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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MATEMÁTICA DEPARTAMENTO DE MÉTODOS ESTATÍSTICOS Thamyres Lacerda Rocha de Oliveira Camilla Carneiro de Mendonça Brasil Corrêa Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana Orientador: Fernando Antônio Moura Rio de Janeiro 2014

Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MATEMÁTICA

DEPARTAMENTO DE MÉTODOS ESTATÍSTICOS

Thamyres Lacerda Rocha de Oliveira

Camilla Carneiro de Mendonça Brasil Corrêa

Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana

Orientador: Fernando Antônio Moura

Rio de Janeiro

2014

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Thamyres Lacerda Rocha de Oliveira

Camilla Carneiro de Mendonça Brasil Corrêa

Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana

Trabalho de conclusão de curso do curso de

Estatística da UFRJ com o intuito de apresentar

modelos de Inferência Bayesiana para Controle

Estatístico de Qualidade.

Orientador: Fernando Moura

Rio de Janeiro

2014

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Agradecimentos

À Deus seja toda honra e glória, pois pela sua soberania esteve sempre ao

nosso lado.

À esta universidade, seu corpo docente, direção e administração, que nos

proporcionou a oportunidade de fazer este curso.

Ao nosso orientador, professor Fernando Moura, pela oportunidade e por

todas as suas contribuições na execução deste projeto. Também agradecemos por seu

empenho e paciência conosco.

Às nossas famílias, das quais hoje somos um reflexo, pelo apoio e palavras de

incentivo.

À todos que direta ou indiretamente contribuíram para a nossa formação

profissional, os nossos sinceros agradecimentos.

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Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar técnicas de Inferência Bayesiana

para o Controle Estatístico de Qualidade. Desta forma, abordamos as técnicas clássicas

do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o

desenvolvimento de modelos para o Controle Estatístico de Qualidade Bayesiano, uma

comparação entre as abordagens frequentista para o problema descrito e por fim, uma

conclusão sobre os métodos estudados. Os modelos estudados apresentaram uma

capacidade de detecção de uma amostra supostamente fora de controle mais

rapidamente do que no modelo Clássico. Além disso, o teste Bayesiano é capaz de

calcular a probabilidade da hipótese nula condicional aos dados, o que a metodologia

clássica não nos fornece. Portanto foi possível concluir que o método Bayesiano

desenvolvido pode ser considerado como uma alternativa viável para o Controle

Estatístico de Qualidade.

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Lista de Ilustrações

Gráfico 1. Gráfico da Amplitude R .................................................................................. 35

Gráfico 2. Gráfico da Média excluindo a 12ᵃ amostra ................................................ 37

Gráfico 3. Gráfico da Média excluindo a 12ᵃ e 13ᵃ amostras ..................................... 38

Gráfico 4. Gráfico de Controle Estatístico de Qualidade Bayesiano para o Exemplo dos

Saquinhos de Leite .......................................................................................................... 44

Gráfico 5. Gráfico de Controle Estatístico de Qualidade Bayesiano para dados

simulados ........................................................................................................................ 45

Lista de Tabelas

Tabela 1. Valores para d2 e d3......................................................................................... 12

Tabela 2. Probabilidades associadas às possíveis escolhas da hipótese H0. ................. 14

Tabela 3. Fator de Bayes e Interpretações ..................................................................... 21

Tabela 4. Possíveis hipóteses de H0 para e ............................................................. 27

Tabela 5. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias. .......... 33

Tabela 6. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias excluindo

a 12ᵃ amostra .................................................................................................................. 35

Tabela 7. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias excluindo

a 13ᵃ amostra .................................................................................................................. 37

Tabela 8. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 0.5 ................................................ 41

Tabela 9. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 1 ................................................... 41

Tabela 10. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 10 ............................................... 41

Tabela 11. Fator de Bayes para C0 = 0.5 ......................................................................... 42

Tabela 12. Fator de Bayes para C0 = 1 ............................................................................ 42

Tabela 13. Fator de Bayes para C0 = 10 .......................................................................... 43

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Lista de Abreviaturas e siglas

CEQ – Controle Estatístico de Qualidade

FB – Fator de Bayes

a.a. – Amostra Aleatória

Sumário

Resumo ............................................................................................................................. 4

Lista de Ilustrações ........................................................................................................... 5

Lista de Tabelas ................................................................................................................ 5

Lista de Abreviaturas e siglas............................................................................................ 6

Introdução ........................................................................................................................ 7

Capítulo 1: O controle estatístico de qualidade na abordagem clássica ......................... 9

1.1. Os fundamentos da estatística clássica ............................................................. 9

1.2. O monitoramento do processo. ......................................................................... 9

Capítulo 2: O controle estatístico de qualidade na abordagem bayesiana ................... 18

2.1. Os fundamentos da Inferência Bayesiana ....................................................... 18

2.2. Controle Estatístico de Qualidade – Abordagem Bayesiana ........................... 21

2.3. Inferência Bayesiana e Clássica........................................................................ 32

Capítulo 3: Aplicação da metodologia abordada ........................................................... 33

3.1. Aplicação com Exemplo Clássico ........................................................................ 34

3.2. Aplicação com Exemplo Bayesiano ..................................................................... 39

Conclusão........................................................................................................................ 46

Bibliografia ...................................................................................................................... 48

Apêndice A ...................................................................................................................... 49

Apêndice B ...................................................................................................................... 51

Apêndice C ...................................................................................................................... 53

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Introdução

Qualidade é um conceito muito utilizado pela Engenharia de Produção e possui

diversas definições. Alguns exemplos são: adequação ao uso (Juran, 1999); atender e,

se possível, exceder as expectativas do consumidor (Deming, 2000); atender as

especificações (Crosby, 1995). A produção, o uso e o descarte de um produto sempre

acarretam prejuízo para uma sociedade e portanto, quanto menor for o prejuízo,

melhor será a qualidade do produto (Tagushi, 1999). Além disso, qualidade também é

considerado o valor do bem – ou do serviço – que significa o grau de satisfação do

consumidor com respeito à vários quesitos, tais como preço, confiabilidade,

durabilidade, estética e etc.

O Controle Estatístico de Qualidade (CEQ) é a técnica estatística que avalia se

um determinado processo se encontra adequado, utilizando como base paramétrica

amostras em condições ideais e o prévio conhecimento que o pesquisador tem do

processo.

O controle é feito através de ferramenta estatísticas, e utiliza principalmente

técnicas de estimação de parâmetros, construção de gráficos de controle e testes de

hipóteses que mostram se esses processos se encaixam ou não, dentro de limites de

adequação determinados previamente.

Na estatística é possível destacar duas abordagens: a Estatística Clássica e a

Estatística Bayesiana. Tanto na inferência Clássica como na Bayesiana o objetivo

principal é inferir sobre a população a partir da amostra selecionada da mesma. No

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caso Clássico é guiada pela amostragem repetida que está fundamentada na

Interpretação Frequentista de Probabilidade. Para a Estatística Bayesiana o conceito de

probabilidade está intrínseco ao grau de credibilidade. Propõe-se caracterizar a

aprendizagem com a experiência, isto é, a modificação da atitude inicial em relação

aos “antecedentes”, “causas”, “hipóteses” ou “estados” depois de ter a informação

adicional de que certo acontecimento se realizou. Assim, para os Bayesianos, a

distribuição de probabilidade que expressa o conhecimento a priori sob a quantidade

de interesse é baseada na informação a priori e é de natureza subjetiva.

Em Controle Estatístico de Qualidade (CEQ) é aplicado mais usualmente

técnicas da Estatística Clássica. Neste trabalho, no entanto, propõe-se o uso de

Estatística Bayesiana e sua comparação com o método clássico com o intuito de serem

incorporadas experiências e conhecimentos já adquiridos para se fazer inferência.

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Capítulo 1: O controle estatístico de qualidade na

abordagem clássica

1.1. Os fundamentos da estatística clássica

Segundo o princípio da amostragem repetida os métodos estatísticos devem

ser avaliados através do respectivo comportamento sob repetições do experimento

efetuadas nas mesmas condições. Uma das etapas do princípio consiste precisamente

na interpretação frequentista de probabilidade, quando se utiliza frequências como

medida de incerteza; outra etapa consiste em avaliar os procedimentos estatísticos

pela frequência com que produzem bons resultados ou respostas corretas.

1.2. O monitoramento do processo.

Todo processo está sujeito a variações, sendo grandes ou pequenas, fato que

faz com que cada elemento seja único e tenha particularidades que o torna diferente

de todos os outros embora às vezes pareçam semelhantes. A expressão variabilidade

do processo faz alusão às diferenças existentes entre as unidades produzidas.

Segundo Shewhart, todo e qualquer processo, por mais bem projetado e por

mais bem controlado que seja, possui em sua variabilidade um componente impossível

de ser eliminado. Trata-se da variabilidade natural do processo, que é ocasionada por

uma série de perturbações que não conseguimos controlar chamadas causas

aleatórias. Quando o processo apresenta apenas a variabilidade natural dizemos que

ele está sob controle. Há ainda a variabilidade provocada pelas causas especiais, que

são perturbações maiores e mais fáceis de serem controladas, estas causas têm o

poder de deslocar a distribuição da variável resposta X, deslocando a sua média do

valor-alvo e/ou aumentando sua dispersão. Quando, além de causas aleatórias o

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processo tiver a presença de causas especiais, diz-se que o processo está fora de

controle.

O objetivo do CEQ é monitorar o processo para que as causas especiais sejam

identificadas, e quando detectadas deve-se proceder uma investigação e intervir para

eliminá-las. O monitoramento é realizado através de uma análise periódica de

amostras.

Se a variável a ser controlada é contínua, o usual é monitorar o processo por

um par de gráficos de controle, um que controle a média e outro que controle a

dispersão da variável. Os gráficos mais empregados são os gráficos de controle de

(média amostral) e R (amplitude amostral), utilizados para monitorar a média e a

dispersão da variável, respectivamente. Para construir estes gráficos precisamos

conhecer bem a variável aleatória X, ou seja, a forma de sua distribuição, sua média μ

e seu desvio-padrão σ. Como estes parâmetros em geral são desconhecidos,

precisamos estimá-los sob circunstâncias de um processo em controle, sem presença

de causas especiais.

Gráficos de Controle por variáveis

Um gráfico de controle deve conter uma linha média (LM), representando a

estimativa pontual da variável de interesse, um limite superior de controle (LSC) e um

limite inferior de controle (LIC). Quando uma amostra apresentar a sua observação no

gráfico acima do LSC ou abaixo de LIC, é um sinal de que alguma causa especial pode

estar intervindo no processo.

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Construção dos gráficos de controle de e R

O gráfico de tem linha média e limites de controle segundo proposto por

Shewhart da seguinte forma:

Onde é o estimador da média de , o estimador do desvio-padrão de X,

quando o processo estiver sob controle, e n o tamanho da amostra.

Denotaremos por μ0 e σ0 a média e o desvio-padrão da população. Na prática,

estes valores não são conhecidos com precisão absoluta, então utilizaremos as

estimativas disponíveis 0 e 0.

Caso a dispersão do processo continue estável e sua média permaneça

ajustada, o intervalo de

√ em torno de μ engloba 99,73% dos valores de .

Vamos agora determinar os limites de controle e linha média para o gráfico de

R. Estes também são usualmente determinados com limites de 3-sigma:

Caso a variável X tenha distribuição Normal com desvio-padrão igual a σ, então

a distribuição de R (amplitude amostral), que é a diferença, em módulo, entre o menor

e o maior valor da amostra (R = Xmax – Xmín) , terá média e desvio-padrão dados por:

μR = d2σ

σR = d3σ

As constantes d2 e d3 dependem apenas do tamanho da amostra n. Veja a

tabela abaixo:

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Tabela 1. Valores para d2 e d3

N 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

d2 1,128 1,693 2,059 2,326 2,534 2,704 2,847 2,970 3,078 3,173 3,258 3,336 3,407 3,472

d3 0,853 0,888 0,880 0,864 0,848 0,833 0,820 0,080 0,797 0,787 0,778 0,770 0,763 0,756

Quando o limite inferior de controle de R (LICR) apresentar um valor negativo,

consideramos este limite como zero. Pois por definição, a amplitude não pode

apresentar valores abaixo de zero.

Dado um conjunto inicial de m amostras, a estimativa usual para é o valor

médio das médias das amostras:

= ∑

onde é a média da i-ésima amostra; e a estimativa para , quando estiver

utilizando o gráfico de controle de em conjunto com o R, é:

= ⁄

onde é a média aritmética dos m valores de :

Deve-se sempre começar pelo monitoramento de R, pois se a média do

processo alterar-se durante a coleta das amostras, isto não terá repercussão na

determinação dos limites de controle do gráfico de R porque este não depende da

média. O mesmo não pode ser dito para o gráfico de , pois a determinação de seus

limites é feita com base nas estatísticas e R. Portanto , o gráfico da amplitude pode

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ser construído com o processo desajustado: basta que ele esteja isento de causas

especiais que afetem sua dispersão.

Desempenho dos gráficos de e R

Quando utilizamos um gráfico de controle para monitorar determinado

processo,se o seu ponto de referência estiver acima do limite superior de controle ou

abaixo do limite inferior de controle esta amostra deverá passar por uma avaliação

para detecção de causas especiais. Cada vez que realizamos este procedimento,

estamos fazendo um teste de hipótese, e as hipóteses testadas são sempre as

mesmas:

H0: “Processo sob controle” ou “Processo centrado no valor-alvo” ou “μ = μ0”

H1: “Processo fora de controle” ou “Processo não centrado no valor-alvo” ou “μ ≠ μ0”

A hipótese H0 é aceita como verdadeira toda vez que o valor da estatística cair

dentro dos limites de controle. Em testes de hipóteses a rejeição de H0 implica na

aceitação de H1, pois estas hipóteses são complementares.

No entanto, podemos cometer o erro de rejeitar a hipótese nula (H0) por

engano, ou seja, apesar de ela ser verdadeira. A este erro denominamos erro do tipo I,

e consideramos que ele poderá acontecer com probabilidade . Outro tipo de erro

poderá ser cometido, o erro do tipo II, se decidirmos em aceitar a hipótese de nulidade

(H0) sendo na verdade ela falsa. Este segundo erro depende do valor verdadeiro do

parâmetro μ e poderá acontecer com probabilidade . Abaixo, uma tabela que torna

mais esclarecedora os tipos de erros associados a cada uma das hipóteses.

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Tabela 2. Probabilidades associadas às possíveis escolhas da hipótese H0.

Decisão

Aceitar H0 Rejeitar H0

Realidade de H0

Verdadeira 1 – α α

(decisão correta) (erro do tipo I)

Falsa Β 1 – β

(erro do tipo II) (decisão correta)

Desempenho de

As probabilidades de alarme falso (α) e de não-detecção (β) são dadas por:

α = P ( > ou < |μ = μ0)

P ( ≤ ≤ |μ = μ1) onde μ1 H1

O poder do gráfico de controle, Pd, é definido pela probabilidade de detecção

de amostras não conformes.

Para obter a probabilidade de alarme falso (risco α) é necessário conhecer a

distribuição de . Suponha que as observações são normalmente distribuídas, logo

tem-se que também tem distribuição normal. Padronizando a variável obtemos a

variável Z que segue uma distribuição normal com média zero e variância um, onde:

(

√ ) onde

Z =

, Z ~ N ( = 0, = 1)

A probabilidade de um ponto de cair fora do limite de controle é igual a:

(

) (

)

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Substituindo na equação acima os limites de controle por ,

e também e

√ , chegamos após algumas

simplificações à equação : | | , que representa, segundo a tabela da

distribuição acumulada da normal-padrão que se encontra no apêndice C, um risco

. Portanto esta é a probabilidade de que uma amostra gere um alarme

falso.

Quando a hipótese alternativa (H1) é a verdadeira, o ideal seria que a primeira

amostra já sinalizasse a não conformidade. Contudo isso nem sempre acontece,

principalmente quando o deslocamento sofrido pela média é pequeno. É usual

expressar esse deslocamento em unidades iguais ao desvio-padrão da variável X, de

forma que o valor da nova média, , seja escrita como , portanto:

O poder do gráfico de controle , neste caso em que a média da variável X

sofre um deslocamento, é:

[ ] [ ] [ ] [ ]

onde, ( )

[ ]

√ , e semelhantemente,

√ .

Logo, [ √ ] [ √ ].

Desempenho de R

Utiliza-se o gráfico de controle de R para identificar alterações na variabilidade

do processo. As hipóteses e associadas ao gráfico são:

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onde representa o desvio-padrão do processo quando ele está isento de causas

especiais. Quando é a hipótese verdadeira existe o risco de um valor de R cair fora

dos limites do gráfico. Este risco chamamos de . Quando for a hipótese

verdadeira, há o risco de se considerar o processo sob controle para qualquer valor

de da hipótese . São eles:

[ | ]

[ | ] ,

Assim como é feito no gráfico de controle de , os limites de são fixados a

mais ou menos três desvios-padrão do valor médio de . Sendo assim,

e .

A variável aleatória não apresenta uma distribuição normal e possui uma

distribuição de probabilidade assimétrica, consequentemente os limites de 3-sigma

geram um risco para a variável maior que 0,0027 (o risco de ). Além disso, para

n entre 2 e 6, estes limites produzem um negativo.

O cálculo de probabilidades de uma amplitude amostral ser menor ou igual a

não é simples, portanto, para facilitar este cálculo foram tabeladas as

probabilidades em termos da estatística pivotal ⁄ , pois sua distribuição

depende apenas do tamanho da amostra , veja a tabela de W no apêndice C. Assim

temos [ ] [ ⁄ ].

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O risco associado ao gráfico de controle de é dado pela equação:

[ | ]

[ | ]

[ | ]

É possível também obter o poder do gráfico de R através da expressão:

[ | ]

[

| ]

Quando ocorrer um aumento de o poder do gráfico de R é dado por :

[

| ]

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Capítulo 2: O controle estatístico de qualidade na

abordagem bayesiana

2.1. Os fundamentos da Inferência Bayesiana

A estatística Bayesiana, que assim é chamada pois tem por fundamento o

Teorema de Bayes, utiliza técnicas que trabalham com probabilidades condicionadas.

O Teorema de Bayes é um corolário do teorema da probabilidade total e

permite calcular a seguinte probabilidade:

|

Onde P(A) e P(Bi) são as probabilidades a priori de A e Bi, P(Bi |A) e P(A| Bi) são

as probabilidades a posteriori de Bi condicional a A e de A condicional a Bi

respectivamente. E Bi é a i-ésima partições do espaço amostral S, i=1,2,...

Função de verossimilhança, distribuição a priori , distribuição a posteriori

A função de verossimilhança é a função de densidade conjunta das variáveis

aleatórias de avaliada para os valores observados

) e tendo como argumento o parâmetro desconhecido θ. Ou seja,

quando a f.d.p. conjunta ( | ) das observações em uma amostra aleatória (a.a.) é

considerada uma função de para a amostra observada ).

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Já, a distribuição de um parâmetro θ, anterior à informação amostral, se chama

distribuição a priori de θ. Para a construção da distribuição a priori, o pesquisador

deverá utilizar sua experiência passada e conhecimentos já adquiridos sobre o

experimento para traçar as regiões do espaço Ω onde é mais provável que

encontremos o parâmetro θ.

Suponha uma a.a. de n variáveis aletórias cuja função

densidade de probabilidade (f.d.p.) é | e a f.d.p. a priori de é . Seja a f.d.p

conjunta | dada por:

| ∏ |

Observe que, pelo Teorema de Bayes:

( | ) onde (

Portanto, temos a distribuição a posteriori de dada por:

|

( )

( | )

( )

Onde ( ) ∫ ( | ) é uma constante que depende somente da amostra

observada.

Logo,

| ( | )

Dizemos que a distribuição a posteriori do parâmetro é igual a função de

verossimilhança multiplicada pela função a priori de a menos de uma constante.

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É comum comparar distribuições a posteriori que foram resultados de

diferentes distribuições a priori para que se perceba a real influência desta função

sobre a posteriori. No entanto, é muito comum que diferentes distribuições a priori

não façam muita diferença depois da amostra ser observada. Isso acontece

principalmente quando a amostra é muito grande ou quando as priori comparadas são

pouco informativas. Este fato tem duas implicações: priori divergentes de diferentes

pesquisadores se tornam menos importantes quando se coleta muitos dados.

Teste de hipóteses Bayesiano e Fator de Bayes

Assim como apresentado anteriormente para o Controle Estatístico de

Qualidade Frequentista, avaliaremos as condições do processo testando a hipótese do

mesmo estar sob controle, desenvolvendo testes de hipótese sob a abordagem

bayesiana.

O objetivo do desenvolvimento de testes de hipóteses que seguem os princípios da

inferência bayesiana é tornar possível o cálculo das reais probabilidades das hipóteses

em questão dado o conjunto amostral

O fator de Bayes é uma das mais usadas ferramentas para testes de hipóteses

Bayesianos e comparação de modelos. Alguns autores o citam como alternativa

bayesiana aos p-valores oferecidos pelos testes clássicos. O que ele realmente nos

oferece é um nível quantitativo ao qual podemos dizer que nossos dados observados

suportam ou rejeitam a nossa hipótese.

Dito isto, temos que o fator de Bayes é a razão entre | e | :

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|

|

Como sabemos que as probabilidades acima são complementares temos as

seguintes regras:

Tabela 3. Fator de Bayes e Interpretações

Fator de Bayes | | Interpretação

FB < 1 < 0,5 > 0,5 Suporta H1

1 0,500 0,500 Não informativo

2 0,667 0,333 Sustenta fracamente H0

3 0,750 0,250

4 0,800 0,200

Sustenta substancialmente H0

5 0,833 0,167

6 0,857 0,143

7 0,875 0,125

8 0,889 0,111

9 0,900 0,100

10 0,909 0,091 Sustenta de forma forte H0

> 10 > 0,909 < 0,091 Sustenta de forma muito forte H0

100 0,990 0,010 Sustenta de forma decisiva H0

Lembrando é claro que a interpretação do Fator de Bayes varia na literatura e

de acordo com a importância e a necessidade das hipóteses testadas.

Em seguida apresentaremos os testes Bayesianos que foram estudados nesta

nova abordagem do controle estatístico de qualidade.

2.2. Controle Estatístico de Qualidade – Abordagem Bayesiana

Apresentamos nesta seção os testes de hipóteses desenvolvidos sob a

abordagem bayesiana.

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O objetivo do desenvolvimento de testes de hipóteses que seguem os

princípios da inferência bayesiana é tornar possível o cálculo das reais probabilidades

das hipóteses em questão dado o conjunto amostral.

Teste de Hipóteses para

O primeiro teste a ser estudado se refere ao parâmetro de média . Desejamos

primeiramente testar apenas se está sob controle. Neste caso, vamos testar:

Tendo em consideração o universo de Controle Estatístico de qualidade e a

forma que é realizada frequentemente sua amostragem, consideramos que em cada

momento observacional i é obtida uma amostra com n elementos. E assumimos

em que e . Sendo assim , que

denotaremos apenas por , segue uma distribuição Normal(

, donde é um

parâmetro de precisão, e .

A partir daí, desenvolveu-se um teste Bayesiano de acordo com o teste de

hipótese para conforme bibliografia [2] (Migon, H. S.; Gamerman, D.).

Sejam parâmentros desconhecidos com as seguintes distribuições a priori:

| ( )

(

)

Onde: , , e são fixados.

Além disso, considere e por consequência , com

, fixado.

Desejamos calcular | e | onde representa o conjunto de

dados: .

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Utilizando-se o teorema de Bayes temos:

| |

onde (1)

O primeiro passo é determinar | :

| | ∫

|

|

A distribuição conjunta dos para é a seguinte:

( | ) ∏

( )

(

)

∑( )

Por sua vez, como (

) temos:

(

)

(

)

Daí temos:

|

∫ (

)

∑ ( )

(

)

(

)

∫ (

)

⁄(

)

(

)

∑( )

Page 24: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

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| ∫

[(

∑( )

)

]

Como (

)

⁄(

)

(

)

é uma constante, a integral acima apresenta o

núcleo de uma distribuição (

[

∑ ( )

]

).

Considere uma distribuição gama de parâmetros conhecidos .

Sabemos então que ∫

.

Se é a função núcleo da gama , temos que ∫

onde

e portanto, ∫

.

Aplicando o apresentado acima em | , temos

[

∑ ( )

]

(

)

| ⁄ (

)

⁄(

)

(

)

(

)

[

∑ ( )

]

(2)

Substituindo-se em (2) a expressão ∑ ( )

( ) , onde

obtemos:

| (

)

(

)

(

)

(

)

( ( )

)

Por outro lado:

Page 25: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

25

| ∫ ∫

∫ ∫ | |

∫ ∫ (

)

∑( )

(

)

( )

(

)

(

)

∫ ∫ (

)

(

)

(

)

(

)

(

∑( )

( )

)

∫ ∫

(

∑( )

)

(

( )

)

Seja =(

)

(

)

(

)

(

) uma constante.

A expressão acima, com variáveis μ e , tem núcleo de uma distribuição

Normal-Gamma ( , , α, β), onde:

, ,

,

[

( )

]. A demonstração desses resultados está

contida no Apêndice A.

Aplicando o mesmo procedimento usado para o cálculo de | ,

obtemos | Sabemos que ∫ ∫ |

.

Page 26: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

26

Logo,

| ∫ ∫

(

∑ ( )

)

(

( )

) (

)

(

)

(

) (

)

(

)

(

)

⁄ (

( )

)

Agora que conhecemos | , | , e ,

temos:

| |

(

)

(

)(

)

(

)

(

)

(

)

(

( ))

E temos portanto, imediatamente de (1),

|

e

|

Em que, (

)

, e

(

)

(

( )

)

.

O fator de Bayes é dado por:

Page 27: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

27

|

|

(

)

[

( )

( )

]

Teste de Hipóteses conjunto para μ e

Neste segundo teste, além da informação fornecida pelas médias amostrais,

como visto anteriormente, também temos disponível informações de variância

amostral. Temos então, não só a possibilidade de testar somente , como também

podemos testar individualmente , ou ainda, testar conjuntamente os parâmetros e

. Abaixo segue uma tabela com as possíveis combinações de hipóteses para H0:

Tabela 4. Possíveis hipóteses de H0 para e

Argumentos possíveis para

e

Argumentos possíveis para

Não considera Não considera

Sendo H1 o complementar da hipótese H0 escolhida.

Dentre as alternativas acima, escolhemos para desenvolver os cálculos de

probabilidade referentes ao teste versus

.

Considere agora que além dos ’s conhecemos também as variâncias

amostrais ’s, assim sendo,

.

Page 28: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

28

Consideraremos ainda todas as suposições que foram feitas anteriormente com

respeito às distribuições de , | e . Além disso, suponha que

(

).

|

|

|

|

∏(

)

(

)

(

)

⁄ (

)

(

) ∏

(

) ∑

(

)

⁄ (

)

(

) (∏

)

[

] (

) ∑

|

|

| |

∬ |

| |

∫ ∫ (

)

(

)

(

)

(∏

)

(

)

( )

(

)

(

)

Page 29: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

29

∫ ∫ (

)

(

)

(

)

(∏

)

(

)

(

)

(

)

( )

( )

∫ ∫

( )

( ( )

)

( )

Onde

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

uma constante.

Procedendo conforme na página 26, podemos dizer que esta expressão tem

núcleo de uma distribuição Normal-Gama ~ (

[ ∑

( )

] )

Portanto, | √

|

(

)

(

)

(

)

⁄ ∏

[

(

)]

⁄ ( )

⁄ (

( )

)

Page 30: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

30

Tem-se portanto

| |

(

)

( (

)

(

( ) ∑

)

(

)

(

)

(

)

( )

⁄ (

( )

)

)

Logo, podemos obter as distribuições a posteriori, são elas:

|

e

|

Onde, (

)

( ( )

), e

(

)

(

)

(

)

( )

⁄ ( ∑

( )

)

O fator de Bayes para este teste é:

|

|

(

)

( ( ) ∑

)

(

)

(

)(

)

⁄ (

)

⁄ ( ∑

( ) )

Suponha agora que queiramos testar as hipótese:

Page 31: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

31

Considere como informação inicial

, além

disso todas as priori previamente definidas.

| ∬ |

| |

∫ ∫ (

)

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

( )

(

( )

)

Seja

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

(

)

( )

Esta equação terá núcleo de uma distribuição gama em φ, com parâmetros

e

( )

.

Logo, integrando em φ temos:

∫ (

)

(

)

(

)

(∏

)

(

)

(

)

(

)

( )

(

)

( ( )

)

Esta integral deve ser avaliada por métodos numéricos.

Page 32: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

32

2.3. Inferência Bayesiana e Clássica

A estimação Clássica feita com os próprios dados coletados pode gerar

equívocos quanto à avaliação da situação do processo estar sob controle ou não.

Também, diferente da abordagem Bayesiana, a abordagem clássica não nos oferece

probabilidades para cada hipótese, mas apenas as probabilidades do erro tipo 1 (α) e

do erro tipo 2 (β).

As técnicas bayesianas tem um caráter adaptativo, com a atualização das suas

estimativas à medida que nova informação torna-se disponível. Dessa forma, podemos

dizer que a abordagem bayesiana atualiza e agrega informação de uma forma que a

abordagem frequentista não faz.

Page 33: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

33

Capítulo 3: Aplicação da metodologia abordada

Para ilustrar, vamos utilizar o exemplo de saquinhos de leite. Este exemplo foi

retirado de Costa et al. (2009, p.48).

Considere que uma indústria de produção de leite deseja monitorar o volume

de leite que é colocado nos saquinhos. Uma vez que a embalagem informa haver um

litro de leite em cada saquinho o objetivo do produtor é preencher a embalagem com

este volume informado, ou pelo menos chegar mais próximo possível desta

quantidade. Caso o conteúdo seja consideravelmente inferior a 1 litro o consumidor

será prejudicado, e isto pode gerar ao produtor alguns problemas como a insatisfação

dos clientes, incidência de multas e processos à indústria, etc. Enquanto que caso o

conteúdo seja superior a um litro o saquinho pode estourar por não suportar o volume

nele contido, além disso, uma grande quantidade de saquinhos com volume superior

ao estipulado pode gerar prejuízo ao produtor.

O procedimento de controle foi realizado de forma que, a cada intervalo de

tempo h (não informado) retirava-se uma amostra de cinco saquinhos de leite para

inspecionar o volume de leite. Foram recolhidas um total de 25 amostras.

A Tabela 5 abaixo apresenta os valores de , volume do j-ésimo saquinho de

leite pertencente a i-ésima amostra, e de e , amplitude e média, respectivamente,

da i-ésima amostra para os 25 subgrupos de tamanho 5 (t=25, n=5). No final desta

tabela temos a amplitude média e a média global do grupo.

Tabela 5. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias.

i 1 1004,6 997,3 1003 1005,9 995,8 10,1 1001,32

2 1001,6 1008,6 997,9 1001,3 999,1 10,7 1001,7

3 999,1 992,6 1001,1 1001,6 1002,9 10,3 999,46

4 1007,9 997,5 991,3 997,8 1000,8 16,6 999,06

Page 34: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

34

5 999,5 995,6 1004,3 995,6 991,4 12,9 997,28

6 1003,3 996,8 997,2 993,6 1000,1 9,7 998,2

7 999,7 1012,1 995,2 1001,8 1002,2 16,9 1002,2

8 1000,1 995,3 990 997,5 1003,2 13,2 997,22

9 1004,3 1001,4 1001,6 999,1 996,4 7,9 1000,56

10 999 995,8 989,9 995,1 1002,8 12,9 996,52

11 1003,2 1004,4 993,5 994,6 997,6 10,9 998,66

12 996,2 1017,3 993,6 996,5 1003,7 23,7 1001,46

13 1014 1008,9 1004,1 1007,9 1000,7 13,3 1007,12

14 1002,2 996,6 1002,7 1004,2 1001,8 7,6 1001,5

15 998,3 997,5 1006,1 996,5 998,1 9,6 999,3

16 995,8 1000,8 999,1 1002,5 1001 6,7 999,84

17 1004,1 1003 1004,8 997,9 999,9 6,9 1001,94

18 1000,1 994,9 1000,1 1004,9 997,3 10 999,46

19 1000,2 996,1 998 1006,1 999,4 10 999,96

20 1002,3 999 1000,8 1000,7 998 4,3 1000,16

21 998,3 998,1 1004,2 1002,1 991,3 12,9 998,8

22 997,1 1000,7 999,8 1000,6 1001,7 4,6 999,98

23 1003,6 996,1 1001,4 998 991,8 11,8 998,18

24 999,9 1006,4 1005,1 999,8 1003 6,6 1002,84

25 1007,3 999,8 992,5 996,2 998,2 14,8 998,8

10,996* 1000,061**

3.1. Aplicação com Exemplo Clássico

A partir de uma amostra considerada sob controle, temos a informação inicial

que e .

Utilizando-se da abordagem frequentista de CEQ, considerando que a variável

em questão é contínua, faz sentido que se estude a centralidade e a dispersão em

conjunto e por isso ilustraremos nosso trabalho com gráficos de controle de e .

Conforme explicado na seção 1.2, iniciaremos pelo monitoramento de R:

Page 35: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

35

Como o limite inferior de controle de R apresentou um valor negativo,

.

Temos então o seguinte gráfico de controle:

Gráfico 1. Gráfico da Amplitude R

Verificamos que a amostra de número 12 possui amplitude acima do limite

superior de controle. Neste caso, deve-se averiguar qual causa especial fez com que

esta única amostra se posicionasse fora dos limites de controle, e tomar providências

para que amostras futuras não sejam comprometidas com essas mesmas causas

especiais. Visto isso, eliminamos esta amostra e então recalculamos os limites de

controle:

Tabela 6. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias excluindo a 12ᵃ amostra

i 1 1004,6 997,3 1003 1005,9 995,8 10,1 1001,32

2 1001,6 1008,6 997,9 1001,3 999,1 10,7 1001,7

3 999,1 992,6 1001,1 1001,6 1002,9 10,3 999,46

4 1007,9 997,5 991,3 997,8 1000,8 16,6 999,06

5 999,5 995,6 1004,3 995,6 991,4 12,9 997,28

6 1003,3 996,8 997,2 993,6 1000,1 9,7 998,2

7 999,7 1012,1 995,2 1001,8 1002,2 16,9 1002,2

8 1000,1 995,3 990 997,5 1003,2 13,2 997,22

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Am

plit

ud

e R

Número da Amostra

Gráfico da Amplitude R

Page 36: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

36

9 1004,3 1001,4 1001,6 999,1 996,4 7,9 1000,56

10 999 995,8 989,9 995,1 1002,8 12,9 996,52

11 1003,2 1004,4 993,5 994,6 997,6 10,9 998,66

... ... ... ... ... ... ... ...

13 1014 1008,9 1004,1 1007,9 1000,7 13,3 1007,12

14 1002,2 996,6 1002,7 1004,2 1001,8 7,6 1001,5

15 998,3 997,5 1006,1 996,5 998,1 9,6 999,3

16 995,8 1000,8 999,1 1002,5 1001 6,7 999,84

17 1004,1 1003 1004,8 997,9 999,9 6,9 1001,94

18 1000,1 994,9 1000,1 1004,9 997,3 10 999,46

19 1000,2 996,1 998 1006,1 999,4 10 999,96

20 1002,3 999 1000,8 1000,7 998 4,3 1000,16

21 998,3 998,1 1004,2 1002,1 991,3 12,9 998,8

22 997,1 1000,7 999,8 1000,6 1001,7 4,6 999,98

23 1003,6 996,1 1001,4 998 991,8 11,8 998,18

24 999,9 1006,4 1005,1 999,8 1003 6,6 1002,84

25 1007,3 999,8 992,5 996,2 998,2 14,8 998,8

E portanto:

Gráfico 1. Gráfico da Amplitude R excluindo a 12ᵃ amostra

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Am

plit

ud

e R

Número da Amostra

Gráfico da Amplitude R

Page 37: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

37

Agora verificaremos os limites de controle para :

1000,0

O gráfico de controle para é o seguinte:

Gráfico 2. Gráfico da Média excluindo a 12ᵃ amostra

Novamente, detectamos uma não-conformidade na 13ª amostra,

examinamos os motivos, excluímos esta amostra e recalculamos esses limites:

Tabela 7. Dados das 25 amostras de saquinhos de leite, Amplitudes e Médias excluindo a 13ᵃ amostra

i 1 1004,6 997,3 1003 1005,9 995,8 10,1 1001,32

2 1001,6 1008,6 997,9 1001,3 999,1 10,7 1001,7

3 999,1 992,6 1001,1 1001,6 1002,9 10,3 999,46

4 1007,9 997,5 991,3 997,8 1000,8 16,6 999,06

5 999,5 995,6 1004,3 995,6 991,4 12,9 997,28

6 1003,3 996,8 997,2 993,6 1000,1 9,7 998,2

7 999,7 1012,1 995,2 1001,8 1002,2 16,9 1002,2

993

995

997

999

1001

1003

1005

1007

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

dia

Número da Amostra

Gráfico da Média

Page 38: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

38

8 1000,1 995,3 990 997,5 1003,2 13,2 997,22

9 1004,3 1001,4 1001,6 999,1 996,4 7,9 1000,56

10 999 995,8 989,9 995,1 1002,8 12,9 996,52

11 1003,2 1004,4 993,5 994,6 997,6 10,9 998,66

... ... ... ... ... ... ... ...

... ... ... ... ... ... ... ...

14 1002,2 996,6 1002,7 1004,2 1001,8 7,6 1001,5

15 998,3 997,5 1006,1 996,5 998,1 9,6 999,3

16 995,8 1000,8 999,1 1002,5 1001 6,7 999,84

17 1004,1 1003 1004,8 997,9 999,9 6,9 1001,94

18 1000,1 994,9 1000,1 1004,9 997,3 10 999,46

19 1000,2 996,1 998 1006,1 999,4 10 999,96

20 1002,3 999 1000,8 1000,7 998 4,3 1000,16

21 998,3 998,1 1004,2 1002,1 991,3 12,9 998,8

22 997,1 1000,7 999,8 1000,6 1001,7 4,6 999,98

23 1003,6 996,1 1001,4 998 991,8 11,8 998,18

24 999,9 1006,4 1005,1 999,8 1003 6,6 1002,84

25 1007,3 999,8 992,5 996,2 998,2 14,8 998,8

999,7

O novo gráfico de controle de é:

Gráfico 3. Gráfico da Média excluindo a 12ᵃ e 13ᵃ amostras

993

995

997

999

1001

1003

1005

1007

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

dia

Número da Amostra

Gráfico da Média

Page 39: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

39

Para analisarmos o desempenho conjunto dos gráficos de e R, as hipóteses

associadas a este uso serão:

Os riscos α, conforme mostrados anteriormente são os seguintes:

Como o erro do tipo 1 conjunto é , então .

Portanto, enquanto o processo permanecer sob controle, a probabilidade de um valor

de estar fora dos limites de controle é de 0,0077. Além disso, pode-se facilmente

concluir que o tempo médio entre alarmes falsos é de

.

Este é o procedimento de monitoramento utilizado na abordagem clássica.

Além disso, podemos calcular o poder do teste, que é a probabilidade de detectar uma

amostra não-conforme, sendo ela de fato, para cada valor dos parâmetros de

interesse.

3.2. Aplicação com Exemplo Bayesiano

Para aplicarmos a teoria apresentada, utilizamos os mesmos dados

empregados na metodologia clássica e com auxílio do software R, calculamos as

probabilidades condicionais das hipóteses H0 e H1 dado o nosso conjunto de dados.

Teste de Hipóteses para

Desejamos primeiramente testar apenas se o processo está sob controle em

relação à média, o que, neste caso, significa testar:

Page 40: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

40

Conforme já discutido acima, sejam os parâmentros desconhecidos com as

seguintes distribuições a priori:

| ( )

(

)

Dado as restrições de cada um dos parâmetros, consideramos os seguintes

valores para os parâmetros das distribuições a priori:

;

, que no caso influencia na variabilidade da variância de | foi fixado em

0.5, 1 e 10, aumentando, mantendo e diminuindo sua variância

respectivamente;

assumiu 0.001, 0.05, 0.1, 5, 10, 50 e 100;

, cujo inverso é a média de foi usado com os valores 1, 5, 10, 25,100,500

e 2500.

Por ter pouca informação quanto aos parâmetros relativos à precisão,

decidimos utilizar um conjunto de valores possíveis de e para avaliarmos o

processo. Também consideramos

.

Após as definições apresentadas acima, ajustou-se o modelo através do

software R. O anexo B contém este programa.

As tabelas que se sucedem exibem os valores das probabilidades | . A

probabilidade | pode ser facilmente calcula pois é complementar à

probabilidade | exibida.

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41

Tabela 8. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 0.5

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 0.9399663 0.939965 0.9399638 0.9398413 0.9397185 0.9388111 0.9378366

5 0.9399663 0.9399653 0.9399644 0.9398721 0.9397865 0.9393086 0.9389812

10 0.9399663 0.9399657 0.939965 0.9399074 0.9398585 0.939645 0.9395393

25 0.9399663 0.9399667 0.939967 0.939996 0.9400157 0.940071 0.9400882

100 0.9399664 0.9399718 0. 939977 0.9402367 0.940325 0.9404522 0.9404747

500 0.939967 0.9399975 0.9400257 0.940499 0.940546 0.9405903 0.9405963

2500 0.9399697 0.9401008 0.9401895 0.9405984 0.9406104 0.9406204 NaN

Tabela 9. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 1

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 0.917314 0.9173123 0.9173106 0.9171466 0.9169822 0.9157682 0.9144654

5 0.917314 0.9173127 0.9173114 0.9171879 0.9170733 0.9164337 0.9159957

10 0.917314 0.9173132 0. 9173123 0.9172352 0.9171697 0.9168839 0.9167424

25 0.917314 0.9173145 0.917315 0.9173538 0.9173801 0.9174543 0.9174772

100 0.9173142 0.9173213 0.9173284 0.917676 0.9177944 0.9179646 0.9179948

500 0.9173149 0.9173557 0.9173935 0.9180272 0.9180904 0.9181496 0.9181576

2500 0.9173185 0.917494 0.9176128 0.9181604 0.9181766 0.91819 NaN

Tabela 10. Probabildade a posteriori de H0 para C0 = 10

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 0.7842126 0.7842091 0.7842056 0.7838641 0.7835222 0.7810038 0.7783146

5 0.7842126 0.7842099 0.7842071 0.7839501 0.7837117 0.7823827 0.7814747

10 0.7842126 0.7842108 0.784209 0.7840485 0.7839122 0.7833178 0.7830237

25 0.7842127 0.7842137 0.7842147 0.7842955 0.7843502 0.7845047 0.7845524

100 0.784213 0.7842278 0.7842426 0.7849669 0.7852138 0.7855692 0.7856321

500 0.7842145 0.7842995 0.7843782 0.7856998 0.7858317 0.7859554 0.7859721

2500 0.784222 0.7845876 0.7848352 0.7859781 0.7860118 0.7860397 NaN

É possível concluir que, para um mesmo valor de C0, as probabilidades

| se mantêm bem próximas mesmo que se extrapole seus parâmetros e np.

Variações de C0, no entanto, podem significar drásticas mudanças na probabilidade,

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como pode ser visto no caso np = 0,001 onde para , |

e , | .

Interessante observar que mesmo considerando parâmetros bastante

diferentes nas distribuições a priori, obtem-se probabilidades a posteriori de muito

próximas. Como já foi mensionado neste trabalho.

Em seguida, calculamos o Fator de Bayes para cada caso apresentado:

Tabela 11. Fator de Bayes para C0 = 0.5

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 15.65731 15.65697 15.65662 15.62269 15.58883 15.34284 15.08664

5 15.65731 15.65705 15.65677 15.63122 15.60758 15.47679 15.38839

10 15.65732 15.65714 15.65696 15.64100 15.62746 15.56864 15.53966

25 15.65732 15.65742 15.65753 15.66557 15.67103 15.68644 15.69120

100 15.65735 15.65883 15.66030 15.73267 15.75746 15.79323 15.79959

500 15.6575 15.66596 15.67381 15.80642 15.81975 15.83226 15.83396

2500 15.65825 15.69470 15.71947 15.83456 15.83797 15.8408 NaN

Tabela 12. Fator de Bayes para C0 = 1

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 11.09394 11.09370 11.09345 11.06951 11.04561 10.87200 10.69117

5 11.09395 11.09376 11.09356 11.07553 11.05885 10.96654 10.90415

10 11.09395 11.09382 11.09370 11.08243 11.07288 11.03136 11.01091

25 11.09395 11.09402 11.09409 11.09977 11.10362 11.11450 11.11786

100 11.09397 11.09501 11.09605 11.14712 11.16462 11.18987 11.19435

500 11.09408 11.10005 11.10559 11.19917 11.20858 11.21740 11.21860

2500 11.09461 11.12033 11.13781 11.21903 11.22144 11.22343 NaN

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Tabela 13. Fator de Bayes para C0 = 10

np

0.001 0.05 0.1 5 10 50 100

1 3.634190 3.634116 3.634041 3.626720 3.619412 3.566289 3.510898

5 3.634191 3.634133 3.634074 3.62856 3.623459 3.595223 3.576129

10 3.634191 3.634153 3.634114 3.63067 3.627749 3.615053 3.608797

25 3.634192 3.634214 3.634236 3.635972 3.637149 3.640473 3.6415

100 3.634199 3.634517 3.634835 3.650446 3.655794 3.663509 3.664879

500 3.634231 3.636057 3.63775 3.666352 3.669225 3.671922 3.672289

2500 3.634393 3.642257 3.647601 3.672420 3.673155 3.673765 NaN

Para todos os valores de C0 e dos parâmetro estudados o Fator de Bayes foi

maior que 1(um). Nos casos em que C0=0.5 e C0=1.0, o fator de Bayes variou de 15.67 a

15.84 e 11.09 a 11.22 respectivamente, mostrando nesses casos que o teste em

questão sustenta de forma muito forte a hipótese H0. Contudo para C0=10, o fator de

Bayes variou de 3.63 a 3.67, que de fato, sustenta fracamente a hipótese H0.

Também foi observado que quanto maior o C0, menor é | , e também

menor é o Fator de Bayes.

Exemplificando a eficiência do teste

Para que pudéssemos ter uma forma de analisar a eficácia do teste proposto,

ou seja, ter a capacidade de detectar amostras fora de controle, executamos o teste de

uma forma agregativa, ou seja, consideramos toda a informação disponível a cada

período de tempo. Este método foi aplicado ao exemplo dos saquinhos de leite, e

então calculamos em cada um desses momentos as probabilidades da hipótese H0 e o

respectivo FB dado o conjunto de dados disponível até o momento t. Por exemplo,

quando t=11 (FB=3,65) este FB se refere às probabilidades de todas as amostras

coletadas até o tempo t=11. Para este procedimento utilizamos C0=1; np=5; σp2=25.

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Gráfico 4. Gráfico de Controle Estatístico de Qualidade Bayesiano para o Exemplo dos Saquinhos de Leite

Observou-se que, neste exemplo desde o início suportava-se, embora

fracamente, a hipótese . Em t=11, o FB detectou uma retração na probabilidade de

aceitação de H0. Lembramos que no exemplo clássico houve amostra não conforme

em t=12 e posteriormente em t=13. Isso mostra que o procedimento em questão foi

capaz de detectar uma possível amostra fora de controle antes do método clássico. No

entanto, como podemos observar ao longo do gráfico, o FB é crescente o que nos gera

consistência na aceitação da hipótese nula.

Afim de testar a eficiência do método sugerido, também simulamos novas

observações para o exemplo dos saquinhos de leite. Foram geradas trinta amostras,

sob a hipótese de normalidade, de cinco observações cada uma delas. No entanto,

nessas novas amostras, a média μ estava sob controle até a décima amostra, e da

décima primeira à trigésima os valores gerados tinham média μ=1005. A variância

usada foi a mesma para todos os dados ( =15). Novamente, utilizou-se C0=1; np=5;

σp2=25.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Fato

r d

e B

aye

s

t

Método Agregativo para o Exemplo dos Saquinhos de Leite

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Gráfico 5. Gráfico de Controle Estatístico de Qualidade Bayesiano para dados simulados

O que se pôde observar neste gráfico foi que as primeiras observações tiveram

muita oscilação no FB, isso é esperado, e se explica pelo fato de haver pouca

informação sobre o problema. Mesmo assim o FB estava, em sua maior parte, acima

de 2, podendo dizer que o teste suportava fracamente a hipótese de μ=1000.

Entre o décimo e o décimo quinto ponto houve uma tendência crescente do FB,

ou seja, até aí o FB ainda não estava detectando a mudança na média, e estava até

mesmo indicando que suportava substancialmente a hipótese H0. A partir do décimo

quinto ponto o FB foi decrescendo drasticamente, e após o décimo quinto ponto,

finalmente, os teste começam a indicar incertezas acerca da hipótese H0.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 5 10 15 20 25 30 35

Fato

r d

e B

aye

s

t

Método agregativo para dados simulados

Sob controle Fora de controle

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Conclusão

O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia Bayesiana para o CEQ.

Consideramos que o CEQ Bayesiano seria uma forma razoável e alternativa ao CEQ

clássico, pois ele não restringiria seus resultados apenas a erros do tipo 1 e 2, ele

poderia calcular a probabilidade real da hipótese nula dado um conjunto de dados.

Usando conceitos de Inferência Bayesiana e Clássica desenvolveram-se testes

de hipóteses e metodologia para analisar a eficácia dos mesmos em comparação ao

CEQ clássico. Os conceitos iniciais foram extraídos de Migon (1999, p.63), no entanto

neste trabalho tais conceitos foram implementadas para dados de médias de amostras

recolhidas em instantes de tempo, portanto alguns parâmetros tiveram de ser

adaptados.

Para exemplificar, utilizamos um conjunto de dados descrito em Costa et al.

(2009, p.48) e aplicamos sobre estes dados o CEQ sob abordagem Clássica.

Utilizando-se de conceitos Bayesiano, calculamos as probabilidades

condicionais da hipótese nula dado o mesmo conjunto de dados, da hipótese

alternativa dado o conjunto de dados, e o fator de Bayes. Como tínhamos pouca

informação a priori dos parâmetros, aplicamos o teste para algumas combinações

possíveis. Concluímos que apenas o parâmetro C0 , de fato, influencia.

A partir de então foi criada uma metodologia para a análise desses resultados.

Foi calculado o Fator de Bayes agregando as amostras de cada tempo, e com essas

informações foram construídos os gráficos de Controle Bayesianos para que se

pudesse detectar alguma não conformidade. No exemplo estudado, o método

desenvolvido, apontou uma provável não conformidade antes do CEQ clássico. No

entanto ele suporta, pelo menos fracamente, a hipótese de que o processo está sob

controle ao longo do tempo estudado.

Para analisar a capacidade de detecção de amostras fora de controle,

simulamos um conjunto de amostras em que, a partir da décima amostra a média

estava alterada. O método indicou a partir da décima quinta amostra sucessivas

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perdas de credibilidade, mas somente a partir da vigésima sexta ele passa a não

suportar a hipótese H0.

Como sugestão para trabalhos futuros destacamos o desenvolvimento de

testes Bayesianos para outros parâmetros de interesse, ou testes em que as variáveis

aleatórias seguem diferentes distribuições de probabilidade. Além disso, sugere-se que

testes sejam desenvolvidos para incorporar evoluções dinâmicas de médias e

variâncias do processo.

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Bibliografia

[1] COSTA, Antonio; EPPRECHT, Eugenio; CARPINETTI, Luiz. Controle Estatístico de

Qualidade, 2ª edição. São Paulo: Atlas S.A., 2009.

[2] MIGON, Helio; GAMERMAN, Dani. Statistical Inference: An integrated approach, 1ª

edição. London: Arnold, 1999.

[3] DEGROOT, Morris; SCHERVISH, Mark. Probability and statistics, 4 ª edição. Boston:

Pearson Education, 2002.

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Apêndice A

Para identificar os parâmetros da Normal-Gama que aparece no cálculo de |

procederemos da seguinte forma:

Sabemos que se (μ , ) ~ Normal-Gama( , ,α ,β) então:

| √

(

)

Igualando os termos do expoente de temos:

, logo

Analogamente, para os termos do expoente da exponencial temos:

Por sua vez,

∑ ( )

( )

[ (

)

]

Esta expressão foi simplificada afim de evidenciar μ e , daí igualando

as duas expressões acima conclui-se que:

( ) logo

Completando o termo restante é possível achar β:

[

( )

]

[

( )

]

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Então,

(μ, )~Normal-Gamma ( , , α, β), onde:

, ,

,

[

( )

].

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Apêndice B

Segue o output do programa feito em R para o cálculo das probabilidades a

posteriori de H0 e H1 dado o conjunto de dados:

#Dt é uma matriz n x t onde cada linha é uma amostra do experimento com suas n observações.

# As duas ultimas colunas são a média e a variância amostral da linha respectivamente

# Seja P(H0)=lambda e P(H1)=1-lambda

#Teste H0: mi=mi0

#Seja mi0 o valor que será testado para mi

#Os parâmetros: mi, fi, mip, c0, np, sigmap2

# Xij~Normal(mi,fi^-1)

# mi|fi~Normal(mip, (C0*fi)^-1)

# fi~Gama(np/2, np*sigmap2/2)

teste.mi.dadosmedia <- function (Dt,lambda,mi0,mip,C0,np,sigmap2)

n<-ncol(Dt)

t<-nrow(Dt)

Xbb<-mean(Dt)

#achar Xb

Xb<-rep(NA,times=t)

for(i in 1:t)Xb[i]<-mean(Dt[i,])

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Xb<-Xb[1:t]

S2<-(var(Xb)*(n-1))/n

# para facilitar a programação, repartimos os cálculos de probabilidades em três equações: eq1,

eq2, e eq3

eq1<-(gamma((t+np)/2)/gamma(np/2))*(sqrt(n/pi))*((np*sigmap2)^(np/2))

eq2<-((n*t*S2+np*sigmap2+n*t*((Xbb-mi0)^2))^(-(t+np)/2))

eq3<-(sqrt(C0/(n*t+C0)))*((n*t*S2+np*sigmap2+(n*t*C0/(n*t+C0))*((Xbb-mip)^2))^(-(t+np)/2))

Prob.Dt.dado.H0<-eq1*eq2

Prob.Dt.dado.H1<-eq1*eq3

Prob.Dt<-eq1*(lambda*eq2+(1-lambda)*eq3)

Prob.H0.dado.Dt<-(lambda*eq2)/(lambda*eq2+(1-lambda)*eq3)

Prob.H1.dado.Dt<-((1-lambda)*eq3)/(lambda*eq2+(1-lambda)*eq3)

Bayes.factor<-eq2/eq3

result <- list(Prob.H0.dado.Dt,Prob.H1.dado.Dt,Bayes.factor)

return(result)

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Apêndice C

Tabela da Distribuição Normal Padrão

P(Z<z)

z 0,0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

0,0 0,5000 0,5040 0,5080 0,5120 0,5160 0,5199 0,5239 0,5279 0,5319 0,5359

0,1 0,5398 0,5438 0,5478 0,5517 0,5557 0,5596 0,5636 0,5675 0,5714 0,5753

0,2 0,5793 0,5832 0,5871 0,5910 0,5948 0,5987 0,6026 0,6064 0,6103 0,6141

0,3 0,6179 0,6217 0,6255 0,6293 0,6331 0,6368 0,6406 0,6443 0,6480 0,6517

0,4 0,6554 0,6591 0,6628 0,6664 0,6700 0,6736 0,6772 0,6808 0,6844 0,6879

0,5 0,6915 0,6950 0,6985 0,7019 0,7054 0,7088 0,7123 0,7157 0,7190 0,7224

0,6 0,7257 0,7291 0,7324 0,7357 0,7389 0,7422 0,7454 0,7486 0,7517 0,7549

0,7 0,7580 0,7611 0,7642 0,7673 0,7704 0,7734 0,7764 0,7794 0,7823 0,7852

0,8 0,7881 0,7910 0,7939 0,7967 0,7995 0,8023 0,8051 0,8078 0,8106 0,8133

0,9 0,8159 0,8186 0,8212 0,8238 0,8264 0,8289 0,8315 0,8340 0,8365 0,8389

1,0 0,8413 0,8438 0,8461 0,8485 0,8508 0,8531 0,8554 0,8577 0,8599 0,8621

1,1 0,8643 0,8665 0,8686 0,8708 0,8729 0,8749 0,8770 0,8790 0,8810 0,8830

1,2 0,8849 0,8869 0,8888 0,8907 0,8925 0,8944 0,8962 0,8980 0,8997 0,9015

1,3 0,9032 0,9049 0,9066 0,9082 0,9099 0,9115 0,9131 0,9147 0,9162 0,9177

1,4 0,9192 0,9207 0,9222 0,9236 0,9251 0,9265 0,9279 0,9292 0,9306 0,9319

1,5 0,9332 0,9345 0,9357 0,9370 0,9382 0,9394 0,9406 0,9418 0,9429 0,9441

1,6 0,9452 0,9463 0,9474 0,9484 0,9495 0,9505 0,9515 0,9525 0,9535 0,9545

1,7 0,9554 0,9564 0,9573 0,9582 0,9591 0,9599 0,9608 0,9616 0,9625 0,9633

1,8 0,9641 0,9649 0,9656 0,9664 0,9671 0,9678 0,9686 0,9693 0,9699 0,9706

1,9 0,9713 0,9719 0,9726 0,9732 0,9738 0,9744 0,9750 0,9756 0,9761 0,9767

2,0 0,9772 0,9778 0,9783 0,9788 0,9793 0,9798 0,9803 0,9808 0,9812 0,9817

2,1 0,9821 0,9826 0,9830 0,9834 0,9838 0,9842 0,9846 0,9850 0,9854 0,9857

2,2 0,9861 0,9864 0,9868 0,9871 0,9875 0,9878 0,9881 0,9884 0,9887 0,9890

2,3 0,9893 0,9896 0,9898 0,9901 0,9904 0,9906 0,9909 0,9911 0,9913 0,9916

2,4 0,9918 0,9920 0,9922 0,9925 0,9927 0,9929 0,9931 0,9932 0,9934 0,9936

2,5 0,9938 0,9940 0,9941 0,9943 0,9945 0,9946 0,9948 0,9949 0,9951 0,9952

2,6 0,9953 0,9955 0,9956 0,9957 0,9959 0,9960 0,9961 0,9962 0,9963 0,9964

2,7 0,9965 0,9966 0,9967 0,9968 0,9969 0,9970 0,9971 0,9972 0,9973 0,9974

2,8 0,9974 0,9975 0,9976 0,9977 0,9977 0,9978 0,9979 0,9979 0,9980 0,9981

2,9 0,9981 0,9982 0,9982 0,9983 0,9984 0,9984 0,9985 0,9985 0,9986 0,9986

3,0 0,9987 0,9987 0,9987 0,9988 0,9988 0,9989 0,9989 0,9989 0,9990 0,9990

3,1 0,9990 0,9991 0,9991 0,9991 0,9992 0,9992 0,9992 0,9992 0,9993 0,9993

3,2 0,9993 0,9993 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9995 0,9995 0,9995

3,3 0,9995 0,9995 0,9995 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9997

3,4 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9998

3,5 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998 0,9998

3,6 0,9998 0,9998 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999

3,7 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999

3,8 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999 0,9999

3,9 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000

Page 54: Controle Estatístico de Qualidade: Uma abordagem Bayesiana · do Controle Estatístico de Qualidade, uma introdução à inferência bayesiana, o desenvolvimento de modelos para

54

z 0,0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

0,0 0,5000 0,4960 0,4920 0,4880 0,4840 0,4801 0,4761 0,4721 0,4681 0,4641

-0,1 0,4602 0,4562 0,4522 0,4483 0,4443 0,4404 0,4364 0,4325 0,4286 0,4247

-0,2 0,4207 0,4168 0,4129 0,4090 0,4052 0,4013 0,3974 0,3936 0,3897 0,3859

-0,3 0,3821 0,3783 0,3745 0,3707 0,3669 0,3632 0,3594 0,3557 0,3520 0,3483

-0,4 0,3446 0,3409 0,3372 0,3336 0,3300 0,3264 0,3228 0,3192 0,3156 0,3121

-0,5 0,3085 0,3050 0,3015 0,2981 0,2946 0,2912 0,2877 0,2843 0,2810 0,2776

-0,6 0,2743 0,2709 0,2676 0,2643 0,2611 0,2578 0,2546 0,2514 0,2483 0,2451

-0,7 0,2420 0,2389 0,2358 0,2327 0,2296 0,2266 0,2236 0,2206 0,2177 0,2148

-0,8 0,2119 0,2090 0,2061 0,2033 0,2005 0,1977 0,1949 0,1922 0,1894 0,1867

-0,9 0,1841 0,1814 0,1788 0,1762 0,1736 0,1711 0,1685 0,1660 0,1635 0,1611

-1,0 0,1587 0,1562 0,1539 0,1515 0,1492 0,1469 0,1446 0,1423 0,1401 0,1379

-1,1 0,1357 0,1335 0,1314 0,1292 0,1271 0,1251 0,1230 0,1210 0,1190 0,1170

-1,2 0,1151 0,1131 0,1112 0,1093 0,1075 0,1056 0,1038 0,1020 0,1003 0,0985

-1,3 0,0968 0,0951 0,0934 0,0918 0,0901 0,0885 0,0869 0,0853 0,0838 0,0823

-1,4 0,0808 0,0793 0,0778 0,0764 0,0749 0,0735 0,0721 0,0708 0,0694 0,0681

-1,5 0,0668 0,0655 0,0643 0,0630 0,0618 0,0606 0,0594 0,0582 0,0571 0,0559

-1,6 0,0548 0,0537 0,0526 0,0516 0,0505 0,0495 0,0485 0,0475 0,0465 0,0455

-1,7 0,0446 0,0436 0,0427 0,0418 0,0409 0,0401 0,0392 0,0384 0,0375 0,0367

-1,8 0,0359 0,0351 0,0344 0,0336 0,0329 0,0322 0,0314 0,0307 0,0301 0,0294

-1,9 0,0287 0,0281 0,0274 0,0268 0,0262 0,0256 0,0250 0,0244 0,0239 0,0233

-2,0 0,0228 0,0222 0,0217 0,0212 0,0207 0,0202 0,0197 0,0192 0,0188 0,0183

-2,1 0,0179 0,0174 0,0170 0,0166 0,0162 0,0158 0,0154 0,0150 0,0146 0,0143

-2,2 0,0139 0,0136 0,0132 0,0129 0,0125 0,0122 0,0119 0,0116 0,0113 0,0110

-2,3 0,0107 0,0104 0,0102 0,0099 0,0096 0,0094 0,0091 0,0089 0,0087 0,0084

-2,4 0,0082 0,0080 0,0078 0,0075 0,0073 0,0071 0,0069 0,0068 0,0066 0,0064

-2,5 0,0062 0,0060 0,0059 0,0057 0,0055 0,0054 0,0052 0,0051 0,0049 0,0048

-2,6 0,0047 0,0045 0,0044 0,0043 0,0041 0,0040 0,0039 0,0038 0,0037 0,0036

-2,7 0,0035 0,0034 0,0033 0,0032 0,0031 0,0030 0,0029 0,0028 0,0027 0,0026

-2,8 0,0026 0,0025 0,0024 0,0023 0,0023 0,0022 0,0021 0,0021 0,0020 0,0019

-2,9 0,0019 0,0018 0,0018 0,0017 0,0016 0,0016 0,0015 0,0015 0,0014 0,0014

-3,0 0,0013 0,0013 0,0013 0,0012 0,0012 0,0011 0,0011 0,0011 0,0010 0,0010

-3,1 0,0010 0,0009 0,0009 0,0009 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0007 0,0007

-3,2 0,0007 0,0007 0,0006 0,0006 0,0006 0,0006 0,0006 0,0005 0,0005 0,0005

-3,3 0,0005 0,0005 0,0005 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0004 0,0003

-3,4 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0003 0,0002

-3,5 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002

-3,6 0,0002 0,0002 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001

-3,7 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001

-3,8 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001

-3,9 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000