Conflitos Socioambientais Em Comunidades Remanescentes de Quilombos - Comunidade de Carobinho Em Campos Dos Goytacazes - Rj

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    CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS EM COMUNIDADESREMANESCENTES DE QUILOMBOS SOB A PERSPECTIVA

    DO TERRITRIO. O CASO DA COMUNIDADE DECAROBINHO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)

    Evelyn Rebouas de Gouva

    Universidade Estadual Norte Fluminense

    [email protected]

    APRESENTAO DO TEMA

    O presente trabalho foi realizado na comunidade quilombola de Carobinho que

    est! localizada em "orangaba #$ %istrito do munic&pio de Campos dos 'oytacazes a (# )m

    do distrito sede. O acesso * comunidade + dif&cil pois o ,uilombo do Carobinho est!

    localizado em !rea de forte declividade nas pro-imidades do arque Estadual do

    %esengano /E%0. Entretanto h! 12 anos um grande propriet!rio rural se instalou noentorno da comunidade e desde ent3o o contato entre as partes vem se dando de forma

    antag4nica marcada por disputas territoriais e pela diverg5ncia cultural que se e-pressam

    de forma direta e indireta. Nesse conte-to o territ6rio se torna uma categoria de

    fundamental import7ncia para compreens3o do con8ito partindo do entendimento de que

    este + de9nido e delimitado por e a partir de rela:;es de poder /0.

    O munic&pio de Campos dos 'oytacazes possui cinco comunidades

    remanescentes dos antigos quilombos especi9camente em "orangaba. ?istoricamente tal

    localidade 9cava pr6-ima a !reas produtoras de canadea:Acar que eram dominadas porlatifAndios que utilizavam m3o de obra escrava. Bp6s a aboli:3o os antigos escravos se

    tornaram cortadores de cana assalariados e continuaram a morar nas depend5ncias da

    usina que ali e-istia se organizando em comunidades de intensa vida coletiva que foram

    capazes de se manter ap6s o decl&nio da produ:3o de a:Acar principalmente por causa da

    reprodu:3o de um modo de vida social e cultural orientado pelos pr6prios moradores

    /"ONED0.

    %este modo a relev7ncia desta pesquisa se Gusti9ca devido aos dilemas

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    territoriais das comunidades tradicionais permanecerem num processo de invisibilidade

    social dentro do munic&pio sem o devido suporte por parte do poder pAblico. H tamb+mnot!vel a falta de estudos detalhados sob o ponto de vista do con8ito ambiental em

    comunidades quilombolas na regi3o sobretudo acerca da Comunidade de Carobinho o que

    caracteriza um dfcit na produ:3o do conhecimento acad5mico numa !rea de grande

    import7ncia social cultural e ambiental.

    Bl+m disso tendo em vista a tens3o entre as racionalidades e disputas acerca do

    sentido de territ6rio para os suGeitos envolvidos o obGetivo deste trabalho foi veri9car como

    se d! o con8ito ambiental territorial no Carobinho e quais suas consequ5ncias diretas e

    indiretas para a comunidade em seus modos de usos e signi9ca:;es do ambiente. B

    premissa que orientou a investiga:3o foi a de que o con8ito ambiental abordado produz

    preGu&zos * reprodu:3o f&sica social econ4mica e cultural da comunidade di9cultando

    assim a continuidade das formas de apropria:3o do meio biof&sico bem como o e-erc&cio da

    territorialidade espec&9ca das comunidades quilombolas.

    Comunidades Remanescentes de Quilombos: caracterizao poltica e conceitual

    Bo propor uma de9ni:3o de comunidades quilombolas

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    quilombolas e dos elementos que constituem o seu territ6rio o que se deu por meio do

    %ecreto nM (.LL>. Este decreto estabelece que s3o considerados remanescentes depopula:;es dos quilombos aqueles grupos +tnicoraciais Psegundo crit+rios de

    autoatribui:3o com traGet6ria hist6rica pr6pria dotados de rela:;es territoriais espec&9cas

    com presun:3o de ancestralidade negra relacionada com a resist5ncia * opress3o hist6rica

    sofridaQ /BRD

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    1#LL que em seu Brtigo TL trata dos Btos das %isposi:;es ransit6rias que PBos

    remanescentes das comunidades dos quilombos que esteGam ocupando suas terras +reconhecida a propriedade de9nitiva devendo o Estado emitirlhes os respectivos t&tulosQ

    /R

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    quando se trata de apropria:;es tempor!rias dos recursos naturais por grupos sociais

    classi9cados muitas vezes como itinerantes. Bssim + que nestes grupos la:os solid!rios ede aGuda mAtua formam um conGunto de regras 9rmadas sobre uma base f&sica considerada

    comum essencial e inalien!vel a todos os seus integrantes.

    Jobre esse processo Randeira /1##10 a9rma que

    PO controle sobre a terra se faz grupalmente sendo e-ercido pela coletividade

    que de9ne sua territorialidade com base em limites +tnicos fundados na

    a9lia:3o por parentesco coparticipa:3o de valores de pr!ticas culturais e

    principalmente da circunst7ncia espec&9ca de solidariedade e reciprocidade

    desenvolvidas no enfrentamento da situa:3o de alteridade proposta pelosbrancosQ /RBN%ED0. Esta formula:3o de Vittle permite a

    coloca:3o de que o esfor:o de um grupo social para usar e controlar um territ6rio pode

    gerar diverg5ncias Gunto a outros grupos sociais em seus interesses e necessidades abrindo

    ainda espa:o para discuss;es em torno dos chamados con8itos ambientais que + umaspecto central no desenvolvimento deste trabalho.

    Conflitos ambientais territoriais: territorialidade do agronegcio versusterritorialidadetradicional

    O campo de estudos dos con8itos ambientais se intensi9cou nas Altimas

    d+cadas do J+culo XX ganhando a aten:3o de diversos setores da sociedade e

    impulsionando as produ:;es acad5micas em torno da tem!tica. Neste sentido Bcselrad

    /(0 argumenta que o meio ambiente se tornou um terreno contestado material e

    simbolicamente elaborando a partir da& a no:3o de con8itos ambientais enquanto fatores

    essenciais para apreender a din7mica con8itiva pr6pria aos diferentes modelos de

    desenvolvimento.

    O conceito de con8ito socioambiental tem sido utilizado para compreender

    tens;es que envolvem diferentes grupos sociais a partir da distribui:3o e do acesso aos

    recursos naturais assim como as diversas formas de apropria:3o do meio biof&sico por

    estes grupos /DBRO

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    ambiental + antes de qualquer coisa uma crise das formas de sociabilidade fruto da

    rela:3o entre os homens que por sua vez interroga a quest3o ambiental sendo reveladorasdas organiza:;es sociais do poder.

    Bcselrad de9ne os con8itos socioambientais como

    PBqueles envolvendo grupos sociais com modos diferenciados de apropria:3o

    uso e signi9cado do territ6rio tendo origem quando pelo menos um dos grupos

    tem a continuidade das formas sociais do meio que desenvolvem amea:ada por

    impactos indeseG!veis K transmitidos pelo solo !gua ar ou sistemas vivos K

    decorrentes do e-erc&cio das pr!ticas de outros gruposQ /BCJEV

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    desenvolvimento agr&cola monopolizador de terras + tamb+m um claro processo de

    monopoliza:3o do territ6rio pelos latifundi!rios em detrimento de outros tipos de modos deprodu:3o ou l6gicas territoriais como a quilombola.

    %e forma complementar Fernandes /20 sugere que o agroneg6cio + um

    vigoroso circuito de l6gica capitalista que se territorializa no campo * medida que avan:a

    adquirindo terras imprimindo nelas a l6gica produtiva e territorial das grandes empresas.

    %esta forma o agroneg6cio implanta novas racionalidades que possuem ampla capacidade

    de reestruturar o territ6rio em fun:3o da l6gica produtiva. Jantos I Jilva /(0 a9rmam

    que o agroneg6cio se e-pande verticalmente dominando e controlando as rela:;es

    e-istentes no territ6rio ao mesmo tempo em que passa a suprimir as rela:;es de

    horizontalidade anteriormente e-istentes e caracterizadas pela contiguidade de lugares

    vizinhos reunidos por uma continuidade e coopera:3o territoriais.

    Bl+m disso a recon9gura:3o das din7micas territoriais promovidas pela a:3o do

    agroneg6cio que negam a possibilidade de uso plural do espa:o *s outras racionalidades

    e-istentes estabelecem con8itos ambientais territoriais e denunciam segundo Vaschefs)i e

    Zhouri /10 e Blier /0 situa:;es de inGusti:a ambiental. Bssim sendo tais situa:;es se

    tornam condi:3o pr6pria a sociedades desiguais em que operam mecanismos sociopol&ticos

    que destinam a maior carga dos danos e neglig5ncias ambientais a grupos sociais de bai-a

    renda segmentos raciais discriminados parcelas marginalizadas e mais vulner!veis da

    cidadania.

    Finalmente + importante notar que no estado do

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    comunidades quilombolas do munic&pio a J"D< + respons!vel pelo Censo ,uilombola de

    Campos dos 'oytacazes de 1.

    B coleta de dados prim!rios sobre a situa:3o da comunidade do Carobinho se

    deu a partir de trabalhos de campo nos quais o principal obGetivo foi observar o seu

    cotidiano para levantamento de maiores informa:;es e identi9ca:3o dos impactos do

    con8ito socioambiental sobre a reprodu:3o material da mesma. Uma das principais

    di9culdades deste levantamento in situfoi o acesso dif&cil * comunidade /Figura 10.

    Figura 1: rea de acesso comunidade do Quilombo do Carobin!o"

    Fonte arquivo do autor.

    Em fun:3o dessa di9culdade as visitas * comunidade se deram em parceria com

    J"D

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    Figura #: $er%idores da $&'R numa tril!a de acesso a uma unidade domiciliar no interior do Quilombodo Carobin!o durante a realizao de um dos trabal!os de campo desta pes(uisa"

    Fonte arquivo do autor.

    RESULTADOS PRELIMINARES

    B comunidade do Carobinho + composta por apro-imadamente 12 fam&liaspossuindo habitantes de variadas idades. O isolamento do local + um aspecto signi9cativo

    dada a dist7ncia entre a comunidade do Carobinho a comunidade mais pr6-ima al+m da

    forma como s3o dispostas as casas que 9cam afastadas uma das outras e ocultas por causa

    da densa vegeta:3o que cobre a !rea. B ocupa:3o do territ6rio remete a +pocas distantes

    pois a maioria dos moradores dos idosos aos mais Govens declara residir ali desde que

    nasceram. Os moradores declararam tamb+m ter sua resid5ncia em !rea que + fruto de

    heran:a atribu&da ao fator parentesco em uma cadeia sucess6ria do direito a terra.

    Uma importante informa:3o coletada durante a realiza:3o dos trabalhos decampo foi a de que a comunidade n3o possui ainda proGeto de reconhecimento fato que

    permitiria sua certi9ca:3o como comunidade quilombola frente * Funda:3o Cultural

    almares. Este + um fator complicador para a garantia dos direitos territoriais dos

    moradores do Carobinho G! que esta certi9ca:3o + necess!ria para a posterior titula:3o de

    terras e salvaguarda da garantia dos direitos das popula:;es remanescente dos antigos

    quilombos frente a outras formas de apropria:3o territorial.

    Os distintos usos do territ6rio pelos moradores apontam para os fatores de

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    9-a:3o reprodu:3o e sobreviv5ncia no pr6prio local. Um e-emplo disso foi a constru:3o de

    im6veis para habita:3o o que implica numa rela:3o de liga:3o dependente ao territ6rioocupado. Bl+m disso tamb+m s3o e-emplos desta rela:3o direta com o ambiente natural

    elementos como a e-tra:3o de lenha para uso em fog3o e o uso de plantas como

    dispositivos medicinais que e-ibem uma rela:3o direta com os recursos do local bem como

    a capta:3o da !gua vinda de cachoeiras e-istentes no territ6rio ocupado pela comunidade

    /Figura >0.

    Figura ): *onto de abastecimento de +gua para uma resid,ncia a partir de uma cac!oeira e-istentedentro do Quilombo do Carobin!o"

    Fonte arquivo do autor.

    B maioria da popula:3o e-erce atividade econ4mica familiar que envolve de

    forma direta o meio em que est! inserida tais como o plantio de culturas anuais /inhame

    feiG3o0 e perenes /diversos tipos de c&tricos e banana0. B Figura ( mostra um dos cultivos de

    laranGa que foram identi9cados dentro da comunidade

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    Figura .: Culti%o de laran/a no interior do Quilombo do Carobin!o"

    Fonte arquivo do autor.

    Os moradores tamb+m realizam a cria:3o de diversos tipos de animais tais

    como porcos gansos e galinhas os quais alimentados com as produ:;es familiares. Outra

    tarefa comumente realizada no cotidiano da comunidade + a reuni3o das mulheres para

    ensacamento e carregamento de frutas at+ as unidades domiciliares /9gura 20.

    Figura 0: &oradoras da comunidade numa tril!a de acesso a unidades domiciliares no interior doQuilombo do Carobin!o em realizao de suas ati%idades cotidianas"

    Fonte arquivo do autor.

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    ?istoricamente os moradores comercializam a parte e-cedente ao seu consumo

    de subsist5ncia. Entretanto a comercializa:3o da produ:3o e-cedente tem sido interrompidade forma rotineira desde a chegada do latifundi!rio * regi3o. O fato + que com base no

    levantamento hist6rico e nos dados coletados foi determinado que o latifundi!rio assim

    que chegou * regi3o construiu cancelas ao longo das vias que d3o acesso para suas terras e

    *s terras da comunidade. Estas cancelas s3o mantidas trancadas e suas chaves s3o de posse

    somente do latifundi!rio e seus funcion!rios /Figura T0.

    Figura : Cancela colocada pelo latifundi+rio (ue ao ser trancada impede a li%re circulao dosmoradores de Carobin!o"

    Fonte arquivo do autor.

    B chegada do latifundi!rio e a coloca:3o das cancelas implicaram no surgimento

    de diversas problem!ticas que foram apontadas pelos membros da comunidade. Nas

    entrevistas realizadas foi relatado que as cancelas representam uma barreira * livrecircula:3o dos habitantes e seus animais comprometendo assim atividades de natureza

    distintas que s3o realizadas no Carobinho.

    %entre as di9culdades arroladas pelos moradores foram citadas a interrup:3o

    da venda de produ:3o agr&cola pela impossibilidade de autom6veis chegarem ao local

    necess!rio para escoamento da produ:3o_ a di9culdade de acesso ao transporte escolar

    fazendo com que as crian:as de Carobinho andem um longo percurso a p+ para alcan:alo_

    a impossibilidade de acesso de ambul7ncia e tamb+m o impedimento da passagem de

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    animais utilizados como transporte pela popula:3o fazendo com que eles tenham que

    percorrer longas dist7ncias a p+.

    Jegundo os relatos dos moradores a partir da coloca:3o das cancelas a

    situa:3o econ4mica da comunidade foi muito preGudicada levando os homens que antes

    trabalhavam apenas em suas lavouras a fazerem trabalhos informais e tempor!rios em

    !reas vizinhas. Bl+m disso diversas fam&lias acabaram migrando para a parte central da

    cidade * procura de melhores condi:;es de vida. Bcrescentase a esse cen!rio de

    deteriora:3o da condi:3o econ4mica o processo de intimida:3o que os moradores dizem

    sofrer por parte do latifundi!rio e seus empregados o que acaba di9cultando a realiza:3o

    de di!logos ou acordos com o mesmo.

    CONSIDERAES FINAIS

    B partir das evid5ncias obtidas em campo + poss&vel a9rmar que o con8ito na

    comunidade do Carobinho e-plicita e demarca as diferentes formas de apropria:3o do

    territ6rio e re8ete a e-ist5ncia de assimetrias no controle dos recursos e-istentes.

    Este caso pode ser colocado num conte-to mais amplo de con8itos territoriais

    causados por formas distintas de apropria:3o e uso de recursos naturais nos quais as

    comunidades quilombolas e outras popula:;es tradicionais est3o envolvidas para garantir

    seus territ6rios. Neste sentido o reconhecimento dos territ6rios quilombolas representaria

    uma conquista sociocultural e tamb+m ambiental pois ao se reconhecer o direito de uma

    popula:3o ao seu territ6rio legitimarseia tamb+m sua rela:3o diferenciada com o

    ambiente com aquilo que os quilombolas de9nem como sendo Natureza.

    Os resultados deste trabalho tamb+m corroboram a concep:3o de que os

    moradores do Carobinho s3o portadores de valiosos saberes que e-plicitam uma forte

    solidariedade social o que os capacita a transfor sua forma particular de apropria:3o do

    meio biof&sico em uma rela:3o espec&9ca de poder que por sua vez os habilita a fazer

    frente * l6gica territorial do agroneg6cio que + a dominante. Bssim a resist5ncia quilombola

    con9gura uma importante estrat+gia de consolida:3o de autonomia de um conGunto de

    pessoas com interesses parecidos que se identi9cam entre si e compartilham a gest3o

    comunit!ria de um territ6rio que serve para a manuten:3o de uma forma particular de vida.

    or outro lado os problemas vivenciados pela comunidade estudada se mostraram em

    grande medida vinculados aos problemas sociais e econ4micos que foram e-acerbados

    pelo isolamento f&sico a que vem sendo submetida pelas a:;es realizadas por um

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    latifundi!rio fato que + agravado pela neglig5ncia do Estado.

    Finalmente os resultados deste trabalho con9rmam a import7ncia da categoria

    territ6rio para se analisar con8itos emergentes especialmente naquelas circunst7ncias em

    que a disparidade de for:as resulta em formas de isolamento que podem comprometer os

    mecanismos de sobreviv5ncia e perman5ncia de comunidades em !reas que ocupam

    tradicionalmente.

    REFERNCIAS

    BRD

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    ane-ost-tanaliticoZ?OU.

    VDVE . E. Territ3rios sociais e povos

    tradicionais no Brasil por uma antropologia

    da territorialidade. Rras&lia Universidade de

    Rras&lia %epartamento de Bntropologia .

    "ONED

    Campos dos 'oytacazes

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    C23F4'T2$ $2C'25&6'73T5'$ 7& C2&83'9597$ R7&537$C73T7$97 Q8'42&62$ $26 5 *7R$*7CT'5 92 T7RR'T;R'2" 2 C5$2 95C2&83'9597 97 C5R26'3T5C5?7$ @RAB

    'I() 2 * +i-micas e colitos territoriais o campo e deseolimeto rural

    R7$8&2

    ) presete trabalho oi realiado a comuidade uilombola do arobiho, ue est3 localiada

    em oragaba, "5 +istrito do muicpio de ampos dos 7otacaes $ 9. ) acesso ao ;uilombo

    do arobiho < dicil, pois o mesmo est3 situado em 3rea de orte decliidade as pro=imidades

    do Parue 'stadual do +esegao >P'+?. @ importate obserar ue o P'+ cocetra cerca de60A da 3rea de preseraBo ambietal de ragmetos de ata Ctl-tica do 9io de aeiro >I7',

    2000?. D3 1% aos um grade propriet3rio se istalou o etoro da comuidade e, desde eto,

    o cotato etre as partes em se dado de orma atagEica, marcada por disputas territoriais

    e=pressas de orma direta e idireta. !esse cote=to, o territFrio se tora uma categoria de

    udametal import-cia para compreeso do colito, partido do etedimeto de ue este