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1 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP COMUNIDADES RELIGIOSAS NA INTERNET: O CASO DA CHÁCARA PRIMAVERA DANIEL LADEIRA DE ARAÚJO São Paulo 2008

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UNIVERSIDADE P AULIST A – UNIP

COMUNIDADES RELIGIOSAS NA INTERNET: O CASO DA CHÁCARA

PRIMAVERA

DANIEL LADEIRA DE ARAÚJO

São Paulo 2008

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UNIVERSIDADE P AULIST A – UNIP

COMUNIDADES RELIGIOSAS NA INTERNET: O CASO DA CHÁCARA PRIMAVERA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Comunicação – UNIP para obtenção do título de mestre em Comunicação.

DANIEL LADEIRA DE ARAÚJO

São Paulo 2008

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DANIEL L ADEIRA DE AR AÚJO

COMUNIDADES RELIGIOSAS NA INTERNET: O CASO DA CHÁCARA PRIMAVERA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Comunicação – UNIP para obtenção do título de mestre em Comunicação, sob orientação da Professora Dra. Carla Longhi.

São Paulo 2008

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Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer ao Deus vivo, para Ele toda honra, glória e

louvor.

Agradeço à Professora Dra. Carla Longhi, pela paciência, apoio e cuidado

para com essa pesquisa.

Agradeço ao Professor Jéthero Cardoso, do Centro Universitário Belas Artes

de São Paulo, pelo apoio e oportunidade ao estágio.

Agradeço também toda equipe da Igreja Chácara Primavera, bem como o

Pastor Ricardo Agreste.

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Agradecimentos

Agradeço à PROSUP/CAPES pelo apoio financeiro em parte nesta pesquisa.

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Resumo

O presente trabalho busca debater como é o processo de construção de

identidades e comunidades a partir da internet. Esse trabalho lança luz sobre os

conceitos de um novo modelo tecnológico e cultura, a cibercultura, e nesse contexto

analisa comunidades religiosas na internet, mais especificamente o site da

Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera.

A Chácara Primavera é uma igreja sediada em Campinas, São Paulo, que

disponibiliza na internet, desde 2001, as mensagens pregadas localmente nos cultos

semanais. A partir deste conteúdo que pessoas do mundo inteiro passaram a

interagir com o site da igreja e com a comunidade local. Aspectos como o processo

de desencaixe do tempo e espaço, a configuração de novas comunidades, a perda

da liberdade e a busca por segurança são debatidos neste trabalho e, para tal, a

fundamentação teórica está alicerçada em autores como Bauman, Giddens,

Castells, Kall e Alberto Klein.

Palavra Chave = Comunicação; Mídia; Cibercultura; Identidade; Religião;

Evangélicos

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Abstract

This research tries to show us how is the construction process of identities and

communities beginning from the internet. It is about the concepts of a new

technologic and culture model, the “cyber culture”, and it analyses religious

communities on the internet, more specifically, the “Comunidade Presbiteriana

Chácara Primavera” web site.

Chácara Primavera is a church from Campinas, São Paulo, which availables

on internet, since 2001, the messages lectured on the weekly adoration. From this

content, people around the world started to interact with the church web site and the

local community. Some aspects like the time and space dislocation, the configuration

of new communities, the loss of freedom and the search of security are discussed in

this research. The bibliography is based on writers like Bauman, Giddens, Castells,

Kall and Alberto klein.

Keywords: Communication; Media; “Cyber culture”; Identity; Religion; Protestants.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I - A IGREJA PRESBITERIANA CHÁCARA PRIMAVERA 15

1.1 Breve Relato sobre a Igreja Evangélica no Brasil 21

1.2 Ideais Religiosos em um Mundo Mediado 26

1.3 Comunidade Prebisteriana Chácara Primavera: Uma Igreja inserida na

Cibercultura 31

CAPÍTULO II

2.1 35

2.2 Comunidades Tradicionais Encaixadas no Tempo e Espaço 36

2.3 Da Comunidade Tradicional à Comunidade Desencaixada 38

2.4 Configuração de Novas Comunidades e Identidades 41

2.5 Vida em Comunidade e a Perda da Liberdade 44

2.6 A Busca por Segurança como Miragem na Solidão 46

2.7 Religião como Casulo Protetor 48

CAPÍTULO III – COMUNIDADE PRESBITERIANA CHÁCARA PRIMAVERA:

UMA IGREJA INSERIDA NA PÓS-MODERNIDADE 51

3.1 Chácara Primavera uma Igreja Inserida no Modelo Tecnológico de Cultura 54

3.2 Chácara Primavera e a Configuração de Novas Comunidades 56

3.3 Chácara Primavera: A Busca por Segurança e as Limitações da Liberdade 62

CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

REFERÊNCIAS 68

ANEXOS 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Site da Igreja 16

Figura 2 – Temáticas em pequenos sub-temas 17

Figura 3 – Site 26

Figura 4 – Área Reservada para Depoimentos 56

Figura 5 – Fotos de Eventos 59

Figura 6 – Grupos de Estudo 59

Figura 7 – Apresentação de Eventos 60

Figura 8 – Apoio nas Crises 61

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 – Áreas mais Visitadas do site 16

Tabela 2 – Títulos das Mensagens 18

Tabela 3 - Países com maior número de protestantes 22

Quadro 1 – Número de Acessos 19

Quadro 2 – Países de Acesso 20

Quadro 3 – Número em porcentagem da População 23

Quadro 4 - Pesquisa realizada no site entre fevereiro e março de 2008 – 107

Entrevistados 51

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INTRODUÇÃO

Este trabalho procura entender como é o processo de construção de

identidades e comunidades a partir da internet. Com o advento de novas tecnologias

a sociedade contemporânea encontra-se inserida em uma avalanche de mudanças

com profundas implicações sociais, como disse Hall (2005), “as sociedades

modernas são sociedades de mudanças constantes, rápidas e permanentes”.

Falando sobre a internet como uma inovação tecnológica responsável por

inúmeras transformações sociais, o trabalho lança luz sobre um novo modelo de

cultura que se estende e se ramifica de maneira avassaladora, um modelo

tecnológico de cultura, ou em outras palavras, a cibercultura.

É nesse contexto que se pensou em analisar o site da Comunidade

Presbiteriana Chácara Primavera. Trata-se de uma igreja sediada em Campinas-SP,

que resolveu disponibilizar na internet as mensagens pregadas localmente nos

cultos semanais. A partir deste conteúdo on-line pessoas do mundo inteiro passaram

a interagir com a comunidade local mesmo sem o estar presencial.

O primeiro capítulo será visto com o objetivo evidenciar de imediato o objeto

de estudo de análise que o site da Chácara Primavera. Esse capítulo aborda um

breve histórico biográfico da igreja local, apresenta as diversas áreas e conteúdos

expostos no site e expõe dados quantitativos baseados em pesquisa disponibilizada

pelo provedor do site. Além disso, para situar melhor o leitor, esse capítulo aborda

um breve relato sobre a igreja evangélica no Brasil, propõe uma discussão sobre os

ideais religiosos em contraponto com um mundo mediado e debate sobre a relação

da cibercultura e a igreja Chácara Primavera.

A fundamentação teórica deste capítulo conta com autores como Alberto

Klein, e seus estudos sobre a mídia e religião, Eugênio Trivinho e Pierre Lévy em

seus estudos sobre a cibercultura. Além desses autores, para enriquecer a pesquisa

contou-se com os estudos de Valadão e Fonteles.

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No capítulo 2 será apresentada a fundamentação teórica deste trabalho e

para tal lançou-se luz sobre alguns aspectos como, as comunidades tradicionais

encaixadas no tempo e espaço, o processo de desencaixe do tempo e espaço, a

configuração de novas comunidades e identidades, a vida em comunidade, a perda

da liberdade e a busca por segurança.

Para debater tais aspectos contou-se como referenciais teóricos autores

como Hall, Giddens, Castell e Bauman.

O capítulo 3 busca analisar o objeto de estudo a partir da bagagem teórica

abordada nos capítulos anteriores. Tal análise contou com uma pesquisa com mais

de cem usuários do site da igreja, análise de diversos depoimentos publicados no

site e, além disso, a análise de mensagens que o site disponibiliza, essa análise

merece destaque especial sendo que para pesquisa de campo mais de 100

mensagens foram ouvidas na íntegra com o intuito de entender o objeto de estudo

em profundidade suficiente para o trabalho.

A bagagem teórica deste trabalho contou com o pensamento de outros

autores de diversas áreas da academia, tal fato contribui para uma compreensão e

discussão madura sobre o tema. Uma teia interligando idéias e conceitos foram

alimentadas para buscar entender com clareza o objeto de estudo em questão, a

Igreja Presbiteriana Chácara Primavera.

O interesse por esse tema nasceu quando o autor foi convidado para

participar de uma reunião organizada por empresários na cidade de São Paulo que

estavam estudando algumas mensagens que essa igreja de Campinas publicava no

site. A partir deste momento, buscou-se mais informações sobre a Chácara

Primavera e houve interesse pelo fato de uma igreja em outra cidade conseguir fazer

com que pessoas de um local diferente estivessem organizadas em grupo. Foi

nessa busca por mais informações sobre a Chácara Primavera que se descobriu em

seu site uma enorme bagagem de conteúdo e a presença de pessoas do mundo

inteiro interagindo com o site.

A escolha deste site para a realização desta pesquisa teve relevância, entre

outros aspectos, a maneira como o conteúdo está organizado, os depoimentos de

pessoas de diferentes localidades, publicados no site, e por ser uma igreja

tradicional o conteúdo das pregações apresenta aspectos diferentes da maioria das

igrejas evangélicas presentes da mídia brasileira, fato que se despertou interesse.

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A pesquisa de campo contou com a audição de inúmeras mensagens

disponíveis no site, pesquisa realizada pelo provedor do site, pesquisa realizada no

próprio site da igreja com mais de 100 usuários, além da análise das mais diversas

áreas do site e depoimentos publicados. Essas pesquisas foram de extrema

importância para tecer esse trabalho.

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CAPÍTULO I

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1. A Igreja Presbiteriana Chácara Primavera

A igreja presbiteriana Chácara Primavera foi fundada em Janeiro de 2001 e

ao longo de três anos, a partir de sua fundação, recebeu o apoio financeiro da

Fundação Grão de Mostarda e da Redeemer Presbyterian Church, ambas sediadas

nos Estados Unidos.

O primeiro encontro desta comunidade contou com a presença de 15 pessoas

e foi realizado na residência de um dos membros. Em 2004, já com sede própria,

essa comunidade já contava com aproximadamente 300 membros, já em 2007, além

de freqüentadores e visitantes, a igreja contou com aproximadamente 450 membros.

Segundo informação do pastor titular responsável por essa igreja, Ricardo Agreste1,

o princípio dessa comunidade é transmitir antigas verdades bíblicas de forma criativa

e contemporânea.

Desde 2001, as mensagens pregadas na igreja passaram a ser gravadas e

disponibilizadas na internet2, a partir daí, pessoas do mundo inteiro interagem com a

comunidade por meio de mensagens eletrônicas.

Além dos cultos gravados, o site da comunidade disponibiliza inúmeros

serviços. É possível ter acesso a todo conteúdo da bíblia em uma sessão chamada

de bíblia on-line, cursos, palestras e música de diversos artistas religiosos também

podem ser ouvidos pelo site. O site ainda disponibiliza diferentes serviços, como

dicas culturais, vagas de empregos em diferentes cidades, programação de grupos

de estudo na residência dos freqüentadores, pedidos de oração, entre outros. Todas

as áreas do site contêm envolvimento religioso.

1 Ricardo Agreste da Silva é formado em Teologia e Filosofia com Mestrado em Missiologia Urbana pelo Calvin Theological Seminary, Michigan, Estados Unidos. É pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera e coordenador do programa de pós graduação em Plantação e Revitalização de Igrejas no Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas, SP. É um dos fundadores do Projeto Timóteo e do Centro de Treinamento de Plantadores de Igrejas (CTPI). Casado e pai de três filhos. 2 O site da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera está na internet no seguinte endereço, desde sua fundação: www.chacaraprimavera.org.br.

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Figura 1 – Site da Igreja

Essa é a página inicial da igreja, em 15/04/2008, no canto esquerdo da página

é possível verificar as áreas disponíveis no site, como dito anteriormente. Em uma

pesquisa disponibilizada pelo provedor do site, realizada entre novembro de 2005

até outubro de 2006, verificou-se, entre os inúmeros serviços que o site disponibiliza,

quais são as áreas mais visitadas do site. São elas:

Tabela 1 – Áreas mais Visitadas do site

Área1 Série Mensagens 2006

2 Bíblia on line

3 Série Mensagens 2005

4 Dicas Culturais

5 Nossas Atividades

6 Palestra ao vivo

7 Série Mensagens Avulsas

Fonte: Disponível em: www.chacaraprimavera.org.br.

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As séries de mensagens em áudio ocupam o primeiro e terceiro lugar entre as

áreas mais acessadas pelo internauta. As mensagens publicadas normalmente

fazem parte de uma temática filosófica que é abordada durante algumas semanas

formando uma série de mensagens. Desta forma, a série debatida na semana é

aquela que recebe destaque na página inicial do site, no caso da imagem acima a

mensagem, Nova Vida em Cristo – O significado da obra de Jesus e suas

implicações para nossas vidas, recebe esse destaque no banner com conteúdo

imagético e uma mensagem no imperativo, Clique e Ouça!

A imagem abaixo mostra como o site organiza as temáticas em pequenos

sub-temas, identificando um sub-título, a data e o nome do palestrante. Em uma

pesquisa realizada com os usuários do site, que será visto no capítulo 3, mais de

33% dos internautas acessam o site com interesse por uma mensagem específica,

desta forma a maneira organizacional do site contribui para esse percentual.

Figura 2 – Temáticas em pequenos sub-temas

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A organização das mensagens por temáticas está relacionada com uma

intencionalidade da igreja em propagar seus ideais de maneira clara na cultura

contemporânea. O pastor Ricardo Agreste deixa isso claro em uma série de

mensagens publicadas no site em fevereiro de 2008, intitulada de Igreja? Tô Dentro!

Igreja? Tô Dentro! 17/02/08 – PR. Ricardo Agreste A igreja brasileira tem estado comprometida com a cultura daqueles a quem ela tem sido enviada? [...] A igreja do presente só pode ir ao encontro e entregar uma mensagem, de maneira que faça sentido na mente e nos corações das pessoas, se essa igreja entrar também na cultura e falar a linguagem que as pessoas entendem.

O site divulgou uma relação das 10 mensagens mais ouvidas entre as 155

mensagens disponíveis em áudio, entre novembro de 2005 até outubro de 2006.

Tabela 2 – Títulos das Mensagens

Título da Mensagem Série Palestrante Data1 Batalha Espiritual: Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 3/9/2006

Quando enfretamos o invisível (1)

2 Como agir em meio ao sofrimento? Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 17/9/2006

3 Não era pra ser assim... Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 6/8/2006

4 Batalha Espiritual: Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 10/9/2006

Quando enfretamos o invisível (2)

5 Salmo de Lamento: Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 27/8/2006

A oração daquele que sofre(2)

6 Qual a pior coisa que Por que sofremos? Guilherme Kerr Neto 3/9/2006

pode nos acontecer?

7 Encontros com Deus Por que sofremos? Ricardo Agreste da Silva 13/8/2006

nos desencontros da vida

8 Impressões Digitais de Cursos e Palestras Dra. Gladys Vieira 21/7/2006

Deus no Universo Kober - NASA

9 Decisões no presente Avulsas Ricardo Agreste da Silva 24/9/2006

reflexos no futuro

10 O papel da esposa na Remando contra Ricardo Agreste da Silva 4/6/2006

construção de uma família saudável a maré...A arte de casar

e permanecer casado

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Em setembro de 2006 o site começou a disponibilizar os cultos ao vivo em

áudio e vídeo. Além disto, a comunidade pode oferecer em CD ou DVD as

mensagens divulgadas no site.

Na pesquisa fornecida pelo provedor do site da comunidade, foi possível

verificar que o site contou com mais de 40 mil visitas. Neste mesmo período

manteve uma média diária de 115 acessos e cerca de 30 e-mails mensais com

comentários, elogios, críticas ou solicitação de mais informações das mensagens ali

divulgadas.

No quadro 1, a seguir demonstrado, é possível verificar os dados já citados

acima, é relevante ressaltar que nos meses de agosto e setembro de 2006, o site

iniciou uma experiência de divulgar as mensagens ao vivo em áudio e vídeo. Tal

experiência justifica o significativo aumento no número de acessos. No mês de

outubro/2006, por falta de verba, o site não prosseguiu com as transmissões ao vivo.

Quadro 1 – Número de Acessos

M Ê S

M É D I A D I Á R I A D E

V I S I T A S

T O T A L M E N S A L D E

V I S I T A S

O U T / 0 6 1 6 1 2 . 7 5 1

S E T / 0 6 1 9 2 5 . 7 7 8

A G O / 0 6 1 5 7 4 . 8 9 2

J U L / 0 6 1 1 7 3 . 6 2 9

J U N / 0 6 1 2 8 3 . 8 5 2

M A I / 0 6 1 1 0 3 . 4 2 7

A B R / 0 6 8 8 2 . 6 6 9

M A R / 0 6 9 1 2 . 8 3 5

F E V / 0 6 7 5 2 . 1 1 9

J A N / 0 6 8 0 2 . 5 0 7

D E Z / 0 5 8 6 2 . 6 8 1

N O V / 0 5 9 1 2 . 7 5 1

T O T A L 3 9 . 8 9 1

Fonte: Disponível em: www.chacaraprimavera.org.br

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Outro dado que o site disponibiliza, é a localidade de onde os internautas

acessam o conteúdo. O quadro 2, a seguir mencionado, foi criado de forma

decrescente em número dos acessos. É possível identificar que a barreira do espaço

físico é facilmente transposta pela internet. Um ponto interessante para ressaltar é

que todos os depoimentos publicados no site, que veremos no capítulo 3, são

realizados por brasileiros residentes no Brasil e exterior. Desta forma, como as

mensagens são gravadas em português, o interesse maior pelo site se dá por

pessoas que dominam a língua. Esse pode ser um dos motivos que fazem com que

o Brasil lidere o ranking a seguir.

Quadro 2 – Países de Acesso

Localidade1 Brasil

2 Eua

3 Japão

4 Portugal

5 Arábia Saudita

6 México

7 Suiça

8 Samoa

9 Itália

10 Chile

11 Nova Zelândia

12 Estônia

13 Belgica

14 França

15 Australia

16 Turquia

17 Peru

18 Alemanha

19 Moçambique

20 Argentina

21 Colômbia

22 Costa Rica

23 Espanha

24 Guatemala

Fonte: Disponível em: www.chacaraprimavera.org.br

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1.1 Breve Relato sobre a Igreja Evangélica no Brasil

O primeiro registro que se tem da presença evangélica no Brasil é o da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, fundada em 1824 por imigrantes alemães no Rio Grande do Sul. Outras denominações estabelecidas no século XIX são a Congregacional (1855), a Presbiteriana (1859), a Adventista (1894), a Cristã Evangélica (1879), a Batista (1882) e a Anglicana (1898) (VALADÃO, 2001, p. 30).

As igrejas protestantes em conjunto fazem parte da segunda maior religião,

em número de fiéis, no Brasil. Em meados de 1810, em função da abertura dos

portos brasileiros para nações amigas, os ingleses fundaram no Brasil a primeira

Igreja Anglicana. A partir disso outros imigrantes foram responsáveis pela fundação

de outras denominações evangélicas no país, como, por exemplo, o Luteranismo,

pelos alemães, as Igrejas Batista e Metodistas, fundada por americanos e

posteriormente a Congregacional e Presbiteriana.

O movimento pentecostal teve início no Brasil a partir de 1910, representado

pela Congregação Cristã no Brasil e a Assembléia de Deus. Já na década de 50

esse movimento transformou-se ao dar ênfase aos movimentos de cura divina,

representado pela Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo e a Igreja do

Evangelho Quadrangular, no entanto algumas igrejas, como a Igreja Presbiteriana

Renovada, mantiveram as características das igrejas protestantes históricas

adicionando o fervor dos cultos das igrejas pentecostais. Segundo Valadão (2001, p.

33), “outra característica do crescimento dos evangélicos nas décadas de 70 e 80 é

a sua consolidação nos cinturões de pobreza das grandes cidades brasileiras”.

Na década de 70 o cenário religioso brasileiro presenciou o nascimento da

Igreja Universal do Reino de Deus. A Igreja Universal é a pioneira do movimento

conceituado como neopentecostal, movimento que enfatiza a prosperidade.

As novas igrejas ficaram conhecidas como neopentecostais e se caracterizam pela exacerbação da guerra contra o demônio e seus anjos caídos, identificados principalmente com os cultos afro-brasileiros e espíritas, assim como valorizam a pregação e difusão da Teologia da Prosperidade (VALADÃO, 2001, p.32).

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A teoria da prosperidade é baseada sob o argumento que Deus é Fiel e o

servo que também é fiel, em seus dízimos e ofertas, recebe de Deus a prosperidade

na vida financeira. A Igreja Presbiteriana Chácara Primavera, não percorre essa

linha dogmática, diferenciando-se então de muitas igrejas contemporâneas.

Já na década de 80, o movimento neopentecostal recebeu um novo flanco,

voltado para a classe média e alta. Com menos ênfase nas manifestações

pentecostais e com um discurso mais liberal esse novo flanco pode ser representado

pela Igreja Renascer em Cristo e a Igreja Evangélica Cristo Vive.

Tabela 3 - Países com maior número de protestantes

Rank País População

Protestante % de Protestantes

1 Estados Unidos 162.653.774 55%

2 Reino Unido 44.726.678 74%

3 Nigéria 34.124.557 26.5%

4 Alemanha 31.323.928 50%

5 África do Sul 30.154.013 68%

6 Brasil 28.336.712 15,4%

7 China 15.675.766 1.2%

8 Indonésia 14.276.459 5.9%

9 Quênia 12.855.244 38%

10 Congo 12.017.001 20%

Fonte: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantes_por_pa%C3%ADs, acesso em

17/10/2007.

A tabela anterior ilustra o Brasil como o sexto país com o maior número de

protestantes. Um dos fatores que contribuem para esse crescimento é a forte

exposição na mídia. Na música, por exemplo, artistas como Aline Barros, Cristina

Mel e bandas como Oficina G3, Renascer Praise e Diante do Trono, destacam-se

com letras baseadas na bíblia.

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O quadro a seguir ilustra o cenário religioso brasileiro, e o crescimento dos

protestantes.

Quadro 3 – Número em porcentagem da População

Religião 1980 1991 2000

Católicos apostólicos

romanos 89,0 83,0 73,6

Protestantismo 6,7 9,0 15,4

Ateísmo e Agnosticismo 1,9 5,1 7,4

Espíritas 0,7 1,3 1,3

Afro-brasileiros 0,6 0,4 0,3

Outras Religiões 1,2 1,2 1,9

Fonte: Recenseamentos demográficos do IBGE de 1980, 1991, 2000.

Em vinte anos o percentual de evangélicos no cenário religioso brasileiro

galgou de 6,7% da população para mais de 15%. O grande crescimento do número

de fiéis se deu a partir da década de 80 e se consolidou nos anos 90. Tal

crescimento está relacionado com o casamento da religião com a mídia, visto que foi

a partir da década de 80 que diversas denominações evangélicas passaram a

investir capital e a buscar recursos técnicos para estar presente no cenário midiático.

No começo da expansão religiosa na mídia brasileira, os programas religiosos

eram voltados exclusivamente para a região da igreja propagadora do conteúdo.

Enquanto isso, as emissoras com conteúdo variado passavam a apostar em uma

programação voltada para toda a nação. Em um segundo momento a igreja

evangélica seguiu a tendência das grandes emissoras, popularizou e

profissionalizou seus programas para atingir um público nacional.

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É interessante observar que, enquanto as emissoras mais fortes caminham para a nacionalização de suas produções, as instituições religiosas começam a dar seus primeiros passos em campos regionais [...] cujo alcance limitava-se a sua cidade ou no mais seu estado de origem, atingindo o campo religioso da própria Igreja [...] (FONTELES, 2007, p. 50).

O crescimento da religião na mídia brasileira contou com a ajuda de

televangelistas americanos. Os Estados Unidos, citado nos quadros acima como

país com maior número de protestantes do mundo, é o maior produtor de programas

religiosos e serviu de modelo para o crescimento midiático da religião no país. Já o

Brasil é considerado o segundo maior produtor de programas religiosos, citando

apenas a televisão, como exemplo, programas como o Show da Fé, do missionário

RR Soares, ocupam horas do horário nobre da televisão brasileira. Além disso, uma

das maiores emissoras do país, a Rede Record, é propriedade da Igreja Universal

do Reino de Deus, que preenche grande parte da programação com cultos,

depoimentos e programas voltados para o público evangélico e simpatizante.

Segundo Valadão (2001, p. 38), “[...] os televangelistas americanos ajudaram

a transformar o Brasil no segundo maior produtor mundial de programas religiosos,

ficando atrás apenas dos próprios americanos”.

Na televisão as tele-igrejas se apropriam das técnicas de transmissão para

adequar o culto religioso em um show midiático bem como os tradicionais programas

de auditório.

Segundo Klein (2006, p. 224), “a conquista midiática de muitas igrejas fez

com que a mesma luz que irradia dos astros de TV e do cinema passasse a iluminar

a imagem dos líderes religiosos”.

Segundo Klein (2006), o show religioso na televisão sustenta-se a partir da

conjugação de três elementos: a horizontalização do espaço, o distanciamento entre

palco e platéia e a iluminação projetada sobre o líder religioso. Diferentemente da

televisão, o site da Chácara Primavera transmite o culto apenas em áudio, não tendo

os mesmo recursos televisivos para atrair o interesse de pessoas. Será discutido nos

próximos capítulos que o interesse por um site como o desta igreja pode ser não

apenas no conteúdo religioso ali propagado, mas na busca por uma comunidade

real em um mundo virtual.

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A mídia evangélica, ao se alimentar deste mesmo universo atual da indústria cultural de massa, vai se moldar por essa perspectiva, conforme Klein (2004) contaminando-se e afastando-se cada vez mais dos ideais proclamados nas narrativas bíblicas do mito fundador da religião que diz “ide por todo mundo e pregai o evangelho da Salvação” Mateus, 28:19, assim ao pegar este atalho mais fácil, a mídia evangélica acredita estar cumprindo este mandamento. Só que há uma total desconsideração de que estas contaminações e interferências da mídia, pela lógica da Indústria de massa, afasta cada vez mais deste objetivo [...] (FONTELES, 2007, p.70).

Uma igreja na mídia televisa possui diversas características diferentes de uma

igreja na Internet. Na televisão o telespectador tem apenas o poder de ligar ou

desligar o aparelho de TV ou mudar de canal e é submetido ao conteúdo editorial

exposto de maneira pré-editada e engessada, enquanto que na Internet o internauta

pode em qualquer instante escolher qualquer conteúdo que a igreja disponibiliza.

Os shows religiosos na televisão investem na técnica como meio de manter o

telespectador sintonizado, de maneira diferente, o site da Chácara Primavera investe

em uma grande variedade de conteúdo, distribuído em diversas áreas do site, para

agradar o usuário e consequentemente alimentar a permanência no site. Podemos

notar, no caso da Chácara Primavera, uma intencionalidade de organizar e

disponibilizar o conteúdo de maneira agradável ao usuário. Tal afirmação é baseada

no momento em que a igreja realiza uma pesquisa no site e identifica essa pesquisa

como uma ferramenta para fazer um espaço melhor ao usuário, conforme imagem

do site a seguir.

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Figura 3 – Site

1.2 Ideais Religiosos em um Mundo Mediado

Diante do envolvimento da religião com a mídia, Fonteles (2007) coloca em

questão a idéia bíblica de, ide por todo o mundo e pregai o evangelho da salvação.

Como esse ideal bíblico de pregação do evangelho e vida comunitária pode ser

praticado mediante um meio de comunicação?

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[...] a salvação passa a ser uma escolha e uma decisão pessoal, e neste sentido a tele-igreja se apresenta como uma mediadora eficaz dessa nova realidade tão fragmentada, onde a pseudo-interação media esta escolha, não necessitando, portanto, da corporalidade presente, suprindo desta forma as necessidades do conhecimento, integração, local de edificação e consolo tão necessários ao homem, mas que cai como luva numa sociedade individualista (FONTELES, 2007, p. 68).

Fonteles (2007) cita a tele-igreja como uma mediadora e, ao pensar em uma

igreja dentro de um meio de comunicação, podemos citar o que Raquel Paiva diz em

relação ao advento das novas tecnologias capazes de gerar um novo ambiente e

novas formas de sociabilização. Quando uma igreja está na mídia, estamos diante

de uma nova forma de sociabilização? De acordo com o pensamento de Fonteles

(2007) quando se refere a presença da religião na mídia, sim, considerando

elementos que ele conceituou como a pseudo-interação e a não necessidade da

corporalidade presente. Vale ressaltar que este ponto é extremamente debatido pelo

autor citado, mas estaremos nos atendo apenas a sua citação quanto a presença da

religião na mídia.

Segundo Paiva (2007, p. 133), “O encurtamento das distâncias e mesmo as

unidades de tempo foram modificadas, gerando um novo ambiente e,

consequentemente, novas formas de sociabilização”.

Para refletir um pouco mais sobre a idéia de uma nova maneira de

sociabilização, é necessário verificar sob quais bases uma comunidade cristã

pretende configurar a vida comunitária. Para discutir um pouco a configuração de

uma comunidade religiosa, é necessário estudar sob quais bases ideológicas a

religião é formada. A partir deste raciocínio, a Bíblia, para os Cristãos, é considerada

um livro sagrado, assim como o Alcorão é considerado sagrado para os

muçulmanos.

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Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam, uns com os outros, o que tinham. Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um. Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do Templo. E nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade. Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas (ATOS, 2.43-47).

O relato bíblico citado acima procura descrever em diversos detalhes como a

comunidade cristã na igreja primitiva procurava se constituir. O texto mostra que a

comunidade, unida, repartia o que tinha entre si. Neste instante é possível verificar a

necessidade do estar presencial como característica da vida comunitária religiosa.

Além disso, participar das refeições em conjunto e a reunião do povo no pátio do

templo, também remetem a idéia da necessidade da interação com corpo presente.

É interessante ressaltar que, segundo o texto bíblico, essa comunidade

expressa características fundamentais para gerar a sensação de segurança no

indivíduo. Apenas os que partilhavam da mesma fé, ou seja, compartilhavam da

mesma identidade religiosa, faziam parte desta comunidade. Os novos integrantes

eram considerados como escolhidos por Deus e que ao serem salvos, passavam a

compartilhar a mesma fé em Jesus Cristo. Neste caso a figura de Jesus Cristo passa

a ser um símbolo diretor, significando o pertencimento ao grupo religioso.

O agrupamento de pessoas com o mesmo perfil religioso remete a idéia de

Castells (1999) que as pessoas tendem a reagrupar-se em torno de identidades

primárias3 como as religiosas.

Além disso, partilhar o dinheiro e as refeições com alegria entre todos do

grupo, apontam que a comunidade cristã primitiva gerava a sensação de segurança

no indivíduo, uma vez que as necessidades básicas como, por exemplo, a

alimentação, ideologicamente, é suprida na própria vida comunitária.

3 Segundo Castells (1999), identidade é a fonte de significado e experiência de um povo, com base em atributos culturais relacionados que prevalecem sobre outras fontes. Não se deve confundi-la com papéis, pois estes determinam funções e a identidade organiza significados. A construção da identidade depende da matéria prima proveniente da cultura obtida, processada e reorganizada de acordo com a sociedade. As identidades primárias são aquelas que se alimentam de fontes básicas de significação cultural, como, por exemplo, a religião e a nacionalidade.

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Uma comunidade cristã é formada a partir de alguns símbolos diretores. Para

fazer parte de uma comunidade cristã, o indivíduo precisa necessariamente crer em

Jesus Cristo. Tal premissa tem origem no pressuposto bíblico que diz que todos são

filhos de Deus mediante a fé em Jesus Cristo.

A figura de Jesus Cristo, como símbolo diretor, é responsável em atribuir um

valor para a comunidade cristã maior até mesmo que a família. Na visão cristã a

família é uma dádiva de Deus, no entanto os relacionamentos familiares são

temporários e frágeis, já a comunidade cristã é composta por pessoas, que ao

crerem em Cristo, estarão unidades por toda a eternidade. A partir dessa linha de

raciocínio, fazer parte de uma comunidade onde todos partilham da mesma fé e

crêem que estarão juntos por toda eternidade, é algo capaz de gerar a sensação de

segurança ao indivíduo, ponto que será abordado nos próximos capítulos. 4

O cenário contemporâneo parece do mesmo modo desmentir as ambições positivistas do final do século XIX, de que o progresso da ciência emanciparia o homem da tutela divina. No lugar disso, assistimos a uma verdadeira rebelião de anjos, demônios e deuses que se materializam em um mercado diverso de ofertas religiosas (KLEIN, 2006, p.20).

Klein (2006) afirma que o desuso de conceitos religiosos não está pulsando

na sociedade contemporânea, uma vez que há um crescimento constante de um

mercado diverso de ofertas religiosas. Tal crescimento pode estar relacionado com a

busca por certezas, segurança e proteção, tal sensação definida por Fonteles (2007)

como a alma vazia5, como uma busca a ser preenchida.

5 O termo, alma vazia, refere-se a sensação de ausência de respostas que o pensamento moderno hipoteticamente iria pontuar. Desta forma, em um segundo momento o homem volta a sua busca individual por certezas, segurança, valores, proteção, no mundo da fé.

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O pensamento moderno, acreditando que havia explicado todos os deuses e que estes seriam produções do passado, deixou a alma vazia, com uma busca a ser preenchida. Assim, o indivíduo na sua eterna busca mítica volta-se para a fé na tentativa de encontrar o paraíso perdido, favorecendo o redescobrimento da fé na atualidade e muitas vezes de forma fundamentalista e literalizante (FONTELES, 2007, p. 66).

Klein (2006) afirma também que durante o século XX foi firmado um sólido

casamento entre a mídia e as diversas denominações religiosas. A evolução técnica

dos meios de comunicação, os ideais bíblicos como, ide por todo mundo e pregai o

evangelho da salvação, e a busca pela sensação de segurança em tipos de

identidades carregadas de valores éticos, são fatores responsáveis pelo crescimento

do envolvimento entre a religião e a mídia. Tratando-se de religião, os evangélicos

merecem um destaque, conforme Valadão, os evangélicos têm uma longa tradição

de propagação de fé à distância.

Ao longo do século XX, firmou-se um sólido casamento entre a mídia e diversas denominações religiosas. Paralelamente à evolução técnica dos meios e ao seu crescimento em nossa sociedade, notamos uma intensificação da presença religiosa na mídia, especialmente no rádio e na televisão (KLEIN, 2006, p.17).

Além deste formato de comunicação nas mídias consideradas tradicionais6,

há um novo espaço criado para diferentes formas de comunicação, o cyberspace.

Uma vez que a igreja está inserida nesse contexto, também se faz necessário

explorar as potencialidades mais positivas deste novo plano. Veremos a seguir a

relação entre a igreja e o cyberspace, mais especificamente com a nova cultura

tecnológica.

6 Rádio, jornal e televisão.

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1.3 Comunidade Prebisteriana Chácara Primavera: Uma Igreja inserida na

Cibercultura

A cibercultura está implicada em tudo o que de mais socialmente importante vem à luz no mundo contemporâneo, na medida em que todos os objetos, procedimentos e processos doravante predominantes dependem, em alguma medida, da matriz informática da tecnologia (TRIVINHO, 2003, p.60).

Trivinho (2003) em poucas palavras foi capaz de traduzir a importância da

cibercultura no mundo contemporâneo. Segundo sua própria definição, trata-se de

um modelo tecnológico de cultura que se estende e se ramifica de maneira

avassaladora. Essa maneira de crescimento avassaladora pode ser lida sobre o

prisma de dois diferentes flancos, a velocidade com a qual a tecnologia se

populariza, ou, a importância cada vez mais vital em quase todos os pontos da

sociedade contemporânea.

Pierre Lévy (1999) sustenta a idéia que o crescimento veloz da cibercultura

está relacionada com o fato de que os jovens contemporâneos do mundo inteiro

buscam a cada instante novas formas de comunicação como alternativa para

escapar dos moldes tradicionais. O conjunto desta tendência citada por Pierre Lévy

(1999), aliada com a importância mercadológica, lê-se econômica, da indústria da

tecnologia, são alicerces básicos que justificam a popularização deste modelo

tecnológico de cultura, cibercultura, citada por Trivinho (2003).

Em primeiro lugar, que o crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daqueles que as mídias clássicas nos propõem. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano (LÉVY, 1999, p.11).

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Observando aquilo que Trivinho (2003) chamou de crescimento avassalador

da cibercultura, quanto à propagação nos mais diversos pontos da sociedade, Pierre

Lévy (1999) já havia traçado um panorama dizendo que estamos vivendo um novo

espaço de comunicação, espaço esse com inúmeras possibilidades à sociedade.

Diante disso, pegando como exemplo a Comunidade Presbiteriana Chácara

Primavera, verifica-se que o plano religioso da sociedade, também aderiu nesse

novo espaço tecnológico de cultura.

Torna-se possível, então, que comunidades dispersas possam comunicar-se por meio de compartilhamento de uma telememória na qual cada membro lê e escreve, qualquer que seja sua posição geográfica (LÉVY, 1999, p. 94).

A Comunidade Chácara Primavera está inserida na cibercultura. Pierre Lévy

(1999) cita o compartilhamento de uma telememória, independente da posição

geográfica. Tal característica é facilmente identificável no site desta comunidade,

pois ao divulgar as pregações na Internet, a comunidade está alimentando essa

telememória com informações que podem ser, e são acessadas independente da

localização e do momento em que esse acesso se dá.

Outra característica que ilustra essa igreja como inserida de cibercultura é a

questão da interatividade. Embora a pregação possa ser considerada um monólogo,

onde quem detém o poder da comunicação é o preletor, o site da comunidade

apresenta características interativas como à área “Transformando Vidas” em que o

usuário do site pode relatar sua experiência ou crítica publicando sua mensagem no

site.

O termo "interatividade" em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação, a menos que esteja morto, nunca é passivo. Mesmo sentado na frente de uma televisão sem controle remoto, o destinatário decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras, e sempre de forma diferente de seu vizinho (LÉVY, 1999, p. 79).

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Lévy (1999) conceitua o termo interatividade como um movimento onde o

destinário de alguma maneira decodifica e/ou, interpreta a mensagem. Mesmo

considerando a pregação publicada no site um monólogo do pastor, o destinário

interage com essa mensagem no momento em que cada ouvinte pode ter uma

reação diferente do outro. Interativo tanto quanto um aparelho de televisão? Talvez,

no entanto no momento em que o usuário têm a chance de publicar sua opinião ou

comentário sobre o conteúdo, passa a ser um processo de cooperação ou troca, que

caracteriza a interconexão presente nas comunidades virtuais.

[...] o desenvolvimento das comunidades virtuais se apóia na interconexão. Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em processo de cooperação ou de troca, tudo isso independente das proximidades geográficas e das filiações institucionais (LÉVY, 1999, p.127).

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CAPÍTULO II

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2.1

A sociedade contemporânea está inserida em uma avalanche de mudanças

tecnológicas com profundas implicações sociais. Tais avanços tecnológicos são

responsáveis por inúmeros facilitadores, mas que também podem conter pontos

negativos.

A Internet, por exemplo, pode ser vista como o grande avanço facilitador da

vida contemporânea. Com essa ferramenta é possível realizar tarefas à distância,

quando outrora era imprescindível o corpo presencial. Movimentações financeiras,

educação à distância, vídeo conferências, compra e venda de mercadorias,

comunidades virtuais, salas de bate papo, estão entre outras opções que a

tecnologia oferece como facilitadoras.

Enquanto o lado positivo é a facilidade em realizar tarefas sem sair de casa,

sem a necessidade de estar presente, o lado negativo podem ser as implicações

sociais da ausência do corpo presente.

Uma vez que o indivíduo opta, por exemplo, em realizar um curso à distância

pela internet, ele está perdendo a chance de criar vínculos relacionais, que apenas

presencialmente seriam possíveis com os demais participantes do curso.

Outro exemplo é quando um jovem deixa de freqüentar um local físico de

encontro e passa a utilizar a internet como ferramenta de interação com outros

jovens, neste caso ele está deixando de criar vínculos relacionais que somente

presencialmente seriam possíveis.

Além disso, o jovem não precisa estar necessariamente conectado ao mesmo

tempo com outros jovens para interagir eletronicamente. Mensagens são arquivadas

na rede para que quando o outro jovem quiser a resposta será enviada. Desta

forma, não apenas o espaço físico passa a ser desnecessário, mas também o tempo

sofre alterações.

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Quando o corpo presente passa a não ser necessário há uma ruptura do

relacionamento do indivíduo com o espaço físico. Não há mais a necessidade do

estar presencial. Além disso, o tempo também sofre essa ruptura.É justamente sobre

essa ruptura do tempo e espaço que esse capítulo irá abordar, verificando algumas

implicações sociais oriundas deste fato.

Para tal, faz-se necessário discutir como era a vida antes de adventos

tecnológicos responsáveis por tais mudanças.

2.2 Comunidades Tradicionais Encaixadas no Tempo e Espaço

As sociedades modernas são, portanto, por definição, sociedades de mudança constante, rápida, permanente. Esta é a principal distinção entre as sociedades “tradicionais” e as “modernas” (HALL, 2005, p.14).

Ao contextualizar as sociedades pré-modernas, ou tradicionais, esbarramos

na forma fixa, de tempo e espaço, na qual são organizadas. Giddens (2002) observa

que as comunidades tradicionais são “encaixadas” na vida localizada.

Pode-se analisar quando se fala sobre o meio primário de subsistência, a

agricultura. Para o agricultor o dia nasce nos primeiros lampejos matinais e termina

ao pôr do sol. As estações do ano, por exemplo, definem quando e o que plantar.

Desta maneira, o senso temporal do trabalhador é baseado na natureza, não

uniforme e variável de acordo com a localização geográfica.

A maioria da população era organizada em pequenos vilarejos. Tal

organização gerava um senso de espaço geográfico, que para a maioria, era

limitado ao espaço da vila.

Para Giddens (2002), a relação do indivíduo com o tempo, baseado na

natureza, e o local, baseado no espaço geográfico ocupado, são exemplos que

ilustram como as comunidades tradicionais se encontravam “encaixadas”.

Na maioria das culturas tradicionais, não obstante as migrações de populações que eram relativamente comuns e as longas distâncias às vezes percorridas por alguns, a maior parte da vida social era localizada (GIDDENS, 2002, p. 137).

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A forma tradicional de organização social, citada por Giddens (2002) como

uma vida social localizada, era capaz de gerar “três possibilidades de vida

comunitária” (PAIVA, 2006, p. 135). Possibilidade “consangüínea”, baseada nos

laços de parentesco, a possibilidade “de proximidade”, relações com a vizinhança e

a possibilidade “espiritual”, capaz de unir indivíduos a partir de “interesses,

sentimentos, afetos em comum” (PAIVA, 2006).

Dessas três possibilidades de geração de vida comunitária, duas estavam

totalmente integradas à noção fixa de tempo e espaço. A vida comunitária a partir da

possibilidade consangüínea não seria possível se a família do indivíduo não

ocupasse o mesmo vilarejo. Sem a opção de se comunicar por telefone, internet ou

mesmo de se locomover de carro ou avião, encontrar um parente em outro vilarejo

significava viajar longas distâncias, abrir mão do cultivo de sua própria terra, além de

se ausentar da comunidade local.

Inúmeros motivos eram responsáveis para impedir a possibilidade

consangüínea de vida comunitária fora do contexto temporal e espacial. A

possibilidade, conceituada como “de proximidade” também encontra as mesmas

dificuldades.

Já a possibilidade definida como “espiritual” transcende a barreira do tempo e

espaço, visto que é amplamente encontrada nas comunidades pós-tradicionais.

Lugar é melhor conceitualizado por meio da idéia de localidade, que se refere ao cenário físico da atividade social como situado geograficamente. Nas sociedades pré-modernas, espaço e tempo coincidem amplamente, na medida em que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria da população, e para quase todos os efeitos, dominadas pela "presença", por atividades localizadas (GIDDENS, 1991, p.27).

As comunidades tradicionais são definidas por Giddens (1991) como

“encaixadas” no tempo e no espaço.

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2.3 Da Comunidade Tradicional à Comunidade Desencaixada

Os modos de vida produzidos pela modernidade nos desvencilharam de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira que não têm precedentes. Tanto em sua extencionalidade quanto em sua intencionalidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de mudanças característicos dos períodos precedentes (GIDDENS, 1991, p.14).

Enquanto as comunidades tradicionais exerciam uma ligação profunda com

tempo e espaço, comunidades “encaixadas”, a modernidade emerge rompendo essa

ligação e deslocando as relações sociais dos contextos local-temporais para

estruturas indefinidas de tempo e espaço.

Tal transformação é conceituada por Giddens (1991) “desencaixe”. Por

desencaixe refere-se ao “deslocamento” das relações sociais de contextos locais de

interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço.

Para identificar quais transformações foram necessárias para alterar as

comunidades encaixadas para desencaixadas, Castells (1999) observa o papel

importante das mudanças ocupacionais nesse processo de ruptura com o tempo e

espaço.

Em qualquer processo de transição histórica, uma das expressões de mudança sistêmica mais direta é a transformação da estrutura ocupacional, ou seja, da composição das categorias profissionais e do emprego (CASTELLS, 1999, p.224.)

Castells (1999) analisa a transformação da estrutura do emprego dividindo

dois períodos. Conceituou como pós-rural o período de 1920 até 1970 e a partir de

1970 até 1990, conceituou como período pós-industrial.

No período pós-rural as cidades sofrem grandes transformações urbanísticas. Na verdade, o urbanismo moderno é ordenado segundo princípios completamente diferentes dos que estabeleceram a cidade pré-moderna em relação ao campo em períodos anteriores (GIDDENS, 1991, p.16).

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É nesse primeiro momento que o emprego rural vai sendo eliminado pouco a

pouco, incorporando os profissionais rurais para a indústria. Essa mudança

ocupacional não gera mudanças apenas no urbanismo da cidade, mudanças

drásticas passam a reconstruir a organização familiar, comunitária, identitária, sexual

e econômica. Giddens (1991) sustenta essa idéia quando cita a importância

capitalista:

Como declínio do feudalismo, a produção agrária baseada no domínio feudal local é substituída pela produção para mercados de escopo nacional e internacional, em termos dos quais não apenas uma variedade indefinida de bens materiais, mas também a força de trabalho humano torna-se mercadoria. A ordem social emergente da modernidade é capitalista tanto em seu sistema econômico como em outras instituições. O caráter móvel, inquieto da modernidade é explicado como um resultado do ciclo investimento-lucro-investimento que, combinado com a tendência geral da taxa de lucro declinar, ocasiona uma disposição constante para o sistema se expandir (GIDDENS, 1991, p. 20).

Para exemplificar como o período pós-rural pôde ser vivido em diversos

cantos do globo, Nicolau Sevcenko (1992) descreve a cidade de São Paulo,

apontando o carnaval de 1919, como um momento onde as mudanças citadas acima

são claramente vivenciadas.

Todos vivem de maneiras diferentes a mesma experiência, concentrada no mesmo setor do espaço público e no mesmo intervalo de tempo [...] A excepcionalidade desse momento e desse local põe em relevo a estranha conjunção observada entre simultaneidade de ações desconexas, incomunicabilidade de grupos, fragmentação das percepções, descontinuidade dos fluxos de trânsito pela área pública (SEVCENKO, 1992, p. 28).

É no período pós-rural, que a reestruturação do tempo e espaço passa a

alimentar a noção de desencaixe, ao passar dos anos, com o declínio do emprego

industrial, em contra partida serviços relacionados à produção, saúde, educação,

lideram o crescimento percentual de empregos. É a partir da década de 70 que as

inovações tecnológicas começam a abrangir todo sistema social e o custo para

produção de mercadorias se torna cada vez menor e a qualidade cada vez maior,

enquanto isso, os trabalhadores da indústria precisam se qualificar para novos tipos

de empregos.

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Conforme as inovações tecnológicas e organizacionais foram permitindo que homens e mulheres aumentassem a produção de mercadorias com mais qualidade e menos esforço e recursos, o trabalho e os trabalhadores mudaram da produção direta para a indireta, do cultivo, extração e fabricação para o consumo de serviços e trabalho administrativo e de uma estreita gama de atividades econômicas para um universo profissional cada vez mais diverso (CASTELLS, 1999, p. 249).

A partir de período pós-industrial, com o advento de novas tecnologias como

a internet e o avanço nos meios de transporte, todo o planeta encontra-se

interligado. Conforme diferentes áreas do globo são postas em interconexão, ondas

de transformação social penetram através de virtualmente toda a superfície da terra.

Essa possibilidade inédita de ruptura do espaço físico e do tempo, graças aos

adventos tecnológicos, geram transformações sociais em todos os flancos. Há uma

redefinição fundamental de relações entre mulheres, homens, crianças e,

consequentemente, da família, sexualidade e personalidade (CASTELLS, 1999, p.

22).

O surgimento da sociedade em rede traz à tona os processos de construção de identidade durante aquele período, induzindo assim novas formas de transformação social. Isso ocorre porque a sociedade em rede está fundamentada na disjunção sistêmica entre o local e o global para a maioria dos indivíduos e grupos sociais. E também acrescentaria, na separação em diferentes estruturas de tempo/espaço, entre poder e experiência. Portanto, exceto para a elite que ocupa o espaço atemporal de fluxos de redes globais e seus locais subsidiários, o planejamento reflexivo da vida torna-se impossível. Além disso, a construção de intimidade com base na confiança exige uma redefinição da identidade totalmente autônoma em relação à lógica de formação em rede das instituições e organização dominantes (CASTELLS, 1999, p. 50).

A partir de todas essas mudanças históricas, políticas e econômicas, a

sociedade é transportada para um local jamais visitado. O abalo social não é apenas

macro, mas também, e especialmente, individual.

Hoje em dia, “individualidade” significa em primeiro lugar a autonomia da pessoa, a qual, por sua vez é percebida simultaneamente como direito e dever. Antes de qualquer outra coisa, a afirmação “Eu sou um indivíduo” significa que sou responsável por meus méritos e meus fracassos, e que é minha tarefa cultivar os méritos e reparar os fracassos (BAUMAN, 2007, p. 30).

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2.4 Configuração de Novas Comunidades e Identidades

É comum afirmar que as “comunidades” (às quais as identidades se referem como sendo entidades que as definem) são de dois tipos. Existem comunidades de vida e de destino, cujos membros “vivem juntos numa ligação absoluta”, e outras que são “fundidas unicamente por idéias ou por uma variedade de princípios” (BAUMAN, 2005, p. 17).

É necessário fazer uma distinção entre os conceitos de identidade e

comunidade, que embora estabeleçam uma relação de interdependência, precisam

ser conceituados separadamente. Conforme Bauman (2005), as comunidades são

entidades que definem a identidade. Hall cita que identidades surgem do nosso

pertencimento a cultura étnica, raciais, lingüísticas, religiosas e acima de tudo

nacionais. Ou seja, para fazer parte de uma determinada identidade o indivíduo

necessariamente deve se encontrar em uma comunidade, para que autentique o

perfil identitário.

Logo, o conceito de identidade está relacionado essencialmente ao indivíduo,

enquanto que o conceito de comunidade está relacionado aos grupos sociais que

autenticam determinada identidade ao indivíduo.

Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isto está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um “sentido de si” estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento, descentração dos indivíduos tanto do seu lugar no mundo social e cultural como de si mesmos, constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo (HALL, 2005, p. 09).

Hall (2005) observa que a idéia de sujeito integrado foi abalada a partir das

transformações sociais do período pós-industrial. Tal fato é definido por Hall (2005)

como a “descentração do sujeito”, onde o indivíduo perde os referenciais que

sustentavam outrora a identidade individual.

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A descentração do sujeito, conseqüência da nova formatação social, gerou a

crise de identidade. Quando o sujeito deixa de freqüentar qualquer tipo de espaço

comunitário, onde os vínculos relacionais possam ser gerados ou perpetuados, não

é possível se associar com grupos e validar o conceito individual de identidade.

Foi-se a certeza de que “nos veremos outra vez”, de que nos encontraremos repetidamente e por um longo porvir – e com ela a de que podemos supor que a sociedade tem uma longa memória e de que o que fazemos aos outros hoje virá a nos confrontar ou perturbar no futuro; de que o que fazemos aos outros tem significado mais do que episódico, dado que as conseqüências de nossos atos permanecerão conosco por muito tempo depois do fim aparente do ato – sobrevivendo nas mentes e feitos de testemunhas que não desaparecerão (BAUMAN, 2003, p. 17).

Tratar a questão da geração e perpetuação de identidades a partir do avanço

tecnológico é necessário para entender e questionar as bases onde à sociedade

contemporânea tem construído o legado histórico do futuro.

Para Bauman (2003), esse contexto tecnológico, aliado à descentração do

sujeito, gerou um novo tipo de comunidade, as comunidades estéticas.

Enquanto a vida comunitária parte do princípio do compartilhamento, as comunidades estéticas não se enquadram nesse ponto. E não é o caso de “negar as raízes”, não há raízes a negar. E o que é ainda mais importante: não há fracos deste lado dos portões estritamente vigiados, e menos ainda responsabilidades com seus destinos (BAUMAN, 2003, p. 58).

Com o advento da tecnologia é possível, por exemplo, transmitir espetáculos

para uma grande massa de espectadores remotamente. Milhares de pessoas podem

estar focadas em um mesmo espetáculo, no entanto os espectadores podem estar

fisicamente em continentes opostos. Graças ao grande número de pessoas, a

audiência autentica no indivíduo a sensação de fazer parte dos fatos, fazer parte ao

grupo. O indivíduo se acha plena e verdadeiramente “na presença de uma força que

é superior a ele e diante da qual ele se curva” (BAUMAN, 2003, p.63).

Ao final do espetáculo o participante do grupo pode migrar para outro tipo de

espetáculo ou outras comunidades. Desta forma, as comunidades estéticas podem

ser destruídas com a mesma velocidade com a qual foram construídas. O indivíduo

se depara com uma gama enorme de opções, onde a entrada e a saída são

extremamente acessíveis.

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No nível do eu, um componente fundamental da atividade do dia-a-dia é simplesmente o da escolha. Obviamente nenhuma cultura elimina inteiramente a escolha dos assuntos cotidianos, e todas as tradições são efetivamente escolhas entre uma gama indeterminada de padrões possíveis de comportamento. Mas, por definição, a tradição, ou os hábitos estabelecidos, ordena a vida dentro de canais relativamente fixos (GIDDENS, 1991, p. 79).

A complexa variedade de escolhas esbarra na busca por uma satisfação

rápida e sem cobranças de nenhum tipo de taxa para entrar ou sair. Bauman (2003)

cita que nas comunidades estéticas o propósito de não-permanência e instabilidade

pode ser representado por entidades como celebridades, eventos, problemas ou

qualquer elemento que crie uma comunidade instantânea, descartável e pronta para

o consumo imediato.

Enquanto a vida comunitária apresenta características como compromissos

de longo prazo, obrigações com o grupo, direitos inalienáveis e o compartilhamento

fraterno, as comunidades estéticas não passam de uma experiência onde as

obrigações não são cobradas, ou mesmo não existem, e a liberdade de acesso ou

desistência assegura a facilidade de desfazer-se de uma identidade no momento

que ela deixa de ser satisfatória.

Os ídolos realizam um pequeno milagre: fazem acontecer o inconcebível; invocam “experiência da comunidade” sem comunidade real, a alegria de fazer parte sem o desconforto do compromisso.A união é sentida e vivida como se fosse real, mas não é contaminada pela dureza, inelasticidade e imunidade ao desejo individual que Durkheim considerava atributos da realidade, mas que os habitantes móveis da extraterritorialidade detestam como uma intromissão indevida e insuportável em sua liberdade (BAUMAN, 2003, p. 66).

Hall (2005) identifica a difusão do consumismo como contribuinte do que ele

chama de “supermercado cultural” (HALL, 2005, p. 75). Ou seja, o indivíduo se

depara com uma gama de diferentes identidades, e a escolha por uma ou várias

identidades cada vez mais se torna livre, independente de “tempos, lugares,

histórias e tradições” (HALL, 2005, p. 75).

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Essa gama cada vez maior de opções de identidades e a configuração de

novas comunidades, como as comunidades estéticas, são mais visíveis no centro do

mundo globalizado. Como afirma Hall (2005),

A proliferação das escolhas de identidades é mais ampla no “centro” do sistema global que nas suas periferias. Os padrões de troca cultural desigual, familiar desde as primeiras fases da globalização, continuam a existir na modernidade tardia. Se quisermos provar as cozinhas exóticas de outras culturas em um único lugar, devemos ir comer em Manhattan, Paris ou Londres e não em Calcutá ou em Nova Delhi (HALL, 2005, p.79).

2.5 Vida em Comunidade e a Perda da Liberdade

O caminho que leva à identidade é uma batalha em curso e uma luta interminável entre o desejo de liberdade e a necessidade de segurança, assombrada pelo medo da solidão e o pavor da incapacidade (BAUMAN, 2007, p. 44).

Se por um lado a vida em comunidade é em um primeiro momento algo que

representa uma vida em segurança, um paraíso almejado por muitos e conquistado

por poucos, por outro lado os poucos que alcançam a comunidade imaginada se

deparam com a limitação de escolhas que a vida comunitária impõe.

A segurança que a comunidade oferece está condicionada as escolhas que

os indivíduos não podem mais fazer. Para fazer parte de uma determinada religião,

por exemplo, é necessário viver de acordo com as leis e convenções que esse grupo

impõe ao indivíduo. Muitas vezes tipos de comportamento rigorosamente

observados pelo grupo fazem com que o indivíduo abra mão de sua liberdade,

optando ou não em continuar dentro da comunidade que lhe oferece segurança.

Embora não se possa conceber uma vida digna ou satisfatória sem uma mistura tanto de liberdade quanto de segurança, dificilmente se consegue um equilíbrio satisfatório entre esses dois valores [...] Um déficit na segurança repercute na angustiante incerteza, agora, fobia de que o “excesso de liberdade”, beirando uma permissão para o “tudo é válido”, inevitavelmente será nutrido. Um déficit na liberdade, por outro lado, é vivenciado como um debilitante excesso de segurança [...] (BAUMAN, 2007, p. 51).

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Giddens (1991) remete a idéia da grande variedade de escolhas que o

indivíduo contemporâneo deve fazer. Entre essas escolhas, há dois tipos de valores

que, na vida em comunidade, nunca são inteiramente ajustados e sem atritos. Os

valores mencionados são a segurança e a liberdade. Segundo Giddens (1991, p.

79), “A modernidade confronta o indivíduo com uma complexa variedade de

escolhas e ao mesmo tempo oferece pouca ajuda sobre as opções que devem ser

selecionadas”.

Valores igualmente preciosos, como a liberdade e a segurança, estão em jogo

e essa pode ser uma, entre a complexa variedade de escolhas que o indivíduo pode

fazer.

A “comunidade realmente existente”, se nos achássemos a seu alcance, exigiria rigorosa obediência em troca dos serviços que presta ou promete prestar. Você quer segurança? Abra mão de sua liberdade, ou pelo menos de boa parte dela. Você quer poder confiar? Não confie em ninguém de fora da comunidade. Você quer entendimento mútuo? Não fale com estranhos, nem fale línguas estrangeiras. Você quer essa sensação aconchegante de lar? Ponha alarmes em sua porta e câmeras de tevê no acesso. Você quer proteção? Não acolha estranhos e abstenha-se de agir de modo esquisito ou de ter pensamentos bizarros. Você quer aconchego? Não chegue perto da janela, e jamais a abra. O nó da questão é que se você seguir esse conselho e mantiver as janelas fechadas, o ambiente logo ficará abafado e, no limite, opressivo (BAUMAN, 2003, p. 09).

Bauman (2003) cita que a liberdade das pessoas em busca de identidade é

parecida com a de um ciclista, quando a penalidade por parar de pedalar é a queda,

e deve-se continuar pedalando apenas para manter a postura ereta.

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2.6 A Busca por Segurança como Miragem na Solidão

São as incertezas concentradas na identidade individual, em sua construção nunca completa e em seu sempre tentado desmantelamento com o fim de reconstruir-se, que assombram os homens e mulheres modernas, deixando pouco espaço e tempo para as inquietações que procedem da insegurança ontológica [...] a incerteza concentrada na identidade não precisa nem das benesses do paraíso, nem da vara do inferno para causar insônia. Está tudo ao redor, saliente e tangível, tudo sobressaindo demais nas habilidades rapidamente envelhecedoras e abruptamente desvalorizadas, em laços humanos assumidos até segunda ordem, em empregos que podem ser subtraídos sem qualquer aviso, e nos sempre novos atrativos da festa do consumidor, cada um prometendo tipos de felicidade não experimentados, enquanto apagam o brilho dos já experimentados (BAUMAN, 2003, p. 221).

A palavra comunidade sugere segurança. De uma maneira imaginada, fazer

parte de uma comunidade remete a idéia de se relacionar com pessoas bem

intencionadas, amigáveis e com prazer em prestar todo tipo de auxílio.

Quando somente os provedores da festa do consumidor parecem estar

dispostos a oferecer ajuda, norteada é claro por taxas de juros, a busca por uma

sensação de aconchego, por lealdade e segurança torna-se cada vez mais intensa.

Segundo Bauman (2003, p. 79), “Não ter comunidade significa não ter

proteção; alcançar a comunidade, se isto ocorrer, poderá em breve significar perder

a liberdade”.

A comunidade imaginada, buscada, sonhada, é o oposto do que Bauman

(2003) cita como “para nós em particular, que vivemos em tempos implacáveis,

tempos de competição e de desprezo pelos mais fracos [...] poucos se interessam

em ajudar-nos [...]”. A comunidade imaginada exige lealdade e trata tudo o que ficar

aquém de tal lealdade como um ato de imperdoável traição.

É interessante perceber que tanto do ponto de vista macro, como do micro, é

possível identificar que não só a sociedade, mas também os indivíduos estão

carentes de segurança, que depois de transformações tão amplas passou a ser mais

evidentes.

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A busca por essa sensação de segurança envolve a busca por tipos de

identidades carregadas de valores éticos. A busca por certeza, segurança e

proteção, como diz Bauman (2005), são as três qualidades que mais fazem falta nos

afazeres da vida e que não pode-se obter quando isoladas e dependendo dos

recursos escassos que dispõem em privado.

O cristianismo imbuiu a jornada humana sobre a Terra, risivelmente curta, da importância extraordinária de ser a única oportunidade de determinar a qualidade da existência espiritual eterna. Baudelaire via a missão do artista como sendo a de retirar a semente imortal do invólucro fulgaz do momento. De Sêneca a Durkheim, os sábios viviam relembrando a todos que queriam ouvir que a verdadeira felicidade (diferentemente dos prazeres momentâneos e ilusórios) só poderia ser obtida em associação com coisas de duração maior que a vida corpórea de um ser humano. Para um leitor comum contemporâneo, tais sugestões são incompreensíveis e parecem ser redundantes. As pontes que ligam a vida mortal à eternidade, laboriosamente construídas durante milênios, caíram em desuso. Nunca antes vivemos num mundo desprovido de tais pontes. É muito cedo para dizer o que podemos encontrar, ou em que condições poderemos nos ver envolvidos, vivendo num mundo assim (BAUMAN, 2005, p.150).

Bauman (2005) afirma que nunca antes vivemos num mundo desprovido de

tais pontes, referindo-se a caminhos capazes de burlar a natureza mortal do homem.

Conceitos religiosos, como o Cristianismo, que promete a vida eterna, caíram para

grande parte da sociedade em desuso.

Giddens (1991) aponta a crise existencial contemporânea no momento em

que conceitua as perguntas centrais oriundas da modernidade tardia. O que fazer?

Como Agir? Quem ser? São perguntas centrais para quem vive nas circunstâncias

da modernidade tardia, e perguntas que, num ou outro nível, todos respondemos,

seja discursivamente, seja no comportamento no dia-a-dia.

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2.7 Religião como Casulo Protetor

Nesse mundo de mudanças confusas e incontroladas, as pessoas tendem a reagrupar-se em torno de identidades primárias: religiosas, étnicas, territoriais, nacionais. O fundamentalismo religioso, cristão, islâmico, judeu, hindu e até mesmo budista (o que parece uma contradição em termos) provavelmente é a maior força de segurança pessoal e coletiva nestes anos conturbados (CASTELLS, 1999, p. 23).

Os relacionamentos humanos sofrem grandes transformações quando se

deparam em um mundo de “mudanças confusas e incontroladas”. Castells (1999)

afirma que a tendência e a busca por identidades primárias, conceituadas por ele

como religiosas, étnicas, territoriais e nacionais, é um reflexo destas transformações

constantes do mundo contemporâneo.

No momento em que o tempo e o espaço deixam de ser o eixo capaz de

gerar possibilidades de perpetuação e criação de vida comunitária, o indivíduo

desencaixado, conforme Giddens (1991), do tempo/espaço, encontra-se também

desvinculado, conforme Hall, das tradições e histórias da vida em comunidade.

Quanto mais à vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente” (HALL, 2005, p. 75).

Encontrar-se “desvinculado” de tradições e histórias, alimenta a busca por

questões como “O que fazer? Como Agir? Quem ser? (GIDDENS, 1991, p. 75). É

neste instante que a busca por identidades primárias se torna mais visível. Segundo

Giddens (2002, p. 169), “Uma pessoa pode refugiar-se num estilo de vida tradicional

ou preestabelecido como meio de aliviar as ansiedades que de outra maneira

poderiam afligi-la”.

Giddens (2002) utiliza a palavra “refugiar-se”, que remete à idéia de proteção,

como o colo materno para a criança ainda dependente das necessidades mais

primárias. Essa idéia também é compartilhada por Bauman (2005) no momento em

que ele conceitua comunidade como um casulo protetor, dizendo que não ter

comunidade significa não ter proteção; alcançar a comunidade, se isto ocorrer,

poderá em breve significar perder a liberdade.

A busca por uma comunidade pode ser explicada como uma simples busca

por proteção em um mundo cheio de aflições e transformação. Fazer parte de uma

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comunidade é estar vinculado com o tempo, lugar, histórias e tradições. É viver a

dialética de por um lado estar seguro e por outro não poder experimentar outros

tipos de identidades.

Giddens (2002) diz que hoje, ninguém pode deixar de estar consciente de que

viver segundo os preceitos de uma determinada fé é uma entre outras escolhas.

É nesse clima global de insatisfação, mudanças e questionamentos

individuais que a crença religiosa torna-se um dos eixos vitais e capazes de fornecer

o apoio e segurança necessária em um mundo desprovido de proteção.

Giddens (2002) compartilha dessa idéia ao citar que formas mais atenuadas

de crença religiosa, entretanto, também podem oferecer apoio importante na tomada

de decisões vitais significativas.

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CAPÍTULO III

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3. Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera: Uma Igreja Inserida na Pós-

Modernidade

Já foram discutidas anteriormente algumas implicações sociais oriundas da

avalanche tecnológica na sociedade contemporânea. A partir de agora iremos

observar essas implicações sociais na Comunidade Presbiteriana Chácara

Primavera. De que maneira isso ocorre? Como uma comunidade religiosa está

inserida em um contexto de mudanças profundas e constantes? Por que pessoas de

diversas posições geográficas buscam uma comunidade com conteúdo na internet?

Qual o discurso institucional desta comunidade em relação às mudanças da

sociedade atual?

A discussão dos questionamentos acima é possível a partir da análise de

depoimentos publicados no site da igreja e da análise de algumas pregações

disponíveis. Aliado aos aspectos acima, a análise terá como base uma pesquisa

realizada com 107 usuários do site, conforme quadro abaixo.

Quadro 4 - Pesquisa realizada no site entre fevereiro e março de 2008 – 107

entrevistados

Formação

3o. Grau Completo 35,5%(38 votos)

3o. Grau Incompleto 28,9%(31 votos)

2o. Grau Completo 10,2%(11 votos)

Pós Graduação Completa 10,2%(11 votos)

Pós Graduação Incompleta 4,6% (5 votos)

Mestrado Completo 4,6% (5 votos)

Mestrado Incompleto 4,6% (5 votos)

1o. Grau Completo 0,9% (1 voto)

Idade

31 a 40 anos 42% (45 votos)

41 a 50 anos 18,6%(20 votos)

26 a 30 anos 17,7%(19 votos)

21 a 25 anos 14% (15 votos)

51 a 60 anos 7,4% (8 votos)

16 a 20 anos 1,8% (2 votos)

10 a 15 anos 0,9% (1 voto)

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Sexo

Masculino 63,2%(67 votos)

Feminino 36,7%(39 votos)

Religião

Protestante 92,1%(94 votos)

Pentecostal 6,8% (7 votos)

Católica 0,9% (1 voto)

Localidade

Brasil 93,1%(95 votos)

Japão 2,9% (3 votos)

EUA 1,9% (2 votos)

Outros 1,9% (2 votos)

Tempo que utiliza o site

1 a 2 anos 37,2%(38 votos)

Menos de 1 anos 34,3%(35 votos)

Mais de 3 anos 28,4%(29 votos)

Envolvimento com a comunidade

Virtual 53,9%(55 votos)

Membro 22,5%(23 votos)

Freqüentador 12,7%(13 votos)

Visitante 5,8% (6 votos)

Parente/Amigo 4,9% (5 votos)

Costuma ouvir as mensagens

Sozinho 67,6%(67 votos)

Com mais 1 pessoa 27,2%(27 votos)

Com mais 2 pessoas 3% (3 votos)

Com mais 3 pessoas 2% (2 votos)

Como esse grupo é formado?

Amigos 50% (25 votos)

Parentes 48% (24 votos)

Vizinhos 2% (1 voto)

Motivos

Fé 42,8%(45 votos)

Interessemensagem específica 33,3%(35 votos)

Outro 20,9%(22 votos)

Indicação 2,8% (3 votos)

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Foram analisados alguns dados da pesquisa acima em contraponto com uma

pesquisa realizada pelo IBGE (PNAD 2005) publicada no site da Teleco, vide

pesquisa na íntegra em documento anexo, sobre o perfil dos usuários de Internet no

Brasil.

Enquanto a faixa etária dos usuários da Chácara Primavera em sua maioria

se dá entre 31 a 50 anos de idade, no Brasil a maior quantidade de usuários está

entre 10 a 24 anos de idade. O fato da faixa etária dos usuários do site da Igreja ser

maior que a maioria dos usuários no Brasil pode estar relacionada com o elevado

grau de instrução declarado na pesquisa acima aliada com a linguagem institucional

utilizada pela igreja.

Vale lembrar que o pastor titular da Chácara Primavera, Ricardo Agreste, é

formado em teologia e filosofia com Mestrado em Missiologia Urbana pelo Calvin

Theological Seminary, Michigan, Estados Unidos. A formação deste pastor pode

influenciar na linguagem das mensagens pregadas na igreja.

No Brasil, mais da metade dos usuários de Internet são do sexo masculino.

Na Chácara Primavera esse dado não é diferente, sendo que mais de 63% dos

entrevistados são homens.

3.1 Chácara Primavera uma Igreja Inserida no Modelo Tecnológico de Cultura

Eu buscava uma igreja que não fosse legalista, nem religiosa. Felizmente encontrei a Comunidade Chácara Primavera e através das mensagens do Pr. Ricardo – que tem muito a ver com nossas convicções – quero dizer que minha vida e do meu marido tem se fortalecido espiritualmente, nos tirando a sensação de culpa constante que nos impedia de crescer. Agora temos transmitido nossas convicções para nossa filha na Itália e me alegro por esse encontro. Quero apenas agradecer a Deus por essa comunidade, principalmente pelos pregadores, pois a Palavra de Deus tem nos alcançado, mesmo a 12.000km de distância, agora me sinto tão presente como se estivesse aí. Continuemos, portanto, unidos em Cristo. (Eliane Sevi – França - 15/01/2008).

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No primeiro capítulo desta pesquisa, viu-se que a Chácara Primavera é uma

igreja inserida na cibercultura. Alguns aspectos norteiam essa afirmação, como, por

exemplo, o compartilhamento de informações por meio de uma tele-memória,

conforme a idéia de Pierre Lévy (1999), fazendo com que pessoas possam interagir

independente da posição geográfica e do momento da recepção. Tais características

estão presentes na Chácara Primavera, podemos chegar nesta conclusão

analisando alguns depoimentos de usuários do site da igreja. O depoimento acima,

realizado pela usuária Eliane Sevi, ilustra o cenário descrito por Lévy (1999). Eliane

Sevi (2008) está na França e utilizando a internet, como meio, passa a se sentir

parte integrante de uma igreja localizada fisicamente em Campinas, interior de São

Paulo. A tele-memória, citada por Lévy (1999), está presente no momento em que a

comunidade local grava uma mensagem e deixa-a disponível na internet, a partir

dessa tele-memória que pessoas de diferentes posições geográficas, como por

exemplo, a Eliane Sevi (2008), passam a interagir ativamente, como no caso desta

usuária que resolveu registrar seu depoimento e afirma transmitir as convicções da

igreja para sua filha que mora em outro país.

No que tange ao binômio Espaço/Tempo, os longos e habituais transcursos da história, bem como a geografia do planeta são submetidos à lógica da instantaneidade: desaparecem. Tudo se dobra a tutela da imediatez. Ao mesmo tempo que o planeta é sacudido pela desterritorialização, ele se reterritoraliza na e através das redes. No compasso da "temporalização" do espaço urbano efetuada pelo tempo real da velocidade da luz, processa-se também a socioespacialização do tempo na forma da imagem mediática da tela como novo contexto de atuação humana (TRIVINHO, 2001, p. 64).

A idéia de Trivinho (2001), que a imagem mediática da tela é um novo

contexto de atuação humana, se confirma no momento em que analisamos algumas

mensagens de usuários do site da igreja. Se por um lado a convicção religiosa, no

caso o cristianismo, remete diversas vezes à idéia de comunhão, de vida

comunitária, por outro lado a Igreja Chácara Primavera revela como uma das facetas

da comunidade um exemplo de interação mediada pela tela de um computador.

Na pesquisa realizada com usuários do site, mais de 53% afirmam ter um

relacionamento com a igreja apenas virtual. A partir deste dado é possível afirmar

que a Chácara Primavera é uma igreja inserida no modelo tecnológico de cultura.

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Apenas o fato de pessoas responderem virtualmente uma pesquisa, já aponta a

interatividade entre a igreja e a comunidade virtual. Lévy (1999) afirma que o

desenvolvimento das comunidades virtuais se apóia na interconexão e que isso

acontece independente das proximidades geográficas, dado que pode ser verificado

ao analisar a localidade das pessoas que registram seus depoimentos no site. Além

disso, Pierre Lévy (1999) diz que uma comunidade virtual é construída sobre as

afinidades de interesses. Essa afirmação de Lévy (1999) justifica porque mais de

92% dos usuários do site se consideram da religião Protestante.

Voltando na análise do depoimento da usuária Eliane Sevi (2008) que

descreveu que buscava uma igreja que não fosse legalista, nem religiosa e se diz

satisfeita por ter encontrado essa comunidade. Tal declaração vai de encontro com a

idéia de Lévy (1999) quanto à construção de uma comunidade virtual baseada nas

afinidades de interesses.

Ver uma igreja inserida no modelo tecnológico de cultura remete a idéia de

Raquel Paiva quando diz que o encurtamento das distâncias e mesmo as unidades

de tempo foram modificadas, a partir do advento de novas tecnologias, gerando um

novo ambiente e, consequentemente, novas formas de sociabilização.

Na figura a seguir, pode-se ver a imagem do site da Chácara Primavera na

área reservada para depoimentos de usuários, área chamada de Transformando

Vidas, nome esse que já indica a idéia de interatividade entre a igreja e o usuário.

Figura 4 – Área Reservada para Depoimentos

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3.2 Chácara Primavera e a Configuração de Novas Comunidades

Amados, quero agradecer em nome de muitos, que como eu, moram no Japão e não tem uma igreja por perto. As mensagens do Pr. Ricardo Agreste tem sido sustento para alma, nos ajudando a permanecer em Cristo.Deus abençoe ricamente os amados pelo trabalho que vem fazendo (Renato Ortiz - Japão - 27/11/2006)

O rompimento das relações sociais dos contextos local-temporais em

estruturas indefinidas de tempo e espaço é facilmente visualizado no site da

Chácara Primavera em uma área chamada, transformando vidas, que se define

como um espaço aberto para a troca de experiências. Basta uma rápida navegada

nesta área para verificar a presença de depoimentos dos mais diferentes países e

cidades. Além disso, na pesquisa mencionada acima 53,9% dos entrevistados dizem

ter um relacionamento com a igreja apenas virtual, dado que já aponta para tal

rompimento.

Mensagens como a citada acima, pelo usuário Renato Ortiz (2006), são

constantes nos depoimentos desta área do site. Trata-se de um brasileiro que mora

no Japão e utiliza o site em função da ausência de igrejas em seu país, este caso

caracteriza a ruptura do espaço físico, em função dos adventos tecnológicos uma

pessoa pôde sentir-se abençoada por uma comunidade distante fisicamente por

milhares de quilômetros. Giddens (1991) diz que conforme diferentes áreas do globo

são postas em interconexão, ondas de transformação social penetram através de

virtualmente toda a superfície da terra e esse é um exemplo de transformação.

A ruptura do tempo também pode ser verificada na mensagem acima visto

que o site disponibiliza as pregações gravadas e desta forma o usuário do Japão

pode ouvir em qualquer momento uma mensagem gravada no Brasil há 3, 4 ou 5

anos atrás. Vale lembrar que cerca de 7% dos entrevistados disseram residir fora do

Brasil. Segundo Castells (1999), a sociedade em rede está fundamentada na

disjunção sistêmica entre o local e o global para a maioria dos indivíduos.

A modernidade emerge rompendo e deslocando as relações sociais dos

contextos local-temporais para estruturas indefinidas de tempo e espaço, como visto

anteriormente, essa transformação Giddens (2002) conceituou como desencaixe.

É neste cenário de mudanças sociais e avanços tecnológicos que segundo

Bauman (2003), novos tipos de comunidades emergem, como por exemplo, as

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comunidades estéticas e as comunidades éticas. Debatemos no capítulo anterior o

surgimento das comunidades estéticas, que tem como característica o propósito de

não permanência e instabilidade, ou seja, uma comunidade instantânea, descartável

e pronta para o consumo imediato, desprezando a noção de permanência e

compromisso com o grupo social.

Para analisar em que tipo de comunidade a Chácara Primavera se encontra

faz-se necessário lançar luz sobre outro tipo de comunidade, conceituada por

Bauman como as comunidades éticas.

[...] comunidade ética, em quase tudo o oposto do tipo “estético”. Teria que ser tecida de compromissos de longo prazo, de direitos inalienáveis e obrigações inabaláveis [...] os compromissos que tornariam ética a comunidade seriam do tipo do “compartilhamento fraterno”, reafirmando o direito de todos a um seguro comunitário contra erros e desventuras que são os riscos inseparáveis da vida individual (BAUMAN, 2003, p. 68).

Bauman (2003) apresenta dois tipos de comunidades distintas que em alguns

pontos se enquadram nas características da Chácara Primavera. A comunidade

estética possui a característica do consumo imediato, sem vínculo com o grupo

social. Tal característica pode ser associada a Chácara Primavera, uma vez que

mais de 53% dos entrevistados declararam manter um relacionamento com a

comunidade apenas virtual, sem todas as obrigações constantes de relacionamento

com um grupo social localmente localizado. No entanto, a Chácara Primavera

também está carregada com características da comunidade ética, embora mais da

metade dos entrevistados tenha declarado um relacionamento apenas virtual com a

comunidade, mais de 37% dos entrevistados declararam utilizar o site da

comunidade entre 1 e dois anos seguidos, tal dado aponta para uma permanência

do usuário com o site.

Definir a Chácara Primavera em um perfil comunitário específico é muito

difícil, pois trata-se de um novo ambiente com nova forma de sociabilização, como

diz Raquel Paiva em relação ao advento de novas tecnologias.

Para fazer parte de uma determinada identidade o indivíduo normalmente

encontra-se em uma comunidade, para que o perfil identitário seja autenticado. Ao

pertencer a um grupo social, ou comunidade, o indivíduo utiliza os símbolos

diretores que norteiam e caracterizam a identidade. Desta maneira verifica-se em

nos testemunhos de usuários do site que, mesmo em outros países, mantém contato

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com a comunidade local como uma tentativa de preservar os vínculos com uma

comunidade religiosa. Segundo Bauman (2003, p. 134), “Todos precisamos ganhar

controle sobre as condições sob as quais enfrentamos os desafios da vida, mas para

a maioria de nós esse controle só pode ser obtido coletivamente”.

No momento em que mais de 32% dos entrevistados afirmam que escutam as

mensagens do site com uma ou mais pessoas, pode-se verificar a tendência da

busca pela coletividade. Mais de 50% destes grupos são formados por amigos, o

que pode representar uma busca por algo além da vida em família, limitada nas

pessoas que vivem no mesmo lar, e talvez uma busca por uma vida comunitária com

trocas de experiências e relacionamento.

Em diversos momentos o site da Chácara Primavera deixa claro para o

internauta que ele é apenas uma publicação virtual de uma comunidade que existe

presencialmente. Esse aspecto é facilmente visualizado em algumas áreas como,

por exemplo, a área Grupos de Estudo em que consta uma agenda com a

programação de estudos na casa de membros presenciais da Igreja. Além disso,

algumas áreas mostram fotos de membros da comunidade em momentos de festa,

esporte e descontração. Todos esses elementos representam um apelo emocional

para o internauta que pode estar sedento pela comunidade imaginada anteriormente

discutida.

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Figura 5 – Fotos de Eventos

Figura 6 – Grupos de Estudo

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Figura 7 – Apresentação de Eventos

Aqui em terras distantes temos sido edificados pelas belas mensagens e músicas do site. Como família, gostaríamos de agradecer ao Pr. Ricardo, ao Guilherme Kerr e ao Jorge Camargo e a igreja por disponibilizarem tanta coisa boa. Por favor, transmita a eles nosso abraço e oração para que o Pai os guarde, capacite e use mais e mais (Edmar e família - Calcuta/Índia, 17/09/2006).

O testemunho acima pode ser um exemplo desse compartilhamento do

conteúdo do site. Neste caso uma família agradece por disponibilizar mensagens e

músicas. Entre inúmeros casos há também o caso de um usuário do site que têm um

projeto de implantação de igrejas e utiliza o site como fonte de informações. Desta

maneira também essa comunidade torna-se co-responsável pela implantação de

novas comunidades, sejam elas grupos familiares, grupos de amigos ou mesmo

novas igrejas.

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Tem sido benção ter encontrado o site da Chácara Primavera. Temos um projeto aqui em Salvador com o pastor Otacílio Fernando Barreto de Souza de implantação de igreja com propósito. E estamos nessa caminhada. Dificuldades de informações e troca delas, de incentivo e de parceiro. Estamos num bairro classe media de Salvador. Pretendemos manter contato com vocês e também no caso do pastor Fernando, de participar dos encontros que acontecem ai em Campinas. Orem por nós e que Deus continue abençoando o trabalho (Marcos Santos - Salvador/BA, 21/09/2006).

Vale ressaltar que entre as mais de 100 mensagens analisadas no site, como

pesquisa de campo para essa pesquisa, vide relação das mensagens ouvidas em

documento anexo, não percebemos nenhum chamado institucional no sentido de

aumentar a membrezia ou o número de visitantes da igreja. No discurso dogmático

da igreja há algumas menções quanto a vida em comunidade e a necessidade de

investir tempo, esforço e recursos na própria comunidade.

O conteúdo do site da igreja também não faz nenhum chamado para

arrecadação de dízimos e ofertas. No site não consta conta bancária, carnês, ou

qualquer chamado que instigue o usuário a contribuir financeiramente com a Igreja.

O único espaço relacionado a finanças é uma área chamada de Apoio nas Crises,

onde a Igreja procura ajudar as necessidades básicas materiais, conforme imagem

abaixo.

Figura 8 – Apoio nas Crises

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3.3 Chácara Primavera: A Busca por Segurança e as Limitações da Liberdade

EM TORNO DA MESA: O desafio de construir uma comunidade de amor e maturidade 05/06/05 – Pr. Ricardo Agreste [...] na comunidade cristã, Deus nos convida a um relacionamento com pessoas completamente diferentes de nós, pessoas com histórias completamente distintas, pessoas com preferências diferentes, pessoas com jeitos distintos, Deus nos dá doze habilidades diferentes e ai, no seio da comunidade cristã nós também vamos ter a oportunidade de fazer a opção, a opção pelo não amor, ou amor a si mesmo, e conseqüentemente a imaturidade [...] quando no contexto da comunidade cristã você olha para a comunidade cristã pensando: essa comunidade, como ela pode me servir? Como ela pode me agradar? Eu não gostei disso, eu não gosto daquilo. Ei, eu não fui bem recebido no último domingo! Ei, ninguém olhou pra mim! Ei, as pessoas estão pisando na bola comigo! [...] Mas, você pode no seio da comunidade cristã fazer uma opção pelo amor, e tomar uma decisão de ter atos de respeito e bondade com as pessoas que te cercam [...] vir para uma comunidade com a expectativa de servir e acolher.

Alcançar a comunidade imaginada pode significar aos poucos encarar a

limitação das escolhas que a vida comunitária impõe. Em algumas mensagens da

igreja o preletor, na grande maioria das vezes o pastor Ricardo Agreste, expõe que,

segundo o pensamento cristão, a vida em comunidade cristã é uma vida acima de

tudo de serviço para com o próximo. Na citação acima, gravada em junho de 2005, o

pastor Agreste deixa claro que o indivíduo tem duas opções, a opção de ser servido

dentro da comunidade ou a opção de servir na comunidade. O discurso apresentado

na mensagem deixa claro que a igreja segue como linha dogmática a segunda

opção, cada membro da comunidade serve a própria comunidade.

Essa idéia de opções remete ao pensamento de Giddens (2002) quando diz

que a modernidade confronta o indivíduo com uma complexa variedade de escolhas

e ao mesmo tempo oferece pouca ajuda sobre as opções que devem ser

selecionadas. Ao optar pelo serviço dentro da comunidade o indivíduo passa a se

submeter à liderança da igreja, tal fato pode significar a perda da liberdade, uma vez

que você fará aquilo de acordo com o direcionamento estratégico da própria igreja.

Segundo Bauman (2003, p. 79), “Não ter comunidade significa não ter

proteção; alcançar a comunidade, se isto ocorrer, poderá em breve significar perder

a liberdade”.

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Vale ressaltar que nos testemunhos dos usuários do site não há nenhuma

menção ao fato do serviço em comunidade. Seria esse um fato apenas para quem

presencialmente faz parte da comunidade? Sim, uma vez que virtualmente o usuário

não tem nenhuma obrigação com o grupo presencial.

EM TORNO DA MESA: O desafio de construir uma comunidade de amor e maturidade 05/06/05 – Pr. Ricardo Agreste [...] Na verdade, tudo que acontece numa comunidade cristã é fruto de pessoas que se comprometem a servir uma as outras, nada acontece numa comunidade cristã se pessoas não tiverem a disposição de dedicar parte do seu tempo, parte do seu esforço, parte dos seus recursos financeiros, para abençoar aqueles que vão chegar, se assentar e vão apenas usufruir [...].

Uma comunidade imaginada pode remeter a idéia de que o indivíduo passa a

se relacionar com pessoas bem intencionadas, amigáveis e com prazer em prestar

todo tipo de auxílio. Bauman (2003) cita que para enfrentar os desafios da vida a

maioria das pessoas só alcança o controle coletivamente. É nesse pensamento, que

a comunidade imaginada passa a ser vista como um local onde as pessoas exercem

a lealdade, tornando-a um local seguro.

4ºAniversário da Comunidade: A Igreja e o Compromisso com o acolhimento. 06/03/05 – PR. Ricardo Agreste Todos nós estamos aqui porque temos um desejo, o desejo de sermos amados. Nós estamos à procura de um lugar onde nós possamos ser exatamente o que somos e não sermos rejeitados.

A linha dogmática da Igreja Chácara Primavera pode ser vista, por exemplo,

em uma mensagem gravada em março de 2005, na ocasião do aniversário da

comunidade. Nessa mensagem entre outras coisas o pastor Agreste ressalta que

todos têm um desejo de ser amados e estão à procura de um lugar onde o indivíduo

não será rejeitado.

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Olá! Graça e Paz! Sou pastor recém formado no seminário de Tokyo, servindo em uma pequena Igreja na região de Yokohama. Eu gostaria de compartilhar o quanto Deus tem usado as mensagens do Pr. Ricardo para me exortar e inspirar aqui. O ministério entre dekasseguis é um pouco estressante, demanda bastante tempo, muitas visitas, viagens, muitas pregações e infelizmente raros encontros entre obreiros e pastores para compartilhar e orarmos juntos. As mensagens que tenho ouvido pela internet tem sido como um bálsamo, sinto como se estivesse sentado aí na Igreja assistindo o culto. Por favor, orem por nós. O Japão é um país próspero, bonito, cheio pessoas educadas e bem de vida. Só que ao mesmo tempo, pobre, cego e sem esperança. Tem batido recorde de suicídios. Na minha Igreja não temos nenhum grupo de estudo por falta de líderes. A maior desculpa (com razão) é a falta de tempo e o cansaço. Minha oração diária tem sido por pessoas para trabalhar, dar um estudo bíblico, discipular outros. Mais uma vez, obrigado por tudo! Deus Abençoe! Marcio Kamiyama - Japão - 15/02/2007

Giddens (2002) cita que uma pessoa pode refugiar-se em um estilo de vida

tradicional ou preestabelecido como meio de aliviar as ansiedades que de outra

maneira poderiam afligi-la. Somando esse pensamento com o de Castells (1999),

que diz que na sociedade contemporânea a tendência do reagrupamento se dá nos

tipos de identidade primários, com, por exemplo, a religiosa. Por esse motivo uma

pessoa no Japão pode dizer que ao ouvir as mensagens da igreja na internet se

sente como estivesse sentado na igreja, presencialmente, assistindo ao culto. Trata-

se de um exemplo em como, na sociedade contemporânea, os indivíduos buscam

cada vez um lugar para refugiar-se, um lugar para se sentir seguro.

Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas, desalojadas, de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente” (HALL, 2005, p. 75).

O anseio por uma comunidade imagina é, antes de mais nada, a busca por

estar vinculado a um grupo que transmita segurança. A busca por tipos de

identidades primárias remete a idéia de proteção, como o colo materno para a

criança ainda dependente das necessidades mais primárias.

A segurança que a comunidade oferece está condicionada as escolhas que

os indivíduos não podem mais fazer. Viver em comunidade é estar diante de um

confronto entre a segurança oferecida e a liberdade limitada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O site da Chácara Primavera nos permite constatar que esse tipo de

comunidade religiosa na Internet não se adéqua em nenhuma modalidade teórica

analisada, mas ao mesmo tempo se constitui de um modo novo.

A constatação desta consideração final se deu a partir de todo percurso que

este trabalho percorreu. Em um primeiro instante essa pesquisa procurou discutir a

transformação das comunidades tradicionais, encaixadas no tempo e espaço, para o

processo de desencaixe, conceituado por Giddens (2002) como o deslocamento das

relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de

extensões indefinidas de tempo-espaço.

A transformação de comunidades encaixadas para desencaixadas, contou

como um dos principais protagonistas, com o advento de novas tecnologias. Foi

através de novas tecnologias que surgiu também um modelo tecnológico de cultura,

a cibercultura. Esse é outro ponto que o trabalho buscou lançar luz e constatou que

a Chácara Primavera é uma comunidade inserida na cibercultura. Tal afirmação foi

baseada na análise teórica de autores como Pierre Lévy (1999) e Eugênio Trivinho

(1999) em contraponto com as características presentes no site da igreja.

Buscamos também situar o leitor com um breve histórico sobre a igreja

evangélica no Brasil e seu relacionamento com a mídia. Como o objeto de estudo de

análise é baseado na Internet como mídia e grande parte do relacionamento entre a

igreja evangélica brasileira e mídia se deu através da televisão, procuramos pontuar

algumas características diferentes entre essas duas mídias. A televisão expõe um

conteúdo editorial pré-definido, enquanto que a internet disponibiliza todo o conteúdo

da igreja na ordem com a qual o usuário melhor se identificar. A permanência do

telespectador é galgada a partir da técnica do show televisivo, enquanto que a

internet, no caso desta igreja, dispõe apenas do seu conteúdo e a organização com

a qual ele é disposto para manter o internauta conectado.

Esse trabalho buscou expor alguns flancos a respeito da configuração de

novas comunidades e identidades. Antes de iniciar qualquer tipo de debate, baseado

em dois autores, Bauman (2003) e Hall (2005), pontuou-se uma distinção entre os

conceitos de identidade e comunidade. Identidade está relacionada essencialmente

ao indivíduo, enquanto que a comunidade está relacionada aos grupos sociais que

autenticam determinada identidade ao indivíduo.

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A partir desta definição conceitual esse trabalho galgou rumo a discussão

sobre a vida em comunidade e a perda da liberdade. Baseado em Bauman (2003) e

Giddens (2002), este item da pesquisa concluiu que para fazer parte de uma

comunidade, uma comunidade religiosa como exemplo, é necessário viver de

acordo com as leis e convenções que esse grupo impõe ao indivíduo. Muitas vezes

tipos de comportamento rigorosamente observados pelo grupo fazem com que o

indivíduo abra mão de sua liberdade.

Outro aspecto abordado foi a busca por segurança, quando em uma

comunidade imaginada fazer parte de uma comunidade remete a idéia de se

relacionar com pessoas bem intencionadas, amigáveis e com prazer em prestar todo

tipo de auxílio. Tais características representam uma sensação de conforto e

segurança para o indivíduo.

Desta forma, valores igualmente preciosos, como a liberdade e a segurança,

estão em jogo e essa pode ser uma, entre a complexa variedade de escolhas que o

indivíduo pode fazer.

A pesquisa com mais de 100 usuários do site da igreja, aliada aos

depoimentos publicados no site e trechos das mensagens pregadas na igreja,

fizeram parte dos elementos com os quais esse trabalho buscou analisar uma

comunidade religiosa na internet.

Para concluir que o site da Chácara Primavera é uma comunidade religiosa

que se constitui de modo novo e diferente das modalidades teóricas analisadas, o

trabalho lançou luz especialmente sobre dois tipos de comunidades, as estéticas e

éticas, alicerçado sobre os estudos de Bauman (2003). As comunidades estéticas

têm como característica o propósito de não permanência, instabilidade, consumo

imediato, enquanto que as comunidades éticas são tecidas com compromissos de

longo prazo e permanência. A partir dessas definições teóricas, concluímos que o

site da Chácara Primavera não se encontra alojada em nenhum desses dois tipos de

comunidades, mas, ao mesmo tempo, flerta com os dois. Não encontramos também,

em outros teóricos constantes nos referenciais desta pesquisa, alguma modalidade

a respeito de comunidades, capaz de enquadrar a objeto de análise em questão.

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REFERÊNCIAS

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Anexos

Transcrição da Mensagem Publicada no Site da Igreja Presbiteriana Chácara Primavera: Batalha Espiritual: quando enfrentamos o invisível (1) – 03/09/06

Pr. Ricardo Agreste OK. Nós temos conversado sobre este tema “Por que sofremos” e a nossa

intenção aqui é oferecer a cada um de vocês a oportunidade de refletir sobre essa pergunta a partir das bases da espiritualidade cristã. Você pode pegar essa pergunta e tentar construir a resposta baseado em outro tipo de espiritualidade. Ou até mesmo você pode pegar essa pergunta e tentar construir a resposta a partir de qualquer tipo de pensamento secular. Nós aqui queremos oferecer pra você um óculos através do qual você possa enxergar este problema. Eu quero apresentar pra você o que as páginas da Bíblia nos dizem acerca do problema do sofrimento. E até aqui, nós temos visto o seguinte, na primeira palestra nós conversamos sobre o fato de que muito do que existe diante de nós e que se caracteriza como sofrimento são coisas decorrentes de uma maldição feita pelos nossos ancestrais no passado. Não era para ser assim. Mas uma maldita opção feita no passado gerou um desequilíbrio total nas relações humanas. Na relação do homem para com Deus, na relação do homem para com a humanidade, na relação da humanidade para com a natureza. E nós colhemos hoje conseqüências desse desequilíbrio. Mas graças a Deus, Ele é amoroso, Ele é poderoso em meio aos desequilíbrios da nossa história pessoal e da história da humanidade. As páginas da Bíblia nos dizem que Deus está trabalhando ao longo da história, restaurando a história e restaurando a nossa história pessoal. Deus está trabalhando, a todo tempo. Nas situações mais ordinárias aos nossos olhos.

Depois, nós conversamos sobre a oração daquele que sofre. Como aquele

que sofre ora. E o pastor Carlos Bosma esteve nos mostrando através do salmo 13 como aquele que se vê em sofrimento, tendo Deus como a razão primária desse sofrimento óbvio. Ou, como aquele em meio ao sofrimento percebe que o sofrimento que enfrenta é decorrente do seu inimigo. Salmo 13.

Mas na semana passada, nós conversamos sobre um outro salmo. O salmo

51 e 50, mostrando como que ora. Aquele que está sofrendo e que chega à conclusão que o seu sofrimento é decorrente do seu erro pessoal. Mas não do seu equívoco e sim do seu erro, seu pecado pessoal. Uma atitude gerou problemas na vida e isso não é decorrente meramente do desequilíbrio da humanidade nem muito menos dos nossos inimigos que tramam contra a gente, mas nesse caso, no Salmo 51, o Samir se identifica que ele pisou na bola. E ele está sofrendo as conseqüências do seu erro, do seu pecado. E aí nós temos a oração daquele que sofre quando ele reconhece o seu próprio erro. Agora, hoje eu quero conversar com vocês sobre um tema altamente complicado. Porque eu sei que eu vou lidar aqui com um tema no qual, talvez, um terço, do grupo que está ouvindo nesse instante essa palestra acredita na relevância desse tema. O outro terço acha que esse tema

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não é relevante porque vê esse tema com certo ceticismo. Esse um terço do qual eu estou falando agora vai encarar essa palestra meio como que agarrada em primícias da Idade Média, aonde os homens criam que sobre as suas cabeças existiam anjos impostetáveis digladiando por suas vidas.

Existe um outro um terço. Um outro um terço que, apesar de achar que esse

tema é relevante, tem construído toda a sua percepção acerca desse tema baseado na religiosidade pagã. Eu não estou falando daqueles que não freqüentam igrejas evangélicas, eu estou falando agora principalmente de alguns que freqüentam igrejas evangélicas e que construíram uma percepção dessa temática achando que construíram nas bases e nas primícias da espiritualidade cristã, mas as bases e as primícias nas quais eles construíram têm muito mais a ver com paganismo do que com cristianismo.

Eu fiquei maravilhado com uma coisa. Quando eu cheguei aqui, o Renato

disse “Ricardo, a gente fez uma mudança e a gente pode colocar o castelo forte depois da pregação”. Eu disse “Renato, talvez fosse interessante colocar antes da pregação”. E eu entendi agora por que era para ser antes da pregação. Porque eu já cantei esse hino várias vezes. Mas eu nunca havia cantado esse hino, com toda a informação que eu tenho para transmitir para vocês nessa noite. E quando eu cantei esse hino, com toda a informação que eu tenho para transmitir para vocês esta noite, a sensação que eu tive foi “UAU”, “UAU“, Martinho Lutero quando escreveu isso no século XVI tinha uma perspectiva completamente diferente de muitos líderes, pastores, bispos, apóstolos que enchem a cabeça do povo hoje em dia. Um monte de bobagem e paganismo relacionado ao que nós chamamos de batalha espiritual. Fiquei até tentado, no bom sentido, a cantarmos depois da mensagem castelo forte outra vez para você perceber isso. Como Martinho Lutero escreve um texto sobre batalha espiritual com afirmações sem medo algum, dizendo “Deus está comigo, mesmo quando eu não consigo lidar com a situação, Deus está comigo”. Bem, se você pegar o texto de Efésios, capítulo VI, mais tarde eu vou voltar nesse texto no seu contexto maior, eu só queria citar para você agora o verso 12 desse texto que diz: “Pois nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” Repare, com esse verso, o apóstolo Paulo não está dizendo que todo nosso sofrimento, toda a nossa diversidade, toda a nossa dor é decorrente de uma batalha espiritual que se dá no campo do invisível. Não é isso que ele está falando. É da mesma maneira que eu tratei com vocês na semana passada acerca do perigo do reducionismo, interpretar toda a dor, todo o sofrimento ou toda a diversidade como fruto do meu pecado, a Bíblia não nos ensina isso da mesma forma, a Bíblia não nos ensina esse reducionismo. Achar que toda dor, todo sofrimento ou todo problema é decorrência de batalha espiritual.

Tem gente que quando começa a adentrar nesse tipo de ensinamento, cá pra

nós, começa a ver demônio em tudo quanto é canto. Se eu fosse um desses, por exemplo, eu diria que o meu time apanhou de cinco hoje porque o diabo está querendo me oprimir. Pior ainda se eu recebesse a notícia que o Corinthians ganhou de cinco. Aí eu iria dizer “Que batalha espiritual. Orem queridos”.

Nem tudo o que acontece na nossa vida pode ser explicado a partir dessa

primícia. E se você o faz, esse é um caminho muito perigoso, muito perigoso. Deixa

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eu te contar o porque. Primeiro, por que pessoas que começam a interpretar toda vida visível a partir da dimensão invisível, elas começam a se achar no direito de não assumirem responsabilidades pelos seus próprios atos.

Pastor Sávio, eu cometi aquele erro grosseiro, de fato, foi muito grosseiro, foi

terrível, mas pastor era o diabo atuando na minha vida. Ah, o diabo costa larga. Tudo é ele. Eu fico imaginando que às vezes, quando a gente conversa com alguns amigos ou conhecidos ou mesmo dizendo “Deus, eu fiz aquilo por causa do diabo”, eu fico imaginando o diabo nas regiões invisíveis berrando “Eu não Deus. Essa não. Isso não foi culpa minha não. Eu nem estava por perto dele quando ele fez isso”.

É interessante como mulheres começam a explicar a sua falta de carinho,

homens a explicar sua falta de fidelidade, patrões explicarem sua falta de justiça, empregados justificarem a sua falta de responsabilidade por causa do que acontece nas regiões invisíveis. Isso é um reducionismo muito perigoso. O apóstolo Paulo não está nos dando o direito de fazermos isso. Mas ele está nos dando, sim, o direito em considerar nem tudo o que acontece na nossa vida é explicável a partir do que nós vivemos. Nem tudo parece o que é. Nem tudo parece o que é. E é tão sério isso, no primeiro século, que o apóstolo João, lá na sua primeira carta, no capítulo V, versos 8 e 9, diz assim “estejam alertas e vigiem, porque o diabo, o inimigo de vocês, perceba, já já a gente vai voltar nesse ponto mas a Bíblia fala do mal de forma personifcada. O mal não é uma energia cósmica, o mal tem um agente personificado, é uma pessoa, e neste texto diz “ o diabo, inimigo de vocês, anda ao redor como um leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”. Ele não está pra brincadeira, ele não está pra brincadeira. Ele não é tão bonzinho quanto parece, mas ele não é tão feio quanto pintam. Essas são duas grandes verdades. Ele não é tão bonzinho quanto aparenta ser, e ele não é tão feio quanto pintam. E aí mora o perigo.

Veja só, resistam-lhe permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos de

vocês têm todo mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. Está aqui. Sofrimentos associados a quê? À força do inimigo.

Bem, quando você pega no antigo testamento, existem duas histórias que nos

revelam bem essa coisa do perceber o que está acontecendo no invisível. Deixa eu fazer menção rapidamente delas porque não vem ao caso, eu não vou me aprofundar nelas hoje.

Quando você pega, por exemplo, a história que acontece no segundo livro de

Reis no capítulo VI, o profeta Eliseu está com seu auxiliar e o auxiliar dele acorda pela manhã e a cidade de onde ele se encontra, a Cida está sitiada, a cidade está cercada pelo Rei da Síria. O auxiliar de Eliseu fica desesperado e aí Eliseu, percebendo que o seu auxiliar não está enxergando a dimensão do invisível, Eliseu ora dizendo “Deus, abra os olhos desse menino, para que ele enxergue o que está acontecendo na dimensão do invisível e para que ele entenda minha tranqüilidade”. E de repente os olhos daquele auxiliar se abrem, ele olha o mesmo vale, e misteriosamente, ele enxerga um exército inteiro de cavalos, e carros de fogo. Um exército liderado pelos anjos de Deus. E aí, aquele auxiliar entende porque Eliseu está tão tranqüilo. Num outro, numa outra história do antigo testamento, o profeta Daniel, diante de uma visão ele passa a orar, chorando e jejuando por três semanas

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pedindo a Deus orientação. Sabe o que acontece naquelas três semanas? Absolutamente nada. Silêncio profundo. Eu se estivesse no lugar do Daniel, eu já estaria interpretando o seguinte: “Tá vendo, Deus não quer nada comigo. Tá vendo, Deus não gosta de mim. Tá vendo, Deus não responde minhas orações. Tá vendo, eu estou sofrendo aqui e Deus nem está dando bola pra mim.” Passadas estas três semanas, Daniel recebe a visita de um anjo de Deus. Sabe o que esse anjo disse? “Daniel, assim que você orou, Deus me enviou pra você. E sabe o que aconteceu? No caminho até você, um principado em potestade, um anjo do mal, se opôs entre eu e você e ele tentou me impedir de todas as formas de chegar até você. Até que Miguel veio ao meu socorro, venceu esse demônio e eu pude chegar até você”. Ou seja, a resposta não chegou imediatamente a Daniel, porque no campo do invisível, na dimensão em que Daniel não conseguia enxergar, uma batalha estava acontecendo. Loucura esse negócio não? Mas é o que a Bíblia, as páginas da Bíblia nos apresentam. De que enquanto nós enxergamos o mundo real visível e o palpável existe sim, uma luta no campo do invisível. Entre, e aqui eu vou começar a pontuar algumas coisas que vai deixar algumas pessoas talvez meio bravas comigo, mas eu já estou acostumado, eu tenho dito sempre, ás vezes, cada palestra a gente perde alguns, mas mas deixa eu pontuar uma coisa. Eu estou falando de que sobre as nossas cabeças na dimensão do invisível, existe uma luta espiritual da qual nós não conseguimos enxergar e essa luta espiritual não tem absolutamente nada, nada, nada, nada a ver com espíritos humanos desencarnados. Eu estou falando de anjos, anjos de Deus e anjos caídos, que já já eu chego neles.

A palavra de Deus, se você pegar em Hebreus, capítulo X, diz o seguinte: “Ao

homem está reservado morrer uma só vez e depois disso vem o juízo”. Hebreus, capítulo X, diz que quando os nossos olhos se fecham para essa realidade, os nossos olhos se abrem e nós estamos diante de Deus, não existe uma anti-sala na qual nós ficamos vagando e perdidos por aí.

Deuteronômio, o livro de Deuteronômio, proíbe aqueles que amam a Deus de

fazer qualquer consulta a pessoas supostamente mortas que falam. Sabe por quê? Porque essa é uma artimanha da antiguidade para subjugar pessoas ao misticismo. Qualquer semelhança é mera coincidência, ou não é mera coincidência?

Eu quero colocar para vocês, antes de mais nada, algumas verdades bíblicas

sobre esse tema. Veja só. Primeiro biblicamente o mal possui sua expressão personificada. Lúcifer e seus anjos. Quando você lê as páginas da Bíblia, a Bíblia não fala do mal em termos de energia cósmica, em termos de fluídos negativos. As páginas da Bíblia nos apresentam o mal de forma personificada na pessoa de um anjo caído por nome Lúcifer. Ele e seu exército, na pré-história, em algum lugar da eternidade deixaram seus corações serem tomados pelo desejo de se tornarem semelhantes a Deus. E Lúcifer é expulso dos céus pela sua soberba, pela sua arrogância, pela sua insubmissão, e as páginas da Bíblia nos dizem que Lúcifer não cai do céu sozinho. Ele saiu dos céus com um terço dos anjos de Deus. Um terço do exército dos anjos se torna súditos do mal. E quando a Bíblia fala do mal, fala desse mal personificado, que está todo tempo trabalhando, tentando nos seduzir até mesmo pela idéia de que ele não existe.

Eu acho que duas são as grandes campanhas publicitárias do inferno. A

primeira delas é: “Que bobagem. Lúcifer? Não existe.” E algumas pessoas aderem a

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essa campanha. A outra é: “Não, Lúcifer existe e ele é forte, forte, forte, forte. E você tem que estudar muito sobre ele. Você tem que pensar muito nele e você tem que ficar atento a tudo o que ele faz.” Duas propagandas publicitárias do inferno enganosas, que eu pretendo nessa noite desnudar para você.

Ainda, sobre esse mal personificado, deixa eu dizer o seguinte. Lúcifer e seus

anjos passam a partir do momento em que percebem que na criação de Deus, eu e você somos a obra prima de Deus na criação, Lúcifer e seus anjos passam a fazer de tudo, de tudo, para que os sinais da imagem de semelhança de Deus em mim e em você e em toda a humanidade sejam deteriorados, sejam corrompidos, para que a gente fique como mais miserável o homem aparentar. Lúcifer está zombando de Deus como criador.

Quando um homem no centro da cidade está jogado numa sarjeta, sujo,

embriagado sem saber seu próprio nome, sem saber sua própria casa, esses anjos do mal estão dizendo: “Ei, Deus criador. Você consegue enxergar sua imagem semelhança nesse homem? “ Ainda, quando esses anjos tentam enganar nossas mentes e corações para nos manter longe da verdade primária do caminho de Deus que é a vida, a mensagem, a morte e a ressurreição de Jesus. E o que significa isso? Eles tentam zombar de Deus como redentor.

Mas uma verdade, o mal personificado, Lúcifer e seus anjos e Deus, não se

equivalem em forças. Essa é uma das idéias que muitas vezes têm sido sutilmente desenvolvidas até mesmo por igrejas que vêm da religiosidade pagã de que no universo existem duas forças, o bem e o mal, confrontando de igual para igual. É isso que você vai encontrar por de trás, por exemplo, naqueles desenhos animados japoneses, por de trás dos vídeos games que seu filho joga. O que existe ali? O bem e o mal eternamente se digladiando. A Bíblia não coloca isso.

Nas páginas da Bíblia a gente encontra o seguinte: Deus é o criador e o

redentor. Deus é onipresente, é onisciente e onipotente. Lúcifer e seus anjos são criaturas. São criaturas rebeldes, são criaturas que não são onipresentes, que não são oniscientes, que não são onipotentes, que não criaram nada e não redimiram nada. Pelo contrário, eles só usurpam, eles roubam. É o que Jesus nos diz em João capítulo X, que o ladrão vem somente para roubar e destruir. O que eles querem fazer sempre é seduzir uma vida através de argumentos sutis, mas no fundo, no fundo, o que se repara lá no final é a destruição.

Alguns anos atrás vi um filme fantástico que mostrava bem isso. Advogado do

Diabo. Naquele filme, um sujeito recebe uma proposta fantástica. Uma proposta profissional que ninguém pode negar. Mas, por favor, essa semana gaste um tempo pensando naquele filme e assiste novamente a aquele filme. Gradativamente, a vida dele vai sendo destruída. O lar dele é destruído. A fidelidade conjugal dele é destruída. A fidelidade conjugal da esposa dele é destruída. Gradativamente ele vai sendo sugado pela artimanha.

Veja só o registro que o apóstolo Paulo faz em Romanos, capítulo VIII. Ele

diz: “pois estou convencido de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem demônios, nem presente, nem futuro, nem quaisquer poderes, nem altura, nem profundidade,

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nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

O que este texto está querendo dizer? Meu querido irmão, minha querida

irmã, meu amigo, minha amiga, se você andou ouvindo algumas coisas por aí até mesmo supostamente vindos de um pressuposto cristão, mas que na verdade hoje eu quero provar pra você que é um pressuposto pagão, que coloca você num inverso onde os poderes do bem e do mal estão se digladiando de igual para igual, e você, sabe o que você tem que fazer? Você tem que fazer oferendas pro Deus bom porque senão ele vai te deixar na mão do deus mal. Isso é paganismo.

O apóstolo Paulo não é pagão. Ele é um cristão. O apóstolo Paulo

compreendeu o que Deus fez naquela cruz em Jesus. O apóstolo Paulo se rendeu a Jesus naquela cruz. O apóstolo Paulo disse: “Deus, a minha vida agora é tua. Eu me rendo ao teu amor. Eu quero te seguir, eu quero estar envolvido pelo teu amor, eu quero estar cuidado pelo teu amor. Eu quero estar nas tuas mãos. Aí, sabe o que ele escreve em Romanos VIII, na linguagem contemporânea e atualizada? “Quando nós estamos no amor de Deus, nem o diabo nos carrega. Porque nós estamos no amor de Deus”. O texto diz que não há anjo, nem demônio que possa nos separar do amor de Deus. Por que? Porque a força de Deus e de Lúcifer e seus anjos não é equiparável. Deus é criador, Deus é redentor, Deus é onipotente, Deus é onisciente. Deus está presente em todos os cantos e sabe todas as coisas e tem o poder para executar tudo e estar conduzindo a história até seu final. Lúcifer é uma criatura.

Por isso, mais uma vez o apóstolo João, diz aos cristãos do primeiro século

que estavam sendo perseguidos, presos e alguns mortos. Ele diz: “Filhinhos, vocês são de Deus e os venceram. Porque Aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo. Aquele que está em você quando você entende o que Jesus Cristo fez naquela cruz e você realmente se rende ao amor dele de maneira consciente e sincera, a palavra de Deus diz que você recebe o espírito santo da promessa dentro de você. E aí sabe o que acontece? Aquele que está em você é maior do que aquele que está no mundo. Você não tem que temê-lo. É ele que deve temer você. Porque aquele que está em você é maior do que ele.

Ainda, o mal personificado faz uso de estratégias caracterizadas pela sutileza

e pelo engano. Ah, se você pegar, por exemplo, nós já vimos isso recentemente aqui, lá em Gênesis capítulo III, quando Lúcifer aborda Eva, de forma muito sutil ele diz: “Foi isso mesmo que Deus disse? Não coma de nenhum fruto das árvores do jardim?” A resposta é: “Não! Não foi isso que Deus disse. Você está deturpando o que Deus disse.” Mas ele é especialista nisso. O jogo dele não é dizer pra você, depois que você estuda os textos da palavra, alguma coisa do tipo: “Você acreditou naquilo? É um absurdo. Você não pode acreditar naquilo.”

Sabe como Lúcifer ganha espaço na nossa mente e no nosso coração? Ele

cochicha no nosso ouvido assim: “Bom né? Mas é bem assim, você percebeu né? Você é uma pessoa inteligente o suficiente para perceber que não é bem daquele jeito. Sabe, olha, a dica é a seguinte. Eu tenho milhares de anos de convivência com Deus. Eu sei lidar com Deus, então deixa eu te dar uma dica. Seguinte, você pega alguns pontos que você acha interessante que Deus diz e aí acrescenta a sua experiência. Torna esse negócio mais rico, mais contemporâneo, mais jeitoso, mais

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a tua cara.” Ele fala desse jeito. É estratégia dele. Deturpar sutilmente. Aí, olha o que ele diz: “Quando Eva não cai Na primeira artimanha, ele vem com outra. Deus sabe que nos dia em que eles comerem seus olhos se abrirão e você como Deus serão conhecedores do bem e do mal.” Em outras palavras ele vem e diz assim: “Olha, sabe, eu não queria falar mal de ninguém não. Entenda, não faz parte do meu princípio falar mal de outras pessoas, mas eu conheço Deus já há algum tempo, mais do que você. E Deus tem alguma motivações que Ele não costuma exteriorizar. E a razão pela qual Deus te pede essas coisas tem alguns outros motivos. Você devia perceber. Olha, entenda, eu não estou falando pra você não que Deus não é um bom cara, ta? Mas sabe como é. Ele tem lá suas falhas, então fica esperto. Ele vai te usar.” Ele não vem pro confronto. Ele não vem e diz: “É mentira”. Ele não vem e diz: “Não se entregue a essa verdade”. Ele vem e cochicha no seu ouvido: “Vai de leve, cuidado. Não! Faz algumas adaptações para sua vida. Não. Pondera do jeito que você quer.”

E olha, a coisa é tão complicada, que o apóstolo Paulo no capítulo XI de 2º

Coríntios diz o seguinte: “Acerca de determinados pastores, padres, líderes religiosos, bispos, apóstolos, patriarcas e tudo mais, que tinha na época de Paulo. Olha só, pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo ser apóstolos de Cristo. Detalhe, a grande revelação dele. Isso não é de admirar, pois o próprio satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos fingem que são servos da justiça. Em outras palavras, Lúcifer e seus anjos enganam pessoas até mesmo através de propostas aparentemente boas e religiosas. Mas deixa eu dar uma dica pra você bíblica, pra você poder discernir. Primeiro: toda proposta, todo discurso, toda idéia religiosa que faz com que você não confie plenamente no que Jesus Cristo fez naquela cruz pro bem de Deus. Toda idéia religiosa, toda doutrina, toda pregação que tenta convencer que você pode resolver o seu problema , não vem da Bíblia. Guarda isso. Fique atento. Uma segunda dica: toda idéia que tentar te convencer que o mundo se explica através do in e do an, do negativo e do positivo. E que o bem e o mal convivem mutuamente. Um depende do outro. E que você não pode experimentar o bem sem conhecer o mal. E você não pode conhecer o mal sem experimentar o bem. Essa talvez seja a campanha publicitária mais recente no inferno. Por quê? Primeiro porque quer vender a idéia para você de que Deus não é uma pessoa, é uma energia. Que Lúcifer não é uma pessoa, é uma energia. Segundo, que os dois existem. Os dois vivem em coexistência, um depende do outro. E que logo, você tem que aprender com os dois. Uau, que loucura! Que loucura!

Debruce e leia um pouco mais a Bíblia. Tente encontrar uma página, um texto

bíblico se quer que fala qualquer coisa próxima disso aí. Mas, muitas pessoas que freqüentam igrejas, domingo após domingo, e se dizem cristãs já são até membros de igreja e na prática dizem isso.

E no último princípio, antes de eu aterrissar em Efésios capítulo VI, o mal

personificado pode ser a fonte primária de nossa diversidade conseqüente dor. Sim. Não, você não pode reduzir todo mal, toda dor, todo sofrimento a essa ação.

Na Bíblia diz que parte do problema pode ser decorrente disso. E aí, para tentar exemplificar para você e talvez tentar desnudar algumas estratégias típicas, eu procurei fazer o seguinte exercício. Eu tenho quase vinte e cinco anos de

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caminhada cristã autêntica. Eu nasci num lar que freqüentava igreja, que era cristão. Mas assim, um cristão que compreende o que é a proposta de Jesus, que se rende a Jesus e que se torna discípulo Dele. Eu tenho quase vinte e cinco anos de caminhada. E grande parte dessa caminhada é como líder também de comunidade como essa daqui.

Eu já vi muita coisa. Eu procurei fazer o seguinte exercício. Na minha

caminhada quais são as estratégias mais comuns ? Quais são os cenários aonde o sofrimento emerge na vida de uma pessoa em decorrência de estratégias desse inimigo invisível.

Deixa eu levantar para você três possibilidade que me parecem sempre bem

comuns. Primeiro, interesse e aproximação da espiritualidade bíblica a partir de Jesus. Deixa eu explicar o que significa isso. A pessoa está vivendo a vidinha dela. Está tranqüila, problema, quase nenhum, o de sempre, que todo mundo vive. De repente, aquela pessoa acorda um dia e diz assim: “ Querido, sabe, eu tenho sentido um vazio tão grande no meu coração. A gente tem tantas coisas materiais mas falta espiritualidade. Será que a gente não deveria buscar alguma coisa consistente?” E aí o marido diz: “Ah, tem um amigo meu lá do trabalho, nosso vizinho, ele já chamou a gente para estudar a Bíblia na casa dele algumas vezes, que tal a gente ir essa semana e estudar a Bíblia?” Sabe o que acontece? Na sala VIP do inimigo invisível do inferno, uma luz vermelha acende, uma sirene toca, ele chama o pelotão de elite dele e diz: “Gente, problema!” E os subordinados dele dizem: “Qual o problema?” “Vocês lembram de fulano de tal? Vocês não sabem quem é? Eu sei! Passou desapercebido porque ele não dá dor de cabeça pra gente. Agora, eles tiveram uma conversa essa manhã extremamente perigosa. Vai pra lá correndo porque vocês têm que impedir que isso aconteça.” E aí, é interessante como pessoas que decidem entender melhor a espiritualidade cristã a partir de Jesus, ás vezes começa a enfrentar problemas. E pessoas que gostam e diz: “Eu vou voltar na semana que vem.”

Interessante. Aquele parente que você não vê há trinta e cinco anos, resolve

aparecer na sua casa meia hora antes de começar a reunião. E você não sabe como dizer não, porque o cara não aparece há trinta e cinco anos? Ou aquele carro novo, quando você tirou da concessionária na semana passada, quando você está na chave... tec....tec.....fica esperto! Existe uma dimensão invisível. Existe uma estratégia que você não vê. Mas que trama contra sua aproximação de Deus.

Um segundo cenário. Quando a pessoa toma a decisão de render-se a Jesus,

compreendendo que o que Ele fez na cruz foi por ele, ele decide render-se ao amor de Jesus e viver como discípulo de Jesus e fazer de Jesus o seu salvador e o seu Senhor. A luz vermelha acende. A sirene toca. E aí é um bando de demônio caindo por aquelas, tipo, quem vê de corpo de bombeiros, que vem de tudo quanto é lado. O que está acontecendo? O que está acontecendo? O que está acontecendo? Lúcifer fala: ‘O que está acontecendo? Aquele cara que eu pedi para vocês tomarem conta dele, o cara se rendeu a Jesus! Plano B!” “Plano B? Qual é o plano B, chefe?” “Bota mais pressão! Bota mais problema! A filha desse cara tem que começar a dar dor de cabeça! O trabalho desse cara precisar a começar a sofrer conseqüências! O filho desse cara tem que ficar doente. A situação na vida dele tem que dar uma desestabilizada para ele perder o foco, para ele se questionar. “Pô, que coisa, agora

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que eu decidi seguir a Jesus acontece tudo isso? Será que Deus é bom mesmo?” Fica esperto! Mais uma vez. Nada de ilusionismos. Eu não estou dizendo que todo problema que acontece na vida é decorrente dessa batalha espiritual. Eu só estou dizendo que existem cenários típicos aonde essa batalha emerge e as pessoas não se dão conta.

O terceiro cenário. O cara é um dos grandes esquenta bancos de uma

comunidade cristã como a nossa. Ele está todo domingo esquentando o lugarzinho dele. Ele apesar, porque assim, naquelas reuniões de planejamento lá no inferno, quando Lúcifer chama os caras e levanta alguns nomes e aí fala: “O fulano está freqüentando igreja, mas, pô, ele joga pra gente”. “ Como assim joga pra gente?” “Pô, você quer um cara, você quer uma situação melhor para Lúcifer e seus anjos do que um cara que se diz seguidor de Jesus, que diz que ama Deus, freqüenta igreja, mas de segunda a sexta só dá mal exemplo na firma, entre amigos, na universidade. Esse cara joga a favor do inferno!

Mas um dia, esse cara fala assim: “Não, não vou mais fazer isso! Não é justo. Eu preciso ser grato a Deus. Diante de tudo o que Deus fez por mim, diante de tudo o que Deus tem feito eu preciso me dedicar a Ele, eu quero me dedicar a Ele e olha, eu vou tomar uma decisão. Vou começar a fazer diferença no meu trabalho. Eu vou começar a fazer diferença como profissional. Eu vou começar a usar a minha influência profissional para fazer o bem, para tirar as marcas que Lúcifer vai imprimindo na mente, no coração e na fisionomia das pessoas. Eu quero seguir a Jesus com integralidade. Eu vou servir, eu vou me dedicar.” E o que acontece? A luz vermelha acende. A sirene toca. E o esquadrão de elite de Lúcifer vem. Esquadrão de elite. Por quê? Porque a coisa está ficando séria. Esse cara está querendo agora, se não bastasse ele ter tomado uma decisão de seguir a Jesus, ele está tomando a decisão de que ele vai influenciar outros a fazerem isso. Esse cara tem que parar agora!

Perceba na sua vida como em algumas situações você vai identificar essas

fases. Na nossa própria comunidade cristã aqui, foi interessante ou tem sido interessante o que aconteceu desde o momento em que a gente toma uma decisão. Nós vamos colocar os nossos estudos on line na internet para que pessoas de qualquer canto do mundo possam ouvir os ensinamentos da palavra de Deus. Eu não tenho dúvida nenhuma que a sirene tocou lá no inferno. E começou a vim granada de tudo quanto é lado. E você só escuta os barulhos dos mísseis passando. Começou a pintar probleminha em tudo quanto é canto. Começou a surgir problemas de relacionamento em tudo quanto é canto. Foi muito claro, foi muito visível.

Nessa caminhada com líder de uma comunidade, eu tenho aprendido o

seguinte. E aqui vai uma dica para você como líder da sua família, como um cristão. Quando problemas emergem de forma avulsa, pára com esse negócio de botar a culpa nele né? Porque de vez em quando, se tiver sorte, você ia enxergar o nosso inimigo invisível sentado numa guia na cidade chorando..... “Mas por que você está chorando?” “É tudo culpa minha” No entanto, quando você começa a viver uma fase aonde os problemas são seqüenciais e eles têm em comum a mesma área, tem coisa. Você precisa ficar esperto.

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Bem, existem outros cenários nas quais esta luta se dá. Desculpa, quero deixar claro. Eu só mencionei essas até por uma questão de tempo. E uma última coisa só para você pensar e refletir um pouquinho. Eu não tenho dúvida nenhuma que a nossa comunidade se reúne aqui domingo após domingo, é uma comunidade caracterizada pelo estilo classe média, média alta e assim por diante. E eu me lembro que uma vez um amigo, também é pastor de uma comunidade que tem um perfil muito parecido com o nosso, ele visitou um dos nossos grupos e ele fez uma afirmação que eu nunca mais esqueci. Mas a afirmação tinha um contexto. Eu estava conversando com ele sobre o seguinte. Em São Paulo, por oito anos eu fui pastor de uma comunidade de uma periferia da cidade de São Paulo, aonde o perfil médio era classe média baixa, algumas pessoas da classe média. E ali aconteciam coisas bem diferentes das que acontecem aqui. Algumas das lutas ali eram muito explícitas, muito visíveis. É como se as entidades ou os anjos malignos que atuavam naquele contexto, eles não precisavam ser tão sutis. E aí esse meu amigo disse assim: “Ricardo, os demônios que atuam na zona sul, são bem diferentes do que os demônios atuam na zona norte.” Ele era do Rio de Janeiro. Eu guardei isso e eu comecei a perceber como é verdade. Quando a gente atua com pessoas como vocês, a luta, ela não é tão corporal como é quando você atua em regiões aonde as necessidades são mais básicas. Quando você atua com pessoas no perfil de vocês, a luta, ela é mais aqui. A cadeia é a mente. A prisão é a mente, é a dificuldade de ouvir e de compreender. Fora o que eu já estou hiper habituado, mas eu não vou mencionar senão alguém vai ficar culpado aqui. Deixa isso para lá. Vira a página, vamos em frente.

Eu conto um caso. Eu me lembro de uma pessoa que eu fui fazer uma

palestra num lugar que eu costumava ir constantemente e alguém se aproximou de mim e disse assim: “Olha, eu trouxe uma pessoa que ela está precisando muito, aí ela vem enfrentando dificuldades tremendas.” “OK. Vamos orar e vamos pedir para que Deus fale ao coração dela.” E aí, eu comecei a falar e aquela pessoa começou a dormir. Eu sei quando uma pessoa está dormindo porque a minha pregação está chata. Eu sei. Eu tenho autocrítica. E não era um sono de gente cansada. Era sono de gente que não estava para ficar acordado e ouvir. Mas sabe aquele sono assim, a pessoa que está na sua frente cruza, cruza para lá, cruza para cá, e você não agüenta! Quando terminou a projeção, eu fui até aquela pessoa agradecer ela tem vindo e disse: “Olha, eu gostaria muito que você perseverasse que você voltasse aqui.” E ela voltou. Isso foi acontecendo, semana após semana. Mas aquela pessoa e a gente orando por ela e gradativamente aquela pessoa foi sem eu falar nada, ela ficou acordada quinze minutos, vinte minutos, meia hora, e de repente hoje eu vejo essa pessoa, altamente atenta, pronta, ouvindo tudo. Eu tenho este exemplo para comigo, como essa questão de que a luta se dá aqui, na mente.

Existem algumas razões antropológicas para explicar isso, mas a gente não

vai ter tempo. Quando você lida com pessoas e as suas necessidades não são fisiológicas parece que as amarras se tornam mais mentais e emocionais. Quando você lida com pessoas que as necessidade são fisiológicas as amarras são mais físicas. São mais corporais. Isso não é uma teoria, isso é o que eu tenho visto na prática.

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Agora, eu quero te dar duas grandes dicas para você lidar com esse negócio. Para você sair daqui não com medo, não com receio. Mas sair daqui pronto para lidar com a coisa.

Veja só o que Efésios, capítulo VI nos diz. Primeiro, tenhamos nossos olhos

atentos, mas focados no que importa. Deixa eu mostrar isso para você no texto. Diz aí o verso dez. “Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Vistam toda a armadura de Deus para poderem ficar firmes contra ciladas do diabo.” Detalhe: tem gente que lê esse texto e diz assim: “Ricardo, nós precisamos estudar tipos de ciladas do diabo, a pessoa do ser diabo, a mentalidade do diabo, as formas de atuação do diabo.” E não é isso que a Bíblia nos diz queridos! A Bíblia diz que um cristão discípulo de Cristo não tem que esquentar a cabeça, não precisa ser especialista em demonologia. Um discípulo de Cristo tem ser especialista no caráter de Deus, na pessoa de Deus, na vontade de Deus. Olha aqui o que o apóstolo Paulo diz. Veja só: “Finalmente fortaleçam-se em quem?? No Senhor! Fortaleçam-se no seu forte poder. Vistam toda a armadura de Deus.” O verso doze diz: “Pois nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes de autoridade, contra os dominadores desse mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes.” No entanto, a ênfase continua. “Fortaleçam-se no Senhor. No seu forte poder. Vistam a armadura de Deus.” E sabe qual vai ser a conseqüência? Para poderem ficar firmes contra ciladas do diabo. Eu não vou gastar tempo na minha vida estudando preferências do diabo, o perfil da personalidade do diabo, estratégias do diabo, ciladas do diabo. Deus não mandou eu fazer isso. Deus mandou eu me fortalecer Nele, eu olhar para Ele, eu aprender com Ele, conhecer a vontade Dele e seguir o caminho Dele. E se você estiver Nele, se alimentando da vontade Dele, convivendo com a pessoa Dele, aprendendo com o caráter Dele, eu te garanto, você vai passar distante, imbatível das ciladas.

Veja só, a segunda dica é: “Estejamos sempre prontos, mas com as armas de

Deus.” Veja só, verso treze. “Por isso, vistam toda a armadura de Deus para que possam resistir num dia mal e permanecer inabaláveis depois de terem feito tudo. É interessante, essa palavrinha que aparece aqui “dia mal”, “dia” a palavra grega “emera”, não significa literalmente dia de vinte e quatro horas. Na septuaginta, que é o antigo testamento do grego, essa mesma palavra aparece em Gênesis capítulo I, quando se refere ao primeiro dia, segundo dia, terceiro dia. Essa palavra não se refere ao dia de vinte e quatro horas, mas se refere à épocas, a momentos da vida. E sabe o que o texto está dizendo? É que nós vivemos momentos que os dias são maus. Nem todo dia é mal. Mas tem época que a coisa pega. Tem época que parece que está tudo bem, mas de repente vem os dias maus. Sabe qual é o nosso problema? A gente espera vir os dias maus pra gente correr e vestir as armaduras de Deus. E o texto está dizendo o seguinte aqui: ‘Vistam toda a armadura, no presente, hoje, agora comecem a estudar a palavra, comecem a orar, comecem a buscar compreensão do caráter de Deus, da vontade de Deus, se revista hoje da armadura de Deus, para que? Para que vocês possam resistir ao dia mal. Mas o que normalmente acontece? A gente não se veste com a armadura de Deus. A gente não quer conhecer qual é o caráter de Deus. A gente não quer se aprofundar na vontade de Deus. A gente não quer não quer nem mesmo aprender mais profundamente como lê a Bíblia, como usar a Bíblia, como saber o que Deus quer da gente. Mas quando o dia mal chega, a gente corre pra alguém, e fala: “Por favor, eu estou precisando de oração. Faz uma oração aí para mim. Uma oração de

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desencosto, uma oração, qualquer coisa, qualquer coisa serve.” E o que Deus quer que você faça é que você se vista no presente da armadura Dele para quando o dia mal chegar você estar fortalecido. Assim, mantenham firmes, cingindo-se com o cinto da verdade e vestindo a couraça da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz.

Eu vou falar para vocês do primeiro grupo de armas que Deus usava.

Domingo que vem, eu falo do segundo grupo. E do terceiro. Eu vou falar do primeiro grupo e encerro.

Interessante. Presta bastante atenção agora porque a gente está terminando.

A partir do verso quatorze, Paulo vai começar a descrever armas que Deus usava. Mas no verso quatorze – quinze, ele nos fala de três armas nas quais nós temos que simplesmente nos manter firmes. O termo aqui “manter-se firme” é mais ou menos o seguinte. Você entra num carrinho de montanha russa. Os caras não abaixam aquela grade, aí meu, não tem mais o que fazer. Agora não dá mais para sair correndo. Então, uma dica, segura naquela barra e grita. Não tem muito o que fazer. Mas, é claro, a analogia não é perfeita, mas se você está dentro daquele carrinho é porque de alguma forma você confia, não em você. Você não tem a capacidade de sair correndo pelos trilhos da montanha russa, e derrapar para lá, e derrapar para cá, fazer a curva. Imagina se você tivesse que dirigir aquele carrinho. Aí sim eu estaria com tremendo medo. Ainda mais se eu estivesse no banco do passageiro e você no volante. Mas aquele carrinho, ele tem um poder próprio. Ele tem uma direção própria. O que eu tenho que fazer é confiar no carrinho. Ok. O texto diz: “Mantenham-se firmes do que Deus já deu para vocês. O que? Diz pra gente se cingir do cinto da verdade, interessante. Cinto da verdade está presente em Isaías capítulo XI, verso cinco, na imagem profética do Messias que haveria de vir. O cinto da verdade quem conquistou foi Jesus. E Ele está te dando de graça. Ele está te dando. “Você quer proteção? Eu te dou o cinto da verdade, que eu conquistei naquela cruz para você, e quando você coloca esse cinto esse cingindo-se é que as roupas eram largas e você colocava o cinto e amarrava forte para a roupa ficar justa e você poder ir para a batalha. E aquele cinto, em muitos casos tinha um brasão. O brasão do Rei. Que representava em nome de quem você estava a lutar. Ainda, vestindo a couraça da justiça. Isaías, 59:17, diz, falando no Messias que a Bíblia dizia: “Ele vem vestido com a couraça de justiça. A couraça da justiça não é minha, é de Jesus. A couraça, ela é esta parte da frente aqui do soldado, que protegia o peito do soldado. Eu não tenho justiça própria. Se o diabo e seus anjos vierem para cima de mim e eu tiver que me defender baseado na minha justiça, eu estou perdido. Se o diabo e seus anjos vierem para cima de mim com acusação de “ah,mas você é um frouxo, você é isso, ah você é um mentiroso, ah você é aquilo, você é desonesto, eu vou perder todas, porque eu sou!!!”Mas sabe o que Jesus Cristo fez na cruz? Ele comprou o direito de dar para mim e para você a couraça da justiça. E Ele coloca essa couraça em nós. Aí o diabo vem e: “Está freqüentando igreja agora é? Ah está indo em estudo bíblico. Quem te viu e quem te vê hein?! Pensa que eu não sei seu passado? Pensa que eu não sei o que você apronta? Pensa que eu não sei das suas grosserias?”Só que isto não te atinge, porque a justiça de Jesus te protege. Você tem que se vestir da justiça de Jesus. E por último, calçando os sapatos, o tênis, não da Nike, não da Reebok, mas o tênis da marca Evangelho da Paz. Conhece essa marca? A palavra Evangelho literalmente significa “Boa Nova”. E sabe qual é a boa nova de Deus para mim e para você? Se

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dependesse da nossa própria capacidade de sermos justos, de sermos puros, de sermos certinhos para chegar a Deus, eu e você, a gente tava numa fria. Mas a boa nova é que Jesus veio, se fez homem, viveu o que para mim e para você seria impossível. E aí Ele merecia a vida eterna por isso. Mas Ele, quando chega na hora H, ele diz: “Ei, ei. Os meus irmãos, os meus filhos e filhas, eles não têm uma dívida? Então eu morro no lugar deles para pagar a dívida deles.” Sabe qual é a boa notícia? Jesus pagou sua dívida. Eu não estou dizendo que você, como eu, não cometeu ao longo da sua vida deslizes, maldades, atrocidades, complicadas situações que não importa se as pessoas sabem ou não sabem. Mas você cometeu como eu. Mas a boa notícia é que Jesus pagou esta dívida. Para você ter perdão. Para quando o diabo e seus anjos se levantarem contra você, eles não terem poder algum. Sabe por que? Porque você, no brasão do seu cinto está escrito Jesus! O seu peito está protegido pela justiça de Jesus. E nos teus pés você vai correr sem ser interrompido, nunca mais, na direção, dos braços de Deus que vivem na eternidade. Porque você calçou o evangelho da paz. Quer coisa mais maravilhosa do que essa? Que tal você se libertar hoje de todo medo, que tal você se libertar de toda pressão? Que tal você se libertar de toda neura gerada pelos filmes de Hollywood ou pelas teologias de igrejas doentias? Que tal você olhar para a Bíblia hoje e perceber que esse texto não está dizendo que você tem que se vestir da verdade. Você não pode falar mentira, você não pode ser falso, você tem que ser sincero. Você tem que ser justo. Você tem que fazer tudo certinho. Você tem que fazer... Você não pode estar de mal com ninguém. Você tem que ser um pacificador. Sabe por que? Porque e se você furar em alguma dessas coisas, o diabo vem para cima de você e te trucida. Que história é essa? Quer dizer que então, a batalha é minha? Tudo depende de mim? O que Paulo está dizendo: “Não. Essa batalha já foi vencida, na cruz. O que falta é você colocar na sua vida a marca de Jesus, é você se render ao amor de Deus na cruz, colocar o cinto que tem como brasão no nome “Jesus”. Vestir a couraça da justiça de Jesus que te protege de todo ataque, de toda acusação. E colocar nos seus pés, o calçado que vai te levar para a eternidade. E não há cilada do diabo que possa impedir você de chegar lá, porque o seu tênis não é Nike, não é Reebok, é Evangelho da Paz. Esse tênis te garante que as ciladas do diabo não vão ser suficientes para impedir sua chegada nos braços de Deus. A Eternidade. O convite? Que tal você se render hoje ao que foi feito por mim e por você naquela cruz? Porque naquela cruz se deu a grande batalha. Naquela cruz, a luta foi terrível. Quer que eu te dê uma boa notícia? Jesus venceu. E Ele te chama pra o time dos vencedores. Basta você orar a Deus e dizer: “Deus, eu me rendo! Eu me rendo ao teu amor, eu reconheço que Jesus é o meu Salvador, e eu quero que a partir de hoje Ele seja o meu Senhor. Curva a sua cabeça, feche seus olhos, e eu convido você a fazer uma oração muito simples, que eu vou ajudar você a fazer. E em seguida juntos, nós vamos cantar a música de Martinho Lutero. Mas se você quiser se render hoje a Jesus, aí no seu lugar, pode ser até de forma silenciosa, mas na sua mente e no seu coração. Repita as minhas palavras. Eu quero ajudar você a orar: “Senhor meu Deus, nesta noite, eu compreendi o que o Senhor fez por mim naquela cruz. E diante desta compreensão, eu quero me entregar ao Senhor. Eu quero reconhecer que Jesus estava morrendo naquela cruz para que os meus erros, os meus pecados, os meus equívocos, as minhas enfermidades sejam totalmente perdoadas e lavadas pelo Senhor. Eu quero fazer parte do time de Jesus. Que eu quero fazer parte do time de Jesus, Pai! Eu quero ser um discípulo de Jesus, Pai! Por isso nessa noite, eu abro meu coração e a minha mente e recebo Jesus como meu Salvador e como meu Senhor. Em nome Dele, Jesus, Amém!”

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Se você fez essa oração, essa noite é a mais importante de toda a sua vida.

Porque essa noite se tornou um divisor de água na sua história. Mas eu vou ser honesto e sincero contigo. Essa oração não é um mantra para que você não atravesse mais dificuldades e problemas. Muito pelo contrário. Como eu disse, ás vezes problemas emergem quando a gente faz essa oração. Mas eu quero te dar uma notícia. Você não precisa lutar com sua própria força. Você não precisa temer, por que agora você tem em você o cinto que diz que você é de Jesus. A couraça da justiça de Jesus e você está calçado do Evangelho da Paz, por isso, você não precisa temer. Nada. De nada!

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Fonte: http://www.teleco.com.br/internet_usu.asp em 22/05/2008

Esta página: Estatísticas de usuários de Internet, Domínios e Hosts no Brasil.

Perfil dos Usuários de Internet no Brasil

Apresenta-se a seguir resultados da pesquisa do IBGE (PNAD 2005) e da

pesquisa TIC Domicílios do NIC.br.

A TIC Domicílios 2007 foi realizada entre set/nov 2007 e contou com

17.000 entrevistados em área urbana em todo o Brasil. A população

considerada no PNAD 2005 e ná TIC Domicílios são pessoas de 10 anos

ou mais de idade.

Usuários de Internet por Faixa Etária

Faixa etária 2005 2006 2007

10 a 15 anos 30% 38% 53%

Produtos Teleco

Relatórios Teleco

Telefonia Fixa e Celular

Workshop Celular

Market Update

Consultoria Teleco

Estudos e Outsourcing

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16 a 24 anos 46% 49% 60%

25 a 34 anos 27% 35% 45%

35 a 44 anos 20% 21% 24%

45 a 59 anos 16% 11% 12%

> 60 anos 4% 3% 3%

Nota: Percentual de pessoas na faixa etária que acessaram a Internet nos

últimos 90 dias. (TIC Domicílios)

Usuários de Internet por Sexo

Sexo PNAD 2005

2005* 2006* 2007*

Homens 21% 28% 30% 37%

Mulheres 20% 22% 26% 32%

*TIC Domicílios

Nota: Percentual de pessoas em relação ao total com o mesmo sexo que

acessaram a Internet nos últimos 90 dias.

Frequência de utilização da Internet

Frequência de utilização (%)

PNAD 2005

2005* 2006* 2007*

Pelo menos 1 vez por dia

36,3% 40% 46% 53%

Pelo menos 1 vez por semana, mas não todo dia

47,3% 40% 38% 34%

Pelo menos 1 vez por mês, mas não toda semana

11,7% 14% 12% 10%

Menos de 1 vez por mês

3,1% 6% 4% 3%

*TIC Domicílios

Usuários de Internet por Faixa de Renda

% PNAD

2005 2005* 2006* 2007*

até 1 SM

- 4% 5% 12%

1 a 2 SM

12% 8% 11% 21%

2 a 3 SM

25% 15% 20% 38%

3 a 5 SM

42% 26% 34% 51%

Eventos

Futurecom 2008

São Paulo 27 a 30 de Outubro

Wimax Brazil Conference & Expo

23 e 24 de junho

Mobile Broadband & Internet- Latin America

24 a 26 de junho

Telecom Convergence Latin America Summit

7 e 8 de julho

InovaComm Latin America

21 a 23 de julho

Eco Business Show

24 a 27 de novembro

Mais Eventos

Consulte

Tutorial

Internet no Brasil

Eduardo Tude

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> de 5 SM

55% 55% 59% 68%

Total 21% 24% 28% 34%

* TIC Domicílios

Nota: Percentual de pessoas na faixa de renda que acessaram a Internet nos

últimos 90 dias.

Usuários de Internet por Grau de Instrução

Grau de Instrução 2005 2006 2007

Analfabeto/Educ. Infantil 3% 4% 7%

Fundamental 13% 22% 29%

Médio 41% 42% 51%

Superior 80% 82% 78%

Nota: Percentual de pessoas em relação ao total com o mesmo grau de

instrução que acessaram a Internet nos últimos 90 dias. (TIC Domicílios)

Tipo de conexão à Internet no domicílio

Tipo de

Conexão

PNAD 2005

2005* 2006* 2007*

Acesso discado**

52,1% 65% 49% 42%

Acesso banda larga**

41,2% 22% 40% 50%

Outros - 9% 2% 1%

*TIC Domicílios

** No PNAD 2005 os percentuais representam só discado e só banda larga.

6,7% utilizavam os dois tipos de acessos.

Local uilizado para acesso pelos usuários de Internet

Local de

acesso (%)

PNAD 2005

2005* 2006* 2007*

Domicílio que moravam

50,0% 42% 40% 40%

Local de trabalho

39,7% 26% 24% 24%

Estabelecimento de ensino

25,7% 21% 16% 15%

Centro público de acesso gratuito

10,0% 2% 3% 6%

Centro público de acesso pago

21,9% 18% 30% 49%

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Casa de outra pessoa

- 18% 16% 24%

Outro local 31,1% 4% 2% 2%

*TIC Domicílios

Usuários de Internet em Locais Públicos

Em 2006, segundo o Ibope, o Brasil tinha 6 milhões de pessoas que

acessavam a internet exclusivamente de locais públicos pagos ou gratuitos,

assim distribuídos:

• Os 4,4 milhões que acessam a internet exclusivamente de locais públicos pagos, como cibercafés e Lan Houses, o fazem pelo menos duas vezes por semana e gastam, em média, entre 10 e 15 reais por mês. Destes, 42% são das classes A e B e 40% da classe C;

• Entre os 1,6 milhões que acessam a web de locais gratuitos, 42% são da Classe C e 22% das classes D e E.

Este é o resultado da pesquisa “Internet Pública” Ibope/NetRatings realizada em julho de 2006. A pesquisa ouviu 16 mil pessoas em nove regiões metropolitanas brasileiras - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Distrito Federal e Recife.

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Distribuição da religião ou crença, no Brasil em 2000 por situação domiciliar

por sexo Total

urbana rural homens mulheres religião ou crença contingente % % % % %

(total) 169.872.856 100 100 100 100 100

Católicas (total) 125.518.774 73,89 71,73 83,2 74,37 73,43

·

Católica apostólica romana 124.980.132 73,57 71,4 82,96 74,04 73,12

·

Católica apostólica brasileira 500.582 0,295 0,312 0,22 0,299 0,29

· Católica ortodoxa 38.060 0,022 0,024 0,014 0,023 0,022

Igrejas evangélicas (total) 26.184.941 15,41 16,48 10,79 13,69 17,09

· de missão (total) 6.939.765 4,085 4,356 2,916 3,663 4,495

· · Batista 3.162.691 1,862 2,111 0,784 1,609 2,107

· · Adventista 1.209.842 0,712 0,747 0,563 0,645 0,778

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· · Luteranas 1.062.145 0,625 0,494 1,192 0,627 0,624

· · Presbiteriana 981.064 0,578 0,656 0,239 0,511 0,642

· · Metodista 340.963 0,201 0,236 0,049 0,175 0,226

· · Congregacional 148.836 0,088 0,091 0,074 0,078 0,097

· · Outras 34.224 0,02 0,021 0,014 0,019 0,022

· de origem pentecostal (total) 17.617.307 10,37 11,06 7,391 9,183 11,52

· · Assembléias de Deus

8.418.140 4,956 4,972 4,885 4,551 5,348

· · Congregação Cristã no Brasil

2.489.113 1,465 1,558 1,065 1,352 1,575

· · Universal do reino de Deus

2.101.887 1,237 1,445 0,339 0,957 1,509

· · Evangelho quadrangular

1.318.805 0,776 0,909 0,205.5214 0,6526445 0,897

· · Deus é amor 774.830 0,456 0,471 0,393 0,397 0,514

· · Maranata 277.342 0,163 0,193 0,034 0,141 0,185

· · Brasil para Cristo

175.618 0,103 0,116 0,05 0,091 0,115

· · Casa da benção 128.676 0,076 0,088 0,024 0,062 0,089

· · Nova vida 92.315 0,054 0,066 0,004 0,042 0,066

· · Outras 1.840.581 1,084 1,244 0,391 0,938 1,224

· sem vínculo institucional (total) 1.046.487 0,616 0,686 0,315 0,543 0,687

· · de origem pentecostal 336.259 0,198 0,222 0,096 0,173 0,222

· · Outros 710.227 0,418 0,464 0,219 0,37 0,465

· outras religiões evangélicas 581.383 0,342 0,382 0,171 0,3 0,383

Espírita 2.262.401 1,332 1,6 0,175 1,111 1,546

Outras cristãs (total) 1.540.064 0,907 1,045 0,307 0,773 1,036

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· Testemunhas de Jeová 1.104.886 0,65 0,758 0,186 0,539 0,758

· Mórmon 199.645 0,118 0,142 0,014 0,11 0,125

· Outras 235.533 0,139 0,146 0,108 0,124 0,153

Umbanda 397.431 0,234 0,279 0,038 0,206 0,261

Budismo 214.873 0,126 0,148 0,035 0,116 0,137

Novas religiões orientais (total) 151.080 0,089 0,106 0,016 0,07 0,107

· Messiânica mundial 109.310 0,064 0,077 0,009 0,05 0,079

· Outras 41.770 0,025 0,029 0,007 0,021 0,028

Candomblé 127.582 0,075 0,089 0,014 0,068 0,082

Judaísmo 86.825 0,051 0,063 0,002 0,052 0,05

Tradições esotéricas 58.445 0,034 0,04 0,009 0,033 0,036

Islâmica 27.239 0,016 0,02 0,001 0,019 0,013

Espiritualista 25.889 0,015 0,018 0,004 0,013 0,017

Tradições indígenas 17.088 0,01 0,005 0,033 0,011 0,009

Hinduísmo 2.905 0,002 0,002 0 0,002 0,002

Outras religiosidades 15.484 0,009 0,01 0,007 0,009 0,009

Outras religiões orientais 7.832 0,005 0,005 0,002 0,005 0,005

Ateísmo e Agnósticismo 12.492.403 7,354 7,9 4,997 9,02 5,74

sem declaração 383.953 0,226 0,226 0,225 0,247 0,206

não determinadas 357.648 0,211 0,225 0,147 0,19 0,23

IBGE, fonte Tabela 2102 - População residente por situação do domicílio, religião e sexo, Censo 2000,

RELAÇÃO MENSAGENS OUVIDAS – PESQUISA DE CAMPO MENSAGENS 2001 - 2002 Série: Mensagens diversas: Excluídos, mas surpreendidos Próximos, mas dispersos O desafio da vida em Fé Viver com Deus, num mundo de deuses Tempo de avaliar o passado e planejar o futuro A Oração na noite escura da alma Mensagem Especial - Missões (3)1

Mensagem Especial - Salmo 73 – Por que os ímpios prosperam?2

Mensagem Especial: Salmo 1033

Mensagem Especial: O chamado de Jesus4

Mensagem Especial – Louvor e Adoração5

Série: VIDAS EM ALIANÇA Modelos2

História de Rute I Relacionamentos (S. Negra) História de Rute II No contexto da comunidade A Grande Comissão A expansão

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Quando os desencontros emergem I Quando os desencontros emergem II Quando os desencontros emergem III Aliança com afetividade2

Série: SONS DO NATAL O som da redenção O som da esperança Sons do Natal4

O som do inesperado Ano novo, vida nova? MENSAGENS 2003 Série: Mensagens diversas (05/01) Lance seu pão sobre as águas1 (12/01) Quem muito é perdoado, muito ama Série: Da religiosidade ao discipulado (19/01) I – Tome uma posição (26/01) II – Redimensione sua vida (02/02) III – Engaje-se na missão (09/02) IV – O perigo da cultura religiosa (16/02) V – O perigo do materialismo (23/02) VI – O perigo do materialismo II (02/03) VII- Olhando a vida através da fé2 Série: Aniversário CPCP (09/03) Comunidade Criativa2 (16/03) Comunidade Acolhedora (23/03) Comunidade Transformadora (30/03) Comunidade Comprometida Série: Relacionamentos Duradouros (11/05) Descubra o amor do Pai e siga o exemplo do Filho (18/05) Tome posição diante da cultura que nos envolve (25/05) Deseje e invista numa relação conjugal saudável - I (01/06) Deseje e invista numa relação conjugal saudável - II (08/06) Deseje e invista numa relação familiar saudável - I (15/06) Deseje e invista numa relação familiar saudável – II (22/06) Faça de suas relações profissionais um espaço para a vocação (29/06) Fortaleçam-se no Senhor (06/07) Vistam a armadura de Deus Série: Descobrindo Deus nas viradas da vida Deus no dia-a-dia2 (13/07) A história de José (20/07) O escravo que virou primeiro ministro (27/07) De irmão amargurado a redentor da família3 Série: Vida – Corrida ao Sucesso ou Exercício da Vocação? (03/08) A vida, o tempo e as mãos de Deus (10/08) A História de Josias (17/08) Jonas: Quando se rejeita a vocação2 (24/08) Neemias: um homem no exercício de sua profissão

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(31/08) Daniel: da vocação ao sucesso (07/09) Maria: uma mulher com uma vocação (14/09) Levi: de indivíduo a pessoa (21/09) Zaqueu: chamado para ficar e servir (28/09) VIDA - Conclusão (19/10) Qual é o seu negócio?4 Série: A vontade de Deus (26/10) Submeta-se ao que Ele já tem dito (02/11) Deixe-se guiar por líderes espirituais (09/11) Esteja sensível às circunstâncias (16/11) Faça uso de sua capacidade de avaliação (23/11) Pode Deus revelar Sua vontade de forma sobrenatural? (30/11) Qual seu pedido a Deus para 2004 Série: Natal sobre os que habitavam a terra, raiou uma grande luz (07/12) A luz que orienta em meio à confusão (14/12) A luz que acolhe em meio à rejeição (21/12) A luz que convida a uma vida de rendição MENSAGENS 2004 Série: Uma Agenda para o Ser (28/12) O que você quer que Deus faça em você em 2004 (04/01) Atitudes para Deus trabalhar1 (11/01) Uma oração para entregar o ser2 (18/01) Chamado à excelência (25/01) Homens de excelência (I) (01/02) Homens de excelência (II) Série: Aniversário CPCP (29/02) A Dinâmica Comunitária (07/03) Antioquia: Uma igreja à frente de seu tempo (1) (14/03) Antioquia: Uma igreja à frente de seu tempo (2) (21/03) O exercício da fé1 (28/03) A tarefa dos santos no mundo3 Série: Práticas espirituais que transformam (04/07) A Prática da Busca por Deus I (11/07) A Prática da Busca por Deus II (18/07) A Prática da Adoração a Deus (25/07) A Prática da Ordinariedade em Deus (08/08) A Prática da Vida Comunitária1 (29/08) Ensinando a lei de Deus4 Série: Gratidão – Um exercício de coração, uma atitude para com a vida (31/10) O poder das histórias (07/11) A história de Paulo1 (14/11) Gratidão com o foco no Senhor1 (21/11) Maria – A gratidão em sua plenitude Série: Natal 2004 – De coração para coração (28/11) Do coração de Deus... (05/12) Para os nossos corações... (12/12) A partir de nossos corações... (19/12) Para o coração de Deus. (26/12) Ponha em ordem a sua casa! (02/01) O que é importante para Deus?1 (16/01) Tsunamis – Onde estava Deus?

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MENSAGENS 2005 Série: Para viver e não se arrepender (30/01) Combati o bom combate (06/02) Completei a corrida (13/02) Guardei a fé (20/02) Entre a amargura e a maturidade Série: 4º Aniversário da Chácara Primavera (06/03) A Igreja e o Compromisso com o Acolhimento (13/03) A Igreja e o Compromisso com a Transformação2 (20/03) A Igreja e os Desafios de um Novo Tempo (27/03) No caminho de Emaús Série: O Código "Da Vinci" – Respostas cristãs a questões seculares (03/04) Bíblia – Palavra de Deus ou invenção de homens? (10/04) Jesus – Deus encarnado ou profeta mortal? (17/04) Maria Madalena – Esposa ou discípula? (1) (24/04) Maria Madalena – Esposa ou discípula? (2) (01/05) Maria Madalena – Esposa ou discípula? (3) (08/05) Maria Madalena – Uma mulher em missão (15/05) O Código por detrás do Código (22/05) Uma avaliação sincera3 (29/05) O lugar da criança na aliança4 Série: Em torno da mesa... (05/06) O desafio de construir uma comunidade de amor e maturidade (12/06) O desafio de servir a partir dos dons espirituais (19/06) O desafio de servir a partir dos bens materiais (26/06) Barnabé: Um exemplo bíblico Série: Mais do que uma pedra – Tornando visível uma graça invisível (03/07) Desafio à santidade (10/07) A mentira (17/07) A ira (24/07) O furto (31/07) A palavra torpe (07/08) Conclusão (14/08) Procuram-se pais (21/08) O sonho de Isaías5 Série: A Espiritualidade Engajada – Um chamado à intimidade (28/08) Isaías – Visão, Experiência e Missão (04/09) Neemias – Informação, Oração e Vocação (1) (11/09) Neemias – Informação, Oração e Vocação (2) (25/09) Neemias – Informação, Oração e Vocação (3) (18/09) Uma fé encarcerada1 (02/10) O poder que nos move2 (09/10) Acolhendo e integrando vidas através do amor de Cristo3 (16/10) As "Bem-Aventuranças" sob a visão da Missão Integral4 (23/10) O Princípio do Tesouro5 (30/09) Gente que faz história, com os olhos na eternidade MENSAGENS 2006 Série: Tempo de avaliar, momento de crescer (01/01) Datas que se transformam em memoriais (08/01) Novos valores para novas etapas (15/01) Buscas infindáveis x anseio pela eternidade (22/01) Desfrute a vida! Mas lembre-se do Criador (29/01) Uma vida transitória, mas... vivida com sabedoria! 1 (05/02) Vivendo no centro da vontade de Deus2 Série: Missões (12/02) Missões e a síndrome dos "filhos mais velhos" (1) (19/02) Missões e a síndrome dos "filhos mais velhos" (2) (26/02) Cuide dos pobres!3

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(04/03) Palestra Especial sobre J.R.R. Tolkien & C.S.Lewis (2 CDs) Profª. Drª. Gabriele Greggersen Série: 5º Aniversário da Comunidade (05/03) Um Sonho... (12/03) Uma Surpresa... (1) (19/03) Uma Surpresa... (2) (26/03) Um Desafio... Serie: Jesus – O Homem que fazia sonhar (23/04) O Homem que fazia sonhar (1) 4 (30/04) O Homem que fazia sonhar (2) 5 (07/05) O Homem que fazia sonhar (3) 6 Série Especial – A arte de casar e permanecer casado 8 cd’s (03/09) Qual a pior coisa que pode nos acontecer?5 (24/09) Decisões no presente, reflexos no futuro (01/10) Gratidão – Desenvolvendo um estilo de vida sensível ao mover de Deus6 (14/05) Introdução (21/05) Em busca de uma visão realista do casamento (28/05) O papel do marido na construção de uma família (04/06) O papel da esposa na construção de uma família (11/06) A construção de uma família e o mercado de trabalho (18/06) Os filhos e a construção de uma família (ensino) (02/07) Os filhos e a construção de uma família (disciplina) (25/06) A sexualidade e a construção de uma família (06/08) Não era pra ser assim... (13/08) Encontros com Deus nos desencontros da vida (20/08) Salmo de Lamento – A oração daquele que sofre (1) (27/08) Salmo de Lamento – A oração daquele que sofre (2) (03/09) Batalha Espiritual – Quando enfrentamos o invisível (1) (10/09) Batalha Espiritual – Quando enfrentamos o invisível (2) (17/09) Como agir em meio ao sofrimento? Série: Enfim, o Rei... (31/12) ... enfim, o rei!

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