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DANIEL DINIZ MARTINS
CASCA DE SURURU COMO ALTERNATIVA DE CORREÇÃO DO pH NO SOLO E FONTE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CULTURA DO RABANETE
AGROECOLÓGICO
ARAPIRACA – AL
2018
DANIEL DINIZ MARTINS
CASCA DE SURURU COMO ALTERNATIVA DE CORREÇÃO DO pH NO SOLO E FONTE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO NA CULTURA DO RABANETE
AGROECOLÓGICO
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente, da Universidade Federal de Alagoas, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura e Ambiente.
Orientador Prof.º Dr. Wander Gustavo Botero
ARAPIRACA- AL
2018
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela vida, e a oportunidade de me tornar um ser humano melhor,
após concluir mais uma etapa da vida profissional, o que traz muita alegria e
realizações.
A minha família, em nome dos meus pais Maria Diniz Martins e José Edler
Martins o meu irmão Maxsuel Diniz e minha noiva Wanderlúcia Santana, por todo
amor, carinho, amizade e respeito dedicado durante todos os momentos felizes e
difíceis que exigiram de todos nós muita fé e união.
À Universidade Federal de Alagoas e ao Programa de Pós-Graduação em
Agricultura e Ambiente, pela oportunidade concedida para a realização do mestrado.
Ao Professor Wander Gustavo Botero, meu orientador, onde encontrei apoio,
e orientação em momentos de tomada de decisão durante a pesquisa desenvolvida.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas FAPEAL pela
concessão de bolsa de estudos.
Aos meus colegas pelos momentos de alegria, estudo e trabalho.
“Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco;
à medida que vamos adquirindo conhecimentos,
instala-se a dúvida”
Johann Wolfgang Von Goethe
(Escritor Alemão)
RESUMO
Com a crescente degradação ambiental provocada pelo uso irracional dos recursos naturais e pelo descarte excessivo de resíduos, torna-se necessária a busca por novas alternativas que busquem minimizar os impactos ambientais gerados. A extração e beneficiamento do sururu em Alagoas é o meio de sobrevivência de milhares de pessoas que retiram desse molusco o sustento de suas famílias, por outro lado, os resíduos produzidos durante esse processo correspondem a cerca de 80% de tudo o que foi extraído, o que acaba causando impacto ambiental devido ao seu descarte irregular, representando um desperdício de matéria prima. A constituição principal da casca de sururu é o carbonato de cálcio (CaCO3), que é usado na indústria e na agricultura. Na agricultura o cálcio possui funções vitais na planta e no solo. Objetivou-se, com a realização deste trabalho, avaliar o uso de doses de cascas de sururu moídas como fonte de cálcio e magnésio na produção de rabanete agroecológico. Avaliaram-se os teores de cálcio e magnésio presentes na constituição da casca de sururu por espectrometria de emissão atômica por plasma de micro-ondas. Os resíduos de pó de casca de sururu foram misturados ao solo por um período de incubação de 19 dias, nas doses de 0; 2,5; 5 e 10 t ha-1. Para a obtenção dos dados biométricos na cultura do rabanete utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. Avaliando-se o índice de cor verde (Índice SPAD), área foliar, altura média das plantas, diâmetro da intersecção caule folha, diâmetro da raiz, comprimento da raiz comercial e total, número de folhas, peso fresco das folhas, produtividade das raízes comerciais, produtividade das raízes não comerciais, matéria seca da parte aérea, matéria seca da raiz, relação matéria seca, matéria fresca da parte aérea e da raiz e matéria fresca e seca total. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância com o uso do teste F e de Tukey a (5%) para comparação das médias e análise de regressão, ajustando-se a equação em função das doses de aplicadas. Os resíduos avaliados possuem elevado potencial de fornecimento de cálcio e magnésio, no solo a casca de sururu promoveu o aumento do pH,e as plantas submetidas à dose 10 t ha-1 de pó de casca de sururu apresentaram maior qualidade agronômica. Podendo ser recomendado para elevar o pH solo e na melhoria da produtividade agrícola nos cultivos de rabanete agroecológico.
Palavras-Chave: Raphanus sativus. Reciclagem. Carbonato de cálcio. Mytella
falcata. Residuos. Rabanete.
ABSTRACT
With the increasing environmental degradation caused by the irrational use of natural resources and the excessive waste disposal, it is necessary to search for new alternatives that seek to minimize the environmental impacts generated. The extraction and processing of the sururu in Alagoas is the means of survival of thousands of people who extract from their mollusc the sustenance of their families, on the other hand, the residues produced during this process correspond to about 80% of everything that was extracted, which ends up causing environmental impact due to its irregular disposal, representing a waste of raw material. The main constituent of the sururu bark is calcium carbonate (CaCO3), which is used in industry and agriculture. In agriculture, calcium has vital functions in the plant and soil. The objective of this work was to evaluate the use of doses of sururu husks ground as a source of calcium and magnesium in the production of agroecological radish. The calcium and magnesium contents present in the shell of sururu were evaluated by microwave plasma atomic emission spectrometry. Residues of sururu bark powder were mixed to the soil for an incubation period of 19 days, at the doses of 0; 2.5; 5 and 10 t ha-1. A completely randomized design with four treatments and five replicates was used to obtain the biometric data in the radish culture. It was evaluated the green color index (SPAD index), leaf area, mean height of plants, diameter of leaf stem intersection, root diameter, commercial and total root length, leaf number, fresh leaf weight, root productivity root dry matter, dry matter ratio, fresh matter of shoot and root, and fresh and total dry matter. The data were submitted to analysis of variance using the F test and Tukey a (5%) for comparison of the means and regression analysis, adjusting the equation as a function of the applied doses. The evaluated residues have a high calcium and magnesium supply potential; in the soil the sururu bark promoted the increase of pH, and the plants submitted to the 10 t ha-1 dose of sururu bark powder presented higher agronomic quality. It can be recommended to raise soil pH and improve agricultural productivity in agroecological radish crops.
Keywords: Raphanus sativus. Recycling. Calcium carbonate. Mytella falcata. Waste. Radish.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Sururu (Mytella falcata) após pesca e limpeza .......................................... 24
Figura 2- Base cartográfica com a localização do Complexo estuarino Lagunar
Mundaú-Manguaba – CELMM em Alagoas. ............................................................. 37
Figura 3- Moinho de martelos com peneira de 1mm utilizado para obtenção do pó
fino utilizado nas análises e na incorporação ao solo. Casca de sururu a ser triturada
(A), Trituração da primeira parte das amostras (B), Trituração da segunda parte das
amostras (C) e Trituração final (D). ........................................................................... 38
Figura 4- Precipitação, temperatura e umidade para o período de julho a setembro
de 2017 no município de Arapiraca, região Agreste de Alagoas ............................... 39
Figura 5- Solo incorporado com pó da casca de sururu por um período de 19 dias
antes da implantação da cultura do rabanete............................................................ 41
Figura 6- Análise final aos 33 DAS no laboratório de Fisiologia Vegetal UFAL ........ 43
Figura 7- Separação da parte aérea da raiz comercial do rabanete ......................... 43
Figura 8- Estufa de circulação forcada de ar para determinação da matéria seca da
raiz e parte aérea da cultura do rabanete ................................................................. 44
Figura 9- pH do solo em água (A), teor de cálcio (B), teor de magnésio (C) e soma
de cálcio e magnésio (D) em função de diferentes doses de pó de casca de sururu.
.................................................................................................................................. 49
Figura 10- Produção de matéria fresca de rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu ............................................................................................... 50
Figura 11- Produção de matéria seca de rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 51
Figura 12- Produção de matéria seca de rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu.. ............................................................................................. 52
Figura 13- Crescimento em altura (cm) de rabanete, cultivados em vasos, em função
de datas de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu: 0,0 t ha-1 dose (A),
2,5 t ha-1 dose (B), 5,0 t ha-1 dose (C), 10,0 t ha-1 dose (D) ...................................... 53
Figura 14- Peso fresco de raiz comercial de rabanete, cultivados em vasos, em
função de quatro doses de pó de casa de sururu ..................................................... 57
Figura 15- Produção de matéria fresca das raízes comerciais de rabanete,
cultivados em vasos, em função de quatro doses de pó de casa de sururu ............. 59
Figura 16- Relação matéria seca e fresca RS/F da raiz de rabanete submetido a
diferentes doses de pó de casca de sururu ............................................................... 60
Figura 17- Matéria fresca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 62
Figura 18- Matéria seca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu. .............................................................................................. 62
Figura 19- Área foliar de plantas de rabanete, cultivados em vasos, em função de
quatro doses de pó de casca de sururu. ................................................................... 63
Figura 20- Índice SPAD de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas de
avaliação e doses de pó de casca de sururu: (0,0 t ha-1) dose A, (2,5 t ha-1) dose B,
(5,0 t ha-1) dose C, (10,0 t ha-1) dose D ..................................................................... 67
Figura 21- Diâmetro da interseção caule folha em (cm) de rabanete, cultivados em
vasos, em função de épocas de avaliação e de quatro doses de pó de casca de
sururu ........................................................................................................................ 69
Figura 22- Número de folhas de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas
de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu ........................................... 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Níveis nos tecidos de elementos essenciais requeridos pela maioria das
plantas. ...................................................................................................................... 18
Tabela 2- Análise química do solo utilizado no experimento ................................... 40
Tabela 3- Teor de cálcio e magnésio presentes nas amostras de casca de sururu..46
Tabela 4- Diâmetro da raiz, comprimento da raiz comercial e comprimento da raiz
total do rabanete submetido a diferentes doses de pó de casca de sururu .............. 71
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2 2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................ 16
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 16
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 17
3.1 Caracterização do Solo ..................................................................................... 17
3.2 Caracterização dos solos brasileiros .............................................................. 19
3.3 Uso de resíduos na agricultura ........................................................................ 21
3.4 O sururu (Mytella falcata) ................................................................................. 23
3.5 Descarte indevido das cascas de molusco, um problema ambiental........... 26
3.6 Casca de sururu como fonte de cálcio e magnésio ....................................... 27
3.7 Cálcio nas plantas ............................................................................................. 28
3.8 Cálcio no sistema radicular .............................................................................. 30
3.9 Magnésio nas Plantas ....................................................................................... 31
3.10 Magnésio no sistema radicular ...................................................................... 32
3.11 Considerações gerais sobre a cultura de rabanete ..................................... 33
3.12 Agricultura agroecologica .............................................................................. 36
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 37
4.1 Obtenção, preparo e beneficiamento das cascas de sururu ......................... 37
4.2 Incubação do solo com pó de casca de sururu e implantação da cultura do
rabanete ................................................................................................................... 39
4.3 Características avaliadas .................................................................................. 41
4.3.1 Determinação do índice de cor verde (Índice SPAD) ....................................... 41
4.3.2 Área foliar ......................................................................................................... 42
4.3.3 Altura média das plantas (ATL) ........................................................................ 42
4.3.4 Diâmetro da intersecção caule folha ................................................................ 42
4.3.5 Diâmetro da raiz ............................................................................................... 42
4.3.6 Comprimento da raiz comercial e total ............................................................. 42
4.3.7 Número de folhas (NF) ..................................................................................... 43
4.3.8 Peso Fresco das folhas .................................................................................... 43
4.3.9 Produtividade das raízes comerciais ................................................................ 43
4.3.10 Produtividade das raízes não comerciais ....................................................... 44
4.3.11 Matéria seca da parte aérea ........................................................................... 44
4.3.12 Matéria seca da raiz. ...................................................................................... 45
4.3.13 Relação matéria seca e matéria fresca da parte aérea e da raiz ................... 45
4.4 Análise estatística ............................................................................................. 45
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 46
5.1 Caracterização química dos teores de Cálcio e Magnésio da casca ............ 48
5.2 pH do solo, teores de cálcio e magnésio e soma (cálcio + magnésio) ........ 48
5.3 Produções de matéria fresca, matéria seca e a relação matéria seca e
fresca RS/v da parte aérea do rabanete .................................................................. 50
5.4 Altura média de plantas de rabanete ............................................................... 52
5.5 Produção comercial de raízes de rabanete ..................................................... 55
5.6 Produção de matéria seca e relação matéria seca e fresca das raízes do
Rabanete .................................................................................................................. 59
5.7 Produção de matéria fresca e seca total ......................................................... 61
5.8 Área foliar total .................................................................................................. 63
5.9 Avaliação do índice SPAD ................................................................................ 65
5.10 Diâmetro da interseção de caule e folha do rabanete .................................. 68
5.11 Número de folhas ............................................................................................ 69
5.12 Diâmetro de raiz, comprimento de raiz comercial e comprimento total da
raiz do rabanete ....................................................................................................... 70
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 73
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74
13
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, a busca por fontes alternativas de macronutrientes têm
ganhado destaque no mundo científico. A quantidade de materiais descartados no
processo produtivo vem se tornando um problema global e crescente. Os esforços
para minimizar esses impactos ainda não são capazes de atender uma quantidade
elevada de fontes poluidoras na agricultura, na mineração, na pesca e na indústria,
que descartam resíduos muitas vezes de forma criminosa no ambiente, provocando
danos, em alguns casos irreversíveis (PETRIELLI, 2008; BARBOSA, 2009;
MONACO et al., 2015).
As questões ligadas à preservação ambiental têm ganhado relevância nos
últimos anos, tanto no campo científico quanto industrial. A reciclagem é entendida
como a reutilização de resíduo de um processo, e é a prática mais utilizada em
países onde as matérias-primas têm aspectos estratégicos e as técnicas de descarte
de resíduos sólidos apresentam custos econômicos consideráveis (HAMESTER, et
al., 2010).
A elevada quantidade de resíduos oriundos do setor pesqueiro representa um
sério problema ambiental. A preocupação com o estoque e manejo desses resíduos
os quais ocupam áreas de descarga cada vez maiores, gerando inconvenientes
ecológicos, é recorrente entre os pesquisadores da área. Nesse contexto, as
atividades agrícolas apresentam reais possibilidades de reciclagem e integração
desses subprodutos produzidos pelo setor, desde que os mesmos apresentem
características corretivas (EMBRAPA, 2006; KWON, et al. 2004; ROCHA, et al.,
2004; NASCIMENTO et al, 2014; SANTOS et al., 2017).
A aplicação de resíduo na agricultura vem se tornando uma alternativa
atraente devido aos elevados custo de aquisição dos adubos químicos sintéticos,
pelos impactos ambientais causados durante seu processo produtivo. Vantagens
agronômicas e econômicas da aplicação de resíduos no campo, somando-se as
questões relacionadas à sustentabilidade ambiental, reciclagem e preservação das
jazidas que fornecem os minérios utilizados na fabricação dos adubos químicos
sintéticos (NASCIMENTO, 2014).
Com o alto custo financeiro e ambiental para a produção de adubos químicos
sintéticos, se faz necessária a busca por novas fontes de cálcio e magnésio, e a
substituição do calcário, por resíduos alternativos na correção da acidez do solo
14
torna-se uma opção interessante, já que possibilita seu descarte harmônico no meio
ambiente, além de economia e preservação ambiental com a diminuição na extração
e uso do calcário sintético industrializado (EMBRAPA, 2006).
O sururu (Mytella falcata) é um molusco lamelibrânquio e bivalente da família
Mytilidae, distribuído na América Latina, e encontrado no litoral do Atlântico e do
Pacífico. Na natureza serve de alimento para peixes, aves e para o homem são
explorados na gastronomia ou como fonte de renda para os pescadores. Esse
molusco encontra-se presente na história, na cultura e gastronomia de Alagoas de
forma marcante contada em verso e prosa. Em Alagoas o sururu é um molusco
nativo do complexo estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, que forma com o mar a
restinga, onde se proliferam nas partes mais rasas da lagoa em colônias numerosas,
por outro lado, como qualquer setor produtivo apresenta impactos negativos, como a
degradação ambiental. Além disso, de tudo que é produzido cerca de 20%, de fato,
é usado na alimentação, o restante é descartado em forma de casca, em aterros
sanitários, na lagoa ou em terrenos baldios, provocando sérios transtornos às
comunidades vizinhas que sofrem com moscas, odores e aspecto visual
desagradável (SILVA, 2009; TENÓRIO et al., 2014; SANTOS et al., 2017).
O cálcio e o magnésio são os principais constituintes da casca de sururu e é
considerado como matéria prima para diversos produtos na indústria e na
agricultura. Na agricultura possuem funções vitais. Na planta os íons de cálcio são
usados para a síntese de novas paredes celulares, no fuso mitótico durante a
divisão celular, no funcionamento normal das membranas vegetais e como
mensageiro secundário. Já os íons de magnésio participam da ativação das
enzimas envolvidas na respiração, na fotossíntese e na síntese de DNA e RNA. No
solo o cálcio e o magnésio apresentam funções relacionados à melhoria da
fertilidade, aumento do pH e redução da presença Alumínio em nível tóxico no solo,
elevando assim a produtividade das culturas agrícolas (SILVA, 2009; TENÓRIO et
al., 2014; TAIZ, et al., 2017).
Para obtenção de altas produtividades agrícolas se faz necessária a elevação
do pH e a redução da acidez do solo, condições normalmente associada à presença
alumínio e Manganês trocáveis em concentrações tóxicas, o que representam um
fator limitante ao crescimento e estabelecimento dos vegetais, causado
principalmente pela baixa disponibilidade de cátions de caráter básico, para
15
amenizar os impactos negativos, utilizam-se fontes de cálcio e magnésio com a
finalidade de neutralizar a acidez e minimizar o Al+3 e Mn tóxicos, além de suprir a
planta com Ca2+ e Mg2+ (MONACO et al., 2015).
O beneficiamento das cascas de sururu surge como fonte alternativa de
cálcio e magnésio para as culturas agrícola em substituição as fontes de cálcio e
magnésio comerciais, resultando em uma fonte tecnologicamente viável desses
nutrientes (PETRIELLI, 2008).
O uso de casca de sururu nas unidades de produção agroecológica de
hortaliças pode ser considerado uma alternativa de elevado impacto na
produtividade dos cultivos agrícolas e na conservação do solo, na qual faz uma
relação direta com produtos produzidos em condições naturais. Baseando-se na
agroecológia e na conservação dos recursos naturais existentes (MARTINS, 2008).
O rabanete (Raphanus sativus) é uma olerícola de pequeno porte pertencente
à família brassicaceae, apresenta raiz comestível, caracterizada por ser carnuda,
com formato globular, ovóide ou alongado. O seu desenvolvimento radicular se dar
nas camadas superficiais do solo, e por sua vez são influenciados pelas condições
físicas e hídricas presentes no solo A cultura do rabanete necessita de solos férteis
e com grande disponibilidade de nutrientes dentre eles o cálcio e o magnésio já em
sua implantação, pois, dificilmente consegue-se corrigir deficiências nutricionais
durante o seu curto ciclo (FILGUEIRA, 2008; CAETANO et al., 2015).
Desta forma, buscou-se testar e caracterizar os teores de cálcio e magnésio
presentes nas cascas de sururu com a finalidade de reduz os impactos ambientais
gerados pelo seu descarte, com também avaliar seu efeito através de diferentes
doses de pó de casca de sururu no solo com a finalidade de elevar do pH e na
planta como fonte de cálcio e magnésio na cultura do rabanete. Permitindo o melhor
aproveitamento desse material considerado como resíduo na agricultura, sobretudo
devido aos poucos estudos científicos existentes, que permitam um destino
adequando desse subproduto.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar o reaproveitamento dos resíduos de cascas de sururu em diferentes
dosagens, como fonte alternativa de cálcio e magnésio na produção do rabanete
agroecológico e na correção do pH do solo.
2.2 Específicos:
a) Avaliar e testar doses da farinha obtida das cascas de sururu como fonte
alternativa de cálcio e magnésio a ser aplicado na cultura do rabanete;
b) Caracterizar os macronutriente Ca2+ e Mg2+ presentes na casca do sururu;
c) Avaliar a correção do pH no solo;
d) Determinar os efeitos do cálcio e magnésio no crescimento e desenvolvimento de
plantas de rabanete.
17
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Caracterização do Solo
O solo é formado por uma coleção de corpos naturais, composto por partes
sólidas, líquidas, gasosas, tridimensionais e dinâmicas. Constituído por materiais
minerais e orgânicos, que ocupam a maior porção do manto superficial das
extensões continentais do planeta, podendo abrigar diferentes formas de vida, de
acordo com natureza de onde ocorrem e em alguns casos podem sofrer
modificações por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006).
Sendo também considerado um substrato complexo do ponto de vista físico,
químico e biológico e responsável pela sustentação da vida, fornecendo-lhe
condições de suporte e nutrição para o desenvolvimento das plantas. As dimensões
das partículas do solo e sua capacidade de troca de cátions (CTC) estão
relacionadas diretamente à capacidade de fornecimento de água e nutrientes e a
natureza negativa do solo, que permite a adsorção dos cátions. O pH também
possui grande influência na disponibilidade de elementos minerais para os vegetais.
Por outro lado o sódio e metais pesados presente em excesso no solo, podem
influenciar negativamente no crescimento dos vegetais (TAIZ et al. 2017).
O solo é um substrato natural adequado para o desenvolvimento da grande
maioria dos vegetais, servindo de meio para o crescimento das raízes e de fixação
das plantas, nas culturas agrícolas convencionais em alguns casos o solo é
dispensado, como ocorre nos cultivos hidropônicos, contudo sem abrir mão dos seus
nutrientes essenciais. O solo agrícola é uma fonte de nutrientes minerais para as
raízes e conseqüentemente para o desenvolvimento das plantas, entretanto é
insuficiente para atender as elevadas demandas das culturas agrícolas,
necessitando de correção para a manutenção da sua produtividade (FILGUEIRA,
2008).
O processo de formação do solo consiste na desagregação das rochas, pela
decomposição de resto de materiais vegetais e animais e conta com o auxílio da
água, dos microrganismos e da temperatura para sua formação. Sendo basicamente
composto por 45% de elementos minerais, 25% de ar, 25% de água e 5% de
matéria orgânica (TAQUE, 2014).
18
Os nutrientes minerais são elementos obtidos pelas plantas na forma de íons
inorgânicos do solo, tendo a água como principal meio de transporte. O conteúdo de
água e a sua taxa de movimentação no solo dependem do tipo e da estrutura do
solo, que dependendo das características físicas do solo podem variar
significativamente (TAIZ et al. 2017).
Na Tabela 1 São apresentados os elementos considerados essenciais para a
maioria das plantas superiores. Os primeiros três elementos hidrogênio, carbono e
oxigênio não são considerados nutrientes minerais porque são obtidos da água ou
do dióxido de carbono. Os elementos minerais essenciais em geral são classificados
como macro ou micronutrientes, de acordo com suas concentrações relativas nos
tecidos vegetais (TAIZ et al. 2017).
Elemento Símbolo
Concentração Número relativo de
na matéria seca átomos em relação
(% ou PPM)1 ao molibdênio
Obtido da água ou do dióxido de carbono
Hidrogênio H 6 60.000.000 Carbono C 45 40.000.000 Oxigênio O 45 30.000.000
Obtidos do solo
Macronutrientes Nitrogênio N 1,5 1.000.000 Potássio K 1 250.000 Cálcio Ca 0,5 125.000 Magnésio Mg 0,2 80.000 Fósforo P 0,2 60.000 Enxofre S 0,1 30.000 Silício Si 0,1 30.000 Micronutrientes Cloro Cl 100 3.000 Ferro Fe 100 2.000 Boro B 20 2.000 Manganês Mn 50 1.000 Sódio Na 10 400 Zinco Zn 20 300 Cobre Cu 6 100 Níquel Ni 0,1 2 Molibdênio Mo 0,1 1 Fonte: TAIZ et al. 2017
3.2 dos solos brasileiros
Tabela 1. Níveis nos tecidos de elementos essenciais requeridos pela maioria das
plantas
(1) Os valores para os elementos não minerais (H, C, O) e os macronutrientes são porcentagens. Os
valores para os micronutrientes são expressos em partes por milhão (ppm).
19
3.2 Caracterização dos solos brasileiros
O território brasileiro é formando por uma grande diversidade de tipos de solos, e
a sua formação se dá pela intensidade das interações entre as diferentes formas de
relevo, clima, material de origem, vegetação e organismos associados. Essa
diversidade é atribuída à natureza continental do nosso país, atrelado a suas
potencialidades e limitações de uso, e em grande parte, relacionado à suas
particularidades regionais e das diferentes formas de ocupação, uso e
desenvolvimento do território (EMBRAPA, 2006).
Em sua grande maioria, os solos brasileiros apresentam limitação quanto ao
estabelecimento e desenvolvimento das principais culturas comerciais, devido à
ocorrência da acidez normalmente associada à presença alumínio de (Al+3) e
Manganês (Mn) trocáveis em concentrações tóxicas, o que representam um fator
limitante ao crescimento e estabelecimento dos vegetais, causado principalmente
pela baixa disponibilidade de cátions de caráter básico, como o cálcio (Ca2+) e o
magnésio (Mg2+), para amenizar os impactos negativos, utilizam-se o calcário com a
finalidade de neutralizar a acidez e minimizar o Al+3 e Mn tóxicos, além de suprir a
planta com nutrientes Ca2+ e Mg2+ (MONACO et al., 2015).
Calcário é um produto obtido através da moagem da rocha calcária.
Apresenta o carbonato de cálcio CaCO3 e o carbonato de magnésio MgCO3 como os
seus principais constituintes. De acordo os teores de MgCO3, os calcários podem
ser classificados em: calcíticos, com teor de MgCO3 inferior a 10%; magnesianos,
com teor mediano de MgCO3 entre 10% e 25%; e dolomíticos, com teor de MgCO3
acima de 25%. Em função da natureza geológica, os calcários são também
classificados em sedimentares e metamórficos. Os primeiros são mais friáveis e os
últimos são mais rígidos, porém, quando bem moídos apresentam comportamento
agronômico semelhante (ALCARDE, 2005).
A elevada acidez verificada nos solos tropicais ocorre devido ao avançado
índice de intemperismo das rochas de origem, condicionada a uma alta atividade do
alumínio na solução do solo, e a deficiência de nutrientes, especialmente de cálcio,
magnésio e fósforo, o que é característico da grande parte dos solos brasileiros que
são classificados como latossolos, que apresentam boas características físicas
(textura, porosidade e estrutura), mas químicas inadequadas. Quando corrigido
quimicamente apresentam grande potencial agrícola e produtivo. A calagem consiste
20
na adição e incorporação de calcário que apresenta em sua composição uma sal de
caráter básico a base de (CaCO3) na camada arável do solo, que é a área de maior
concentração de raízes, visando à correção da acidez do solo (pH), possibilitando a
neutralização do alumínio tóxico para às plantas, e proporcionando incremento
nos teores de cálcio e magnésio (MACHADO et al., 2011).
A utilização de produtos a base de cálcio permite neutralizar a acidez dos
solos e ainda carrear nutrientes para os vegetais. O processo de acidez se dar
devido à presença de H+ livres, gerados em virtude da existência de ácidos no solo.
A neutralização da acidez consiste em neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion
OH-, para isso os corretivos de acidez devem conter quantidades suficiente de
componentes de caráter básicos, que permitam a geração de OH- e
consequentemente promova a sua neutralização (ALCARDE, 2005).
Reação de neutralização de ácidos no solo conforme Embrapa (2010):
Para Lopes (1990) a calagem adequada propicia uma combinação de efeitos
favoráveis, dentre os quais se destacam:
✓ Eleva o pH;
✓ Fornece Ca2+ e Mg2+ como nutrientes;
✓ Diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe;
✓ Aumenta a disponibilidade do N, P, K, Ca, Mg, S e matéria orgânica no
solo;
✓ Aumenta e eficiência dos fertilizantes;
✓ Eleva a atividade microbiana e promove a liberação de nutrientes, tais
como N, P, S e B, pela decomposição da matéria orgânica;
✓ Melhora as propriedades físicas do solo, proporcionando melhor aeração,
circulação de água, favorecendo o desenvolvimento das raízes das
plantas;
✓ Aumenta a produtividade das culturas.
21
3.3 Uso de resíduos na agricultura
Em síntese a adubação pode ser definida como a adição de nutrientes
necessários a sobrevivência das plantas, com o intuito de se obter colheitas
compensadoras e produtos de boa qualidade nutritiva e ou industrial, e que cause o
menor impacto possível ao meio ambiente. No geral sempre que o fornecimento dos
nutrientes pelo solo for menor que a exigência da cultura, se faz necessário
adicionar adubos, visando à manutenção da produtividade (FAQUIN, 2005).
Entretanto, com a elevação dos custos operacionais e o crescente consumo
de insumos agrícolas, atrelados a necessidade de produção, cada vez maiores,
tornam os resíduos provenientes de materiais orgânicos uma opção interessante do
ponto de vista econômico, social e ambiental para a adubação das culturas agrícolas
(BARBOSA, 2009).
A NBR 10004 classifica os resíduos nos estados sólidos ou semi-sólidos, que
resultam da atividade da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também, resíduo
sólido, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, e aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle da poluição (ABNT, 2004).
A destinação dos resíduos está diretamente relacionada com a conservação
ambiental, em termos legais, conforme a Lei Federal No 6938, de 31 de agosto de
1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, no seu artigo 3º:
I - meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental: alteração a diversa das
características do meio ambiente;
III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
22
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
IV - poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação
ambiental (BRASIL, 1981).
Nesse contexto, verifica-se que destinar resíduos de forma inadequada,
propiciando prejuízos ambientais de qualquer forma, consiste em uma atividade
ilegal sujeita às penalidades impostas por lei (BRASIL, 1981).
Como uma alternativa para solucionar a problemática da destinação final dos
resíduos sólidos é crescente o interesse pelo reuso e aproveitamento de resíduos
gerados por diversas áreas produtivas, o que vem ganhado notoriedade em virtude
da elevação dos problemas ambientais, neste contexto o descarte dos resíduos de
mariscos não fica de fora. A produção de ostras, mexilhões e sururu no Brasil nos
últimos anos vem crescendo de forma considerável. E o problema agrave-se devido
a apenas 20% quantidade de marisco que é produzida é consumida na forma
alimentar e 80% é descartado na forma de casca. A preocupação com o destino
desses resíduos não é observada somente no Brasil, na Coréia onde são geradas
aproximadamente 300.000 toneladas de cascas ano, o governo preocupado com a
saúde pública, financia projetos que visam aumentar a reciclagem desses resíduos,
pois quando descartado indevidamente no ambiente, ocorre o processo de
decomposição microbiana dos sais, que são transformados em gases tóxicos como
NH3 e H2S (HAMESTER, et al., 2010).
Mesmo quando o resíduo apresenta isenção ou concentrações seguras em
relação a algum contaminante, não significa dizer que é adequado para o uso
agrícola. A adição de um material ao solo agrícola só se justifica quando este resulta
em algum benefício agronômico, com melhoria dos atributos relacionados à
fertilidade do solo. Assim, são necessários testes que comprovem a eficiência
agronômica do resíduo. Essa eficiência é normalmente determinada em
experimentos, onde são avaliadas plantas cultivadas em solo tratado com o resíduo
e outras com os insumos tradicionais, para comparação, sendo que o
desenvolvimento e a produtividade das plantas são as principais variáveis
observadas. Com base na caracterização do resíduo, pode-se definir se esse
23
apresenta potencial para ser um condicionador do solo e/ou uma fonte de um ou
mais nutrientes (EMBRAPA, 2006); (KWON et al, 2004).
A aplicação de resíduo na agricultura vem se tornando uma alternativa
atraente devido aos elevados custo de aquisição dos adubos químicos sintéticos,
pelos impactos ambientais causados durante seu processo produtivo e pela
presença de nutrientes e matéria orgânica. Vantagens agronômicas e econômicas
da aplicação de resíduos no campo, somando-se as questões relacionadas à
sustentabilidade ambiental, reciclagem e preservação das jazidas que fornecem os
minérios utilizados na fabricação dos adubos químicos sintéticos (NASCIMENTO,
2014).
3.4 O sururu (Mytella falcata)
Os moluscos representam o segundo grupo animal mais abundante na face
da terra em relação ao número de espécies com cerca de 100.000 espécies, e são
em sua maioria animais marinhos, vivendo ao longo das praias ou em águas rasas,
porém algumas espécies são encontradas a uma profundidade aproximada de
10.500 m, sendo as mais comuns a lula, o polvo e os mexilhões (FILHO et al. 2003).
Os mitilídeos são em sua grande maioria bivalves epifaunais marinhos,
estuários e diretamente relacionados à formação de substratos biológicos muito
complexos, formando amplas agregações, dominando uma extensa faixa de habitat,
onde formam bancos ou manchas, desde substratos inconsolidados e lamosos até
costões rochosos expostos e abrigados da ação de ondas, são encontrados
enterrados na lama, numa profundidade máxima de um centímetro, incluindo os
bivalves ostras, mexilhões e sururus (VIAPIANA, 2015).
O mytella falcata é um molusco que apresenta a seguinte classificação
sistêmica: Reino animália – Filo: Molusca - Classe: bivalvia – Ordem: mytiloida -
Família: mytilidae – Gênero: mytella – Espécie: mytella falcata (VIAPIANA, 2015).
O sururu (Mytella falcata) Figura 1 é um molusco lamelibrânquio e bivalente
da família Mytilidae, distribuído na América Latina, e encontrado no litoral do
Atlântico e do Pacífico. Na natureza serve de alimento para peixes, aves e para o
homem são explorados na gastronomia ou como fonte de renda para os pescadores.
A sua sobrevivência está diretamente relacionada à salinidade da água que deve se
24
manter em torno de 5 e 15%, para o seu desenvolvimento ideal. Estudos mostraram
que a salinidade abaixo de 5%, como muitas vezes ocorre no período chuvoso,
podem provocar mortalidade dos espécimes, podendo chegar à dizimação total em
períodos superiores a 10 dias com teores de 2%. A salinidade superior a 20% pode
retardar o crescimento e provocar mortalidade nos bancos naturais, em casos
extremos (25 a 30%) também provocará a mortalidade do molusco (SILVA, 2009).
A principal fonte de alimentos para os bivalves são as microalgas, entre elas
se destacam as diatomáceas e dinoflageladas, sua ingestão é feita através de um
processo de filtração, mediante o uso de sifões, onde são separadas as partículas
úteis das indesejáveis, esse processo é conhecido com depuração. Quando a
depuração não funciona corretamente, o molusco acaba fazendo uma ingestão de
grandes quantidades de substâncias inadequadas, com destaque para a sílica, que
promove a elevação da sua população bacteriana, e para o mercado gastronômico
compromete seu sabor característico, o tornado desagradável ou impróprio para o
consumo humano (VIEIRA, et al., 1990; OLIVEIRA; SALAROLIB, 2008).
Possuem formato de concha de cunha lisa, apresentando uma cor preta
azulada brilhante, com tamanho máximo de aproximadamente 50 mm de
comprimento (VIAPIANA, 2015). Esses animais são muito abundantes no litoral
brasileiro, vivendo principalmente fixos nos costões rochosos ou na lama. Os
Figura 1. Sururu (Mytella falcata) após pesca e limpeza.
Fonte: IFMA, 2014
25
moluscos bivalentes são animais simétricos compridos nas laterais e possuem uma
concha composta por duas valvas calcárias, encaixadas em dobradiças dorsalmente
unidas internamente por um ou dois fortes músculos que envolvem todo o corpo
(SILVA, 2014).
No Brasil a produção de moluscos bivalves, que incluem ostras, mexilhões e
sururus, teve um crescimento de cerca de 77% entre 2003 e 2011, sendo
caracterizado como um importante segmento na produção aquícola do Brasil
(SEBRAE, 2013)
Em Alagoas o sururu é um molusco nativo do complexo estuarino Lagunar
Mundaú-Manguaba, que forma com o mar a restinga, onde se proliferam nas partes
mais rasas da lagoa em colônias numerosas. Para o Estado representa um símbolo
de identidade cultural e a geração de renda para milhares de pescadores que vivem
da extração no ambiente aquático, do beneficiamento e na venda desse molusco,
atingindo aproximadamente 1.600 famílias, que sobrevivem unicamente do
extrativismo e comércio do sururu. A lagoa interfere direta ou indiretamente na
realidade dos 260 mil habitantes que vivem no entorno das lagoas, dos quais cinco
mil são pescadores (TENÓRIO et al., 2014; ALAGOAS, 2008).
O Mytella falcata é encontrado na lagoa Mundaú a uma profundidade
raramente superior a 2 m. A natureza do fundo é predominantemente lama, rica em
matéria orgânica, com razoável teor de fragmento de conchas de molusco,
carapaças de crustáceo e outros elementos grosseiros. É nesse tipo de substrato
onde prolifera em grande abundância o sururu, que cobre toda a superfície dos
aterros (bancos), encontrando assim um ambiente favorável para se tornar o maior
estoque nacional entre os seus congêneres e uma das maiores reservas naturais do
mundo com uma estimativa de aproximadamente 3.000 toneladas (ROCHA, 2004).
A lagoa Mundaú possui uma área de aproximadamente 23 Km2, e está
localizada nos municípios de Maceió, Coqueiro seco, Santa Luzia do Norte,
Marechal Deodoro e Pilar. Conjuntamente com a lagoa Manguaba, com a qual
possui canais em comum e desembocadura única no oceano Atlântico, constitui o
Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba, com área total aproximada de 55
km2, caracterizando-se como uma laguna de água saloba ou estuário, uma vez que
suas águas sofrem permanentemente influência das águas do mar e das águas dos
rios. Mesmo sendo um ambiente muito diverso e rico em organismos explorados
26
como fonte de alimento e renda, o sururu se destaca por ser o principal recurso
pesqueiro explorado da laguna (TAMANO, 2015).
O sururu é utilizado como alimento em muitas partes do mundo,
principalmente em região ao entorno dos estuários. É um alimento de origem animal
com alto valor protéico e rico em minerais como cálcio e fósforo. O sururu
encontrado em Alagoas é caracterizado por apresentar conchas em formato de
cunha lisa, e quando adultos apresentam coloração preta; secreta uma substância
viscosa, com a qual adere às rochas ou a qualquer outro objeto da costa e do fundo
do mar (SILVA, 2014).
A coleta dos moluscos é uma forma de produção de alimento alternativa a
escassez de recursos pesqueiros, possui uma enorme importância econômica e
social para muitas comunidades afetadas pela redução da produção da pesca
extrativista, tendo como alternativa, o cultivo ou a extração desses organismos
marinhos. Com isso sua extração vem permitindo a fixação dos pescadores em suas
comunidades de origem, gerando emprego e renda. Por outro lado, a atividade
apresenta problemas associados a sua forma de produção, principalmente devido à
escassez de legislação e regulamentação da atividade, e ambiental relacionado à
disposição de resíduos sólidos e efluentes líquidos gerados nos locais de coleta e
beneficiamento, como a alterações nos padrões de circulação de água, poluição
visual, descartes irregulares e odores (PETRIELLI, 2008).
A extração desses organismos é tradicionalmente feita por pessoas de baixa
renda que moram nas proximidades da região coletora, e que vivem basicamente do
extrativismo de mariscos comestíveis (maricultura), utilizando os frutos do seu
trabalho na alimentação de suas famílias, e o excedente dos mariscos são
comercializados, tornando-se uma importante fonte de renda para a comunidade
(RIMAR, 2013).
3.5 Descarte indevido das cascas de molusco, um problema ambiental
Após pescado, o sururu passa por um processo artesanal de beneficiamento
relativamente simples que consiste na separação da parte carnosa do molusco de
sua casca. Suas conchas são descartadas no ambiente, geralmente de maneira
inadequada. Quando dispostas irregularmente, seu acúmulo causa mau cheiro, atrai
27
insetos e outros organismos, disseminam doenças, além do desconforto aos
banhistas, prejuízos à paisagem e assoreamento (MONACO et al., 2015; SILVA, et
al., 2007).
O resíduo da concha de sururu se encontra descartado no meio ambiente em
grande quantidade, despejados em águas públicas e aterros sanitários. E por não
existir uma política de gerenciamento para tal resíduo, seu destino acaba sendo
mesmo o lixo doméstico (ROCHA, 2004; JUNG, et al.,2007).
A utilização desse material como matéria-prima em outros processos
produtivos permitiria transformar resíduos, em subprodutos úteis, diminuindo as
grandes quantidades que são descartadas em aterros sanitários e contribuindo
assim com a minimização dos impactos ambientais (RAYMUNDO, 2013).
3.6 Casca de sururu como fonte de cálcio e magnésio
O carbonato de cálcio (CaCO3) é o principal constituinte das conchas dos
bivalves e é considerado como matéria prima para diversos produtos, tais como o
cal virgem, cal hidratado, carga em polímeros, bloco e pavimentos para construção
civil, construções de estradas, pasta de papel, mármore compacto, adubos e
pesticidas, rações, cerâmica, indústria de tijolos, indústria de tintas, espumas de
polietileno, produção de talco, produção de vidros, indústria do cimento, produção de
vernizes e borrachas, correção de solos e medicamentos (CHIERIGHINI et al., 2011;
TENÓRIO et al., 2014; PETRIELLI, 2008; KWON et al., 2004 ).
Para Rimar (2013), as conchas de sururu contêm quantidades elevadas de
carbonato de cálcio, o que permitiria seu aproveitamento na indústria farmacêutica,
para a produção de medicamentos destinados a reposição de cálcio e redução dos
danos causados pela osteoporose, na indústria de cerâmica, como material
impermeabilizante e na agricultura como corretivo de acidez do solo.
As conchas são formadas predominantemente por carbonato de cálcio, além
de apresentar matéria orgânica, traços de manganês, ferro, alumínio, sulfatos e
magnésio. O carbonato de cálcio e o magnésio podem ser utilizados em diversos
ramos, na agricultura, com potencial na elevação do pH dos solos agrícolas por
conter ions de caráter básicos e como fonte de cálcio e magnésio para as plantas
(SILVA, 2007; YONG, et al.,2010; LEEA, et al., 2008)
28
O beneficiamento das cascas surge como fonte alternativa de carbonato de
cálcio, o principal constituinte das conchas de moluscos bivalves (o descarte
constitui um desperdício de matéria prima) que pode ser utilizado em setores como a
construção civil e na nutrição animal e para o uso agrícola em substituição as fontes
de cálcio comercial, resultando em uma fonte tecnologicamente viável desse
nutriente (PETRIELLI, 2008).
3.7 Cálcio nas plantas
O cálcio se encontra no solo geralmente nas seguintes formas: carbonatos,
fosfatos, sulfatos, silicatos, na matéria orgânica, trocável e em solução. As duas
últimas são as únicas de interesse para as plantas superiores. Os íons de cálcio
(Ca2+) são usados na síntese de novas paredes celulares, como a lamela media que
separa células em divisão, sendo utilizado no fuso mitótico durante a divisão celular,
e para o funcionamento normal das membranas vegetais e como mensageiro
secundário. O cálcio pode se ligar à calmodulina, que é uma proteína encontrada no
citosol dos vegetais que possui a função de regular inúmeros processos metabólicos
(TAIZ e ZEIGER, 2006).
Esse macronutriente e responsável pela manutenção da estrutura e
funcionamento normal das membranas celulares, e pela permeabilidade das
membranas aos compostos hidrofílicos, que são influenciados diretamente pelas
concentrações de Ca2+ e de H+ no meio. O pH abaixo de 4,5 torna as membranas
mais permeáveis, favorece o fluxo de cátions e propicia efeitos desfavoráveis
sobre a absorção de íons. Em meio ácido o Ca2+ acaba sendo trocado por H+,
promovendo assim uma elevação da permeabilidade das membranas em virtude do
uso de agentes quelantes, o que promove o mesmo efeito, e o fluxo de íons e
compostos orgânicos de baixo peso molecular é observado. Este efeito do cálcio
sobre a absorção iônica é chamado de efeito “Viets”, que trata da absorção de
outros cátions na presença do Ca2+ em baixas concentrações no meio (FAQUIN,
2005)
O fornecimento de Ca2+ nas culturas oleráceas tem sido insuficientes para
atender suas necessidades, já que o cálcio na maioria deles possui extração em
quantidade superior ao potássio (P), necessitando está em equilíbrio para prevenir e
29
evitar anomalias fisiológicas ocasionadas por sua carência. Em solos pobre de
cálcio, a calagem apresenta-se como uma alternativa para o suprimento do cálcio
para as culturas agrícolas, por outro lado na maioria das vezes não consegue
fornecer de forma suficiente as quantidades desse macronutriente, devendo-se
efetuar seu complemento na forma de adubação de plantio e pós plantio em
cobertura ou por meio da fertirrigação (FILGUEIRA, 2008).
Os principais sintomas característicos da deficiência de cálcio nas plantas são
primeiramente percebidos pela necrose nas regiões meristemáticas jovens, ápices
radiculares ou folhas jovens, nas quais as divisões celulares são mais rápidas. A
necrose em lento desenvolvimento é percebida pela clorose generalizada e pelo
curvamento para baixo das folhas, e as folhas jovens podem apresenta-se
deformadas. O sistema radicular mostra-se acastanhado, curto e bastante
ramificado, podendo existir uma redução severa no crescimento (TAIZ & ZEIGER,
2006).
O cálcio é um nutriente essencial a manutenção da qualidade dos frutos,
devido ao fato de ser constituinte da parede celular e da lamela média dos vegetais.
Onde seus íons ligam-se as pectinas, que são formadas por cadeias de ácido
poligalacturônico com inserções de ramnose na parede celular. As pontes de cálcio
entre os ácidos pécticos retardam o acesso e a ação de enzimas pectolíticas que
são produzidas pelos frutos provocando seu amaciamento, ou daquelas produzidas
pelos fungos e bactérias que causam deterioração. Sabe-se que sérias perdas
econômicas ocorrem anualmente em órgãos como frutos e hortaliças, provocado por
desordens fisiológicas e ou por podridões, relacionado principalmente ao teor
inadequado de cálcio em seus tecidos. Regularmente causado pela baixa
suplementação de cálcio na planta, onde os danos surgem nos frutos após a
colheita ou durante o processo de armazenamento (YAMAMOTO et al.,2011).
Por fim o cálcio possui diversos efeitos importantes sobre o crescimento e
desenvolvimento das plantas, sendo essencial e fundamental na manutenção da
integridade estrutural das membranas e da parede celular, participando diretamente
do processo de divisão celular, de absorção iônica, na germinação do grão de pólen
e no crescimento do tubo polínico. Sua presença na solução do solo é fundamental
para o desenvolvimento das raízes (EMBRAPA, 2013).
30
3.8 Cálcio no sistema radicular
Para obtenção dos nutrientes do solo os vegetais desenvolvem um extenso
sistema radicular. E suas raízes possuem estruturas consideravelmente simples,
com simetria radial e poucos tipos de células diferenciadas, as mesmas esgotam
continuamente os nutrientes do solo imediatamente ao seu redor, permitindo um
rápido crescimento em zonas inexploradas do solo (TAIZ & ZEIGER, 2006).
O desenvolvimento do sistema radicular é controlado por fatores genéticos e
afetado por fatores físicos e químicos, dentre eles a falta ou excesso de água,
deficiência de oxigênio, variação da temperatura, desequilíbrio nutricionais,
impedimentos físicos e presença de elementos tóxicos. Entre os fatores químicos
destaca-se o alumínio (Al3+), que quando presente em excesso, reduz o crescimento
radicular especialmente no ápice das raízes. Por outro lado o Ca2+ é um nutriente
que apresenta função primordial na expansão do sistema radicular. Por isso quando
a saturação por Ca2+ no complexo de troca é inferior a 20%, haverá uma forte
limitação do desenvolvimento radicular da maioria das espécies cultivadas. Devido à
maior absorção do Ca2+ nas raízes ocorrer nas partes mais novas dos vegetais, ou
seja, nas zonas ainda não suberizadas, para isso o solo deve suprir adequadamente
as necessidades de Ca2+ das plantas, propiciando sua continua absorção e
conseqüente expansão radicular (PRADO, et al.,2004)
Vale salientar que os fatores químicos que afetam o crescimento radicular
estão presentes em grande parte dos solos tropicais, relacionado principalmente a
acidez promovida pela alta concentração de Al tóxico e baixo conteúdo de cálcio. Ou
pelo manejo agronômico incorreto baseado em sucessivas aplicações de
fertilizantes de reação ácida, como os adubos nitrogenados, causando assim forte
acidificação dos solos. A toxicidade por alumínio é o principal fator limitante ao
estabelecimento de diferentes culturas em solos ácidos. Portanto, a presença de
Ca2+ na solução do solo, e em contato com o sistema radicular é fundamental para a
sobrevivência dos vegetais, em virtude da sua não translocação da parte aérea para
as porções novas das raízes em crescimento (CAIRES et al., 2001).
31
3.9 Magnésio nas Plantas
O magnésio (Mg2+) é um macronutriente presente nas células vegetais e que
é sempre absorvido sobre a forma de íons (Mg2+), com a finalidade de ativação das
enzimas envolvidas na respiração, na fotossíntese e na síntese de DNA e RNA.
Além de está presente em diversas reações metabólicas na planta como: a
fotofosforilação (Formação de ATP nos cloroplasto), a fixação fotossintética do
dióxido de carbono (CO2), a síntese protéica, a formação da clorofila, o
carregamento do floema, a separação e utilização de fotoassimilados, a geração de
espécies reativas de oxigênio, na fotooxidação nos tecidos foliares e compondo a
estrutura do anel das moléculas de clorofila. Um dos sintomas característico da
deficiência de magnésio é o aparecimento da clorose entre as nervuras foliares,
sendo observado primeiramente nas folhas mais velhas, em virtude da mobilidade
desse nutriente na planta (TAIZ, et al., 2017).
Os sintomas de deficiência de magnésio se caracterizam pelo lento
crescimento das plantas (EMBRAPA, 2013), e sua deficiência promove prejuízos
severos ao crescimento e a produção comercial de plantas (TAIZ, et al., 2017).
Além de ser ativador de todas as enzimas fosforilativas, que possuem com
finalidade a incorporação e transferência de fósforo inorgânico, sendo responsável
pela ligação do ATP ou do ADP. A transferência de energia do ATP e do ADP é de
fundamental importância para os processos de fotossíntese, respiração (glicólise e
ciclo dos ácidos tricarboxílicos), reações de síntese de compostos orgânicos
(carboidratos, lipídios, proteínas), absorção iônica (principalmente de fósforo) e
trabalho mecânico executado pela planta (EMBRAPA, 2013).
O magnésio atua como carreador de vários nutrientes, além de ser um
ativador enzimático fundamental aos processos de fotossíntese, respiração, síntese
de nucleotídeos e de carboidratos. As clorofilas que são porfirinas magnesianas, são
composta por cerca de 2,7% de magnésio em sua massa molecular,
correspondendo a 20% do magnésio total presente na folha. Sendo o processo de
síntese de clorofila baseado no composto protoporphyrin IX, que pode reagir tanto
com o Mg2+, formando um precursor da clorofila quanto com o Fe formando um
composto Heme. Com isso dependendo da quantidade de Mg2+ disponível poderá
32
influenciar diretamente no direcionamento dessa rota, inferindo assim na quantidade
de clorofila produzida (BARROSO, 2013).
Os elevados índices de acúmulo de fotoassintatos em folha de vegetais com
deficiência de Mg2+, poderão provocar alteração do metabolismo fotossintéticos,
reduzindo assim o uso da energia luminosa absorvida durante a fotossíntese, o que
pode provocar a saturação da cadeia de transporte de elétrons com o acúmulo de
NADPH. Podendo causar danos celulares graves o que se materializa pelo baixo
desenvolvimento das plantas submetidas a esse estresse (SILVA, 2013).
3.10 Magnésio no sistema radicular
As raízes são capazes de retirar o Mg2+ da solução do solo bem como
aquele adsorvido ao complexo coloidal. Elevadas concentrações de Mg2+ no solo e
nas plantas poderão causar danos nos vegetais, devido ao distúrbio no balanço
entre cálcio e magnésio, propiciando prejuízos severos, particularmente no sistema
radicular, em virtude da sensibilidade das raízes a deficiência de cálcio (DEON,
2007).
Em relação ao transporte do Mg2+ das raízes para a parte aérea se dar
através do xilema por meio de uma corrente transpiratória, na forma como foi
absorvido Mg2+, diferentemente de como ocorre como Ca2+ e de modo semelhante
ao que acontece com o K2+, o Mg2+ é móvel no floema. E sua grande parte
encontra-se na forma solúvel, devido a isso se torna facilmente redistribuído em
todas as partes do vegetal. Com isso em situação de carência, os sintomas de
deficiência desse mineral são rotineiramente observados nas folhas mais velhas
(FAQUIN, 2005).
3.11 Considerações gerais sobre a cultura de rabanete
O rabanete é uma das culturas agrícolas mais antigas que existem. Há
registros de que a mesma já vinha sendo cultivada há mais de três mil anos. E em
relação ao seu centro de origem, existem controvérsias. Havendo autores que o
considera proveniente da China, enquanto outros, originário do oeste asiático ou sul
da Europa (MINAMI e TESSARIOLI NETTO, 1997).
33
O rabanete (Raphanus sativus) é uma olerícola de pequeno porte pertencente
à família brassicaceae, tal como: o agrião, o repolho, o nabo, a mostarda, a rúcula, a
couve-flor, a couve-brócolis, a couve-de-folha, a couve-de-bruxelas, entre outras
espécies. Apresenta raiz comestível, caracterizada por ser carnuda, com formato
globular, ovóide ou alongado. O mercado consumidor brasileiro tem preferência por
cultivares que apresentam raízes com formato globular e película externa de
coloração vermelha intensa brilhante e polpa branca não esponjosa. Além de ser
uma hortaliça que apresenta ciclo curto em torno de 30 a 35 dias. E exige pH do solo
variando entre 6,0 a 6,8 (FILGUEIRA, 2003).
O seu desenvolvimento radicular se dar nas camadas superficiais do solo, e
por sua vez são influenciados pelas condições físicas e hídricas presentes, o que se
relaciona diretamente com a sua produção. Além de ser uma cultura considerada
sensível à redução ou ao excesso de água disponível na risosfera, o que poderá
refletir também na quantidade de oxigênio disponível, podendo trazer como
conseqüência a redução do desenvolvimento da parte aérea, reduzindo assim seu
rendimento. A cultura do rabanete necessita de solos férteis e com grande
disponibilidade de nutrientes dentre eles cálcio e magnésio, já em sua implantação,
pois, dificilmente consegue-se corrigir deficiências nutricionais durante o seu curto
ciclo (CAETANO et al., 2015).
Tradicionalmente, a principal forma de manejo dos solos para o plantio dessa
hortaliça se faz pelo uso de fertilizantes químicos solúveis sintéticos, uma forma
bastante onerosa ao produtor e ao meio ambiente, e quando mal conduzida poderá
causar sérios problemas ao solo, como perdas de nutrientes por lixiviação e
contaminação do lençol freático (BATISTA, 2011). Os elementos minerais mais
absorvidos pelo rabanete seguem a seguinte marcha de absorção, para os
macronutrientes são N, P, H, Ca2+, Mg2+ e Fe, e para os micronutrientes são Mn e
Zn (HAAG; MINAMI, 1987).
Sua parte de interesse econômico é a raiz, que possui características
definidas pelo mercado consumidor, de maneira geral deve possuir coloração
característica, ausência de danos físicos e de rachaduras relacionadas a desordens
fisiológicas. Possuindo diferentes cores dentre elas o branco, rosa, vermelho, roxo,
amarelo e o preto, mas com predominância do vermelho. Por outro lado a cultura é
influenciada negativamente pelas práticas culturais inadequadas, estresse hídrico,
34
doenças, ataques de insetos, problemas nutricionais, desordens fisiológicas, além
da falta de conhecimento sobre o crescimento de cada cultivar pelos produtores
(PEDÓ et al., 2010).
Apresenta em sua composição, elevado teor de vitaminas e sais minerais,
que são de fundamental importância, para manutenção da saúde humana, atuando
como diurético, antiescorbútico, estimulante da função das glândulas digestivas e do
fígado (MINAMI e TESSARIOLI NETTO, 1997).
Em relação ao seu teor nutricional, para cada 100 gramas de raiz in natura
existe: 15,9 calorias; 96,20% de água; 30 µg de vitamina B1 (tiamina); 30 µg de
vitamina B2 (riboflavina); 0,30 µg de vitamina B3 (niacina); 18,3 mg de vitamina C
(ácido ascórbico); 0,50 mg de cobre; 10 mg de magnésio; 3,70 mg de zinco; 382,9
mg de potássio; 86,50 mg de sódio; 138 mg de cálcio; 1,71 mg de ferro e 64 mg de
fósforo (LUENGO et al. 2000). Além de ácido fólico e fibras alimentares (PUTTI et
al., 2014). E suas folhas podem ser utilizadas para o preparo de sopas e outros
pratos, e composta com ingredientes essenciais a uma alimentação saudável
(SCHUSTER et al., 2012) e (KOPTA et al., 2013).
O rabanete é uma cultura intolerante ao transplante, com isso a semeadura
deve ser feita diretamente no local definitivo, é cultivado praticamente o ano todo, e
possui um alto valor nutritivo, quando comparado com outras hortaliças, e rico em
carboidratos, cálcio, ferro e fósforo, ácido ascórbico, tiamina, riboflavina e niacina
(LUCCHESI et al.,1976).
Mesmo sendo uma cultura de pequena importância em relação à área
plantada, é cultivada em grande número pelos pequenos produtores, principalmente
aqueles localizados nos cinturões verdes ao redor das grandes cidades. (PUTTI et
al., 2014). E como vantagens a relativamente rusticidade, ciclo muito curto (cerca de
30 dias), e retorno rápido. Tornando-se uma cultura atrativa para realização do
rodízio de culturas. O tamanho da raiz do rabanete depende, dentre outros fatores,
da fertilidade do solo (CARDOSO et al., 2001).
Em termos de nutrição mineral, o rabanete apresenta comportamento
semelhante à grande maioria das hortaliças, e tem respondido positivamente às
aplicações de fertilizantes. No entanto são escassos os trabalhos realizados com a
cultura no que tange à nutrição mineral e resposta da cultura à aplicação de
fertilizantes (MESQUITA et al., 2011). Sendo considerada uma cultura bastante
35
exigente do ponto de vista nutricional, com o agravante de necessitar de grandes
quantidades de nutrientes dentro de um curto período de tempo (COUTINHO NETO,
et al., 2012).
Estima-se que a produção mundial de rabanete gire em torno de sete milhões
de toneladas ano, sendo o Japão considerado o maior produtor dessa olerícola,
seguido por Coréia do sul e Taiwan, correspondendo a cerca de 2% de todos
hortaliças produzidas no mundo (KOPTA et al., 2013). Em termos de Brasil estima-
se uma produção de 9.140 toneladas, e em sua grande parte proveniente de
pequenas propriedades rurais, com área variando de 2 a 5 hectares (BATISTA,
2011). A quantidade estimada de estabelecimentos produtores de rabanete no Brasil
é de 7.353 mil unidades, sendo de 352 delas na região Nordeste e de
aproximadamente 6 unidades de produção no estado do Alagoas (IBGE, 2006).
Em estudo realizado por T. Kopta, (2013) destacou o potencial produtivo da
cultura em sistema de cultivo orgânico na República Tcheca constatando que
mesmo nesse sistema de cultivo as plantas de rabanete proporcionaram produção
semelhante ao cultivo convencional.
3.12 Agricultura agroecologica
A agroecologia corresponde a uma série de princípios e metodologias para
estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, não sendo uma
prática ou um sistema de produção. A agroecologia vê os sistemas produtivos como
uma unidade, onde os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos
biológicos e as relações sócio-econômicas (entre pessoas, culturas, solos e animais)
são investigadas e analisadas como um todo, em síntese destacamos que o ponto
comum entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a
busca de um sistema de produção energeticamente sustentável no tempo e no
espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais; a não utilização de
produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente; a manutenção e
o incremento da fertilidade e a vida do solo, a diversidade biológica e o respeito a
integridade cultural dos agricultores (SHIRAKI, 2005).
Em resumo, o enfoque na agricultura agroecológica corresponde à aplicação
interativa de conceitos e princípios da ecologia, da agronomia, da sociologia, da
36
antropologia, da comunicação, da economia e das outras áreas do conhecimento
científico, no redesenho e manejo de agroecossistemas que sejam sustentáveis ao
longo do tempo, constituindo-se em um campo de conhecimentos que proporciona
as bases científicas para apoiar o processo de transição do modelo convencional
para estilos de agriculturas de base ecológica (MOREIRA; CARMO, 2004).
A agricultura orgânica não foi criada com base em nenhum movimento
religioso, é baseada na melhoria da fertilidade do solo por um processo biológico
natural, pelo uso da matéria orgânica, o que é essencial para a saúde das plantas,
assegurando uma vida intensa e rica para a flora microbiana, pela qual a nutrição e
a sanidade das plantas são plenamente atendidas; como as outras correntes essa
proposta é totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis sintéticos e
de agrotóxicos (agroquímicos), e os princípios são, basicamente, os mesmos da
agricultura biológica e englobam as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e
natural (SHIRAKI, 2005).
Diante do exposto o uso de resíduos orgânicos nas unidades de produção
agroecológica pode ser considerado uma alternativa de elevado impacto na
produtividade dos cultivos agrícolas e na conservação do solo, na qual faz uma
relação direta com produtos produzidos em condições naturais. Baseando-se na
agroecológia e na conservação dos recursos naturais existentes, sem o auxilio de
agrotóxicos, fertilizantes e insumos químicos sintéticos, usando técnicas de cultivo
voltado a utilização de substâncias químicas não sintéticas para correção da
fertilidade do solo, controle de pragas e doenças e que permita a propriedade tornar-
se auto-suficiente (MARTINS, 2008).
Neste contexto a agricultura agoecológica é um sistema de gerenciamento
total da produção agrícola, promovendo a saúde do meio ambiente, preservando a
biodiversidade, e todos os ciclos e as atividades biológicas do solo. O uso de
práticas e manejos contrários a utilização de elementos químicos ao meio rural
abrange sempre que possível, a administração de conhecimentos agronômicos e
biológicos, excluindo a adoção de substâncias químicas ou outros materiais
sintéticos (SILVA, 2006).
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Obtenção, preparo e beneficiamento das cascas de sururu
Para obtenção das cascas de sururu foram realizadas coletas no Complexo
Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba – CELMM (Figura 2), no município de Maceió
localizado no Estado de Alagoas. Em seguida, procedeu-se a higienização das
porções coletadas, colocando-as em baldes com solução de hipoclorito de sódio na
proporção de um litro para dez litros de água potável, ficando em imersão por 24
horas. As cascas foram lavadas em água corrente até a eliminação dos resíduos,
impurezas e material orgânico e foram secas ao ar livre e posteriormente ficou em
estufa de circulação de ar forçado a uma temperatura de 65ºC (Figura 2) por 24
horas, para retirada da umidade ainda presente nas cascas, o que facilita a
trituração e o peneiramento.
Fonte: Fragoso, 2003
Figura 2. Base cartográfica com a localização do Complexo estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba – CELMM em Alagoas
38
Sendo encaminhado em seguida para o laboratório de zootecnia da
Universidade Federal de Alagoas campus de Arapiraca, onde foram moídos em
moinho de martelo, para obtenção de um pó fino (passado em peneira de malha 1
mm (ABNT 50), sendo apenas o que passou (pó fino) utilizado nas análises Figura 3.
As amostras do material moído e seco foram acondicionadas em sacos
plásticos e encaminhadas para a Universidade Federal de São Carlos em Sorocaba
para determinação dos teores de Ca2+ e Mg2+ por espectrometria de emissão
atômica por plasma de micro-ondas MP-AES 4200, após digestão ácida com ácido
nítrico/fluorídrico, de acordo com a metodologia descrita na Instrução Normativa nº
28 do MAPA (BRASIL, 2007).
Figura 3. Moinho de martelos com peneira de 1mm utilizado para obtenção do pó fino
utilizado nas análises e na incorporação ao solo. Casca de sururu a ser triturada (A),
Trituração da primeira parte das amostras (B), Trituração da segunda parte das
amostras (C) e Trituração final (D).
Fonte: Autor, 2017
C
A B
D
39
4.2 Incubação do solo com pó de casca de sururu e implantação da cultura do
rabanete
O experimento foi conduzido na unidade experimental da Universidade
Federal de Alagoas – UFAL, Campus de Arapiraca, no período de 14/07/2017 a
01/09/2017, em casa de vegetação do Programa de Pós-Graduação em Agricultura
e Ambiente – (PPGAA), localizada nas coordenadas geográficas 09º 48’41,1’’ de
latitude sul e 36º 37’ 19,3’’ de longitude oeste, a uma altitude de 242 m.
Esta região é localizada em uma área de transição entre a Zona da Mata e o
Sertão Alagoano. O solo é classificado como Latossolo Amarelo Vermelho Distrófico
(EMBRAPA, 2006). O clima é classificado como sendo do tipo 'As’ Tropical com
estação seca de Verão, pelo critério de classificação de Köeppen. Os dados
climatológicos estão apresentados na Figura 4.
O delineamento experimental utilizado foi Inteiramente casualizados (DIC),
com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos constaram de cinco
doses (0,0; 2,5; 5,0; 10,0 t ha-1) de casca do sururu (Mytella falcata, d’Orbigny, 1842)
triturada.
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
60.0
65.0
70.0
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
140.0
160.0
180.0
200.0
220.0
240.0
Julho Agosto setembro
Tem
pe
ratu
ra (
o C
)
Um
idad
e R
ela
tiva
do
Ar
(%)
Pre
cip
itaç
ão P
luvi
om
étr
ica
em
(m
m)
Meses (2017)
Precipitação Tmax Tmin T med U max U mim U med
Figura 4. Precipitação, temperatura e umidade para o período de julho a setembro de 2017 no município de Arapiraca, região Agreste de Alagoas.
Fonte: INMET, 2017
40
As amostras de solo, para fins de análise de fertilidade, foram coletadas a
uma profundidade de 0 a 20 cm em área de campo da Universidade Federal de
Alagoas, Campus de Arapiraca. O solo utilizado no experimento foi coletado da
camada arável amostrada em área de campo (0 a 20 cm), homogeneizado e
passado em peneira com malha de 4 mm e acondicionado em vasos plásticos, com
uma área por vaso de 176,71 cm2, com perfurações no fundo com uma camada de 3
cm de brita para escorrer o excesso da água de irrigação. As análises químicas do
solo, tanto antes quanto depois da adição do pó de casca de sururu seguiram a
metodologia presente no manual de métodos de análise de solo (EMBRAPA, 2017).
As características químicas do solo sem a adição de doses de pó de casca de
sururu são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Análise química do solo utilizado no experimento
pH Na P K Ca Mg Al H+Al V Mo Fe Cu Zn Mn
H2O -------(ppm)------- -------(meq/100mL)------- ------%----- -------------(ppm)--------------
4,9 19 146 45 1,2 1,2 0,12 3,6 41,9 0,37 242,1 1,55 3,17 77,10
No dia 14/07/2017 (Figura 5), foi realizada a incorporação ao solo do pó de
casca de sururu permanecendo sob condições de capacidade de campo e
incubação por um período de 19 dias, tempo necessário para que ocorresse à
reação do solo com a fonte de cálcio e magnésio, sendo assim permitido o alcance
do equilíbrio. Esse período foi baseado na Resolução CONAMA 375 (Brasil, 2006),
no tocante à determinação da elevação do pH do solo.
Ao final do experimento após a retirada das plantas de rabanete, foi realizada
a analise de solo para acompanha a reação desempenhada da casca de sururu na
elevação do pH do solo.
Fonte: Autor, 2017
41
O plantio foi realizado por meio de semeadura direta, utilizando sementes de
rabanete da cultivar Crimson viper, com 99% de pureza e 92% de germinação. No
dia 31/07/2017 foram semeadas sete sementes por vaso, a uma profundidade de 1,5
cm. Ao sétimo dias após semeadura (DAS), realizou-se o primeiro desbaste (que
consisti na retirada do excesso de plantas), deixando apenas 3 plantas; e ao nono
DAS, foi realizado o último deixando apenas uma planta por vaso.
A irrigação foi executada uniformemente, de acordo com a capacidade de
campo e realizada manualmente e diariamente com auxílio de uma proveta, em
todos os vasos durante todo o ciclo da cultura.
Os tratos culturais foram realizados através de capinas diárias durante a
irrigação visando manter a cultura livre de plantas invasoras durante todo o seu
ciclo. E a colheita do rabanete foi realizada aos 33 dias após o plantio que
corresponde ao tempo máximo do ciclo de vida da cultivar que varia de 27 a 32
(DAS).
4.3 Características avaliadas
4.3.1 Determinação do índice de cor verde (Índice SPAD)
O índice de cor verde busca de forma indireta estimar o teor de nitrogênio
presente na folha, foi avaliado por meio do medidor portátil de clorofila modelo
SPAD-502 “Soil Plant Analiser Development” (Minolta, Japão). Para as análises
Fonte: Autor, 2017
Figura 5. Solo incorporado com pó da casca de sururu por um período de 19 dias
antes da implantação da cultura do rabanete.
42
foram utilizadas a média de cinco leituras por folha de cada parcela, sendo utilizadas
nas análises as folhas do segundo par de folhas. As análises foram iniciadas aos 20
DAS, quando todas as plantas das parcelas já possuíam o segundo par de folha
completamente formado. As avaliações ocorriam no horário das 9 horas da manhã,
período pelo qual a temperatura encontra-se mais amena.
4.3.2 Área foliar
A área foliar do rabanete foi determinada mediante a retirada de todas as
folhas das plantas avaliadas, as determinações foram realizadas com o auxílio do
aparelho medidor e integrador de área foliar (LI 3100 area meter), no laboratório de
Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas, campus de Arapiraca aos 33
DAS.
4.3.3 Altura média das plantas (ATL)
A altura foi determinada a partir da base do colo até o ápice da folha mais alta
da planta com o auxilio de uma régua graduada, com avaliações realizadas a cada 2
dias e iniciada aos 10 DAS, totalizando 11 avaliações.
4.3.4 Diâmetro da intersecção caule folha
O diâmetro da intersecção caule e folha foram determinados nos mesmos
dias das análises de crescimento em altura, totalizando 11 avaliações com o auxilio
de um paquímetro eletrônico digital.
4.3.5 Diâmetro da raiz
Foi determinado aos 33 DAS, Figura 6 com o auxílio de um paquímetro
eletrônico digital.
4.3.6 Comprimento da raiz comercial e total
Foi determinado aos 33 DAS, com o auxílio de régua graduada.
4.3.7 Número de folhas (NF)
Após os 10 DAS iniciou-se a contagem de todas as folhas por parcela até os
33 DAS, com contagem a cada 2 dias, com um total de 11 avaliações.
43
4.3.8 Peso Fresco das folhas
Após a colheita, Figura 7 as folhas foram separadas, com auxílio de um
estilete, quantificadas e pesadas em balança de precisão a 0,01 g.
4.3.9 Produtividade das raízes comerciais
Após a retirada das folhas, ocorreu a separação das raízes não comerciais
das comercias as pesando em balança digital de precisão a 0,01g imediatamente
após da colheita, a fim de obter a produtividade da raiz comercial.
4.3.10 Produtividade das raízes não comerciais
Após a separação foram pesadas em balança de precisão a 0,01 g para
obtenção do peso total dessas raízes.
Figura 6. Análise final aos 32 DAS no laboratório de Fisiologia Vegetal UFAL.
Fonte: Autor, 2017
Figura 7. Separação da parte aérea da raiz comercial do rabanete
Fonte: Autor, 2017
44
4.3.11 Matéria seca da parte aérea
Por fim todas as parcelas foram acondicionadas em sacos de papel Kraft e
colocadas em uma estufa de circulação forçada de ar a 65 ºC (Figura 8), no
Laboratório de Solos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus de
Arapiraca, até atingir massa constante, para quantificar a produção de matéria seca
em gramas das folhas através de balança de precisão a 0,01g no Laboratório de
Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) – Campus de
Arapiraca.
4.3.12 Matéria seca da raiz
Após a lavagem e pesagem, as amostras radiculares das plantas de cada
tratamento foram acondicionadas em sacos de papel Kraft e mantidas em uma
estufa de circulação forçada de ar a 65 ºC, até atingir peso constante. Após
secagem, as amostras foram pesadas em balança de precisão de 0,01 g no
Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) –
Campus de Arapiraca.
4.3.13 Relação matéria seca e matéria fresca da parte aérea e da raiz
Com os resultados da matéria seca e fresca determinaram-se os percentuais
dessa relação através da seguinte fórmula:
Figura 8. Estufa de circulação forcada de ar para determinação da matéria seca da
raiz e parte aérea da cultura do rabanete.
Fonte: Autor, 2017
45
RS/F(%) =𝐌𝐒
𝐌𝐅𝐱𝟏𝟎𝟎
Onde:
RS/F – Percentual de Matéria Seca por Matéria Fresca
MS – Matéria Seca
MF – Matéria Fresca
Os dados obtidos para produção de Matéria seca (MS) e Matéria fresca (MF)
e sua relação (RS/F) foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, com o
auxílio do programa computacional Sisvar.
4.3.14 Matéria fresca e seca total
Após a colheita todas as plantas de rabanete foram pesadas em balança de
precisão a 0,01 g mesurando a sua matéria fresca total. Para a matéria seca total,
todas as parcelas foram acondicionadas em sacos de papel Kraft e colocadas em
uma estufa de circulação forçada de ar a 65 ºC, no Laboratório de Solos da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Campus de Arapiraca, até atingir massa
constante, para quantificar a produção de matéria seca em gramas por planta
através de balança de precisão a 0,01g no Laboratório de Fisiologia Vegetal da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) – Campus de Arapiraca.
4.4 Análise estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância com o uso do teste F, de
cada planta de todos os tratamentos. Foi utilizado o teste de Tukey (5%) para
comparação das médias e análise de regressão, ambas a 5% de probabilidade, por
meio do programa estatístico SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2008), e os gráficos foram
confeccionados a partir do programa Excel e SIGMA PLOT 9.0. Foram escolhidos os
modelos matemáticos que apresentaram o maior coeficiente de determinação, na
significância dos coeficientes de regressão no fenômeno em estudo.
46
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização química dos teores de Cálcio e Magnésio da casca
Na Tabela 3 apresenta-se a composição química de Ca2+ e Mg2 das amostras
de cascas de sururu obtidos por espectrometria de emissão atômica por plasma de
micro-ondas. O pó de cascas de sururu apresentou elevado teor de cálcio e de
magnésio, indicando assim, o potencial de aproveitamento desse material
considerado resíduo. O dados obtidos revelam que a composição percentual da
casca de sururu foi de 74% de cálcio e de 11% de magnésio, resultado superior aos
encontrados por Rocha et al. (2004) e Santos et al. (2017), com 43,12% de cálcio e
3,52% de magnésio. Ambos os minerais são relacionados à melhoria da qualidade
química e correção do pH no solo, além de suprir as necessidades das plantas com
esses nutrientes.
O aumento no pH do solo para a faixa desejável, sob ponto de vista agrícola,
visa proporcionar a disponibilização dos macronutientes (P, Ca2+, Mg2, S, N e K)
e dos micronutrientes (B, Mo entre outros), e reduzir a disponibilidade de Cu, Fe,
Mn, Zn e Al3+, os quais, em excesso, trazem efeitos tóxicos às plantas. Esse elevado
índice de Ca2+ já eram esperados devido à estrutura e constituição da concha de
sururu ser predominantemente composta por carbonato de cálcio. O efeito positivo
na elevação do pH do solo, foram observados por Monaco et al., (2012), em que os
autores utilizaram conchas do molusco bivalve vôngole e concluíram que esse
material apresenta potencial de uso como corretivo de acidez do solo, e que
Amostra Ca2+ Mg2+ Referencia
--------------------(%)-------------------
Casca de Sururu 74 11 Este trabalho
Casca de Sururu 43,12 3,52 SANTOS et al, 2017
Casca de Sururu 43,12 3,52 ROCHA, et al, 2004
Tabela 3. Teor de cálcio e magnésio presentes nas amostras de casca de sururu
Fonte: Autor, 2017
47
possuem boa capacidade de adsorção de fósforo, podendo até ser utilizado em
sistemas de remoção de fósforo em águas residuárias.
Em estudo desenvolvido por Monaco et al. (2015), com casca de ostras,
constataram que esse resíduo possui elevado potencial como corretivo da acidez
do solo, uma vez que contém 37,6% cálcio e 0,5% de magnésio, e que atendem a
todas as especificações exigidas pela Instrução Normativa da Secretaria de
Defesa da Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) 35/2006 para registro de produtos destinados a
comercialização. Além de atuar como acelerador natural da decomposição dos
resíduos orgânicos no solo, já que a matéria orgânica é responsável pela ocorrência
de diversas reações químicas como complexação dos elementos tóxicos e
micronutrientes, influência na capacidade de troca catiônica e pH e no fornecimento
de nutrientes para as plantas (SANTOS, et al., 2017).
Em trabalho realizado por Silva et al. (2010), visando a caracterização físico-
química de conchas de moluscos bivalves em três localidades de Santa Catarina,
verificaram que as conchas de ostras e mexilhões apresentam teores de cálcio de
33% a 34,8%, e de magnésio entre 0,66% e 2,76%, constatando que a composição
química do mineral não apresenta variação significativa, sendo mais acentuadas nas
proporções de magnésio. As diferenças básicas encontradas estão relacionadas aos
parâmetros físicos, como o tipo de estrutura cristalina, densidade e o teor de matéria
orgânica (HAMESTER e BECKER, 2010).
Para Kwon et al. (2004), em pesquisa com cascas de ostras, que
encontraram a presença de 37,4% de cálcio e de 0,3% de magnésio, afirmam que a
reciclagem dos resíduos derivados da maricultura representa a solução para os
problemas ambientais gerados pelo seu processo produtivo na Coréia do Sul, além
de ser uma fonte de cálcio economicamente viável.
Os teores de cálcio e magnésio, como também a incorporação de outros
elementos à estrutura das conchas, podem apresentar porcentagens variadas,
devido a diferenças relacionadas à temperatura, pH, salinidade e concentração
destes elementos na água. Desta forma, as conchas de moluscos bivalves poderiam
também ser utilizadas como bioindicadores das modificações na composição da
água, seja por ação antropogênica ou de origem natural por atividades geológicas
(SILVA, et al. 2010).
48
5.2 pH do solo, teores de cálcio e magnésio e soma (cálcio + magnésio)
Na (Figura 9) está apresentado o comportamento do pH do solo, dos teores
de cálcio e magnésio e a soma de (cálcio + magnésio) do solo incubado em função
de quatro doses de pó de casca de sururu, obtidas com os dados gerados no
ensaio de incubação das amostras.
O pH do solo (Figura 9A) apresentou comportamento polinomial, e a
aplicação do resíduo alcalino de pó de casca de sururu elevou o pH do solo de 4,9,
no tratamento controle T0, para 7,7 no tratamento T10 (Figura 9A). De acordo com
EMBRAPA (2008), considera-se que a faixa ideal de pH para a maioria das culturas
esteja entre 5,5 e 6,8. Com o resultados fica evidenciado o poder de neutralização
do alumínio trocável do solo, e que o resíduo atende as condições de elevação do
pH para a faixa desejável do ponto de vista agrícola.
Analisando a (Figura 9A), observa-se que o pó de casca de sururu, mesmo
quando adicionado nas menores doses, proporcionaram aumento crescente do pH
do solo, em razão da reação alcalina deste material. Em estudo realizado por
Monaco et al. (2015) com o uso de doses de pó de casca de ostra e ovo para a
correção do pH do solo para 6,0, foi necessária uma quantidade mais elevada de
resíduo para alcance do seu objetivo, necessitando de 5,25 t ha-1 de casca de ostra
e de 5,20 t ha-1 de casca de ovo para que o pH 6,0 fosse atingido. Diferentemente
desse material, que mesmo na menor dose aplicada de pó de casca de sururu o pH
saltou de 4,9 para 6,8. O que reafirma o potencial corretivo do resíduo de sururu na
correção do pH do solo, suficiente para adequar o solo, no que se refere ao pH, para
o cultivo agrícola, mesmo nas menores doses. Já que a casca de sururu apresenta
elevado teor de cálcio em sua composição.
Resultado próximo aos encontrados nesse trabalho foram obtidos por
Monaco et al. (2012) em estudo envolvendo doses pó de conchas de vôngole
(Anomalocardia brasiliana), no qual foi necessário 2,92 t ha-1 para elevar o pH do
solo para o nível desejado de 6,5.
Os resultados observados são indicadores de que o pó de casca de sururu é
um resíduo sólido promissor para utilização como corretivo da acidez de solos
agrícola, principalmente pela menor quantidade a ser aplicada para neutralização da
acidez do solo, quando comparado a outros resíduos.
49
O teor de cálcio no solo apresentou comportamento polinomial (Figura 9B),
variando de 1,2 (meq / 100mL) no tratamento T0 a 5,6 (meq / 100mL) no tratamento
T10. Neste contexto fica evidente a capacidade do resíduo de casca de sururu de
adicionar cálcio ao solo, além de ser uma alternativa de disponibilidade rápida para
culturas exigentes neste elemento.
O teor de magnésio do solo apresentou o comportamento polinomial (Figura
9C), e percebe-se que o comportamento foi praticamente constante, apresentando
um decréscimo no tratamento T5, não havendo acréscimo entre o tratamento
controle T0 e os tratamentos T 2,5 e T 10. Isso pode ser explicado devido o aumento
da lixiviação do magnésio, que é deslocado para a solução do solo pela aplicação de
resíduos com teores altos de cálcio (MEDEIROS et al., 2013).
y = -0,046x2 + 0,732x + 4,998R² = 0,974
4
5
6
7
8
0 2.5 5 7.5 10
pH
( H
2O )
Doses de casca de sururu ( t ha-1 )
y = -0,090x2 + 1,305x + 1,472R² = 0,927
0
1
2
3
4
5
6
7
0 2.5 5 7.5 10
Cál
cio
( m
eq
/10
0m
L)
Doses de casca de sururu ( t ha-1)
y = 0,005x2 - 0,062x + 1,232R² = 0,563
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 2.5 5 7.5 10
Mag
né
sio
(m
eq
/ 1
00
mL)
Doses de casca de sururu ( t ha-1)
y = -0,084x2 + 1,242x + 2,705R² = 0,905
2
3
4
5
6
7
8
0 2.5 5 7.5 10
Ca2
++
Mg2
+(m
eq
/ 1
00
mL)
Doses de casca de sururu ( t ha-1 )
Figura 9. pH do solo em água (A), teor de cálcio (B), teor de magnésio (C) e soma de
cálcio e magnésio (D) em função de diferentes doses de pó de casca de sururu.
A B
C D
Fonte: Autor, 2017
50
Para (Ca2+ + Mg2+) o comportamento que melhor se ajustou aos dados foi o
polinomial (Figura 9D). A aplicação do resíduo de casca de sururu elevou a sua
soma de 2,4 (meq / 100mL) no tratamento T0 para 6,8 ( meq/ 100mL) no tratamento
T10. Sendo que as diferenças são basicamente relacionadas ao teor de cálcio, já
que o teor de magnésio não contribuiu de forma significativa.
5.3 Produções de matéria fresca, matéria seca e a relação matéria seca e
fresca RS/v da parte aérea do rabanete
Para a produção de matéria fresca da parte aérea (Figura 10), o tratamento
T10 apresentou o melhor rendimento, com 28,12 g planta-1, seguido pelo tratamento
T5 com 24,42 g planta-1, T 2,5 com 20,30, o menor resultado foi obtido pelo
tratamento T0 com 18,06 g planta-1.
Quanto à produção de matéria seca (Figura 11), o tratamento T10 apresentou
o melhor rendimento com 3,78 g planta-1, sendo seguido pelos tratamentos T5 e
T2,5 que apresentaram 2,44 g planta-1 e 2,16 g planta-1, respectivamente, e por fim
tratamento T0 que obteve o menor resultado com apenas 1,72 g planta-1. As
diferenças observadas podem está relacionadas à adição de pó de casca de sururu,
Figura 10. Produção de matéria fresca de rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu.
Y = 1,030x + 18,21R² = 0,974
0
5
10
15
20
25
30
0 2.5 5 7.5 10
Mat
éri
a Fr
esc
a d
a P
arte
Aé
rea
(g p
lan
ta-1
)
Doses de Casca de Sururu (tha-1)
Fonte: Autor, 2017
51
que é construído basicamente de carbonato de cálcio e magnésio, o que permitiu o
maior crescimento do sistema radicular e consequentemente a ampliação e
desenvolvimento da parte aérea.
Para a relação entre matéria seca e fresca (RS/F) (Figura 12) verificou-se
superioridade do tratamento T10 em relação às demais doses de pó de casca de
sururu, obtendo uma relação de 13,44%. Seguido pelos demais tratamentos, T5 com
10,07%, T2,5 com 10,61% e T0 com 9,51%. Essa baixa relação verificada nesse
trabalho pode ser explicada devido o rabanete apresentar elevado teor água em sua
composição, o que é uma característica comum da grande maioria das hortaliças, já
em termos da superioridade do tratamento T10 no estudo, pode ser explicado devido
aos seus tecidos vegetais apresentarem maior acúmulo de matéria seca, devido à
nutrição mineral.
Y = 1,030x + 18,21R² = 0,974
0
5
10
15
20
25
30
0 2.5 5 7.5 10
Mat
éri
a Fr
esc
a d
a P
arte
Aé
rea
(g p
lan
ta-1
)
Doses de Casca de Sururu (tha-1)
Figura 11. Produção de matéria seca de rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu.
Fonte: Autor, 2017
52
5.4 Altura média de plantas de rabanete
Como se pode observar na (Figura 13), houve uma variação estatística
significativa entre os tratamentos estudados em relação à altura da parte aérea de
plantas de rabanete, submetidas a diferentes doses de pó de casca de sururu, tendo
todas as avaliações se ajustado ao modelo linear e as equações foram obtidas por
regressão linear com o coeficiente de determinação (R2 ≥ 0,90).
Y = 0,372x + 9,276R² = 0,830
6
7
8
9
10
11
12
13
14
0 2.5 5 7.5 10
Re
laçã
o M
até
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Seca
e F
resc
a d
a P
arte
A
ére
a (g
pla
nta
-1)
Doses de Casca de Sururu (tha-1)
Figura 12. Produção de matéria seca da parte aérea de rabanete submetido a
diferentes doses de pó de casca de sururu.
Fonte: Autor, 2017
53
(C) (D)
Observado crescimento lento até décimo dias após a semeadura (DAS), o
que é característico dessa fase, e pode ser explicada, devido à baixa absorção de
água e de nutrientes, pequena área foliar, e reduzidas taxas de respiração e
assimilatória líquida (PEDÓ et al.,2010). Por outro lado, em todos os tratamentos
empregados, apresentaram aumento crescente até os 31 DAS, mas já na fase final
observou-se características de senescencia, com clorose das folhas mais velhas, e
redução nas taxas de crescimento, sinais que corroboram com Pedó et al. (2010) e
Costa et al., (2006) que em seus estudos verificaram o ciclo da cultura variando
entre 30 DAS e 31DAS respectivamente.
O tratamento T10 foi superior aos demais em todas as avaliações
apresentando uma altura máxima de 29,04 cm. Os tratamentos T 2,5 e T5 não se
T 0 = 0,859x - 5,208R² = 0,936
0
4
8
12
16
20
24
28
32
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Alt
ura
( c
m )
DAS
T 2,5 = 0,978x - 5,231R² = 0,925
0
4
8
12
16
20
24
28
32
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32A
ltu
ra (
cm
)DAS
T 10 = 1,154x - 5,233R² = 0,943
0
4
8
12
16
20
24
28
32
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Alt
ura
( c
m )
DAS
T 5 = 0,982x - 4,331R² = 0,906
0
4
8
12
16
20
24
28
32
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Alt
ura
( c
m )
DAS
Figura 13. Crescimento em altura (cm) de rabanete, cultivados em vasos, em função
de datas de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu: 0,0 t ha-1 dose (A),
2,5 t ha-1 dose (B), 5,0 t ha-1 dose (C), 10 t ha-1 dose (D).
Fonte: Autor, 2017
A B
C D
54
diferenciaram estatisticamente com altura máxima de 23,48 cm e 24,16 cm
respectivamente. Já o tratamento T0 foi estatisticamente inferior aos demais com
uma altura máxima de 20,20 cm. Em termo de porcentagem o tratamento T10 foi
30,11% superior ao tratamento T0 e 19,15% que o tratamento T2,5 e 16,8% que o
tratamento T5 respectivamente. Esse maior crescimento do tratamento T10 poder
ser explicado devido ao grande percentual de cálcio existente na composição da
casca do sururu, o que resulta em melhoria no suprimento desse nutriente para o
solo e culturas agrícolas (CHIERIGHINI et al., 2011; TENÓRIO et al., 2014;
PETRIELLI, 2008; SILVA, 2017).
O fornecimento da dose T10 de pó da casca de sururu foi de fundamental
importância para o bom desenvolvimento das plantas de rabanete, uma vez que na
presença das doses menores (T0; T2,5, T5; T10) foi observada uma queda gradativa
no desenvolvimento vegetativo, traduzida por plantas menores, folhas pequenas e
uma menor parte aérea. O melhor desempenho do tratamento T10 pode está
relacionado ao aumento do teor de cálcio presente na solução do solo, o que
permite a elevação do pH, e da disponibilidade de macro e micro nutrientes
benéficos, além de reduzir o efeito tóxico dos metais pesados e de promover o
desenvolvimento do sistema radicular, consequentimente permitirá uma melhoria na
absorção de nutrientes e água pela planta, propiciando um maior crescimento a
planta (TAIZ & ZEIGER, 2006 e BENINNI, et al., 2003).
Para Malavolta, (1974), o cálcio possui um importante papel no metabolismo
do nitrogênio (N) e sua deficiência torna as plantas incapazes de absorver ou de
assimilar nitratos. Deficiência na absorção de N nas plantas provoca redução no
crescimento vegetativo e na expansão da área foliar (FILGUEIRA, 2008).
Silva et al. (2011), em seu trabalho para análise de fonte de cálcio em feijoeiro
relacionado a presença de alumínio na solução do solo verificou comportamento
semelhantes ao encontrados nesse trabalho, onde as menores taxas de crescimento
ocorreram na ausência de cálcio na solução nutritiva como também nos níveis mais
baixos, limitando assim o seu crescimento, o que pode ser explicado pelo não
suprimento adequado Ca2+ para as plantas, ou quando presente em níveis mais
baixos não são suficientes para minimizar os efeitos nocivos do alumínio.
O que pode explicar o comportamento diferenciado entre os tratamentos desse
estudo, pois o solo utilizado nesse experimento apresenta pH baixo e alto nível de
55
alumínio (Tabela 1). Características comuns dos solos brasileiros que apresentam a
ocorrência da acidez normalmente associada à presença Al e Mn trocáveis em
concentrações tóxicas, o que representam um fator limitante ao crescimento das
plantas, causado principalmente pela baixa quantidade de cátions de caráter básico,
como o Ca2+ e Mg2+ (ALCARDE, 2005; MACHADO et al., 2011; EMBRAPA, 2013;
MONACO et al.,2015).
Visto isso, às elevações nas doses de pó de casca de sururu potencializaram
o crescimento vegetativo, o que é evidenciado pelo maior crescimento das plantas
submetidas aos tratamentos, à medida que as doses se elevavam. A altura, o peso
de matéria fresca, peso da matéria seca e o número total de folhas são influenciados
pelo Ca2+ da solução nutritiva (DECHEM, 1973), já que o Nitrogênio (N) e o cálcio
(Ca2+) são os nutrientes que mais limitaram o desenvolvimento inicial e a produção
de biomassa (GARRONE et al., 2016).
Para Cortez (2009), em trabalho envolvendo adubação nitrogenada,
verificaram que o crescimento em altura na cultura do rabanete não é uma
característica desejável a quem busca elevar sua produtividade, afirmando que as
adubações não devam favorecer o crescimento exagerado das folhas em detrimento
da raiz tuberosa. Característica que não foi observada nesse estudo, onde as doses
mais elevadas de pó de casca de sururu obtiveram resultados superiores e ao
mesmo tempo elevaram as características agronômicas avaliadas de forma
crescente (Figura 8).
5.5 Produção comercial de raízes de rabanete
Pode-se observar na (Figura 14), a ocorrência de variação estatística
significativa entre os tratamentos estudados em relação à produção comercial de
raízes de rabanete, submetidas a diferentes doses de pó de casca de sururu, tendo
todas as avaliações se ajustado ao modelo linear e as equações foram obtidas por
regressão linear com o coeficiente de determinação (R2 ≥ 0,95).
Para a produção de raízes comerciais de plantas de rabanete (Figura 14),
observam-se diferenças estatísticas significativa entre os tratamentos, o tratamento
T10 apresentou o melhor desempenho se diferenciando estatisticamente dos
demais, com uma produção média de 103,75 g planta-1, os tratamentos T 2,5 e T5
56
não se diferenciaram estatisticamente entre si, com uma produção de 74,08 g planta-
1 e 82,03 g planta-1 respectivamente, e o desempenho inferior foi obtido pelo
tratamento To controle com 51,44 g planta-1.
Resultados inferiores aos encontrados nesse estudo foram obtidos por Maia
et al. (2011) em trabalho envolvendo diferentes doses de potássio na cultura do
rabanete e por Silva et al. (2017) em estudo envolvendo a adubação com Calotropis
procera na cultura do rabanete, onde ambos obtiveram uma produção máxima de
34,41 g planta-1 e 55, 29 g planta-1 respectivamente, ambos os trabalhos realizados
no semi-árido nordestino. Cortez (2009), em estudo realizado na região sudeste
obteve uma produção máxima de 41,45 g planta-1, este contraste entre outros
trabalhos e o presente estudo pode ser resultado da interação entre genótipo,
condições edafoclimáticas e o manejo adotado em cada região onde foram
desenvolvidos, ou pode evidenciar o efeito benéfico do pó de casca de sururu no
desenvolvimento radicular das plantas de rabanete.
Em estudo realizado por Alves et al. (2008), verificaram que a omissão dos
macronutrientes, especialmente do N, P, K e Ca2+ causaram prejuízos no
desenvolvimento da beterraba, reduzindo significantemente a altura, o número de
folhas e a matéria fresca e seca da parte aérea e da raiz, interferindo diretamente na
nutrição da hortaliça. Ishijima (2007) observou a presença de Ca2+ em uma serie de
ligações de proteínas no rabanete, o que pode está relacionado ao melhor
desenvolvimento do vegetal.
Para Avalhães et al. (2009), em trabalho com a cultura do couve-flor,
perceberam que as plantas que não receberam doses de cálcio tiveram redução
significativa do número de folhas, na altura da planta, no diâmetro do caule e na
produção de matéria seca da parte aérea, além de constatar forte diminuição do
sistema radicular, enfatizando a importância do cálcio tanto para o aumento da
produção como também pela redução das desordens fisiológicas.
57
Os tratamentos apresentaram efeito significativo (Figura 14), ajustando-se a
uma modelo de regressão linear crescente em função do aumento das doses de pó
de casca de sururu. Resultado semelhante foram encontrados por Prado et al.,
(2004), em que as doses de calcário aumentaram de forma linear a massa radicular
da goiabeira, isto pode ser explicado pelo aumento do teores de Ca2+ Mg2+ no solo,
o que permitiu uma maior absorção desse nutriente pelas raízes, propiciando assim
o maior desenvolvimento radicular. O crescimento linear das raízes mesmo na maior
dose de pó de casca de sururu demonstra que não houve restrições no
desenvolvimento desse órgão, indicando que as raízes são altamente responsivas
ao carbonato de cálcio, contido na casca de sururu. Com isso, a relação linear entre
crescimento radicular e as doses de pó de casca de sururu evidenciam a mesma
como fonte alternativa de Ca2+, revelando seu efeito benéfico no desenvolvimento
radicular das plantas de rabanete.
Em estudo realizado por Pereira (2015), quando avaliou a produção comercial
de cabeças de alface, com a aplicação de cálcio, verificou efeito significativo para as
doses, onde os valores se ajustaram a regressão linear crescente, havendo
incremento em todas as características avaliadas, concluindo assim que o aumento
das doses proporcionou melhores resultados na produção vegetal.
Y = 4,954x + 56,15R² = 0,958
30
40
50
60
70
80
90
100
110
0 2.5 5 7.5 10
Pe
so d
e R
aiz
com
era
l de
Rab
ane
te
(g p
lan
ta-1
)
Doses de Casca de Sururu (t ha-1)
Figura 14. Peso fresco de raiz comercial de rabanete, cultivados em vasos, em
função de quatro doses de pó de casa de sururu.
Fonte: Autor, 2017
58
A elevação da produtividade das raízes de rabanete está relacionada ao
suprimento de cálcio para a planta, a literatura reafirma a influência direta desse
elemento no desenvolvimento radicular, possibilitando a elevação da produtividade
das culturas agrícolas, como também evidenciando o potencial de suprimento desse
nutriente através do carbonato de cálcio presente na constituição do pó da casca de
sururu. Fontes de cálcio são de fundamental importância para o desenvolvimento e
funcionamento normal das raízes, e melhoria na absorção de água e nutrientes,
raízes esgotam continuamente os nutrientes e a água imediatamente ao seu redor e
para isso necessitam estar preparadas para o rápido crescimento em direção a
zonas inexploradas do solo (FILGUEIRA, 2008 e TAIZ & ZEIGER, 2006).
Em estudo realizado por Mesquita et al. (2011), visando avaliar o efeito da
calagem na cultura do rabanete, constatou que a calagem elevou significativamente
o peso em massa fresca das plantas submetidas ao teste, o que pode ser atribuído
à melhoria do pH, neutralização do Al e aumento na disponibilidade de outros
nutrientes essenciais à planta como K, P, Ca2+ e Mg2+. O efeito positivo da calagem
sobre as raízes pode ser atribuído a existência de uma relação positiva entre o
cálcio presente no solo e a massa radicular, resultado assim em uma maior
absorção de Ca2+ pelas raízes (SILVA, et, al., 2011).
A utilidade do cálcio para os vegetais relaciona-se ao fato de cerca de 60% do
Ca2+ presente na célula encontra-se na parede celular, com função estrutural,
habitualmente as células tendem a crescerem e aumentarem assim aja superfície de
contato entre elas, conseqüentemente elevando a necessidade do suprimento de
Ca2+ (pectato de cálcio) para a formação da pectina, conferindo a elongação da
parede celular até atingir o tamanho final (PRADO, et al., 2004).
Em trabalho realizado com a utilização de fontes comerciais de cálcio,
verificou que o CaCO3 presente na casca de ovo proporcionou uma produção de
massa fresca em alface, estatisticamente igual às demais fontes comerciais de
cálcio avaliadas (KANO et al.,2012). Em seu trabalho com raiz tuberosa de batata-
doce, Echer et al. (2009) observaram que entre os macro-nutrientes o cálcio foi o
mais absorvido.
Outro fator que ajuda a explicar o melhor desempenho das plantas de
rabanete submetido à dose T10 pode está relacionado à maior capacidade de
expansão do aparato fotossintético, o que permite uma maior interceptação da
59
radiação solar e produção de fotoassimilados, e consequentemente produtividades
mais elevadas.
5.6 Produção de matéria seca e relação matéria seca e fresca da raiz de
Rabanete
Para a produção de matéria seca da raiz (Figura 15), todos os tratamentos
comportaram-se estatisticamente de forma diferente, o melhor resultado foi obtido
pelo tratamento T10 com peso médio de 5,16 g planta-1, seguido pelos tratamentos
T5 com 3,61 g planta-1, T 2,5 com 2,77 g planta-1 e T0 com 1,92 g planta-1.
Resultados inferiores aos encontrados nesse trabalho para matéria fresca e seca
foram obtidos por Maia et al. (2011) e Cortez (2009) com um valor máximo da massa
fresca de 34,41 g planta-1 e 41,45 g planta-1 e massa seca de 1,25 g planta-1 e 1,41
g planta-1, respectivamente.
Para a relação entre matéria seca e fresca (RS/F), (Figura 16), verificou-se
superioridade significativa em relação às demais, o tratamento T10, que apresentou
uma relação de 4,99%, seguida pelo tratamento T5, com 4,42 %, para os demais
tratamentos não houve diferenças estatísticas significativas. Sendo o resultado
obtido superior aos encontrados por Maia et al. (2011) e Cortez (2009) em seus
Figura 15. Produção de matéria fresca das raízes comerciais de rabanete, cultivados
em vasos, em função de quatro doses de pó de casa de sururu.
Y= 0,323x + 1,95R² = 0,999
0
1
2
3
4
5
6
0 2.5 5 7.5 10
Pe
so s
eco
de
rai
z co
me
rcia
l
(g p
lan
ta-1
)
Doses de Casca de Sururu (tha-1)
Fonte: Autor, 2017
60
estudo, onde os mesmos obtiveram uma relação matéria seca e fresca máxima de
3,63% e 3,40%, respectivamente. Essa diferença observada pode se relacionar a
influência do pó da casca de sururu nos teores de cálcio e magnésio nos tecidos
vegetais, condições edafoclimáticas das regiões de estudo ou cultivar utilizada.
Os resultados referentes à relação entre matéria seca e fresca revelam uma
característica comum nas hortaliças, que se trata do elevado teor de água em sua
composição, o que fica evidente nesse estudo. Outra característica observada foi o
menor teor de água presente nos tratamento que receberam maiores doses de pó
de casca de sururu, o que indica uma maior quantidade de matéria orgânica e
minerais presentes em sua constituição, e que seus tecidos apresentam-se mais
lignificados, o que pode indicar uma característica mais nutritiva e rica em fibras para
a alimentação humana, como também pode representar uma maior resistência do
rabanete aos possíveis danos pós-colheita, garantindo assim uma maior qualidade
do produto ao consumidor final.
Neves et al. (2000) afirmam que a acentuada estabilidade do complexo de
substâncias pécticas, por meio das ligações cruzadas inter e intramoleculares com o
cálcio, é diretamente relacionada a rigidez dos tecidos vegetais, o que poderia
limitar a sua vulnerabilidade ao ataque de enzimas que degradam a parede celular,
y = 0.1344x + 3.642R² = 0.9275
0
1
2
3
4
5
6
0 2.5 5 7.5 10
Re
laçã
o p
eso
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co e
fre
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RS/
F d
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(%)
Doses de Casca de Sururu (t ha-1)
Figura 16. Relação matéria seca e fresca RS/F da raiz de rabanete submetido a
diferentes doses de pó de casca de sururu.
Fonte: Autor, 2017
61
o que permitiria um maior tempo de prateleira, contudo a deficiência de cálcio
ocasiona a desorganização do sistema celular, desintegração das paredes e
membranas celulares, além do aumento da sensibilidade aos ataques fúngicos, e
uma maior incidência de diversos problemas fisiológicos em pós–colheita. Essas
características comprovam a importância do cálcio na integridade dos tecidos
vegetais (LIMA, 2003).
Anualmente, toneladas de frutos e hortaliças são desperdiçadas, motivado por
desordens fisiológicas e podridões, que surgem após a colheita ou durante ao
armazenamento, devido ao baixo teor de cálcio em seus tecidos, o que está
relacionada à baixa suplementação de cálcio na planta (YAMAMOTO, et al. 2011;
CARPANETO, 2003). Contudo, a firmeza de raízes é uma característica
fundamental, tornando-as mais resistentes a danos e injúrias mecânicas durante o
transporte e a comercialização, com isso, raízes que apresentarem maior firmeza
possuem maior integridade e conservação, além de proporcionar elevação da sua
vida útil pós-colheita (MAIA, et al., 2011).
5.7 Produção de matéria fresca e seca total
Os dados para produção de matéria fresca total estão apresentados na
(Figura 17) e verifica-se a superioridade do tratamento T10 em relação aos demais.
Observa-se que a matéria fresca total foi uniformemente distribuída em todas as
partes do vegetal.
62
Os dados para produção de matéria seca total estão apresentados na (Figura
18) e verifica-se a superioridade do tratamento T10 em relação aos demais.
Constatando com isso que os teores de cálcio e magnésio presentes na composição
da casca de sururu, elevaram os teores de nutrientes e matéria seca presentes na
composição da raiz de rabanete.
Y = 5,984x + 74,37R² = 0,970
0
20
40
60
80
100
120
140
0 2.5 5 7.5 10
Mat
éri
a f
resc
a to
tal d
e r
aban
ete
(g p
lan
ta-1
)
Doses de Casca de Sururu (t ha-1)
Y = 0,527x + 3,59R² = 0,997
0
2
4
6
8
10
0 2.5 5 7.5 10
Mat
éri
a se
ca t
ota
l de
rab
ane
te(g
pla
nta
-1)
Doses de Casca de Sururu (t ha-1)
Figura 17. Matéria fresca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu.
Figura 18. Matéria seca total de plantas rabanete submetido a diferentes doses de
pó de casca de sururu.
Fonte: Autor, 2017
Fonte: Autor, 2017
63
5.8 Área foliar total
Observa-se na (Figura 19), a existência de uma variação estatística
significativa entre os tratamentos estudados em relação à área foliar de plantas de
rabanete, submetidas a diferentes doses de pó de casca de sururu, tendo a
avaliação se ajustado ao modelo linear e a equação foi obtida por meio de regressão
linear com o coeficiente de determinação (R2 ≥ 0,98).
As plantas submetidas ao tratamento T10 apresentaram a maior área foliar,
sendo estatisticamente superior aos demais com uma área foliar total de 763,46 cm2,
seguidos pelos tratamentos T 5 e T 2,5, que se diferenciaram estatisticamente entre
si com 564,52 cm2 e 496,00 cm2 respectivamente, e por fim o tratamento controle T0
que foi inferior aos demais com uma área foliar de apenas 440,60 cm2. Em termos
de porcentagem o tratamento T10 foi 42,30% superior ao tratamento T0, 35,03%
maior que o tratamento T2,5 e 26,06% que o tratamento T5. Resultados inferiores a
esse trabalho foram encontrados por Maia et al. (2011) em estudo envolvendo fontes
de potássio, onde obteve uma área foliar máxima de 515 cm2, o que indica maior
relação na expansão foliar do cálcio e do magnésio em comparação com o potássio
na cultura do rabanete,o que é evidenciado pelo tratamento controle, onde o autor
encontrou uma área foliar de 389,67 cm2, comportamento semelhante ao encontrado
nesse estudo.
Figura 19. Área foliar de plantas de rabanete, cultivados em vasos, em função de
quatro doses de pó de casca de sururu.
Y = 32,72x + 423,0R² = 0,982
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 2.5 5 7.5 10
Áre
a Fo
liar
( cm
pla
nta
-1)
Doses de Pó de Casca de Sururu
Fonte: Autor, 2017
64
Em estudo realizado por Manfredine (2008), verificou que as doses de cálcio
alteram a área foliar, as quantidades de cálcio, magnésio e potássio, em vários
tecidos amostrados, e as concentrações de galactose, glicose, celulose, pentose e
hexose na parede celular dos tecidos foliares da soja.
Em trabalho realizado por Silva et al. (2011) com feijão verificaram que as
maiores doses de cálcio permitiram um maior desenvolvimento em área foliar das
plantas, já para os tratamentos com ausência ou doses reduzidas, verificou-se
redução nesses valores. Com isso constatou que o cálcio é um elemento mineral de
fundamental importância para a obtenção de plantas com área foliar desenvolvida e
com alta atividade fotossintética.
Beninni et al. (2003), verificaram em seu trabalho que os teores de cálcio nas
folhas de plantas de alface pode está relacionado ao transporte do cálcio na planta,
que é dependente da transpiração e consequentemente, aquelas plantas que
possuem maior superfície de transpiração, apresenta maiores quantidades de cálcio.
A presença de quantidades adequadas de cálcio na parte aérea, levando em conta
os efeitos desse nutriente na morfologia das folhas, permite a obtenção de plantas
dotadas de grande área foliar, permitindo assim uma elevada atividade
fotossintética, propiciando uma maior produção de massa foliar (MANFREDINE,
2008). Cortez (2009) constatou em seu estudo que os valores máximos de área folia
obtidos correlacionaram-se com a produtividade comercial de raízes de rabanete, já
que o potencial produtivo de uma cultivar é atingido plenamente, à medida que seu
potencial vegetativo é maximizado.
As plantas que apresentam área foliar mais desenvolvida possuem taxas
fotossintéticas (que é a quantidade líquida de carbono fixado por unidade de área
foliar por unidade de tempo) bem mais elevadas, o que acaba refletindo no melhor
desenvolvimento vegetal (TAIZ et al. 2017). Sendo uma importante variável
necessária para estimar os fluxos de água, carbono e energia e para determinação
da produção primária, além de validar dados de produção e cobertura vegetal
(BARBOSA et al., 2012). Contudo, há de se verificar, posteriormente, que os
máximos valores de aérea foliares correlacionam-se diretamente com a
produtividade comercial de raízes de rabanete, já que o potencial produtivo de uma
65
cultivar é atingido plenamente, ou é tanto mais próximo de seu máximo, à medida
que seu potencial vegetativo é maximizado.
Por outro lado, dependendo da situação, o desenvolvimento excessivo da
parte aérea da cultura do rabanete pode proporcionar efeitos negativos devido ao
estabelecimento da competição entre plantas, especialmente por luz, provocando a
diminuição da fotossíntese líquida, afetando o crescimento da raiz tuberosa, e
consequentemente a produtividade final (CORTEZ, 2009).
5.9 Avaliação do índice SPAD
A adubação com pó de casca de sururu promoveu diferenças significativas
nos teores foliares de nitrogênio (N) na plantas de rabanete (Figura 20). O
tratamento controle T0 apresentou resultado inferior as demais até a penúltima
avaliação, os tratamentos T2,5; T5 e T10 não si diferenciaram estatisticamente, já na
última avaliação não ocorreu diferenças significativas entre os tratamento, o que
pode esta relacionado a chegada do estádio final de desenvolvimento da planta e a
senescencias da folha, onde também se observa redução nos teores de N,
comprovado pela diminuição nos valores do índice SPAD encontrados, os resultados
se ajustando melhor ao modelo polinomial quadrático, apresentando coeficientes de
determinação de 0,78, 0,68, 0,90 e 0,84, respectivamente.
Os resultados apresentaram uma variação media entre as avaliações de
26,58 (unidade SPAD) para o tratamento T0, onde se constata comportamento
inferior aos demais, de 31,07 (unidade SPAD) para o tratamentos T2,5; de 31,75
(unidade SPAD) para o tratamento T5 e de 32,82 (unidade SPAD) para o tratamento
T10.
Evidencia-se indiretamente que a maior disponibilidade de N resulta em uma
maior intensidade de verde das folhas (índice SPAD), concluindo que houve uma
maior eficiência na captação de energia luminosa (fotossíntese) e consequentimente
um maior rendimento de biomassa (GARRONE et al. , 2016). Os medidores portáteis
de clorofila são efetivos na avaliação do tom de verde das folhas da planta, ou medir
indiretamente representa a concentração de clorofila e o nível de nitrogênio nas
folhas
66
Em estudo realizado por Garrone et al. (2016), verificaram que o nitrogênio
promove maior impacto no rendimento de biomassa e no crescimento vegetativo e
que os efeitos tornam-se mais expressivos a medida que ocorre o aumento da
absorção de cálcio, com isso nota-se que a melhor absorção do nitrogênio presente
no solo, depende diretamente da qualidade de cálcio disponível, com o
envelhecimento das folhas atrelado a senescência da planta, elevam-se os teores de
lignina, celulose e de carboidratos, e diminui a proporção relativa de protoplasma,
consequentemente a concentração de N na folha tende a diminuir.
As medições dos teores de clorofila nas folhas são afetadas por fatores
bióticos e abióticos, e se relacionam com o potencial fotossintético das plantas, com
isso a medição indireta de clorofila serve como medida de estimativa da presença de
nitrogênio na planta, e por ser um nutriente relacionado à formação desse pigmento,
pode ser utilizado como ferramenta para se verificar deficiências nutricionais desse
elemento (PEREIRA, 2009).
Para Viana et al. (2010), em seu trabalho com trigo, constatou que o SPAD
pode ser utilizado como parâmetro para estimar a produção de matéria seca e
desenvolvimento da parte área do vegetal. O que foi verificado nesse estudo, onde
as maiores doses de pó de casca de sururu representaram maiores índices SPAD,
com também produção de matéria seca e crescimento da parte aérea das plantas de
rabanete. Outro detalhe importante verificado por Cardoso et al. (2011), em trabalho
com a cultura da batateira, seria a utilização do índice SPAD como parâmetro para
identificação da época correta de colheita da tuberosa, já que plantas em estádio de
desenvolvimento avançado apresentam folhas com diminuição da sua coloração
verde, o que proporcionaria na cultura do rabanete a redução da quantidade de
raízes tuberosas perdidas devido ao passamento do ponto de colheita, já que se
trata de uma cultura de ciclo curto e com um tempo de colheita variando de acordo
com a quantidade de radiação recebida ao logo do seu ciclo, o que reduziria as
perdas no campo.
67
(C
Em relação ao índice SPAD encontrados na literatura, verifica-se que quando
considerado ideais nas culturas estudadas pelos seus pesquisadores, estão em sua
grande maioria acima dos encontrados nesse trabalho, verificando-se como isso que
cultura do rabanete encontra-se em nível crítico, devido à baixa disponibilidade de N
no solo utilizado, e que sua carência foi levemente amenizada pela elevação das
doses de pó de casca de sururu. E que de fato esse índice permitiu indiretamente
constatar o melhor aproveitamento das quantidades de nutrientes disponíveis no
solo, à medida que os tratamentos são submetidos a doses crescentes de pó de
casca de sururu, o que proporcionou o desenvolvimento adequado da cultura
mesmo em condição de não suplementação de nitrogênio no solo.
T 2,5 = -0,124x2 + 6,981x - 64,98R² = 0,689
14
18
22
26
30
34
22 24 26 28 30 32
Índ
ice
SP
AD
DAS
T 10 = -0,086x2 + 4,766x - 31,47R² = 0,840
14
18
22
26
30
34
22 24 26 28 30 32
Índ
ice
SP
AD
DAS
T 5 = -0,139x2 + 7,895x - 77,49R² = 0,906
14
18
22
26
30
34
22 24 26 28 30 32
Índ
ice
SP
AD
DAS
Figura 20. Índice SPAD de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas de
avaliação e doses de pó de casca de sururu: (0,0 t ha-1) dose A, (2,5 t ha-1) dose B,
(5,0 t ha-1) dose C, (10,0 t ha-1) dose D.
T 0 = -0,121x2 + 7,021x - 72,53R² = 0,785
14
18
22
26
30
34
22 24 26 28 30 32
Índ
ice
SP
AD
DAS
Fonte: Autor, 2017
(C) (D)
(A) (B)
68
Devido à escassez de estudos relacionados a valores do índice SPAD na
cultura do rabanete, não foi possível uma comparação mais detalhada dos valores
encontrados, sendo utilizadas espécies diferentes no estudo, já que cada uma
apresenta sua particularidade, mais quando comparado com outras olerícolas, os
valores encontrados nesse trabalho possuem índice SPAD considerados baixos, o
que pode ser explicado pelo não suprimento de N paras a plantas ou devido a
características genéticas da cultivar. Por outro lado as plantas submetidas às
maiores doses de pó de casca de sururu apresentaram índice SPAD superiores ao
tratamento controle, o que evidencia o melhor aproveitamento desse macro
nutriente, mesmo em condições de baixa disponibilidade. O que de fato representa a
realidade do solo objeto de estudo, que possui baixa quantidade de matéria
orgânica, pH ácido e deficiências nutricionais consideráveis.
5.10 Diâmetro da interseção de caule e folha do rabanete
Observa-se na (Figura 21), que ocorreu uma variação estatística significativa
entre os tratamentos estudados em relação ao diâmetro da interseção e caule folha
das plantas de rabanete, submetidas a diferentes doses de pó de casca de sururu,
tendo todas as avaliações se ajustado ao modelo linear e as e as equações foram
obtidas por regressão linear com o coeficiente de determinação (R2 ≥ 0,95).
O tratamento T10 apresentou o melhor desempenho, diferenciando-se
estatisticamente dos demais em todas as épocas de avaliação, o que comprova o
efeito benéfico do carbonato de cálcio presente na casca de sururu nos
desenvolvimento das plantas de rabanete. O tratamento T10 apresentou um
diâmetro médio final de 1,62 cm, e seguidos pelos tratamentos T5, com 1,22, T2,5,
com 1,05 cm, e por fim com o menor resultado o tratamento T0 com 0,95 cm. Com
os resultados obtidos torna-se possível observar o desenvolvimento uniforme de
todas as características avaliadas nas diferentes partes do vegetal.
O maior diâmetro verificado no tratamento T10 indica um maior
desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular, tornando as plantas,
submetidas a essa dose, mais robustas quando comparada com o tratamento
controle T0. O que reafirma a influencia do carbonato de cálcio e do magnésio na
expansão e no crescimento do vegetal.
69
O desenvolvimento em largura é proporcionado por um conjunto de células
meristemáticas que permitem a elevação do diâmetro das plantas, através da
polaridade radial (de dentro para fora) e esse meristema é originário no sistema
vascular, entre o xilema e o floema do corpo primário da planta. Para isso as células
do câmbio vascular dividem-se longitudinalmente com o intuito de produzir derivadas
para o interior ou o exterior do caule ou da raiz. Elas também se dividem
transversalmente para produzir raios que transmitem o material radialmente para
fora (TAIZ et al., 2017).
5.11 Número de folhas
Observaram-se diferenças significativas entre o número de folhas de rabanete
submetido a diferentes doses de pó de casca de sururu estudadas, o tratamento T10
apresentou o maior número de folhas de rabanete em todas as análises
diferenciando-se estatisticamente das demais, os tratamentos T0, T2,5 e T5 não
apresentaram diferença estatísticas entre si (Figura 22). Ficou evidenciado o efeito
benéfico do pó da casca de sururu no crescimento do número de folhas, o que
propicia á planta um maior potencial fotossintético, o que poderá inferir diretamente
na produção de matéria fresca e seca do vegetal, resultando em aumento da
produtividade comercial da cultura do rabanete, já que plantas submetidas às
T 0 = 0,039x - 0,300, R² = 0,966
T 2,5 = 0,045x - 0,336, R² = 0,963T 5 = 0,052x - 0,370, R² = 0,959
T 10 = 0,069x - 0,540, R² = 0,971
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
Diâ
me
ntr
o e
m (
cm
)
DAS
0 2,5 5 10
Figura 21. Diâmetro da interseção caule folha em (cm) de rabanete, cultivados em
vasos, em função de épocas de avaliação e de quatro doses de pó de casca de
sururu
Fonte: Autor, 2017
70
maiores doses de pó de casca de sururu tiveram um relação direta entre o número
de folhas, área foliar, altura de plantas e produção de matéria verde e seca.
As equações obtidas se ajustaram ao modelo linear, onde se observa a
superioridade do tratamento T10 em todas as épocas de avaliação. Ao final das
avaliações, o tratamento T10 obteve um número médio máximo de 10 por folhas
planta, seguido pelos tratamentos T0, T2,5 e T5, cada uma com 7,8; 8 e 8,8
respectivamente. Em estudos realizados por Maia et al. (2011) que encontraram
7,67 folhas por planta e por Silva et al. (2017), que obteve um número de 7,17
folhas plantas-1, resultados inferiores aos encontrados nesse trabalho, o que permiti
inferir a potencialidade do uso do pó de casca de sururu no desenvolvimento
vegetativo da cultura do rabanete.
5.12 Diâmetro de raiz, comprimento de raiz comercial e comprimento total da
raiz do rabanete
Os resultados obtidos para diâmetro de raiz, comprimento da raiz comercial e
comprimento total da raiz do rabanete estão apresentados na Tabela 4. Observa-se
T 2,5 = 0,271x - 0,360, R² = 0,960
T 0 = 0,265x + 0,185, R² = 0,927
T 5 = 0,294x - 0,106, R² = 0,944T 10 = 0,314x + 0,496, R² = 0,939
2
4
6
8
10
12
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
Nú
me
ro d
e F
olh
as
DAS
T0 T1 T2 T3
Figura 22. Número de folhas de rabanete, cultivado em vasos, em função de épocas
de avaliação e quatro doses de pó de casca de sururu
Fonte: Autor, 2017
71
que entre os tratamentos utilizados como adubo para as plantas de rabanete houve
diferenças significativas para as variáveis avaliadas.
Para o diâmetro da raiz, o tratamento T10 foi estatisticamente superior aos
demais com um diâmetro médio de 6,44 cm, seguido estatisticamente pelos
tratamentos T2,5 e T5 com 5,04 cm e 5,48 cm respectivamente, que não se
diferenciaram entre si, e por fim o tratamento controle T0 que apresentou resultado
inferior aos demais com apenas 3,96 cm.
Em estudo realizado por silva et al. (2017), obteve uma diâmetro máximo de
5,9 cm, resultado similar ao encontrado nesse trabalho, já para Castro et al.(2016),
valores inferiores foram obtidos com um diâmetro de raiz máximo de 4,75 cm e
constatou que o diâmetro da raiz de rabanete possivelmente está relacionado ao
desenvolvimento e capacidade da parte aérea em aumentar sua área foliar e
consequentemente a fotossíntese e o fluxo de carboidratos para a raiz, favorecendo
assim o seu crescimento.
Esse maior diâmetro observado no tratamento T10 pode está relacionado ao
atendimento das quantidades requeridas de cálcio e magnésio para o rabanete,
onde o desenvolvimento radicular possui relação direta com o fornecimento de cálcio
adequado à cultura (FILGUEIRA, 2008).
Trat. (1) Diâmetro Raiz Comprimento
Raiz Comercial Comprimento
Raiz Total
--------------------------------- cm -------------------------------
Tratamento 0 3,96 c 5,30 d 10,40 d
Tratamento 2,5 5,04 b 6,16 c 13,32 c
Tratamento 5 5,48 b 6,92 b 14,28 b
Tratamento 10 6,44 a 8,48 a 16,64 a
Fonte de Variação Quadrado Médio
Tratamentos 5,2926** 9,110** 33,346**
Resíduo 0,0735 0,95 0,209
CV(%) 5,18 4,59 3,35
Tabela 4. Diâmetro da raiz, comprimento da raiz comercial e comprimento da raiz
total do rabanete submetido a diferentes doses de pó de casca de sururu.
(1) Médias seguida das mesmas letras na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). ** significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% de probabilidade ns não significativo.
Fonte: Autor, 2017
72
Em relação ao comprimento da raiz de comercial, verifica-se que todos os
tratamentos diferenciaram estatisticamente entre si. Para o comprimento em relação
à raiz comercial, o tratamento T10 obteve 8,48 cm, seguido pelos tratamentos T5,
T2,5 e T0, com 6,92 cm, 6,16 cm e 5,30 cm respectivamente. Já em termo de
comprimento total da raiz mesmo comportamento foi observado, para o tratamento
T10, onde o resultado foi um comprimento total de 16,64 cm seguido pelos
tratamentos T5, T2,5 e T10 com 14,28 cm, 13,32 cm e 10,40 cm respectivamente.
Na literatura são escassos os trabalhos sobre o efeito de fontes de Ca2+ e
Mg2+ na qualidade das raízes de rabanete, de forma que foi feita avaliação de
estudos desenvolvidos com outras culturas de interesse comercial com o intuito de
embasar as análises desenvolvidas.
73
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente as cascas de sururu representam um problema ambiental em virtude do
seu descarte em locais incorretos, o que de fato representa um desperdício de
matéria prima, já que, por meio das análises, verifica-se que a casca de sururu
contém uma quantidade de 74% de cálcio e 11% de magnésio em sua constituição.
Assim, possui um elevado potencial de uso como fonte alternativa de cálcio e
magnésio para as plantas e como corretivo da acidez em solos agrícolas.
A determinação da composição química do cálcio e magnésio presentes na casca
de sururu gera conhecimento sobre esse resíduo regional pouco estudado.
O pH solo foi elevado com a adição do pó de casca de sururu, podendo ser indicado
para a correção do pH dos solos agrícolas.
O uso do pó da casca de sururu propicia a melhoria nas características de
crescimento das plantas de rabanete avaliadas. A dose de 10 t ha-1 de casca de
sururu proporciona melhor desempenho das características agronômicas das
plantas de rabanete.
O pó da casca de sururu elevou a produtividade das plantas de rabanete, podendo
ser indicado para áreas de produção agroecológica de rabanete, como fonte de
cálcio e magnésio.
Este trabalho não teve a pretensão de esgotar o assunto, por ser um assunto
extenso, se faz necessário uma sequência de estudos específicos acerca do uso do
pó de casca de sururu no solo e nas demais culturas agrícolas.
74
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