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São Paulo 2015 Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Biologia Celular e Tecidual do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Ciências. CARLA LETÍCIA BANDEIRA CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células Citotrofoblásticas Extravilosas Humanas

CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células ... · Mariane, dois professores excepcionais, que têm me feito aprender não apenas sobre laboratório clínico, mas sobre

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São Paulo 2015

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Celular e

Tecidual do Instituto de Ciências

Biomédicas da Universidade de São

Paulo para obtenção do Título de Doutor

em Ciências.

CARLA LETÍCIA BANDEIRA

CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células

Citotrofoblásticas Extravilosas Humanas

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São Paulo

2015

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Celular e

Tecidual do Instituto de Ciências

Biomédicas da Universidade de São

Paulo para obtenção do Título de Doutor

em Ciências.

Área de Concentração: Biologia Celular e

Tecidual

Orientadora: Prof. Dra. Estela Maris

Andrade Forell Bevilacqua

Versão Original

CARLA LETÍCIA BANDEIRA

CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células

Citotrofoblásticas Extravilosas Humanas

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Aos meus queridos pais, Maria Cleni e Walter Eugênio Bandeira, meus maiores

exemplos de dignidade e força - os “gigantes” que me fizeram ser quem sou. Com

eterno amor e gratidão - por vocês e a vocês - eu dedico esta tese!

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À minha orientadora Prof. Dra. Estela Bevilacqua,

"Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha,

é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.

Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, mas não nos deixa sós,

Porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.

Essa é a mais bela responsabilidade da vida, e a prova

de que as pessoas não se encontram por acaso”.

Meu eterno carinho, gratidão e admiração para a pessoa que nos últimos anos foi

minha orientadora, mãe, e amiga acima de tudo. Que muitas vezes, além de me

ensinar o caminho da pesquisa, também me ensinou o caminho da vida; o presente de

Deus sem o qual eu não teria conseguido superar muitos obstáculos encontrados longe

de casa. À ti, sempre, minha sincera amizade e respeito.

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AGRADECIMENTOS

“Se consegui ver mais longe é porque estava em ombros de gigantes”, célebre

frase de Isaac Newton me soa muito bem ao escrever estes agradecimentos. O grande

pesquisador nunca teria desenvolvido seu trabalho sem o trabalho prévio de outros

físicos; eu certamente nunca teria desenvolvido o que sou sem meus amigos e

colegas. Nesses anos, muitas pessoas queridas fizeram parte do meu dia a dia,

algumas muito, outras nem tanto, mas todas adicionaram um pouco de si à minha

história, e por isso, eu agradeço do fundo do coração!

Obrigada meu grande amigo Fábio Siviero, pelas conversas, risadas e

conselhos. Se uma tese tivesse co-autoria, ela certamente seria sua! Você é meu irmão

do coração; meus dias são melhores quando você está por perto!

Obrigada aos meus colegas e amigos do Trofo’s Lab – Ying, Simone, Jusciele,

Karen, Karla, Aline Carvalho, Carolzinha, Aline Paixão, Aline Lorenzon, Rodrigo, Prof.

Sérgio, Sônia, Mara, Elaine... sem vocês este trabalho não teria se concretizado! Em

especial, meu muito obrigada à duas pessoas maravilhosas, que me ensinaram a ter fé

– na vida, em Deus, em mim – Sara e Rosangela Farias, vocês são dádivas para mim!

Obrigada aos meus irmãos, que mesmo longe, sempre torceram pelo meu êxito.

Amo vocês Camila e Rafael Bandeira.

Obrigada Douglas Zago, por sempre estar disposto a sanar dúvidas histológicas

com um primor inigualável. Suas explicações eram sempre “SHARPES”!

Obrigada, e mais e mais obrigada ao meu grande amigo Rubens Harbs Bollos,

que além de cuidar da minha saúde, cuidou da minha alma. Posso dizer, sem dúvida

nenhuma, que meu amigo Rubens é um dos responsáveis por eu ter crescido e me

tornado uma pessoa melhor. Rubens, minha sincera gratidão à você!

Obrigada às duas “vizinhas” mais especiais que alguém poderia ter: Gláucia e

Paula. Vocês fizeram a minha pós-graduação, tantas vezes enfadonha, muito mais

colorida. Obrigada pela amizade, pelos conselhos metodológicos e por me abrigarem

em seu laboratório tantas vezes. Meu agradecimento também aos demais amigos do

laboratório de biologia celular, em especial ao Evandro, Marcel, Marlene, Jorge, Adam,

Bia e Bianca.

Obrigada à meus mais novos colegas e amigos da Igenomix, que me receberam

mesmo em vésperas de fim de tese, e que sempre me deram apoio nos momentos em

que precisei me ausentar. Juciane, Érika, Márcia, Bruno e Mariane, é muito bom poder

conviver com vocês! Em especial, gostaria de deixar meu agradecimento ao Bruno e à

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Mariane, dois professores excepcionais, que têm me feito aprender não apenas sobre

laboratório clínico, mas sobre companheirinsmo.

Obrigada aos meus amigos de toda a vida, Juliana, Morgana e Eduardo – vocês

são a certeza de que amizades verdadeiras nunca acabam, mesmo à dsitância.

Obrigada aos meus amigos queridos do “Altos” – vocês foram uma grata

surpresa nesse ano de 2014, verdadeiros presentes. Tati, Alex, Ana, George, Rogério,

Rafa e Luis, a gente não faz amigos, reconhece-os. Sou mais completa por ter amigos

como vocês! Em especial, gostaria de agradecer à ajuda do Rafael, que

exaustivamente me ajudou com a correção das referências bibliográficas dessa tese –

obrigada Nego!

Obrigada à Sra. Tereza, a “Teca da biblioteca”, por ter me recebido fora do seu

horário e por toda paciência e dedicação na correção desta tese.Também agradeço à

dedicação da Mônica.

Por fim, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e

Tecidual do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP),

aos demais funcionários da Biblioteca do ICB, pelo trabalho para que nossas teses

sejam finalizadas, e ao CNPq pelo auxílio financeiro.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho fosse

realizado, meus sinceros agradecimentos.

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“Se consegui ver mais longe é porque estava em ombros de gigantes”.

Isaac Newton

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RESUMO

BANDEIRA, C. L. CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células

Citotrofoblásticas Extravilosas Humanas. 2015. 118 f. [Tese (Doutorado em Biologia

Celular e Tecidual)]. Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2015.

CRIPTO1 (CR1) é um membro da família de proteínas de fatores de crescimento

epidermal-CRIPTO-1/FRL-1/Cryptic (EGF-CFC) que desempenha funções específicas

durante o desenvolvimento embrionário e tumoral. No primeiro caso, atua como co-

receptor obrigatório para Nodal no correto estabelecimento de eixos embrionários. No

segundo, constatou-se que é secretado em altos níveis por diversos tipos de cânceres

humanos (cólo, mama, pulmão, testículo, ovário, pâncreas e estômago entre outros),

mas está ausente ou é pouco expresso em tecidos saudáveis. Nesse sentido, este

estudo buscou verificar a presença de CR1 em placentas saudáveis e com distúrbios

de invasividade, visto que o desenvolvimento do trofoblasto na interface materno fetal

assemelha-se em muitos aspectos ao processo oncogênico. Nossos resultados

mostraram um padrão de expressão distinto entre primeiro e terceiro trimestre de

gestação, com a presença de CR3 e CR1, respectivamente. Coriocarcinomas também

foram imunorreativos para a proteína, que ainda mostrou ter uma relação positiva com

o acretismo placentário. Nossos estudos in vitro mostraram que CR1 recombinante tem

ação indutora em células HTR8/SV-neo, aumentando significativamente a invasão e

migração, sendo este último processo expressivamente abolido na presença de RNA

de interferência. Concluindo, CRIPTO1 está expresso principalmente em células

citotrofoblásticas extravilosas na gestação normal no primeiro e terceiro trimestre de

gestação. No primeiro trimestre a distribuição desta expressão em células em processo

de diferenciação em células invasivas sugere uma participação nesses processos. Em

placentas acretas com aumento da invasividade trofoblástica além dos limites

endometriais, há um aumento da expressão desse fator, que também é encontrado em

células citotrofoblásticas malignas em coriocarcinomas. A imunolocalização de

CRIPTO1 nessas amostras sugere fortemente a participação desse fator em atividades

funcionais das células trofoblásticas, tais como invasividade e diferenciação. O

aumento da migração dessas células após tratamento com CRIPTO1 e a atenuação

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desse processo em células com o gene CRIPTO silenciado experimentalmente

corroboram a ação dessa proteína sobre as células trofoblásticas. Este estudo contribui

para a identificação de fatores associados com a invasividade trofoblástica em

condições normais e patológicas.

Palavras-chave: Placenta. Trofoblasto. CRIPTO1. Acretismo Placentário. Coriocarcinoma. Invasão.

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ABSTRACT

BANDEIRA, C. L. CRIPTO1: Expression and Possible Actions on Human

Extravillous Cytotrophoblastic Cells. 2015. 118 p. [Ph.D. thesis (Cell and Tissue

Biology)]. Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2015.

CRIPTO1 is a member of the family of proteins of the epidermal growth factor -

CRIPTO1 / FRL1 / Cryptic (EGF- CFC) that performs specific functions during

embryonic development and tumor. In the first case, it acts as required co-receptor for

Nodal in the correct establishment of embryonic axys. In the second case, it was found

that it is secreted at high levels by a variety of human cancers (colon, breast, lung,

testis, ovary, pancreas and stomach etc.), but is absent or is weakly expressed in

normal tissues. Therefore, this study was to ascertain the presence of CR1 in healthy

placenta and those with invasiveness disorders, since the development of trophoblast in

maternal fetal interface resembles in many ways the oncogenic process. Our results

showed a pattern of distinct expression between first and third trimester of pregnancy,

with the presence of CR3 and CR1, respectively. Choriocarcinoma were also

immunoreactive for the protein, which still showed a positive relationship with the

placenta acreta. Our in vitro studies have shown that recombinant CR1 has inducing

action in HTR8/SV-Neo cells, significantly increasing the invasion and migration, the

latter process is significantly abolished in the presence of RNA interference. In

conclusion, CRIPTO1 is expressed mainly in extravillous cytotrophoblast cells in normal

pregnancy in the first and third trimester of pregnancy. In the first trimester the

distribution of this expression in the process of differentiation in cells in invasive cells

suggests a role in this process. In placenta acreta with the increased of the

trophoblastic invasiveness besides the endometrial limits, there is an increased

expression of this factor, which is also found in malignant choriocarcinoma

cytotrophoblast cells. The immunolocalization of CRIPTO1 in these samples strongly

suggests the involvement of this factor in functional activities of trophoblast cells, such

as invasiveness and differentiation. The increase in migration of these cells after

treatment with CRIPTO1 and the attenuation of this process in cells with CRIPTO gene

silenced confirm experimentally the action of this protein in the trophoblastic cells. This

study contributes to the identification of factors associated with trophoblast invasiveness

in normal and pathological conditions.

Keywords: Placenta. Trophoblast. CRIPTO1. Placenta Acreta. Choriocarcinoma.

Invasion

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da estrutura da proteína CRIPTO 1 humana. ..........................................26

Figura 2. - Ação parácrina de CR1 sobre a angiogênese tumoral. ...........................................29

Figura 3. Imunolocalização de CRIPTO 1 em Placentas de Primeiro Trimestre e

Coriocarcinoma Placentário ......................................................................................................63

Figura 4 - Caracterização Histológica de Placentas Saudáveis e Acretas ................................65

Figura 5 - Imunolocalização de CRIPTO1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas a Termo

de Gestações Saudáveis ..........................................................................................................67

Figura 6 - Imunolocalização de CRIPTO 1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas Acretas69

Figura 7 - Expressão Gênica e Proteica de CRIPTO 1 e 3 em Células Placentárias Primeiro e

Terceiro Trimestre de Gestação ................................................................................................71

Figura 8. Imunolocalização de CRIPTO nas Células HTR8-SVneo ..........................................72

Figura 9. Expressão Gênica de CRIPTO em Células HTR8-SVneo Tratadas com CR1

Recombinante ...........................................................................................................................74

Figura 10. Efeito da Depleção do Soro sobre a Expressão Proteica de CRIPTO1 ...................75

Figura 11 - Efeito de CRIPTO1 Recombinante Sobre a Proliferação de Células HTR8 ............76

Figura 12 – Efeito do Tratamento com CRIPTO Recombinante sobre Morte e Viabilidade das

Células HTR8/SV-neo ...............................................................................................................78

Figura 13 – Efeito de CRIPTO1 Recombinante sobre a Migração das Células HTR8 ..............80

Figura 14 – Efeito do Tratamento com CRIPTO1 Recombinante sobre a Atividade Invasiva das

Células HTR8 ...........................................................................................................................81

Figura 15 – Gel Representativo do dos Produtos de PCR após o Silenciamento do Gene

CRIPTO ....................................................................................................................................82

Figura 16 – Efeito do Silenciamento de CRIPTO sobre a Migração das Células HTR8/SVneo 84

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das DTGs segundo a Organização Mundial da Saúde .......................36

Tabela 2 - Primers utilizados para a reação em cadeia da polimerase e condições de ciclagem

.................................................................................................................................................50

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LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS E SIGLAS

ALK4/7 - Quinase do Linfoma Anaplásico 4/7

BMP – Proteína morfogênica Óssea

CSF-1 – Fator estimulador de colônia

c-Src - Tirosina-quinase citoplasmática c-Src

CR1/3 – CRIPTO1/3

CTBs – Células citotrofoblásticas de vilo de segundo trimestre de gestação

CTEVs – Células trofoblásticas extravilosas

DEPC – Dietilpirocarbonato

DTT - Ditiotreitol

EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético

EGF – Fator de crescimento epidermal

EMT – Transição epitélio mesenquimal

GCNF - fator nuclear de células germinativas

GDF – Fator de crescimento e diferenciação

GPI-anchor – âncora de Glicosilfosfatidilinositol

GRP78 – Proteína-78 relacionada à glicose

GSK3β - Quinase 3--glicogênio sintase

HIF1α – Fator induzido por hipóxia

IGF I/II – Fator de crescimento semelhante à insulina I/II

LIF – Fator inibidor de leucemia

LPR 5/6 - Proteína 5/6 relacionada a receptor de lipoproteína de baixa densidade

MAPK - Poteína quinase ativada por mitógeno

MET – Transição mesenquimo-epitelial

NP-40 – Nonyl phenoxylpolyethoxylethanol hCG – Hormônio gonadotrofina coriônica humana

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PBS – Tampão fosfato salina

PCR – Reação em cadeia da polimerase

PI3K – Fosfatidilinositol 3 quinase

PGDF – Fator de crescimento derivado de plaqueta

PlGF – Fator de crescimento placentário

PMSF – Phenylmethylsulfonyl fluoride

RE – Retículo Endoplasmático

RNAse – Ribonuclease

SBF – Soro Bovino Fetal

SDS - Dodecil sulfato de sódio

TDGF1 – Fator derivado de teratocarcinoma 1

TGFβ1 - fator de transformação de crescimento beta 1

TBS – Tampão tris fosfato salino

TRIS - Tris(hidroximetil) aminometano

TTBS - Tampão tris fosfato salino + 0,1% Tween 20

uNK – Células Natural Killers uterinas

VEGF – Fator de cresimento endoltelial vascular

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 23

1.1 O fator de crescimento derivado de teratocarcinoma TDGF1 ou CRIPTO1:

Histórico ....................................................................................................................... 24

1.2 Efeitos biológicos associados à expressão de CR1 .......................................... 26

1.3 Vias de Sinalização associadas a CRIPTO 1 ...................................................... 30

1.4 A Placenta como objeto de estudo ...................................................................... 32

1.4.1 Estrutura placentária ............................................................................................ 32

1.4.2 A placenta acreta ................................................................................................. 34

1.4.3 Coriocarcinoma .................................................................................................... 36

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 39

2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 40

2.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 40

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 41

3.1 Procedências ......................................................................................................... 42

3.2 Parte 1. Imunolocalização de CRIPTO1 em placentas saudáveis e

comprometidas com distúrbios de invasividade ..................................................... 43

3.2.1 Obtenção das Amostras ....................................................................................... 43

3.2.2 Blocos de Parafina oriundos de Arquivo Médico .................................................. 43

3.2.3 Amostras de Placentas Humanas de Primeiro Trimestre ..................................... 44

3.2.4 Imunolocalização de CRIPTO1, Citoqueratina e Vimentina em Placentas

Saudáveis e Patológicas ............................................................................................... 44

3.2.5 Análise Quantitativa das Reações Imunoistoquímicas ......................................... 45

3.2.6 Análise Estatística ................................................................................................ 46

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3.3 Parte 2. Expressão de CRIPTO1 e CRIPTO3 em células do citotrofoblasto

extraviloso de placentas saudáveis e em linhagem de células citotrofoblásticas

HTR8/Sv-neo ................................................................................................................ 46

3.3.1 Obtenção das amostras ....................................................................................... 46

33..33..11..11 OObbtteennççããoo ddee ccéélluullaass ddoo cciittoottrrooffoobbllaassttoo eexxttrraavviilloossoo ddee ppllaacceennttaass aa tteerrmmoo

ssaauuddáávveeiiss ...................................................................................................................... 46

33..33..11..11..11 AApprroovvaaççããoo ddoo pprroottooccoolloo eexxppeerriimmeennttaall ppoorr CCoommiissssõõeess ddee ÉÉttiiccaa.. .................... 46

33..33..11..11..22 CCrriittéérriiooss ddee iinncclluussããoo ee eexxcclluussããoo.. .................................................................... 46

33..33..11..11..33 CCoolleettaa ddaass aammoossttrraass. ..................................................................................... 47

33..33..11..11..44 PPrroocceessssaammeennttoo ddaass AAmmoossttrraass.. ....................................................................... 47

33..33..11..11..55 IIssoollaammeennttoo ddaass ccéélluullaass ddoo CCTTEEVV ddee ppllaacceennttaass aa tteerrmmoo. ................................ 47

33..33..11..11..66 CCéélluullaass cciittoottrrooffoobblláássttiiccaass eexxttrraavviilloossaass ddee pprriimmeeiirroo ttrriimmeessttrree .......................... 48

33..33..11..11..77 CCuullttuurraa ddee CCéélluullaass ddaa LLiinnhhaaggeemm TTrrooffoobblláássttiiccaa HHTTRR88 SSVV--nneeoo........................ 48

3.3.2 Análise da expressão gênica por RT-PCR seguida de PCR ................................ 49

3.3.3 Produto de RealTime q-PCR (Quantitative Polymerase Chain Reaction) ............ 52

3.3.4 Análise da expressão proteica por Western Blotting ............................................ 52

3.3.5 Análise da expressão proteica de CRIPTO1 nas células HTR8 por

imunoistoquímica .......................................................................................................... 54

3.4 Parte 3. Possíveis ações de CR1 nas células HTR8/SVneo por meio de

ensaios de invasão, migração e sobrevivência utilizando a proteína

recombinante CR1 e o silenciamento de CR1 com RNA de interferência. ............. 55

3.4.1Tratamento das culturas de células HTR8-Sv-neo com CRIPTO1........................ 56

3.4.2 Silenciamento do gene CRIPTO1 nas células HTR8 ........................................... 56

3.4.3 Expressão genica para controle do silenciamento ............................................... 57

. ..................................................................................................................................... 57

3.4.3 Estudo da proliferação celular na presença de CR1 recombinante ..................... 57

3.4.5 Estudo da viabilidade, morte e ciclo celular na presença de CR1 recombinante . 58

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3.4.6 Análise estatística ................................................................................................ 59

3.4.7 Estudo da migração e invasão das células HTR8 sob o tratamento com CR1

recombinante ................................................................................................................ 59

3.4.8 Estudo da migração e invasão das células HTR8 após silenciamento da

expressão gênica de CRIPTO1 ..................................................................................... 60

4 RESULTADOS........................................................................................................... 61

4.1 Parte 1. Imunolocalização de CRIPTO1 em Placentas Saudáveis e

Comprometidas com Distúrbio Trofoblástico de Invasividade ............................... 62

4.1.1 - Imunolocalização de CR1 em Placentas Normais de Primeiro Trimestre e em

Coriocarcinomas ........................................................................................................... 62

4.1.2 Imunolocalização de Citoqueratina em Placentas Normais de Terceiro Trimestre e

em Placentas Acretas ................................................................................................... 64

4.1.3 Imunolocalização de CRIPTO1 em Placentas Normais de Terceiro Trimestre e em

Placentas Acretas ......................................................................................................... 66

4.2 Parte 2. Expressão de CRIPTO em Células do Citotrofoblasto Extraviloso de

Placentas Saudáveis e em Células Linhagem de Célula Citotrofoblástica HTR8/Sv-

neo ................................................................................................................................ 70

4.2.1 Expressão Gênica de CRIPTO 1 e CRIPTO 3 ..................................................... 70

4.2.2 Expressão Proteica de CRIPTO por Western Blot e Imunoistoquímica ............... 72

4.3 Parte 3. Possíveis Ações de CRIPTO1 nas Células HTR8/SVneo por meio de

Ensaios de Invasão, Migração e Sobrevivência Utilizando a Proteína

Recombinante CR1 e o Silenciamento de CR1 com RNA de Interferência. ........... 73

4.3.1 Tratamento das Culturas de Células HTR8-Sv/neo com CRIPTO1 ..................... 73

4.3.2 Estudo da Proliferação de Células HTR8 na Presença de CR1 Recombinante ... 76

4.3.3 Análise da Viabilidade e Morte das Células HTR8 na Presença de CRIPTO1

Recombinante ............................................................................................................... 77

4.3.4 Ensaios de Migração e Invasão Celular na Presença de CRIPTO1 Recombinante

...................................................................................................................................... 79

4.3.5 Migração das Células HTR8 após Silenciamento da Expressão Gênica de

CRIPTO ......................................................................................................................... 82

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4.3.5.1 Silenciamento do gene CRIPTO nas células HTR8 .......................................... 82

4.3.5.2 Migração das Células HTR8.............................................................................. 83

5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 85

5.1 CRIPTO1 em Placentas de Terceiro Trimestre e em Placentas Acretas .......... 86

5.2 CRIPTO1 em Placentas de Primeiro Trimestre e em Coriocarcinoma

Placentário ................................................................................................................... 90

5.3 Expressão de CRIPTO em Células do Citotrofoblasto Extraviloso em

Placentas Saudáveis e em Células da Linhagem Trofoblástica HTR8/SV-neo ...... 92

5.4 Possíveis Ações de CRIPTO1 nas Células HTR8/SVneo por meio de Ensaios

de Invasão, Migração e Sobrevivência Utilizando a Proteína Recombinante CR1 e

o Silenciamento de CR1 com RNA de Interferência. ................................................ 93

6 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 98

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 100

Page 24: CRIPTO1: Expressão e Possíveis Ações sobre as Células ... · Mariane, dois professores excepcionais, que têm me feito aprender não apenas sobre laboratório clínico, mas sobre

1 INTRODUÇÃO

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1.1 O fator de crescimento derivado de teratocarcinoma TDGF1 ou CRIPTO1: Histórico

O cDNA de CRIPTO, ou oficialmente TDGF1 (fator de crescimento derivado de

teratocarcinoma), foi casualmente isolado em 1989, durante a busca pelo gene da

glicose-6-fosfato desidrogenase em uma linhagem celular indiferenciada de

teratocarcinoma embrionário humano. O gene descrito presumidamente codificava uma

proteína de 188 aminoácidos, com peso preditivo de cerca de 20 kDa e possuía

domínios de ligação semelhantes a fatores de crescimento da família dos EGFs – fato

que fez com que CR1 fosse erroneamente agrupado como um membro da família EGF-

TGFα (CICCODICOLA et al., 1989).

A análise da estrutura genômica de CR1 mostrou que o gene era constituído por

6 éxons e 5 íntrons, possuía uma região UTR terminal típica para a codificação de

moléculas de RNA mensageiro de rápido turnover, com alta instabilidade e vida

relativamente curta. Além disso, dois dos três loops de cisteínas duplas do domínio

EGF de CR1, são truncados, o que impede sua ligação com o receptor de EGF

(BRANDT et al., 1994) ou receptores tirosino-kinases do tipo I da família ErkB, o que

sugere que CR1 não pertence à superfamília EGF (KANNAN et al., 1997). A presença

de um pseudogene transcrito, CRIPTO 3, o qual traduzido, difere de CR1 por apenas 6

aminoácidos também foi descrito (BRANDT, 1994, CICCODICOLA et al., 1989; DONO

et al., 1991).

Em 1993 a forma equivalente de CR1 humano foi descrita em camundongo -

uma proteína preditiva de 177 aminoácidos, com alta homologia em relação ao CR1

humano, porém, associada ao desenvolvimento embrionário (DONO et al., 1993). Na

sequencia desse achado, as proteínas nativas e recombinantes de CR1 (humano e de

camundongo) foram isoladas mostrando modificações pós traducionais - possivelmente

por miristilação, fosforilação e glicosilação. A essas proteínas foi atribuído um papel

mitogênico para células epiteliais mamárias, malignas ou não transformadas (BRANDT

et al., 1994).

Em 1995 foi descoberto o gene FRL1 (“Forming related gene in Leukocytes”),

codificando uma proteína presente durante a gastrulação e estágios iniciais do

desenvolvimento embrionário de Xenopus, hoje conhecido como homólogo de CR1

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nesses animais, e renomeado como “XCR1”. Como particularidade, o XCR1

apresentou o mesmo domínio “EGF-Like” observado em CR1, além de ativação

mediada por receptores de fatores de crescimento de fibroblastos (FGFR), sem no

entanto, pertencer a classe de ligantes FGF (KINOSHITA et al., 1995).

Shen e colaboradores (1997) identificaram em embriões de camundongo a

presença de um novo gene, “Cryptic”, assim nomeado pela alta similaridade da

proteína preditiva com CR1, propondo então a criação de uma nova família nomeada

“CFC” (Cripto, Frl1 e Cryptic). A inclusão na família CFC era baseada nas similaridades

encontradas nos domínios “EGF-like” e na presença de um segundo domínio

conservado composto por uma região rica em cisteínas (não encontrada em nenhum

outro grupo de proteínas) (SHEN et al., 1997).

Desde sua descoberta até o momento, 6 pseudogenes de CR1 já foram

descritos (SCOGNAMIGLIO et al., 1999; National Center for Biotechnology Information

- NCBI) e estão localizados nos cromossomos 2, 3, 6, 8, 19 e X. Dentre esses, apenas

CR3 (ligado ao cromossomo X) possui ambas regiões UTRs, configurando assim, um

retrogene funcional capaz de traduzir uma proteína com atividade equivalente a de

CR1 em tumores (SUN et al., 2008).

A presença de um domínio EGF-like (domínio EGF modificado), a presença de

um domínio CFC rico em cisteínas, um peptídeo sinal NH2-terminal e um COOH-

terminal pequeno e hidrofóbico contendo pequenas sequências para o ancoramento e

clivagem de glicosilfosfatidilinositol (GPI), são as particularidades da família hoje

denominada “família do fator de crescimento epidermal/CR-1-FRL-1-Cryptic”, ou

simplesmente, família EGF-CFC (BIANCO et al., 2010; SALOMON et al., 2000), que

inclui, além do CRIPTO1 (Figura 1) e CRYPTIC humanos, o Cripto 1 de macacos,

Cripto 1 (Cr1 ou Cfc2) e Cryptic (Cfc1) de camundongo, Cripto 1 de galinha, one-eyed

pinhead (Oep) de zebrafish, e XCR1/FRL-1, XCR2 e XCR3 de Xenopus (CASTRO et

al., 2011). Em humanos, CR1 apresenta duas isoformas, 1 e 2, esta última formando-

se a partir de um splicing alternativo do RNA mensageiro, que origina uma forma mais

curta da proteína (com 172 aminoácidos) (NCBI). Recentemente também se evidenciou

a presença de genes homólogos em invertebrados basais, como o ouriço do mar,

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indicando que a origem da família EGF-CFC é muito mais antiga do que se pensava,

acumulando pequenas mudanças evolutivas que permitiram a existência de formas

funcionais que se sobrepõem, embora com papéis distintos (RAVISANKAR et al.,

2011).

Figura 1 – Esquema da estrutura da proteína CRIPTO 1 humana.

Figura 1 - Esquema da estrutura da proteína CRIPTO 1 humana. Modificado de Castro et al.,

2011.

1.2 Efeitos biológicos associados à expressão de CR1

A proteína CR1 desempenha um importante papel na regulação de diferentes

processos do desenvolvimento embrionário, além de regular importantes eventos

durante a progressão de determinados tumores (DONO et al., 1993; BIANCO et al.,

2005; MORKEL et al., 2003; STRIZZI et al., 2005). Sua forma cis, ancorada à

membrana, tem ação autócrina e é encontrada em “lipid-rafts” e endossomos. Sua

forma trans, solúvel pela clivagem da âncora GPI por ação da enzima GPI-fosfolipase

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D, tem ação parácrina. Ambas as moléculas são metabolicamente ativas

(KLAUZINSKA et al., 2014; SALOMON et al., 2000; WATANABE 2007a, 2007b).

Em camundongos, a proteína Cr1 participa de processos de transição epitélio-

mesenquimal (EMT) e mesenquima-epitelial (MET), para formação da mesoderme e

estabelecimento da endoderme, respectivamente. Ainda em camundongos, durante a

formação da linha primitiva, Cr1 apresenta-se sob a forma de um gradiente assimétrico,

que se espraia para o mesoderma embrionário em formação e define um padrão

corporal antero-posterior. O duplo nocaute (Cr1-/-) é letal nos estágios mais iniciais do

desenvolvimento, apresentando ausência de mesoderme e endoderme, com graves

falhas na gastrulação e no estabelecimento de eixos corporais (BIANCO et al., 2010;

DING et al., 1998; DONO et al., 1993; LIGUORI et al., 2008; MORKEL et al., 2003).

Em roedores, ainda no estágio embrionário, o fator Cripto 1 foi localizado no

cone ectoplacentário, sugerindo um papel para Cr1 nos estágios iniciais da placentação

(JOHNSON et al., 1994). Nosso grupo também verificou a expressão de Cr1 em células

trofoblásticas, não apenas no início da placentação, mas em todos os estágios

placentários desde a sua formação até o termo, sugerindo um papel crucial para o fator

no estabelecimento da interface materno fetal (dados não publicados).

Ainda em camundongos, a formação cardíaca pela diferenciação de células-

tronco em cardiomiócitos mediada por Cr1, foi demonstrada in vitro e in vivo.

Experimentos utilizando células-tronco mutantes Cr1-/- foram incapazes de se

transformar em cardiomiócitos funcionais. O fenótipo celular dos cardiomiócitos,

entretanto, foi restituído quando o gene Cr1 foi reintroduzido à linhagem celular

(PARISI et al., 2003). Nesses experimentos também foram identificadas moléculas alvo

da via de sinalização ativada por Cr1, como a via Smad2 (PARISI et al., 2003) e a

regulação positiva de Cr1 pelo fator HIF1α, ligante das regiões de elementos

responsivos à hipóxia (HREs), presentes tanto no promotor do gene de camundongos,

quanto de humanos (BIANCO et al., 2009), a apelina e o receptor acoplado à proteína

G, APJ (D’ANIELLO et al., 2009; XU et al., 1998, 1999).

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Johnson e colaboradores (1994) observando os padrões de distribuição de Cr1

em embriões de camundongo inferiu sua atuação como um fator de indução ou

sinalização na organogênese cardíaca principalmente em regiões de septos e válvulas.

Similarmente, pacientes com defeitos no septo ventricular apresentaram mutações

específicas no gene CR1 (WANG et al., 2011), denotando uma possível correlação

entre os diferentes modelos estudados em relação à ação proteica.

Estudos também apontam a associação de Cr1 e Nodal no bloqueio da

formação da neuroectoderma em roedores. Diversos autores demonstraram a

diferenciação espontânea em neurônios, in vivo e in vitro, de células tronco Cr1-/- ou

tratadas com peptídeo de bloqueio para Cr1, tornando CR1 um alvo terapêutico para o

tratamento do mal de Parkinson (LIGUORI et al., 2003, 2009; LONARDO et al., 2010;

PARISI et al., 2003; PARISH et al., 2005; SONNTAG et al., 2005).

Trabalhos recentes também demonstraram que a forma solúvel de CR1 liga-se

na membrana celular à proteína 78 regulada pela glicose (GRP78), resultando na

manutenção de células tronco hematopoiéticas, mamárias adultas e fetais (MIHARADA

et al., 2011; SPIKE et al., 2014).

A expressão de Cr1 foi evidenciada nas células mesenquimais precursoras dos

botões terminais das glândulas mamárias em formação (STRIZZI et al., 2008). Na vida

adulta, o gene Cr1 está expresso em baixos níveis em órgãos como o baço, pulmão,

coração e cérebro, e com níveis relevantes nas mamas, onde atua na formação e

ramificação dos ductos mamários durante o período de lactação (ADAMSON et al.,

2002; DONO et al., 1993). Nestes processos, Cr1 participa da transição epitélio

mesenquimal que confere plasticidade às células epiteliais mamárias, assim como, nos

processos de hiperplasia destas células. Camundongos transgênicos MMTV-CR-1, que

expressam a proteína CR1 humana sob o controle transcricional do promotor MMTV

(Mouse Mammary Tumor Vírus), desenvolvem hiperplasias epiteliais na glândula

mamária, evidenciando o papel de CR1 em processos tumorais desse órgão. Em

humanos, CR1 está presente entre as proteínas do leite e expresso de forma

pronunciada em tumores ductais de mama (BIANCO et al., 2001; KENNEY et al., 1995;

SUN et al., 2005; WECHSELLBERGER et al., 2001).

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Nos processos patológicos, CR1 está intimamente ligado a processos tumorais e

relacionado com um mal prognóstico em cânceres gástricos, de mama, de pulmões e

de bexiga (GONG et al., 2007; XU et al., 2014; ZHONG et al., 2008; WEI et al., 2014).

A superexpressão de CR1 é observada em diversos tipos de cânceres, como o de

mama, pulmões, pâncreas, ovários, endométrio, testículo, cervicais, gástricos, e de

cólon, sugerindo-lhe um papel tumorigênico (ADAMSON et al., 2002; CIARDIELLO et

al., 1991; D’ANTONIO et al., 2002; ERTOY et al., 2000; FRIESS et al., 1994;

FONTANINI et al., 1998; QI et al., 1994; SAEKI et al., 1992; SALOMON et al., 2000)

Dada às ações conhecidas de CR1 têm se sugerido que atue em eventos múltiplos

como na proliferação celular, migração, invasão, transição epitélio mesenquimal (EMT)

e angiogênese tumoral (de CASTRO et al., 2010; KLAUSINSKA et al., 2014). Nesse

contexto, destaca-se o trabalho de Watanabe e colaboradores (2007a) que

demonstraram a ação parácrina do CR1 na angiogênese tumoral. A proteína CR1

secretada pelas células tumorais promoveu a migração direcionada de células

endoteliais peritumorais (Figura 2).

Figura 2. - Ação parácrina de CR1 sobre a angiogênese tumoral.

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Figura 2. Ação parácrina de CR1 sobre a angiogênese tumoral. A proteína Cripto-1 atua sobre

as células endoteliais fazendo com que estas percam sua capacidade de adesão e migrem em

direção ao tumor. Esquema retirado e modificado de Watanabe et al., 2007a. (GPI-PLD:

glicosilfosfatidilinositol fosfolipase D; EGF: fator de crescimento epidermal; LPA: lipoproteína,

Lp(a).

1.3 Vias de Sinalização associadas a CRIPTO 1

Em condições normais, CR1 desempenha funções chave ao longo do período

embrionário e posteriormente declina seus níveis de expressão de forma abrupta nos

tecidos adultos, com exceções como é o caso do tecido mamário em desenvolvimento

durante a gravidez e lactação (SALOMON et al., 2000), e na interface materno-fetal,

como demonstrado por nosso grupo (BANDEIRA et al., 2014). Cripto também é

expresso, juntamente com outros genes marcadores de células tronco, em células

adultas e diferenciadas que retornam à condição de pluripotência por indução (iPSCs)

(AASEM et al., 2008; AOI et al., 2008), sendo neste contexto, considerado um

marcador de células tronco (BIANCO et al., 2010). Em condições patológicas a re-

expressão de CR1 é observada nos distúrbios de invasividade placentária (BANDEIRA

et al., 2014) e em processos tumorais onde promove proliferação, migração, invasão,

transição epitélio-mesenquimal e angiogênese tumoral (RANGEL et al., 2012). A

diversidade de efeitos biológicos apresentada por CR1 deve-se a sua capacidade de

interação com diversas moléculas, desencadeando diferentes vias de sinalização.

CR1 modula a sinalização dos membros da família do fator de crescimento

transformador beta (TGFβ), incluindo NODAL e GDF-1/3 via: i) receptores de treonina

– serina quinases do tipo I (AL4/ALK7) e o complexo de receptores de Activina do tipo

II, para a ativação de vias de sinalização que envolvem SMAD 2, 3 e 4; ii) interação

com Activinas A/B e TGFβ1, interferindo na ligação destes aos seus receptores e

diminuindo sua resposta em diferentes tipos celulares (BIANCO et al., 2005;

KLAUZINSKA et al., 2014; MINCHIOTTI et al., 2001). Ativinas e TGFβ1 são potentes

inibidores do crescimento celular, especula-se que o antagonismo desses fatores pelo

CR1 é um dos mecanismos pela qual regula e promove a tumorigênese (SHANI et al.,

2008); iii) receptor de superfície celular Glipican, o que leva à fosforilação da tirosina-

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quinase citoplasmática c-Src e a ativação de MAPK, fosfatidilinositol 3 quinase (PI3K) e

proteína quinase B (Akt), vias de sinalização que regulam a proliferação celular,

motilidade e sobrevivência celular (BIANCO et al., 2005; RANGEL et al., 2012).

O envolvimento de CR1 com as vias de sinalização Src/MAPK, PI3K/AKT e

SMAD2/3 também se dá por meio da ligação com GRP78. Interferências na ligação

CR1/GRP78 atenua os efeitos de CR1 sobre a sinalização das Activinas A e B, TGFβ1

e Nodal, além de inibir a ativação das vias de sinalização c-Src, Erk/MAPK e PI3K/Akt

(GRAY, VALE, 2012; KELBER et al., 2009).

CRIPTO1 ainda realiza cross-talk com as via WNT/β-catenina/Tcf na medida em

que se liga aos receptores de lipoproteínas de baixa densidade, LRP5 e 6, facilitando

sua ligação à WNT3A (NAGAOKA et al., 2013).

Postovit e colaboradores (2007) também demonstraram a regulação de NODAL -

correceptor obrigatório de CR1 – por NOTCH4, evidenciando a ligação entre as vias

Notch e NODAL/CR1. Em uma via paralela, CR1 regula a expressão do receptor de

NOTCH por ligar-se à forma ancorada do receptor presente no retículo

endoplasmático/complexo de Golgi, promovendo sua clivagem e translocação para a

membrana plasmática, com potencialização da via de sinalização NOTCH e,

consequentemente, da expressão gênica de NODAL, alvo primário desta via em

diferentes modelos celulares (WATANADE et al., 2009).

Embora CR1 não tenha a capacidade de ligação a receptores do tipo tirosina

quinase (EGFR, ErbB2, ErbB3 e ErbB4) devido à modificação existente em seu

domínio EGF, uma possível interferência de CR1 na sinalização de ErB4 tem sido

sugerida, contando ainda, com a participação da molécula Tomorregulina 1 (BIANCO et

al., 1999; SRINIVASAN et al. 2000).

Por fim, CR1 também modula a via de sinalização Apelina e seu receptor APJ

durante a embriogênese cardíaca, sendo ambos genes alvos “downstream” da

sinalização mediada por CR1.

Na literatura diversos fatores já foram descritos regulando a expressão/ação de

CR1, dentre eles destacam-se TGFβ1, Wnt/β-catenina, Nanog, OCT4 e HIF1α,

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positivamente, e Caveolina 1, BMP4, netrina 1 e GCNF, negativamente (NAGAOKA et

al., 2011; RANGEL et al., 2012).

1.4 A Placenta como objeto de estudo

A implantação do embrião no estroma uterino é um evento biológico de

fundamental importância para o desenvolvimento do embrião humano e de roedores.

Nestas espécies, a implantação inclui uma ação invasiva por parte de células

trofoblásticas, que revestem externamente o embrião/feto por toda a gestação e que

medeiam toda e qualquer comunicação materno-fetal (AMOROSO, 1955; RED-

HORSE, 2004).

A atividade invasiva das células trofoblásticas assemelha-se em muitos aspectos

à invasão tumoral, porém, sendo espacial e temporalmente contida durante a gestação.

Muitos fatores de restrição invasiva do trofoblasto têm sido descritos na literatura nas

últimas décadas e incluem fatores endócrinos, parácrinos e inúmeras outras moléculas

de sinalização. Apesar desses estudos, os mecanismos reguladores deste processo

ainda não foram completamente elucidados (BISCHOF, CAMPANA, 2000; TACHI et

al., 1970).

A presença de CR1 na interface materno-fetal em humana pode ser mais um

desses fatores que contribuem para a regulação da atividade invasiva do trofoblasto

como ocorre em tumores de modo geral. Neste contexto, o estudo da expressão de

CR1 em células trofoblásticas como modelo de estudo para a compreensão de seus

efeitos (migratórios, invasivos e angiogênicos), torna-se ainda mais relevante na

medida em que pode adicionar informações para a compreensão de processos de

regulação da gestação, seja ela normal ou patológica (com distúrbios de invasividade).

1.4.1 Estrutura placentária

A placenta humana é um órgão formado por estruturas de diferentes origens,

morfologia e funções: o cório frondoso (porção fetal) e a decídua basal, parte da

mucosa uterina que também contem células trofoblásticas invasivas.

Este órgão desempenha múltiplas críticas funções durante a gestação. São

exemplos do seu papel vital: i) o redirecionamento do sistema endócrino materno com

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consequente alteração das condições uterinas e metabólicas para a continuidade da

gestação (VAUSE, SAROYA, 2005); ii) ativação de mecanismos de tolerância

imunológica sistêmica ou local, no ambiente materno-placentário (THELLIN, HEINEN,

2003); iii) estabelecimento de um circuito vascular onde células trofoblásticas

substituindo células endoteliais mantém contato direto com o sangue materno, com

quem realizam trocas metabólicas e gasosas (PLAISIER, 2010); iv) diálogo materno-

embrionário que se estabelece a partir da secreção de numerosas substâncias pela

unidade placentária, tais como hormônios, fatores de crescimento, citocinas,

eicosanóides e outras moléculas bioativas sintetizadas (RED-HORSE et al., 2004).

Estruturalmente as regiões de trocas estão representadas pelo cório frondoso,

constituído por ramificações digitiformes da placa coriônica, as vilosidades coriônicas.

Estas estruturas são revestidas por trofoblasto (sinciciotrofoblasto em posição mais

externa e citotrofoblasto mais internamente), que descansa sobre um mesênquima rico

em macrófagos (células de Hofbauer) e vasos fetais.

A maioria das vilosidades coriônicas é flutuante e está em intimo contato com o

sangue materno presente no espaço entre estas estruturas, o espaço interviloso. Nas

extremidades livres destas estruturas (vilosidades terminais) abundam capilares fetais,

enquanto que nas demais, vasos de diferentes complexidades (BENIRSCHKE et al.,

2006; BOYD, HAMILTON, 1970). O sangue arterial materno entra na placenta pelas

artérias uterinas espiraladas. Na interface de contato com a placenta estes vasos

terminam como canais abertos, extravasando o sangue diretamente nos espaços

intervilosos. O sangue interviloso retorna à circulação materna, drenado por veias

uterinas, também em contato com o interstício placentário.

Algumas vilosidades aderem à placa basal na face voltada para o endométrio,

sendo denominadas de vilosidades de ancoragem. Nestes locais ocorre a proliferação

das células citotrofoblásticas que ultrapassam os limites da vilosidade, invadem o

estroma endometrial e assumem diferentes funções, sendo referidas em conjunto como

citotrofoblasto extraviloso (BENIRSCHKE et al., 2006). Esta interface caracteriza a

porção materna da placenta que também contêm células deciduais, células

imunológicas e componentes vasculares.

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Essa invasão do tecido uterino pelas células do citotrofoblasto extraviloso inicia-

se no endométrio alcançando o terço superior do miométrio. Estas células alcançam o

leito vascular arterial, onde promovem o remodelamento das artérias espiraladas

uterinas, substituindo a musculatura lisa e células endoteliais. Essa atividade invasiva

das células trofoblásticas contribui para a diminuição da resistência vascular na

placenta e limita a atividade de fatores vasoativos nos domínios placentários, condição

relevante para a manutenção de suprimento nutricional e gasoso na interface vilosa de

trocas materno-fetais.

1.4.2 A placenta acreta

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 290 mil

mulheres morreram no mundo, no ano de 2010, por complicações durante a gestação

ou após o parto. Desse valor, 99% dos casos ocorreram em países em

desenvolvimento, com uma incidência de 240 mortes a cada 100 mil nascimentos, em

sua maior parte devido ao severo sangramento ocorrido no pós-parto (WHO, 2012).

A placentação anormal é uma das complicações gestacionais mais

frequentemente associada a casos de hemorragia pós-parto. Nessa categoria, inclui-se

também o acretismo placentário como um fator de extrema relevância e responsável

pelas histerectomias adotadas como medida profilática. Placentas acretas são

responsáveis pela considerável morbidade desses casos (BAUER; BONANNO, 2009;

DASKALAKIS et al., 2007; HOFFMAN et al., 2010; SHELLHAAS et al., 2009).

O acretismo, condição apenas diagnosticada após 1930 (IRVING; HERTIG,

1937), apresentou um aumento de 10 vezes na sua incidência até 1980 (1:2.510)

(PRIDJIAN et al., 1991) e foi ainda maior em 2002 (1:533) (WU et al., 2005). Esse

aumento tem se correlacionado ao aumento nas taxas de partos com intervenção

cirúrgica (cesárea), que juntamente com a placentação prévia representa o maior fator

de risco no desenvolvimento do acretismo (CLARK; SILVER, 2011; MILLER et al.,

1997; SOFIAH; FUNG, 2009; USTA et al.,2005).

Placentas acretas são histologicamente caracterizadas pela ausência de

decídua, com contato direto do tecido viloso com o miométrio subjacente

(BENIRSCHKE et al., 2006) e por isso, consideradas entre muitos autores como uma

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patologia totalmente iatrogênica (JAUNIAUX; JURKOVIC, 2012). A etiologia da doença

é atribuída à consequente falta de modulação direta das células deciduais sobre as

células trofoblásticas extravilosas (EVTs) (IRVING et al., 1937; MILLER et al., 1959;

FOX, 1972; HUTTON et al., 1983). Corroborando essa hipótese, estudos

demonstraram que a probabildade de desenvolvimento da placenta acreta aumenta na

presença de placentação prévia (CLARK et al., 1985; SILVER et al., 2006), a qual tem

sua inserção em pontos uterinos onde a decidualização é menos intensa (KHONG,

2008). Essa probabilidade aumenta ainda de forma expressiva quando o fator “placenta

prévia” é associado à existência de uma cicatriz uterina anterior, região que tampouco

apresenta decidualização (MILLER et al., 1997).

Por outro lado, trabalhos relevantes também sugerem que uma invasão

excessiva pelas células trofoblásticas pode contribuir para essa patogenia (CRAMER et

al.,1987; KIM et al., 2004; STANEK et al., 2007). Em suma, o que se verifica é uma

patogenia complexa que inclui a interação de fatores – uma decidualização com

deficiências ou inexistente, juntamente com a atividade invasiva atípica por parte do

trofoblasto, promovendo o estabelecimento de uma vascularização uteroplacentária

aberrante e uma placenta aderida de forma anormal ao útero (BENIRSCHKE et al.,

2006; KHONG; ROBERTSON, 1987). A invasão anormal do miométrio é acompanhada

de neovascularização placentária típica de placentas acretas, onde o remodelamento

vascular exacerbado geralmente atinge as artérias radial, arqueada e parametriais,

vasos que pelo aumentado calibre dificilmente retornarão à homeostasia após o

descolamento da placenta (CHOU et al., 2002; KHONG; ROBERTSON, 1987; SHIH et

al., 2002; TSENG et al., 2006).

Atualmente o acretismo é caracterizado de acordo com o grau de invasão das

células trofoblásticas extravilosas na camada miometrial, sendo a inserção superficial,

profunda ou ultrapassando a serosa - podendo até alcançar estruturas adjacentes,

como bexiga e ureteres – gerando as denominações placenta acreta, increta ou

percreta, respectivamente (BELFORT, 2010; BENIRSCHKE et al., 2006; FOX; SEBIRE,

2007).

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1.4.3 Coriocarcinoma

O termo coriocarcinoma foi cunhado pela primeira vez por Ewing em 1910, que

agrupava todas as doenças placentárias conhecidas sob a denominação de “corioma”

(HUI, 2011). Atualmente, as “Doenças Trofoblásticas Gestacionais” (DTGs)

reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (WHO) contemplam uma gama

heterogênea de condições originárias do desenvolvimento anormal do tecido

placentário, com variados níveis de proliferação, tanto não neoplásicas, quanto

neoplásicas – também chamados tumores trofoblásticos (Tabela 1) (BENIRSCHKE et

al., 2006).

Tabela 1 - Classificação das DTGs segundo a Organização Mundial da Saúde

Molas hidatiformes Neoplasias trofoblásticas

Lesões trofoblásticas não neoplásicas e não molares

Mola completa Mola parcial Mola invasiva Mola metastática

Coriocarcinoma

Tumor trofoblástico

de sítio placentário

Tumor trofoblástico

epitelióide

Nódulo e Placa de sítio placentário

Sítio placentário exagerado

Fonte: Tavassoli et al., 2003 in Benirschke et al., 2006

Dentro do espectro de doenças trofoblásticas gestacionais diferenciam-se as

neoplasias trofoblásticas gestacionais (NTGs), lesões malignas e metastáticas oriundas

das DTGs e que representam um sério risco de morte quando não tratadas

adequadamente, sendo o coriocarcinoma a mais agressiva destas lesões (BUZA; HUI,

2010; KANEHIRA et al., 2013).

O coriocarcinoma é um tumor maligno altamente agressivo, porém

extremamente responsivo à quimioterapia, caracterizado por expressivo grau de

invasividade. Geralmente, sua manifestação é precedida pela condição gestacional,

seja ela normal, com feto natimorto, ectópica, com aborto espontâneo, ou gestação

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molar, sendo esta última condição responsável pelo aumento significativo (1000-2000

vezes) na probabilidade de desenvolvimento do coriocarcinoma (ALTIERI et al., 2003;

BUCKELY, 2006; MORGAN; LURAIN 2008). Percentuais de incidência são descritos

na literatura atribuindo 50% de chances de desenvolvimento de um coriocarcinoma

após uma mola hidatiforme, 25% após um aborto espontâneo, 22,5% após uma

gestação normal e 2,5% após uma gravidez ectópica (BENIRSCHKE, 2006; BENTLEY,

2003). Casos de coriocarcinoma intraplacentário também são relatados, onde o tumor

apresenta-se rodeado por uma estrutura vilosa aparentemente normal; no entanto, o

diagnóstico pré- e pós-natal é fundamental para evitar possíveis metástases na mãe e

feto (BENIRSCHKE, 2006; LIU; GUO, 2006). Em um estudo de caso, a análise

genética do tumor intraplacentário demonstrou o compartilhamento de 10 loci

polimórficos entre o tecido tumoral e o restante da placenta, descartando uma origem

não gestacional derivada de células germinativas (KANEHIRA et al., 2013). O período

de manifestação de um coriocarcinoma após a gestação varia de meses a anos – um

dos casos reportados mais impressionante é o de uma senhora de 73 anos que

desenvolveu o tumor 23 anos após o último parto (DESAI et al., 2010; HUI, 2011).

Coriocarcinomas não gestacionais também são encontrados, oriundos de células

germinativas femininas ou masculinas; esses tumores, entretanto, são resistentes à

quimioterapia e tem mal prognóstico (NOGALES et al., 2003). Microscopicamente o

tumor apresenta-se como uma rede intrincada de células, com células citotrofoblásticas

dispostas em cordões rodeados por aglomerados de sinciciotrofoblasto. Além disso, o

coriocarcinoma apresenta grande heterogeneidade nuclear; mitoses são frequentes

nas células do citotrofoblasto. Durante o estabelecimento do tumor, as células

trofoblásticas invadem o miométrio e erodem vasos, produzindo intensa hemorragia, o

que explica a presença de proeminentes zonas hemorrágicas e necrose tecidual

encontrada nos casos de coriocarcinoma. Não há a formação de vilosidades,

diferenciando o coriocarcinoma das molas hidatiformes. A alta capacidade imunogênica

deste tumor é uma de suas principais características, assim como a não

responsividade destas células à ação inibitória de TGFβ1 e de moléculas da matriz

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extracelular do tipo decorim (BAGSHAWE, 1969; BENIRSCHKE et al., 2006; GENEST

at el., 2003; GOLDSTEIN; BERKOWITZ, 1982; OBER et al., 1971).

A intensa vascularização desses tumores favorece a formação de metástases,

com sítios preferenciais nos pulmões e cérebro (OBER et al., 1971) com o agravante

de provocarem hemorragias também nestes órgãos (ACOSTA-SISON, 1958; HUI,

2011; SMITH et al., 2005). Metástases atribuídas ao coriocarcinoma podem ser

“transmitidas” pela doação de órgãos (BRAUN-PARVEZ et al., 2010).

Embora existam controvérsias nos estudos epidemiológicos que apontam fatores

de risco para o desenvolvimento do coriocarcinoma (dentre eles, dieta, paridade,

contribuição paterna de alelos, imprinting gênico, idade materna, uso de contraceptivos

orais e gestações molares prévias), um fator parece ser consenso entre os

pesquisadores – o genético (BENIRSCHKE, 2006; HUI, 2011; SLIM et al., 2011; SMITH

et al., 2003). A taxa de incidência da doença varia de população para população. Na

Europa e Estados Unidos, por exemplo, o coriocarcinoma afeta 1 a cada 40.000

gestações, sendo a população afro-descendente mais afetada do que a caucasiana

(HERTIG et al., 1956; SMITH et al., 2003).

O diagnóstico de coriocarcinoma normalmente inclui episódios de sangramento

vaginal recorrentes sem motivo aparente e titulações muito aumentadas de β-hCG,

produzido pelas células trofoblásticas em molas hidatiformes e coriocarcinomas. A

confirmação do diagnóstico, entretanto, depende de exames de raios-X e ressonância

magnética. O tratamento envolve curetagem, quimioterapia e na maioria das vezes,

histerectomia (LURAIN, 2011; SOPER et al., 2004;).

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2 OBJETIVOS

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2.1 Objetivo geral

Nosso trabalho pretende verificar a presença e o padrão da expressão de

CRIPTO em placentas normais e com distúrbios de invasividade, e ainda, avaliar uma

possível associação entre os efeitos desencadeados pela expressão da proteína e os

processos celulares de invasão, migração e proliferação nas células da linhagem

trofoblástica humana HTR8-SVneo.

2.2 Objetivos específicos

Este estudo visa especificamente:

1. Verificar a localização tecidual de CR1 em placentas humanas de primeiro

trimestre e a termo e em placentas com distúrbios de invasividade (placentas

acretas e coriocarcinoma) (localização tecidual).

2. Verificar a expressão de CRIPTO1 e CRIPTO3 em células do citotrofoblasto

extraviloso de placentas saudáveis e em linhagem de célula citotrofoblástica

humana HTR8/Sv-neo

3. Analisar possíveis ações de CR1 sobre as células HTR8/Svneo com ensaios

de invasão, migração e sobrevivência utilizando a proteína recombinante CR1

e o silenciamento de CR1 com RNA de interferência.

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3 MATERIAIS E MÉTODO

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3.1 Procedências

Ambion – Ambion®, Life Technologies, Carlsbad, CA, EUA

Amersham – Amersham Pharmacia, GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino Unido

Applied Biosystems – Applied Biosystems®, Life Technoloiges, Carlsbad, CA, EUA

BioAmerica - BioAmerica Inc., Miami, FL, USA

BD – BD Biosciences, Franklin Lakes, NJ, USA

Biodinâmica - Biodinâmica Química e Farmacêutica LTDA, PR, Brasil

Bio-Rad – Bio-Rad Laboratories, Hercules, CA, USA

Carl Zeiss – Carl Zeiss Microscopy, NY, USA

Cell Marque – Cell Marque Corporation, CA, USA

Cell Signaling – Cell Signaling Technology Inc, Danvers, MA, EUA

Cultilab - Cultilab Meios para Cultivo Celular Ltda, Campinas, SP, Brasil

Dako – Dako, Glostrup, Dinamarca

Eppendorf – Eppendorf AG, Hamburgo, Alemanha

Falcon – Falcon, Becton Dickinson Labware, Franklin Lakes, NJ, EUA

Fermentas – Fermentas, Thermo Scientific, Pittsburgh PA, EUA

GE – GE Healthcare, Buckinghamshire, Reino Unido

Gibco – Gibco®, Life Technologies, Carlsbad, CA, USA

Guava – Guava Technologies Inc., Hayward, USA

GraphPad – GraphPad Software, Inc. , La Jolla, CA, USA

IDT – Integrated DNA Technologies, Iowa, EUA

Invitrogen – InvitrogenTM, Life Technologies, Carlsbad, CA, EUA

KPL – KPL, Kirkegaard & Perry Laboratories, Inc., Washington DC, USA

Merck – Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha

Millipore – Merck Millipore, Billerica, MA, EUA

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Pierce – Pierce, Thermo Scientific, EUA

Promega – Promega Coorporation, Madison, WI, EUA Roche

R&D – R&D Systems, Inc., Minneapolis, MN, USA

Santa Cruz – Santa Cruz Biotechnology Inc, Santa Cruz, CA, EUA

Sigma – Sigma Aldrich, St Louis, MO, USA

Spring – Spring Bioscience Inc, Pleasanton, CA, USA

Thermo – Thermo Fisher Scientific, Wilmington, DE, USA

TPP – TPP Techno Plastic Products AG, Trasadingen , Switzerland

Vector – Vector Laboratories Inc., Burlingame, CA, USA

Zymo – Zymo Research, Orange, CA, USA

3.2 Parte 1. Imunolocalização de CRIPTO1 em placentas saudáveis e

comprometidas com distúrbios de invasividade

3.2.1 Obtenção das Amostras

3.2.2 Blocos de Parafina oriundos de Arquivo Médico

A partir do levantamento de casos existentes nos últimos dez anos no banco de

dados do Departamento de Obstetrícia do Hospital das Clínicas da Universidade de

São Paulo (HC-USP), foram selecionados casos de gestações saudáveis e com

distúrbios de invasividade. Com esses dados, blocos de parafina dessas placentas

pertencentes ao acervo da Divisão de Patologia do HC-USP foram obtidos e utilizados

para a imunolocalização de CRIPTO. Todas as amostras submetidas a reações

imunohistoquímicas ou simplesmente coradas rotineiramente pela hematoxilina e

eosina foram checadas pela patologista Dra Regina Schultz (Faculdade de Medicina,

USP) quanto a presença de invasividade trofoblástica. Foram utilizados blocos de

parafina de nove placentas saudáveis, de 6 placentas acretas, de 10 placentas

incretas, de 15 placentas percretas e, de 5 coriocarcinomas placentários.

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3.2.3 Amostras de Placentas Humanas de Primeiro Trimestre

Blocos de parafina de placentas humanas de primeiro trimestre foram gentilmente

cedidos pelo Dr. Martin Knofler, do “Department of Obstetrics and Fetal-Maternal

Medicine”, da Universidade Médica de Viena. Todas as amostras coletadas foram

provenientes de abortos eletivos e sem complicações, entre a 6ª e 12ª semana de

gestação, na clínica Gynmed, contando com consentimento legal e assinatura de termo

de consentimento livre e esclarecido por parte das pacientes. O comitê de ética da

Universidade Médica de Viena, em processo existente na Unidade de Biologia da

Reprodução dessa Universidade, aprovou o uso destas placentas, as quais foram

utilizadas respeitando os princípios éticos, práticos e de biossegurança das leis

internacionais.

3.2.4 Imunolocalização de CRIPTO1, Citoqueratina e Vimentina em Placentas

Saudáveis e Patológicas

A partir dos blocos provenientes do acervo da Divisão de Patologia do HC-USP

foram obtidos cortes de 5 µm de espessura. Estes espécimes, recolhidos em lâminas

histológicas silanizadas (Biodinâmica) foram desparafinizados, hidratados e submetidos

à coloração de rotina (Hematoxilina e Eosina) (Sigma) e à reações imunohistoquímicas

para a localização de CRIPTO 1 (Santa Cruz), Citoqueratina-7 (marcador para células

trofoblásticas, Cell Marque) e Vimentina (marcador de células de origem mesenquimal,

Cell Marque) seguiu os seguintes procedimentos:

1. Bloqueio da peroxidase endógena - 10% de peróxido de hidrogênio (H2O2,

Sigma) diluído em tampão fosfato-salina (PBS, Sigma) 0,1M (v/v), por 10

minutos a temperatura ambiente (T.A.).

2. Três lavagens consecutivas com PBS por 5 minutos a T.A.

3. Bloqueio dos sítios antigênicos inespecíficos - incubação com albumina sérica

bovina (BSA, Sigma) 3% em PBS (m/v) por 1 hora (T.A.), seguido por de uma

incubação adicional de mais uma hora (T.A.) com BSA 3% em PBS 0,1M +

tampão de bloqueio SuperBlock (Pierce) na proporção de 1:1 (v/v), em câmara

úmida.

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4. Incubação com o anticorpo primário policlonal (coelho) anti-CRIPTO 1 humano

(Santa Cruz), na concentração de 1:50 em solução de PBS/BSA 3%, overnight a

4° C, em câmara úmida.

5. Três lavagens consecutivas com PBS (5 min, T.A.)

6. Incubação com o anticorpo secundário anti IgG de coelho (cabra) conjugado

com peroxidase (KPL), na concentração de 1:100 em PBS (v/v), por 1 hora

(T.A.), em câmara úmida.

7. Três lavagens consecutivas com PBS (5 min, T.A.)

8. Revelação da atividade enzimática com 3,3’-diaminobenzidina utilizando kit

Sigma Fast TM (Sigma) o reagente segundo as recomendações do fabricante.

9. Lavagem em água corrente por 5 minutos.

10. Contracoloração com hematoxilina de Mayer (Sigma) por 1 minuto (T.A.)

11. Montagem da lâmina com lamínula de vidro e Entellan® (Merck)

12. Fotodocumentação em microscópio de luz convencional Axioshop 2 (Carl Zeiss),

acoplado ao sistema de captura Axio Vision 4.7 (Carl Zeiss).

A imunolocalização de citoqueratina-7 e vimentina seguiu os mesmos passos

descritos para CRIPTO1, exceto que foram submetidas a resgate antigênico utilizando-

se o kit Trillogy (Cell Marque), de acordo com as instruções do fabricante. Os

anticorpos primários utilizados foram anti-citoqueratina 7 (Cell Marque) e anti-vimentina

(Cell Marque) humanos, na concentração de 1:350 e 1:250, respectivamente, em

solução de PBS/BSA 3%, por 1 hora à T.A., em câmara úmida. Este material foi então

incubado com os reagentes do kit “Reveal” (Spring), de acordo com as instruções do

fabricante.

3.2.5 Análise Quantitativa das Reações Imunoistoquímicas

As imagens adquiridas foram capturadas com uma objetiva × 10, com 1388 x

1040 pixels e uma resolução de quatro pixels/μm2. A quantificação foi realizada em

cinco imagens de cada amostra a partir de cinco blocos de parafina selecionados

aleatoriamente para cada grupo, resultando em 25 imagens por grupo. A análise

quantitativa foi realizada utilizando-se o software ImageJ 1.43 (NIMH, NHI, Bethesda,

MD, EUA, http://rsweb.nih.gov/ij/). As áreas de imunoreativas foram segmentadas em

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diferentes canais utilizando-se o pluggin Color Deconvolution (Gabriel Landini,

http://www.dentistry.bham. ac.uk/landinig/software/software.html), estimando-se assim

o número de pixels contido dentro do perímetro segmentado, os quais foram

normalizados e expressos em micrômetros quadrados (µm2).

3.2.6 Análise Estatística

Resultados foram expressos como media ± desvio padrão. A análise estatística foi

realizada utilizando-se o teste não paramétrico ANOVA (Kruskal–Wallis) e pós-teste de

Dunn para múltiplas comparações, por meio programa PRISM Graph Pad para

Windows (versão 5). O nível de significância foi estabelecido para p < 0,05.

3.3 Parte 2. Expressão de CRIPTO1 e CRIPTO3 em células do citotrofoblasto extraviloso de placentas saudáveis e em linhagem de células citotrofoblásticas HTR8/Sv-neo

3.3.1 Obtenção das amostras

3.3.1.1 Obtenção de células do citotrofoblasto extraviloso de placentas a termo

saudáveis

3.3.1.1.1 Aprovação do protocolo experimental por Comissões de Ética..

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Pesquisa Humana das Instituições

envolvidas: Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), HU-USP e HC-FMUSP (em

anexo). As pacientes foram previamente informadas e as amostras obtidas utilizadas

sob o expresso consentimento destas (assinatura do termo de doação de material

biológico para pesquisa) em formulário próprio de acordo com o Ministério da Saúde.

33..33..11..11..22 CCrriittéérriiooss ddee iinncclluussããoo ee eexxcclluussããoo..

Foram consideradas elegíveis para o delineamento do estudo: i) mulheres que não

apresentaram histórico de uso de drogas terapêuticas durante a gestação e, com

reações sorológicas negativas para HIV, sífilis e hepatite B; ii) gestantes que realizaram

acompanhamento pré-natal a partir da 28a semana de gestação e parto na Divisão de

Obstetrícia do HU-USP ou HC-USP. Foram critérios de exclusão: gestação gemelar,

prematuridade extrema (parto antes da 28a semana de gestação) e qualquer patologia

associada ou não à gestação, seja esta de caráter auto-imune, infeccioso ou genético.

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3.3.1.1.3 Coleta das amostras.

A coleta das amostras respeitou os princípios éticos, práticos e de biossegurança

estipulados pelo Ministério da Saúde e condizentes com as exigências impostas pela

Comissão de Ética em Pesquisa Humana de todas as Instituições envolvidas. As

considerações éticas foram baseadas no uso do material para fins científicos, com

sigilo da identidade do paciente, sem que estes venham a constranger instituições ou

pessoas envolvidas. As coletas respeitaram os protocolos técnicos do hospital e dos

médicos envolvidos.

Foram selecionadas placentas de dez gestantes saudáveis durante o período

desse estudo. As placentas a termo de gestações saudáveis (38 a 40 semanas de

gestação) foram obtidas no Hospital Universitário (HU-USP) por cesárea eletiva e

utilizadas desde que os recém-nascidos fossem saudáveis.

Após a remoção cirúrgica da placenta, amostras representativas da interface

materno-placentária (decídua e trofoblasto) foram imediatamente coletadas e mantidas

em tampão fosfato-salina (PBS) 0,1M estéril. Ainda em sala anexa ao centro obstétrico,

essas amostras eram recortadas em fragmentos menores que foram então

transportados em recipientes termicamente isolados contendo tampão PBS 0,1 M

estéril em condições assépticas, até o Laboratório de Estudos da Biologia do

Trofoblasto no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, onde eram processadas.

33..33..11..11..44 PPrroocceessssaammeennttoo ddaass AAmmoossttrraass..

As amostras de placentas com distúrbios de invasividade diagnosticadas clínica e

laboratorialmente foram encaminhadas para análise anátomo patológica para

confirmação de diagnóstico e inserção no grupo desse estudo.

33..33..11..11..55 IIssoollaammeennttoo ddaass ccéélluullaass ddoo CCTTEEVV ddee ppllaacceennttaass aa tteerrmmoo..

A obtenção de células trofoblásticas extravilosas a partir da placa basal de

placentas a termo saudáveis e com acretismo placentário seguiu o protocolo descrito

por Borbely e colaboradores (2014). Resumidamente, amostras de placentas a termo

de gestantes saudáveis foram dissecadas sob estereomicroscópio para a obtenção de

áreas de placenta fetal. Estas amostras foram sucessivamente lavadas com PBS para

remoção de coágulos e eritrócitos e submetidas à digestão enzimática com colagenase

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tipo II (Sigma) diluída em PBS. O sobrenadante foi então coletado e a ação enzimática

inativada com soro (SBF, Cultilab) a 10% em DMEM-F12 (Gibco). A suspensão de

células foi sequencialmente centrifugada e os precipitados coletados. As células

presentes no pellet final foram suspensas e fracionadas por gradiente contínuo de

densidade em solução isotônica de PercollTM Plus (Sigma). As células trofoblásticas

obtidas nas densidades entre 1.048 e 1.062 (gradientes entre 60% e 30%) foram

colhidas e imediatamente centrifugadas, contadas em câmaras hematológicas. As

taxas de viabilidade foram determinadas pela técnica de exclusão de células mortas

pelo azul de Trypan (Sigma).

As células citotrofoblásticas isoladas foram armazenadas a -80° C em tampão

RIPA ou em Trizol® (Invitrogen) para a análise proteica e de expressão gênica,

respectivamente.

33..33..11..11..66 CCéélluullaass cciittoottrrooffoobblláássttiiccaass eexxttrraavviilloossaass ddee pprriimmeeiirroo ttrriimmeessttrree

Amostras de cDNA de placentas humanas de primeiro trimestre foram gentilmente

cedidos pelo Dr. Martin Knofler, do “Department of Obstetrics and Fetal-Maternal

Medicine”, da Universidade Médica de Viena. Assim como os blocos de parafina, todas

as amostras coletadas foram provenientes de abortos eletivos e sem complicações,

entre a 6ª e 12ª semana de gestação, na clínica Gynmed, contando com consentimento

legal e assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido por parte das

pacientes.

33..33..11..11..77 CCuullttuurraa ddee CCéélluullaass ddaa LLiinnhhaaggeemm TTrrooffoobblláássttiiccaa HHTTRR88 SSVV--nneeoo

Células da linhagem HTR8 SV-neo derivadas de células citotrofoblásticas humanas

de primeiro trimestre (gentilmente cedidas pelo Dr. Charles Graham, Queen’s

University, Kingston, Ontario, Canada) foram plaqueadas na concentração de 2x106

células/poço (placa 24 poços, TPP) em meio padrão: DMEM-F12 (Gibco) acrescido de

10% de SBF, 100 UI/mL de penicilina, 1 µg/mL de estreptomicina, 25 µg/mL de

anfotericina B e 5 µg/mL de gentamicina (Sigma) e mantidas em estufa úmida a 37° C

contendo 5% de CO2. As culturas eram mantidas até a confluência quando eram

repicadas e replaqueadas.

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3.3.2 Análise da expressão gênica por RT-PCR seguida de PCR

Para a analise da expressão gênica, as amostras previamente congeladas foram

homogeneizadas em Trizol (Invitrogen), utilizando-se tubos CK14 (Precellys® Kit CK14)

contendo microesferas de cerâmica para homogeneização mecânica no equipamento

Precellys® (BioAmerica) em 2 ciclos de 20 segundos. Utilizou-se cerca de 1x105 células

para cada 300 µL de Trizol. O RNA total foi isolado de acordo com as instruções do

fabricante, seguidas da precipitação do RNA com etanol gelado.

O precipitado foi diluído em água livre de RNase (DEPC, Sigma) e cerca de 1 µg

de RNA total foi tratado com DNase I (Invitrogen, a 25ºC por 15 min), recebendo então

1 µL de EDTA (do inglês ethylenediamine tetraacetic acid ou ácido etilenodiamino tetra-

acético, Sigma), e submetido à 70° C por 10 minutos para a inativação da enzima). O

RNA extraído foi quantificado em um espectrofotômetro (Nano-Drop ND1000

Spectrophotometer, Thermo). Os valores aceitos foram aqueles em concordância com

Sambrook et al. (2001).

Para a geração de cDNAs, alíquotas de 1 μg do RNA total previamente

purificado e tratado com DNAse I foram submetidas a reação de transcrição reversa na

presença, utilizando-se: 2 µL do tampão específico para a atividade da enzima

transcriptase reversa (10x RT Buffer), 0,8 µL da mistura de dNTP, 2 µL de random

primers e 1 µL da enzima transcriptase reversa, todos do kit High Capacity cDNA (Life

Technologies) por 10 min a 25˚C, 120 min a 37˚C e 5 s a 85˚C, no termociclador

Eppendorf Mastercycler Ep. (Eppendorf). As amostras sempre correram em triplicata e

os experimentos foram repetidos pelo menos três vezes em diferentes ocasiões. Todas

as amostras foram quantificadas (Nadrop) e permaneceram a -20˚C até suas etapas

seguintes de uso.

Após a transcrição reversa, realizou-se a reação em cadeia da polimerase (PCR)

para detectar a expressão do RNA mensageiro de CRIPTO1 e CRIPTO3; para o

controle endógeno, foi utilizado GAPDH (Gliceraldeido-3-fofato desidrogenase). Os

primers utilizados e condições de ciclagem estão apresentados na Tabela 2. Para a

amplificação do cDNA utilizou-se: 18,30 μL de água Milli-Q, 2,5 μL de tampão de

reação 10X, 0,5 μL de dNTP, 1,50 μL MgCl2 (1,5 mM), 1 μL cDNA, 0,5 μL primer sense

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e 0,5 μL primer anti-sense e 0,2 μL da enzima Taq DNA polimerase (2,5 U, Invitrogen,

Carlsbad, CA, USA). O procedimento foi iniciado com 94° C por 3 minutos. A

amplificação foi realizada com 40 ciclos de 94° C por 45 segundos (desnaturação), 45

segundos de anelamento a temperatura específica de cada primer (ver Tabela 2) e 72°

C por 1 min (extensão).

O cDNA amplificado foi submetido a separação eletroforética em gel de agarose

1%, utilizando-se um marcador de peso molecular de DNA de 100 pares de bases

(Invitrogen, Carlsbad, CA, USA) para a confirmação do tamanho dos produtos

amplificados. O gel de agarose foi corado com 3 μL de brometo de etídio (Invitrogen)

para a visualização da imagem em transluminador G-Box Chemi (Syngene, Frederick,

MD, EUA) e análise densitométrica das bandas obtidas utilizando-se o programa

GeneSnap (Syngene, Frederick, MD, EUA). Os dados obtidos foram analisados quanto

a sua significância estatística (p ≤ 0,05) pelo teste ANOVA com pós-teste de Turkey no

software Prism® (GraphPad).

Tabela 2 - Primers utilizados para a reação em cadeia da polimerase e condições de

ciclagem

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Gene Alvo Primers Ciclagem

CRIPTO 1

(Teratocarcinoma-derived Growth factor1)

776pb

Sense: GCTACGACCTTCTGGGGAAAACG

Anti-sense: CTGGTCATGAAATTTGCATG

95° C – 3 minutos

95° C – 45 segundos

64° C – 45 segundos

72° C – 1 minuto

72° C – 10 minutos

CRIPTO 3 (Teratocarcinoma-derived

Growth factor 1 pseudogene 3) 431 pb

Sense: GCGTGTGCTGCCCATGGGA

Anti-sense: CGGGTCATGAAATTTGCATA

95° C – 3 minutos

95° C – 45 segundos

64° C – 45 segundos

72° C – 1 minuto

72° C – 10 minutos

GAPDH (Gliceraldeido-3-

fofato desidrogenase) 102 pb

Sense: CAAGAGCACAAGAGGAAGAGAG

Anti-sense:

CTACATGGCAACTGTGAGGAG

95° C – 3 minutos

95° C – 45 segundos

60° C – 45 segundos

72° C – 1 minuto

72° C – 10 minutos

CRIPTO (TDGF1 – primer qPCR)

Sense: CTGCCCAAGAAGTGTTCCCCT

Anti-sense: CGAGGTTGCTCATCCATCACA

95° C – 10 minutos

95° C – 15 segundos

60° C – 60 segundos

Curva de dissociação

YWHAZ (primer qPCR)

Sense: GCCACAATGTTCTTGGCCCATCAT

Anti-sense:

TGGTTGGTGACAAGACAGAAGGCT

95° C – 10 minutos

95° C – 15 segundos

60° C – 60 segundos

Curva de dissociação

40X

40X

40X

40X

40X

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3.3.3 Produto de RealTime q-PCR (Quantitative Polymerase Chain Reaction)

Para a verificação da padronização da cultura de HTR8-SVneo (conforme

descrito no item 3.4.1, adiante), utilizamos também a técnica de qPCR. Após a geração

de cDNA, de acordo com protocolo já descrito no item 3.3.3), reações de PCR

quantitativo, ou real time-PCR, foram efetuadas utilizando o reagente SYBR Green

PCR Master Mix (Applied Biosystems) no equipamento StepOnePlus (Applied

Biosystems). Os primers foram utilizados na concentração de 10 pmols/µL foram

obtidos pela IDT. Os primers específicos para esta técnica estão descritos na tabela 2.

Para todos os experimentos também foi amplificado o gene endógeno Ywhaz

(tyrosine3-monooxygenase/tryptophan 5-monooxygenase activation protein zeta

polypeptide), padronizado para amostras de placenta (MELLER et al., 2005, MURTHI

et al., 2008).

As amostras foram submetidas a 95° C por 10 min (desnaturação inicial), 40 ciclos de

15s a 95° C, 60 s a temperatura de anelamento específico para as oligossondas

conforme Tabela 2. Após a ciclagem, as amostras foram imediatamente submetidas à

curva de dissociação (Melt Curve): 95° C por 15 s, 60° C por 1 min e 15s para cada

intervalo de 0,3° C até 95° C. Os resultados foram analisados utilizando o software

StepOnePlus v2.1 (Life Technologies, EUA). O teste paramétrico de análise de

variância ANOVA (One-way ANOVA) com pós-teste de Turkey foi aplicado aos dados

amostrais através do software Prism® (GraphPad, San Diego, CA, EUA). Os valores

foram considerados estatisticamente relevantes quando p≤ 0,05.

3.3.4 Análise da expressão proteica por Western Blotting

Para a extração proteica, células previamente congeladas em freezer a - 80° C

foram imersas e maceradas em tampão RIPA (1% NP-40, 0,25% Na-desoxicolato,

1mM NaF , 150 mM NaCl, 1mM EDTA , 1mM PMSF , 1mM Na3VO4 , 50mM Tris-HCl ,

pH7,4, Sigma) acrescido do coquetel de inibidores de protease (150 mM de NaCl, 50

mM de Tris, 2 mM de EDTA, 1% NP-40, 1x Protease Mix, Sigma), de acordo com as

instruções do fabricante em tubos CK14 (BioAmerica) contendo microesferas de

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cerâmica, para homogeneização mecânica no equipamento Precellys® (BioAmerica)

em 2 ciclos de 20 segundos. As amostras foram então centrifugadas a 12.000 rpm, a 4°

C e o sobrenadante coletado. A concentração de proteína total foi determinada com o

auxílio de um espectrofotômetro (ELX 800, Bio-Tek Instruments, Inc., VT, USA) com

filtro de 595 ƞm, utilizando-se o método Bradford (Bio-Rad) segundo indicações do

fabricante (BRADFORD, 1976).

Após a determinação da concentração protéica 30 g de proteína de cada

amostra foram diluídas em tampão,). Após a quantificação, 30 μg de proteína total de

cada amostra foi diluída em 20 μL de tampão de amostra (85 mM Tris contendo 40 mM

DTT, 17% glicerol, 0,1% SDS e 0,4% azul de bromofenol diluídos em água milliQ, Bio-

Rad) e 0,05% de β-mercaptoetanol (Amersham), onde permaneceram por 5 min a 100

° C em placa de banho seco (DB-2A, TECHNE, Bibby Scientific Limited, Staffordshire,

UK), para desnaturação proteica. Em seguida, as amostras foram submetidas à

separação eletroforética em mini gel de poliacrilamida 12,5% (BioRad) com SDS-

PAGE, a uma voltagem de 100 V e corrente de 25 mA durante cerca de 2 horas em um

aparelho Mighty Slim SX 250 Power supply (Hoefer, San Francisco, CA, USA). Como

padrão de peso molecular, utilizou-se o padrão comercial Kaleidoscope (Bio-Rad, CA,

USA). Posteriormente, as proteínas separadas no gel foram transferidas para

membranas de nitrocelulose (Immobilon, 0,45 µm, Millipore) em tampão de

transferência (0,1 M glicina, 0,02 M Tris, 0,003 M SDS, 20% metanol e água MilliQ), a

uma voltagem constante de 100 V por 1 hora à 4° C em um equipamento de

transferência úmida (Bio-Rad, CA, USA).

Após a transferência, realizou-se o bloqueio de sítios inespecíficos; a membrana

foi então incubada com 5% leite desnatado (Molico) diluído em TBS-T (tampão tris-

salina-Twin-20, 0,05 M TRIS, 0,1 M NaCl, pH=7,6 e 0,1% Twin-20, Sigma), sob

agitação por 1 h, a T.A. Na sequência, a membrana foi incubada com TBS-T-5% leite e

a imunoglobulina de coelho (policlonal) anti-CRIPTO 1 humano (Santa Cruz), na

concentração de 1:1.000, sob rotação a 4° C, durante uma noite. Após lavagens em

TBS, a membrana foi incubada com o anticorpo secundário anti IgG de coelho (cabra)

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conjugado com peroxidase (KPL), na concentração de 1:2.000 em TBS-T, por 1 hora

(T.A.).

A membrana foi então revelada utilizando-se o Kit ECL (AdvanceTM Western

Blotting Detection, GE), seguindo as recomendações do fabricante. A detecção da

reação imunoquímica por quimioluminescência foi realizada em um transiluminador G-

Box Chemi HR (Syngene, Frederick, MD, EUA) com o auxílio do programa GeneSnap

(Syngene, Frederick, MD, EUA).

Em todos os experimentos, as membranas foram reutilizadas para incubação

com o anticorpo anti-β-actina, que foi utilizado como controle. Para isso, as membranas

foram então submergidas por 30 min a 50 ° C em uma solução contendo 2% SDS, 100

mM mercaptoetanol e 62,5 mM Tris-HCl para a remoção dos anticorpos anteriormente

incubados. Na seqüência, estas foram incubadas com: i) IgG de camundongo anti--

actina (Sigma, USA), na diluição 1:10.000 em TBS-T, por 1 hora a temperatura

ambiente; ii) IgG de cabra anti-IgG de camundongo conjugado a peroxidase (Sigma,

USA) na diluição 1:1000 em TTBS, por 1 hora à temperatura ambiente. A revelação foi

realizada da mesma forma descrita acima para a proteína CRIPTO1.

As bandas detectadas pelo método de quimioluminescência para CRIPTO 1 e β-

actina foram densiometricamente mensuradas pelo software ImageJ 1.43 (NIMH, NHI,

Bethesda, MD, EUA). Os dados foram expressos como média desvio padrão,

normalizados em relação a expressão de β-Actina e analisados quanto a sua

significância estatística (p ≤ 0,05) pelo teste ANOVA com pós-teste de Turkey

utilizando-se o programa GraphPad Prism para Windows (versão 3.0). Adotou-se o

limite de 5% para a significância estatística (p<0,05).

3.3.5 Análise da expressão proteica de CRIPTO1 nas células HTR8 por

imunoistoquímica

A imunomarcação para CR1 foi realizada em células cultivadas sobre lamínulas

(1,6x105 células/poço). O controle negativo deu-se pela omissão do anticorpo primário,

com substituição por soro do animal doador do anticorpo. Após o cultivo de 24 horas,

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as células HTR8-SVneo em lamínulas foram fixadas em paraformoldeído 3% por 20

minutos à T.A., e seguiram-se as seguintes incubações:

1. Três lavagens consecutivas com PBS pH 7.4 por 2 minutos à T.A

2. Incubação por 10 minutos à T.A. com 10mM de NH4Cl

3. Três lavagens consecutivas com PBS pH 7.4 por 2 minutos à T.A

4. Bloqueio de sítios antigênicos inespecíficos. com 2,5% de soro normal de

burro / 0,2% tween-20 em PBS pH7.4, por 15 minutos à T.A

5. Bloqueio de sítios antigênicos inespecíficos com gelatina de pele de peixe

peixe (fish skin gelatin) / 0,2% tween-20 em PBS pH7.4, por 15 minutos à T.A

6. Incubação com anticorpo primário anti-CRIPTO 1 humano na

concentração de 1:50, diluído na solução de bloqueio descrita no item 4,

overnight à 4° C, em câmara úmida

7. Três lavagens consecutivas com PBS pH 7.4 por 5 minutos à T.A

8. Incubação do anticorpo secundário anti IgG de coelho conjugado com

peroxidase e desenvolvido em cabra, na concentração de 1:100 em PBS (v/v), por 1

hora à T.A., em câmara úmida.

9. Três lavagens consecutivas com PBS pH 7.4 por 5 minutos à T.A.

10. Revelação da atividade enzimática utilizando o reagente “DAB Peroxidase

Substrate” segundo as recomendações do fabricante.

11. Três lavagens consecutivas com PBS pH 7.4 por 5 minutos à T.A.

12. Contracoloração com hematoxilina de Mayer (Sigma) por 1 minuto à T.A.

13. Montagem da lâmina com lamínula de vidro e Entellan®

14. Fotodocumentação em microscópio de luz convencional Axioshop 2,

acoplado ao sistema de captura Axio Vision 4.7

15. Confecção de pranchas morfológicas utilizando-se o Software Adobe

Photoshop CS5 versão 12.0

3.4 Parte 3. Possíveis ações de CR1 nas células HTR8/SVneo por meio de ensaios de invasão, migração e sobrevivência utilizando a proteína recombinante CR1 e o silenciamento de CR1 com RNA de interferência.

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3.4.1Tratamento das culturas de células HTR8-Sv-neo com CRIPTO1

Antecedendo o tratamento das células HTR8 com CR1 foi analisado o efeito da

depleção de soro sobre a expressão de CR1 por essas células. Esta avaliação é

imprescindível, uma vez que SBF não pode ser utilizado durante as técnicas de

silenciamento gênico e/ou o uso da proteína recombinante. Watanabe e colaboradores

(2007) mostraram que o SBF pode atuar como agente indutor da clivagem da âncora

GPI da proteína CRIPTO1, levando a resultados funcionais equivalentes ao uso de

proteína administrada exogenamente (proteína recombinante nas concentrações de

100 e 200 ng/mL).

Células HTR8 na concentração de 1x105 células/placa foram cultivadas por 18

horas em meio e condições padrão (conforme descritos no item 3.5.3), após o que o

meio foi substituído por outro similar, porém sem SBF; as culturas permaneceram cerca

de 6 horas nesse meio e então receberam CR1 recombinante (R&D), por adicionais 24

e 48 horas. Culturas controle foram mantidas com meio com soro bovino fetal.

Os grupos definidos nesses experimentos foram os seguintes: 1) células HTR8

cultivadas por 24 horas na presença de SBF 10% (controle); 2) células HTR8 cultivadas

por 18 horas na presença de SBF 10% e adicionais 6 horas com depleção total de

soro; 3) células HTR8 cultivadas por 18 horas na presença de SBF 10% e adicionais 6

horas com depleção total de soro e adicionais 24 horas de tratamento com CR1

recombinante na dose de 100ng/m; 4) células HTR8 cultivadas por 18 horas na

presença de SBF 10% e adicionais 6 horas com depleção total de soro e adicionais 48

horas de tratamento com CR1 recombinante nas doses de 0, 50,100 e 200 ng/mL.

Amostras foram então colhidas para análise proteica e gênica de CRIPTO 1 por

Western blot e/ou RT-PCR/PCR e qPCR, respectivamente, conforme descrito

anteriormente (itens 3.2.2 e 3.3.3).

3.4.2 Silenciamento do gene CRIPTO1 nas células HTR8

O silenciamento do gene CRIPTO1 foi realizado em culturas de células HTR8

apresentando cerca de 80% de confluência utilizando-se RNA de interferência,

conforme instruções do fabricante (Silencer® siRNA, Ambion, cat#AM16708 siRNA-ID:

138834). Brevemente, as células HTR8 foram cultivadas em placas de 24 poços com

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meio DMEM-F12 padrão sem antibióticos. Após 24 horas, o meio de cultivo foi

substituído por OptiMEM® (Life technologies) e as culturas transfectadas com o

oligonucleotídeo de interesse ou com o oligonucleotídeo scramble por um período de

24 horas. A lipofectamina (Life Technologies). foi utilizada nesses experimentos como

carreadora da transfecção. Após o período de transfecção, o meio de cultivo foi trocado

por meio DMEM-F12 padrão completo (acrescido de 10% SBF e antibióticos) e

mantidas em estufa úmida com 5% de CO2, a 37° C, por adicionais 24 horas. As

células foram então tripsinizadas e plaqueadas de acordo com os experimentos de

interesse (que se seguem descritos) ou armazenadas em 300 µL tampão RIPA ou em

Trizol (para extração proteica e de RNA total, respectivamente, conforme já descrito

nos itens 3.2.2 e 3.3.3)

3.4.3 Expressão genica para controle do silenciamento

Para o controle do silenciamento gênico as amostras foram submetidas aos

procedimentos já descritos no item 3.3.4 para o ensaio de RT-PCR seguida de PCR

utilizando-se o primer para CR3 e o controle endógeno GAPDH, utilizado como

normalizador da reação. Após a reação de amplificação, os produtos amplificados

foram submetidos a separação eletroforética em gel de agarose 1%, utilizando-se um

marcador de peso molecular de DNA de 100 pares de bases (Invitrogen, Carlsbad, CA,

USA) para a verificação da presença ou não de bandas..O gel de agarose foi corado

com 3 μL de brometo de etídio (Invitrogen) para a visualização da imagem em

transluminador G-Box Chemi (Syngene, Frederick, MD, EUA) e análise densitométrica

das bandas obtidas utilizando-se o programa GeneSnap (Syngene, Frederick, MD,

EUA). Os dados obtidos foram analisados quanto a sua significância estatística (p ≤

0,05) pelo teste ANOVA com pós-teste de Turkey no software Prism® (GraphPad).

3.4.3 Estudo da proliferação celular na presença de CR1 recombinante

A proliferação celular foi avaliada pela incorporação da 5-bromo-2’-deoxy uridina

(BrdU), utilizando-se o kit 5-bromo-2’-deoxy uridine labeling and detection Kit I (Roche,

#11296736001). As células HTR8 foram plaqueadas na concentração de 1x105

células/placa (seguindo os mesmos padrões descritos no item 3.4.1) em lamínulas

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redondas de 13 mm de diâmetro acondicionadas em placas de cultivo de 24 poços. As

células foram tratadas com CR1 recombinante nas doses 0, 50, 100 e 200 ng/mL (n=3)

por 23 e 47 horas. Após esses períodos o meio de cultivo foi substituído por DMEM-

F12 puro contendo BrdU na concentração final de 10 µM, seguindo as orientações do

fabricante. As culturas permaneceram então em estufa úmida com 5% de CO2 a 37° C,

por 1 hora.

As lamínulas contendo as células HTR8 foram então removidas do sistema de

cultivo, cuidadosamente lavadas com PBS e fixadas com etanol/ácido acético na

proporção de 3:1 (v/v) por 15 minutos. Seguiram-se então lavagens e incubações de

acordo com o protocolo estabelecido pelo fabricante para o ensaio de

imunofluorescência para a detecção da BrdU incorporado ao DNA celular.

As lamínulas de vidro foram então montadas em lâminas histológicas com meio

de montagem contendo DAPI (Vectashield, Vector) e o material analisado em

microscópio de fluorescência Axioshop 2b (Carl Zeiss), acoplado ao sistema de captura

AxioVision 4.7.

Foram capturadas 5 imagens de cada amostra. Células BrdU reativas foram

quantificadas por meio do programa programa ImageJ. A taxa de proliferação celular foi

expressa pela relação número de células BrdU reativas/ número total de células por

campo microscópico multiplicado por 100. Os dados foram comparados frente os

diferentes tratamentos do estudo por ANOVA seguida de pós teste de Turkey com nível

de significância de 5% (p≤0,05).

3.4.5 Estudo da viabilidade, morte e ciclo celular na presença de CR1 recombinante

Células HTR8 foram cultivadas em placas de 24 poços e tratadas com CR1

recombinante conforme descrito nos itens anteriores (3.4.1) nas concentrações de 50,

100 e 200 ng/mL, pelo período de 24 e 48 horas. As células foram então retiradas da

placa de cultivo por tripsinização e após inativação da tripsina com meio de cultura

DMEM-F12 completo, transferidas para tubos e centrifugadas por 8 minutos à 300 g.

As células precipitadas foram então ressuspendidas em 1 mL de PBS, ao qual foi

adicionado 3 mL de metanol absoluto a 4° C para fixação; as células permaneceram na

solução fixadora acomodadas em gelo por 1 hora.

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Após esse período as células foram novamente centrifugadas diversas vezes para

a remoção do metanol, nas mesmas condições citadas acima e resuspendidas em uma

solução contendo 200 µL de iodeto de propídeo (10 µg/mL). A solução foi

cuidadosamente agitada e os tubos acomodados em gelo por mais 1 hora.

Para a verificação da viabilidade, morte e ciclo celular, o DNA de cada amostra foi

quantificado em citômetro de fluxo EasyCyte MINI (Guava Technologies), utilizando

osoftware Cytosoft (Data Acquisition ans Analysis Software) versão 4.2.1 (Millipore). Os

ensaios foram realizados em triplicatas e em cada análise, um total de 10.000 eventos

foram analisados.

3.4.6 Análise estatística

Para os experimentos de citometria os dados foram gerados pelo software

Cytosoft (Data Acquisition ans Analysis Software) versão 4.2.1 (Millipore) (Promega,

EUA) e foram analisados quanto a sua significância estatística (p ≤ 0,05) pelo teste

ANOVA com pós-teste de Turkey no software Prism®.

3.4.7 Estudo da migração e invasão das células HTR8 sob o tratamento com CR1 recombinante

O efeito de CR1 sobre a atividade migratória e invasiva das células trofoblásticas

das linhagens HTR8-SVneo foi avaliado utilizando-se câmaras bipartites (Transwell,

BD), utilizando filtros com poros de 8 μm em placas de 6 poços cobertos com Matrigel

(ensaios de invasão) ou não (ensaios de migração).

Brevemente, após 18 horas de cultura com meio de cultivo DMEM-F12 completo e

6 horas em meio depletado de SBF (item 3.4.1) as células HTR8-SVneo apresentando

cerca de 80% de confluência foram tripsinizadas e contadas. Um total de 0,5 x 105

células/mL foram colocadas na porção superior do transwell diretamente sobre a

membrana com poros. Nos ensaios de invasão, a membrana porosa foi previamente

coberta com 15 µL de Matrigel (BD, diluído em DMEM-F12 puro gelado na proporção

1:1, v/v).

Em ambos os ensaios, o compartimento superior foi completado com 200 µL e o

inferior com 300 µL de meio DMEM-F12 completo, porém sem soro bovino fetal. No

compartimento superior juntamente com as células HTR8 foi também adicionada a

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proteína CR1 recombinante nas doses de 0 (veículo de diluição da proteína

recombinate: 0,1% de BSA), 50, 100 ou 200 ng/mL.

Células migratórias/invasivas atravessam a membrana porosa e ficam localizadas

na sua face inferior ou no interior do Matrigel, respectivamente. Dessa forma, 24 horas

após o tratamento, os transwells tiveram o meio removido do compartimento superior e

a face antes em contato com esse meio, delicadamente limpa com um cotonete. As

células migratórias/invasivas na face inferior ou na membrana de Matrigel foram então

fixadas em metanol gelado por 20 minutos. Após este período, as membranas foram

recortadas, coradas com DAPI (Vectashield), depositadas em lâminas histológicas e

recobertas por lamínulas de vidro. O material foi analisado sob o microscópio de

fluorescência Axioshop 2, acoplado ao sistema de captura Axio Vision 4.7. Foram

adquiridas imagens de 5 campos microscópicos de cada amostra, tendo sido cada

experimento realizado em triplicata (n=3 para cada dose testada). A quantificação das

células migratórias foi realizada por meio do programa ImageJ.

Os valores obtidos (número de células por membrana) foram expressos como

média de cada grupo experimental associado ao desvio padrão e comparados

estatisticamente por análise de variância (ANOVA), seguido pelo teste de comparações

múltiplas Bonferroni e/ou Mann-Whitney U-test utilizando-se o Graph Pad Prisma,

versão 3 para Windows (Graph Pad Software, San Diego, CA, USA). Adotou-se o limite

de 5% para a significância estatística (p<0,05).

3.4.8 Estudo da migração e invasão das células HTR8 após silenciamento da expressão gênica de CRIPTO1

À semelhança do tratamento com CRIPTO 1 recombinante, o efeito do siRNA

para CR1 (ver detalhamento do silenciamento no item 3.4.2) sobre a atividade

migratória das células trofoblásticas das linhagens HTR8-SVneo foi avaliado utilizando-

se câmaras bipartites do tipo Transwell, conforme descrito no item 3.4.7. Nestes

experimentos, células HTR8 silenciadas para o gene CRIPTO1 foram inseridas no

compartimento superior do transwell nas mesmas condições anteriormente descritas.

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4 RESULTADOS

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4.1 Parte 1. Imunolocalização de CRIPTO1 em Placentas Saudáveis e

Comprometidas com Distúrbio Trofoblástico de Invasividade

Fez parte dos resultados referentes a detecção da proteína CRIPTO1 em

placentas saudáveis e comprometidas com distúrbios de invasividade, a

imunolocalização em placentas saudáveis de 1º e 3º trimestre de gestação, em

placentas acretas (placentas acreta, percreta e increta) e em amostras de

coriocarcinoma. Os resultados obtidos com as placentas saudáveis e acretas estão

publicados no manuscrito “Tumorigenic Factor CRIPTO-1 Is Immunolocalized in

Extravillous Cytotrophoblast in Placenta Creta”, autores: Carla Letícia Bandeira,

Alexandre Urban Borbely, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, Regina Schultz, Marcelo

Zugaib e Estela Bevilacqua, no periódico BioMed Research International, 2014: ID

892856, 9 páginas, 2014. Doi 10.1155/2014/892856 262-270. O acesso ao artigo pode

ser obtido na página da internet: http://dx.doi.org/ 10.1155/2014/892856.

Para a análise de áreas similares da interface materno-fetal nas diferentes

amostras, as amostras foram coradas com a Hematoxilina e Eosina (não mostrado) e

caracterizadas pela imunolocalização de vimentina (filamento intermediário peculiar de

células de origem mesenquimal), citoqueratina 7 (filamento intermediário peculiar a

células de origem endodérmica e ectodérmica; particularmente a citoqueratina 7 é

predominantemente encontrada em células trofoblásticas) e CRIPTO 1 em preparados

histológicos semi-seriados.

4.1.1 Imunolocalização de CR1 em Placentas Normais de Primeiro Trimestre e em

Coriocarcinomas

Células trofoblásticas tumorais foram evidenciadas pela imunocoloração com

citoqueratina 7, como pode ser observado na Figura 3A,C. Em preparados histológicos

semiseriados foi também possível observar a forte reatividade à proteína CRIPTO1

nessas células (Figura 3B,D).

Nas placentas de primeiro trimestre de gestação, observou-se que a

imunomarcação de CRIPTO1 (Figura 3F) localizou-se preferencialmente nas células

do citotrofoblasto viloso e extraviloso (identificadas pela reatividade a citoqueratina 7,

Figura 3E). No endométrio também foram observadas células reativas ao anticorpo.

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Figura 3. Imunolocalização de CRIPTO 1 em Placentas de Primeiro Trimestre e

Coriocarcinoma Placentário

Figura 3. Imunolocalização de Citoqueratina7 (A,C,E) e CRIPTO1 (B,D,F) em

coriocarcinoma placentário (A-D) e em placentas de primeiro trimestre (E-F). Cabeças de

seta indicam células reativas aos anticorpos (coloração marrom: em A,C,E, citoqueratina 7,

biomarcador de células trofoblásticas, em B,D,F, CRIPTO1) em secções histológicas semi-

seriadas. O asterisco indica células não trofoblásticas reativas ao CRIPTO1. (v, vilosidade

coriônica; e, endométrio; CTEV, citotrofoblasto extraviloso, tt, células trofoblásticas tumorais).

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64

4.1.2 Imunolocalização de Citoqueratina em Placentas Normais de Terceiro Trimestre e

em Placentas Acretas

A imunolocalização de citoqueratina 7 em secções da face uterina da interface

materno-fetal de placentas normais e acretas permitiu a identificação das células do

citotrofoblasto extraviloso (Figura 4). Nas placentas saudáveis a termo, estas células

espalhadas ou em ninhos no tecido materno apresentaram forma poligonal e diferentes

dimensões (Figura 4a-d). Via de regra, estas células exibiram características de

células sinteticamente ativas com núcleos eucromáticos e nucléolos evidentes. Células

citoqueratina reativas foram comuns ao redor ou revestindo vasos maternos (Figura

4a). Nas placentas com acretismo, células citoqueratina positivas foram encontradas

entre as células miometriais e diferiram das células das placentas saudáveis. Estas

células geralmente se organizaram em grupos compactos de células morfologicamente

homogêneas que lembravam colônias celulares (Figuras 4-g), embora células

esparsamente distribuídas também pudessem ser observadas (Figuras 4h-j). Muitas

dessas células mostraram características de células migratórias (forma estrelada e

longas projeções) (Figuras 4h-j).

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Figura 4 - Caracterização Histológica de Placentas Saudáveis e Acretas

Figura 4. Caracterização Histológica de Placentas Saudáveis e Acretas. Secções

histológicas representativas dos diferentes grupos revelaram células citoqueratina 7 positivas

(coradas em castanho) no leito placentário de gestações a termo saudáveis (36 semanas de

gestação) (a-d) e de placentas com acretismo (e-j: placentas acretas; acreta e,g,i; percreta:

f,h,j). Notar nas placentas saudáveis (a-d), que as células reativas à citoqueratina 7 estão

dispostas como grupos de grandes células poligonais que aparentemente não mantêm contato

com células adjacentes. Na figura b notar uma típica célula trofoblástica multinucleada. Nas

amostras de placentas acretas (e-j), as células citoqueratina-positivas estão organizados como

grupo de células compactas (e-g) ou como células isoladas em forma de estrela (i-j). As setas

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66

indicam células trofoblásticas multinucleadas (h). Revelação por imunoperoxidase,

contracoloração por hematoxilina de Mayer. Modificado de Bandeira et al., 2014.

4.1.3 Imunolocalização de CRIPTO1 em Placentas Normais de Terceiro Trimestre e em

Placentas Acretas

Células citoqueratina-reativas exibindo características morfológicas de células do

citotrofoblasto extraviloso (CEVT) (Figuras 5b,e,h) também foram fortemente reativas

ao anticorpo anti-CRIPTO 1 (Figura 5c,f,i) na interface materno fetal de placentas de

gestações saudáveis obtidas de 36 a 40 semanas de gestação. Poucas células

endometriais vimentina-positivas (Figuras 5a,d,g) mostraram correspondência nas

imunorreações para CRIPTO1 (Figuras 5c,f,i).

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Figura 5 - Imunolocalização de CRIPTO1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas a

Termo de Gestações Saudáveis

Figura 5. Imunolocalização de CRIPTO 1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas a

Termo de Gestações Saudáveis. Cortes histológicos representativos demonstrando a

imunolocalização de vimentina (Vm: a,d), citoqueratina (CK: b,e) e CRIPTO-1 (CR-1: c,f) em

leito placentário de placentas saudáveis de36 (a,c ) e 38 (d,f) semanas de gestação. As setas

indicam células reativas à citoqueratina e CRIPTO-1 em cortes histológicos semi-seriados. Os

asteriscos identificam áreas vasculares coradas para vimentina e CRIPTO-1 (a,c), mas não

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para citoqueratina (b). (g-i) Controle negativo das reações imunoistoquímicas, nos quais o

respectivo anticorpo primário foi omitido. Revelação por imunoperoxidase, contracoloração por

hematoxilina de Mayer. w: semanas de gestação; d: decídua; cabeças de setas: células

trofoblásticas extravilosas; *, ***, **: áreas vasculares imunorreativas para CR1, vimentina e

não reativas para citoqueratina, respectivamente. Figura modificada de Bandeira et al., 2014.

A interface materno-fetal nas placentas acretas (Figura 6) caracterizou-se por

hemorragia, presença de infiltrado leucocitário, áreas de edema e/ou necrose e quase

total ausência de células deciduais. Neste estudo, a análise da imunoreatividade a

CRIPTO1 nessas amostras foi realizada na área de transição entre o endométrio e o

miométrio nas placentas acretas e no miométrio nas placentas incretas e percretas.

Células endoteliais, leucócitos e fibroblastos mostraram-se reativos à vimentina

(Figuras 6A, g-i). Células citotrofoblásticas citoqueratina-positivas foram observadas

permeando células musculares (Figuras 6A, a-c). Nas placentas incretas as células

trofoblásticas atingiram as camadas mais profundas do miométrio, enquanto que nas

percretas, essas células foram também observadas revestindo externamente o

perimétrio. Agregados de células citoqueratina positivas também revestiam ou

circundavam vasos uterinos. A imunomarcação para CRIPTO1 colocalizou-se com a

maioria das grandes células citoqueratina positivas (Figura 6A, d-f) em todas as

amostras analisadas, embora a expressão de CR1 não tenha sido exclusiva desta

população. Células endoteliais e miometriais também foram reativas ao anticorpo anti–

CRIPTO1.

Não houve imunoreatividade detectável em nenhuma das reações controle, nas

quais o anticorpo primário foi omitido (Figuras 5j-l, 6j-l)

A quantificação das células reativas à citoqueratina e CR1 na interface materno-

fetal mostrou significativo aumento de reatividade para CR1 (13,67 ± 1,55, p=0,001) e

para a relação CR1/citoqueratina (1,61 ± 0,53, p=0,02), mas não para citoqueratina

(10,46 ± 4,97) em placentas acretas em comparação com o grupo controle (Figura 6B).

A intensidade de reatividade foi maior para CR1 do que para citoqueratina nas

placentas incretas e percretas (Figura 6C, 12,54 ± 2 vs. 9,09 ± 3,11, p=0,008 and 18,22

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± 4,26, p=0,04) e também maior do que a reatividade para CR1 nas amostras controles

(p<0,05). A relação CR-1/citoqueratina foi cerca de 2 vezes maior nas placentas

patológicas (increta, 1,47 ± 0,35 e percreta, 1,65 ± 0,54, p<0,05) do que nas placentas

controle.

Figura 6 - Imunolocalização de CRIPTO 1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas

Acretas

Figura 6. Imunolocalização de CRIPTO 1, Citoqueratina7 e Vimentina em Placentas

Acretas. (A) cortes histológicos representativos demonstrando a imunolocalização de

citoqueratina (CK: a-c), CRIPTO-1 (CR-1: d-f) e vimentina (VM: g-i) em casos de placentas

acretas (a,d,g,j), incretas (b,e,h,k) e percreta (c,f,i,l). As cabeças de setas indicam células

reativas à citoqueratina e CRIPTO-1 em cortes histológicos semiseriados. As setas

representam as células vimentina-positivas. (C, j-l) Controle negativo das reações

imunoistoquímicas em que o respectivo anticorpo primário foi omitido. Revelação por

imunoperoxidase, contracoloração por hematoxilina de Mayer. (B-C) Quantificação da

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imunorreatividade (pixels /µm2) para as proteínas citoqueratina (CK) e CRIPTO-1 (CR-1) na

interface materno-fetal de placentas de mães saudáveis (36ª semana de gestação) e placentas

acretas (B), e de placentas saudáveis (38ª semana de gestação) e placentas incretas e

percretas (C). Letras diferentes sobrescritas acima das barras indicam o grupo estatístico

analisado, e os números distintos mostram diferenças estatísticas, p <0,05, ao passo que os

números semelhantes não diferem estatisticamente. Os asteriscos indicam diferenças

significativas em relação à CK no mesmo grupo (p <0,05). Figura modificada de Bandeira etal.,

2014.

4.2 Parte 2. Expressão de CRIPTO em Células do Citotrofoblasto Extraviloso de

Placentas Saudáveis e em Células Linhagem de Célula Citotrofoblástica

HTR8/Sv-neo

4.2.1 Expressão Gênica de CRIPTO 1 e CRIPTO 3

Os RNAm de placentas de primeiro trimestre e de suas células citotrofoblásticas

isoladas cultivadas ou não, e de células citotrofoblásticas extravilosas isoladas de

placentas de terceiro trimestre e de células da linhagem citotrofoblásticas HTR8 foram

avaliados por RT-PCR. A Figura 7, representativa das análises realizadas, mostra um

gel de agarose contendo o produto da PCR amplificado com primers específicos para

CRIPTO 1 e 3.

Como pode ser observado a expressão do gene CRIPTO 1 foi exclusivamente

observada nas amostras de células citotrofoblásticas extravilosas obtidas de placentas

a termo. Nas demais amostras, o que incluiu células citotrofoblásticas de primeiro

trimestre e células da linhagem citotrofoblástica HTR8, também de primeiro trimestre,

apenas o RNAm de CRIPTO 3 foi detectado (Figura 7A).

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Figura 7 - Expressão Gênica e Proteica de CRIPTO 1 e 3 em Células Placentárias

Primeiro e Terceiro Trimestre de Gestação

Figura 7. Expressão Gênica de CRIPTO 1 e 3 em Células Placentárias de Primeiro e

Terceiro Trimestre de Gestação. (A) Geis de agarose representativos dos produtos de PCR

amplificados a partir de cDNA obtidos de placentas de primeiro trimestre (PL, 1-3), células

citotrofoblásticas isoladas de vilosidades coriônicas de primeiro trimestre (CT1Ti, 4-6), células

citotrofoblásticas isoladas de vilosidades coriônicas de primeiro trimestre diferenciadas em

células migratórias em cultura (CTEV 1Ti, 7-9), células trofoblásticas isoladas de placentas de

terceiro trimestre (CTEV 3T, 10-12) e células da linhagem HTR8 (HTR8, 13-15). Como controle

endógeno da reação, utilizou-se o gene GAPDH. PM: padrão de peso molecular; CR1:

CRIPTO-1; CR3: CRIPTO-3; GAPDH: gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase; pb: pares de

bases. CTEV: citotrofoblasto extra viloso. (B) Gel de poliacrilamida-SDS representativo do

imunobloting com o anticorpo anti CR1. Observa-se a presença da proteína com cerca de 50

kDa em células CTEV e HTR8-SVneo. kDa: quilodaltons.

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4.2.2 Expressão Proteica de CRIPTO por Western Blot e Imunoistoquímica

Níveis proteicos de CRIPTO foram encontrados nas células citotrofoblásticas

extravilosas isoladas de placentas a termo e em células da linhagem HTR8 obtidas a

partir de células citotrofoblásticas de primeiro trimestre gestacional, avaliados pela

técnica de Western blot com anticorpo específico anti-CRIPTO (Figura 7B).

Por meio de técnicas imunoistoquímicas também foi possível localizar a

distribuição de CRIPTO nas células HTR8-SVneo. A imunoreatividade citoplasmática

perinuclear sugere a localização da ancorada de CRIPTO (Figura 8).

Figura 8. Imunolocalização de CRIPTO nas Células HTR8-SVneo

Figura 8. Imunolocalização de CRIPTO nas Células HTR8-SVneo. Fotomicroscopia

representativa de uma reação de imunofluorescência para a localização de CRIPTO nas

células HTR8-SVneo. Marcador nuclear: DAPI; marcador de CRIPTO: FITC. Observar a

localização citoplasmática, com regiões perinucleares.

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4.3 Parte 3. Possíveis Ações de CRIPTO1 nas Células HTR8/SVneo por meio de

Ensaios de Invasão, Migração e Sobrevivência Utilizando a Proteína

Recombinante CR1 e o Silenciamento de CR1 com RNA de Interferência.

4.3.1 Tratamento das Culturas de Células HTR8-Sv/neo com CRIPTO1

O efeito do tratamento com CRIPTO 1 recombinante na expressão gênica da

própria proteína pelas células HTR8-SVneo foi realizada por RT-qPCR. Para esse fim,

utilizou-se um iniciador que, além de permitir avaliações quantitativas, reconhece as

duas formas do fator CRIPTO – CRIPTO 1 e CRIPTO 3. Também foi avaliada a

interferência do soro bovino fetal na expressão proteica de CRIPTO por estas células.

Células HTR8-SVneo mantidas em cultura por 48 horas na presença de CR1

recombinante humano nas doses de 0, 50, 100 e 200 ng/mL mostraram um aumento

significativo nos níveis do RNA mensageiro de CRIPTO nas doses de 50 e 100 ng/mL,

conforme observado na Figura 9. Os níveis de CRIPTO observados nas células

tratadas com CR1 na dose de 200 ng/mL, apesar de superiores ao controle,

apresentam-se diminuídos em relação às demais concentrações utilizadas (50 e 100

ng/mL).

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Figura 9. Expressão Gênica de CRIPTO em Células HTR8-SVneo Tratadas com CR1

Recombinante

Figura 9. Expressão Gênica de CRIPTO por RT-qPCR em Células HTR8-SVneo Tratadas

com CRIPTO 1 Recombinante. Notar o incremento nos níveis de CRIPTO em relação ao

controle. Asteriscos indicam dados significativamente aumentados em comparação com os

controle: (*) p<0,002; (**); p<0,05.

As células HTR8 mostraram uma diminuição significativa dos níveis proteicos de

CRIPTO após 6 horas de depleção de soro bovino fetal do meio de cultura (p<0,006).

Esses níveis, no entanto, se restabeleceram após 24h de cultura na presença de

CRIPTO1 recombinante, tornando-se mais acentuado após 48h de tratamento (p=0,032

em relação ao controle e p=0,004 em relação ao controle sem soro, Figura 10).

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Figura 10. Efeito da Depleção do Soro sobre a Expressão Proteica de CRIPTO1

Figura 10. Efeitos da Depleção do Soro sobre a Expressão Proteica de CRIPTO1.

(A) Imunoblotting para CRIPTO das amostras de células HTR8-SVneo obtidas nas seguintes

condições de cultivo: SBF - 24 horas de cultivo com SBF 10%; SS - 18 horas de cultivo com

SBF 10% + 6 horas em depleção de soro; CR24 – 18 horas de cultivo com SBF 10% + 6 horas

em depleção de soro + 24 horas de tratamento com CR1 100ng/mL; CR48 - 18 horas de

cultivo com SBF 10% + 6 horas em depleção de soro + 48 horas de tratamento com CR1

100ng/mL. Bandas inferiores (P) foram coradas com Ponceau e utilizadas para a normalização

dos dados. (B) Densitometria das bandas obtidas (n=3) mostrando a redução da expressão de

CRIPTO endógeno na ausência de soro e o aumento de CRIPTO nas culturas tratadas com

esse fator de crescimento.

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4.3.2 Estudo da Proliferação de Células HTR8 na Presença de CR1 Recombinante

Os efeitos de CRIPTO sobre a proliferação celular foi estimado a partir da

incorporação de 5-bromo-2’-deoxy uridina (BrdU). O número de células BrdU reativas

aumentou após 48h de cultura em todos os grupos analisados, inclusive nos grupos

controle (Figura 11B). Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos experimentais (Figura 11).

Figura 11 - Efeito de CRIPTO1 Recombinante Sobre a Proliferação de Células HTR8

Figura 11 - Efeito de CRIPTO1 Recombinante Sobre a Proliferação de Células HTR8. (A-

D, a-d) Imagens representativas das reações imunoistoquímicas para a detecção de

bromodeoxiuridina (BrdU). Em A-D, núcleos corado pelo DAPI. Em a-d, imunofluorescência

(FITC) mostrando núcleos BrdU reativos. Aumento 20X. (E) O gráfico mostra as taxas de

células BrdU reativas nos diferentes tratamentos com CRIPTO 1 recombinante.

E

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4.3.3 Análise da Viabilidade e Morte das Células HTR8 na Presença de CRIPTO1

Recombinante

A viabilidade celular e morte por apoptose foi analisada nos diferentes

tratamentos com CRIPTO1 recombinante por meio da incorporação de iodeto de

propídeo e análise em citometria de fluxo. Os efeitos da proteína recombinante no

período de 24 e 48 horas de cultura não demonstraram diferenças estatísticas

significativas em relação ao controle em nenhum dos parâmetros analisados: apoptose

(Figura 12A) e viabilidade celular (Figura 12B).

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Figura 12 – Efeito do Tratamento com CRIPTO Recombinante sobre Morte e

Viabilidade das Células HTR8/SV-neo

Figura 12 – Efeito do Tratamento com CRIPTO Recombinante sobre Morte e Viabilidade

das Células HTR8. Representação gráfica dos resultados obtidos a partir da citometria de

fluxo. (A) Porcentagem de células em apoptose e (B) porcentagem de células viáveis por cada

10.000 eventos analisados. (C) Gráfico representativo da distribuição das células analisadas

pelas diferentes fases do ciclo celular. M1: células haplodiplóides (em apoptose); M2: fases

G0/G1; M3: fase de síntese; M4: fases G2/mitose. As células viáveis compreendem aquelas

distribuídas entre os períodos M2, M3 e M4.

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4.3.4 Ensaios de Migração e Invasão Celular na Presença de CRIPTO1 Recombinante

Os ensaios de migração celular foram realizados em câmaras bipartite

(transwells) pelo período de 24 e 48 horas. Os resultados demonstraram um

incremento na atividade migratória das células HTR8-SVneo tratadas com CRIPTO1

em relação ao controle para todos os grupos analisados no período de 24 horas, assim

como, um aumento ainda mais substancial na atividade migratória compreendendo o

período de 48 horas (Figura 13).

Durante as primeiras 24 horas do ensaio as doses de 50, 100 e 200 ng/mL não

apresentaram diferenças estatísticas entre si, apenas em relação ao controle (p<0.05).

Após 48 horas, uma diferença significativa foi observada entre o grupo que recebeu

200 ng/mL de CRIPTO1 recombinante e os grupos que receberam 50 e 100 ng/mL de

CR1 recombinante (p<0.01). Os grupos tratados com CRIPTO1 recombinante por 48

horas também apresentaram diferenças significativas em relação ao controle, com

p<0.02 para os grupos de 50 e 100 ng/mL, e p<0.001 para o grupo de 200 ng/mL

(Figura 13A).

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Figura 13 – Efeito de CRIPTO1 Recombinante sobre a Migração das Células HTR8

Figura 13 – Efeito de CRIPTO1 Recombinante sobre a Migração das Células HTR8

(A) Representação gráfica dos resultados obtidos a partir dos ensaios de migração realizados

com câmaras bipartites. Notar o aumento no número de células migratórias em os grupos

tratados com CRIPTO1 (CR1) em relação ao controle em ambos os tempos de cultura, 24 e

48h. No período de 48 horas, diferenças estatísticas são observadas entre o grupo tratado com

CR1 200 ng/mL e as demais condições experimentais. *p<0.05; **p<0.01; #p<0.001. (B)

Fotomicrografias da porção inferior da membrana da câmara bipartite, evidenciando os núcleos

de células migratórias. Coloração: DAPI. Aumento: 20X.

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Os resultados dos ensaios de invasão celular, também realizado em câmaras

bipartites (do tipo transwell), porém na presença de uma camada de Matrigel também

mostraram diferenças estatísticas entre os grupos tratados com CRIPTO1 e o controle

(Figura 14). Nas primeiras 24 horas do ensaio houve um aumento significativo entre o

grupo controle e o tratado com 100 ng/mL de CR1 recombinante (p<0.03), assim como

entre este e o grupo tratado com 50 ng/mL de CR1 recombinante (p<0.03) (Figura

14A). Após 48 horas de tratamento, os dois grupos tratados com CRIPTO1

recombinante (50 ng/mL e 100 ng/mL) mostraram maiores índices de invasão das

células HTR8 (p<0.003 e p<0.01, respectivamente) (Figura 14B).

Figura 14 – Efeito do Tratamento com CRIPTO1 Recombinante sobre a Atividade

Invasiva das Células HTR8

Figura 14 – Efeito do Tratamento com CRIPTO1 Recombinante sobre a Atividade Invasiva

das Células HTR8. (A-B) Representação gráfica dos resultados obtidos a partir dos ensaios de

invasão com câmaras bipartites. Notar o aumento nas taxas de invasão celular nos grupos

*, **

*

*

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tratados com 100 ng/mL de CRIPTO1 após 24h de cultivo (p=0,03) e com 50 (p=0,003) e 100

ng/mL (p=0,001) após 48 h de cultivo, em relação aos respectivos controles. (C-E)

Fotomicrografias evidenciando os núcleos de células que invadiram a película de Matrigel e

alcançaram a porção inferior da membrana da câmara bipartite, em experimentos em que as

culturas de células HTR8 foram tratadas com 0 (C), 50 (D) e 100 (E) ng/mL de CRIPTO1

recombinante. Coloração nuclear: DAPI. Aumento: 20X.

4.3.5 Migração das Células HTR8 após Silenciamento da Expressão Gênica de CRIPTO

4.3.5.1 Silenciamento do gene CRIPTO nas células HTR8

As células HTR8-SVneo submetidas ao tratamento com RNA de interferência e

cultivadas por um período de 48 horas tiveram seu conteúdo de RNA mensageiro

avaliado por RT-PCR seguida de PCR e eletroforese em gel de agarose. O iniciador

que reconhece CRIPTO1 e 3 foi utilizado para a amplificação dos produtos, no entanto

conforme resultados anteriormente descritos, HTR8 expressa apenas CRIPTO3.

Diferentes concentrações e tempos para a transfecção do RNA de interferência foram

testados (dados não mostrados). A dose que se mostrou mais efetiva, com a quase

total ausência da mensagem de CRIPTO nas células tratadas com o siRNA alvo, foi a

de 90 nM, com um tempo de transfecção de 24 horas (Figura 15).

Figura 15 – Gel Representativo do dos Produtos de PCR após o Silenciamento do

Gene CRIPTO

Figura 15 - Gel Representativo do dos Produtos de PCR após o Silenciamento do

Gene CRIPTO. Notar a quase total ausência de mensagem para o gene CRIPTO nas

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células tratadas com RNA de interferência (A e C) por 48 horas em relação ao controle

transfectado com o controle “scramble” (RNA de interferência sem complementaridade

com mensagens existentes em células mamíferas, B e D). (a-d) Controle endógeno das

reações, GAPDH. PM: padrão de peso molecular; CR3: CRIPTO3; GAPDH: gliceraldeído-

3-fosfato desidrogenase.

4.3.5.2 Migração das Células HTR8

A influência do silenciamento de CRIPTO sobre a migração das células HTR-

Sneo foi avaliada por ensaio com câmara bipartite, por 48 horas, após a transfecção. O

silenciamento da expressão de CRIPTO levou a uma significativa diminuição na

migração das células HTR8 (p=0,002), em relação às células transfectadas com a

sequência “scramble”. Os resultados estão representados na Figura 16.

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Figura 16 – Efeito do Silenciamento de CRIPTO sobre a Migração das Células

HTR8/SVneo

Figura 16 - Efeito do Silenciamento de CRIPTO sobre a Migração das Células

HTR8. Ensaios de migração em câmaras bipartites foram usados para a verificação dos efeitos

da ausência de CRIPTO sobre a migração celular. (A-B) Fotomicrografias da porção inferior da

membrana da câmara bipartite, evidenciando os núcleos das células migratórias corados com

DAPI nos experimentos tratados com o RNA de interferência (A) e o RNA “scramble” (B). (C)

Gráfico representativo onde se evidencia a diminuição significativa das taxas de migração nos

experimentos tratados com o RNA de interferência em relação ao tratado com o RNA

“scramble” (controle) (p<0,002).

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5 DISCUSSÃO

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CRIPTO1 é considerado um fator tumorigênico, uma vez que se encontra

ausente ou pouco expresso em tecidos saudáveis, mas, é secretado em altos níveis

por diferentes tumores, como cânceres de cólo, mama, pulmão, testículo, ovário,

pâncreas e estômago, entre outros (MALLIKARJUNA et al., 2007; NORMANNO et al.,

2004; SALOMON et al., 2000). Nesse estudo, objetivamos verificar a presença de

CRIPTO1 na interface materno fetal, em células trofoblásticas de gestações saudáveis

e patológicas, com alterações nos processos de invasão dos tecidos uterinos pelas

células trofoblásticas.

Os mecanismos celulares que regem a homeostase da interface materno fetal

no que diz respeito à regulação da atividade invasiva e migratória do trofoblasto ainda

não foram totalmente elucidados, apesar da ampla gama de moléculas de sinalização e

reguladoras já descritas na literatura (FRANK; KAUFMANN, 2006; KNÖFLER, 2010).

Esse processo invasivo, temporal e espacialmente regulado em condições normais,

compartilha inúmeras similaridades com a invasão tumoral (BISCHOF; CAMPANA,

2000; TACHI et al., 1970) e torna o estudo do fator tumorigênico CRIPTO1 nas células

trofoblásticas, um tema de promissor interesse.

5.1 CRIPTO1 em Placentas de Terceiro Trimestre e em Placentas Acretas

Este estudo mostrou a expressão do fator CRIPTO1 (CR1) na interface materno

fetal, particularmente nas células morfologicamente caracterizadas como células

citotrofoblásticas extravilosas (CTEV) no leito placentário de placentas oriundas de

gestações saudáveis ou com acretismo. Células reativas ao CR1 também foram

morfologicamente semelhantes a populações celulares vimentina- positivas

encontradas em placentas normais, morfologicamente caracterizadas como células

endoteliais, leucócitos, fibroblastos e células deciduais. Nas placentas patológicas

padrão semelhante foi observado, com exceção às células deciduais, praticamente

ausentes nas placentas acretas. A imunorreatividade para CR1 nas células não

trofoblásticas pode estar associada a múltiplas atividades celulares. Em processos

tumorais, por exemplo, a forma solúvel da proteína age sobre a migração endotelial

contribuindo dessa forma com a angiogênese local (WATANABE et al., 2007a), em

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cardiomiócitos e células nervosas, age estimulando ou inibindo a diferenciação celular

(CHAMBERY et al., 2009; PARISI et al., 2003) e em células mamárias, ativa a

sobrevivência celular (NIEMEYER et al., 1998).

Em placentas de terceiro trimestre de gestações saudáveis, houve uma relação

positiva entre o número de células citoqueratina e células CR1 reativas, ambas

apresentando as mesmas características morfológicas, durante os períodos estudados

(36, 38 e 40 semanas de gestação). Ao longo da gestação normal, a expressão de CR1

acompanhou a expressão de células citoqueratina positivas, com uma expressão

progressivamente menor nas fases mais adiantadas da gestação. Estes achados

sugerem um papel funcional relevante para o CRIPTO na biologia dessas células, mas

provavelmente não associado aos mecanismos de parto. As ações atribuídas ao fator

CRIPTO 1 incluem ativação de migração, proliferação e sobrevivência celular (BIANCO

et al., 2005; KLAUZINSKA et al., 2014) atividades que estão francamente diminuídas

ou ausentes nas células trofoblásticas nas fases pré-parto (FRANK; KAUFFMAN,

2006).

Placentas acretas são histologicamente caracterizadas pela ausência de

decídua, apresentando as vilosidades coriônicas em contato direto com o miométrio

subjacente (BENIRSCHKE et al., 2006), motivo pelo qual diversos autores atribuem a

etiologia da doença a essa consequente falta de modulação das células deciduais

sobre as células trofoblásticas extravilosas (CTEV) (FOX, 1972; HUTTON et al., 1983;

IRVING et al., 1937; MILLER et al., 1959). Corroborando essa hipótese, diferentes

autores demonstraram que a probabilidade de desenvolvimento do acretismo

placentário aumenta na presença de placenta prévia (CLARK et al.,1985; SILVER et

al., 2006), quando a inserção da placenta ocorre em sítios uterinos de discreta ou

ausente decidualização (KHONG, 2008). Além disso, esses índices aumentam quando

a presença de placenta prévia está também associada a existência de uma cicatriz

uterina anterior, região que tampouco apresenta decidualização (MILLER et al., 1997).

Por outro lado, mulheres primigestas podem desenvolver acretismo placentário

(DASSARI et al., 2010) o que levanta a possibilidade de participação de uma invasão

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excessiva pelas células trofoblásticas contribuindo para essa patogenia (CRAMER et

al.,1987; KIM et al., 2004; STANEK et al., 2007). Neste contexto, o acretismo

placentário é considerado uma patogenia multifatorial, aonde são fatores de relevância:

a decidualização ausente e/ou deficiente, a interação anormal entre células

trofoblásticas e a decídua com consequente estabelecimento de uma vascularização

uteroplacental atípica, a invasão exacerbada das células CTEVs no tecido uterino, e

consequentemente, a aderência anormal da placenta (BENIRSCHKE et al., 2006;

KHONG; ROBERTSON, 1987).

Placentas acretas mostraram um padrão de distribuição de células

citotrofoblásticas extravilosas distinto do padrão disperso apresentado nas placentas

normais. Nessas placentas, as células CTEVs apresentaram-se com alto grau de

confluência, formando cordões difusos ou grandes conglomerados. Esses achados

estão de acordo com os resultados encontrados por Kim e colaboradores (2004). Nas

camadas musculares mais profundas (miométrio e/ou perimétrio), prevaleceu a

presença de células mono ou multinucleadas, com nucléolo evidente e formato irregular

com frequente presença de projeções citoplasmáticas. Células poliploides de grandes

dimensões, mono ou multinucleadas, com baixa ou nenhuma atividade invasiva são

características do terceiro trimestre (FRANK; KAUFMANN, 2006), contudo,

diferentemente das observadas nas placentas acretas, essas células apresentam forma

bastante regular sem a presença de projeções citoplasmáticas. Essas diferenças

sugerem a expressão de um fenótipo invasivo nessas células nos processos

patológicos, o que também foi sugerido por Kim e colaboradores (2004).

A expressão de CR1 nas placentas acretas acompanhou o aumento de células

citoqueratina positivas. Além disso, as três formas de acretismo estudadas (acreta,

increta e percreta) apresentaram níveis mais elevados dessa proteína em relação às

placentas normais, indicando uma relação positiva entre a expressão de CRIPTO 1 e

essas patologias. Nas placentas acretas, as células trofoblásticas extravilosas

apresentam-se em número aumentado, embora a análise da atividade proliferativa

realizado por Kim et al. (2004) não tenha detectado atividade proliferativa nessas

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células. No entanto, é possível que o aumento da atividade proliferativa dessas células

tenha ocorrido em fases anteriores à estudada por Kim e colaboradores. Neste

contexto, é possível que o número aumentado de células CTEVs, citoqueratina reativas

observado nesse estudo, seja a consequência de atividades proliferativas em fases

anteriores da gestação. Uma vez que este estudo ateve-se a análise de placentas a

termo, não é possível inferir qualquer participação do fator CRIPTO1 nessa atividade

trofoblástica.

O aumento de células reativas ao anticorpo anti-CRIPTO1 nas células do CTEV

das placentas acretas em relação às placentas normais, ou seja em placentas em que

a decidualização ocorre de forma inadequada, pode indicar um mecanismo de

regulação dos níveis de CRIPTO1 por parte das células deciduais. Em tumores,

CRIPTO1 induz invasão celular na medida em que inibe a atividade anti

migratória/invasiva desencadeada pelo TGFB1, ligando-se diretamente a este fator de

crescimento ou aos seus receptores (GRAY et al., 2006). A produção de TGFB1 pela

decídua e seu papel repressor da atividade invasiva das células trofoblásticas tem sido

demonstrada em diferentes estudos (IRVING; LALA, 1995; LALA; HAMILTON, 1996;

LASH et al., 2005). Desta forma, a atividade invasiva observada do CTEV em

gestações normais, pode resultar do balanço entre fatores intrínsecos e extrínsecos

indutores no trofoblasto (como o CRIPTO1) e fatores reguladores impostos pela

decídua, como por exemplo, o TGFB1. Neste contexto, a ausência dos fatores

deciduais pode ser um fator preponderante na ação de CRIPTO1 na invasividade

trofoblástica das placentas acretas.

A via de sinalização de CRIPTO1 em atividades invasivas esta relacionada a

ligação desse fator a outros conhecidos cofatores, como por exemplo WNT3A

(BIANCO et al., 2005; KLAUZINSKA et al., 2014), também expresso nas células CTEVs

(POLLHEIMER et al., 2006). A ligação WNT3A-CRIPTO1 pode desencadear a via

canônica da B-catenina, ligada a expressão de fatores como VEGF, MMP2, MMP9, IL-

6, COX2 e do próprio CR1, acarretando, dentre outras respostas, no aumento de

invasividade celular. Isso poderia, em parte, explicar os níveis aumentados de invasão

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tecidual pelas células trofoblásticas nas placentas acretas e corroborados por nossos

experimentos in vitro (descritos adiante).

Ainda, nesse estudo pudemos observar células citotrofoblásticas poligonais de

grandes dimensões com características de células migratórias nas placentas acretas a

termo. Estas células são comumente encontradas em fases inicias em gestações

normais enquanto que nas fases finais prevalece a presença de células multinucleadas

gigantes, poliploides, de baixa ou nenhuma atividade invasiva, descritas na literatura

como produto da fusão de células trofoblásticas extravilosas em forma de fuso

presentes no início da gestação Ao contrário, nas placentas acretas estas células foram

pouco numerosas (FRAKN; KAUFFMAN, 2006; KNÖFLER, 2010). Essa discrepância

nos fenótipos dessas células em relação ao tempo de gestação parece indicar a

prevalência de tipos celulares (ou de estágios funcionais) característicos de fases

precoces da gestação quando a invasão das células citotrofoblásticas é bastante ativa

em relação ao termo.

5.2 CRIPTO1 em Placentas de Primeiro Trimestre e em Coriocarcinoma

Placentário

Durante o desenvolvimento da placenta, durante o primeiro trimestre, células

citotrofoblásticas (CTBs) presentes nas extremidades das vilosidades de ancoragem

proliferam, formando colunas a partir das quais, células periféricas diferenciam-se

principalmente em células citotrofoblásticas intersticiais (CTEVi) e células

citotrofoblásticas endovasculares (CTEVe), ambas com elevada capacidade migratória

e invasiva (FRANK; KAUFFMAN, 2006; KNÖFLER, 2010). Quando analisamos a

expressão de CRIPTO1 em placentas de primeiro trimestre, observamos que CRIPTO

1 foi principalmente imunolocalizado nas colunas de células citotrofoblásticas dos vilos

de ancoragem, com maior intensidade nas células mais periféricas. Algumas células

deciduais também se mostraram reativas.

A diferenciação das células citotrofoblásticas com intensa atividade proliferativa

nas extremidades vilosas para células citotrofoblásticas extravilosas é orquestrada por

diversos fatores parácrinos e autócrinos (KNÖFLER, 2010). Evidências apontam para a

existência de uma programação intrínseca de diferenciação fortemente ativada nessas

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células (FISHER et al., 1989; WELLS, 2007), além dos fatores de crescimento

associados à modulação dos processos invasivos e migratórios dessas células, tais

como: o fator de crescimento epidermal (EGF), vEGF, LIF, PDGF, PlGF, CSF-1, IGF-I,

IGFII (BISCHOF et al., 2000; BURTON et al., 2007; FERRETTI et al., 2007; LALA;

HAMILTON, 1996; POLLHEIMER; KNÖFLER et al., 2005) entre outros como citocinas

e quimiocinas (HANNAN; SALAMONSEN, 2007; JOKHI et al., 1997). O grande número

de fatores associados a invasividade trofoblástica indicam um processo de regulação

complexo e multifatorial.

Nossos achados sugerem que a presença de CRIPTO1 nas células

citotrofoblásticas em diferenciação - CTBs em células CTEVs - também pode estar

associada à programação intrínseca desse processo, modulando a migração e invasão

destas células através da decídua. Ainda, neste contexto, a presença de CRIPTO1 nas

células deciduais, pode indicar uma ação parácrina desse fator sobre as CTBs.

Nosso estudo também se estendeu à análise de amostras de coriocarcinoma

placentário, determinando se a expressão de CRIPTO poderia estar associada ao tipo

maligno de invasão trofoblástica. O coriocarcinoma é um câncer de etiologia ainda

desconhecida, onde inúmeros fatores de risco parecem estar associados, tais como:

paridade, dieta, contribuição paterna de alelos e imprinting gênico, idade materna, o

uso de anticontraceptivos orais e gestações molares prévias. Um dos fatores já

demonstrado e que se mostrou preponderante é o fator genético (BENIRSCHKE, 2006;

HUI, 2011; SLIM et al., 2012; SMITH et al., 2003). Nossos achados confirmaram nossa

hipótese inicial. Células citotrofoblásticas malignas coraram-se fortemente pelo

anticorpo anti-CRIPTO1, por toda a extensão uterina em que estas células foram

encontradas. Células circunvizinhas não trofoblásticas também foram CRIPTO reativas.

Concluindo, CRIPTO1 está expresso principalmente em células citotrofoblásticas

extravilosas na gestação normal no primeiro e terceiro trimestre de gestação. No

primeiro trimestre a distribuição desta expressão em células em processo de

diferenciação em células invasivas sugere uma participação nesse processo. Em

placentas acretas com aumento da invasividade trofoblástica além dos limites

endometriais, há um aumento da expressão desse fator, que também é encontrado em

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células citotrofoblásticas malignas em coriocarcinomas. A imunolocalização de

CRIPTO1 nessas amostras sugere fortemente a participação desse fator em atividades

funcionais das células trofoblásticas, tais como invasividade e diferenciação.

5.3 Expressão de CRIPTO em Células do Citotrofoblasto Extraviloso em Placentas Saudáveis e em Células da Linhagem Trofoblástica HTR8/SV-neo

Sete formas do gene CRIPTO são conhecidas até o momento: gene CR1 e

pseudogenes presumidos de CR2 a CR7, dentre as quais o CR3 figura como o único

pseudogene que possui um quadro de leitura aberta (ORF) intacto e que difere da

proteína codificada pelo gene CR1 em apenas seis aminoácidos (DONO et al., 1991;

SCOGNAMIGLIO et al., 1999; SUN et al., 2008). Essa alta similaridade entre os

produtos proteicos faz com que todas as mensagens traduzidas encontradas nos

diferentes modelos de trabalho sejam atribuídas a apenas CR1 (SUN et al., 2008).

CRIPTO 3, uma possível retrotransposição de DNA complementar (cDNA) do

cromossomo 3 para o cromossomo X, é ainda considerado um pseudogene, embora

trabalhos demonstrem sua transcrição e tradução (HENTSCHKE et al., 2006; SUN et

al., 2008). A expressão de ambos os transcritos, CR1 e CR3 tem sido identificada em

modelos distintos. Sun e colaboradores (2008) demonstraram a presença majoritária do

transcrito codificante CR3 em diversos tipos tumorais, enquanto que a expressão do

transcrito codificante CR1 foi basicamente restrita a tecidos saudáveis. Dorey e Hill

(2006) identificaram a expressão de XCR1 e XCR3 (presentes em Xenopus e

homólogos às formas humanas) em um padrão diferenciado durante a embriogênese,

sendo XCR1 necessário para a formação anterior e neural do embrião, enquanto que

XCR3 mostrou-se essencial para a especificação da mesoderme durante a

gastrulação.

A partir dessas informações, verificamos o padrão de expressão de CR1 e CR3

em células citotrofoblásticas de primeiro e terceiro trimestre de gestação e nas células

da linhagem citotrofoblástica HTR8/SV-neo. Nossos resultados sugerem que a

expressão de CR1 e CR3 na gestação normal é temporalmente regulada, na medida

em que a expressão de CR1 foi exclusivamente encontrada em células trofoblásticas

extravilosas isoladas de placentas de terceiro trimestre, enquanto que todas as

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amostras de primeiro trimestre expressaram a forma CR3. Embora os anticorpos

comerciais disponíveis no momento não permitam a identificação proteica de cada uma

dessas formas de CRIPTO isoladamente, a presença de bandas reativas em

imunoblots, em todas as amostras indica que ambos os genes foram traduzidos. Neste

contexto, em consistência com os achados de Dorey e Hill (2006) e de Sun e

colaboradores (2008), nossos resultados também sugerem que CR3 deva ser uma

isoforma do gene CRIPTO e não um pseudogene.

Além disso, o padrão de expressão temporal distinto de ambas as formas, sendo

CR3 restrito ao primeiro trimestre da gestação e CR1 ao terceiro trimestre, sugere

ações diferentes para os dois genes durante o estabelecimento da interface materno

fetal. Nos estudos de Dorey e Hill (2006) a expressão sobreposta de CR1 e CR3

potencializou os efeitos da via NODAL/SMAD2 durante a embriogênese. Nossos

resultados sugerem uma substituição da expressão de CR3 por CR1 nas células

citotrofoblásticas, seguido pela também substituição de um perfil altamente proliferativo

e invasivo para um em que estas atividades declinam gradativamente com a

proximidade das fases finais da gestação (FRANK; KAUFFMAN, 2006). Este achado,

também corrobora diferentes atividades funcionais para ambas as isoformas de

CRIPTO, e nos faz pensar na possibilidade de essas duas formas estarem presentes

ao mesmo tempo em algum ponto da transição observada.

Células da linhagem citotrofoblástica HTR8 seguem um perfil de expressão de

CRIPTO semelhante ao observado no primeiro trimestre, expressam CRIPTO 3. Esse

achado permite a realização de ações e procedimentos para a avaliação funcional de

CRIPTO1 nas células trofoblásticas, em ensaios in vitro.

5.4 Possíveis Ações de CRIPTO1 nas Células HTR8/SVneo por meio de Ensaios de Invasão, Migração e Sobrevivência Utilizando a Proteína Recombinante CR1 e o Silenciamento de CR1 com RNA de Interferência.

Inúmeros estudos demonstram que CRIPTO 1 é uma proteína bastante versátil,

capaz de modular diferentes vias de sinalização, atuando desta forma na regulação de

processos distintos, como a transição epitélio mesenquimal, proliferação, sobrevivência

e invasão (ver revisão de KLAUZINSKA et al., 2014). Além disso, CR1 modula a

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própria expressão por retroalimentação positiva através da ativação direta ou indireta

da via WNT/β-catenina (maiores detalhes podem ser encontrados na revisão de

Klauzinska et al., 2014).

Nesta etapa do estudo, verificamos inicialmente a se mecanismos de

retroalimentação estavam presentes nas células HTR8/SV-neo selecionadas para

estudos de avaliação funcional da atividade mediada por CRIPTO. Nossos resultados,

obtidos a partir da PCR quantitativa mostraram que células tratadas com CR1

recombinante modulam positivamente a expressão gênica do próprio CRIPTO em

todas as concentrações utilizadas. Atente-se ao fato de que a isoforma expressa

parece ser o CR3, uma vez que análises prévias (item 5.3) não mostraram a expressão

gênica da forma CR1. A expressão de CR3 mediada pelo tratamento com CR1

recombinante seguiu um padrão aparentemente dose-dependente, sendo que as doses

de 50 e 100 ng/mL mostraram um aumento gradativo dos níveis de RNA mensageiro

em relação ao controle. No entanto, apesar do aumento observado na dose de 200

ng/mL ter também ocorrido em relação ao controle, esta foi muito inferior às doses de

50 e 100 ng/mL sugerindo uma fase de declínio para a indução de CR1.

Watanabe e colaboradores (2007) demonstraram que em culturas de células

que expressam CR1, a presença de 10% de soro bovino fetal (SBF) pode atuar como

agente indutor da clivagem da âncora GPI da proteína CRIPTO1 ancorada à

membrana celular. Esta clivagem libera a forma solúvel da proteína e leva a resultados

funcionais equivalentes ao uso de concentrações mais altas da proteína recombinante

(100 e 200 ng/mL). Como uma forma de evitar a sobreposição dos efeitos, este estudo

foi delineado na ausência de SBF. Além disso, a presença de soro de alguma forma

também estimula a expressão de CR1. Omitindo este suplemento nos meios de cultura

das células HTR8, também controlamos, mesmo que parcialmente, a expressão

mediada por fatores séricos. A queda na expressão de CR1 na ausência de SBF foi

evidenciada em nossos experimentos, sendo restabelecida e aumentada apenas após

a introdução de CR1 recombinante ao sistema experimental.

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Os mecanismos propostos como mediadores da indução autócrina para a

expressão de CRIPTO1 inclui: i) a inativação da quinase 3--glicogênio sintase (GSK-

3) por CR1, na medida em que se liga aos co-receptores de WNT, LPR 5 e 6,

facilitando a ligação destes à WNT (NAGAOKA, et al., 2013) e, ii) por meio de uma via

indireta, a ativação de PI3-K/AKT, o que pode desencadear vias de sinalização

alternativas que se comunicam com a via WNT (BIANCO et al., 2005). Ambas, no

entanto, parecem levar ao acúmulo de -catenina e a sua associação ao complexo de

fatores de transcrição Tcf/Lef-1 que translocado ao núcleo funciona como fator de

ativação da transcrição de genes envolvidos na sobrevivência celular, proliferação e

migração celular (POLAKIS, 2000). Há a possibilidade de mecanismos semelhantes

ocorrerem nas células citotrofoblásticas, uma vez que a presença do fator WNT3A

modulando a migração e diferenciação de um fenótipo invasivo nas células

trofoblásticas humanas pela da via WNT--catenina já foi demonstrada em Pollheimer

et al. (2006).

Considerando a) o mecanismo de retroalimentação positiva demonstrado na

literatura para CRIPTO1, e b) nossos resultados com céluals HTR8/SV-neo

estimuladas por CR1 recombinante em cultura, é possível que este mecanismo de

retroalimentação possa também ser extendido para a forma CR3 (a única detectada no

tipo celular em questão).

Neste estudo também verificamos o efeito de CR1 recombinante nas células

HTR8/SV-neo sobre os processos de morte e viabilidade celular. Utilizando a marcação

nuclear com iodeto de propídeo seguida da leitura em citômetro observamos: i) células

haplodiplóides, com conteúdo de DNA inferior ao observado em G1 (2n) e que foram

consideradas células em processo de apoptose; ii) células nas fases G0/G1, de síntese

e, iii) células em G2/mitose, que foram consideradas viáveis. Nossos resultados não

revelaram diferenças estatísticas entre os grupos tratados e controles para nenhum dos

tempos verificados, nem em relação à morte celular, nem em relação à viabilidade.

Inferimos assim que as condições de tratamento às quais as células foram submetidas

não foram citotóxicas para as células HTR8/SV-neo

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Em relação às respostas biológicas desencadeadas por CR1 recombinante no

cultivo celular, analisamos as atividades proliferativas, migratórias e/ou de invasão das

células HTR8/SV-neo.

Nossos ensaios de proliferação pela incorporação da 5-bromo-2’-deoxy uridina

(BrdU) não mostraram diferenças estatísticas entre os grupos controle e tratados nos

períodos de 24 e 48 horas. Incrementos substanciais foram vistos no grupo analisado

após 48 horas em relação ao grupo analisado em 24 horas, ressaltando a atividade

proliferativa típica destas células (GRAHAM et al., 1993). Uma vez que a proteína

recombinante para CR3 não se encontra disponível no mercado, e portanto, não foi

testada isoladamente em experimentos específicos para este fim, só podemos concluir

que CR1 não tem a capacidade de induzir uma atividade proliferativa nas células

citotrofoblásticas HTR8/SVneo.

Os ensaios de invasão também foram realizados utilizando-se a proteína

recombinante CR1 em células HTR8/SV-neo, que expressam CR3. No entanto, à

despeito dos resultados da proliferação, os ensaios de invasão utilizando as doses de

50 e 100 ng/mL de CR1 recombinante mostraram um incremento estatisticamente

significativo nos grupos tratados em relação aos controles. O fato da proteína

recombinante CR1 atuar em células que produzem primordialmente CR3, induzindo

resposta biológica faz aventar possibilidades mostradas em Xenopus por Dorey e Hill

(2006), quando a presença de XCR1 e XCR3 induziu a ativação de NODAL durante o

desenvolvimento em Xenopus com a potencialização da via NODAL/SMAD-2, o que

diferia em muitos aspectos à sinalização induzida pelas formas 1 e 3 isoladamente. As

vias mediadas por SMAD podem funcionar como vias de repressão ou ativação. (SHI;

MASSAGUE, 2003). A forma fosforilada de SMAD2 foi encontrada em cerca de 90% de

amostras de cânceres de mama estudados por Xie e colaboradores (2002). Além disso,

a indução da transição epitélio mesenquimal que facilita a metástase de cânceres de

origem epitelial, é induzida pela via de sinalização TGFβ/Activina (SHI; MASSAGUE,

2003) e NODAL, superexpressas em diversas linhagens celulares de câncer de mama

e melanoma (NORMANNO et al., 2004; TOPCZEWSKA et al., 2006).

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Interessantemente, NODAL é expresso na interface materno fetal (ROBERTS et al.,

2003) e apresenta uma ação anti-proliferativa sobre células HTR8/SV-neo in vitro

(MUNIR et al., 2004). Introduzindo no sistema de cultivo a presença de CR1 associada

a expressão intrínseca de CR3 pelas células HTR8/SV-neo podemos ter ativado

mecanismos similares que, sem alterar a proliferação, induzem a atividade invasiva

dessas células.

Nossos ensaios de migração confirmaram os achados sobre a invasividade

dessas células frente a CR1. Todas as doses de CR1 recombinante utilizadas (50, 100

e 200 ng/mL) foram capazes de estimular um incremento na migração celular em

relação ao controle, em ambos os períodos de 24 e 48 horas. Estes resultados foram

corroborados pelo silenciamento gênico de ambas as formas de CRIPTO: CR1 e CR3,

que mostraram que nestas condições há uma redução significativa na migração das

células HTR8, enfatizando uma vez mais a participação deste fator em atividades

migratórias.

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6 CONCLUSÕES

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Nosso trabalho demonstrou pela primeira vez a presença do fator CRIPTO na interface

materno fetal. Dentre os resultados obtidos, podemos concluir:

1) CRIPTO está presente na interface materno fetal de placentas saudáveis e acretas

de terceiro trimestre de gestação, localizando-se principalmente em células

trofoblásticas extravilosas.

2) Placentas acretas apresentam numericamente mais células trofoblásticas que

placentas saudáveis de terceiro trimestre de gestação, e em consequência, o conteúdo

proteico de CRIPTO encontrado por área é também aumentado.

3) CRIPTO está presente na interface materno fetal de placentas de primeiro trimestre

de placentas saudáveis e em coriocarcinomas, localizando-se em células trofoblásticas

vilosas, extravilosas e em células deciduais no primeiro caso, e em células

trofoblásticas malignizadas no segundo.

4) Placentas de primeiro trimestre, células trofoblásticas extravilosas isoladas destas

placentas e a linhagem HTR8/SV-neo apresentam a forma CRIPTO3, enquanto que

células extravilosas de placentas de terceiro trimestre apresentam CRIPTO1.

5) CRIPTO 3 é transcrito e traduzido na interface materno fetal no primeiro trimestre de

gestação, representando em nosso modelo de estudo uma isoforma de CRIPTO e não

um pseudogene.

6) A proteína CR1 recombinante é capaz de aumentar significativamente a atividade

migratória e invasiva de células HTR8-SVneo in vitro.

7) A proteína CR1 recombinante é incapaz de modular a atividade proliferativa de

células HTR8/SVneo in vitro.

8) Células HTR8/SVneo transfectadas com siRNA para CR3 apresentam diminuição

significativa na atividade migratória.

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