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Cristianismo e Música Parte 1/8 Cristianismo e Música Por Hans Rookmaaker Tradução de Alex Fontes. Revisão de Fernando Guarany Jr. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Deveríamos almejar ser uma subcultura? Implícita na palestra Rock e Protesto estava a questão: “O que nós, como cristãos, vamos fazer com o Rock?” Quero desta tratar desta questão de um modo explícito, apesar de me ater somente ao Rock.” O tópico “Cristianismo e Música” é parte de um tema mais abrangente, “cristianismo e cultura”, o qual pode ser dividido em duas partes: nossas próprias formas culturais e o nosso relacionamento com a cultura que nos cerca. Primeiramente, nossas próprias formas culturais. Ser humano é ser cultural. Não há outra possibilidade. Se você decidir viver em uma caverna sem roupas quentes e comer apenas sopa e pão, então você poderia dizer que fugiu da cultura. Eu lhe diria que você criou o seu próprio tipo de cultura, uma cultura muito ascética, mas, ainda assim, uma cultura (um estilo particular de viver). Cultura é um estilo de vida: o modo pelo qual fazemos as coisas, as coisas que observamos, as coisas que amamos, as coisas que não amamos e colocamos fora da nossa órbita. Não podemos escapar da cultura, pois somos humanos. Muitos evangélicos olham para a cultura com total negatividade. Essa é a cultura deles: serem negativos para com a cultura. Por esta razão, nós do L’Abri sentimos que precisamos dar uma pequena contribuição para que isso mude. Por essa razão, temos um concerto como parte desta conferência do L’Abri nos EUA. Não vemos esse concerto como um anexo supérfluo ou de menor importância. Muito menos o vemos como um simples ornamento ou diversão. Não, ele é algo central em relação a mensagem que defendemos. Fui abordado por alguém que perguntou: “Por que vocês incluíram um concerto nessa conferência? O que um concerto tem a ver com cristianismo?” Eu respondi: “Tudo! É o nosso estilo de vida!.” Outro argumento importante a se fazer quando pensamos em cristianismo e cultura é que nunca deveríamos almejar ser uma subcultura. De certo modo é inevitável tornar-se uma subcultura. Tão logo você tenha um grupo de pessoas reunidas e que têm seus próprios costumes, nasce certo tipo de subcultura. Isso em si não é algo ruim. Mas acho que não deveríamos fazer disso nossa meta, pois a tarefa do cristão é ser parte da cultura como um todo. Nossa missão não é apenas para nossos amigos, mas para o mundo, a nação e a cultura na qual estamos inseridos. Cristo disse: “Vocês são o sal do mundo.” Ele

Cristianismo e música

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Cristianismo e Música – Parte 1/8

Cristianismo e Música

Por Hans Rookmaaker

Tradução de Alex Fontes.

Revisão de Fernando Guarany Jr.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Deveríamos almejar ser uma subcultura?

Implícita na palestra Rock e Protesto estava a questão: “O que nós, como cristãos, vamos fazer com o

Rock?” Quero desta tratar desta questão de um modo explícito, apesar de me ater somente ao Rock.”

O tópico “Cristianismo e Música” é parte de um tema mais abrangente, “cristianismo e cultura”, o qual

pode ser dividido em duas partes: nossas próprias formas culturais e o nosso relacionamento com a

cultura que nos cerca.

Primeiramente, nossas próprias formas culturais. Ser humano é ser cultural. Não há outra possibilidade.

Se você decidir viver em uma caverna sem roupas quentes e comer apenas sopa e pão, então você poderia

dizer que fugiu da cultura. Eu lhe diria que você criou o seu próprio tipo de cultura, uma cultura muito

ascética, mas, ainda assim, uma cultura (um estilo particular de viver). Cultura é um estilo de vida: o

modo pelo qual fazemos as coisas, as coisas que observamos, as coisas que amamos, as coisas que não

amamos e colocamos fora da nossa órbita. Não podemos escapar da cultura, pois somos humanos.

Muitos evangélicos olham para a cultura com total negatividade. Essa é a cultura deles: serem negativos

para com a cultura. Por esta razão, nós do L’Abri sentimos que precisamos dar uma pequena contribuição

para que isso mude. Por essa razão, temos um concerto como parte desta conferência do L’Abri nos EUA.

Não vemos esse concerto como um anexo supérfluo ou de menor importância. Muito menos o vemos

como um simples ornamento ou diversão. Não, ele é algo central em relação a mensagem que

defendemos. Fui abordado por alguém que perguntou: “Por que vocês incluíram um concerto nessa

conferência? O que um concerto tem a ver com cristianismo?” Eu respondi: “Tudo! É o nosso estilo de

vida!.”

Outro argumento importante a se fazer quando pensamos em cristianismo e cultura é que nunca

deveríamos almejar ser uma subcultura. De certo modo é inevitável tornar-se uma subcultura. Tão logo

você tenha um grupo de pessoas reunidas e que têm seus próprios costumes, nasce certo tipo de

subcultura. Isso em si não é algo ruim. Mas acho que não deveríamos fazer disso nossa meta, pois a tarefa

do cristão é ser parte da cultura como um todo. Nossa missão não é apenas para nossos amigos, mas para

o mundo, a nação e a cultura na qual estamos inseridos. Cristo disse: “Vocês são o sal do mundo.” Ele

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quer que sejamos “o sal que salga” de modo que combatamos a corrupção. Lutamos contra a corrupção

buscando manter as coisas saudáveis e dar-lhes sabor. Não fazemos isso apenas para o nosso pequeno

círculo, mas para o mundo inteiro. Lutamos por retidão e justiça no mundo à nossa volta. Pode ser que

fazendo isso nos tornemos uma subcultura. Se sentirmos que todo mundo à nossa volta está agindo errado

e por isso tentarmos fazer as coisas de um modo melhor ainda que ninguém queira ouvir, então isso

obviamente significa que somos diferentes. Não devemos ter medo disso. Não devemos ter medo de ser

uma subcultura, mas jamais deveríamos buscar ser uma.

Cerca de seis ou sete anos atrás testemunhamos a chegada da minissaia. Dois meses depois, todas as

garotas cristãs já as usavam. Na minha percepção, isso ocorreu de maneira muito fácil. Não acho que as

garotas cristãs devam sempre estar dois anos atrasadas em relação à moda. Não é isso que estou dizendo.

Contudo, naqueles dias, usar minissaia significava que a mulher estava disponível. Isto foi declarado

abertamente pelas pessoas que a desenharam. Então não é por puritanismo que estou dizendo isso, mas

por causa do contexto. Quem não quisesse parecer “disponível”, deveria se perguntar se deveria vestir tal

peça de roupa. Não podemos simplesmente seguir as tendências. Nem devemos tentar. Na verdade,

deveríamos tentar sermos nós mesmos.

Durante um longo período da história ocidental, os cristãos deram o tom trabalhando para o bem-estar de

todos. Os princípios morais que existem na Europa Ocidental, Canadá e Estados Unidos da América têm

suas raízes no cristianismo. Talvez não somente no cristianismo, mas o cristianismo indubitavelmente

deu-lhes uma imensa contribuição. De certo modo, todas essas foram nações cristãs. Claro que nunca o

foram perfeitamente e não significa que todas as pessoas eram cristãs. Porém, se a monogamia está

presente nas leis de todos os países ocidentais, podemos dizer que esse fato veio do cristianismo. Todavia

hoje as coisas estão mudando. Os cristãos estão se tornando uma pequena minoria, isto é, os cristãos que

realmente creem na Bíblia.