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Definições de museus
Internacional Council of Museums (ICOM) – 1956
Museu é um estabelecimento de caráter permanente,
administrado para interesse geral, com a finalidade de
conservar, estudar, valorizar de diversas maneiras,
conjunto de elementos de valor cultural: coleções de
objetos artísticos, históricos, científicos e técnicos, jardins
botânicos e zoológicos, aquários.
Definições de museus
Versão aprovada pela 20ª Assembléia Geral do ICOM.
(Barcelona, Espanha - 6 de julho de 2001)
Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da
sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e
que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os
testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para
educação e deleite.
Departamento de Museus e Centros Culturais – 2004
O museu é uma instituição com personalidade jurídica própria ou
vinculada a outra instituição com personalidade jurídica, aberta
ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento e
que apresenta as seguintes características:
• O trabalho permanente com o patrimônio cultural, em suas
diversas manifestações:
• A presença de acervos e exposições colocados a serviço da
sociedade com o objetivo de propiciar a ampliação do campo de
possibilidades de construção identitária, a percepção crítica da
realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de
lazer;
• A utilização do patrimônio cultural como recurso educacional,
turístico e de inclusão social
Definições de museus
Estatuto dos Museus (Lei 11.904/2008)
Consideram-se museus, para os efeitos desta
Lei, as instituições sem fins lucrativos que
conservam, investigam, comunicam, interpretam
e expõem, para fins de preservação, estudo,
pesquisa, educação, contemplação e turismo,
conjuntos e coleções de valor histórico, artístico,
científico, técnico ou de qualquer outra natureza
cultural, abertas ao público, a serviço da
sociedade e de seu desenvolvimento.
São princípios fundamentais dos museus:
I – a valorização da dignidade humana;
II – a promoção da cidadania;
III – o cumprimento da função social;
IV – a valorização e preservação do patrimônio
cultural e ambiental;
V – a universalidade do acesso, o respeito e a
valorização à diversidade cultural;
VI – o intercâmbio institucional.
Museu e as metáforas espaciais
GABINETE
CÂMARA
PALÁCIO
TEMPLO
FÓRUM
ARMAZÉM
ciberespaço
cofre
caixa
armário
território
“(...) temos que admitir mudanças profundas na forma
de atuação de cada museu. Mudanças tão profundas
quanto as mudanças da própria sociedade e que exigem
naturalmente novas propostas museológicas, novos perfis
dos animadores desses processos, pois lidar com pessoas
é bem mais complexo do que lidar com coleções. Expor e
defender idéias é bem mais difícil do que expor
objetos.”
(Mário Moutinho)
Processos museológicos
Processos museológicos
“O Museu atual entende-se como um processo
orientado ao reconhecimento da diversidade cultural, à
inclusão social, à construção de cidadania e à
valorização dos bens imateriais vinculados aos
materiais.”
Declaração de Buenos Aires – 19/09/2005
Jornada “Os museus e a política do MERCOSUL”
Processos museológicos:
• Ampliação do conceito de patrimônio;
• Ampliação dos bens culturais a serem preservados;
• Aplicação do processo museológico, a partir da relação:
Homem / Patrimônio Cultural;
• Socialização da função de preservação;
•Desenvolvimento das ações museológicas, considerando
como ponto de partida a prática social e não somente as
coleções;
• Criação de novas categorias de museus e aplicação de
diferentes processos museais;
• Revisão dos métodos a serem aplicados nas ações de
pesquisa, preservação e comunicação;
• Ação de comunicação dos técnicos e dos grupos
sociais, objetivando o entendimento, a transformação e
o desenvolvimento social;
• Incentivo à apropriação e re-apropriação do
patrimônio cultural, para que a identidade seja vivida
na pluralidade e na ruptura.
Processos museológicos - aspectos a serem considerados
“uma sociedade destituída de cidadania em sentido pleno,
se por esta palavra entendermos a formação, a informação
e a participação múltiplas na construção da cultura, da
política, de um espaço e um tempo coletivos. [...]
Fazer com que nossa produção incida sobre a questão da
cidadania implica fazer passar a história e a política de
preservação e construção do passado pelo crivo de sua
significação coletiva plural. [...]
A construção de um outro horizonte historiográfico se apóia
na possibilidade de recriar a memória dos que perderam
não só o poder, mas também a visibilidade de suas ações,
resistências e projetos.”
FONTE: PAOLI, Maria Célia. “Memória, história e cidadania: o direito ao passado”. In: CUNHA,
Maria Clementina Pereria (org.). O direito à memória. Patrimônio histórico e cidadania. São
Paulo, DPH, 1991.
O Museu da Maré, fundado no dia oito de maio de 2006, surgiu
a partir do desejo dos moradores de terem o seu lugar de
memória, um lugar de imersão no passado e de olhar para o
futuro, na reflexão sobre as referências dessa comunidade,
das suas condições e identidades, de sua diversidade cultural
e territorial.
c
O Museu da Maré tem como principal
público os alunos das escolas da rede
oficial de ensino localizadas na Maré.
São atendidos tanto os alunos do
ensino fundamental – de 7 a 14 anos,
quanto os alunos do Ensino Médio –
entre 15 e 18 anos.
O Museu da Maré se constitui num
conjunto de ações voltadas para o
registro, preservação e divulgação
da história das comunidades da
Maré, em seus diversos aspectos,
sejam eles culturais, sociais e
econômicos.
A Maré localiza-se na orla ocidental da Baía de Guanabara, numa região constituída quase toda por aterros. Se estende por vários bairros, iniciando-se próximo ao Caju, seguindo por Manguinhos, Bonsucesso, Ramos e Penha, sempre entre a Baía de Guanabara e a Av. Brasil.
Acervo Fotográfico – Maré antes da ocupação - 1928
Imagens do Acervo do Museu
Palafitas sobre a Baía de Guanabara (Maré)
A Maré em 3 fases:
Transformações da Baía de Guanabara
Com 150 mil habitantes, o bairro mais parece uma colcha de
retalhos, tecida por comunidades com histórias e características
distintas de ocupação. Suas 15 comunidades estão distribuídas em
pouco mais de 800 mil m2 e formam o chamado Complexo da Maré
1940 - Morro do Timbau
1947 - Baixa do Sapateiro
1948 – Marcílio Dias
1953 - Parque Maré
1955 - Parque Roquete Pinto
1961 - Parque Rubens Vaz
1961 - Parque União
1962 - Nova Holanda
1962 - Praia de Ramos
1982 –Conjunto Esperança
1982 - Vila do João
1989 - Vila do Pinheiro
1989 –Conjunto Pinheiro
1992 - Bento Ribeiro Dantas
1996 - Nova Maré
Exposição no Castelinho do Flamengo - 2004
Exposição no Museu da República - 2005
Exposição no TCE de Niterói - 2006
Inauguração do Museu
O Museu da Maré foi
inaugurado no dia 08 de
maio de 2006, com a
presença do Ministro da
Cultura Gilberto Gil.
O museu, assim chamado de
forma provocativa em
contraposição à idéia dos
museus monumentais, adota
o tempo cíclico e temático
como referência:
a água, a feira, a casa, o
medo, a fé, são algumas das
formas de contagem desse
tempo no qual o passado, o
presente e o futuro se
encontram.
Ao todo são doze tempos,
ressignificando o tempo
cronológico que tem nesse
número uma especial
referência, pois são doze as
horas do relógio e os meses
do ano.
O eixo central da exposição é a casa, razão de ser da luta que
fez surgir a Maré. Os objetos, ainda poucos, se pretende
integrar na medida em que os próprios moradores forem
definindo o que é importante para ser exposto. O forte da
exposição é o farto material fotográfico e a alma, que de forma
inexplicável, se sente presente nesse museu.
Exposição de longa duração – Tempo da casa
Exposição de longa duração – Tempo da casa
Exposição de longa duração – Interior da palafita
Exposição de longa duração – Tempo da água
Exposição de longa duração – Tempo da água
Exposição de longa duração – Tempo da criança
Exposição de longa duração – Tempo do cotidiano
Exposição de longa duração – Tempo do futuro
Exposição de longa duração – Tempo da fé
Me diga: quem vai visitar esse museu, logo na Maré, tão dividida por
facções? Comentário de Te — 9/05/2006
Esse negócio de glamourizar favelas em vez de promover a sua
extinção via remoções ou reurbanização levou o Rio à situação que se
vê hoje. Comentário de The Talking Cricket — 9/05/2006
A moda da glamourizacao se apoderou desse pais, elevam qualquer
coisa a categoria de arte ou de cultura.
ignorancia eh glamourizada, pobreza eh glamourizada, favelas eh
glamourizada, falta de estudo eh glamourizado, estilo de vida do trafico
eh glamourizado.
com eh mais facil arranjar conotacoes culturias pra todas essas
mazelas do que realmente tentar elimina-las, os politicos ficam com a
primeira opcao… Comentário de abstrato — 9/05/2006
Que lembranças terríveis são essas q as pessoas querem tanto guardar
na memória. Morar em palafitas, sem rede de esgoto e inúmeras
dificuldades enfrentadas. Sem contar o q já foi dito anteriormente. Com
a insegurança predominante nas favelas, quem irá visitar esse museu?
Comentário de isaias — 10/05/2006
O fulgurante, dançante e faturante ministro Gilberto Gil inaugurou no Rio o Museu da Maré, na favela da Maré.
O governo cai no mesmo erro do remorso das elites alienadas.
Só vão à favela para fazerem gracinha e enganação: exibição de filmes, cursos de balé, campeonatos de música, shows.
O que as favelas precisam é que os governos e a sociedade lhes dêem o que dão aos bairros dos ricos: esgoto e emprego, urbanização e trabalho.
Museu eles já têm de sobra. Museu de favela é cemitério.
Sebastião Nery
Além de contar a história,
valorizar a cultura local e suas
múltiplas formas de identidade
e propor uma reflexão que
perpassa a idéia do tempo, o
museu é um lugar onde as
pessoas se encontram, e talvez
por isso a experiência de visitá-
lo se converta em emoção
• O museu está lindo só tenho uma ressalva a fazer, o primeiro morador da Maré é seu Otávio da Capivari, e o 1º bloco de carnaval é o Bloco dos Tamanqueiros que depois se transformou no Cacique de Ramos.
• O conteúdo do museu está bom, mas poderia ser melhor, porque tem fotos de algumas igrejas e não tem as fotos da igreja dos navegantes e nem da São José Operário (no Pinheiro), pois são igrejas muito antigas e também fazem parte da história da Maré. E não tem nenhum comentário sobre o Conjunto Esperança deveria ter mais fotos sobre o Conjunto e claro a minha foto também, afinal estou aqui desde que nasci e também faço parte da história da Maré.
• Gostaria que vocês colocassem uma bandeira do G.R.B.C. Corações Unidos de Bonsucesso, que trocassem ou adicionassem a bandeira do Mataram meu gato pois pra história ele é mais importante que a Escola de Samba, que colocassem o nome do mestre Nilo no tempo da cultura (bumba meu boi) a família dele mora na rua Capivari ele era responsável pelo ARRAIÁ DO BICO MUDO, e que incluissem na maketi do Tempo do Futuro a Lona Cultural. Pois é um espaço muito importante para a cultura na maré.
• Acrescentar o CIEP Ministro Gustavo Capanema na maquete do bairro. Acrescentar fotos da Dona Maria Rezadeira (Nova Holanda) no museu. Acrescentar um pouco da história das pessoas que aparecem nas fotos. Porque só roupas brancas? Tudo de bom, este museu!!!
Percentual de visitantes por faixa etária
0 5 10 15 20 25 30
0-5 anos 6-11 anos
12-17 anos 18-24 anos 25-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos 61-70 anos 71-80 anos81-90 anos acima de 90
não declarado
Série1
Percentual de visitantes por comunidade
0,31,6
0,5
13,8
0,9
4,3
0,9
19,6
15
0,3 0,90,90,41,1
17,4
22,2
0
5
10
15
20
25
Timbau
Bai
xa do
Sap
ateiro
Mar
cílio
Dia
s
Par
que
Mar
é
Roquett
e Pin
to
Rubens
Vaz
Par
que
Uniã
o
Pra
ia d
e Ram
os
Nova
Hola
nda
Conju
nto E
sper
ança
Vila
do J
oão
Conju
nto P
inhei
ros
Vila
dos P
inheir
os
Ben
to R
ibei
ro D
antas
Nova
Maré
Novo
Pin
heiro
Percentual de visitantes por procedência
60,2
0,7
8,3
1,3
1,2
0,4
0,9
1,8
1,65
1,1
6,6
0
10
20
30
40
50
60
70da Maré
outras favelas
Zona Norte
Zona Sul
Zona Oeste
Centro
Baixada Fluminense
Niterói
Estados
Países
Não declarados
ALGUNS DEPOIMENTOS DE VISITANTES
• “Gostei muito. Foi como se eu tivesse voltado no tempo e visto quanto éramos felizes apesar da pobreza e miséria, mas podíamos brincar sem medo da violência, só das assombrações que imaginávamos ter. Saudades do meu pai que ajudou a fazer vários barracos desses. Cristina nascida e criada na Maré e com orgulho ter uma história para contar para filhos e netos.”
• “Me transportei ao meu passado, quando era criança. Parabéns pelo belo trabalho. Procurando demonstrar a realidade vivida aqui por muitas famílias, me sinto orgulhoso de fazer parte desta história e de poder ajudar de alguma forma mudar esta realidade.”
• Achei muito interessante, é legal, porém hoje... Trarei meu filho para poder mostrar para ele essa história da maré, a qual eu faço parte.
• Adorei, vi coisas que nem sabia sobre minha comunidade, at[e a rua que moro com palafitas... Muito gratificante, espero que este espaço se amplie ainda mais para termos mais novidades sobre a Maré. Adorei a parte que falou sobre o mateus, porque ele foi meu vizinho. (Cíntia campor (Baixa)
• Vivi parte da minha infância na Maré (em palafitas), foi bom recordar, trarei meus filhos para ver)
• “Eu gostei muito, achei muito importante relembrar nossa história de infância. Éramos felizes e sabíamos que éramos felizes. As brincadeiras que as crianças inventavam... Nossa era muito bom! O que é natural, a primeira vez que vim, chrei muito. Esta é a segunda vez. Felicidades.
• Simplesmente maravilhosa! Nem todos precisam acreditar em nossos sonhos, mas se um terço acreditar, somos vencedores. Pois isso acontece hoje, agora esta linda exposição de nossa realidade!
• “Eu morei nas palafitas, hoje moro no Pinheiro, tenho 31 anos, já levei tiro, já fui agredido fisicamente mentalmente. Mas essa visita faz vc notar a evolução de um povo que não tinha nenhuma chance, um povo que luta, que sofre e que com certeza vence a cada dia que passa. Falo isso como um vencedor que tem muito que fazer para continuar na luta!”
• Hoje foi a 1ª vez que visitei o museu: estava passando e resolvi entrar. Foi uma das melhores experiências que tive nos últimos anos. Incrível, não!!! É bom saber que temos história, cultura, tradição, etc... Não somos números ou censo de pobreza; somos gente. Que bom que há quem saiba disso e nos faça lembrar porque as vezes esquecemos. Obrigado
Com a criação do museu, há um movimento de
valorização da experiência vivida. O sentimento
de pertencimento e orgulho, desperta o desejo
de transformação da realidade. É por isso que o
Museu da Maré se propõe a não limitar-se a uma
exposição, o objetivo é atingir a vida das
pessoas e chamá-las a participar da construção
dessa história. Se elas fazem parte do que vêem
e se o que vêem é um momento de um processo
contínuo, que elas se sintam convocadas a
permanecer como agentes nesse processo, que
é o processo de construção da própria vida.
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