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Construção da Metodologia
Profª Drª Cristina Lavoyer Escudeiro/UFF
Como vou desenvolver a investigação? Por
onde começar? Onde vou coletar dados,
com quem e de que forma?
• Método significa caminho. Na pesquisa
científica, “o método é um caminho
iluminado por uma teoria. Teoria
significa ver. O método não garante os
resultados, mas sim o acesso aos
mesmos” (TOBAR; YALOUR, 2003, p.
20).
• A metodologia caracteriza o tipo de
estudo que se pretende desenvolver,
em que abordagem (qualitativa,
quantitativa), onde realizar a pesquisa
(cenário; campo), com quem (sujeitos;
amostra), com que instrumentos ou
técnicas para levantar as
informações/dados (entrevista,
observação, questionário, formulário,
grupo focal, documentos, fotos etc) e
como proceder a análise dos dados
(conteúdo, temática, enunciação etc)
• A pesquisa tem várias classificações, e
“a primeira grande divisão refere-se à
constituição do objeto de estudo”, que
segundo Leopardi (2001, p. 132-33),
pode ser definido como:
• (a) um fato relativo ao mundo concreto,
objetivo e mensurável concebido como
próprio das ciências naturais (ou
sociais, quando sob uma perspectiva
objetivada de sua aparência);
• (b) um fenômeno ou representação de
um fato, relativos ao mundo perceptivo,
subjetivo e não mensurável, concebido
como próprio das ciências humanas e
sociais.
• O objeto de estudo, como um fato relativo ao mundo concreto, encontramos um desenho de pesquisa quantitativa, ou seja, de abordagem quantitativa. E, em sendo o objeto de estudo um fenômeno ou a representação de um fato temos o desenho de pesquisa qualitativa.
• No quadro a seguir, Leopardi (ibid., p. 133) apresenta uma compreensão preliminar e resumida das duas abordagens de pesquisa.
Quadro 1 – Situações ou problemas e sua relação
com a abordagem de pesquisa.
Abordagem Situações ou problemas
Quantitativa Quando se tem um instrumento de medida utilizável e válido.
Quando se deseja assegurar a objetividade e credibilidade dos
achados
Quando os instrumentos não colocam em risco a vida humana
Quando a questão proposta indica a preocupação com o “quanto”
Quando se necessita comparar eventos
Quando for desejável replicar estudos
Qualitativa Quando não podemos usar instrumentos de medida precisos
Quando desejamos dados subjetivos
Quando fazemos estudos de um caso em particular
Quando desejamos avaliar programas ou propor programas
Quando não possuímos informações sobre o assunto
• Na utilização da abordagem quantitativa, faz-
se necessário que o pesquisador tenha um
mínimo de conhecimento de matemática,
epidemiologia, bioestatística , estatística
para que facilite o reconhecimento dos
dados obtidos e realizar uma interpretação,
análise e discussão dos resultados.
• As pesquisas quantitativas têm um maior
poder de generalização dos resultados
científicos do que as de abordagem
qualitativa (ibid., p. 134-35).
• Quando o interesse da pesquisa se baseia
na qualidade apresentada pelo objeto, na
compreensão de um problema, na
representação ou explicação de um
fenômeno considerando a perspectiva
dos sujeitos que o vivenciam, ou
vivenciaram, ou seja, no seu cotidiano,
sua satisfação, desapontamentos,
desejos, expectativas, sentimentos e
outras emoções, o desenho da pesquisa é
na abordagem qualitativa.
A pesquisa científica possui outras
classificações quanto à:
• utilização de resultados ou níveis de investigação:
pura/básica (porque?) ou aplicada (como resolver?);
• aos objetivos: exploratória, descritiva, explicativa,
prospectiva e retrospectiva;
• aos procedimentos de coleta: experimentais,
quase-experimentais, estudo de caso, pesquisa
participante, pesquisa-ação, documental,
histórica, metodológica/teórica;
• as fontes de informação: campo, laboratório,
bibliográfica
• De acordo com a abordagem da pesquisa,
sua classificação, o objeto e objetivos do
estudo, o pesquisador delineará seus
instrumentos de coleta de dados, o
campo onde será realizado o estudo, se
terá sujeitos/amostra ou se utilizará
fontes documentais.
No sentido de apontar os elementos que
constituem a etapa da metodologia no
projeto de pesquisa de forma resumida
relacionamos os seguintes tópicos:
• Referencial teórico (se houver)
• Abordagem do estudo (pesquisa qualitativa; quantitativa)
• Tipo de pesquisa (estudo de caso; descritiva; exploratória; documental etc)
• Cenário (onde será desenvolvido)
• Sujeitos (com quem farão a coleta )
• Entrada no campo da pesquisa (aspectos éticos e legais)
• Instrumentos e técnicas de coleta dos dados (entrevista; observação; questionário; formulário; grupo focal; associação livre de palavras etc)
• Análise dos dados
Quanto tempo terei para desenvolver
minha pesquisa? Como vou me
organizar frente às várias etapas do
processo?
• O cronograma faz parte do projeto de
pesquisa, mas não do relatório final da
pesquisa. A partir dele organizamos as
etapas do processo de pesquisa a
serem desenvolvidas em um período
de tempo, podendo ser em meses,
semestres letivos, ano.
• No cronograma devemos contemplar os prazos propostos pelo curso no sentido de cumprir as exigências estabelecidas.
• Essa organização se faz necessária e nos auxilia na visualização do tempo a ser gasto em cada etapa da pesquisa, pontuando e dando margem principalmente à coleta e análise dos dados, etapas que exigem do pesquisador atenção, pensar, refletir, interpretar e dar significados aos resultados.
Exemplo de cronograma de pesquisa
ETAPAS
ANO / SEMESTRE
2011
1º sem
2011
2º sem
2012
1º sem
Levantamento bibliográfico X X X
Embasamento teórico-metodológico X X
Elaboração do projeto de pesquisa X
Entrega do projeto de pesquisa à disciplina TM I X
Estruturação do instrumento de coleta de dados X
Encaminhamento do protocolo de pesquisa ao Comitê de Ética
em Pesquisa (Resolução 196/96 MS) X
Pré-teste do instrumento de coleta de dados X
Coleta dos dados X X
Análise e interpretação dos dados X
Elaboração, entrega e defesa do relatório final de pesquisa X
Pesquisar é...
• “Transformar o nosso dia-a-dia, tanto do
mundo privado quanto do mundo público
em literatura é uma verdadeira alquimia.
• Alquimia no sentido de transformar o que
faz parte do nosso imaginário, o que está
em nossa mente e corpo, o que pertence ao
nosso universo e o que entendemos como
mundo social, e ainda, associar tudo isto a
grandes teóricos e pensadores do universo
científico e literário.
• Tarefa árdua, cansativa, trabalhosa, fecunda, e porque não dizer prazerosa.
• É uma arte.
• Arte de transformar, de crescer, de representar, de expressar, de colocar em palavras os nossos mais íntimos sentimentos, pensamentos e idéias.
• Em razão da cientificidade por vezes temos que nos despir da intuição, do afetivo, do mundo que nos cerca”.
(ESCUDEIRO; SILVA, 1997)
Bibliografia • ALVES-MAZZOTTI, A. J. O método nas ciências sociais. In: ALVES-
MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas Ciências Naturais e Sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira. 1998. 203p. Parte II. p. 109-203.
• DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
• ESCUDEIRO, C. L. A Representação Social da Pesquisa para alunos de graduação em enfermagem: desenhos e rabiscos na construção do conhecimento. 2002. 306f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
• ESCUDEIRO, C. L.; SILVA, I. C. M. da. Adoçando o fel do pesquisar: a doce descoberta das representações sociais. Rio de Janeiro: Escola Anna Nery/UFRJ. 1997.
• GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
• LEOPARDI, M. T. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti. 2001.
• TOBAR, F.; YALOUR, M. R. Como fazer teses em saúde pública: conselhos e idéias para formular projetos e redigir teses e informes de pesquisas. 2. reimpressão. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. 2003.