as necessárias prioridades para otransporte público e a localização adequada das paradas dos ônibus; d) Se o uso davia para estacionamentos não criar restrições à fluidez da circulação. O fórum defendeque sejam reduzidas as ofertas de estacionamentos públicos e estimulada a criação deestacionamentos privativos, sem a concorrência da rua. Sugere ainda a oferta de linhascirculares interligadas aos estacionamentos e a criação de espaços para bicicletários.
Todo planejamento requer a disponibilidade de informações atuais e confiáveis. A última pesquisa domiciliar deorigem e destino na Região Metropolitana do Recife foi no primeiro semestre de 1997. O padrão de deslocamen-to, passados quase 15 anos, não é mais o mesmo. Na época em que a pesquisa foi feita, não havia os centros decompras existentes hoje, que são geradores de tráfego. Os professores Maurício Pina, César Cavalcanti e Oswal-do Lima Neto trouxeram, entre outras sugestões, uma nova pesquisa de origem e destino. "Significativas altera-ções nos hábitos de mobilidade da população metropolitana ocorreram nesse período. É necessário um estudo
de transporte e tráfego de pessoas e cargas na RMR", afirmou César Cavalcanti. Para se ter uma ideia da impor-tância da pesquisa, o último Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) teve como base a pesquisa de 1997, que
sofreu adaptação para o estudo.
Estacionamentomaisdifícil2
Estudode transporte3
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IntegraçãoépalavradeordemA prioridade ao transporte público é o principal dis-
curso quando se defende a melhoria do trânsito e damobilidade urbana. Mas os investimentos, nos últimos20 anos, caminharam na contramão ao priorizar otransporte individual. Conquistar o público que migroupara o carro ou para a moto é um desafio que vai alémda estrutura que hoje é oferecida. Apostar no trans-porte público de qualidade, independente do modal, écriar mecanismos de acessibilidade, regularidade econforto, que ainda não existem. Ometrô é o trans-porte de massa estruturador,mas dispõe apenas de39,5 km de linha. Os ônibus são responsáveis pelotransporte de mais de 60% da demanda depassageiros da Região Metropolitana do Recife. Omodal escolhido para os futuros corredores de tráfegoé o BRT, sigla em inglês para Transporte Rápido porÔnibus. Além da escolha domodal, outras açõesagregadoras são necessárias para tornar o transportepúblico atraente. "O importante é dispor de um sistemaintegrado multimodalmente, para quem as pessoasandem a pé, de bicicletas, de carro, de transportepúblico, todos integrados, e pagando uma única tarifapara atenderem as necessidades de deslocamentos",afirma Oswaldo Lima Neto, engenheiro, professor edoutor da Universidade Federal de Pernambuco.
Por melhor que seja um corredorde tráfego, ele terá sua capacidadeoperacional comprometida se nãohouver uma operação sistemáticada manutenção. Vias esburacadassignificam ônibus mais lentos, atrasonas viagens, desconforto para osusuários e aumento do desgaste doveículo. O fórum defende uma políticade manutenção dos corredoresviários, incluindo a sinalizaçãohorizontal e vertical. Sem a sinalizaçãoadequada, o trânsito fica confuso enas vias onde não há corredoresexclusivos de ônibus, os transtornossão ainda maiores.
RetaguardadeequipamentosQualquer cidade com uma frota elevada de veículos necessita de
uma boa operação de tráfego. No caso da capital pernambucana,a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), fundadaem 2003, não dispõe ainda da infraestrutura necessária paragerenciar um tráfego de ummilhão de veículos.A companhiapretende chegar aos 600 agentes de trânsito,mas precisamelhorar também a infraestrutura interna e ampliar o quadrotécnico. O fórum defende a instalação demais equipamentoseletrônicos redutores de velocidade. Hoje são 45 equipamentospara uma cidade com 13mil vias. Também defendemais câmeraspara potencializar o trabalho dos agentes.Atualmente 26 câmerastransmitem imagens, em tempo real,mas não conseguem traduziro trânsito fora da área demonitoramento. NaAvenida BoaViagem,por exemplo, as câmeras estão localizadas no Pina. Osequipamentos poderiam flagrar os veículos que estacionam deforma irregular na 3ª faixa,mas não há "olhos" para o flagrante. Ofórum defende ainda a descentralização domonitoramento empelomenosmais duas unidades nas zonas Norte e Sul. Identificaro que não está funcionando, seja por uma operação de carga edescarga, veículo quebrado ou um buraco qualquer. Isso é umaoperação de tráfego presente e eficiente.
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Infraestruturadosistema
É preciso garantir
Regularidade nos horários desaída e chegada dos coletivos
Acessibilidade plena aosterminais integrados
Melhoria das calçadas em umraio mínimo de 500metros dosterminais
Linhas circulares
Sinalização para indicar oacesso aos terminais esinalização para os deficientesfísicos
Sistema de manutenção doscorredores de tráfego
Bicicletário em todos osterminais
Opção de estacionamento paraquem preferir deixar o carronos terminais
Paradas de ônibus comacessibilidade não apenas noscorredores, mas nos bairros poronde circulam as linhas
Linhas exclusivas para osônibus, além dos principaiscorredores de tráfego
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UmaquestãodeeducaçãoSómesmo a boa convivência pode tornar suportável a guerra que tem se transformado o trânsito.Além
das campanhas temáticas realizadas pelos órgãos de trânsito, o fórumdefende que o trânsito seja incluídona educação transversal e passe a fazer parte da rotina das escolas.Mas para isso é necessário que asinstituições, a comunidade e a sociedade em geral cobrem das escolas ummaior comprometimento. PelaLei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), as escolas não são obrigadas a trabalhar atemática,mas o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estimula os órgãos a fazer essa ponte com asunidades educacionais, inclusive com a distribuição dematerial e técnicos para capacitar os professores.
Tolerânciazero
Sinal vermelhoparaasmotos
A disseminação do veículo de duasrodas trouxe preocupações. Em duasdécadas, o aumento da frota passoude 33 mil para 730 mil, um aumentode mais de 2000% . Uma dasconsequências é o “inchamento”das vias; a outra, mais grave, sãoas vítimas dos acidentes. O fórumdefende a melhoria do transportepúblico para atrair de volta osusuários que optaram pela motoporque o transporte público nãoestava conseguindo satisfazer asnecessidades de deslocamentos etambémmais rigor na formação doscondutores. Hoje com apenas cincoaulas, uma pessoa que nunca teveexperiência com moto consegue sehabilitar no teste do Detran.
AtençãoàsnovasdemandasConjugar o planejamento urbanístico da
Região Metropolitana do Recife com suasdemandas por mobilidade. O fórum sugere ade-quar a rede viária básica de forma a permitir queas ligações sejam condizentes com os fluxos detrânsito, a exemplo da 3ª perimetral,navegabilidade dos rios e arco metropolitano.E ainda proporcionar infraestrutura adequadapara as novas demandas habitacionaisresultantes da implantação de grandesprojetos estruturadores do tipo refinaria,fábrica de automóveis, estaleiro eindustrias em geral para evitar oprocesso de favelização noentorno dos mesmos.
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O trânsito mata mais de 40mil pessoas por ano no Brasile, apesar dos avanços nalegislação, ainda é grande asensação de impunidade.Muitas das mortes sãoenquadradas como homicídioculposo, sem a intençãode matar. O fórum defendetolerância zero para motoristasalcoolizados. Aumentar apresença da fiscalização deagentes, guinchos e maislombadas eletrônicas. Tambémdefende que os municípiosimplantem a municipalizaçãodos trânsito. Apenas 26cidades já implantaram amunicipalização e somente10 funcionam efetivamente.