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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
SOCIEDADES INDÍGENAS NO BRASIL
2
VERA LÚCIA FERREIRA DE MATTOS SERTANÓPOLIS - 2009
PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA
SOCIEDADES INDÍGENAS NO BRASIL
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola
desenvolvida através do Curso do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, na área
de História, com o tema de estudo: Sociedades
indígenas no Brasil.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Arias Neto
SERTANÓPOLIS
2009
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1. AUTOR (A) VERA LÚCIA FERREIRA DE MATTOS
ORIENTADOR: JOSÉ MIGUEL ARIES NETO NRE: LONDRINA ESCOLA: ESCOLA ESTADUAL MONTEIRO LOBATO – ENSINO FUNDAMENTAL SEGUNDA FASE. DISCIPLINA: HISTÓRIA. CADERNO PEDAGÒGICO: SOCIEDADES INDÍGENAS NO BRASIL
“No dia em que eu conseguir abrir as páginas da minh'alma e contar essas linhas de meu consciente coletivo, com alegrias ou dores, com prazeres ou desprazeres, como amores ou ódios, no céu ou na terra – aí sim, ai sim vai soltar a minha voz num grito estrangulador, sufocado há cinco séculos, porque 500 anos de pretenso reconhecimento de nossa identidade, não pagam o sangue derramado pelas avós, mães e filhas indígenas deste país. Esse dia, certamente chegará, mesmo que eu esteja em outros planos.”
Eliane Potiguara1.
APRESENTAÇÃO
O presente material pedagógico é resultado de um Panorama Histórico no
Paraná (creio que no Brasil). O PDE, iniciativa do governo paranaense e sua equipe de
educação, propicia aos professores interessados, em melhorar tanto sua qualificação
profissional quanto salarial, retorno aos estudos acadêmicos, possibilitando um encontro
mais abrangente dos profissionais da educação de vários municípios, como também
uma maior aproximação das áreas afins; ou seja, um retorno para uma experiência
coletiva de aproximação entre prática e teoria, dando-nos oportunidades de
conhecermos melhor o que se produz em termos acadêmicos, como também de nos
apropriarmos destes conhecimentos. Apropriação esta, que poderemos utilizar em nossa
prática educacional para um melhor desempenho de nossos educando como o nosso
próprio.
Com esta oportunidade elaboramos numa primeira instância um projeto de
pesquisa. Dando prosseguimento ao trabalho nesta segunda fase do programa, dar-se-á a
1É uma escritora indígena, remanescente da etnia potiguara, professora formada em letras.
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elaboração de um caderno pedagógico, não devendo ser interpretado como um
manual fechado em si mesmo, mas com um passo inicial de aprofundamento do tema
proposto. Sua organização é pautada em pressupostos teóricos metodológicos
historicizados, busca refletir algumas formas de abordagens sobre cultura e identidade
de grupos indígenas, junto aos alunos do ensino fundamental. O objetivo deste trabalho
é fazer com que os alunos reflitam sobre a questão indígena em nossa sociedade,
revendo e comparando informações veiculadas inclusive pelos livros didáticos, mídia e
senso comum, de forma descontextualizada gerando discriminação, ou seja,
inferiorizando culturas que pensam e agem de formas diferentes, gerando aí,
interpretações preconceituosas.
I. CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Segundo Ausebel (apud Novak, 2004), o fator mais importante que influencia a
aprendizagem é o que o aluno já sabe. Conhecimento prévio, todos nós temos, baseados
em experiências sociais, afetivas e cognitivas. O professor deve considerá-los através de
observações, entrevistas ou outras estratégias, objetivando perceber o nível de
conhecimento que o aluno ou grupo tem sobre determinado assunto a fim de buscar
alternativas para ampliação deste e/ ou transformação das lacunas levantadas (o que
pensam sobre determinado assunto).
Nossa proposta é a de trabalhar com a questão da Cultura e da Identidade de
sociedades indígenas brasileiras, procurando desfazer preconceitos e mitos acerca
destas, objetivando a construção de uma aprendizagem significativa em sala de aula.
Assim, nesta unidade procurar-se-á, compreender como as relações da terra são
fundamentais na constituição da identidade destas sociedades objetivando questionar a
idéia de “vazio demográfico”, veiculada por livros didáticos, pela mídia, etc. Este
questionamento é fundamental para redimensionar a compreensão das formas de viver
destas sociedades, contrapondo-se assim a uma historiografia oficial que justifica a
expropriação da terra, e consequentemente, a destruição da cultura indígena à partir da
idéia de “vazio demográfico” que legitima a conquista de territórios e a submissão de
povos vistos como “atrasados”.
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Atividade:
Elaboração de um mapa conceitual
Passo 1: Reúna os alunos em grupos e peça a eles que façam uma discussão
sobre o que compreende a respeito tema “sociedades indígenas”. Forneça a eles
algumas palavras chaves, a partir das quais possam desdobrar a sua discussão:
- sociedades indígenas
- terras indígenas
- cultura, identidade e trabalho.
Oriente também no sentido de que eles poderão acrescentar outras palavras-
chave que julgarem pertinente para a discussão.
Peça que anotem num caderno o resultado das discussões.
Passo 2: Cada grupo apresenta em sala os resultados da discussão. Anote no
quadro as questões apresentadas pelos grupos.
Passo 3: Oriente a turma para que, em conjunto, façam um grande painel ( pode
ser em papel, cartolina, etc.), com as questões apresentadas, de modo a sintetizar
a visão dos alunos sobre o tema. O painel ficará exposto durante todo o trabalho
da unidade.
Atividade:
Construindo a problemática: Introduza a leitura do texto de Domingos Pellegrini
Jr, a seguir.
“OS BICHOS DA CANOA GRANDE”
A canoa grande – como os índios chamavam as caravelas – pintou no horizonte e,
quando os marinheiros chegaram à praia, os índios já estavam espiando da mata. Como
os estranhos não pareciam perigosos de tão fracos e trôpegos, foram ver de perto – e,
recuaram não de medo, mas de nojo: os homens barbudos fediam, tinham piolhos pelo
corpo todo, e bebiam água da cascata acocorados de quatro como bichos. Que bichos
seriam aqueles, que cobriam o corpo todo de panos sujo e comiam com fúria tudo que
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lhes davam? Ou seriam deuses desgraçados e expulsos do mar?
Foram chamar o pajé, que olhou, fumou seu cachimbo e aí falou:
- Não são bichos nem deuses. É gente.
Os índios só não riram por respeito ao pajé: como podia ser gente bichos assim fedidos?
O pajé cachimbou e continuou:
- Eles vão dominar toda esta terra.
Os guerreiros seguraram o riso. Eram altos e fortes, tinham lanças e bordunas, grandes
arcos e flechas que chegariam até lá a grande canoa desses homens brancos e fracos...
Mas o pajé explicou:
- Eles têm armas que cospem fogo, matam de muito mais longe.
Os guerreiros se olharam sorrindo: eram muitos, e aqueles ali só alguns... Mas o pajé
revelou:
- Virão muitos mais. Trarão muitas armas, e lutando matarão os mais fortes e corajosos
de nós. Trarão doenças, que matarão muito mais. Sobreviverão os que não lutarem os
mais fracos, e nossa raça será conhecida como fraca.
Os guerreiros não conseguiam acreditar, aqueles homens ali pareciam até crianças,
oferecendo brinquedinhos e espelhos às mulheres em troca de comida... Como podiam
ser perigosos? O pajé fechou os olhos e viu:
- Restarão poucos de nós, fechados em pequenas matas cercadas de plantações, muito,
mas muito maiores que as nossas plantações.
Os guerreiros cochicharam: o pajé devia estar mesmo enlouquecendo. Tinham grandes
clareiras de plantações, cercadas pela mata sem fim: como seria possível que plantações
cercassem matas? Só podia estar louco o pajé, mas ele ainda cachimbou mais uma vez:
- Eles plantarão nossas batatas em todo o mundo, e nossos tomates, nosso milho,
nossos melões e nosso amendoim, enquanto nós teremos de mendigar nas grandes
aldeias deles, com ocas mais altas que as maiores árvores, e com trilhos tão largos como
os rios... Então os guerreiros não puderam mais segurar o riso, e riram, os meninos
também para imitar os pais, e as mulheres rindo também de tanta loucura, que entre os
índios é coisa bonita e alegre. E rindo foram se banhar no riacho, catar frutas, caçar e
pescar, esquecidos daqueles pobres homens da canoa grande.
O pajé ficou fumando seu cachimbo, e um menino foi perguntar:
- Você ficou louco?
- Não, mas preferia ter ficado.
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O menino olhou a grande canoa para onde voltavam os homens num bote cheio de
cachos de banana e melões, depois foi brincar com os brinquedos que deixaram, e que
logo perderam a graça. Decerto, pensou, nunca mais veriam aqueles homens fedidos...
Biografia:
DOMINGOS PELLEGRINI
Paranaense de Londrina, onde nasceu em 1949, é professor e jornalista e sua literatura
se distribui por diversos títulos como As batalhas do castelo, A árvore que dava
dinheiro, Questão de honra, e por seu primeiro livro de contos O homem vermelho
recebeu o prêmio Jabuti.
Atividade: Construindo a reflexão:
Primeira leitura do texto para conhecimento; grifar termos desconhecidos.
Pesquisa dos termos desconhecidos
Segunda leitura: levantar, primeiro individualmente, depois em grupo, os temas
apresentados no texto ( ter em mente, no mínimo, as questões apresentadas no
item 1)
Verificar quais os temas apresentados pelos grupos.
Construir o mapa com os conceitos apresentados nos grupos.
II. POR QUE “ÍNDIOS”?
Os habitantes das Américas foram chamados de índios pelos europeus que aqui
chegaram, uma denominação genérica, provocada pela primeira impressão que eles
tiveram de haverem chegado às Índias.
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Mesmo depois de descobrir que não estavam na Ásia, e sim em um outro
continente até então desconhecido, os europeus continuaram a chamá-los assim,
ignorando as diferenças linguístico-culturais.
A partir do texto, recuperar com os alunos a idéia de que havia “povos indígenas”,
“nações indígenas”, com línguas, costumes e territórios diferentes.
Atividade:
Leve para a sala de aula revistas, jornais, cartolina, tesoura, cola.
Cada grupo fará uma pesquisa nos jornais e revistas e comporão um painel com
recortes de jornais, imagens, etc., visando expressar a diversidade dos povos
indígenas contemporâneos.
III. IDENTIDADE E DIVERSIDADE:
As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira de forma
preconceituosa .
(...) ANTES DOS BRANCOS CHEGAREM TINHA MUITO MAIS NAÇÕES DE ÍNDIOS DO QUE HOJE. (...) CADA NAÇÃO TINHA UM NOME. CADA POVO
FALAVA SUA LÍNGUA; CADA POVO VIVIA COMO ERA O COSTUME DELE. CADA NAÇÃO SABIA ATÉ ONDE ERA SUA TERRA. NINGUÉM PRECISAVA
FAZER DEMARCAÇÃO. A TERRA NÃO ERA DE UM DONO SÓ. A TERRA ERA DE TODA A COMUNIDADE.
PARA NÓS, A TERRA É NOSSA VIDA.
Fonte: PAULA, Eunide D.; PAULA, Luiz G., AMARANTE, Elizatebh. História dos povos indígenas : 500 anos de luta no Brasil. Petropolis, Vozes; CIMI, 1987, p. 23
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O preconceito negativo, parte muito mais, daqueles convivem diretamente com
os índios: as populações rurais. Dominadas política, ideológica e economicamente por
elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e seus recursos ambientais,
tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as
escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades
indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de “ladrões”,
“traiçoeiros” “preguiçosos”, e “beberrões”, enfim, de tudo que possa desqualificá-los.
Procura-se justificar, desta forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus
territórios.
Já as populações urbanas, que vivem distanciadas das áreas rurais indígenas,
tendem a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. É
um tipo de preconceito positivo, isto é, valoriza idealmente sem de fato conhecer as
sociedades indígenas. Neste caso, os índios são considerados a partir de um conjunto de
imagens e crenças amplamente disseminadas pelo senso comum: eles são os donos da
terra e seus primeiros habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem
O ÍNDIO SÓ USA A TERRA PARA VIVER.
O ÍNDIO PLANTA MILHO PORQUE PRECISA PARA
COMER. O FAZENDEIRO PLANTA
AS COISAS PARA VENDER E GANHAR
DINHEIRO, O ÍNDIO FAZ PANELA
PORQUE PRECISA PARA COZINHAR.
O DONO DA FÁBRICA FAZ PANELA PARA
VENDER E GANHAR DINHEIRO.
Fonte: PAULA, Eunide D.; PAULA, Luiz G., AMARANTE, Elizatebh. História dos povos indígenas : 500 anos de luta no Brasil. Petropolis, Vozes; CIMI, 1987, p. 84
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depredá-la. São também vistos como parte do passado e, portanto, como estando em
processo de desaparecimento muito embora, como provam os dados, nas três últimas
décadas tinham se constatado o crescimento da população indígena.
Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se
conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país,
participa de elaboração das leis, elegem candidatos e compartilham problemas
semelhantes, como as conseqüências da população ambiental e das diretrizes e ações do
governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e administração pública em
geral. Hoje, há um movimento de busca de informações atualizadas e confiáveis sobre
os índios um interesse em saber, afinal quem são eles.
Qualquer grupo social humano elabora e constitui um universo completo de
conhecimentos integrados, com fortes ligações com o meio em que vive e se
desenvolve.
Cultura pode ser entendida como um conjunto de respostas que uma determinada
sociedade humana dá às experiências por elas vividas e aos desafios que encontra ao
longo do tempo, percebe-se o quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em
continuo processo de transformação.
NAQUELE TEMPO, MUITA GENTE PENSAVA QUE O ÍNDIO NÃO TINHA RELIGIÃO, PENSAVA QUE O ÍNDIO NÃO ERA GENTE, QUE O ÍNDIO NÃO TINHA ALMA. ISSO PORQUE NINGUÉM ENTENDIA NADA DA VIDA DO ÍNDIO. OS PADRES NÃO FORAM MORAR NO MEIO DOS ÍNDIOS. ELES SÓ QUERIAM TRAZER OS ÍNDIOS PARA
MORAR PERTO DOS PORTUGUESES. (...) MAS OS ÍNDIOS NÃO QUERIAM DEIXAR SUA TERRA. ENTÃO OS MISSIONÁRIOS
FALAVAM QUE VIDA DE ÍNDIO ERA ERRADA. FALAVAM QUE VIDA NA MATA ERA RUIM. FALAVAM QUE SÓ NO MEIO DO
BRANCO O ÍNDIO PODERIA VIVER FELIZ. MAS ISSO NÃO ERA VERDADE...
Fonte: PAULA, Eunide D.; PAULA, Luiz G., AMARANTE, Elizatebh. História dos povos indígenas : 500 anos de luta no Brasil. Petropolis, Vozes; CIMI, 1987, p. 125.
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O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e linguística, estando entre as
maiores do mundo. São 215 sociedades indígenas, mais cerca de 60 grupos de índios
isolados sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos,
são faladas pelos membros destas sociedades, as quais pertencem a mias de 30 famílias
linguísticas diferentes.
No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas
modificam-se constantemente e reealaboram-se com o passar do tempo, como a cultura
de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que isso aconteceria mesmo
que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem européia e africana.
No que diz respeito à identidade étnica, as mudanças ocorridas em várias
sociedades indígenas, como o fato de falarem português, vestirem roupas iguais aos
outros membros da sociedade nacional com a qual estão em contato, utilizarem
modernas tecnologias (câmaras de vídeo, maquinas fotográficas e aparelhos de fax) não
fazem com que percam sua identidade étnica.
A diversidade cultural pode ser enfocada tanto sob o ponto de vista das diferenças entre
as muitas sociedades indígenas que vivem no Brasil. Mas também está sempre
relacionada ao contato entre realidades socioculturais diferentes e à necessidade de
convívio entre elas, especialmente num país pluriétnco, como é o caso do Brasil.
É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica especifica de cada uma
das sociedades indígenas em particular, compreender suas línguas e suas formas
tradicionais de organização social, de ocupação da terra e de uso naturais. Isto significa
o respeito pelos direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio
pacifica, por meio de um intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.
NESTES 500 ANOS FORAM POUCOS OS BRANCOS QUE ENXERGARAM ASSIM. MAS SÓ ESSES É QUE AJUDARAM NA NOSSA LUTA.
SÓ ESSES QUE DERAM VALOR PARA NOSSA RELIGIÃO RESPEITARAM NOSSA VIDA
E AJUDARAM A DEFENDER NOSSOS DIREITOS.
Fonte: PAULA, Eunide D.; PAULA, Luiz G., AMARANTE, Elizatebh. História dos povos indígenas : 500 anos de luta no Brasil. Petropolis, Vozes; CIMI, 1987, p. 164.
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Atividade:
Faça uma pesquisa procurando mapear as áreas de conflitos indígenas no país.
O professor deverá providenciar um mapa do Brasil em cartolina ou outro tipo
de papel para que os alunos colem nas respectivas áreas as noticias que
conseguirem coletar.
Depois, faça uma discussão em sala sobre os motivos causadores destes
conflitos, enfocando os diferentes pontos de vista sobre a questão.
Finalmente, encerre a unidade com uma aula, na qual se destacará os princípios
da igualdade e da diversidade como fundamento da democracia e da república
brasileira.
AGORA QUE JÁ TEMOS UMA NOÇÃO GERAL DE GRUPOS INDÍGENAS, VAMOS-NOS
CENTRALIZAR NO ESTUDO DESTES POVOS NA REGIÃO DO ESTADO DO PARANÁ, EM
ESPECÍFICO NA REGIÃO NORTE PARANAENSE.
IV. O QUE É VAZIO DEMOGÁFICO? A QUEM INTERESSAVA A IDEIA DE
“VAZIO DEMOGÁRAFICO”?
Vazio demográfico é uma idéia segundo a qual não haveria ocupação humana
num determinado espaço geográfico. Como explicar que aproximadamente há 10.000
anos, havia populações indígenas na região?
A história oficial, assim como a mídia (TV, radio, jornais, revistas) veiculam
esta idéia, para justificar a ocupação branca de terras supostamente “vazias”.
Assim, como um passe de mágica, nessas narrativas, as exuberantes florestas
habitadas pelos índios tornaram-se, com a chegada do colono europeu, florestas vazias ,
graças ao poder imagético do conceito de “vazio demográfico”. O caráter semi-nômade
dos grupos indígenas, as freqüentes fugas para regiões menos acessíveis à onda
colonizadora, a política indigenista oficial de concentração da população indígena em
aldeias controladas pelo Estado e a crescente despovoação das matas, contribuíram, em
grande medida para forjar a idéia de que partes do Brasil eram ou até mesmo sempre
foram sertões sem gente.
Assim esta idéia não é um equívoco apenas, é uma ideologia que difundiu a idéia
de que o território do Paraná durante o século XIX era um grande “vazio demográfico”,
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totalmente disponível à ação do colonizador. No entanto, até início do século XIX a
região possuía expressiva população indígena.
SÉCULOS XVI E XVII:
SEGUNDO MOTA 1997, PERCEBEMOS QUE O CONTATO DAS
POPULAÇÕES EUROPÉIAS COM OS GRUPOS INDÍGENAS (JÊ E TUPI),
HABITANTES DA BACIA DO RIO TIBAGI ATÉ O RIO PARANÁ, OCORREU NO
INÍCIO DO SÉCULO XVI COM AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES PORTUGUESAS E
ESPANHOLAS QUE CRUZARAM A REGIÃO RUMO AO PARAGUAI E AO PERU.
MOTA, Lucio Tadeu. “A Guerra de Conquista nos Territórios dos
índios Kaingang do rio tibagi: Revista História Regional”. Vol. 2. – n 1. 1997.
Dentro dos marcos da expansão capitalista, constroem-se ideologias para se incorporar,
novas áreas, a seu sistema de produção, ou seja; em relação ao Norte paranaense séculos
XVI e XVII, a ideologia apregoada é de um imenso espaço “vazio”, recoberto de
florestas que abrigavam tesouros inestimáveis como também, um solo de grande
fertilidade.
Os agentes dessa construção são muitos: desde a história oficial das companhias
colonizadoras; os discursos governamentais; os escritos que fazem apologia da
colonização até livros didáticos. Todos repassam a idéia de que as terras indígenas do
Terceiro Planalto do Paraná constituíam um imenso “vazio demográfico” pronto para
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ser ocupado pelos pioneiros. Com isso retira-se, eliminam-se, propositadamente da
história regional as populações indígenas que aqui viviam e resistiram à conquista de
suas terras e a destruição de seu modo de vida.
Recolocando as populações indígenas enquanto sujeitos ativos da história,
percebemos que os territórios localizados entre os rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí,
atualmente denominados de Norte e Noroeste do Paraná, foram ocupados, desde tempos
imemoriáveis. Desde a chegada dos brancos europeus no novo Continente, iniciou-se a
guerra de conquista contra as populações indígenas que aqui viviam.
A guerra de conquista iniciou-se nas primeiras décadas do século XVI com
expedições portuguesas e espanholas que cruzaram a região em busca de metais,
escravos, e de uma rota para o Paraguai e Peru.
Acentuou-se com a implantação das Reduções Jesuíticas no Guairá, e com os
bandeirantes paulistas que invadiram a região capturando índios. Prosseguiu no século
XVIII com a descoberta de ouro e diamante no rio Tibagi e com as expedições militares
que construíram fortificações e transitava pelo território rumo ao Mato Grosso.
Atividades:
- Leia o texto com atenção
- Leia novamente o texto, grifando pontos que considera importantes para
discussão.
- anote palavras desconhecidas e procure descobrir seu significado de acordo
com o texto.
– Formem grupos para realizar uma pesquisa sobre os seguintes temas:
“Reduções Jesuíticas”, “Guairá” e “Bandeirantes”.
- Na aula seguinte cada grupo apresentará para a sala um painel contendo os
resultados da pesquisa.
- Finalmente o professor ministrará aula para integrar as informações
apresentadas pelo grupo.
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V. A CONQUISTA DO NORTE DO PARANÁ:
Na época da chegada dos europeus – 1500, as terras brasileiras, e em
específico o território que futuramente seria o Paraná, eram quase toda recoberta de
frondosas matas. Os registros da época, dos exploradores, relatam a grande
diversidade cultural, ou seja; uma variedade de populações indígenas habitava a
região entre, Paranapanema, Tibagi Ivaí e Perquiri.
No início do século XVI, com a chegada dos europeus – portugueses,
espanhóis, e outras nacionalidades, iniciam-se a conquista dos territórios
pertencentes às populações indígenas.
No Guairá os primeiros contatos foram feitos entre europeus e indígenas,
sendo as primeiras expedições organizadas com ajuda dos guaranis. Havia á
necessidade de se estabelecer uma rota terrestre entre o litoral do sul do Brasil para
se chegar à recém cidade de Assunção no Paraguai.
As viagens realizadas pelos exploradores no Guairá, ocorreram de forma interativa
com as populações indígenas, ou seja; através de trocas e interesses distintos.
“O primeiro viajante que atravessou os territórios do Guairá, foi Aleixo Garcia, em
1522”. Por meio de seus relatos, que se tiveram as primeiras informações da região,
onde se poderia encontrar prata. Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram
informações com base nos relatos indígenas. Aleixo viajou por três anos, do litoral
catarinense, para o interior do Paraná, passando pelo Paraguai e Bolívia, até
próximo ao Peru. Foi morto pelos Guaranis na volta, em 1525, na região de Foz do
Iguaçu. Com objetivo de garantir o domínio das terras brasileiras, o Rei de
Portugal, em 1530, enviou expedições. A expedição de Martim Afonso de Souza
veio para percorrer o litoral brasileiro e explorar o interior, na busca de metais
preciosos e organizar núcleos, garantindo assim, o domínio de Portugal até o rio da
Prata.
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Atividades
1- Refletindo!!!“Densas matas, variados grupos humanos, diferentes meios de
transportes: você consegue imaginar como podem ter ocorrido as viagens dos
exploradores pelo interior do território paranaense, início do século XVI?”
2 - pesquise na internet: quem foi Cabeza de Vaca. Como foi sua expedição? Quanto
tempo demorou a chegar ao seu destino? Como foi o contato com esta região¿
CABEZA de VACA foi o primeiro branco a encontrar as Cataratas do Iguaçu. Seu
relato é muito importante nas informações com relação aos territórios do atual
Estado do Paraná, pois neles encontram-se importantes informações a respeito das
populações que aqui habitavam e suas formas de organização social, política, e
culturalmente. Mostra que os Kaingang dominavam grandes extensões dos
territórios do Guairá coberto pelos campos naturais.
Formação das reservas
Fonte: http://oparana.blogspot.com/
17
- Escolha uma reserva paranaense: pesquise quando e como se formou.
- Estes povos estão distribuídos em diferentes municípios do Estado. Elabore um
quadro de cada povo aos seus respectivos Municípios, destacando os Nortes
paranaenses.
COLÔNIA MILITAR DE JATAHY.
A Colônia Militar de Jatahy foi planejada para ser um ponto de apoio na maior
via de penetração do Estado, fazendo ligação entre o porto de Paranaguá e a Província
de Mato Grosso. O porto de Jatahy foi transformado pelo Imperador do Brasil D.Pedro
II, em Colônia Militar de Jatahy, a pedido do Barão de Antonina, tornou-se um local
seguro de abrigo para as tropas militares e comerciantes que procuravam proteção
contra o ataque dos índios Kaingang.
Os kaingang não aceitaram passivamente a presença do homem branco em seus
territórios e se tornaram um obstáculo constante ao avanço da colonização.
A intenção dos pioneiros era evitar que os índios continuassem causando problemas aos
exploradores da região, por isso a construção de aldeamentos, geralmente dirigidos por
um religioso, que tinha a missão de ensinar aos índios os costumes dos brancos e
transmitir a doutrina cristã. Viver em um aldeamento para os povos indígenas
significava ter que aceitar também o modo de viver dos brancos e as regras que estes
impunham à sua cultura.
Foi inaugurado em 1855, um aldeamento indígena localizado em frente à
Colônia Militar de Jatahy, que foi chamado de Aldeamento de São Pedro de Alcântara
localizando-se à margem esquerda do Rio Tibagi. Os primeiros habitantes do
aldeamento não foram os indígenas do Paraná, mas, sim os Kayoá do Mato Grosso, que
eram inimigos dos Kaingang e já estavam pacificados.
Outro aldeamento, São Jerônimo da Serra inaugurado em 1859. Mas iniciando sua
história em 1846, a partir de uma expedição que tinha função de encontrar um caminho
mais fácil para Mato Grosso entre os vales dos Rios Ivaí e Tibagi.
O Barão de Antonina tomou posse dessas Terras que pertenciam aos Kaingang
dando-as, mais tarde, ao governo imperial para aí construir o aldeamento indígena de
São Jerônimo da Serra. Com o tempo, as terras serão doadas para moradores nacionais
construírem fazendas, e a sede do aldeamento se transforma na cidade de São Jerônimo.
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Aos Kaingang restou uma pequena parcela de terra, onde hoje fica a reserva indígena de
São Jerônimo.
Sobre a mobilidade dos Kaingang aldeados no vale do Tibagi, Lévi-Strauss diz: “Encontramos aqui lado a lado, restos das populações indígenas ainda próximas dos centros civilizados e as formas mais modernas de colonização interna. Foi por esta razão que orientei minhas primeiras excursões na direção nesta zona do Norte do Paraná. (...) tinha–se conservado praticamente virgem até a década de 1930, principalmente se excptuar - mos os bandos índios que ainda por lá vagueavam.”
O que mais impressiona Lévi – Strauss é a forma de vida dos índios em meio à
década de 30. Os Kaingang da Reserva de São Jerônimo não param em suas casas, estão
sempre percorrendo a floresta a oeste da reserva.
A História dos Kaingang no Paraná nos mostram sua capacidade de resistir e
sobreviver à violência da expansão capitalista dos séculos XVIII até fins do século XX,
lutando em defesa de seus territórios, de sua cultura e de sua auto-identificação.
Hoje, a principal luta empreendida pelas nações indígenas, é a luta pela terra, pela
garantia da demarcação e recuperação de terras milenares que podem garantir a oferta
de alimentos, água potável, rios com peixes, da vida em liberdade e de uma relação
equilibrada com a sociedade envolvente.
De acordo com ORTIZ (2000), as transformações radicais que o mundo sofreu
nas ultimam décadas, cabe aos intelectuais procurar decifrá-las mesmo sabendo da
condição fragilizada destes, a este quadro abrangente.
No complexo contexto mundial que se configura na atualidade, a sociedade
brasileira, assim como outras sociedades compostas pela sociodiversidade cultural, ou
multiculturalidade – como tem sido chamada – deve buscar, exaustivamente,
mecanismos de convivência equilibrada com as diferenças étnicas existente em seu
interior. Isso só será possível na medida em que forem reconhecidas e respeitadas as
formas de vida dos povos indígenas, e mantidos os recursos naturais – rios, matas, terras
– de que estas, e outras populações rurais do Brasil necessitam para sobreviver.
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OS GRUPOS INDÍGENAS NA ESCOLA.
O PAPEL DA ESCOLA NAS SOCIEDADES INDÍGENAS
As sociedades indígenas têm seus próprios meios de produzir e transmitir os
conhecimentos necessários para realização do trabalho que garanta a sobrevivência da
comunidade e de preservação das tradições culturais. Tem também códigos jurídicos e
sociais que norteiam o comportamento individual e grupal.
Estes conhecimentos são produzidos com a experiência, a vivencia e,
apreendidos oralmente ou por imitação. As crianças vivem no meio dos adultos
observando, imitando alguns de seus atos, praticando jogos e brincadeiras que
contribuem com o seu desenvolvimento cognitivo. O fato de o conhecimento ser
aprendido de forma espontânea, não significa dizer que as crianças não sejam orientadas
em diversos momentos, por seus pais, parentas e demais adultas do grupo.
As crianças e jovens são orientadas, treinadas e praticam no decorrer de seu
desenvolvimento, tudo aquilo de que vão precisar saber quando forem adultos para
ocuparem seus lugares desempenhando bem seu papel na organização social.
As sociedades indígenas têm um vasto conhecimento da geografia, do local onde
vivem da biologia (principalmente da botânica), conhecendo os ciclos da natureza, a
fauna e a flora, as montanhas, os rios, os peixes. Tem conhecimentos médicos,
identificam doenças através dos sintomas apresentados e dominam tratamentos, técnicas
e medicamentos naturais capazes de combater muitas doenças. Tem conhecimento
histórico (entendem e explicam a origem do mundo, da sociedade através de mitos que
são passados de geração para geração), acrescentam, para explicar os acontecimentos
mais recentes, a historia do contato, das guerras, das fugas e do confinamento a que
foram submetidos devido à ação destrutiva do modelo capitalista.
Têm conhecimento da agricultura sabendo as épocas de plantio e colheita,
manejo das sementes e os cuidados que deve ter com a terra.
A escola como instituição formal de instrução está presente nas sociedades indígenas
desde os primeiros séculos da colonização. No início, diversos grupos indígenas se
recusavam a deixar suas crianças serem “educadas” em outro espaço que não fosse o da
vida cotidiana, até hoje muitas mães se recusam a mandar seus filhos para a escola,
entendem que a educação da criança é de responsabilidade da família.
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A escola representa para os índios hoje a possibilidade de estes aprenderem os
conhecimentos de que necessitarão para o relacionamento com a sociedade envolvente e
continuarem sobrevivendo ao contato, que é cada vez mais intenso.
ATIVIDADE;
A educação escolar indígena vem, nas últimas décadas, obtendo avanços
significativos no que diz respeito à legislação que a regula.
Pesquisem alguns destes avanços (Constituição Federal; artigo 210; LDB). LEI
11.645/08.
CONCLUSÃO DA UNIDADE
Retome com os alunos o desenvolvimento da unidade. Faça uma discussão,
comparando com o Mapa Conceitual inicial para aferir as mudanças ocorridas no
decorrer do desenvolvimento da temática.
BIBLIOGRAFIA:
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