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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · Diante das abordagens até aqui expostas, e aproximando o livro didático à ciência de referência e à disciplina escolar, pode-se ampliar,

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDEUNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CADERNO TEMÁTICO

ESTUDO SOBRE O PAPEL E O USO DO LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

CURITIBA2010

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Profa. Esp. DENISE ESTORILHO BAGANHA

Especialização em Educação em Saúde Pública - UNAERP

Graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas – UFPR

Professora de Ciências e Biologia da Rede Estadual de Ensino Paraná

Prof. Ms. CARLOS EDUCARDO FORTES GONZALEZ

Professor da Área de Estudos Sócio-Ambientais

Professor do Departamento Acadêmico de Química e Biologia

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Orientador do PDE na Disciplina de Biologia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 04UNIDADE I – OS ESTUDOS SOBRE O CONCEITO DE LIVRO DIDÁTICO...................................................................................................... 06UNIDADE II – REVISÃO HITÓRICA SOBRE A PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS E DO LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL............................................................ 10UNIDADE III – OS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA E AS POSSIBILIDADES DE MUDANÇA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA............... 18CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 25REFERÊNCIAS ............................................................................................. 26

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INTRODUÇÃO

Os recursos tecnológicos utilizados no ensino de Ciências constituem-se

como ferramentas de grande importância para auxiliar o professor no

desenvolvimento de suas aulas. Dentre esses, o livro didático continua sendo o mais

utilizado tanto pelos professores quanto pelos alunos. Para o professor, o livro

apresenta os conteúdos organizados e distribuídos sob uma lógica e uma

sequência, estabelecidas para determinado nível de ensino. Para o aluno, além do

conteúdo, esse material favorece a compreensão dos conceitos por meio das

ilustrações, exercícios e textos complementares nele apresentados. Sendo assim,

com diferentes funções e modos de utilização, os livros didáticos são considerados

como o principal recurso para aproximação entre o conhecimento científico e o

conhecimento escolar.

Segundo Choppin (2004), as pesquisas que buscam compreender os

diferentes aspectos sobre esse recurso didático vêm ocorrendo, em esfera mundial,

desde a década de 1960, e mais efetivamente nas últimas décadas do século XX.

Há um esforço de equipes de pesquisadores em diferentes áreas de conhecimento

em estudar, dentre outros aspectos, sobre as questões do livro didático no universo

escolar frente às incertezas do futuro desses impressos e dos papeis que

desempenharão diante dos avanços tecnológicos.

Entretanto, na educação formal brasileira, a presença desse material didático

nas escolas tem sido garantida por meio do Programa Nacional do Livro Didático –

PNLD, considerado o maior programa de distribuição de livros para o Ensino

Fundamental, mundialmente conhecido, conforme relata Bittencourt (2004). A partir

de 2004, esse programa foi ampliado como Programa Nacional de Livro Didático

para o Ensino Médio – PNLEM, passando a fornecer, de forma gradativa até a

universalização de atendimento em 2008, obras das disciplinas de Língua

Portuguesa, Matemática, Biologia, História, Química, Geografia e Física. Para 2012,

a pretensão será atender também com livros de Língua Estrangeira (Inglês ou

Espanhol), Filosofia e Sociologia (BRASIL, 2010c).

Paralelamente a essa ação do Governo Federal, em 2006, a Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, devido à necessidade de produzir um material que

atendesse à proposta das Diretrizes Curriculares Estaduais, em processo de

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implementação naquele ano, desenvolveu um programa próprio de produção e

distribuição do Livro Didático Público (LDP) para as doze disciplinas do Ensino

Médio. Esse material foi produzido por professores da Rede Estadual conforme sua

disciplina de formação e experiência em sala de aula, atendendo ao propósito de

“elaborar um material didático adequado às necessidades da realidade escolar”

(SCHLICHTING, BERTONI e BAGANHA, 2007; PARANÁ, 2010b).

Diante desse contexto, este Caderno Temático constitui-se uma produção

didática desenvolvida a partir do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,

Turma 2009. Dois objetivos direcionam essa produção: cumprimento de atividade

obrigatória do Programa, e como uma produção que visa ser um suporte para o

aprofundamento teórico-metodológico dos professores de Biologia do Ensino Médio

da Rede Estadual de Ensino do Paraná sobre o tema livro didático de Biologia.

O conteúdo desenvolvido aborda uma discussão fundamental sobre o papel e

o uso de livros didáticos no Ensino de Ciência, especificamente, para o ensino de

Biologia. São aqui considerados os livros didáticos de Biologia presentes nas salas

de aula do Ensino Médio paranaense, desde 2006.

O primeiro capítulo destina-se a fazer um percurso sobre as abordagens de

pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento com relação à conceituação

desse recurso didático, em virtude dos diferentes papeis a ele atribuídos. No

segundo capítulo, será apresentado um breve percurso histórico sobre a produção e

avaliação de materiais didáticos para o Ensino de Ciências no Brasil, incluindo o livro

didático. No terceiro capítulo, serão discutidas algumas características dos livros

didáticos disponibilizados para a Rede Estadual do Paraná e algumas reflexões

sobre a possibilidade de mudança da prática pedagógica dos professores diante de

uma abordagem diferenciada de conteúdos.

Espera-se que este material contribua para o aperfeiçoamento profissional e

que favoreça as reflexões sobre o papel e o uso do livro didático de Biologia frente

aos resultados das pesquisas nessa área de conhecimento e às perspectivas atuais

para o Ensino de Ciências.

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UNIDADE I - OS ESTUDOS SOBRE O CONCEITO DE LIVRO DIDÁTICO

O livro didático é um recurso muito utilizado pelos professores e que participa

de suas atividades pedagógicas de diversas maneiras. Ele é utilizado para a

organização do planejamento e estabelecimento da sequência dos conteúdos

(NÚÑEZ et al, 2003); auxilia no desenvolvimento e avaliação do trabalho pedagógico

(CARNEIRO, SANTOS E MÓL, 2005); é utilizado como material de apoio ao

professor e ao aluno, como fonte de informação, conhecimento e de pesquisa

(MEGID NETO e FRACALANZA, 2006); também é considerado como importante

recurso para a organização dos métodos de ensino e como mediador entre os

diferentes saberes que constituem os conteúdos escolares (SELLES e FERREIRA,

2004), bem como, para leituras complementares envolvendo temas contemporâneos

(NASCIMENTO e ALVETTI, 2006).

Segundo Bittencourt (2004) este recurso é considerado um “instrumento de

comunicação, de produção e de transmissão de conhecimento, integrante da

‘tradição escolar’ há pelo menos dois séculos”. Tendo em vista os diversos papeis

que apresenta, a autora considera uma tarefa difícil procurar conceituá-lo, tendo em

vista que

Por ser um objeto de ‘múltiplas facetas’, o livro didático é pesquisado enquanto produto cultural; como mercadoria ligada ao mundo editorial e dentro da lógica do mercado capitalista; como suporte de conhecimentos e de métodos de ensino das diversas disciplinas e matérias escolares; e, ainda, como veículo de valores, ideológicos ou culturais (BITTENCOURT, 2004).

Esses, e outros papeis, foram sendo atribuídos ao livro didático ao longo da

história da sua produção em diferentes países. As “múltiplas facetas” apresentadas

por Bittencourt (2004) relacionam-se ao contexto histórico, econômico, social,

político, educacional e cultural de uma determinada sociedade, o que confere a esse

recurso ser um produto cultural. Como ‘mercadoria’, na história da educação no

Brasil, foi se constituindo um produto produzido pelas editoras para atender aos

sistemas de ensino, ora como auxiliar do professor na instrução dos alunos, como

registrado no final do século XIX ou, mais recentemente, nas primeiras décadas do

século XXI, como objeto de compra pelo Governo Federal por meio do Programa

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Nacional do Livro Didático (PNLD), para suprir a demanda de material didático para

a Educação Básica (BITTENCOURT, 2008). Nesse processo de auxiliar o professor

na instrução do aluno e de atender aos propósitos dos sistemas de ensino, serve

também como “suporte de conhecimento e método de ensino” e consequentemente

como “veículo de valores ideológicos e culturais”, dado o momento histórico em que

foi produzido.

Outra definição de livro didático é atribuída por Choppin (1992, p. 16, apud

ROJO, 2005), que o considera como “utilitários de sala de aula” por serem materiais

produzidos para auxiliar no ensino de uma determinada disciplina escolar,

apresentando os conteúdos do currículo de forma progressiva, ordenada em

unidades ou lições, que favorecem tanto o uso coletivo quanto o individual. Além

disso, esse material pode exercer o papel de “referencial curricular ou programático”,

uma vez que traduz os programas de ensino, bem como um “instrumental”, por

servir de fonte de exercícios ou métodos de aprendizagem (CHOPPIN, 2004, p.553).

Além disso, segundo esse mesmo autor, esse recurso exerce também, um papel

“documental”, uma vez que pode “fornecer documentos textuais ou icônicos

possíveis de desenvolver o senso crítico dos alunos” (CHOPPIN, 2004, p.553).

Quanto à relação entre livro didático e conhecimento científico, esse material

didático desempenha um papel de transmissor desse tipo de conhecimento que

deve ser compreendido pelos alunos. Assim, o “saber científico”, definido por

Chevallard (apud SELLES e FERREIRA, 2004, p.103), como “saber sábio”, é

transformado em “saber escolar” mediante modificações decorrentes de fatores

político-sociais. “Nesse processo, constitui-se uma modalidade de conhecimento sui

generis que submete as diversas ciências de referência às finalidades sociais da

escolarização” (SELLES e FERREIRA, 2004, p. 103-104). Assim, a Ciência atua

como referência para o conhecimento escolar que é selecionado e transposto para o

universo escolar a fim de que sejam transmissíveis e assimiláveis por parte dos

alunos (LOPES, 1999).

Sobre a ciência de referência e o conhecimento escolar, Macedo e Lopes

(2002, apud SELLES e FERREIRA, 2005, p. 52) afirmam que ambas

(...) atendem às finalidades sociais do conhecimento e da educação. Entretanto, enquanto as primeiras se desenvolvem em direção a processos cada vez mais especializados, mobilizando determinados objetivos sociais em favor de sua própria institucionalização, as

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disciplinas escolares trabalham com conhecimentos organizados e transformados para fins de ensino, funcionando como um princípio ordenador e controlador do currículo, estruturando os tempos e espaços escolares.

Diante das abordagens até aqui expostas, e aproximando o livro didático à

ciência de referência e à disciplina escolar, pode-se ampliar, e ao mesmo tempo

ratificar, alguns papeis relatados anteriormente sobre esse recurso didático.

Segundo Batista (2002, p. 534), o livro didático “Seria, afinal, aquele livro ou

impresso empregado pela escola para desenvolvimento de um processo de ensino

ou de formação” (grifos do próprio autor). Para esse autor, os textos didáticos podem

servir como instrumento de aprendizagem; organizador do trabalho de ensino do

professor; complemento ao aprendizado do aluno e ao trabalho do professor; ser

referência às atividades escolares, além de instrumento de consulta ou de acesso a

documentos textuais e iconográficos (BATISTA, 2002). Por fim, esses materiais

podem construir “(...) de diferentes modos a relação entre os alunos e os objetos de

conhecimento, entre os professores e seus alunos, entre o professor e sua prática

de ensino” (BATISTA, 2002, p. 566).

Corroborando com essas ideias, Wuo (2002) define o livro didático como um

organizador de dados, um disciplinante que ordena as atividades pedagógicas

podendo sugerir atividades complementares, além de

(…) apresentar soluções variadas e estimuladoras que favoreçam uma aprendizagem mais criativa, trazendo situações do cotidiano, explicações de fenômenos interessantes, apresentação de tópicos mais avançados, resolução de problemas mais elaborados, etc. (WUO, 2002, p.164).

Esse autor considera o livro didático como um mediador entre o conhecimento

científico e o conhecimento escolar pela relevância desse recurso didático

materializando o “saber disposto para fins didáticos” (2002, p. 157). Assim, os

“saberes científicos escolares”, segundo Wuo (2002), são selecionados e

transformados em conformidade com os fatores sociais e culturais, e diante das

limitações dos processos ensino-aprendizagem.

Diante dessas considerações, o entendimento adotado nesse estudo sobre o

livro didático é que este recurso cumpre o papel de apresentar o “saber sábio”

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transformado em “saber escolar”, ou seja, em saberes a serem ensinados de forma

organizada, acessível e assimilável para os alunos.

Assim, esse recurso é aqui considerado como um elemento da cultura escolar

que reúne conteúdos organizados em unidades ou capítulos, e destinados a ajudar

tanto o professor, na organização das suas aulas, quanto o aluno, no aprendizado

dos conteúdos escolares (BAGANHA, 2010).

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UNIDADE II – REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A PRODUÇÃO DE MATERIAIS

DIDÁTICOS E DO LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DO ENSINO DE CIÊNCIAS

NO BRASIL.

Ao nos reportarmos à história do ensino no Brasil, no final do século XIX

encontramos uma situação de investimento em produção de material didático para

suprir as deficiências de formação de professores das escolas primárias e promover,

dessa forma, a melhoria das condições de trabalho desses docentes. Para atender a

essa realidade, as editoras passaram a investir em produção de materiais

pedagógicos que contemplassem as propostas oficiais e ao mesmo tempo, ao

solicitado pelos professores, uma vez que estes viam nesses materiais, a fonte dos

conhecimentos que deveriam ser ensinados na escola (BITTENCOURT, 2008).

No início do século XX, os investimentos continuaram, mas a ênfase passou a

ser a produção de material impresso para os alunos. No ensino de Ciências, as

pesquisas sobre os materiais didáticos usados no final do Século XIX e início do

Século XX, mostram poucos registros. Estudos feitos por Lorenz (1986), Barra e

Lorenz (1986), e Lorenz (1995) no Colégio Pedro II, situado no Rio de Janeiro e

referência da educação secundária no Brasil nos períodos acima citados, apontam

que o ensino, àquela época, tinha como referência a escola francesa inclusive com

adoção de livros daquele país. Tais livros não atendiam a nossa realidade e

possuíam uma grande quantidade de informações além de uma carência em relação

às atividades e problemas para os alunos resolverem. Tinham como finalidade

ilustrar as aulas e transmitir o conteúdo sem levar em consideração o

desenvolvimento de habilidades científicas.

Por cerca de duas décadas esses livros foram mantidos, mas aos poucos, os

professores iniciaram a produção de material didático adequado à realidade

brasileira. Exemplo disso foi a publicação “Zoologia”, em 1917, do professor

catedrático do Colégio Pedro II, Mello Leitão. Esse professor mostrou que os livros

franceses não retratavam a fauna brasileira e apresentavam elementos da natureza

africana, asiática e mesmo da Oceania (BIZZO, 2004). Outras referências nacionais

daquela época, segundo Lorenz (1995), são as publicações de Rodolpho de Paula

Lopes, “Elementos de Biologia”, de 1911, e do Dr. Lafayette R. Pereira com os livros

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“Zoologia Elementar e “Botânica Elementar”, adotados no programa de ensino de

Ciências, do referido Colégio, no ano de 1926.

A preocupação do Governo com o suprimento de livros didáticos para o

ensino foi se ampliando até que, no final da década de 1930, pelo Decreto-Lei nº

1.006/38, o livro didático passou a ser considerado como material oficial, iniciando-

se assim, a Legislação do Livro Didático (FRANCO, 1992, apud NÚÑEZ, et al,

2003). Os fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, educacionais,

tecnológicos, entre outros, que se sucederam a essa legislação contribuíram para os

novos rumos da produção de material didático ao longo da história do Brasil. Em

relação aos fatores educacionais, duas importantes reformas de ensino

determinaram aumento na produção de material didático no Brasil. Em 1932, a

reforma de Francisco Campos, considerada a primeira a promover uma organização

do ensino em nível nacional, e depois, em 1943, de Gustavo Capanema, atenderam

aos programas de ensino principalmente nas áreas de Ciências Físicas e Naturais,

Física, Química e História Natural (ARANHA, 1989). Nesse período os livros

didáticos eram considerados os principais “veículos de disseminação do

conhecimento científico na escola secundária” (LORENZ, 1995).

Entretanto, o maior investimento em produção de materiais didáticos de

Ciências no Brasil ocorreu entre os anos de 1950 e 1970, decorrentes dos avanços

tecnológicos do pós-guerra. O investimento nessa área de conhecimento passou a

ser prioritário o que levou o Brasil e os Estados Unidos a estabelecerem convênio

para a tradução e adaptação de material norte-americano para ser utilizado no Brasil

(Acordo MEC/United States Agency for International Development - USAID). As

áreas que tiveram investimentos foram a de Biologia, com a tradução do material

Biological Science Curriculum Study – BSCS, a de Física, com o Physical Science

Curriculum Study – PSCS, e a área de Química, com Chem Study e Chemical Bond

Approach – CBA. Na mesma época, a Inglaterra também investiu em produção de

material didático, para junto com os Estados Unidos, responder aos avanços

tecnológicos vindos da antiga União Soviética (BARRA E LORENZ, 1986;

KRASILCHIK, 1987; BAGANHA e GONZALEZ, 2010).

O ensino de Ciências nesse período teve como característica o exercício do

método científico por meio do desenvolvimento de atividades experimentais que

levassem o aluno a raciocinar e a solucionar problemas. Esse movimento de

produção de material experimental, livros-textos e equipamentos, além da tradução

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de materiais didáticos entre 1950 e 1970, ficaram relacionados ao desenvolvimento

de três grandes instituições destinadas a desenvolver ações de melhoria do ensino

de Ciências no Brasil, e que receberam apoio de recursos estrangeiros: o Instituto

Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC), a Fundação Brasileira para o

Desenvolvimento do Ensino de Ciências (FUNBEC), e o Projeto Nacional para a

melhoria do Ensino de Ciências (PREMEN).

O IBECC, na década de 1950, teve como papel “promover a melhoria da

formação científica dos alunos que ingressariam nas instituições de ensino superior,

e, assim, contribuir de forma significativa ao desenvolvimento nacional” (BARRA e

LORENZ, 1986). A principal produção desse Instituto foi o material de apoio às

práticas de laboratório, denominados de “kits”, que favoreceram a adoção do método

experimental. Outra instituição, a FUNBEC, criada na década de 1960, ficou

responsável pela comercialização dos materiais produzidos pelo IBECC, uma vez

que este Instituto, por ser filiado à UNESCO, não podia desempenhar tal papel. Os

materiais didáticos produzidos e comercializados por estas duas instituições tiveram

como linha metodológica a utilização de materiais simples e de fácil acesso que

mostrassem ao aluno uma ciência clara e objetiva (BARRA e LORENZ, 1986).

Na década de 1970, com a mudança na legislação de ensino decorrente da

promulgação da Lei 5.692/71, houve aumento da oferta do número de matrículas em

todos os níveis de ensino e, consequentemente, aumentaram os problemas quanto

ao número e a formação dos professores. As editoras passaram a publicar livros

com fins escolares para atender a esse mercado em expansão e o Governo passou

a adquirir esses livros didáticos diretamente dessas editoras, que também

promoveram treinamento dos professores com relação ao uso desses materiais

(BATISTA, 2002).

O sistema de ensino passou a priorizar as experiências concretas nas quatro

primeiras séries do ensino de 1º grau; a integração de conteúdos nas últimas séries

do 1º grau, enquanto que no 2º grau, as matérias passaram a ser desenvolvidas

como disciplinas de biologia, física e química (BARRA e LORENZ, 1986). Com as

mudanças no sistema de ensino, o Governo investiu em outro Programa voltado

para a produção de materiais que atendesse a essa nova proposta. O Programa de

Expansão e Melhoria do Ensino (PREMEN) passou a ser mais um órgão

responsável pela produção de materiais adequados à realidade brasileira; pela

revitalização das equipes para contribuir com as mudanças no ensino de ciências;

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pelo treinamento de professores de ciências e matemática do 1º grau e de física,

química e biologia do 2º grau; pela habilitação de professores por meio de

licenciaturas curtas; e pelo aperfeiçoamento dos professores de 1º e 2º graus nas

áreas mencionadas acima, em períodos de férias e em serviço (BARRA e LORENZ,

1986, p. 1979). Algumas das ações aqui mencionadas foram executadas também

pelos Centros de Ciências organizados a partir de parcerias entre as Secretarias

Estaduais de Educação e as Universidades Federais, com apoio financeiro do

PREMEN. Em relação aos materiais didáticos, os projetos desenvolvidos por esses

Centros incluiram a “produção de fascículos, livros-textos para o aluno, guias para o

professor, material de laboratório e materiais audiovisuais” (BARRA e LORENZ,

1986, p. 1980).

Com relação à aquisição de livros didáticos pelo Governo, nos anos

seguintes, até 1983, em meio a problemas de ordem financeira e administrativa, o

Governo adotou um regime de co-edição com as editoras nacionais para poder

suprir a demanda de livros didáticos no Ensino Fundamental. Com a criação da

Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), nesse mesmo ano, o sistema de co-

edição foi encerrado e o Governo passou novamente a comprar livros didáticos. Até

esse período, a compra ou co-edição de livros não atendia todos os alunos do

ensino Fundamental. A perspectiva para que isso viesse a ocorrer foi somente após

o Decreto-Lei nº 91.543/85 que modificou o Programa do Livro Didático para

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Por meio desse novo sistema a meta

seria atender a todos os alunos de 1ª a 8ª séries do Ensino Fundamental (HÖFLING,

2006; BRASIL, 2010b).

Finalmente, em 1993, quando o Programa passou a ser gerenciado pelo

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), houve a garantia de

verba específica para atender à demanda de livro didático para todo o Ensino

Fundamental atingindo-se a meta de universalização da distribuição de livros

(BRASIL, 2010b). Com o FNDE, e mediante orientações do Banco Interamericano

de Desenvolvimento (BIRD), que financiava as políticas educacionais no Brasil,

naquele período, iniciou-se, em 1994, um processo de avaliação de livros didáticos

de 1ª a 4ª séries com vistas “a analisar, de forma preliminar, a qualidade dos

conteúdos programáticos e aspectos pedagógicos-metodológicos dos livros

didáticos adequados às séries iniciais do Ensino Fundamental (BRASIL, 1994, apud

LEÃO e MEGID NETO, 2006). A partir desse estudo, foram elaborados os critérios

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de análise para a seleção de livros didáticos pelo PNLD com publicação posterior

dos Guias de Livros Didáticos para auxiliar o professor nessa avaliação. O mesmo

processo ocorreu a partir de 1999 para os livros didáticos de 5ª a 8ª séries (LEÃO e

MEGID NETO, 2006; BAGANHA e GONZALEZ, 2010). O Ensino Médio, etapa final

da Educação Básica, conforme promulgado na LDBEN 9.394/96, estava à margem

dos programas desenvolvidos pelo MEC. Com isso, as escolas não eram

contempladas com verbas específicas para o gerenciamento desse nível de ensino e

também não participavam do PNLD. Somente em 2003, por meio da Resolução nº

38, de 15/10/2003, o FNDE publica as diretrizes para a ampliação do PNLD com o

Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM). Esse Programa

seguiu os moldes do PNLD e iniciou a distribuição dos livros didáticos avaliados,

selecionados e adquiridos pelo MEC em 2004, com livros didáticos de Português e

Matemática. Os livros de Biologia foram distribuídos no ano de 2007 (BRASIL,

2010c).

A crítica feita por Leão e Megid Neto (2006) sobre o processo de avaliação

diz respeito aos critérios utilizados em 1994, quando foi realizado o primeiro estudo

sobre os livros didáticos de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental. Desse estudo

resultaram os critérios oficiais para seleção de livros didáticos, apresentados nos

Guias de Livro Didáticos. Esses autores afirmam que em 1994 os livros foram

avaliados de acordo com as “concepções de base do ensino de ciências”, sendo

estas, “ciência, ambiente, as relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade, saúde,

natureza, seres vivos, matéria, espaço, tempo, processos de transformação, corpo

humano, e as relações desses elementos com a educação, e por fim, com a

sociedade”, concepções consideradas fundamentais para uma efetiva mudança na

proposta de ensino de Ciências (LEÃO e MEGID NETO, 2006). Entretanto, tais

critérios não foram mais adotados a partir de 1996, quando da publicação dos

primeiros Guias de Livro Didático, e até hoje não foram retomados nesses

documentos, tanto do PNLD quanto do PNLEM. Diante disso, a qualidade do ensino

de Ciências, segundo os autores, não sofreu as alterações necessárias e em

consonância com as atuais concepções de ensino propostas para essa área de

conhecimento. A avaliação feita atualmente considera critérios gerais que atendem

às diferentes áreas de conhecimento.

Como vimos, o processo de avaliação permanente dos livros didáticos que se

efetivou a partir de 1996, iniciou antes mesmo da promulgação da LDBEN 9.394/96

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e das publicações dos documentos orientadores da nova proposta curricular. Em

1998 foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino

Fundamental, e, em 1999, os PCN para o Ensino Médio. A publicação desses

documentos e as novas regras para a venda de livros para o Governo mobilizaram

as editoras a fazerem as devidas adequações de suas obras. Tal movimento foi

necessário para atender tanto às propostas curriculares oficiais quanto ao mercado

de venda ao Governo Federal por meio do PNLD. Nesse período algumas pesquisas

sobre o livro didático no ensino de Ciências apontaram os problemas de ordem

conceituais e metodológicos presentes nos materiais produzidos pelas editoras

(TIEDEMANN, 1998; PIMENTEL, 1998) que foram evidenciados nos anos seguintes,

com novos resultados decorrentes de análises feitas em livros didáticos de Ensino

Fundamental e Ensino Médio (CUNHA e CALDAS, 2000; VASCONCELOS e

SOUTO, 2003; BELLINI e FRASSON, 2006; CARDOSO, FREIRE e MENDES

FILHO, 2006; SILVA, ALVES e GIANOTTI, 2006; LANGHI e NARDI, 2007).

É importante destacar que as críticas sobre os problemas existentes nos

livros didáticos já haviam ocorrido em outros momentos da história da produção

desses recursos. Na década de 1970, conforme relata Gioppo (1999), os livros

foram avaliados com ênfase nos aspectos metodológicos e sobre a utilização

adequada desses recursos. Na década de 1980, a discussão ocorreu por conta da

influência ideológica dos livros. Os conteúdos eram analisados, mas não com tanta

ênfase. Os problemas de natureza conceitual e metodológica continuavam

aparecendo e marcaram, segundo relata Eco (1980, apud GIOPPO, 1999), “(...) a

manipulação da cultura dominante sobre as culturas de massa por meio do uso de

produtos culturais, e em especial, do livro-texto”. No final dos anos 1980 e início dos

anos 1990, no Paraná, e mesmo na esfera nacional, as avaliações de livros

didáticos apresentaram novas análises e encaminhamentos frente às concepções,

conceitos e aspectos metodológicos presentes nesses materiais. Aos poucos as

análises conceituais foram ganhando maior espaço e enfatizando a necessidade de

se verificar tais problemas presentes nos livros (GIOPPO, 1999).

Ao longo desses anos, em meio à mudança curricular proposta para a

Educação Básica a partir de 1996 e às críticas feitas pelas comunidades científicas e

acadêmicas sobre os problemas de ordem conceitual e metodológica dos livros

didáticos, as editoras vêm, até certo ponto, promovendo as mudanças necessárias,

mesmo não atendendo plenamente aos princípios postos nos documentos

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curriculares oficiais. Considerando que o mercado editorial de livros didáticos está

diretamente vinculado à compra pelo Governo Federal, as editoras procuram fazer

as adequações ao PNLD e PNLEM para poder participar do processo de seleção

desses programas. Entretanto, tais problemas ainda existem comprovados pelas

atuais pesquisas sobre os livros didáticos no Ensino de Ciências, mesmo com todo o

investimento feito pelo PNLD e PNLEM. Para se ter um ideia da influência do

mercado editorial do livro didático no Brasil, no início do Século XX, os livros

didáticos correspondiam a 61% da produção nacional (CHOPPIN, 2004).

Dessa forma, é importante que o professor busque nessas pesquisas e

mesmo nos Guias do Livro Didático, as informações necessárias para analisar

criteriosamente os materiais encaminhados pelo Programa. Esse procedimento irá

ajudá-lo no momento da seleção de um livro didático mais adequado às atuais

perspectivas de ensino e à realidade dos alunos. O processo de seleção é uma

etapa fundamental dentro do processo de aprendizagem, mas para isso

“Os professores devem ter um domínio dos saberes a serem mobilizados para assumir a responsabilidade ética de saber selecionar os livros didáticos, e não só isso, como também, estar capacitados para avaliar as possibilidades e limitações dos livros recomendados pelo MEC, pois o livro deve ser um, dentre outras ferramentas, para o ensino de Ciências (NÚÑEZ, et al, 2003).

Tais competências e saberes do professor não são responsabilidade

exclusiva desse profissional. Concordamos com Megid Neto e Fracalanza (2003)

quando propõem alternativas e possibilidades para superar as dificuldades em

relação aos livros didáticos. Esses autores propõem mecanismos de divulgação das

pesquisas sobre avaliação do livro didático e as formas de utilização dessas

coleções didáticas, com publicações direcionadas aos professores e por meio de

cursos de formação continuada voltados para a análise das deficiências desses

materiais. Também propõem a produção e aquisição de materiais alternativos, com

perspectivas diferenciadas dos livros didáticos convencionais, que atendam às

diretrizes e orientações curriculares oficiais, e sejam produzidos em diferentes

esferas educacionais (escola, Secretarias de Educação, Centros de Ciências,

Museus). Destacam os autores que a melhoria que se pretende para o ensino de

Ciências não está vinculada somente a essas ações. Também devem ser

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repensados os cursos de formação inicial e continuada, aliados às melhorias das

condições de trabalho do professor.

Podemos retomar aqui um dos papeis do livro didático no ensino de Ciências.

Esse recurso tem sido utilizado como um “material de apoio a prática pedagógica”,

não sendo mais utilizado como o único recurso. Dessa forma, diante dos avanços

tecnológicos e das limitações que os livros didáticos apresentam, é importante que

seja garantido o processo de avaliação das obras disponíveis no mercado editorial e

que se promova o acesso a outros materiais didáticos que contribuirão para o

processo ensino-aprendizagem na Educação Básica. Para atender a essa

necessidade, o Governo Federal ampliou as ações do PNLD lançando, em 2010, um

novo decreto1 que dispões sobre a política de aquisição de obras didáticas,

pedagógicas, literárias, e outros materiais de apoio a prática educativa para a

Educação Básica, por meio do PNLD e do Programa Nacional da Biblioteca Escolar

(PNBE), integrando-se assim, as ações já existentes sobre a aquisição de livros

didáticos, dicionários e obras literárias.

Nesse contexto, a possibilidade de acesso a diferentes materiais favorece a

prática docente, mas não se pode deixar de lado a necessidade de investimento

contínuo nos processos de formação continuada para que o professor possa usufruir

desses recursos e promover a melhoria do ensino de Biologia.

1 Decreto nº 7.084, de 07 de janeiro de 2010. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-legislacao> Acesso em 30 de junho de 2010.

18

UNIDADE III – OS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA E A POSSIBILIDADE DE

MUDANÇA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA.

Com base na revisão histórica sobre o processo de produção de materiais

didáticos no contexto do ensino de Ciências no Brasil exposta na Unidade II,

apresentamos nessa Unidade o processo de produção do Livro Didático Público

(LDP) e uma análise inicial sobre os livros didáticos que estão presentes nas salas

de aula da Rede Estadual de Ensino do Paraná.

Como foi dito anteriormente, entre 2005 e 2007, o Governo Federal avaliou,

adquiriu e distribuiu, via PNLEM, livros de Biologia escolhidos pelos professores do

Ensino Médio. No ano de 2006, o Governo do Paraná, por meio das ações de

Formação Continuada do Departamento de Educação Básica (DEB) da Secretaria

de Estado da Educação (SEED), e diante da necessidade de fornecer material

didático para o Ensino Médio, produziu e distribuiu livros de Biologia2 para os alunos

desse mesmo nível de ensino.

Estas ações podem ser consideradas complementares dadas a importância

do uso de diferentes fontes de informação e conhecimento adotadas pelo professor

na preparação de suas aulas, e para os alunos, em seus estudos e pesquisas, além

de tantas outras atribuições fundamentais dos livros didáticos, conforme vistas na

Unidade I. Os livros enviados para as escolas da Rede Estadual de Ensino do

Paraná possuem algumas características diferentes, mas ambos procuram atender

aos documentos curriculares oficiais correspondentes as suas respectivas esferas

administrativas educacionais. O livro didático selecionado por meio do PNLEM

(LD/PNLEM) atende aos princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Médio (DCNEM), enquanto o Livro Didático Público (LDP/SEED)3 segue os

princípios das Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE), Estaduais. O que

há em comum nesses dois materiais é o atendimento ao disposto no Art. 35 da

LDBEN 9394/96 sobre o Ensino Médio. Como etapa final da Educação Básica, este

nível tem como finalidades:

2 Informações e as respectivas publicações on-line dos Livros Didáticos Públicos das 12 disciplinas do Ensino Médio, produzidos pela SEED, estão disponíveis em: <www.diaadia.pr.go.br/deb> 3 Para facilitar a leitura, adotaremos as nomenclaturas LD/PNLEM, para os livros adotados pelo Programa do MEC, e LDP/SEED, para os livros produzidos pela SEED.

19

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

A construção de livros e materiais didáticos, como visto na Unidade I, decorre

de diversos momentos da história da educação brasileira, decorrentes de mudanças

sociais, políticas, econômicas, educacionais e mesmo tecnológicas. Os Livros

Didáticos, hoje produzidos para atender às normas do PNLEM, possuem uma

história de construção mais antiga e por isso, constituem-se como elementos da

cultura escolar, tradicionalmente aceitos e usados pelos professores. As atribuições

dadas a esse material ao longo dessa história do ensino, foram especialmente as de

servir como principal recurso de formação conceitual e metodológica para o

professor frente aos problemas de formação existentes. Gradativamente foram

sendo agregadas as funções de formação ideológica, objeto de transmissão do

conhecimento científico, orientação filosófica, material para transformar o

comportamento de professores e alunos, renovação do ensino de Ciências e

material de apoio à prática pedagógica.

O LDP/SEED possui uma história recente decorrente das mudanças políticas,

sociais, econômicas e educacionais ocorridas no Paraná a partir do ano de 2003. A

SEED, por meio do Departamento de Ensino Médio (DEM), atual Departamento de

Educação Básica (DEB), iniciou naquele ano um processo de construção coletiva

das DCE para todas as disciplinas do Ensino Médio. Tomou-se como referência para

a construção dessa proposta curricular, o resgate do objeto de estudo de cada

disciplina com base na história e filosofia da Ciência, na Ciência de referência da

disciplina escolar e, ainda, em conformidade com a concepção de Ciência como

construção humana (PARANÁ, 2008a).

No documento das Diretrizes de Biologia são apresentados os fatos ocorridos

ao longo da história da ciência que estimularam o homem a construir modelos

teóricos para representar seus esforços no entendimento e explicação sobre os

20

recursos naturais, em busca da compreensão sobre o objeto de estudo da disciplina,

o fenômeno vida. São evidenciados quatro momentos considerados paradigmas

epistemológicos, delimitados ao longo da história da Ciência onde, para cada

paradigma, um método de investigação foi utilizado por ter, supostamente,

favorecido à compreensão da construção do pensamento biológico naquele

momento histórico (PARANÁ, 2008a; SCHLICHTING, BERTONI E BAGANHA,

2007). Os métodos identificados serviram como fundamento teórico-metodológico

dos Conteúdos Estruturantes: a partir do método descritivo, estabeleceu-se o

Conteúdo Estruturante Organização dos Seres Vivos; do método mecanicista, os

Mecanismos Biológicos, do evolutivo, a Biodiversidade, e do método da

manipulação genética, o conteúdo estruturante Manipulação Genética (PARANÁ,

2008a).

O conceito de Conteúdo Estruturante é apresentado no documento das DCE

entendido como “os conhecimentos de grande amplitude, conceitos, teorias e

práticas que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina

escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de

estudo/ensino” (PARANÁ, 2008a, p. 25). Ainda, conforme explicitado nas DCE de

Biologia

(...) esses conteúdos são selecionados a partir de uma análise histórica da ciência de referência (quando for o caso) e da disciplina escolar, sendo trazidos para a escola para serem socializados, apropriados pelos alunos, por meio das metodologias críticas de ensino-aprendizagem (PARANÁ, 2008a, p. 25).

A abordagem histórica de que trata as DCE de Biologia aponta para a

importância da história e da filosofia da ciência para melhor compreensão dos

conceitos biológicos. Exemplo disso refere-se ao próprio estudo do fenômeno vida

ao longo da história da Ciência, que em diferentes momentos históricos foi

interpretado conforme as concepções vigentes em cada época, analisado desde a

contemplação da natureza pelos filósofos até a manipulação do material genético

diante dos avanços tecnológicos do século XX4 (PARANÁ, 2008a; SCHLICHTING;

BERTONI e BAGANHA, 2007).

4 No documento das DCE de Biologia encontram-se toda a fundamentação teórica dos Conteúdos Estruturantes aqui mencionados. A consulta pode ser feita pelo endereço eletrônico <www.diaadia.pr.gov.br/deb>. Acesso em 28 de maio de 2010.

21

Com relação aos materiais didáticos, o que se constatou naquele momento de

implementação das DCE foi que havia necessidade de se produzir um material que

atendesse a essa proposta curricular, tendo em vista a não existência, no mercado

editorial, de um livro com essa perspectiva de ensino. Assim, o LDP/SEED de

Biologia foi idealizado e construído fundamentado nas DCE de Biologia e no Projeto

Folhas. Assim, associando a prática pedagógica, a abordagem histórica e os

princípios de interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos, foi elaborado

um material diferenciado que atendesse aos propósitos da política estadual, e que

servisse de apoio ao professor na execução de suas aulas. (PARANÁ, 2010b).

Para esse atendimento, tomou-se como princípio norteador do trabalho de

escrita a postura de professor-autor-pesquisador exercendo a prática reflexiva,

aproximando-o do exercício de reflexão sobre a sua própria prática. O professor

precisou retomar o campo de estudo conceitual, que no caso do ensino de Biologia,

pressupõe a abordagem interdisciplinar e a busca pelas diferentes Ciências de

referência, com a base da construção histórica dos conhecimentos científicos

(SCHLICHTING; BERTONI e BAGANHA, 2007).

Diante desses princípios, o LDP/SEED foi idealizado a partir de uma

“metodologia específica de produção de material didático, como forma de viabilizar a

pesquisa dos saberes e fundamentos teórico-metodológicos das disciplinas que

compõem a matriz curricular da Educação Básica da escola pública paranaense”

(PARANÁ, 2010c). Essa metodologia foi utilizada no material denominado Folhas

decorrentes de um Projeto de produção de material didático para o Ensino Médio e

também de Formação Continuada para o professor. O Folhas também possui uma

estrutura diferenciada da grande maioria dos textos apresentados em livros didáticos

convencionais. Ele é escrito a partir da proposta de construção do conhecimento

científico que inicia com um problema ou situação problema, onde o aluno “tem uma

questão para resolver; quer ter uma resposta para esta questão; não tem,

previamente, uma resposta para esta questão” (VIANNA, 2002, p. 402). Essa

metodologia é importante, pois segundo Carvalho Filho (2006, p. 4), fundamentado

por Bachelard, para o aprendizado é necessário que ocorra a superação dos

obstáculos ao conhecimento. “Para aprender o conhecimento científico atual é

necessária a ruptura com essa realidade imediata e adentrar num mundo onde o

real é uma construção e não se constitui num mundo dado”.

22

A prática docente diante dessa abordagem permite ao professor trabalhar

com seus alunos levando-os a perceber que, por estar em construção, não há um

conhecimento definitivo, pronto e acabado. Além disso, eles devem estar abertos às

novas formas de compreender a realidade percebendo que seus conceitos podem

ser alterados facilitando “a compreensão do fenômeno científico e melhor integração

numa sociedade tecnológica” (CARVALHO FILHO, 2006, p.12).

É importante destacar que a ciência baseia-se no diálogo sugerindo

questionamentos, debates, busca por soluções aos problemas e contradições, e

mesmo aos erros surgidos ao longo das pesquisas. Nessa relação de conhecimento

o professor não deve se estabelecer como detentor de todo o saber nem mesmo o

aluno como um mero receptor (CARVALHO FILHO, 2006). A elaboração de

determinado conceito resulta das observações, experimentações, análises dos

fenômenos naturais ao longo dos anos. Ao estudar os conhecimentos escolares

sobre a perspectiva histórica, o aluno compreenderá a construção do conhecimento

científico como um processo histórico resultante da ação humana nos diferentes

contextos sociais, políticos, econômicos e até mesmo pessoais.

Assim, a perspectiva histórica presente nesse material diferencia-se da

proposta do LD/PNLEM que procura abordar os conteúdos de forma menos

histórica. Além disso, sua produção está relacionada às exigências do mercado

editorial e das normas estabelecidas pelo PNLEM. Conforme relata Santos (2006),

“o que está faltando na história da ciência apresentada na maioria dos livros

didáticos, é estruturá-la, de forma que torne os assuntos mais compreensíveis,

incorporando conflitos, o embate teórico das idéias, e interesses econômicos,

políticos e ideológicos (religião)”. A estrutura organizacional dos livros didáticos

convencionais já é muito aceita pelos professores e sendo considerado um elemento

da cultura escolar, organiza o trabalho do professor, estabelece o currículo a ser

seguido, favorece a utilização de atividades e de imagens para a execução das

aulas, além de organizar o estudo do aluno. Estes fatos, dentre outros, contribuem

para a manutenção de sua organização.

Porém, a mudança da prática pedagógica a partir do uso de um material

didático com uma proposta diferenciada exige uma nova postura do professor,

sendo apontada por Carneiro, Santos e Mól (2005) em seu artigo “Livro didático

inovador e professores: uma tensão a ser vencida”. Os autores realizaram uma

23

experiência onde professores de Ciências utilizaram um material com uma proposta

metodológica diferenciada. Constataram que, apesar do professor ter vontade de

mudar, há um conflito entre esta vontade e a dificuldade por ele encontrada para

executar tal mudança.

Isso se deve a vários fatores, entre eles, a forma da abordagem do conteúdo

que, para alguns professores, pode dificultar a aprendizagem. No material produzido

pelos pesquisadores acima citados, e disponibilizado aos professores, os conteúdos

são apresentados como textos dissertativos que buscam relações conceituais,

diferindo dos textos comumente apresentados. Outro aspecto apresentado que

dificultaria o trabalho foi relacionado à organização e coerência dos conteúdos,

modificados conforme as relações estabelecidas entre estes e a alteração na sua

organização e distribuição. Alguns professores mostraram-se resistentes à mudança

que deveriam proceder na sequência lógica dos conteúdos já tradicionalmente

estabelecida.

Outras diferenças observadas entre o LDP/SEED e o LD/PNLEM são

relacionadas à organização do conteúdo, à apresentação dos exercícios e de

leituras complementares. O LD/PNLEM apresenta uma estrutura seqüencial dos

conteúdos com base na organização das áreas de conhecimento das Ciências de

referência, transpostas para esse material, de forma a atender aos objetivos do

ensino de Biologia. Estão presentes a Biologia Celular, Histologia, Sistemática,

Evolução, Seres Vivos, Zoologia, Botânica, Genética, Ecologia, variando-se a ordem

de apresentação desses conteúdos, conforme autoria. Os capítulos normalmente

discorrem sobre os conceitos científicos escolares de forma direta, intercalando-os

com ilustrações e algumas contextualizações. No final de cada unidade, são

apresentadas as atividades dissertativas e/ou objetivas com ênfase maior em

fixação dos conteúdos e até mesmo com questões de vestibular. Alguns autores

apresentam textos complementares e indicação de leituras e vídeos como forma de

complementação do conteúdo (AMABIS e MARTHO, 2005; CESAR e SEZAR,

20055; LOPES e ROSSO, 2006, GEWANDSZNAJDER e LINHARES, 2008).

O LDP/SEED, não trouxe essa mesma estrutura do LD/PNLEM, por basear-

se nos fundamentos das DCE, e na organização didático-metodológica do Folhas.

Assim, o conteúdo disciplinar é estabelecido sob a perspectiva do Conteúdo

5 A publicação da coleção de Biologia desses autores apresenta-se com os respectivos primeiro-nomes de cada um. Optou-se por referenciá-los dessa maneira tendo em vista a publicação pela editora e a forma como a obra é conhecida comercialmente.

24

Estruturante e o seu desenvolvimento inicia com um problema, seguido do

desenvolvimento disciplinar e interdisciplinar, mediado pelas contextualizações e

interdiscipliaridades. As atividades direcionam para a resolução do problema

proposto intercalando-se aos conteúdos, como forma de orientar e contribuir para a

construção do conceito científico (PARANÁ, 2010c). Dessa forma, procura-se

promover a “superação da dicotomia existente entre a fundamentação teórica dos

documentos oficiais e a prática pedagógica” (SCHLICHTING; BERTONI e

BAGANHA, 2007). As ilustrações, indicações de pesquisa e leituras complementares

também são propostas nesse material, entendendo-se que estes recursos

contribuem para a formação do conhecimento científico.

Uma preocupação comum aos dois materiais diz respeito à abordagem

conceitual. Ambos devem apresentar os conteúdos em conformidade com a

atualização dos conhecimentos dentro do campo conceitual e das pesquisas

científicas. Para isso, a avaliação constante desses materiais e a revisão desses

conceitos conforme os resultados advindos das pesquisas científicas deverão ser

permanentes, com vistas a diminuir a distância entre estes dois saberes, o científico

e o escolar, como forma de garantir uma formação cientifica escolar adequada. Os

livros de Biologia também apresentam esse distanciamento o que muitas vezes

resulta na apresentação de conteúdos com erros conceituais que comprometem a

aprendizagem dos conceitos científicos (FRANZOLIN, 2007).

Assim, diante de materiais didáticos elaborados a partir de princípios e

estruturas organizacionais diferentes e dos papeis dos livros didáticos apresentados

nesse estudo, pode-se concluir que tanto o LDP/SEED quanto o LD/PNLEM podem

ser utilizados como fontes de conhecimento e material de apoio para o professor e

para o aluno no ensino de Biologia. Além disso, é posspivel aprofundarmos os

conhecimentos sobre o papel do livro didático diante das atuais propostas do ensino

de Ciências, que apresentam metodologias diferenciadas, como, por exemplo, o uso

da abordagem histórica dos conhecimentos científicos.

Deve-se considerar, também, a importância da análise desses materiais

durante o processo de seleção, para que possam ser utilizados em conformidade

com a realidade de cada escola. Tal análise deve ser feita de forma criteriosa

possibilitando assim, o melhor aproveitamento desses recursos didáticos no

processo ensino-aprendizagem.

25

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino de Biologia apresenta uma série de conteúdos que devem ser

trabalhados ao longo dos três ou quatro anos do Ensino Médio, e que, pela

complexidade e mesmo quantidade, necessita de uma organização que favoreça ao

aluno a compreensão dos fenômenos biológicos fundamentais. Cabe destacar que

esse nível de ensino não tem por finalidade a formação de pesquisadores em

Ciências Biológicas, mas sim, propiciar uma visão ampla dessa área de

conhecimento.

No que se refere à organização dos conteúdos escolares, acima citada, o

recurso mais utilizado pelos professores para a preparação de suas aulas, continua

sendo o livro didático. Este recurso organiza, seleciona e transpõe os saberes

científicos em saberes escolares, organizando-os em capítulos com definições,

exercícios e imagens de forma a favorecer o trabalho do professor. Entretanto, é de

conhecimento de todos que este não se constitui como único recurso a ser utilizado

em sala de aula, uma vez que, em virtude das produções resultantes das pesquisas

científicas, a atualização conceitual necessita ser feita com frequência para atender

às necessidades do ensino de ciências.

Diante disso, é de suma importância que o livro didático a ser adotado,

mesmo passando por todo um processo de avaliação pelo MEC de acordo com os

critérios do PNLEM, seja também avaliado pelo professor junto aos seus pares,

quanto à concepção de Ciência apresentada, às abordagens conceituais, à

atualização de conceitos, aos aspectos metodológicos, às relações interdisciplinares

e às contextualizações, à apresentação gráfica, entre outros critérios, com o

propósito de favorecer a aquisição de um material que se aproxime das atuais

concepções de ensino de Ciências, permitindo ao aluno, a formação de conceitos

cientificamente corretos e atualizados.

Quanto aos livros com propostas inovadoras, cabe destacar que o professor,

mesmo receoso de promover uma mudança em sua prática pedagógica, poderá,

diante do desafio de utilizar um material diferenciado, obter resultados significativos

em suas aulas, tanto na sua preparação, quanto no trabalho desenvolvido com os

alunos.

26

É importante também, que para romper com essa barreira frente às propostas

inovadoras, os órgãos gestores dos sistemas de ensino e as instituições de pesquisa

educacional promovam o acesso a materiais de divulgação científica para a busca

pelas atualizações necessárias em cada área de conhecimento. Além disso, que

propiciem formação continuada aos professores, como forma de promover a reflexão

da prática pedagógica frente às mudanças decorrentes dos estudos e pesquisas nas

áreas específicas e em conformidade com o contexto político, econômico, social,

educacional, tecnológicos de nosso país.

Diante desses fatos, este Caderno Temático procurou oportunizar aos

professores uma reflexão sobre sua prática pedagógica aproximando as discussões

sobre o conceito de livro didático e a história da produção de materiais didáticos no

Brasil, às produções realizadas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná e

pelas editoras. Espera-se assim, que o professor se utilize desse material para dar

continuidade as suas reflexões possibilitando, diante de um aprofundamento teórico,

mudanças da prática docente.

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