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Ano 18 nº 205 | 2015 www.portalnovosrumos.com.br TRÊS EM CADA DEZ BEBÊS COM MENOS DE 2 ANOS TOMAM REFRIGERANTE AMAR É A ÚNICA EXPERIÊNCIA VERDADEIRA NA ARENA DA VIDA DRA ISABEL A. MARTINS CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E SAÚDE DRA SANDRA Q. MARENCO CONSUMO DE REFRIGERANTES LEVA 184 MIL PESSOAS À MORTE POR ANO A Coca-Cola é uma das bebidas mais consumidas no mundo e isso não há como negar. Mas você sabe como essa “senhora” de quase 130 anos age dentro do seu corpo?

CONSUMO DE REFRIGERANTES LEVA 184 MIL PESSOAS À … · morte de 184 mil pessoas todos os anos. Para chegar a essa conclusão, os cientistas reuniram dados de dezenas de pesquisas

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Ano 18 nº 205 | 2015 www.portalnovosrumos.com.br

TRÊS EM CADA DEZ BEBÊS COM MENOS DE 2 ANOS TOMAM REFRIGERANTE

AMAR É A ÚNICA EXPERIÊNCIA VERDADEIRA NA ARENA DA VIDADRA ISABEL A. MARTINS

CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E SAÚDE

DRA SANDRA Q. MARENCO

CONSUMO DE REFRIGERANTES LEVA

184 MIL PESSOAS À MORTE POR ANO

A Coca-Cola é uma das bebidas mais consumidas no mundo e isso não há como negar. Mas você sabe como essa

“senhora” de quase 130 anos age dentro do seu corpo?

Informação e conhecimento

A revista Novos Rumos Saúde tem como objetivo: Congregarprofissionais preocupados com a melhor qualidade de vida dapopulação. .Mostrar os avanços tecnológicos e científicos das terapiasnas áreas da medicina, psicologia, nutrição, fisioterapias,farmácias e estética. .Proporcionar informações úteis a comunidade através de matérias.

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ÍNDICE

Vilson TeixeiraJornalista/Editor - Reg. 11795

Presidente da Editora Novos Rumos Ltda

Editoração/Artes: WDNRRedação: (51) 3501.2047

Colaboradores:Dr. Roberto B. Quadros

Dra. Sandra de Q. Marenco Dra. Dora Lorch

Dra. Isabel Amaral Martins

A revista é publicada mensalmente pela Editora Novos Rumos Ltda, e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

editora

Assinatura Digital Semestral R$ 20,00Anual R$ 35,00

Download Semestral R$ 32,00Anual R$ 52,00

Assinatura Digital + DownloadSemetral R$ 42,00

Anual R$ 72,00

05 CONSUMO DE REFRIGERANTES LEVA 184 MIL PESSOAS À MORTE POR ANO

06 MÁ ALIMENTAÇÃO? CIENTISTAS FINANCIADOS PELA COCA-COLA DIZEM QUE ISSO NÃO É PROBLEMA...

08 O QUE ACONTECE NO SEU CORPO QUANDO VOCÊ TOMA COCA-COLA?

10 TRÊS EM CADA DEZ BEBÊS COM MENOS DE 2 ANOS TOMAM REFRIGERANTE, DIZ IBGE

12 CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E SAÚDE

14MAIS DE 2 MIL CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOFRERAM INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS NO BRASIL NOS ÚLTIMOS SETE ANOS

17 MORTES POR MALÁRIA DIMINUEM 60%, DIZ ESTUDO

18 POR QUE OS BRASILEIROS PREFEREM OS MÉDICOS CUBANOS?

23 ATÉ ONDE VAI A DESUMANIDADE DE UM EMPRESÁRIO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA?

24 OBESIDADE, DOENÇA (QUASE INCURÁVEL) DO CAPITALISMO?

26 A MULHER E O ÁLCOOL

28 O QUE FAZER COM A EPIDEMIA DE CESÁREAS NO BRASIL?

33 ROUBAR É MUITO FEIO!

34 PESQUISADORES DESENVOLVEM TÉCNICA PARA TRATAMENTO DO RONCO

36 AMAR É A ÚNICA EXPERIÊNCIA VERDADEIRA NA ARENA DA VIDA

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3838 DICA DO MÊS - SOPA CREME DE MILHO

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Uma análise descobriu que o consumo de re-frigerantes resulta na

morte de 184 mil pessoas todos os anos. Para chegar a essa conclusão, os cientistas reuniram dados de dezenas de pesquisas de dieta e estudos prospectivos extensos envolvendo o efeito da ingestão de bebidas açucaradas sobre o índice de massa corporal (IMC) e o diabetes tipo 2, além de estudos relacionados com o efeito do IMC sobre doenças cardiovasculares, diabetes e câncer. Eles usaram dados sobre o consumo de bebi-

das açucaradas de 62 pesquisas nacionais sobre dieta que incluíram mais de 600 mil pessoas de 51 pa-íses examinadas de 1980 a 2010. O estudo foi publicado online no periódico Circulation.

A fim de confirmar quais do-enças tinham causado as mortes, os pesquisadores usaram a Global Burden of Diseases, Injuries and Risk Factors 2010, uma análise in-ternacional que é periodicamente atualizada.

Eles estimaram que, em todo o

mundo, as bebidas açucaradas cau-sam 133 mil mortes por diabetes, 45 mil por doenças cardiovasculares e 6.450 por câncer.

As mortes associadas a bebidas açucaradas corresponderam a um por cento das mortes por qualquer causa entre japoneses com mais 65 anos e a 30 por cento dessas mortes entre os mexicanos com menos de 45 anos. O estudo descobriu que, nos Estados Unidos, as bebidas açu-caradas causam aproximadamente 45 mil óbitos ao ano.

CONSUMO DE REFRIGERANTES LEVA 184 MIL PESSOAS À MORTE POR ANO

Fonte: Irãnews

Foram 133 mil mortes por diabetes, 45 mil por doenças cardiovasculares e 6.450 por câncer

MÁ ALIMENTAÇÃO? CIENTISTAS FINANCIADOS PELA COCA-COLA DIZEM QUE ISSO NÃO É PROBLEMA...A Coca-Cola fez uma parceria com cientistas para que difundam que o sedentarismo, e não a má alimentação, é o principal responsável pela obesidade.

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“O maior produtor mun-dial de bebidas açucaradas está a apoiar uma nova solu-ção ‘baseada na ciência’ para a crise de obesidade: Para manter um peso saudável, devemos fazer mais exercí-cios e preocupar-nos menos com cortar calorias”, lê-se num artigo publicado no The New York Times (NYT).

“O gigante de bebidas fez

uma parceria com cientistas influentes que estão a avan-çar esta mensagem em revis-tas médicas, em conferências e através das mídias sociais”, acrescenta, sublinhando que “para ajudar os cientistas a passar a palavra, a Coca-Cola tem prestado apoio finan-ceiro e logístico a nova orga-nização sem fins lucrativos denominada Global Energy Balance Network (GEBN)”, que promove o argumento de que os americanos são excessivamente obcecados com a alimentação, não pres-tando atenção suficiente ao exercício.

No ano passado, a Coca-

-Cola doou 1,5 milhões de Fonte: Carta Maior

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dólares para financiar a forma-lização da organização. Desde 2008, a empresa também dispo-nibilizou cerca de US$4 milhões para vários projetos de dois dos membros fundadores da GEBN.

Os registros mostram que o

site da organização, gebn.org, está registrado na sede da Coca--Cola em Atlanta, e a empresa também está identificada como administradora do site. Segundo refere o NYT, o presidente do grupo, James O. Hill, professor da Escola de Medicina da Uni-versidade do Colorado, disse que a Coca-Cola registrou o site porque os seus membros não sabiam como fazê-lo.

O diretor do Programa Nacio-

nal para a Diabetes (PND) por-tuguês defende que as bebidas açucaradas, “no mínimo, deviam ter uma referência para o mal que fazem”.

José Manuel Boavida, subli-

nha que “o que é importante é realçar que a má alimentação é tão má para a saúde como o álcool, o tabaco ou o sedenta-rismo”.

O QUE ACONTECE NO SEU CORPO QUANDO VOCÊ TOMA COCA-COLA?

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A Coca-Cola é uma das be-bidas mais consumidas no mundo e isso não há

como negar. Mas você sabe como essa “senhora” de quase 130 anos age dentro do seu corpo?

O ex-farmacêutico Niraj Naik escreveu um artigo em que mostra os efeitos de ingerir Coca-Cola. Ele estava intrigado em como que pes-soas que tentavam manter hábitos saudáveis continuavam ganhando “gordura”. Naik acredita que não é apenas a gordura que você conso-me que te faz engordar: a frutose sob a forma de xarope de milho está diretamente ligada a várias doenças. A frutose é encontrada em diversos alimentos, principalmente fast foods e refrigerantes.

Por que parou? Parou, por quê?

Também existe a frutose “diet”, com um “baixo valor de gordura”. Muitos produtos que prometem ser lights possuem essa substância como forma de “mascarar” o sabor ruim de sua falta de gordura.

A diferença entre a frutose e a glicose é que a segunda “avisa” a hora de parar de consumi-la. Como a frutose não tem essa ca-racterística, dificilmente seu cor-po se sente cansado de ingeri-la, apesar de que ela pode ser bem prejudicial se for consumida em excesso. Além disso, a frutose é metabolizada apenas no fígado, da mesma forma que o álcool. Isso faz seu órgão se confundir, liberando altas doses de gordura prejudicial em seu corpo.

“Mas Mega Curioso, a frutose, como o próprio nome diz, é encon-trada em abundância nas frutas. Faz mal comer frutas?”. Calma, leitor! A natureza é mágica em sua essên-cia: apesar da frutose realmente ser encontrada em diversas frutas, esses mesmos alimentos possuem fibras que impedem que nosso or-ganismo absorva em excesso essa substância.

Niraj Naik também fez um es-quema de como a Coca-Cola – ou qualquer outro refrigerante à base de cafeína – age em seu corpo nos primeiros 60 minutos de ingestão de uma lata (350 ml) do produto. Confira:

1. Primeiros 10 minutos

Você ingere aproximadamente 10 colheres de chá de açúcar, o que equivale a 100% da quantidade diária recomendada pelos nutricio-nistas. Inclusive, você só não vomita todo esse açúcar porque o ácido fosfórico mascara o seu sabor.

2. 20 minutos

Uma explosão de insulina atinge seu corpo, pois nesse momento acontece o pico de açúcar em sua corrente sanguínea. O seu fígado tenta transformar toda essa quan-tidade em gordura.

3. 40 minutos

A absorção da cafeína está completa. Com isso, suas pupilas se dilatam, sua pressão arterial sobe e os receptores de adenosina de

seu cérebro são bloqueados, o que impede que você tenha sono.

4. 45 minutos

O pulo do gato está aqui: é neste momento que seu corpo aumenta a produção de dopamina, o que estimula os centros de prazer do seu cérebro.

5. Até 60 minutos – parte 1

O ácido fosfórico “prende” o cálcio, o magnésio e o zinco no seu intestino grosso, provocando um aumento em seu metabolismo.

6. Até 60 minutos – parte 2

Começa a função diurética da cafeína, fazendo você realmente ter vontade de fazer xixi. Você também vai eliminar o cálcio, o magnésio e o zinco que deveriam ir para seus ossos, junto com água e sódio.

7. 60 minutos

Nessa altura do campeonato, você vai ter eliminado toda a água que ingeriu com a Coca-Cola e co-meça a ter um “choque de açúcar”. Você pode se tornar mais lento e mais irritado.

Sabemos que isso não vai impedir ninguém de tomar refrigerantes e nem é esta a intenção do artigo – afi-nal, um copo de Coca-Cola pode ser muitíssimo refrescante. O ideal, assim como tudo na vida, é ter moderação naquilo que você ingere. Afinal, o di-tado que fala que “você é aquilo que você come” realmente tem lógica.

Fonte:The Renegade Phrmacista/Niraj Naik

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TRÊS EM CADA DEZ BEBÊS COM MENOS DE 2 ANOS TOMAM REFRIGERANTE, DIZ IBGE

Quase 70% das crianças com menos de 2 anos de idade comiam bis-

coitos, bolachas ou bolo e 32,3% tomavam refrigerante ou suco arti-ficial, em 2013, informa a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE). Metade das que tinham nove meses ou mais estava em aleitamento mater-no de modo complementar. Foram consultados 64 mil domicílios no

estudo, feito em parceira com o Ministério da Saúde.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, considerou preocupante o percentual de bebês brasileiros cujos pais mostram desconheci-mento sobre os riscos a que subme-tem seus filhos. “Está havendo uma substituição importante do padrão de alimentação das crianças, que já se reflete na população adulta e que precisa ser revertida”, disse

o ministro.

Chioro afirmou que vê com preocupação os dados sobre obe-sidade e sobrepeso da população, mas considerou especialmente preocupante as informações sobre os hábitos alimentares de crianças: “Isso projeta, se não tivermos efeti-vidade nas políticas de prevenção e promoção, um cenário de enfren-tamento de sobrepeso e obesidade que trarão uma carga de doenças extremamente importantes e sig-nificará que nossa população en-velhecerá sem qualidade de vida”.

O ministro defendeu que o com-bate a esse problema deve passar por uma resignificação “do mo-mento da refeição” e também pelo incentivo à prática diária de ativi-dade física, incluindo não apenas esportes, mas caminhadas, danças e subir escadas, por exemplo.

“Por isso que nós valorizamos demais a agricultura familiar, local, regional e a utilização das frutas de estação, porque podem substituir esses alimentos ultraprocessados, extremamente industrializados e que não fazem bem à saúde, por alimentos saudáveis e disponíveis a baixo custo”, disse ele, que acres-centou: “Isso significa retomar há-bitos alimentares que a população brasileira sempre teve e que devem ser valorizados”.

Chioro avaliou que, diferente do que acontecia no passado, o problema não é falta de oferta de serviços no sistema de saúde, mas sim a necessidade de construir e

Pesquisa mostra também que oito em cada dez idosos precisam de ajuda para realizar tarefas

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Fonte: Rede Brasil Atual

incorporar hábitos mais saudáveis.

“Se não fizermos rapidamente uma inversão, assumiremos um padrão de obesidade e de uma carga de doenças que alguns países como Estados Unidos e México já apresentam, com deletérios im-pactos sobre a saúde, os sistemas de saúde e a qualidade de vida da população”.

Básicos

Cerca de 76% das crianças com menos de 1 ano de idade tomaram pelo menos três doses da vacina tetravalente - que imuniza contra tétano, difteria, coqueluche e me-ningite. O percentual indica que - um em cada quatro bebês. com menos de 1 ano - não foi imunizado para essas doenças. A Região Sul registrou imunização mais elevada do que a média nacional (85,3%) e a área rural teve proporção superior à urbana (83,3% e 74,3% respecti-vamente).

A primeira consulta médica após o nascimento deve ser feita no período de até sete dias, como recomenda o Ministério da Saúde. No entanto, apenas 28,7% das crianças com menos de 2 anos foram consultadas pela primeira vez antes do oitavo dia após o nascimento. As unidades básicas de saúde foram os locais mais fre-quentes de atendimento (46,5%), seguidas de unidades particulares (26,4%) e hospitais públicos ou ambulatórios (16%).

Os testes do pezinho, da ore-

lhinha e do olhinho para detectar precocemente doenças metabóli-cas, genéticas e infecciosas foram realizados pela maioria dos bebês menores de 2 anos no país. Cerca de 71% das crianças nessa faixa etária fizeram o teste do pezinho em 2013. Já o teste da orelhinha foi feito em 56% dessa população no primeiro mês de vida. Cerca de 51% dos bebês com menos de dois anos fizeram o teste do reflexo vermelho – do olhinho.

Idosos

Cerca de 6,8% das pessoas com 60 anos ou mais de idade tinham algum tipo de limitação funcional, como comer, tomar banho, vestir--se ou ir ao banheiro. A pesquisa também verificou que 84% desse grupo, que representava cerca de 13% da população brasileira no período estudado, precisavam de ajuda para realizar tarefas. E 10,9% não tinham ajuda. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada hoje (21), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quase 18% dos que recebiam ajuda pagavam pelos cuidados e

quase 79% recebiam cuidados de parentes. No grupo que tinha 75 anos ou mais, 15,6% tinham alguma limitação funcional.

O estudo também investigou limitações para exercer atividades que chamaram de instrumentais da vida diária, como fazer compras, cuidar do próprio dinheiro, tomar medicamentos e utilizar meios de transporte. Foi constatado que 17,3% das pessoas com 60 anos ou mais tinham limitação funcional para exercer essas atividades, sendo a maioria de mulheres. A Região Nordeste apresentou a maior pro-porção nesse indicador, 22%.

Segundo a pesquisa, quanto maior o nível de instrução menor é a proporção de pessoas com al-gum tipo de limitação. Quase 28% dos idosos sem instrução tinham limitação funcional para ativida-des instrumentais. No grupo com ensino fundamental incompleto, o percentual dos que tinham limi-tação funcional era quase 16%. O percentual dos que tinham o fun-damental completo ou mais anos de estudo era 7,9%.

Em 2013, somente 24,4% das pessoas com 60 anos ou mais participavam de atividades sociais organizadas, como clubes, grupos comunitários ou religiosos. A Re-gião Nordeste registrou a menor proporção desse indicador (21%). As mulheres participavam mais dessas atividades (28,1%) do que os homens (19,8%).

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CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E SAÚDE

A medida da circunferên-cia abdominal é uma importante ferramenta

para avaliação de saúde dos indiví-

Dra. Sandra de Q. Marenco Nutricionista Clínica

duos tendo em vista que a deposi-ção de tecido adiposo nessa região pode ser um fator de risco para do-enças cardiovasculares. Pesquisas

indicam que a gordura depositada na cavidade abdominal e próxima a órgãos nobres provoca alterações metabólicas importantes, como

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Sandra de Quadros Marenco Pós Graduação em Nutrição Clínica - CRN2-0540

Consultório: Rua Dr. Timóteo, 371 Sala 302 - Porto Alegre/RS

Fone: (51) 9971.6217 [email protected] www.portalnovosrumos.com.br/blogs/sandramarenco

o aumento de níveis de glicemia e de triglicerídeos, elevação da pressão arterial, redução dos níveis do colesterol HDL (bom), fatores estes que compõem a Síndrome Metabólica.

Existem vários estudos indi-cando quais são os índices ideais de circunferência abdominal e a relação da obesidade abdominal com diabetes tipo 2 e com doenças cardiovasculares. Para mulheres os índices ideais estão em torno de 80 cm, sendo 88 cm um risco muito elevado. Para homens esses números ficam em torno de 94 cm como sendo o ideal e acima de 102 cm já é considerado um risco muito elevado.

Alimentação inadequada (rica em gorduras, açúcares e farinhas refinadas), refeições muito calóricas e vida sedentária são os grandes vilões do acúmulo de gordura na região abdominal. Quanto piores os hábitos alimentares e quanto menor o grau de atividade física, maior será a deposição de gordura abdominal, que pode afetar mais a saúde do que a gordura acumulada na região das coxas e quadris. A obesidade abdominal é um mar-cador clínico mais importante até do que o IMC (índice de massa cor-poral), pois nem sempre este indica obesidade ou sobrepeso, tendo em vista a ocorrência de IMC mais elevados por aumento de massa muscular.

Para evitar e reduzir a deposição de gordura na região abdominal é

necessário algumas alterações em nosso estilo de vida, tais como:

• Evitar açúcar e qualquer ali-mento contendo açúcar (do-ces, bombons, chocolates, sorvetes, tortas, biscoitos recheados, etc); evitar o con-sumo de líquidos adoçados, tais como chás, refrigeran-tes, sucos, café. O consumo deve ser esporádico e em quantidade moderada. Es-tes alimentos possuem alto índice glicêmico, transfor-mando-se mais rapidamen-te em gordura;

• Substituir farinha refinada por integral – isso inclui bolos, pães, biscoitos, en-tre outros; substituir arroz branco ou parboilizado por integral. Assim como o açú-car, os farináceos e cereais refinados possuem alto ín-dice glicêmico;

• Consumir com frequência alimentos ricos em fibras: feijão, lentilha (grãos em geral), frutas com casca e ba-gaço, vegetais variados (crus e cozidos); incluir farelos no cardápio, tais como aveia em flocos, linhaça, gérmen de trigo, gergelim, entre outros. Alimentos ricos em fibras possuem baixo índice glicêmico;

• Substituir gorduras de ori-gem animal por gorduras vegetais (azeite de oliva,

abacate, castanhas, nozes, amêndoas);

• Reduzir o consumo de car-boidratos refinados (de alto índice glicêmico) na última refeição do dia; exageros noturnos contribuem para aumento da circunferência abdominal.

• Reduzir a ingesta calórica. Em geral consumimos mais calorias do que realmente precisamos.

• Praticar exercício físico ae-róbico regularmente (cami-nhada, bicicleta, dança na-tação, etc). A atividade física de intensidade moderada promove transformação da gordura em energia.

Vamos lá, pegue a fita métrica e faça sua avaliação! E mude se precisar!

MAIS DE 2 MIL CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOFRERAM INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS NO BRASIL NOS ÚLTIMOS SETE ANOSEstudo da USP com base em dados do ministério da Saúde e da Fiocruz indica que entre 2007 e 2014 foram notificadas 2.150 intoxicações por agrotóxicos na faixa etária de 0 a 14 anos de idade; número pode ser 50 vezes maior

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Crianças e adolescentes estão entre as princi-pais vítimas dos efeitos

nocivos dos agrotóxicos no Brasil. Um estudo do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), com base em dados do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que entre 2007 e 2014 foram notificadas em todo o país 2.150 intoxicações somente na faixa etária entre 0 e 14 anos de idade. O dado, porém, não reflete o real, já que de cada 50 ca-sos de intoxicação por agrotóxicos, apenas um é notificado no serviço de saúde.

Os dados, inéditos, foram apre-sentados pela professora Larissa Mies Bombardi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) durante o seminá-rio “Impactos dos Agrotóxicos na Vida e no Trabalho”, realizado no dia 02 de setembro na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Promovido pela Campanha Per-manente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, entre outros parceiros que lutam pelo banimento dos agrotóxicos e das sementes transgênicas no Brasil, o evento integra a programação da Associação Brasileira de Saú-de Coletiva (Abrasco), que está divulgando a atualização de seu Dossiê Impactos dos Agrotóxicos na Saúde.

Estudiosa do tema, a professora conta que só entre 1999 e 2009 o

Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox), da Funda-ção Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que foram registradas 62 mil into-xicações por agrotóxicos no país.

“São 5.600 intoxicações por ano, 15,5 por dia, uma a cada 90 minutos. Nesse período houve 25 mil tentativas de suicídio com uso de agrotóxico. O dado é alarmante, representando 2.300 casos por ano. São seis por dia”, afirma Larissa, reforçando para o fato que o dado pode ser 50 vezes maior.

Para o presidente do Consór-cio de Segurança Alimentar do Sudoeste Paulista e dirigente da Federação da Agricultura Fami-liar de São Paulo, José Vicente Felizardo, as crianças sempre estiveram expostas a esses pro-dutos no campo, principalmente na plantação de tomates, que predomina em sua região. Ele conta que até o ano 2000 a con-taminação na faixa etária entre 5 e 14 anos ocorria durante o trabalho, quando essas crianças manuseavam agrotóxicos, “tem-perando a calda” – fazendo a diluição. “Eram comuns mortes de crianças”, conta.

Segundo ele, as denúncias não surtiam efeito. Até que em 2000 uma criança de 5 anos mor-reu depois de beber agrotóxico. “Ela estava na roça com a mãe. Bebeu agrotóxico. Conseguimos mobilizar a imprensa, mostrando as embalagens. Desde então, a

coisa começou a caminhar.”

No entanto, pouca coisa mudou. Segundo Felizardo, crianças peque-nas ainda são levadas às roças de tomate pelas mães. “Elas ficam dor-mindo na sombra enquanto a mãe trabalha. E na hora de pulverizar, a criança é pulverizada junto. Por isso, os números não surpreendem.”

Os agrotóxicos afetam também a saúde dos mais velhos. Conforme Felizardo, nos acampamentos de tomate é comum os trabalhadores, ainda adolescentes, desenvolverem depressão e alcoolismo. “Não são raras as tentativas de suicídio, todas sem registro. Na região de Jaú, se a gente vir as pessoas que estão fazendo tratamento de câncer, a maioria está exposta aos agrotóxi-cos”, conta Felizardo.

O dirigente chama ainda a atenção para o assédio da indústria de agrotóxicos. Em sua região há poucos técnicos. “Se reunir todos os agrônomos do poder público, temos em torno de 40 técnicos para assistência técnica. Uma empresa na cidade vizinha tem, sozinha, 36 agrônomos, cada um com um carro, que vai a cada proprieda-de vendendo os agrotóxicos. E a cada 15 dias fazem palestra, fazem churrasco e [oferecem] bebida e chamam os agricultores para fazer propaganda. É muito diferente a atenção. É desleal.”

Desde 2009, o Brasil lidera o consumo mundial desses produ-tos, utilizando sobre suas lavouras

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um quinto de todo o agrotóxico produzido no mundo. Tamanho consumo está colocando em risco a vida e saúde dos camponeses, tra-balhadores rurais e seus familiares, em contato direto com o produto, e a população da cidade, que con-some alimentos contaminados por agrotóxicos.

Cancerígeno, glifosato não é detectado por testes da Anvisa em alimentos

Em março passado, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), vinculada à Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), classificou o glifosato, presente em herbicidas como o Roundup – um dos mais utilizados no mundo – como cancerígenos prováveis para seres humanos.

“Porém, a presença do veneno não é avaliada pela Anvisa em seu monitoramento de agrotóxicos nos

alimentos”, alerta a professora da Universidade Estadual do Rio do Janeiro (Uerj) e pesquisa da Fiocruz Karen Friedrich, que está entre os 44 autores do Dossiê da Abrasco.

De acordo com a Anvisa, as amostras dos alimentos são enca-minhadas aos laboratórios, cuja análise é realizada pelo método analítico de “multirresíduos”. O método rápido, utilizado em outros países, analisa simultaneamente diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos em uma mesma amos-tra.

Porém, esse método não se apli-ca à análise de alguns ingredientes ativos, como o glifosato, o 24D e o etefon, entre outros, que deman-dam metodologias específicas e onerosas. Considerando o cenário atual relativo à larga utilização do glifosato e de reavaliação deste ingrediente ativo, a Anvisa está trabalhando para pesquisar o glifo-

sato em algumas culturas agrícolas a partir de 2016, principalmente nas transgênicas e nas culturas em que ocorre o uso como dessecante antes da colheita.

Segundo Karen, isso é grave, já que os alimentos podem conter doses elevadas da substância. “Se não há limite de segurança, ou seja, o agrotóxico é nocivo à saúde em qualquer quantidade, imagine em grandes doses.” Segundo a própria Anvisa, 70% dos alimentos consu-midos hoje no Brasil têm agrotóxi-cos, alguns deles com quantidades bem acima do tolerado.

Fonte: Opera Mundi / Samuel

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A taxa de mortalidade por malária baixou 60% desde 2000, mas ainda

existem mais de 3 bilhões de pesso-as em risco de contrair a doença. A informação é de relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ) divulgado nesta quinta-feira.

Segundo o levantamento, foram 6,2 milhões de vidas poupadas nos últimos 15 anos, entre elas de 6 milhões de crianças menores de 5 anos, o grupo mais vulnerável à doença.

O relatório Achieving the Mala-

MORTES POR MALÁRIA DIMINUEM 60%, DIZ ESTUDO

ria Millennium Development Goal Target mostra que a meta de redu-zir à metade o número de casos até 2015 – que consta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – foi alcançada de “maneira convincen-te”, com queda de 37% em 15 anos.

Além disso, há um número cres-cente de países que estão perto de conseguir eliminar a malária: em 2014, não foram registrados casos da doença em 13 países e em seis o número ficou abaixo de dez.

As quedas mais rápidas têm sido registradas no Cáucaso e na Ásia Central, onde não se registraram casos em 2014, e na Ásia Oriental,

acrescenta o relatório.

A malária, no entanto, continua a ser “um problema agudo” de saúde pública em muitas regiões. Estima-se que só em 2015 tenham sido notificados 214 milhões de novos casos e 438 mil mortes em consequência da doença, que pode ser evitada e tratada.

O relatório mostra ainda que cerca de 3,2 bilhões de pessoas, quase metade da população mun-dial, estão em risco de contrair malária.

– Alguns países continuam sobrecarregados, com um índice desproporcionadamente elevado do total de casos de malária no mundo”. Em 15 países, sobretudo na África Subsaariana, estão 80% dos casos da doença no mundo e 78% de mortes até este ano – infor-mam os autores do relatório.

As crianças menores de cinco anos representam mais de dois ter-ços de todas as mortes associadas à malária. De 2000 e 2015, o índice de mortes por malária de crianças menores de cinco anos caiu 65%, o que representa 5,9 milhões de vidas salvas.

O relatório destaca a importân-cia do financiamento global para o combate à doença, que aumentou 20 vezes desde 2000, mas lembra que ele ainda não é suficiente e que é preciso continuar a investir em redes para se proteger do mosquito, no combate à resistência aos medicamentos, em inseticidas e nos sistemas de saúde africanos.

Fonte: Correio do Brasil

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Unidade de Saúde da Família de Cajazeiras XI, manhã da última se-

gunda-feira de agosto. Uma escada estreita leva ao pouco iluminado 1º andar, onde está um dos cômodos mais procurados no local: o consul-tório de número 5. A porta branca da sala, fechada até 2013, é aberta, desde então, muitas vezes ao dia. Observa-se, porém, um intervalo de tempo significativo entre um girar de maçaneta e outro. Neste

POR QUE OS BRASILEIROS PREFEREM OS MÉDICOS CUBANOS?Das vaias à ovação: médicos cubanos ganham a preferência dos brasileiros. Entenda o que justifica a fama, os elogios e a grande procura de pacientes brasileiros por profissionais cubanos

ínterim de abre-fecha-abre-fecha, com quase nenhuma variação, a cena se repete: após a saída de um paciente, um homem pardo e de meia idade surge, sorridente, de prontuário na mão, para um sonoro anúncio de quem é que será o próximo a entrar. O nome de quem anuncia está em uma placa fixada na frente da porta: “Dr. Rafael – Médico”.

A fila, do lado de fora da sala, é

grande. À espera está a vendedo-ra Eurides Silva, de 26 anos, que soube da boa fama do médico e resolveu tentar uma consulta com ele. Queria falar do seu problema na tireoide. Como não havia mar-cado previamente, esperou todos terminarem para ir pedir um atendi-mento extra a Rafael. E conseguiu. O médico parecia não se importar com os poucos minutos que falta-vam para a hora do almoço. Com o mesmo sorriso, abriu a porta para

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Eurides e para, pelo menos, mais três outras pessoas que, certamen-te, não arredariam dali sem conse-guir falar com ele. “Normalmente, eu tenho que ‘brecar’ e pedir às pessoas pra voltar depois”, afirma Elzanete Mangueira, gerente da unidade de saúde.

Elza, como é mais conhecida, não diz com um tom autoritário. A intromissão nos atendimentos do médico é cordial e é uma maneira de tentar poupá-lo de uma exces-siva carga de trabalho, até porque, na unidade, há mais outros três médicos. “Aqui, temos uma cota para determinados atendimentos. Dr. Rafael, por exemplo, deveria atender por dia 14 pacientes e mais três ou quatro emergências, mas, se deixar, ele atende muito mais. Ele não atende pela agenda, mas pela necessidade do paciente. Ele não quer deixar voltar, mas a gente sabe que isso nem sempre é possível porque é humanamente impossível um médico atender a 20 ou 30 pessoas em um dia. Se deixar, ele atende”, completa a gerente.

O que justifica a fama e a grande procura pelo médico não são os atendimentos extras, mas o que acontece lá dentro da sala, quando a porta se fecha. Com a cadeira do paciente posta ao lado da mesa, Rafael cria um clima favorável à pro-ximidade e à intimidade com quem o procura. Durante a consulta, ouve mais do que fala. Quer saber dos pacientes como é a alimentação, qual o histórico médico da família, qual o modo de vida que leva. Pega

na mão, toca o rosto, examina mi-nuciosamente. Na vez de Eurides, pegou um bloco de papel e uma caneta e desenhou a glândula da tireoide para mostrar à vendedora. Ele queria que ela entendesse o funcionamento do sistema endócri-no e como o problema na tireoide se desenvolveu. Eurides entendeu direitinho e saiu encantada. “Os ou-tros [médicos] nunca fizeram como ele”, declarou.

Dr. Rafael, de sobrenome Villa, é cubano. Chegou ao Brasil em 2013, junto à primeira turma que partiu de Cuba para a missão de integrar a etapa inicial do programa ‘Mais Médicos’, do Governo Federal bra-sileiro. A iniciativa surgiu diante do grande déficit de profissionais de medicina no país, com o objetivo de ampliar emergencialmente o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nos rincões do Brasil, e investir na formação de novos profissionais. Naquele período, o Ministério da Saúde (MS) revelou que faltavam 54 mil médicos no Brasil. A média era de 1,8 profissionais para cada gru-po de mil habitantes. Para efeitos comparativos, a média da Inglaterra era de 2,7 para mil, segundo o MS.

A recepção não foi boa. Rafael e os conterrâneos chegaram sob vaias e protestos, principalmente vindos de colegas, médicos bra-sileiros. Um dos episódios mais tensos aconteceu na chegada a Fortaleza (CE), quando um grupo dos profissionais locais chamou os cubanos de ‘escravos’ e ‘traidores’.

Em Salvador (BA), onde Rafael desembarcou, a recepção foi calo-rosa, houve até um grupo de apoio, mas as notícias do que acontecia em outras cidades chegavam aos ouvidos de todos. “Foi algo muito ruim. Somos tão médicos como eles e não viemos aqui para tomar postos de trabalho. Viemos ajudar a todos, em função da precariedade da saúde brasileira, que está muito necessitada”, contou o cubano, ao lembrar da chegada.

A necessidade a que Rafael se refere era real na Unidade de Saúde da Família de Cajazeiras XI, localiza-da em uma das áreas mais carentes da capital baiana. Cajazeiras XI é um dos setores do bairro de Cajazeiras, que possui dimensões de uma cidade e é, por isso, considerado o maior conjunto habitacional da América Latina (AL). Em 2010, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística) contou 60 mil habitantes – 100 mil quando se considera os 40 mil moradores dos setores de Fazenda Grande, que, quase sempre, são incluídos no conjunto de Cajazeiras. Pela grande população e pela distância do Cen-tro de Salvador, a impressão que se tem é que a localidade possui uma vida independente em relação ao município. Era esquecida, dizem os moradores, ao lembrar que, até 2013, não existia médico nas uni-dades de saúde.

A cerca de 70km dali, uma outra comunidade tem uma história pa-recida para contar. São Sebastião do Passé é um município da Região

Metropolitana de Salvador (RMS). Lá, vivem 45 mil pessoas, segundo a última contagem do IBGE. Antes do ‘Mais Médicos’, a Unidade de Saúde da Família Péricles Rodrigues, na sede, funcionava sem atendimento médico. A mudança só aconteceu com a chegada de quatro médicos cubanos, enviados ao município para suprir a carência. São três ho-mens e uma mulher. A única mulher do grupo é Yadira Giraudy, uma ne-gra de cabelos ondulados e sorriso fácil, escalada para o trabalho da sede. Na comunidade, que é menor do que o bairro de Cajazeiras, a médica se tornou, ao longo desses dois anos, uma rainha.

Quem faz acreditar no título de majestade são os pacientes, que se derretem ao falar da médica cuba-na. Uma delas é Dona Maria Ionice Cerqueira, aposentada de 61 anos. Fez questão de falar à reportagem sobre a ‘doutora’, para quem não economiza nos elogios, mesmo recebendo ‘broncas’ dela, de vez em quando. É que Dona Maria Ionice às vezes descuida dos muitos proble-mas que possui: doença de chagas, osteoporose, colesterol alto, diabe-tes e quase-cegueira. “Sou acom-panhada por ela e toda terça-feira eu estou aqui. Ela é muito boa, se preocupa muito com os pacientes. Além de examinar, ela escuta. Por causa do meu problema nas vistas, ela não deixa eu vir sozinha e nem quer que eu fique na rua sozinha. Só a preocupação dela…”, conta a aposentada, que teve a última frase interrompida pela própria emoção.

Os depoimentos positivos sobre a médica se repetem na fila da uni-dade de saúde.

Mas o início não foi fácil para Yadira e Rafael. Além da tentativa de parte dos médicos brasileiros de criar uma imagem negativa dos profissionais estrangeiros junto à sociedade, os cubanos esbarraram, também, no português, pois a lín-gua oficial de Cuba é o espanhol. “Quando cheguei, ninguém en-tendia nada. Tinha que falar muito devagar e muitos queixavam de que não entendiam a médica, mas, pouco a pouco, fui ganhando a confiança deles e melhorou muito. Hoje, me sinto muito bem com eles”, conta, aliviada, Yadira. No caso de Rafael, muitas vezes ele chegou a chamar os enfermeiros para que pudessem auxiliar na comunicação. Como português e espanhol são línguas parecidas, os dois médicos logo conseguiram desenvolver o ‘portunhol’ e os percalços com os diálogos diminuíram radicalmente.

Superadas as dificuldades ini-ciais, Yadira tratou de apresentar à população e à equipe da unidade de saúde algumas das característi-cas da medicina cubana que poria em prática: prevenção, humanismo e acompanhamento do paciente. De todas, a última surpreendeu mais. Duas das primeiras perguntas que a enfermeira brasileira Maria Juliete de Oliveira ouviu da médica foram: “Como são as visitas? Vamos fazer para todos os pacientes?” De queixo caído, a enfermeira tentou

explicar que existiriam dificulda-des pela grande quantidade de pacientes. Mas com a facilidade de estar e morar em uma comuni-dade menor – Rafael mora em um bairro diferente do que trabalha -, a médica insistiu e passou a fazer visitas às casas para conhecer e orientar os hábitos dos moradores, principalmente em relação à ali-mentação. Não dá para fazer visitar toda a comunidade, mas ela vai a todos aos grupos considerados prioritários pela equipe.

Preferência nacional

As histórias de Rafael e Yadira, marcadas pela transformação das vaias iniciais em ovações, na Bahia, não são as únicas. Pelo menos é o que revelou uma recente pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a relação dos brasileiros com os profissionais do ‘Mais Mé-dicos’, em que os cubanos são a grande maioria (são 11.429 dos 14.462 médicos participantes do programa). Feito em 700 municí-pios, entre novembro e dezembro do ano passado, o levantamento ouviu 14 mil pessoas, que deram, na média, a nota 9 ao atendimento oferecido pelos cubanos nas uni-dades públicas de saúde (55% dos entrevistados deram a nota 10). Outros 87% elogiaram a atenção e a qualidade do atendimento; 77% garantiram que tiveram uma boa comunicação com os profissionais estrangeiros.

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Na Bahia, são cerca de 1.363 médicos em atuação pelo progra-ma federal. Um relatório inédito da Secretaria Estadual de Saúde, a Sesab, apontou uma relação entre o aumento do número de médicos no estado, através do ‘Mais Médicos’, e uma melhora significativa dos índices de qualidade de vida dos baianos. Segundo o documento, de 2013 para 2014, houve uma redu-ção da taxa de mortalidade infantil (de 16,35% para 15,39), de interna-ções motivadas por condições re-lativas à atenção básica (de 42,02% para 40,90%), por Acidente Vascular Cerebral, o AVC, em pacientes de 30 a 59 anos (de 6,93% para 5,29%) e por diabetes e suas complicações (de 7,0% para 6,0%). Houve, ainda, um amento do número de bebês nascidos vivos de mães que fizeram sete ou mais consultas de pré-natal, durante a gravidez (de 46,97% para 50,83%).

Os profissionais do ‘Mais Médi-cos’ estão, segundo o MS, em 4058 dos 5570 municípios brasileiros, o que representa uma cobertura de 73% do território nacional. Entre os locais de atuação, estão 34 dis-tritos indígenas. A estimativa é de que, hoje, 134 milhões de pessoas estejam sendo atendidas por mé-dicos do programa. A presença de médicos fixos nas comunidades é estratégica, segundo o Ministério, porque, como a atenção básica é a porta de entrada dos que procu-ram atendimento médico, 80% dos casos que chegam às unidades são resolvidos no próprio local, sem

que seja preciso o deslocamento e sem que haja a superlotação de unidades de atendimentos mais complexos.

“Antes [do ‘Mais Médicos’], não tínhamos a possibilidade de garan-tir a cerca de 63 milhões de brasi-leiros o acesso à atenção primária na saúde. Com o Mais Médicos, que conta com a cooperação da OPAs [Organização Pan-Americana da Saúde], nós temos efetivamen-te garantido a cada brasileiro o direito de uma atenção primária qualificada. Por meio do Programa, conseguimos levar profissionais onde vivem as pessoas com maior vulnerabilidade, nas periferias das grandes cidades brasileiras, nos quilombolas, assentamentos rurais, aldeias indígenas, na floresta ama-zônica, onde os brasileiros precisam de médicos”, disse o ministro Arthur Chioro, através da página do Minis-tério da Saúde na internet.

As principais vozes contrárias ao programa ‘Mais Médicos’ são das entidades que representam a classe médica. Desde 2013, elas têm defendido que a iniciativa não iria resolver o profundo problema da saúde no Brasil. Na Bahia, o pre-sidente do Sindicato dos Médicos (Sindmed), Francisco Magalhães, foi procurado para comentar a pesqui-sa divulgada pela UFMG. Magalhães disse que estava sendo informado da pesquisa pela reportagem, mas que, mesmo sem um conhecimento prévio, refutava a metodologia e os resultados obtidos pelo levan-

tamento da Universidade mineira.

“Nós estamos vivendo, no país, um quadro em que se verifica que as condições de trabalho dos pro-fissionais de saúde estão piores. Estamos com problemas diver-sos”, defendeu o presidente do Sindmed-BA. Durante as visitas às unidades de saúde, a reclamação identificada pela reportagem em relação às condições dos locais foi sobre o irregular recebimento de medicamentos. Yadira, por exem-plo, contou que em São Sebastião do Passé chega a faltar remédios para doenças crônicas [como hi-pertensão e diabetes], em alguns períodos. A médica alerta para os riscos que a irregularidade causa porque o uso dos medicamentos não pode ser interrompido e gran-de parte dos pacientes, segundo ela, não pode comprar.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que “a maior parte dos medicamentos destina-dos ao tratamento de hipertensão de diabetes é de responsabilidade do próprio município. A Secretaria Municipal de Saúde é quem faz a aquisição”. A Secretaria de Saúde de São Sebastião do Passé foi con-tatada, mas, até o fechamento da reportagem, não apresentou um posicionamento. Sobre as críticas do presidente do Sindmed, a Sesab não se posicionou.

Missões cubanas

Os cubanos chamam as emis-

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sões de médicos para outros países de missões. A cônsul de Cuba no Nordeste do Brasil, Laura Pujol, explica que a iniciativa é antiga e consegue traduzir o espírito da ilha localizada na América Central. “Não é uma questão recente, mas algo que se estende na História. Desde os anos de 1960 nós enviamos para onde precisa da nossa ajuda solidá-ria. Isso tem a ver com princípios e com a formação que nós temos, de entender que a solidariedade é uma pedra fundamental de nossa cultura. Para nós, não é dar o que sobra, mas compartilhar o que se tem”, afirmou a cônsul. Mais de 128 países já receberam médicos de Cuba e, atualmente, há mais de 68 mil médicos prestando serviços pelo mundo. Além do Brasil, outros países que receberam grandes missões cubanas foram Afeganis-tão, Venezuela e diversos países do continente africano, segundo o consulado. Antes de virem para o Brasil, Rafael e Yadira participaram de outras missões. Os dois estive-ram na Venezuela e em Honduras.

O Consulado Regional de Cuba está instalado em Salvador e realiza um trabalho de acompanhamento das condições de vida e trabalho dos médicos em toda a região Nordeste do Brasil. De acordo com Laura, são feitas de 15 a 20 visitas por mês aos municípios pelos pró-prios cônsules – além dela, há mais dois. Como a demanda é grande e a equipe não consegue estar em todas as localidades, o consulado resolveu promover, além das vi-

sitas, encontros dos médicos que atuam nas mesmas regiões. Nas ocasiões, que são celebrações com elementos da cultura cubana, os cônsules aproveitam para fazer os levantamentos sobre a vida nos municípios. “Queremos que eles sintam que o nosso governo está preocupado e está ali para qual-quer situação que eles precisarem”, explicou Laura.

Para viabilizar o ‘Mais Médicos’, o Governo federal conta com par-cerias dos estados e municípios. Ao município, cabe garantir a per-manência dos médicos instalados nas comunidades, oferecendo, por exemplo, moradia, alimentação e transporte. Durante as entrevistas, Rafael e Yadira não reclamaram das condições oferecidas pelas prefeituras, mas foi possível obser-var que elas poderiam ser melho-res. Maria Juliete, a enfermeira da unidade São Sebastião do Passé, contou que Yadira já reclamou de ter que dividir uma pequena casa com os outros três médicos conterrâneos. A casa alugada para Rafael pela Prefeitura de Salvador fica em Itapuã, um bairro distante de onde ele trabalha. Ele mora com a esposa, Gaya, também médica de Cuba, que trabalha na mesma unidade – e, assim como ele, é bastante concorrida. O casal vai e volta de ônibus, enfrentando engarrafamentos no trajeto, que chega a ser feito em até 1 hora. Se morassem na própria Cajazeiras XI, a qualidade de vida, certamente, seria outra.

A permanência dos médicos estrangeiros no programa é, em média, de três anos. Como já estão no Brasil desde o início, há mais de dois anos, a partida já está se aproximando. Rafael e Yadira, embora se sintam bem acolhi-dos, não veem a hora de matar a saudade da família que ficou em Cuba – ambos possuem filhos. A equipe de saúde das unidades em que eles trabalham preveem que a falta será grande, proporcional ao legado que os cubanos deixarão. As equipes garantem que vão seguir com os ensinamentos recebidos, principalmente os relacionados à prevenção. Difícil será, certamente, a partida dos médicos para as co-munidades. Quando questionados sobre isso, os pacientes preferem nem pensar. Foram cativados e esse pode ter sido o grande erro dos cubanos durante a missão. Como ensina a história do ‘Pequeno Prín-cipe’, mundialmente conhecida: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Fonte: Pagmatismo Político

ATÉ ONDE VAI A DESUMANIDADE DE UM EMPRESÁRIO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA?

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Infectologistas estão organi-zando um protesto contra um aumento de preço brusco

de um remédio chamado Daraprim nos Estados Unidos.

O Daraprim — nome comercial para a pirimetamina — é uma das principais drogas utilizadas na pre-venção de infecções oportunistas da Aids, como os parasitasToxo-plasma gondii, responsável pela toxoplasmose, e Cystoisospora belli, causador da isosporíase. A substância também é empregada no tratamento de malária causada por Plasmodium falciparum.

Os direitos de exploração da droga nos Estados Unidos foram comprados em agosto pela Turing Pharmaceuticals, start up dirigida por Martin Shkreli, ex-operador de ações de alto risco de 32 anos. A pa-tente de sua exploração nos Estados Unidos, que tem mais de 60 anos, já pertenceu à GlaxoSmithKline e a

mais três companhias.

De acordo com o New York Ti-mes, o preço do Daraprim subiu de US$ 13,50 para US$ 750 logo após a compra. Trata-se de um aumento de 5.455,5%.

O aumento fez com que a In-fectious Diseases Society of Ame-rica e a HIV Medicine Association enviassem uma carta a Turing dizendo que o aumento de preço é “injustificável para a população de pacientes vulneráveis”.

Martin Shkreli disse que a droga não irá causar impacto no sistema de saúde porque seu uso não é tão comum, e que o dinheiro será uti-lizado para desenvolver tratamen-tos melhores, com menos efeitos colaterais.

“Eu certamente não acredito que esta seja uma daquelas doen-ças em que precisamos urgente-

mente de terapias melhores”, disse Wendy Armstrong, professora de infectologia da Emory University em Atlanta, ao New York Times.

Judith Aberg, chefe de infecto-logia da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, disse ao jornal que o aumento de preço pode forçar hospitais a usarem “terapias alternativas que podem não ter a mesma eficácia”.

Este não é o único caso de aumento repentino de preços em remédios nos Estados Unidos. A compra de patentes antigas por empresas, seguidas pelo aumento de preço é uma tendência. No Brasil, o Daraprim é fabricado pela Farmoquímica S/A e pode ser com-prado por cerca de R$ 7.

Histórico de Shkreli

O histórico da carreira de Shkreli mostra que o empresário tem uma visão pouco saudável de como lidar com uma companhia cujo fim é promover tratamento de saúde.

Em 2011, ele fundou uma em-presa que comprou direito de drogas antigas e, da mesma ma-neira, aumentou os preços sem justificativa.

Um dos conselheiros da Retro-phin acusou o antigo chefe de usar a companhia como um cofrinho pessoal para pagar investidores ávidos por lucros, sem pensar na missão do negócio.

Fonte: Pagmatismo Político

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OBESIDADE, DOENÇA (QUASE INCURÁVEL) DO CAPITALISMO?Estudos científicos demonstram que é mais difícil se livrar da obesidade do que do crack. Mas quem é o verdadeiro responsável: o doente ou a indústria?

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Na última década, a obe-sidade migrou para o centro das atenções de

Saúde Pública. Em países como o Brasil – para não falar dos norte--americanos… – ela tornou-se um problema muito mais generalizado que a desnutrição. Ao abordá-la, o enfoque é muitas vezes com-portamental. Sugere-se que as vítimas do mal precisam de mais responsabilidade ao se alimentar e de determinação para corrigir atitudes inadequadas. Um conjun-to de novas pesquisas científicas acaba de demonstrar que esta abordagem é, além de impiedosa, contraproducente. Ela busca ob-jetivos inalcançáveis e deixa, por interesse, de perseguir outros, que seriam perfeitamente factíveis.

Quem relata as novas pes-

quisas, num texto brilhante, é o jornalista George Monbiot. No artigo, publicado ontem (11/8) no Guardian londrino, ele conta que:

a) Deixar a obesidade é muito

mais difícil que usar crack e não se viciar. Estudos ante-riores revelaram (esqueça os mitos a respeito) que en-tre 10% e 20% das pessoas que fumam a droga deri-vada da cocaína tornam-se dependentes. A nova pes-quisa, que examinou 176 mil pessoas obesas, des-cobriu que, destas, 97,8% das mulheres e 98,3% dos homens foram incapazes de deixar esta condição, ao longo de nove anos. A

probabilidade não se aplica a pessoas que vivem em so-brepeso, mas não atingiram a condição de obesas.

b) Os mecanismos essenciais

que produzem dependên-cia à ingestão compulsiva de alimentos são idênticos aos que levam à adição ao álcool e outras drogas, re-vela outro estudo. Incluem, essencialmente, mudança biológica, desconforto com abstinência, incapacida-de de controlar impulsos, sensação de recompensa, ao consumir a substância causadora do vício. Porém, a obesidade é mais tirana que o uso de drogas, mes-mo entre ratos. Submetida a um experimento, a maioria deles “preferiu uma recom-pensa em açúcar a outra, na forma de cocaína”.

c) As campanhas morais vol-

tadas aos obesos produzem muita culpa, mas nenhu-ma melhora. Na verdade, quanto mais conscientes do seu mal, mais as pessoas tenderão a afundar nele. Há um único tratamento razoa-velmente eficaz: as cirurgias bariátricas – que submetem os pacientes, em muitos casos, a riscos e sequelas graves.

Que mudanças deveriam ser

desencadeadas por tais evidências? Para Monbiot, a resposta está evi-

dente: “a tarefa crucial é proteger as crianças antes que elas desen-volvam dependências ao consumo abusivo de comida”. O problema, ressalta ele, é que isso exigiria uma abordagem muito menos tolerante frente a quem lucra com a depen-dência: uma indústria global de alimentos cada vez mais poderosa, concentrada e voraz.

Monbiot sugere: o avanço da

obesidade é tão onipresente, e tão cruel, que deveria suscitar, em resposta, medidas duras. Entre elas, restrições à propaganda e marketing tão severas quanto as que limitam a indústria do fumo. Comida trash e refrigerante, por exemplo, só deveriam ser vendidos em locais pouco acessíveis dos supermercados, e em embalagens repletas de advertências.

O problema é que, até agora, a

abordagem é a oposta: implica res-ponsabilização das vítimas. No Rei-no Unido, o governo conservador fala em proibir acesso dos obesos ao sistema público de Saúde, “até que aceitem tratar-se”. No mesmo país, acrescenta Monbiot, as doen-ças ligadas à obesidade (diabetes, por exemplo), consomem 10% do orçamento nacional de Saúde.

Até quando – pergunta o autor

– as sociedades pouparão os verda-deiros responsáveis pelo problema, apenas pelo fato de serem podero-sos, e contribuírem generosamente com as campanhas eleitorais dos políticos?

Fonte: Carta Maior

A MULHERE O ÁLCOOLAtualmente as mulheres

usam bebidas alcoólicas na sua maioria. Pode

compreender que elas buscando sua independência passaram a exercer o trabalho fora do lar e consequentemente também am-pliaram sua vida social. A explosão de anúncios, propagandas do pra-zer de beber proliferam na TV, nos cinemas, teatro, revistas etc.

Para se ter uma ideia desse in-

cremento, existem estatísticas que o consumo da cerveja, por exemplo, atinge mais de 10 bilhões de litros/ano.

Embora o sexo feminino sofra também as mesmas consequências que atingem os homens, Cirrose, por exemplo, deve-se levar em conta que a absorção do álcool (bebidas alcoólicas) é, na mulher diferenciado, pois a concentração da desidrogenase alcoólica é mais

baixa do que no homem. Ocorre então que o efeito nocivo atinge rapidamente o cérebro. Um copo de cerveja produz o mesmo efeito do que dois copos usados pelo homem. A embriagues é mais fácil ocorrer se não levado em conta este conhecimento.

Cita-se também que a propen-são para induzir à Hipertensão Arterial é 40% a mais, e a indução a Osteoporose aumenta ainda mais

Dr. Roberto B. de Quadros Cardiologia - Medicina Interna

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Dr. Roberto B. de QuadrosMedicina Interna - Cardiologia

Consultório: Av. Flores da Cunha, 1953 - Sala 93 Ed. Palace CenterCachoeirinha/RSFone: (51) 9977.3653 www.portalnovosrumos.com.br/blogs/robertoquadros

que essa patologia tende por si, maior incidência na mulher.

O álcool é também nocivo na Menopausa. A maior gravidade registra-se, porém na chamada Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), ou seja, os relatos dos efeitos nocivos, quando do uso do Álcool (bebidas alcoólicas) ingeridas pela gestante são desde o aborto a grandes pa-tologias.

Observam também que em relação à dose/peso a mãe tendo 60/70 kg e o feto 100/200 ou 1000 g, existe uma grande desproporção da taxa alcoólica circulante.

Não há relatos que registram a dose que ocasiona determinada patologia no feto, ou embrião. Nem mesmo o trimestre mais perigoso. Geralmente consideram-se o pri-meiro trimestre, porém na realidade a gestante consciente deve abster--se do uso de bebidas durante toda gravidez.

O quadro clinico da SAF (síndro-me Alcoólica Fetal) caracteriza-se pela ação do álcool etílico sobre diversos órgãos do feto ou do em-brião. São atingidos um ou vários Sistemas Orgânicos. Quando atinge o SNC (Sistema Nervoso Central) ocorre Microcefalia (desenvolvi-mento insuficiente do crânio), mas-sa encefálica com retardo mental, atraso do desenvolvimento motor, distúrbios comportamentais etc..

No sistema Cardiovascular ocor-rem más formações cardíacas, en-

tre elas a tetralogia de Fallot com inversão dos vasos comunicantes do coração, chamada Doença Azul por apresentar lábios cianosados (azulados - roxos).

No aparelho Urinário, os Rins estão em forma de ferradura e de menor tamanho.

No aparelho Esquelético al-terações como hipotrofia óssea, fibroses.

Na face podem ocorrer alte-rações nasais, das orelhas e o chamado Lábio Leporino. Todas as alterações possíveis de ocorrer variam na gravidade das alterações.

A afirmativa final é bastante confortadora, se a gestante durante toda gravidez não beber, não se instalará a SAF (Síndrome Alcoólica Fetal).

Nosso intuito neste artigo não é atemorizar, e como todos podem afirmar conhecer lindas crianças saudáveis nascidas de mães com uso de bebidas alcoólicas na ges-tação, o que declaramos é uma verdade, porém o mais acertado é a atitude RISCO ZERO.

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O QUE FAZER COM A EPIDEMIA DE CESÁREAS NO BRASIL?Cesáreas desnecessárias impactam na mortalidade materna e na mortalidade infantil, sugerem estudos. Brasil é líder mundial no procedimento

Dos oito Objetivos do Milênio estabelecidos pelas Organização das

Nações Unidas para o período 2000-2015, o Brasil só não cumprirá um: reduzir a mortalidade materna. Embora tenha ocorrido uma queda de 57% de 1990 a 2012, os índices nacionais são altos e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estão relacionados a dois fatores: a ilegalidade do aborto e a epidemia de cesáreas.

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais causas das mortes maternas são: hipertensão, hemorragias, infecções, problemas circulatórios e o aborto. As quatro primeiras complicações, segundo especialistas, estariam relaciona-das com o procedimento cirúrgico da cesárea. Sem perspectivas de a legislação sobre o aborto ser alte-rada pelo atual Congresso, resta ao governo agir sobre como os partos são realizados.

Atualmente, o Brasil é o líder mundial de cesáreas, com 57% das mulheres recorrendo a esse procedimento, muita acima da recomendação de 15% da OMS. Se esse índice tivesse permanecido em 38%, padrão identificado no ano 2000, o número de mortes ma-ternas nos partos seria 20% menor, projeta Cesar Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas (RS), baseado em um estudo da OMS. “A cesariana é um procedi-mento importantíssimo, mas que foi banalizado no Brasil, e seu uso desnecessário traz riscos à saúde

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da mulher, como hemorragias e infecções”, afirma.

Há um consenso entre entida-des médicas e do governo sobre o alto índice de cesáreas. Por ou-tro lado, sobram discordâncias em relação ao enfrentamento da questão.

A mais recente investida do governo foi a Resolução Normativa 368, publicada em julho, que visa coibir cesáreas desnecessárias. Pe-las novas regras, os planos de saúde devem divulgar, se solicitados, os porcentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabe-lecimento de saúde e por médico. Além disso, operadoras também te-rão de fornecer o cartão da gestan-te e exigir que os obstetras utilizem o partograma, documento no qual é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto.

Entidades médicas, contudo, dizem que a medida é inócua. Para Cesar Fernandes, diretor científico da Associação de Obstetrícia e Gi-necologia do Estado de São Paulo, as novas regras “lançam uma cor-tina de fumaça sobre o problema”. “A resolução opta por demonizar o médico em vez de combater o pro-blema, que está na falta de equipes plantonistas nas maternidades”, explica.

Segundo Fernandes, hoje, cerca de 30 maternidades paulistas não possuem equipes de parto planto-nistas, o que é assegurado por lei. “Divulgar os dados do médico é

inócuo porque as próprias mater-nidades privilegiam as cesáreas”, aponta. De acordo com os dados divulgados em julho, 82% dos obs-tetras paulistas que atenderam na rede privada, em 2014, não fizeram nenhum parto normal.

Atualmente, 84% dos nascimen-tos na rede privada de saúde se dão por meio da cesárea. No Sistema Único de Saúde, a taxa de cesárea é menor, mas já atinge 40%. Entre os riscos associados à cesárea estão o risco de hemorragias, infecções e embolia (um bloqueio vascular).

A gerente-executiva da Agên-cia Nacional de Saúde, Jacqueline Torres, concorda que apenas a re-solução será incapaz de alterar esse cenário. Para ela, a medida é um primeiro passo importante, mas a solução passa por uma mudança no modelo de atenção ao parto. “Mudar o modelo de atenção ao parto é fundamental”, afirma. “Os hospitais precisam investir em equipes plantonistas e multipro-fissionais que sejam treinadas para oferecer um atendimento humani-zado à mulher.”

Segundo Jacqueline Torres, o foco do modelo atual é o médico, não a mulher. “Como o médico é o único responsável por tomar as decisões clínicas, na prática ele opta pela cesárea, porque é um procedimento mais rápido, agen-dável e que paga o mesmo que um parto normal”, afirma. Em média, um parto normal dura oito vezes mais tempo do que uma cesárea.

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Na ausência de um obstetriz, enfermeiros obstetras são os res-ponsáveis pelo cuidado à mãe na hora do parto. Contudo, apesar da ampliação recente de vagas de residência para esse profissional, o contingente ainda é pequeno. Segundo um levantamento do Conselho de Enfermagem, há ape-nas 2.773 enfermeiros obstetras e 191 obstetras no Brasil.

A importância desse profissio-

Para alterar esse contexto, os obstetrizes são fundamentais. Focado na saúde da mulher e na assistência ao parto, o obstetriz é um profissional raro no País. A

Universidade de São Paulo é a úni-ca do País que oferece um curso de graduação em Obstetrícia e, segundo a professora Elisabete Franco Cruz, é incapaz de suprir a

demanda nacional. “O curso precisa se expandir para outras universida-des do País, porque a alteração do modelo do parto passa por esses profissionais”, diz.

nal não está apenas na redução do número de cesáreas, mas também na diminuição da violência na hora do parto.

Uma pesquisa da Fundação Per-seu Abramo mostra que uma em cada quatro mulheres sofre alguma violência obstétrica, seja ela verbal ou física. “A violência no parto é disseminada tanto na rede pública quanto privada, independente do parto ser normal ou cesárea, é uma

questão cultural”, explica Cruz. “É por isso que solução passa pelo obstetriz, que é um profissional qualificado e que contempla a mu-lher em suas diferentes dimensões, não apenas como uma vagina com um bebê”, completa.

Além de aumentar a mortali-dade materna, estudos apontam que as cesáreas também afetam de diversas formas a saúde do bebê, entre elas os índices de prematu-

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Fonte: Carta Capital

ridade. “Temos no Brasil uma das taxas mais altas de prematuridade, perto de 12%, e isso está fortemen-te relacionado com as cesáreas. Hoje, metade dos bebês que mor-rem no Brasil é de prematuros”, afirma Cesar Victora, da UFPel.

Historicamente, a prematuri-dade sempre esteve associada à pobreza. No entanto, nos últimos anos essa lógica inverteu-se e os maiores índices de prematuros estão nas regiões ricas do País, onde também se concentram as cesáreas. “Há uma margem de erro na avaliação da idade gestacional do feto. E como as cesáreas são marcadas geralmente para a 38ª semana de gestação, essa margem de erro resulta em que muitos bebês nascem prematuramente”, afirma Victora. Segundo ele, a idade gestacional ideal para nascer é de 39 a 41 semanas.

O professor lembra que o parto normal faz parte de um processo natural que prepara o bebê para o mundo fora da barriga da mãe. Victora explica que, ao nascer, o bebê não tem nenhuma bactéria em seu intestino, mas as ingere ao passar pelo canal vaginal da mãe. “São essas bactérias que vão colo-nizar seu intestino. Isso é um plano da Natureza”, afirma. “Se o bebê não nascer por via vaginal, seu contato será pela mão das pessoas do hos-pital e, por isso, será colonizado por outros tipos de bactérias que ficarão em seu corpo a vida toda”, alerta.

Como consequência, sugerem estudos, o tipo de bactéria pode influenciar nas chances de desen-volver obesidade, por exemplo. Outra vantagem é o “estresse po-sitivo” que o parto normal causa no bebê, que pode diminuir as chances de asma, segundo estudos preliminares.

Em nota, o Ministério da Saú-de afirma que “o Brasil vive uma epidemia de cesáreas” e que “o aumento desse índice pode ser explicado por uma série de fatores, que envolvem falta de informação, questões culturais e formação pro-fissional”. Para dar uma resposta ao problema, o Ministério destaca ações como a Rede Cegonha, cujas ações são voltadas para a forma-ção e capacitação de enfermeiras obstetras. Além disso, o ministério disse distribuir no Sistema Único de Saúde a Caderneta da Gestante, que traz informações sobre os ris-cos de uma cesárea desnecessária e dicas para uma boa vivência do parto.

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ROUBAR É MUITO FEIO!

Ensinamos nossos filhos a se contentarem com o que tem, a dividir os brin-

quedos, os espaços. Consideramos isto boa educação.

Mas, criança, sabe como é,

tem sentimentos genuínos e nem sempre quer ceder, nem sempre é polida com os outros e isso pode gerar confusão. Ainda mais porque achamos que certos com-portamentos são sinal de falta de educação, e não raro culpamos os pais por tais atos.

Foi assim com o Marquinhos: ele levou o caminhão do amigo para casa. No dia seguinte, a professora disse que o amigo tinha ficado tris-te, que isso não é coisa que se faça, e pediu para ele trazer o caminhão de volta.

Mas nem no dia seguinte, nem

no seguinte do seguinte este cami-nhão voltou para a escola.

O menino disse que tinha que-brado o brinquedo, depois que tinha esquecido, que tinha perdido.

Todos estavam pensando que

esta mãe era displicente, relaxada e que não sabia cuidar de criança, até que a professora, cansada de tanta desculpa resolveu tirar a limpo esta história:

- Marquinho, porque você não

devolve este caminhão?- Professora, se eu não devolver

isto é roubo, não é? Se eu roubar eu vou preso, não vou? Meu pai está preso, e estou com muita saudade dele.

Só sabemos que por trás desta

ação censurável está um sentimen-to de profunda tristeza, porque a professora não gritou, não julgou, não brigou, e deu chance dele se explicar. Neste caso, a criança sabia o que estava sentindo, mas nem sempre é assim. Muitas vezes as crianças ficam constrangidas, com receio de falar e não serem enten-didas, outras nem se dão conta do que estão sentindo, tamanha a dor.

É bom saber que para a criança

aquele homem preso é quem o punha na cama, quem brincava com ela, quem a segurava no colo

quando tinha medo. Para o filho, o pai raramente é um monstro.

Por isso esta confusão: como

todos podem achar meu pai tão horrível? Ele não é assim como dizem. Isso sem falar nos pais que roubam para não verem os filhos famintos. Tem gente presa porque roubou um pé de alface! Segundo estatísticas, na cadeia há 65% de homens negros e pardos. Por quê será?

Dedico este espaço aos pais,

para que eles saibam a importân-cia que têm na vida dos filhos. E lembro a todos que nós temos um Pai Todo Poderoso, que nos acompanha na alegria e na triste-za, que reconhece nossos esforços e que se orgulha muito do que nós somos.

Que este Pai amoroso aqueça

nossos corações, não só no dia dos pais, mas em todos os momentos sombrios de nossas vidas.

Dra. Dora LorchPsicóloga - Escritora

Dora Lorch - psicóloga, mestre em psicologia e autora do livro “Como educar sem usar a violência” www.novosrumosnews.com.br

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PESQUISADORES DESENVOLVEM TÉCNICA PARA TRATAMENTO DO RONCO

Pesquisadores do Labo-ratório do Sono, do Ins-tituto do Coração do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, desenvolveram uma técnica para reduzir a frequência e a altura do ronco até que ele se torne imperceptível em alguns

casos. A aplicação também ajuda no tratamento da apneia do sono de grau leve e moderado, porque resulta na diminuição do número de engasgos à noite.

A técnica consiste em uma série de seis exercícios para fortalecer os músculos envolvidos na produ-

ção do ronco e na apneia do sono obstrutiva. Os exercícios devem ser feitos três vezes ao dia, durante 8 minutos e incorporados às ativi-dades corriqueiras do indivíduo. Segundo a fonoaudióloga Vanessa Ieto, os exercícios ajudam a melho-rar a flacidez na musculatura da língua, fim do céu da boca e a úvula

A técnica consiste em uma série de seis exercícios para fortalecer os músculos envolvidos na produção do ronco

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Fonte: Correio do Brasil

(conhecida como campainha). O estudo foi publicado na revista acadêmica Chest.

– Todos os pacientes que participa-ram da pesquisa fizeram seis exercícios durante três meses, mas, para ser eficaz, é preciso ter o diagnóstico correto, a ava-liação de fonoaudiólogo especializado, orientação do profissional e acompanha-mento durante os exercícios para não fazer nenhum movimento errado e não surtir efeito – disse Vanessa.

De acordo com o diretor do Labora-tório do Sono do Incor, Geraldo Lorenzi Filho, muito mais comum do que se pen-sa, o ronco é causado por uma vibração da musculatura da garganta quando o ar passa. O ronco ocorre quando a pessoa dorme, relaxa a musculatura, e a passagem para o ar na faringe é muito estreita. “Pode parecer uma coisa boba, mas incomoda muito, e ficar roncando todas as noites pode deixar a muscu-latura mais flácida e, no futuro, causar apneia”, afirmou o médico.

Lorenzi informou que, na cidade de São Paulo, um a cada três indivíduos tem algum grau de ronco variável (30% com relação ao número de roncos por hora na noite e 60% com relação à intensidade ou volume). No caso dos roncos mais leves, o tratamento é perder peso, dor-mir de lado, não beber álcool ou tomar sedativos durante a noite e desobstruir o nariz. “Entre as causas do ronco estão a garganta estreita, a obesidade e a mandíbula afastada para trás. Estudamos muito a relação da apneia do sono com a doença cardíaca. Com a idade, o ronco também aumenta. Nos casos de apneia grave, aumenta o risco de pressão alta, arritmia, diabetes e alterações de arte-

riosclerose.”

O aposentado Nelson Ieto, de 65 anos, disse que aos 35 anos teve um infarto e decidiu mudar de vida. Parou de fumar e beber e adotou práticas mais saudáveis no cotidiano. Mais tarde, a filha de Ieto formou-se em fonoaudiologia, o que aumentou o interesse dele pelo assun-to. Como roncava demais, a indicação foi a de fazer a polissonografia, o que o fez descobrir que tinha apneia do sono. “Há dois anos, faço os exercícios de fono, além dos meus exercícios diários normais. Mudou totalmente minha vida. Minha esposa percebeu que parei de roncar, e eu durmo mais tranquilo.”

Marisa Curi tem 56 anos, trabalha no setor de administração de uma empresa e, diariamente, levantava da cama cansa-da, sentindo-se indisposta e sonolenta durante todo o dia. O marido reclama-va de seu ronco e, por ter problemas respiratórios, ela resolveu procurar um profissional e fazer a polissonografia, que detectou apneia do sono moderada.

– Eu já fazia o tratamento da asma, mas, como não melhorava, fui encami-nhada para um médico do sono, quando fui convidada a fazer parte do projeto dos exercícios. No começo, eram só exercícios de respiração, e eu achava que não ia fazer diferença, mas, depois que passei a exercitar a musculatura, mudou muito. Não acordo mais no meio da noite su-focada, a qualidade do sono melhorou, consigo dormir a noite toda, fico mais disposta – disse Marisa.

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Não temos controle sobre todas coisas e destinos da vida. Mas podemos

viver e dar atenção ao que importa pra nós. Não podemos mudar tudo o tempo todo, há coisas que não dependem somente de nós. Mas podemos mudar a forma como encaramos isso. Ninguém pode sal-var quem não puder ser salvo, mas pode viver, proteger, bem cuidar, e usufruir do que for possível junto, pelo tempo que assim lhe couber.

Compartilhar, sim, pode ser uma escolha. Deixar de compartilhar também. E não importa o quanto queremos ter ou poder, só nos cabe aquilo que somos e sentimos. Isso não nos pode ser tirado. Não somos somente nossos corpos, nem muito menos nossas posses materiais. Não somos nem o que aprendemos ou o que ensinamos. Não somos o que ofertamos, mas somos, sim, o que sentimos, somos o quanto

AMAR É A ÚNICA EXPERIÊNCIA VERDADEIRA NA ARENA DA VIDA

amamos.

O que dura pra sempre não pode ser contido, medido ou apri-sionado. Nenhuma coisa, objeto ou ser material pode durar para sempre. Por isso, esteja atento ao que você deixa passar e ao que realmente ocupa sua atenção, seus momentos, seus dias, sua vida.

O que amamos não dura pra sempre. O amor pode durar, mas quem amamos estará ali por um breve período, que se findará antes mesmo que possamos compreen-der o quanto o amor significa pra nós. E esse amor sim vai continuar, porque nem mesmo a morte nos faz deixar de amar.

Saber que não podemos mudar esse destino, deveria nos fazer aproveitar as oportunidades en-quanto vivemos. Afinal, estamos aqui de passagem, e todos os que

podemos amar também estão se-guindo seus caminhos, suas trilhas, seus destinos.

Não sabemos quanto tempo

temos para experienciar aqui, pois a cada minuto estamos sen-do dispostos a vários caminhos possíveis...

Nada acontece por “acaso”. Se você bem observar tudo tem seu motivo e o caminho que levou a cada acontecimento. Mas, como temos mais de uma alternativa a cada instante, os destinos possíveis estão ali para serem “definidos” a cada mudança ou continuidade de nossas escolhas e comporta-mentos.

Ou seja, mesmo que o destino seja um, o caminho para ele pode ter vários sentidos diferentes. A cada momento em que expe-rienciamos uma “proposição do

Dra. Isabel Amaral MartinsBióloga, Mestre e Doutora em Neurociências

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destino” podemos responder a ela e experienciar uma das alternativas possíveis...

Por exemplo, o que acontece quando reconhecemos alguém...

Reconhecer e compartilhar

com alguém que amamos pode ter gosto de dádiva, é como expe-rimentar uma bênção merecida.... Aproveitar essa dádiva e saborear o amor nos faz mais próximos do que tem mais significado, mais valor na vida. E assim descobrimos que o que mais nos vale, menos nos cus-ta. Ao mesmo tempo em que amar é tão certo e tão verdade, o amor

é impalpável e, mesmo assim, nos pode tocar como nenhuma outra experiência pode.

Porém, por mais que muitos de nós já tenham experimentado que sentir vale mais do que ter, ainda substituímos muitas interações verdadeiras pelas coisas, que se es-gotam em si, e nos fazem precisar mais e mais...

Temos medo de não ter onde “segurar”, porque amar é uma certeza sem medidas. Quem ama sente e sabe, mesmo que não possa medir, ou explicar. Amar não tem garantias, além da própria fé,

Isabel Amaral Martins -Bióloga, Mestre e Doutora em Neurociências Formação Complementar em Música, Teatro e Yoga www.bioconexoes.blogspot.comwww.portalnovosrumos.com.br/blogs/isabelmartins

do próprio amor.. Amar é entrega, não pedido. Amar é experiência presente, sem espera pra aconte-cer, amar é acontecer, e por isso nos faz ter sentido.

O amor não pode ser contido, não pode ser guardado, só pode ser vivido.

Ame. Viva plenamente.

INGREDIENTES:• 1latademilhoemconservaescorrido (200 g)• Meiolitro(500ml)deleitedesnatado• 1colherdesobremesa(5g)de óleo • 1colherdesobremesa(5g)de alho esmagado (2 dentes de alho)• 1cebolamédia(100g)• Meio tabletede caldodelegumes (5 g)• 2colheresdesopa(20g)deamido de milho (Maizena)• 1colherdesopabemcheia(30 g) de requeijão light• 1pitadadeaçafrão• 1pitadadeorégano• Salagosto• 1 colher de chá rasa de

pimenta-do-reino (10 gotas)• 4champignonsmédios(30g)• Temperoverdeagosto

MODO DE FAZER: Refogar a cebola picada com o óleo e o alho até ficar bem dourada. Bater no liquidificador o milho escorrido com meio copo (100 ml) de leite, adicionando a ce-bola. Reservar.Levar ao fogo o restante do leite (400 ml) com a Maizena e os temperos, mexendo sempre até formar um creme. Adicionar o milho batido ao creme de Maizena, mexendo em fogo baixo por mais alguns

DICA DO MÊS - SOPA CREME DE MILHOminutos.Colocar em cumbucas indivi-duais, enfeitando com fatias de champignon e tempero verde picado.Ideal para dias frios. É rico em carboidratos, possui baixos teores de gordura.

Tempo de preparo: 30 minutosValor calórico: 330 kcal por porçãoRendimento: 2 porções gran-des (de 350 g cada) / Cada porção equivale a 1 cumbuca grande (ou 5 conchas médias)

Sandra de Quadros Marenco Nutricionista Clínica – CRN2 0540

www.portalnovosrumos.com.br/ blogs/sandramarenco

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Dora Lorch - psicóloga, mestre em psicologia e autora do livro “Como educar sem usar a violência” www.doralorch.hpnr.com.br

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