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Hino do Ano do Cuidado com a Vida É Preciso Cuidar – Pe. Osmar Coppi Neste ano de 2015, a partir do 16º Plano de Evangelização, a Arquidiocese vive o Ano do Cuidado com a Vida. A vida é dom, é um presente de Deus que recebemos gratuitamente. O ser humano foi colocado no centro da criação justamente para cuidar deste jardim (Gn 1,28). Não so-mos donos da vida, mas devemos ser servidores dela. Jesus Cristo foi mestre na arte do cuidado, na sensibilidade e na atitude frente aos necessitados de seu tempo. Ele nos dá o exemplo do serviço no cuidado com a vida, nas mais diferentes dimensões da criação e das relações humanas. O Papa Francisco fala da missão de sermos guardiões da vida, assim como foi São José, o pai adotivo de Jesus. O ser humano precisa de cuidado antes mesmo de nascer. Como Cristãos conscientes e engajados com nossa missão de batizados e seguidores do mestre Jesus, queremos fortalecer esta dimensão em nossa vida. É neste sentido que, ao longo deste ano, na Arquidiocese, serão produzidos textos de reflexão em torno da terra, água, sementes, agroecologia, alimentos, fa-mília e saúde. A intenção é provocar uma maior sensibilidade pelas dimensões fundamentais e mais fragilizadas da criação e de nossa vida, nos comprometendo realmente no cuidado. O mundo é nossa casa comum onde vivemos a experiência a unidade e a comunhão com todas as criaturas e com Deus. Enquanto caminho no tempo que tenho, na história que eu faço, em meu viver e sonhar. Contemplo a vida que Deus semeou em todo o universo e que é pra gente cuidar. O mar e as estrelas, as aves que voam, a planta e a flor. O ar que eu respiro, a ternura e o sorriso me falam do amor. Que saibamos cuidar da vida que há dentro da gente e em todo lugar. Que saibamos cuidar da vida que há na terra e no mar. E quando caminho no meio do povo, por campos e ruas de nossas cidades. Vejo no rosto de tantos pequenos as marcas da dor e que é preciso curar. Estendendo as mãos como fez o Mestre que a paz nos deixou Levar a esperança unindo as vozes no mesmo cantar APRESENTAÇÃO

CUIDADO COM A VIDA: A MÃE TERRA - Arquidiocese de … · Momento penitencial: Olhando para nosso espaço sagrado vemos a repre-sentação de um ser humano formado por Terra. Vamos

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Hino do Ano do Cuidado com a Vida

É Preciso Cuidar – Pe. Osmar CoppiNeste ano de 2015, a partir do 16º Plano de Evangelização, a Arquidiocese vive o Ano do Cuidado com a Vida. A vida é dom, é um presente de Deus que recebemos gratuitamente. O ser humano foi colocado no centro da criação justamente para cuidar deste jardim (Gn 1,28). Não so-mos donos da vida, mas devemos ser servidores dela. Jesus Cristo foi mestre na arte do cuidado, na sensibilidade e na atitude frente aos necessitados de seu tempo. Ele nos dá o exemplo do serviço no cuidado com a vida, nas mais diferentes dimensões da criação e das relações humanas.O Papa Francisco fala da missão de sermos guardiões da vida, assim como foi São José, o pai adotivo de Jesus. O ser humano precisa de cuidado antes mesmo de nascer. Como Cristãos conscientes e engajados com nossa missão de batizados e seguidores do mestre Jesus, queremos fortalecer esta dimensão em nossa vida. É neste sentido que, ao longo deste ano, na Arquidiocese, serão produzidos textos de refl exão em torno da terra, água, sementes, agroecologia, alimentos, fa-mília e saúde. A intenção é provocar uma maior sensibilidade pelas dimensões fundamentais e mais fragilizadas da criação e de nossa vida, nos comprometendo realmente no cuidado.O mundo é nossa casa comum onde vivemos a experiência a unidade e a comunhão com todas as criaturas e com Deus.

realmente no cuidado.O mundo é nossa casa comum onde vivemos a experiência a unidade e a comunhão com todas as criaturas e com Deus.

Enquanto caminho no tempo que tenho, na história que eu faço, em meu viver e sonhar.

Contemplo a vida que Deus semeou em todo o universo e

que é pra gente cuidar.O mar e as estrelas, as aves que voam,

a planta e a fl or.O ar que eu respiro, a ternura e o

sorriso me falam do amor.Que saibamos cuidar da vida que há

dentro da gente e em todo lugar.Que saibamos cuidar da vida que há

na terra e no mar.E quando caminho no meio do povo, por campos e ruas de nossas cidades.

Vejo no rosto de tantos pequenosas marcas da dor e que é preciso curar.

Estendendo as mãos como fezo Mestre que a paz nos deixou

Levar a esperança unindo asvozes no mesmo cantar

APRESENTAÇÃO

A Mãe TerraA Mãe Terra generosa deu-nos frutos e os frutos deram sucos e sabores. Estes frutos que alimentam, testemunham o cuidado maternal das criaturas. A Ter-ra é criatura de Deus e, como tal, tem um potencial de vida fantástico, pelo qual pode ser chamada de mãe. Do seu

ventre brota a vida e tudo que a susten-ta. Isto implica numa nova relação do ser humano com a Terra. Humildemente te-mos que aprender com os povos in-dígenas originários que já chamavam a terra de Pachama-ma, que significa justamente “Mãe Terra”, e tinham uma relação de harmonia – viviam com e na nature-za e para e por ela. Precisamos tomar consciência da nossa dependência e pertença à Terra, pois somos pó (no escrito original está húmus) (Gn 2,7; 3,19), e transformar nossa relação de exploração mercantil para uma rela-ção de cuidado e respeito como filhos legítimos. Afinal, “a proteção da vita-lidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado” (Carta da Terra) e, cada vez mais, uma questão de sobre-vivência.

A terra é herança“Eu darei esta terra à sua descendên-cia” (Gn 12,7). Esta frase bíblica, que também foi lema da Romaria da Terra de 2015, nos reporta aos nossos pais na fé, Abraão e Sara, à luta por vida dig-na e liberdade e pelo futuro. Eles re-ceberam de Deus a promessa da terra e descendência. Nós somos herdeiros desta promessa, somos participantes do Povo de Deus a caminho de uma

“terra onde corre leite e mel” (Ex 3,8), isto é, ali-mento e liberdade em abundância, que sacia a todo ser por inteiro.A convivência na e com a terra faz parte do Pro-jeto de Deus. Como filhos da terra, irmãos na família humana, te-mos o compromisso

de cuidar desta herança. A Carta da Terra traz o forte alerta diante da si-

tuação global: Os padrões dominantes de produção e consumo estão causan-do devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desen-volvimento não estão sendo dividi-dos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da po-pulação humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

A terra da partilha“A terra é de todos, disse Deus a Adão, toma e cultiva, tira dela o teu Pão” (Gn 1,29). As riquezas da natureza são ca-pazes de saciar a fome de toda a huma-nidade mas não todo o seu egoísmo. A extensão territorial de nosso país e continente é enorme. São milhares de quilômetros de terra fértil, de natureza viva. A capacidade de produção de ali-mentos é muito superior à população. Mas o modo de consumo predominan-te atualmente (tendo como modelo os Estados Unidos), não corresponde à sustentabilidade do planeta, isto é, à continuidade da vida da própria espé-cie humana.

CUIDADO COM A VIDA: A MÃE TERRAAlgumas constatações: A pegada ecológica de 2014 esgo-tou no mês de agosto, o que significa que estamos usando quase 50% mais recursos do que a Terra pode fornecer. O cultivo de monoculturas para exportação (commodities) prejudica a biodiversidade, gerando um desequilí-brio ambiental pela extinção da flora e da fauna. A produção transgênica no Brasil cresceu desmedidamente e chegamos à constatação de que são ingeridos 5,5 li-tros de agrotóxicos por habitante/ano. Além disso, mais de 1 bilhão de litros são despejados nos solos brasileiros/ano. Aumenta cada vez mais o índice de câncer no país, com fatores diretamen-te associados à alimentação não saudá-vel e produtos quimicamente modifi-cados e/ou contaminados. A abundância da água está preju-dicada pelo descaso com as nascentes e com a contaminação dos rios e lençóis freáticos. A transformação da terra em pro-duto aumenta a cada dia a concentra-ção da terra nas mãos de poucos.

Portanto, o nosso modo de consumir precisa ser mudado. A perspectiva que deve, urgentemente, ser assumida é a da sustentabilidade, do bem viver, isto é, viver bem com menos, em harmonia com toda a criação de Deus. Assim, é necessário consumir menos, produzir alimentos sem degradar o ecossistema, não tirar mais do que a terra consegue repor. A partir da Terra que é produzido o alimento. Além do alimento, também a terra precisa ser partilhada. O con-traste social em relação à posse da terra no Brasil é maior que a extensão deste chão. Enquanto várias famílias sobre-vivem com poucos hectares de terra, existem famílias, grupos e corporações com enormes propriedades. Porém, o Estatuto da Terra afi rma no Art. 2° que: É assegurada a todos a oportuni-dade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.A Terra deve ser partilhada para que seja possível garantir leite e mel, vida digna para todos. Para isso é necessá-rio encarar com serenidade o desafi o da reforma agrária.

Ambiente: Preparar um espaço com fl ores, folhagens, frutos da terra tendo ao centro terra no formato de um ser humano.

Motivação inicial: O dom da vida é graça de Deus. Com toda a natureza somos criaturas de Deus, mas com a missão especial de cuidar do jardim. A terra é mãe por produzir frutos que nos sustentam. Nós mesmos somos fi lhos da terra. Ela é parte do Projeto de Deus, como herança para toda a humanidade, não podendo fi car con-centrada apenas nas mãos de alguns, por isso a necessidade da partilha. Va-mos rezar a nossa vida a partir da ter-ra, para que possamos assumir nossa responsabilidade de cuidadores. Nesta motivação cantemos:

O Deus que me criou me quis, me con-sagrou para anunciar o seu amorEu sou como a chuva em terra secaPra saciar, fazer brotar. Eu vivo pra amar e pra servirÉ missão de todos nós, Deus chama, eu quero ouvir a sua voz

Sinal da Cruz

Momento penitencial: Olhando para nosso espaço sagrado vemos a repre-sentação de um ser humano formado por Terra. Vamos clamar o perdão de Deus pelo sangue dos mártires da Ter-ra, os irmãos e irmãs que deram a vida em defesa da partilha. Cantemos:

1. Senhor, o homem não é respeitado: perdão, perdão pelo nosso pecado.2. Cristo, a vida está maltratada: per-dão, perdão que ela seja amada.3. Senhor, o mundo está dividido: per-dão, perdão que ele seja reunido.Perdão, Senhor!

Questões para refl exão:1. Como está nossa relação com a Terra?2. O que podemos fazer e o que pre-cisamos mudar para cuidar da vida na Terra?

Momento de louvor: Louvemos a Deus pelo presente da Mãe Terra que nos foi dada gratuitamente. Diante da vida que brota manifestamos nossa gratidão pelas 38 edições da Romaria da Terra, que reafi rmam o compromis-so da luta, cuidado e partilha da Terra. Louvamos a Deus cantando:

1.Glória a Deus Pai eu canto, porque fez o céu, a terra, o mar e a mim também.Eu canto glória a Deus nas alturas, e para nós eu peço o amor, a paz e o bem!2.Glória a Jesus eu canto, porque veio ao mundo, por Maria, nos salvar! 3.Glória ao Amor eu canto, porque vive em mim, me ensina a amar e a ser feliz. A Palavra de Deus na vidaSugestão de textos bíblicos: Ex 3,1-8; Sl 103; Mt 13,1-9A refl exão pode ter por base o texto des-te folheto e ser partilhada a partir das questões propostas.

Nossa oferta: Queremos apresentar os frutos da Terra, a produção de alimen-tos para a vida e não para a morte, ex-pressão da graça de Deus e do trabalho humano. Cantemos:

1. A mãe terra generosa deu-nos fl ores e as fl ores deram cores e perfumes. Estas fl ores tão perfeitas testemunham a ter-nura e o dom das criaturas.Recebei de nossas mãos, de nossa vida, recebei nossa oferenda, ó Se-nhor! Aceitai nossa home-nagem e os presentes, aceitai as nossas prendas, nosso amor!2. A mãe terra generosa deu-nos frutos e os frutos deram sucos e sabores. Estes frutos que alimen-tam testemunham o cuidado maternal das criaturas.3. A mãe terra generosa deu-nos trigo e do trigo nós trazemos este pão. Nossas obras e trabalhos testemunham toda fé e bem querer do coração.4. A mãe terra generosa deu-nos uvas e das uvas nós trazemos este vinho. Esta taça, nossa oferta testemunha a alegria e a dor dos peregrinos.

CELEBRANDO O CUIDADO COM A MÃE TERRA

Organizar uma caminhada em al-gum momento da celebração em um espaço onde seja possível o contato com a Mãe Terra, para que as pessoas possam tocar e sentir a criação.

Nossa partilha: A nossa comunhão é expressão do compromisso com o projeto de Deus, que se manifesta na história. Que a Eucaristia nos fortaleça na missão de cuidadores da vida que brota da Terra. Cantemos:

1. Na mesa sagrada se faz unidade, no pão que alimenta, que é pão do Senhor. Formamos família na fraternidade, não há diferença de raça e de cor.

Importa viver, Senhor, unidos no amor. Na participação, vivendo em comunhão

2. Chegar junto à mesa é comprometer-se, é a Deus converter-se com sincerida-de. O grito dos fra-cos devemos ouvir e em nome de Cristo amar e servir.3. Enquanto na terra o pão for partido, o homem nutrido se transformará. Vi-vendo a esperança num mundo melhor, com Cristo lutando, o amor vencerá.

Nosso compromisso: A Palavra e a Eucaristia nos impulsionam a uma nova atitude de cuidado e harmonia. Que tal começar cuidando do jardim de nossa casa e comunidade? Por que não cultivar uma horta, talvez comu-nitária, com alimentos saudáveis?

Bênção Final: Entregar para cada um uma porção de terra, para que seja abençoada e partilhada. Este será o símbolo da refl exão do primeiro mês.

PARA AGIR: Produzir e consumir produtos agro-ecológicos Separar o lixo. O lixo orgânico de uma casa pode ser usado para adubar canteiros e hortas. Cultive seus próprios chás e tempe-ros em pequenos vasos. Reutilize todas as embalagens pos-síveis ou encaminhe para reciclagem. O óleo de cozinha é um grande po-luente. Guarde seu óleo para produzir sabão ou entregue em pontos de co-leta. Alguns produtos devem ser des-

cartados de forma adequada e não no lixo comum, como pilhas, lâmpadas e materiais eletrônicos. Não deposite lixos em terrenos bal-dios.

PARA APROFUNDAR:

Ler e refl etir a Carta da Terra. Dis-ponível no site www.cartadaterrabra-sil.org. Estudar o impacto do ser humano sobre o meio ambiente Analisar a morte das espécies por causa do veneno Retomar a história de Sepé Tiaraju – símbolo da resistência na Terra, de mais de 1500 índios que tombaram em defesa desta Terra (RS).

Ver a Missa da Terra Sem Males de dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra. Disponível no site www.bit.ly/1EUl-dR8.

Livros• Documento 101 da CNBB – A Igreja e a questão agrária no Brasil no início do século XXI• Sustentabilidade: O que é, o que não é – Leonardo Boff • Veias abertas da América Latina – Eduardo Galeano• República Comunista Cristã Guarani – Clovis Logan• Saber Cuidar – Leonardo Boff

Lembrar os 3 mártires jesuítas (1628)

PARA CANTAR:

Outras sugestões de músicas: • Vitória do trigo (Dante Ramon Ledesma)• Saudade da minha terra (Chitãozi-nho e Xororó)• Recanto feliz (Daniel) • Céu, Sol, Sul, Terra e Cor (Leonar-do)

Canção da Terra (Pedro Munhoz)

Tudo aconteceu num certo diaHora de Ave Maria O Universo viu gerarNo princípio, o verbo se fez fogoNem Atlas tinha o GloboMas tinha nome o lugarEra Terra,E fez o criador a NaturezaFez os campos e fl orestas

Fez os bichos, fez o marFez por fi m, então, a rebeldiaQue nos dá a garantiaQue nos leva a lutarPela Terra, Madre Terra, nossa esperançaOnde a vida dá seus frutosO teu fi lho vem cantar Ser e ter o sonho por inteiroSou Sem Terra, sou guerreiroCo’a missão de semearA Terra, Terra, Mas, apesar de tudo isso O latifúndio é feito um inçoQue precisa acabarRomper as cercas da ignorânciaQue produz a intolerânciaTerra é de quem plantarA Terra, Terra, Terra, Terra...

Cio da Terra (Chico Buarque e Milton Nascimento)

Debulhar o trigoRecolher cada bago do trigoForjar no trigo o milagre do pãoE se fartar de pão

Decepar a canaRecolher a garapa da canaRoubar da cana a doçura do melSe lambuzar de mel

Afagar a terraConhecer os desejos da terraCio da terra, a propícia estaçãoE fecundar o chão

Material produzido por:

Centro Arquidiocesano de Pastoral Arquidiocese de Passo Fundo - RS

(054) 3045 - 9204www.arquidiocesedepassofundo.com.br

Organização e Produção:Equipe arquidiocesana de produção de material.

Fontes de Imagens:Arquivo Pastoral de Comunicação

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