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De 1871 em diante
: - as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense
(continuação);
- o impacte político das Conferências;
- a alteração do modelo governamental.
As Conferências Democráticas do Casino Lisbonense e o seu impacte na esfera política
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“(…) Deliberámos (…) acordar tudo aquilo a berros.”
In prólogo de “O Mistério da
Estrada de Sintra” – Eça de Queirós e Ramalho Ortigão
O Mistério da Estrada de Sintra foi publicado inicialmente em
folhetins, no Diário de Notícias, entre 24 de Julho e 27 de Setembro de 1870, e veio a receber a primeira versão em livro em 1884. É nessa altura
que recebe o mencionado Prólogo.
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“Há catorze anos, numa noite de Verão, no Passeio Público, em frente de duas chávenas de café, penetrados pela tristeza da grande cidade que em torno de nós cabeceava de sono ao som de um soluçante pot-pourri dos Dois Foscaris, deliberámos reagir sobre nós mesmos e acordar tudo aquilo a berros, num romance tremendo, buzinado à Baixa das alturas do Diário de Notícias.”
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão – in Prólogo de “O Mistério da Estrada de Sintra”, quando da publicação em livro, em 1884..
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Organização das Conferências do Casino
Promotor das Conferências
Data do início do ciclo de
conferências
Local da realização
• Grupo “O Cenáculo”
• 22 de Maio de 1871
• Casino Lisbonense
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Casino Lisbonense – Largo da Abegoaria (actual Largo Rafael Bordalo Pinheiro) nº 10
Edifício do Casino
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Objectivos da realização das Conferências
Sacudir o marasmo
intelectual do País
Debater as causas
desse marasmo
Apontar caminhos alternativ
os
Integrar Portugal
no pensamen
to europeu
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Porquê estes objectivos das Conferências?
“ Não pode viver e desenvolver-se um povo isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo“. “A ciência deve ser a única base da crença e a democracia o único fundamento do poder.”
Manifesto de 18 de Maio de 1871, publicado na imprensa, dando a conhecer a realização das Conferências e seus objectivos
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Com que espírito terão de realizar-se as Conferências para que os seus objectivos se concretizem?
Carta de Antero de Quental a Teófilo Braga
“Temos resolvido, eu e alguns rapazes, novos e independentes (…) abrir em Lisboa uma sala de conferências livres, livres em todo o sentido da palavra (…) aberta a toda a gente, e de todas as condições, onde se trate das grandes questões contemporâneas, religiosas, políticas, literárias e científicas, num espírito de franqueza, coragem, positivismo, numa palavra, com radicalismo.” (…)
“Temos um programa , mas não uma doutrina. (…) Liga-nos um comum espirito de racionalismo, de humanização positiva das questões (…) mas de nenhum modo impomos uns aos outros opiniões.” (…)
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Em conclusão …… pretende-se
promover a integração do país nos movimentos
intelectuais europeus da época
…
… questão fundamental para
a própria sobrevivência
nacional …
… devendo presidir aos debates um espírito de plena liberdade, sem
imposições doutrinárias
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Antero de
Quental
Augusto Soromenh
o
Eça de Queirós
Adolfo Coelho
Salomão Saragga
Batalha Reis
OS CONFERENCISTAS
DO CASINO LISBONENSE
A GERAÇÃO DE 70
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O ciclo das conferências
Antero de Quental• Sessão inaugural , a 22 de Maio – Objectivos das
Conferências• Conferência de 27 de Maio – “Causas da
Decadência dos Povos Peninsulares “
Augusto Soromenho• Conferência de 5 de Junho – “A Literatura
Portuguesa”
Eça de Queirós• Conferência de 12 de Junho – “A Nova Literatura
ou o Realismo como Expressão da Arte”
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Conteúdo do discurso de Antero na sessão de abertura, justificando o ciclo de conferências
Portugal não acompanhou o
desenvolvimento europeu - material e
intelectual - e está desfasado em relação ao
mundo industrializado.
Grande percentagem
dos portugueses
são ignorantes e, por isso
mesmo, indiferentes às
grandes problemáticas da época e às
grandes propostas de progresso.
A sociedade portuguesa necessita, antes de mais, de:• Fazer uma
renovação intelectual;
• Envolver nela ” todas as almas de boa vontade”
• As Conferências são um primeiro passo neste sentido.
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Como conseguir essa “renovação intelectual” que as Conferências pretendem incentivar?
É fundamental …
… importar novas tendências e teorias do pensamento europeu, com particular destaque para …
… reformar o ensino no sentido de garantir o debate e a
compreensão das novas
ideias e abrir
caminho à modernizaçã
o.
O Positivism
o de Comte
O Naturalis
mo francêsO
Socialismo de
Proudhon
O Cientismo alemão
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Conclusões gerais da conferência
Há atraso português em
relação à Europa
industrializada …
... resultante da escassa formação
cultural da população.
Fundamental promover o
desenvolvimento cultural do país para …
…importar as novas
correntes do pensamento
europeu, bases do progresso…
21%
79%
População adulta em 1878
Alfabetizada Analfabeta
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Conteúdo da Conferência de Antero “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”
É preciso opor-lhe a liberdade de
pensamento e uma abertura à Filosofia e à Ciência, caminho para o progresso.
É preciso desenvolver as liberdades municipais,
descentralizar e chegar mesmo ao
federalismo.
É preciso estimular o desenvolvimento
destes grupos sociais e valorizar a iniciativa privada.
As causas da decadência dos dois países ibéricos residem, na óptica de Antero …
… no Catolicismo pós tridentino,
que impõe o obscurantismo ao
pensamento.
… no centralismo político das monarquias
absolutas, que se mantiveram até
tarde e aniquilaram as
liberdades locais e individuais.
… no expansionismo
ultramarino, que impediu o
desenvolvimento da classe média e
da pequena burguesia.
“O Cristianismo foi a Revolução do mundo antigo; a Revolução
não é mais que o Cristianismo do mundo moderno”
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O ciclo das conferências
Adolfo Coelho• Conferência de 19 de Junho – “A Questão do
Ensino” – propõe completa separação entre o Estado e a Igreja.
Conferências Seguintes • “Os Historiadores Críticos de Jesus” – por
Salomão Saragga • “A República” – por Antero de Quental
Conferências Seguintes• “O socialismo” – por Batalha Reis• “A Instrução Primária” – por Adolfo CoelhoNão se realizaram devido a proibição do
Governo
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Como justifica o Governo a proibição das Conferências?
Nelas (as conferências) (…) “se procuram sustentar doutrinas e proposições que atacam a religião, as instituições políticas do Estado (…) e se ofendem clara e directamente as leis do Reino e o Código fundamental da Monarquia”
Portaria proibindo a continuação da realização das Conferências
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Reacções à proibição governamental?
Dos promotores
das Conferências
Dos jornais da
oposição
De Alexandre Herculano
Debates na Câmara
dos Deputados
Acusam o governo de
violar princípios
fundamentais do
pensamento liberal
Liberdade de
pensamento
Liberdade de palavra
Liberdade de reunião
Segurança individual
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Setembro de 1871 - epílogo da situação
…atacado por atentar contra
liberdades fundamentais, tal como as liberdades de reunião e de expressão…
… minado pela
incapacidade de encontrar
soluções para as
dificuldades financeiras e económicas
do País…
… fragilizado
por dissensões internas…
… apresenta
a demissão a 11 de
Setembro de 1871.
Cabe ao rei, no uso do Poder Moderador,
nomear o novo governo
O governo do Marquês de
Ávila …
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Que opções pode o rei fazer na nomeação do novo governo?
Manter a opção pelos pequenos
grupos políticos
Havia politólogos defensores desta
orientação
Em Portugal não se revelara eficaz para resolver as dificuldades do
país
Optar por entregar o Governo a
grandes partidos
Fora o modelo adoptado entre 1851 e 1867.
Era o modelo seguido na
Inglaterra e na Bélgica.
Será esta a opção
de D. Luís.
A 13 de Setembro chamará
para constituir
governo, o P. Regenerador, dirigido por
Fontes Pereira de
Melo