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Alguns textos em forma de poesias futuristas
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Crônicas do Infinito Vácuo
– 2005 – Valdir Sol Publicação Digital
CRÔNICAS DO INFINITO VÁCUO
Valdir Sol – Verão de 2006
Publicação digital
Impressão em papel não recomendada
Do mesmo autor: Nosso Simples Interior - 1997
Para aqueles que recebeme àqueles que fizerem descarga
Meus dois filhos foram pacientes e nãome cobraram atenção nas horas noturnas.
Um primo me recomendou pré-lançamentoe fiz distribuição para várias pessoas, que prefironão escrever nomes, pois posso esquecer de alguém.
Um brilhante professor me ajudou nalgumas correções,mesmo sendo complexo corrigir crônicas em poesias.
Conversas com astrônomo teofilotonense presentes em textos,reservando todos os direitos das teorias do tempo, do espaço e do universo.
CAPA DO INFINITO VÁCUO DISTANTE MEDIEVALUma paisagem das montanhas – 1660/65
Óleo sobre tela - 56,5cm x 50cm - Wallace Collection, LondonDo holandês: Jan Wynants (1630, Haarlem, 1684, Amsterdam)http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/w/wynants/index.html
Endereço web válido em dezembro de 2005Todos os direitos reservados a quem de direito
Catálogo
Prólogo.............................................. 7Cristi............................................... 9O Zero............................................... 10Primitivo............................................ 11Entrelaços........................................... 12Cartas Tristes....................................... 13Cristo Redentor...................................... 14Laisser-faire........................................ 15Oitavo............................................... 16Novo Governo......................................... 17Indícios Medievais................................... 18Vírus................................................ 19Incelência pro Mundo Novo............................ 20Mitologia Pagã....................................... 21A Volta Súbita....................................... 22Filosofia do Sonho................................... 23Tumor Maligno........................................ 24Fala Vazia........................................... 25Número Primo......................................... 26Não Diga............................................. 27Os Mendigos.......................................... 28Susto................................................ 29Partem Partidos...................................... 30B!nar!o.............................................. 31Médicos do Medo...................................... 32Pensar............................................... 33Carnaval............................................. 34Universo Aspiral..................................... 35Pirâmides............................................ 36Afirmações........................................... 37Na Quadrada das Águas Perdidas ©..................... 38
Catálogo
Crônica da Grande Fome............................... 39Mal e Mel............................................ 40Amizade.............................................. 41São Tudo............................................. 42Wynants.............................................. 43Primeira Coluna...................................... 44Fim de Terra......................................... 45Clone................................................ 46Anúncio.............................................. 47Tabu................................................. 48Cursando Linhas...................................... 49Atitude.............................................. 50Luz do Tempo......................................... 51Águas Mágoas......................................... 52O Falso Trabalho..................................... 53Onze................................................. 54Inflação Real........................................ 55Civilizações......................................... 56Obrigado............................................. 57Referências Básicas para Meditação................... 59
Prólogo
Um olhar sob a era medieval, já com luzes do Renascimento, na tão esperada hora do Barroco. Deste tempo, Da Vinci já vislumbrava as fantásticas maravilhas do futuro, e o futuro era para mais de 1.500 anos. Mesmo assim, ele enxergou longe. Visão.Enquanto isto, em outro tempo, Wynants andava sozinho, refugiando nas matas primitivas, que certamente foram destruídas pelos caminhos modernos. Europas e Américas. Solidão, adjetivo poético. Motor artístico.Dicionário poético. Amor, dor, nada, tudo, coração, ermo, vazio, vago, lua, manhã, dia, mulher, espaço, química, física e biologia.Na terra do pau-brasil, a colonização já traçava o futuro lastimável que esta terra chegaria, nos milênios futuros. Fim de mata e excesso de urbanização. Povo de curral. Consumo.Causos transformados em poesias. Poesias transformadas em histórias de mistérios pretéritos além daqui. Escuta de roda de amigos sintetizadas em refrões poéticos. Clarão de falta de eletricidade. Clarão da mente. Devaneios da natureza apocalíptica. Insólito.Política retrógada e braços cruzados perante os fatos e a História. Sem ação e sem pretenção. Palavras não salvam o mundo. Insuficiente.Um olhar sob a era contemporânea. O descaso dos excluídos. No infinito vácuo não se vê cores. Terra seca. No infinito vácuo não há luzes e nem som. Terra vermelha e cinza. Infinito vácuo é uma expressão cheia de conceitos, desde à vontade de gritar no espaço ao silêncio de uma formiga arrastando uma folha. Ao trabalho.
1 9 1 5
Homenagem ao meu PAI
Cristi
Um ser esquisitoandava pelas praias ácidas do Rio
olhando para um céu cinzentoadmirando uma imagem
fixada numa pedrade um Homem olhando para o vago
cercado por desertosladeado por nuvens negras
O ser esquisito era monstruososem narizsem bocasem olhossem braçossem pernas
A imagem estava desgastadacorroída
manchadaescura
desoladaO ser esquisito pensava
olhava de uma maneira diferenterepensava
se mexia entre seu corpo estranhoarrastavaimaginava
A imagem lá no altopregada na pedra
grandepesada
como teria chegado ali
9
O Zero
1ivre2oando por aí
3nquanto se pode4azer arte
5em receios de6rades caligráficas7azidas no egito
8oras de amargas9randezas proféticas
10
Primitivo
Um pique de energiaUma faísca no céu
Parece que tudo se recriaNuvens encobrem a lua
Mais um piqueUm estouro bem longe
Gritos na escuridãoNum piscar de olhos
Janelas clareiamIluminam o primata
Desacredita do modernoNa era de energia elétrica
Num piscar de olhosVelas acendem
11
Entrelaços
Esse povo é alegreé feliz ao ver o amigo
Nossa gente é contentese abraçam para viverAs pessoas são belas
sorridentes pelos cantosNosso povo é bem simples
apertam as mãos do próximoEssa gente é de coraçãotanto amor sem razão
As pessoas se dão para as outrasnão se soma recompensa
Esse povo é sagradodas graças divinas
Nossa gente é bem fortede laços fecundos
As pessoas daqui são felizese vivem felizes acolá
Povo puroGente boa
Pessoas de paz
12
Cartas Tristes
Cartas tristes são poesias de poetas tristespoetas vivem isolados
buscando um sentido para sua arteum sentido para sua vida maculada
Cartas tristes são anúncios de poetas caladospoetas andam mudos
tentando entender porque não acreditam no mundotentando saber o fim do universo
Cartas tristes são sinais de poetas chorõespoetas andam em crise
procurando compreender a fantasia do mundoprocurando se secar
Cartas tristes são prelúdios de poetas desesperadospoetas não têm sintonia
sabendo que as linhas não saem tortasentrando na era do ocaso
Cartas tristes são versos para uma poetisapoetas não se entrelaçampoetisas não vivem tristespoetas fogem das poetisas
13
Cristo Redentor
Certa vez um colega me disseque para chegar ao Cristo Redentor
não precisa subir montanhaandar de bondeusar aeronave
Certa vez eu vi o Cristo Redentor de pertoque podia tocar em Suas mãos
pisando em areia da Copacabanatão pertinho de nós
Certa vez não era aquiestava muito longe de nós
lá aonde o tempo não tinha chegado aindaNaquele tempo que o tempo não tinha chegado
o mar não mais existiao Rio não existia
e não tinha mais montanhas em MinasDesta vez ninguém que é hoje existia
o Cristo estava sozinho alidebaixo da areia do Atlântico
com os braços e a cabeça sobreviventesCerta vez um colega me disse
que para chegar ao Cristo Redentornão precisa de escadas
nem de nadaAgora a Terra era um deserto
e não tinha nadaera plana era seca
era mortaCerta vez começava uma nova era
de bactérias inteligentesesperando a estação espacial se desintegrar
para construir uma nova raçacom os restos dali
Certa vez olharia para o Cristo Redentore estudariam os forasdaterra
e seria concluídoque outra raça vivera alie assim elouqueceriamCerta vez pedi socorro
Cristo me tira desse cativeiroRedime
14
Laisser-faire
O homem precisa comero outro homem planta feijão
o que planta feijão precisa vestirum outro homem costura um vestidoo que costura vestido precisa morarum outro homem constrói uma casao homem que constrói precisa comer
um outro homem planta feijãoo que planta feijão precisa vestir
mas vai morrer de frioum outro homem costura um vestidoo que costura vestido precisa morar
mas vai morrer no matoum outro homem constrói uma casao homem que constrói precisa comer
mas vai morrer de fome
15
Oitavo
Zero é nadaum é primeiro
dois é o que vem depoistrês é o ideal
quatro é a metade de oitocinco é o centro
seis está além do limitesete é o fim
oito estrapolounove é nada
16
Novo Governo
Que tal um novo governonesta nação colonial
de gente que não consegue votarQue tal um novo governoneste país marginalizado
pelas conspirações mercadológicasQue tal um novo governoque se hospede no quintal
sem arrogância públicaQue tal um novo governo
para decidir melhor os rumos daquie escrever a biografia finalQue tal um novo governo
no Planalto Central das Minas Geraisaonde o sangue é patriotaQue tal um novo governo
sem tantos deputadose mais ágil para a naçãoQue tal um novo governode único senado reduzido
com setenta e um membrosQue tal um novo governodas empresas e do povoque busca o equilíbrio
Que tal um novo governosem poder presidencial
de um líder escolhido pelo senadoQue tal um novo governoque não faça propagandae construa a nova naçãoQue tal um novo governo
sem funcionários improdutivoscom o povo no trono
Que tal um novo governocapitalista comunista anarquista
direção do povo
17
Indícios Medievais
Reinados eram de terrasTerras que produziam
Terras que eram preservadasReis tinham poucas cidades
As cidades tinham poucas pessoasHaviam florestas nos reinados
Haviam poucas pessoasO mundo não era conhecido
A população cresceuE foi crescendo até bilhões
Os reis já não existemAs terras continuam produzindo
As matas continuam se extinguindoO oxigênio acabando
O ciclo desta vida se expira
18
Vírus
Eu estou no seu meioe você não me vê
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Eu não tenho curaeu não sou a cura
19
Incelência pro Mundo Novo
Ah mundo novo que de novo não há nadasepulcros bonitosjazigos de ouro
lixoAh mundo novo que de bom não há nada
comunicação impuraredes nojentas
lixoAh mundo novo que de bonito não há nada
poluição sobre tudoar impuro
lixoAh mundo novo que de paz não há nada
direito sem respeitoliberdade conduzida
lixoAh mundo novo que não se sabe nada de ti
se tem futurose teve história
vazioAh mundo novo da beleza humana
perfume podrevestuário negro
pobreAh mundo novo
novoque novo
só o novo de não existir Ah que canto imperjúrio desse mundo
20
Mitologia
Rude e Lascívia quiseram casarCasaram nos céus de Apolo
Entre as flores mesopotônicasRude e Lascívia desejaram um filhoE tiveram o mais lindo ascendenteNo grande mar Egos foi batizado
Egos vivia sozinhoRude e Lascívia viviam com Egos
E não quiseram mais filhosE Egos continuou sozinho
Um trovão estremeceu os temposRude separou de Lascívia
Um filho somente continuouUma praga assolou os tempos
Afrodite se decepcionouUm estrondo na mitologia
Rude e Lascívia são donos de EgosComo castigo não se vêemEgoístas não se abraçam
Um forte trovão lançou a pragaO castigo atravessou os temposA praga chegou para a mulheres
Tolas e bobasIngênuas e faceiras
Engravidariam sozinhasA população continuaria sua saga
Crescendo e prosperando
21
A Volta Súbita
Arde seca terradesse leito rio seco
Queima mato virgemerosão chão tão
Sofre bicho catingueironum barro só que éDerrete gelo musgo
desse pólo únicoFlui ar que não te sente
mente o fôlegoMorre rio que não vai
mar sozinho láArde terra seca
queimasofre
derreteflui
morreRenasce terra verde
abaixo desses prédiosDestrua tudo que há
sobre tudo aquiConcreto que vira pó
incerto urbanoincerto pastoril
Destrua tudo que háRenasce terra verde
Com troncos invencíveisRetome seu trono
22
Filosofia do Sonho
Sonho que estou num sonhopenso que não sonho
Olho ao redor prá ver se é sonhosonho que não estou sonhandoVejo que o sonho não é sonhose sonho que estou sonhandoDentro do sonho penso lá forase sonho que estou aqui dentro
Ando pelo sonho que acredito não sonhare estendo as mãos para sair daliProcuro uma saída para o sonho
ou procuro sair do sonhoSonho que estou num sonho
correndo para sair deleSe o sonho é sonho não posso sair
não posso pensarNão existo
23
Tumor Maligno
Era uma cidade sem violência. Fora alguns responsáveis pela ordem pública, que mais queriam enriquecer, podia se dizer uma cidade sem violência. Se não a violência contra o dinheiro público, que prefeitos e vereadores sempre desviavam, podia se considerar uma cidade sem violência. Fora alguns bêbados, algumas pessoas traídas pela outra pessoa companheira e pequenos delitos, podia se dizer uma cidade sem violência. Mas uma cidade sem violência não é negócio. Era preciso fazer a violência acontecer ali. Assim, segui para aquela cidade. A primeira atitude foi corromper o delegado, exigindo mais divulgação da crimilidade, mesmo que fossem banais. Em seguida, comprei as rádios e a televisão local. Todos passaram a dar ênfase à crimilidade, mesmo que banal. Ainda era pouco. Ainda não daria renda para compensar o investimento. Seria preciso cinco anos. Queria fazer o investimento retornar em dois anos ou um ano. Então, restava uma atitude mais enérgica. Fui até a capital e contratei três dúzias de bandidos. Pedi um tempo para o delegado. Ordenei para atacar. Invadiram um décimo das residências. Meu negócio cresceu! Quase oitenta por cento da população com condições econômicas passaram a usar os sistemas de segurança da minha empresa. O negócio já havia retornado o investimento em menos de um ano. Alguns dos bandidos que contratei continuaram morando na cidade. Não consegui devolver todos para a capital. A violência aumentou mais ainda. Passou além da invasão de residências. A polícia não dava conta. Minha empresa não conseguia atender todos os moradores. A violência aumentava. Alguns dos bandidos que contratei montaram pontos de produção de drogas naquela cidade que não tinha violência. Meu negócio rendia, rendia, rendia. O delegado estava rico. O capitão estava rico. O prefeito estava rico. Eu estava rico. Meus funcionários, que eram ex-bandidos, trabalhavam mais do que a polícia. A polícia cuidava do trânsito para dizer que fazia alguma coisa. Todos enriqueciam. A comunidade estava com medo. Não entendia nada. A comunidade não sabia dessa negra conspiração contra a segurança dela. Essa conspiração não era somente na segurança. Existia uma seita para prejudicar os atendimentos nos hospitais públicos, para forçar a compra de plano de saúde. A mesma seita mantinha uma péssima educação nas escolas públicas, para forçar a educação particular. Segurança, saúde e educação. Tudo controlado pela seita da sociedade negra. A comunidade era cega. Era cega. Certo dia tudo mudou. A raiva tomou conta da comunidade, que incendiou tudo. A comunidade criou uma nova ordem governamental. Demoliu Brasília. Reconstruiu o Senado. A comunidade descobriu que o problema era político. Comunidade esperta. Perdi minha esposa. Meus filhos me largaram. Fugi daquela cidade. Padeço aqui sozinho numa pensão dos fundões de São Paulo, corroído pelo câncer.
24
Fala Vazia
.
.
.
.Um vazio na história
.
.
.
.um vazio
.
.
.
.Uma linha descontinuada
.
.
.
.uma linha
.
.
.
.Um ponto de interrogação
.
.
.
.Um ponto final
25
Número Primo
Sozinho é o número primosem vizinho e sem amigos
só gosta dele mesmoe do distante primogênito
Não tem parNão é par
Ímpar de segredo indecifrávelde cálculo inimaginávelde volume inatingível
aonde chegariainfinito mito
Não pode ter parNão gosta de par
Um e três é o segredocinco é que deduz nada
sete é a revelaçãoSem parSem ar
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Não Diga
Você tem mal hálitoseu braço fede
você parece que não toma banhovocê é arrogantevocê é prepotente
você solta gases fedorentosvocê é fingido
seu pé não cheira bemvocê é mal educado
você mete o dedo no narizvocê é falsovocê é bruto
você não escutaseu ouvido anda sujo
você é orgulhosovocê é avarento
você tem falsa filosofiavocê ajuda para se mostrar
você se acha ansiosovocê se acha impaciente
você se acha perfeccionistavocê tem falsa humildade
seu discurso é vaziovocê tem medovocê é racista
você é preconceituosovocê engana
você se enganavocê é só você
um miúdozé ninguémmesquinho
27
Os Mendigos
Esta cidade foi invadida por mendigosmorta-fomes
Vieram de uma derrota políticapestes
Foram peças de combinação malignaaberração
Chegaram nas transautas de todo ladosujos
São gente de intenções perigosasforasteiros
Dominaram esta cidade em epidemiadoentios
Tomaram em dotes o direito públicodepravados
Estamos em tempos desesperadosesgoto
Saudade da boemia enganosa produtivacoração
O que será de ti rainha do Nordestedesastre
Levantem os povos de bem e façam revoluçãodaninhos
Expulsem essa corja devoradoraasquerosos
Devolvem a cidade aos seus donosSovertem daqui
28
Susto
Penserápidopois
otempo
seesgota
equandochegar
láembaixo
nãosaberás
noque
deviapensar
29
Partem Partidos
Eu sou do PO P da peste que pariu
Eu sou o PO P da porcaria de ideologia
Eu sou o PO P da poderes arrogantes
Eu sou o PO P da pinóia das merdas
Eu sou o PO P dos piratas brasilianês
Eu sou o PO P do planalto imundo
Eu sou o PO P do peculato no senáculo
Eu sou o PO P dos partidos políticos
Eu sou o PO P da parcela incontente
Eu sou o PO P da proposta democrática
Eu sou o PO P do plano partidário
Eu sou o PO P da propagação da reforma
Eu sou o PO P da prensa esmagadora
Eu sou o PO P que propõe cinco partidos
Eu sou o PO P da pureza
30
B!nár!o
Diga sim diga nãoentre ou saiafeche ou abraande ou párasobe ou desçafale ou cala
aperte ou libertacruze ou descruza
chore ou riaabrace ou despreza
pense ou gritasuje ou limpavolte ou vá
Diga sim diga nãoseja um seja dois
seja breve seja rápidoseja nada seja tudo
seja agora seja nuncaseja parte seja completo
seja abstrato seja concretoseja de lá seja de cáseja bi seja quântico
31
Médicos do Medo
Há pobres que não têm nadaHá ricos que não sabem de nada
Há médicos que não aprenderam nadaHá pobres que não têm saúde
Há ricos que não sabem o que têmHá médicos que não sabem curarHá pobres precisando de médico
Há ricos que são médicosHá médicos que não tratam de pobres
Há pobres que pagam impostosHá ricos que são donos de faculdadesHá médicos que estudaram de graça
Há pobres que não entendem o sofrimentoHá ricos que procuram não viverHá médicos que enganam a todosHá pobres precisando de comida
Há ricos comendo sem pararHá médicos que receitam salicílicoHá pobres com dores na barriga
Há ricos com dor de cotoveloHá médicos que curam tudoHá pobres querendo dinheiro
Há ricos querendo sofrerHá médicos roubando almas
Há pobres chorandoHá ricos debochandoHá médicos soltos
Há pobres analfabetosHá ricos sem sabedoria
Há médicos doentesNem todos pobres são carentes
Nem todos ricos são pobresNem todos médicos dão medo
32
Pensar
Se pensar nos leva a existirpela ordem poética filosóficapensar pode ser combustívelCada pensamento abasteceuma conspiração incomum
oculta do nosso saberO pensamento é a composição
do material mundano que vemosaonde imaginamos sobre uma rochaPensar é não saber que desconhece
o sentido de alguma almanum imaginário sistema real
Dizia o compositor contrariando a luzque o pensamento é mais rápido
não se vendo fim e começoPensar assim é plágio
33
Carnaval
O carnaval já foi bomcarnaval dos povos dos cortiços
dos bairros da cidadeque era puro por si só
não pretenciosoO carnaval é uma falsa arteuma falsa idéia de tradição
um errôneo conceito de folcloreum momento de exibição orgulhosaTempos retóricos de boa vivência
quando os periféricos transfomavam suorem inesquecíveis caricaturas
andando pelas ruas assustando criançasEsquecer a fome
Esquecer a infânciaVestir as mais coloridas túnicas
PretençãoCarnaval é um componente maléficopara aqueles que não sabem divertir
e não acreditam em nadaO carnaval é mais uma farsapara o povo esquecer a fome
para o subúrbio se mostrar burguês para esconder a corrupção
para disfarçar a guerraCarnaval é um divã para os pagãos
se sentirem felizes
34
Universo Aspiral
Gira gira gira mundoroda roda roda terra
gira gira gira luaroda roda roda mundosol aquece universoesquenta planetas
estrelas que brilhamburacos ocultos
via de caminho incertolinhas de voltas retas
astros que somemluz infinita no vácuo
rádio em espelhosom que retorna
sol que abastece energiaplanetas que giramestrelas perdidas
estrelas que nascemestrelas que vão
berçário estreladofotografia do tempo
mundo que giraplanetas que circulam
elipse incógnitachoque duvidoso
explosão alfaburaco beta
universo sozinhoolhar de Criador
35
Pirâmides
122333444455555666666777777788888888999999999
Quem as fez?A
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Como poderiam?@
@@@@@
@@@@@@@@@
@@@@@@@@@@@@@
@@@@@@@@@@@@@@@@@
Não arroba nada dali?????????????????????????????????????????????
Nada saber
36
Afirmações
Afirmo que gosto de vocêmas se me trair eu te mato
Afirmo que prefiro vocêmas é para te enganar
Afirmo que gosto dos diferentesmas é porque é moda
Afirmo que você é o melhormas é para você produzir maisAfirmo que acredito no Superior
mas é com medo dele me castigarAfirmo que você é meu amigopara saber da vida dos outros
Afirmo que te amoporque a mídia ensina assim
Afirmo que sou bompara esconder minhas fraquezasAfirmo que não viveria sem vocêpara continuar te aprisionando
Afirmo que você é bonitopara você se achar mais que todos
Afirmo que você manda bempara puxar seu saco
Afirmo que você é inteligentepois minha vida é puxar carroça
Afirmo que faço caridadepara enganar os coitadosAfirmo que sou Homem
pois extraterrenos estão aquiAfirmo tudo istopara me garantir
37
Na Quadrada das Águas Perdidas ®
Da Carantonha mili légua a caminháMuito mais, inda mais, muito mais
Da Vaca Seca, Sete Vage inda p'ra láMuito mais, inda mais, muito mais
Dispois dos derradêro cantão do sertãoLá na quadrada das água perdida
Reis, Mãe-SenhoraBeleza isquicida
Bens, a lagoa arriscosa funçãoÔ Caindo chiquera as cabra mais cedo
Aparta Lubião, esse bode malvado, travanca ochiquêro
Te avia a cuidáAlas qui as polda di Sheda rincharo ao luá
Na madrugada suada de medo pr'a láRuncas levando acesas candeia inclusão
Da Carantonha mili légua a caminháMil badaronha tem qui tê pr'a chegá lá
Sete jinela sete sala um casarãoLaço dos Moura
Varge dos trumentoVelhos Domingos
Casa dos SarmentosMoças, sinhorasMitriosa função
Dá pressa in guilora a ingomá nossos ternoAlbarda as jumenta cum as capa de inverno
Cuida as ferramenta num dexa ela vêSi não pode ela num anuí nois í
Onte pr'os norte de Mina o relampo raiôMucadim a mãe do ri as águas já tomô
Anda muntemo o mondengo pr'a nois i pr'a lá
© Todos os direitos reservados
Elomar Figueira MeloVitória da Conquista – Bahia – Brasil
Linguagem dialetal sertaneZaPara ciência do artista erudita dos confins
Este livreto não tem finalidade comercial, por isso, não dá prejuízo ao compositor
38
Crônica da Grande Fome
Vejo na praça um pai brincando com o filhoe vejo mais ainda
Quem está brincando é o paicom olhar brilhante e distante do filho
Vejo duas mulheres simpáticas lanchandoe passo a meditar um pouquinho
Comem tudo que o dinheiro pode comprarmostrando que aquilo se repetirá por longo tempo
Vejo um sujeito arrogante dentro de um carrosujando os pedestres de lama
O coitado do sujeito naquele momentonão pensa o que ele é fora do carro
Um mesquinho que andava a pénos caminhos dos tropeiroslá no tempo da grande fome
As mulheres simpáticas levantam para a vida hediondamas antes vomitam o lanche
para não engordarAgora vão torrar o salário com vestidos e sapatos
símbolos imundos da fomeLá na praça o novo pai distante do filho
procura esquecer a era da fomese divertindo como se fosse o filho
tomando o lugar do filhoUma mágica o leva a viajarde controle remoto na mão
pilota algo pequeno pelos ladrilhos da praçaE viaja pela fantasia
realizando um sonho que a fome matoupilotando um carrinho
39
Mal e Mel
Ela está entre nósfracos masculinosque dormem tanto
para provar dela maisEla é um terror
para os homens frágeisvem na noite escura
provocar gozo maléficopara estender criaçãoEla procria em casulosseus filhos são sombras
com sangue humanodos pobres homens frágeis
Ela está entre nósestá nos altos prédios
nas grandes casasnas famílias sozinhasno casebre de palhaEla procura um fraco
para aumentar as criasembriaga com prazer
levando além desse mundoEla é doce e saborosaarisca e assanhadaperfeita e amorosa
Ela aparece como donzelagraciosa e encatadora
vicia o fracosucumbe
40
Amizade
Quem somos sozinhos nesse mundoNão somos nada sozinhos nesse mundo
O que podemos sem aquela amizadeDe nada adiantaria sem ter amizadeSem amizade não podemos somarSem amizade não podemos sonhar
Pessoa amiga é aquela que não entendeÉ aquela pessoa que deixa a outra livre
Pessoa amiga não faz esforço para a outraA amizade se faz entender
Quem somos sozinhos nesse mundoSomos felizes por termos
uma pessoa amiga
41
São Tudo
São Paulo é maiorSão tantas ruas
São tantos bairrosSão tantos prédiosSão tanta gente
São Paulo é melhorSão tantas lojas
São tantos profissionaisSão tantas idéias
São tantas criaçõesSão tantos recursos
São tanta arteSão Paulo é esperança
Sem violênciaSem sujeiraSem trânsitoSem poluição
São Paulo é humanaSão tantos trabalhosSão tantas caridades
São tantas assistênciasSão tantas curas
São Paulo será a melhorSão Paulo será a maior
São Paulo terá esperançaSão Paulo é Brasil
42
Wynants
Caça aleatória por eras medievaisbuscando uma expressão para a obra
Antropologia européiade aversão africana
A origem do Homem estariaentre os povos negros
Complexa amarração entre a obrasem sentido algum
Nada de surrealismo africanosem herança alguma para a História
Busca de uma expressão Barrocaencontrada num desconhecido
Europa de revoluçõesdesprezando a origem humana
Busca pelo mar de novos continenteschegando em ilhas de sonhos minerais
Renomeando para américasa terra que estaria Brasil
Visão ancestralregistro cerebral
43
Primeira Coluna
gestores com novos talentosencaram novos desafiosno mundo dos negócios
tantas perspicáciasem busca de resultado
de mais lucroordenando centenasmíseros operários
industriários poluídosna angústia do númeroalgozes dos cimentos
dissecados pela tecnologiaarmados de teorias
praticadas em noção aversaebulindo em sujeira
livrando as entidadesarrasadas pelo vermelho
maquiadas pela falsa matemáticaincapaz de dar retorno
déspotas emissorasiludindo povos fracos
algemados por sons e imagensdosagens de prostituição
oligaquia cerebralmáscaras de teatro podre
antraz dos povos inocenteslúdicos fantoches
44
Fim de Terra
O reino lusitano e o reino de castelaachando que a terra era pequenae que o ouro já era insuficiente
começaram a decifrar o marAlém do mar haveriam mais riquezasalém da terra firme existiam mitosera preciso navegar pelos mares
antes dos francesesAs caravelas eram a grande invenção
prontas para longas viagenspelos misteriosos mares do sul
seguros que a terra era redondaOs reinos queriam mais grandezas
e a terra já era insuficientecom poucos chãos a conquistar
o mar era um gigante a explorarQuem chegasse primeiro seria o dono
a epopéia seria escrita por navegadoresque iriam extrapolar limites do reino
para o além marDo mar não tinha mapa
somente o céu desenhava o trajetograndes capitães já eram sábiospara andar em regiões ocultas
A terra estava no fimos reis queriam maisum fogo inquietantelevariam para longe
Dos portos do velho mundoa julgamento de raças antigas
sonho de pangéia em retrocessoterra sem chão
mar do tino
45
Clone
Me olho assim diante de mimdiante de mim não me achonão me acho entre esse povo
entre esse povo caminho sozinhocaminho sozinho em busca de mimem busca de mim não me encontro
não me encontro nesse mundonesse mundo não há lugar para mim
lugar para mim não é aquinão é aqui que apareci
apareci num suspiro vitrosuspiro vitro eu vim aqui
eu vim aqui para revolucionarpara revolucionar não sou capaz
sou capaz de me ver aliver ali já não me vejo
não me vejo dentro de mimdentro de mim corre uma sedeuma sede de entender isto aquiisto aqui não é lugar prá mim
lugar prá mim não temnão tem não
não sousou eu mesmo
46
Anúncio
Verde-se que amarelouno serrote desse mateiro
no machado desse lenhadorno dragão desse capataz
O mateiro plantou e colheuO lenhador semeou e floriu
o capataz destruiuVerde-se
O preço é cúbicoo tamanho é cilíndrico
Verde-seNovos edifícios por aqui
mais boi para comerVerde-se
Um deserto em construçãoo fogo em ação
Verde-seAnimais em extinçãoplantas sem salvação
Verde-se que dá tempoúltimas ofertasúltimo suspiro
47
Tabu
Ele é um bom sujeitoquerido se fazEle é moderno
bem cuidado e de pazEle é mais ele
cresce como taloEle vive sozinho
faz amor com um faloEle é autêntico tem toda razão
Ele é feliz da vidapuro de coração
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Cursando Linhas
Ela me chama de falso mansoAí me vejo no espelho me olhandoEspelho não reflete um falso manso
Lados oblíquos indistintosO que é um falso mansoSe não um contornado
Linhas duplas traçadas em siMas isto ainda não é um falso mansoAí me olho de cima a baixo de cima
Não se vê um falso mansoO que é um falso manso
Se não um oculto desencontradoUma preposição prepotente incontente
É insuficiente afirmar o que é um falso mansoAí penso e repenso e descrevoVagando no planeta de tudo
Olhando os seres mais próximosBravos seres da natureza
Um animal na savanaUma cobra de plumas
Um leão com penaUm sapo colorido
Uma águia de ferrãoUm urso desibernadoUm bicho na varanda
A contenda da prolixidadeFalso manso não explicado ainda
Um falso adjetivo abstrato
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Atitude
Subi numa montanhaprocurei um mistériobusquei um presente
encontrei uma surpresa-^-
Desci da montanhapara reecontrar esperança
semear os amoresexplicar a grandeza
-v-Voltei para a montanha
decifrei o mistérioachei o presente
desenhei a natureza-^-
Partir da montanhaEncontrei o sossego
Permaneci meditandopara descrever a beleza
-v-
50
Luz do Tempo
Hoje é primeiro de janeiroum vulcão explode no centro de Java
[.^.]Uma estrela fotografa o vulcão
num fleche mais rápido do que a luz[*]
A luz da estrela segue para Terrae vai levar doze meses para chegar
[v]Dentro da luz da estrela segue uma foto
que chegará na Terra em um ano[@]
A luz da estrela é uma mensagem do tempotransportando as visões do passado
[+]Mas como pode o fleche ser mais rápidoao ponto de quebrar a velocidade da luz
[?]E a luz da estrela continua sua viagemcruzando galáxias rumo a via láctea
[÷]O destino é a Terra
aonde a ciência espera aquela luz[(o.o)]
Num gigantesco sistema de espelhos digitaisas imagens serão recebidas
[><]Está chegando trinta e um de dezembro
luz se findará nos espelhos[!]
E a ciência vai ver como foi aquele passadodo vulcão que explodiu no centro de Java
[.^.]
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Águas Mágoas
Rios correndo no tempo vazioSolitários em curvas pelos montes
Sozinhos estão essa gente da cidadeLongos tubos levam água para essa genteRios foram estagnados para produzir água
Lagoas foram tratadas dos vermesE vermes moram na cidade
São vermes que dividem as águasLongos tubos foram colocados pelo homem braçal
Favelas nas cidadesPodridão dessa gente escolhidaÁgua suja corre entre as favelas
Tubos correm distâncias levando águaO pobre homem braçal não bebe água
Água limpa e livre das sujeirasQuem é sujo mora na cidadeTão logo não terá mais água
Terra seca ficaráAs águas são divididas pelos vermes
Tão logo faltará água na cidadeOs tubos ficaram enxutos
Os vermes terão que dividir a águaPartilhar água não é coisa de verme
Água chegará nos JardinsE faltará para os pobresOs vermes não são tolos
Sabem que o povo rico tem poderSão capazes de fazer perder o jogo
Só falta água na casa do pobreNos bairros nobres jorra água
Pobre favela periférica sem águaSeu governo tem nojo de pobres
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O Falso Trabalho
Todos dizem que não tem tempotodos esperam chegar uma mensagem
Gastam um falso tempo fazendo arquivos digitaispara se mostrar bonito
Fazem uma apresentaçãoFazem um fluxo
Fazem um gráficoE mostram tudo isto como beleza negra do seu trabalho
Ninguém produzNinguém sugere nada especial
Não inovamNão criam
Todos passam o dia inteiro olhando para uma telaesperando uma mensagem chegar
A tela rouba a criatividadea inteligênciao bom senso
Furta o trabalholeva o dinheiro como salário
Todos esperam uma mensagem chegarse não chega
maximiza e minimizaa máxima falsa idéia mínima de trabalho
E o dia vai indogastando os pulsos
murchandosNinguém sai do lugar
são estátuas do mal modernoOlham para um lado
olham para outro ladoe nenhuma nova mensagem chegou
Já é tarde e noite chegase dizem cansados
exautosenfraquecidos
achando que trabalhou muitoNão produziu nada
Fim de arquivo
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Onze
Onze são duas torresdois érres em torres
torres torresmoporco e touro
Touro da ostentaçãodo poder
touro das vacasvacas padecem
Torres explodindogente em chamas
cinzas nos ares americanosdo norte
Onze é nota inexistentetem letra de fimé número ímpar
bombaOnze é corredor aberto
de vacinar gadode marcar bicho
cegueiraOnze é o que vem depois
do dia seguintedas mandânciasdo desrespeito
da invasãoOnze é o decreto
que o mundo é aberto
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Inflação Real
Venham venham a esta barracahoje tem preço bom
O brócolis está baratinhocomprem tanto que puderVejam que lindas folhas
saborosa seiva e flores verdesO brócolis faz bem
comam tanto que agüentarHoje é sábado da feira
que se diziam segunda a sextaChega mais chega maisaqui tem bons produtosOlhem que lindo brócolis
só aqui que tem hojeAproveitem os poucos que restam
o preço é meu preçoNão assustem com o preço
somente esta barraca que temHoje é meu dia
sou dono da feiraBrócolis mais caroninguém mais tem
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Civilizações
Oh civilizações da raça purados sacríficios humanos
das crianças que não se viamda luz que não clareava
dos cochos que não andavamdos cegos que não enxergavam
dos pobres que não existiamSalve colunistas das sete chagasque odeiam cores anti-brancas
que cospem nos sem-tetoque abominam os sem-terra
que querem uma armae chamam de burro quem não estudaOh civilizações das américas passadas
vejam que Colombo está chegandoa Europa vem com sede de ouro
vem de fracassos feudaissangüinários desbravadores do bem
Salve intelectuais econômicosde palavras profanasda fome para matar
das doenças para extinguirdas teorias maltusianas
Oh civilizações da engenharia complexalotados no coração americanoeram puros e sem impurezas
sacríficios de gentedizimados pela impotência desumana
Cuidado colunistas e intelectuaisdesse tempo de agoradescendentes astecasherdeiros da nostalgia
Pregam dilemas de civilizaçõesextintas pelas próprias razõesdos dilemas que se pregam
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Obrigado
Agradecer é um ato de se igualarde dizer que todo mundo é um só
de manifestar simpatia e afetoAgradecer é um gesto de carinho
de respeito pelo outro amigoatitude simples e resultado grandioso
Agradecer faz os jardins floriremfaz a guerra não acontecer
faz o outro soltar um sorrisoNada como a gratidão
pelo dia mais belopelos raios de sol
pela lua que rasga a noiteA gratidão é uma oração dos sábios
a arma dos povos justosA gratidaão é esperança luminar
de eterna vida salutarObrigado
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( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( o ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )
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Referências Básicas para Meditação
✔ A noite estrelada✔ A noite nublada✔ A lua clareando✔ As pessoas andando✔ A aurora de todos os dias✔ As praças do interior✔ Os rios✔ As cidades poluídas✔ O carismo do povo✔ A História do mundo✔ As histórias das velhinhas do Jequitinhonha✔ As crianças brincando✔ A chuva nos dias quentes de verão✔ A eletricidade✔ Uns pássaros que passam✔ Os fenômenos do dia✔ Os animais no campo✔ As montanhas da terra✔ A elipse dos planetas✔ A deriva dos continentes✔ A mulher do imaginário✔ O Rei✔ A filosofia cultura psicologia sociologia antropologia✔ As complexidades das empresas✔ Uma rua✔ Uma gota d'água✔ Um sorriso✔ A engenharia da natureza✔ O eu dentro de cada nós✔ A literatura contemporânea✔ Um amigo dali e daqui✔ Uma amiga de cá e acolá✔ O início e o fim✔ Tudo✔ O nós que busca o eu
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Produção: Valdir SolIMPRESSÃO PROIBIDA
2006