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Confie em mim ou O Guardião de memórias Paulo Godoi

Confie em mim ou o guardião de memórias

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A vida de Elissah toma um rumo inesperado ao receber a noticia da morte de seu marido e sua filha em um acidente de carro, devastada, desmotivada e sem vontade de viver ela acaba recorrendo ao seu amigo de longa data Paulo que passa a cuidar dela como havia prometido ao seu melhor amigo em outros tempos. Quatro anos depois, Elissah está com a vida restruturada e vê no amigo uma nova chance para um novo amor, mas existe muitos segredos por trás dos olhos sombrios dele e aos poucos percebe que cada um de seus amigos tem algo a esconder e coisas inclusive de seu passado vem a tona e ela terá que decidir se vai confiar em Paulo ou não.

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Page 1: Confie em mim ou o guardião de memórias

Confie

em mim

ou

O Guardião de memórias

Paulo Godoi

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Palavra do Autor:

Eis ai mais um livro prontinho, talvez até o melhor que já

escrevi, foi um processo trabalhoso, que as vezes dava

vontade de abandona-lo, mas no final fico satisfeito pois é

muito bom você olhar o livro impresso e poder dizer que

foi sua criação, que aquilo é literalmente seu, a sensação

é muito boa.

Mas como todo escritor eu não tiro inspiração do nada, e

nem projeto os diálogos sozinho, e em cada personagem,

por menor que seja sua aparição, sempre tem um pedaço

dos meus amigos e colegas.

Mas também devo aqui deixar registrado meu

agradecimento ao Bruno Pereira, se não fosse ele eu não

teria voltado a escrever e essa estória jamais sairia da

minha cabeça, apesar do tempo que ele levou para

analisa-lo foi muito interessante suas observações, bom,

Muito obrigado Ó Capitão, Meu capitão!

Também tenho de falar de Raquel, que em pouco tempo

se tornou uma amiga muito valiosa, obrigado moça! A

Bianca Karine, serei eternamente grato pela nossa

estranha amizade! Outras menções que vale a pena ser

feitas apesar das controvérsias de época, agradecer

também a Marina, pois tudo é infinito enquanto durar, Ao

João Vitter ( Pai) e ao Eric neves ( Mãe. Não me

perguntem) Ao Miranda, Ao Gabriel Cerullo e a Larissa

Franco, e toda a turma 201, 202 e 203 o meu muitíssimo

obrigado.

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Mas quando vou agradecer a alguém nos meus livros,

sempre tem que ter um espaço só para a minha melhor

amiga no mundo inteiro, Glória Duarte, muito obrigado

mesmo, pelas conversas, conselhos, paciência, carinho,

cuidado e tudo quanto você tem tido para comigo, Je te

aíme!

E por último porém não menos importante, a Nicole

Rosário, obrigado pelas conversas e por sua amizade!

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Para Glória Duarte

Raquel Ribeiro

Bianca Karine

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Capitulo 1

Elissah estava limpando a cozinha de sua casa

em completo silêncio, estava entristecida com os

fatos que avida lhe impôs nos últimos dias, o

vazio e o silêncio da casa a faziam lembrar de

que seu marido, Everton, e sua filha Ally, não vão

mais voltar, foi tão de repente que nem ela

mesma sabe explicar como aconteceu, a última

vez que ouvira as vozes deles fora pelo telefone e

suas vozes ainda ecoavam na sua mente em um

silêncio ensurdecedor, seus olhos incrivelmente

azuis pareciam mais vazios do que quando

recebera a noticia, tanto que ela nem percebera

que molhara com suas lágrimas a única parte da

mesa que já havia passado o pano, isso a faz

lembrar de onde estava e o que estava fazendo.

Recentemente ela havia perdido os pais, e a dois

anos perdera sua irmã mais velha que era acima

de tudo sua melhor amiga e agora perdera o

marido e a filha, não tinha mais nenhum motivo

para viver, nenhum motivo para sorrir, e duvido

que qualquer pessoa que se encontrasse na

mesma situação que ela teria um pensamento

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diferente, mais ela não seria a primeira pessoa a

ser atingida pelas fatalidades sequenciais da vida

e pode apostar que não será a última. Ela levou

as mãos ao rosto e enxugou as lágrimas e log em

seguido desalinhou o próprio cabelo e o realinhou

logo em seguida em um gesto de clara angústia.

O tempo estava nublado e pouco convidativo

para passeios, mais ela precisava sair, ela muito

de seu marido e de sua filha na casa, e ainda

podia ouvir as vozes deles pela casa, ela

realmente precisava espairecer, subiu apressada

as escadas e foi direto para o guarda roupa,

pegou as primeiras roupas que vira e jogou-as na

cama, e retirou seu roupão ficando apenas de

roupas de baixo, quando ela reparou na roupa

que pegara, um sorriso entristecido puxou seus

lábios, ela pegara a calça jeans desbotada que

tinha uma lembrança singular que não posso falar

agora, e o blusão preto que fora um erro gritante

de Everton que errou o número da blusa que

comprou no aniversário dela, e naquela época ela

estava naquela crise existencialista de se achar

gorda, os dois brigaram por causa disso, mais

cinco minutos depois estava se beijando e se

abraçando como se nada tivesse acontecido, não

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tinha a habilidade de ficarem brigados por muito

tempo... Não adianta, tudo que ela era ou tinha

de alguma forma estava ligada a Everton e isso a

angustiava por demais.

O cinza do dia se tornou mais denso e a chuva

era mais que prometida, mais isso não a

impediria de sair, ia meio que perambular pelas

ruas de Riverton, ela simplesmente pediu a Deus

que a consolasse e saiu sem destino certo, e sua

caminhada acabou se tornando uma corrida e

depois de um tempo fadigada ela parou bem

enfrente a casa de um cara muito especial.

Uma onda de conforto se apoderou dela de

maneira terna e suave, lembrou-se de como seu

amiga a ajudara, ajudara a todos, deliciava o fato

de poder sorrir de novo pela simples lembrança

dele a afastar dos problemas. Ela abaixou perto

do portão e foi direto em uma tufa de grama que

saltava perto da cerca da casa e tirou de lá as

chaves e abriu o portão, aquele quintal a remetia

a inúmeros momentos bons com Ally crescendo,

dos churrascos nos fins de semana, os quatro

eram bons amigos, e tudo parecia elegantemente

igual, o mesmo canteiro de rosas, a mesma

estradinha de pedra que ligava o portão a

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escadaria, já não precisava correr para a varanda

pois a chuva já estava fina, ela caminhou devagar

e quando alcançou o primeiro degrau notou

aquela criaturazinha deitada perto de um dos

pilares, ela abaixou-se perto e acariciou a

cachorrinha que se mexeu um pouco antes de

voltar a dormir, quando levantou-se ela percebeu

a figura imponente e expressiva de seu amigo,

ela se encostou na pilastra, ele a olhava com uma

expressão interrogativa, ela sorriu frouxamente

antes de ir na direção dele e abraça-lo, ele podia

sentir a respiração ofegante dela, e a sentiu por

um bom tempo, quando ela finalmente olha nos

olhos dele, com seus rostos a milímetros de

distância, ele diz:

- Pode fazer.

Ela sorriu antes de beija-lo de leve, quando ela

termina ele pergunta quase indiferente:

- O que a trás aqui?

- Lembra do que você me disse sobre sua

amizade com Everton e todo aquele lance de

guardar memórias?

- Sim.

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- Algo me diz que você tem algumas resposta

para mim.

- Certamente, espero que você tenha as

perguntas certas.

Ela assentiu meio sem entender e entrou junto

com seu amigo. O lugar estava cheiroso,

arrumado de maneira meticulosa, ela olhou toda

a sala antes dele dizer com os pés no degrau da

escada:

- Só vou trocar de roupa e já desço para

conversamos.

- Obrigada.

Após a saída dele Elissah se conduziu ao

sofazinho que ficava encostado na parede, e um

pouco acima ficava a janela, e pode observar o

espetáculo que a chuva vazia silenciosamente

enquanto a água escorria no vidro ligeiramente

irregular, ela observou também as rosas sendo

regadas pela chuva, todo aquele quintal era tão

lindo que o paraíso deve ser assim, não tinha

como não desvincular aquilo de seu falecido

marido, afinal, fora Paulo que cedera as flores

para o velório, e foi com esse pensamento que

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Elissah viu que tudo que ela era ou tinha de

alguma forma estava ligada a Everton.

*

Paulo literalmente esquecera por uns minutos

que tinha alguém o esperando na sala e foi tomar

banho, enquanto se secava lembrou que só iria

trocar de roupa, mais não faz mal, ele sempre

fora um pouco desligado e extremamente

misterioso, alcançara os trinta anos e nem de

longe era um cara feio mais na mesma distância

não era bonito, era um típico cara médio como o

Gil do livro Prova de Fogo do Pedro Bandeira,

não chama e nem gostava de chamar atenção,

porém havia uma grande parte do seu passado

que ele não contara a muitas pessoas, na

verdade, só Everton sabia, e mesmo assim ele

colecionara alguns grandes amigos durante sua

vida, como o próprio Everton, Elissah, a falecida

irmã de Elissah a Fernanda, em fim, estava bem

como estava.

Enquanto se secava ele se olha no espelho,

seus olhos negros e sombrios tinham um leveza

incrível, como se ele fosse a mais bondosa das

criaturas, e se for ninguém sabe, apenas sabia

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que podiam confiar nele mais do que em si

mesmos, tanto que seu amigo Everton sempre se

referia a ele em conversas impessoais como " O

Guardião ".

Quando terminara de se trocar Paulo desce as

escadas em silêncio absoluto, e quando chegou a

sala encontrou Elissah de joelhos em cima do

sofá em estado contemplativo, ele caminha

devagar e se senta em sua poltrona e diz:

- Cheguei.

Ela leva um susto com a voz do amigo e quase

cai do sofá, ele sorri levemente antes de dizer:

- Desculpe.

- Tudo bem.

- Antes de começarmos, gostaria de beber

alguma coisa?

- Depois.

- Ok, Vamos começar.

Então Elissah começou a contar sobre seus dias

desde a morte de Everton até hoje pela manhã,

contara das vezes que ficara deitada na cama

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vestida apenas daquele blusão que ela usava

naquele momento e com o revólver do lado

pensando no suicídio, das vezes que Paulo teve

que socorre-la, e aos poucos a angustia dela foi

sumindo, ele conseguia acalma-la apenas com o

olhar, e no final das indagações ela pergunta

retoricamente:

- Como vou viver agora?

- Tuché! A mais ou menos oito anos atrás,

meses depois de vocês terem se casado Everton

veio aqui e me entregou uma carta selada, de

certa forma ele sabia que chegaria um

determinado momento da vida que ele teria que

te deixar, digamos que ele sabia que ia morrer.

Elissah piscou os olhos na frustrada tentativa de

esconder as lágrimas ao ouvir o que Paulo disse,

brotou uma emoção tão forte lhe fugiu o controle:

- Como assim Paulo! Gritou - Como alguém

prevê a própria morte!?

Paulo nunca foi de gritar com ninguém e aquela

não seria a primeira vez que faria isso, muito por

entender o sobressalto de Elissah e prosseguiu

sem ligar:

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- Ela tinha uma doença no sangue, muita rara e

logo não havia cura, os dias dele estavam

findando, e além de me confidenciar isso ele me

deu algumas tarefas para executar quando você

fosse me procurar.

- Ela previu isso também?

- Não, isso todo mundo já sabe. Como minha

primeira tarefa é te entregar a carta selada. E

nisso , Paulo tirou um envelope vermelho do

bolso, o coração de Elissah disparou ao

reconhecer a letra, ela sentiu seu corpo todo

descontrair, era normalmente assim que se sentia

quando seu marido a abraçava, embora mais

distante parecia igual, e então ela perguntou ao

amigo de modo mais amável:

- E qual era a segunda?

- A segundo eu tenho que pegar. Paulo vai até o

escritório, Elissah suspirava aliviada, se sentia

bem com tudo aquilo, pelo menos por enquanto,

minutos depois Paulo volta com uma caixa cheia

de furos na tampa e entrega a Elissah que

pergunta:

- O que é isso?

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- Um presente que Everton pediu para

providenciar para você.

Elissah abre rapidamente a caixa e encontrou

aquele pequeno animalzinho encolhido no canto

da caixa e lá também havia um bilhete. ela

acaricia a cabeça só filhote com o dedo e diz

sorrindo:

- Obrigada.

- Aliás, o bilhete é para você ler quando estiver

sozinha.

- Ele deixou mais alguma coisa?

Paulo se levantou e sentou-se ao lado dela e

segurou as mãos dela e diz com uma voz terna:

- Ele a ama, e não queria que você passasse por

tudo isso sozinha, agora você tem ao labrador

para fazer companhia e tem a mim também.

Ela o abraçou e o beijou com força antes de

dizer:

- Muito obrigada mesmo, você salvou meu dia!

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Minutos após a saída de Elissah, o sorriso de

Paulo por faze-la sorrir desapareceu, e seu olhar

tomou o tom escuro novamente.

*

Cerca de uma hora após chegar da visita a casa

de Paulo, Elissah já estava encolhida no sofá da

sala, enquanto bebia um café ela olhava o filhote

que dormia sossegado na almofada que estava

sendo sustentada nas suas coxas, ela deu a ele o

nome de Rexie. Ela pegou a carta , e pode sentir

um misto de medo, ansiedade e alegria, e assim

dizia a carta:

" Meu Anjo.

Quero primeiramente pedir desculpas por não ter

lhe contado sobre minha doença, mais eu não

queria fazê-la sofrer o antecipação, ou pode ser

também que eu parti antes do que previa, de

qualquer forma imaginado que você e Ally devem

estar sofrendo, e qualquer um no lugar de vocês

se sentiria mal, ou até pior.

Também sei que você vai querer tentar passar

por isso sozinha, e essa ideia me fez pensar no

assunto com tristeza, daí lembre que você

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sempre quis ter um cachorro, por isso pedi a

Paulo que providenciasse um dos filhotes da

falecida labradora da minha mãe, e pedi para ele

te entregar pois a quem mais você procuraria

quando estiver mal? Bom, só quero que saiba

que eu amo você e sempre vou te amar, e eu

estarei com você onde quer que você for eu vou

cuidar de você, te amo!

Obrigado loira."

E assim, Everton tem a chance de dizer adeus a

Elissah, e essas palavras a consolaram, mesmo

assim seria difícil viver sem ele, o homem que ela

mais amou em toda sua vida.

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Capitulo 2

4 anos depois

O som do despertador do celular fez com que

Elissah acordasse irritada, estendeu o braço na

direção do criado-mudo para desliga-lo, mais sem

sucesso, percebeu que não conseguia mover as

pernas, tinha a sensação de que havia um

elefante as esmagara, porém quando viu o que

realmente era, ela pensou consigo mesma, " Não,

é algo pior! ".

Era Rexie, o enorme labrador dormira por cima

das pernas de Elissah, tinha mais graça quando

ele era menor, ela tentou acorda-lo sacudindo-o

porém não logrou muito êxito na tentativa, o cão

parecia ter o triplo do seu peso, ou talvez até

mais, ela continuou sacudindo-o até que ele em

fim despertou, " Vitória! " Pensou ela, um ledo

engano por assim dizer, Rexie acordou sim, e

bocejou virando o focinho para Elissah quase

sorrindo como quem diz " Bom dia! ", ela sorriu

antes de começar a dizer enquanto tentava bater

nas costas dele:

- Anda grandão, vamos, sai de cima de mim,

estou atrasada!

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Rexie por sua vez a encarou como quem diz:

- E daí?

- Ora, não seja incompreensível, vamos você

sabe que o amo, mais eu preciso ir trabalhar!

Aos poucos, com visível preguiça Rexie foi

levantando, ela ficou aliviada por poder sentir as

pernas de novo, e apesar daquela confusão ter

ajudado ela a se despertar ainda estava meio

sonolenta, quando viu o celular vibrando no modo

soneca ela lembrou que ele tocara.

Sentou-se na beira da cama, vestida apenas do

seu pijama azul claro, ela estendeu o braço para

o criado mudo e desligou o despertador, eram

sete e pouca da manhã, Elissah teria de ir cedo

para a livraria pois no final da tarde de ontem

havia chegado três novas remessas de livros que

ela tinha que ajudar Diana a arrumar antes de

abrir, ela sorriu quase sem querer, era impossível

desassociar a palavra livros de seu amigo.

O bom e velho Paulo, um cara legal, também

ficara um pouco mais bonito com o passar dos

anos, aos trinta e quatro anos possuía os cabelos

negros e meio grisalhos perto das orelhas e nos

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cabelos que pediam levemente pelo rosto que

fora gentilmente marcado pelo tempo, e seus

olhos continuavam tão negros e sombrios quanto

antes e a barba que estava sempre por fazer lhe

davam um ar relaxado no que diz respeito a sua

aparência. Ele e Everton eram amigos a mais de

vinte anos, um vivia brincando na casa do outro,

e a amizade deles fora só crescendo, mais se

consolidou depois da morte do pai de Everton

onde Paulo apoiara a família e fez uma aliança

com Everton que perdurou por muitos anos.

Frequentemente ele e Everton era confundidos

como irmãos pela semelhança física, as

diferenças estavam na estatura e na

personalidade, Everton era mais brincalhão e

mais alto, e Paulo sempre fora o mais baixo dos

meninos e o mais sério.

Elissah levantou-se distraidamente e dirigiu-se

até o banheiro, ela vai se arrepender disso pelo

resto do dia, ela tropeçou em Rexie ( Sabe-se lá

como ela não notou a presença dele

esparramada no chão ) e cambaleou até a porta

do banheiro, ela segurou pelos lados da porta e

sem equilibro foi parar dentro do banheiro porém

não soltou a porta que bateu com força no seus

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dedos, Droga! Praguejou ela enquanto levava as

mãos ao peito e comprimia-os com a outra mão,

ela lançou um olhar de fúria para Rexie que

levantou o olhar que parecia quase cômico como

quem diz:

- Não olhe para mim, quem fez a merda foi você.

Mais ela ignorou-o dessa vez e bateu a porta

com força deixando Rexie parado, meio sem

ação, ou não, ela se despiu e caminhou até o

box, seus dedos ainda latejavam porém a dor

diminuíra, tentou ligar o chuveiro com a mão

direita, mais lembrou que fora ela que bateu,

então ligou com a esquerda, até com certa

dificuldade, aquela água morna logo de manhã

era maravilhosa, ela deixou que a água a

enrolasse como um lindo abraço angelical, e ela

escorria pelo seu corpo explorando cada

sinuosidade, cada traço, ela relaxara quase que

de forma instantânea, quando estava mais

relaxada disse a si mesma em relação a Rexie:

- Cachorro esquisito, vai ver depois de me

infernizar foi caçar outra coisa pra fazer.

Após o banho Elissah se seca e tenta se enrolar

na toalha e quase não consegue, quando abre a

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porta do banheiro levou um susto ao ver Rexie

parado na mesma posição.

*

Paulo era um desenhista, professor, escritor,

mais precisamente o único escritor profissional de

Riverton, a pequena e agradável cidade parara

no tempo de forma elegante, sem o mesmo

estardalhaço das cidades grandes, as casas em

no estilo colonial, na cidade não havia muitas

empresas e industrias, era um bom lugar para

quem gosta de paz e tranquilidade, por isso que

morava lá a trinta anos.

Apesar de muito talentoso ele decidiu apenas ser

o diretor do jornal, a gazeta de Riverton, que fez

tanto sucesso que passou a ser comercializado

também na cidade vizinha. Era um dos mais

respeitados da cidade, quase todo mundo

gostava dele, apesar de não interagir muito com

outras pessoas, falava pouco mais sempre falava

a coisa certa, tinha sempre um bom conselho e

sabia resolver os problemas da maioria das

pessoas que o pedissem ajuda, menos os seus

próprios.

*

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Elissah dirigia seu fiat branco pelas ruas

acidentadas de Riverton, felizmente conhecia

aquela estrada como a palma de sua mão, caso

contrário já teria sofrido um grave acidente. Não

mais que meia hora depois, ela estacionava o

carro perto da sua livraria, quando vira que

Daiana já estava guardando os livros consultou

seu relógio, chegara mais cedo do que pensava,

e decidiu que poderia ir dar uma visitinha ao seu

amigo. Caminhava em passos rápidos e curtos,

ficara sorrindo o caminho todo ao lembrar das

coisas que Paulo havia dito e feito por ela os

últimos quinze anos, os dois tinham uma amizade

bonita, não só os dois como seus mascotes,

Rexie e Lexie, entre aqueles dois rola um tenção

romântica que não ocorre nos seus donos.

Não é?

*

Paulo estava digitando os documentos quando

Sandler adentra a sua sala dizendo:

- Paulo, decidiu qual vai ser a capa dessa

edição?

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- Ainda, não, na verdade nem sabia que eu tinha

que escolher, e quais opções eu tenho?

- Bom chefe, temos o caso dos quadrigêmeos e

a derrota dos Yanks da liga.

- Eu acho que os Yanks serem derrotados não é

lá uma grande novidade né. Disse Paulo rindo,

Sandler riu compreendendo o que significara e

saiu da sala. Paulo estava concentrado, estava

nas últimas do último documento e... Pronto!

Depois de quatro intermináveis horas ele em fim

terminou, agora poderia sair mais tranquilo para

comer alguma coisa e quem sabe ir ver sua

amiga, ele levantou-se afastando a cadeira no

exato momento que Elissah surge em sua sala,

os dois sorriram e disseram ao mesmo tempo:

- Bom dia!

Ela anda em passos rápido na direção de Paulo

buscando seu abraço, ele podia sentir naquela

súbito toque, uma urgência e um calor que ele

conhecia o motivo, ela tentava se aconchegar a

ele cada vez mais como um gato no colo de seu

dono, era sempre assim que ele fazia quando a

falta que seu marido e sua filha faziam era maior

que a vontade de seguir em frente.

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Paulo e Everton se conheceram em 1985, aos

cinco anos de idade, os dois faziam quase tudo

juntos, desde brincar a até se machucar visto que

suas mães também são muito amigas.

Na escola, aos quinze anos não foi diferente,

Everton confidenciara seus sonhos, segredos e

projetos para seu amigo que os guardou, mais o

maior presente que Paulo deu a Everton fora

Elissah. Foi no refeitório da escola, como já era

de se esperar Paulo já sabia que Everton gostava

dela, e como amigo dela também sabia que ela

gostava dele, então, quando pegaram o almoço

Paulo pediu para Everton sentar na ponta da

mesa, Everton não entendeu nada mais não

questionou, minutos depois, Everton parara tudo

para fitar seu objeto de desejo, a jovem loira de

olhos claros, Everton observou brevemente seu

amigo que pôs a mochila nas costas e fez um

movimento rotativo que fez a mochila acertar

Elissah que deixou um pouco do macarrão e de

seu corpo cair em cima de Everton, ela o fitou

profundamente constrangida e envergonhada

sem saber como tudo aconteceu:

- Desculpe. Disse ela num fio de voz tirando o

macarrão da blusa dele.

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- Tudo bem. Disse Everton ajudando-a a catar a

comida que ela deixou cair, enquanto catavam

ele pergunta meio timidamente:

- Como se chama?

- Elissah...

- Prazer, sou Everton.

Após terminarem ela diz com um belo sorriso

adolescente:

- Obrigada Everton, e desculpe pelo macarrão.

- Olha, você pode se desculpar melhor comigo

se você ir no cinema comigo amanhã.

Como ela é bem branquinha, as maçãs do rosto

enrubesceram com absurda velocidade, ela sorri

meio sem jeito e diz com a voz ligeiramente

trêmula, que só não ficou mais visível por que

Everton exalava certeza do que estava

acontecendo ali entre os dois, no fim das contas

ela diz com um tom surpreendentemente seguro:

- Eu adoraria.

- Então.. quer me fazer companhia?

- Por que não?

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Ela jogara o corpo em cima de Everton enquanto

colocava o prato ao lado dele na mesa, seus

rostos ficaram a centímetros de distância, seus

olhos congelaram um no outro por causa da

temperatura do toque, bem próximo dos dois e a

uma distância segura, Paulo torcia mentalmente

enquanto apontava os dentes do garfo para cima

e batia o cabo do mesmo na mesa " Beija, beija,

beija" e como se ouvisse a torcida mental do

amigo Everton passou as mãos nos cabelos de

Elissah que fechou os olhos deliciando o toque e

assim, ele sentiu que podia transpor o espaço

que separava seus lábios e hesitaram no

principio, Paulo ficara tão eufórico que aplaudiu a

cena seguido de todos que se encontravam no

refeitório, após terminarem o beijo e ouvirem os

aplausos eles se abraçam carinhosamente e ele

diz:

- Eu te amo... E ela diz beijando-o o pescoço:

- Eu também o amo.

Seria mais bonito se no final a inspetora não os

levasse para a diretoria por estarem se atracando

no refeitório como ela disse, ambos levaram uma

advertência. Ao saírem lá estava o velho Paulo os

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aguardando com suas mochilas, ele nota que ela

o reconheceu mais não disse nada e ela

percebeu que ela não disse nada e não disse

nada também, foi quando Everton diz:

- Paulo, essa é a Elissah.

Ela o abraça dizendo:

- Obrigada.

E os três foram para casa.

Paulo percorre os olhos em Elissah e pergunta:

- Tá melhor?

E com um sorriso curto ela diz:

- Estou, obrigada

- Eu estava saindo para tomar café, quer vir

comigo?

- Claro, tem um perto da livraria.

- Eu não te vendo livros, eu dou eles.

- Deixa eu pagar só dessa vez!

- Não. E fim de papo.

- Obrigado.

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- Nada querido, vamos?

- Vamos. Disse Paulo oferecendo o braço para

ela enlaçar, quando passaram pela porta Paulo

diz em um tom brincalhão.

- Sabe, eu tenho dinheiro para comprar livros.

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Capitulo 3

Não havia se passado muito tempo que a livraria

estava aberta e já havia uma quantidade razoável

de pessoas, Daiana, a gerente da livraria e amiga

de Elissah percorria seu olhar atento sobre os

movimentos de alguns jovens que sondavam as

sessões de mangás, Layla e Rodrigo, velhos

amigos deles adentram a livraria percebendo que

o barulho do sino no alto da porta chamara a

alerta atenção de Daiana que ao vê-los sorriu

acenando de maneira discreta, quando o casal se

aproximou Layla cumprimenta a amiga:

- Oi Dai, tudo bem?

- Tô bem, só tô um pouco atarefada.

- Sei como é, Elissah não chegou ainda?

- Sim e não.

- Como assim?

- Ela chegou, mais foi tomar café com Paulo.

- Ah sim, aqueles dois se gostam mesmo né.

- Ele é um dos melhores cidadãos que

conhecemos, difícil mesmo é alguém odiá-lo.

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- Olha, deve ter alguém por ai que não vai com a

cara de Paulo, não é Rodrigo? Perguntou Layla,

porém a expressão séria de Rodrigo fez ela

perceber que não fora boa ideia interpela-lo na

conversa:

- É.

E para dar uma quebrada naquele clima ele

pergunta:

- Falando nisso, Eu, Layla, Paulo, Elissah e Edu

vamos em um restaurante novo na cidade

vizinha, se você quiser ir.

- Claro, vai ser divertido.

E Layla complementa com um ar divertido:

- Com Rodrigo e Paulo a comédia é garantida.

- Esse dois tem muita sintonia.

- Talvez o fato de sermos irmãos tenha influência

nisso. Disse Rodrigo com o ar cômico costumeiro.

*

Paulo fungou a fumaça que saia do café antes de

beberica-lo, ele estava com os pensamentos

detidos em Elissah, ele prometeu ao seu amigo

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que cuidaria dela, e até agora tem cumprido a

promessa, e cumprido bem:

- Como está Lexie? Perguntou Elissah fazendo

com que Paulo volte a órbita da situação:

- Está bem graças a Deus, eu amo aquele monte

de pelos sem classe.

- Nossa. Disse Elissah sorrindo - Que amor!

- Verdade.

- Paulo, por onde você andou nos últimos quatro

anos, você andou sumido.

- Estava fazendo uma pesquisa para provar uma

tese sobre pessoas desaparecidas.

- Ah sim, leve Lexie lá em casa algum dia.

- Está bom.Paulo consultou o relógio e disse:

- A tiragem um vai sair agora preciso voltar! Ele

deixou o dinheiro na mesa e beijou-a dizendo:

- Até mais.

...

Page 34: Confie em mim ou o guardião de memórias

Ao chegar na livraria Daiana havia acabado de

dispensar o último cliente e quando viu Elissah,

um ar malicioso a envolveu:

- Então, como foi?

Elissah estreitara os olhos e perguntou fingindo

não saber do que ela estava falando:

- Então o que?

- O Encontro com Paulo foi bom?

- Não foi um encontro, só tomamos café juntos.

Disse Elissah andando em direção a sua sala

mais Daiana continuou falando:

- Sei, então por que você está assim?

- Assim como?

- Sorridente.

Elissah não tinha resposta para essa

observação, ela sempre sorria quando estava

com Paulo, mais afinal, ele fez parte de sua

família, não há bons momentos para ela que ele

não esteja presente, não havia um pingo de

chance de estar realmente se apaixonando por

Page 35: Confie em mim ou o guardião de memórias

ele... ou teria? Elissah respirou fundo ao notar o

quão confusa estava e disse:

- Não importa, Paulo é meu melhor amigo e

sempre vai ser. E logo entrou no escritório sem

dar chance para qualquer alfinetada de Daiana.

*

Paulo pesquisava as noticia de Riverton e da

cidade vizinha quando Edu adentra a porta da

sala com um envelope pardo dizendo:

- Aqui está a prévia do jornal de amanhã.

- Pode coloca-los ali em cima por favor? Disse

Paulo apontando com a caneta para a mesa sem

desgrudar os olhos da tela do computador, após

colocar o envelope ali, Edu se aproxima da mesa

do chefe meio hesitante e pergunta:

- Posso te pedir um conselho?

De imediato Paulo para o que estava fazendo e

indica a cadeira, após acomodar-se Paulo

pergunta:

- Sobre o que Edu?

Page 36: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Você acha que eu tenho alguma chance de

conseguir convidar Elissah para sair?

De súbito, Paulo sentiu um pequeno desconforto

sem motivo aparente, então prosseguiu:

- Difícil, você já tentou?

- Não, quis vir falar com você primeiro, já que

conhece ela a muito tempo, achei que podei me

dizer do que ela detesta pra eu não fazer feio.

- Ela gosta de coisas simples e naturais, nada de

presentinhos caros ou lugares muito sofisticados,

e se você a fizer rir de verdade, já é oitenta por

cento do caminho completado.

- Parece bem simples, obrigado chefe.

Quando Edu sai da sala, Paulo solta um suspiro

pesado, baixou a cabeça e encostou a testa na

quina da mesa e ficou olhando para o chão, "

Talvez seja bom para ela" após pensar dessa

maneira, sentiu algo despedaçar dentro de seu

íntimo.

...

Após bater o ponto no jornal, Edu foi até a livraria

procurar Elissah, mais quando se aproximara nã

Page 37: Confie em mim ou o guardião de memórias

vira o fiat branco, então resolveu ir para casa e

ligar para ela, estava tão ansioso e eufórico que

nem entrou para falar com Daiana que o viu se

aproximando, ela sentia algo muito forte por ele,

mais talvez a diferença de idade entre eles fosse

um empecilho em uma possível relação, ele tem

trinta e quatro e ela tem quarenta e oito mais nem

de longe aparentava ter essa idade, era linda

dona de longos cabelos castanhos, expressivos

olhos castanhos, pele morena e possuía uma

pinta no canto esquerdo da boca, era

extremamente sexy e atraente e vivia namorando,

mais desde que Edu chegara a cidade ela tentava

seduzi-lo, mais ele ficava cego de amores por

Elissah e por isso ela fazia a pressão psicológica

na amiga para ela ficar com Paulo.

*

Elissah chegara em casa e foi recebida por

Rexie, ela sentou-se na poltrona que ficava em

um canto da varanda onde costumava ficar com

seu marido enquanto Ally dormia, e agora fazia

as mesmas coisas, só que com Rexie, é uma

relação engraçada, ele age as vezes como se

fossem casados, ele dorme com ela, ele a

desperta quando ela quase se atrasa, leva a

Page 38: Confie em mim ou o guardião de memórias

roupa para ela caso ela esqueça, ele é um

cachorro muito esperto, muitas pessoas

perguntaram como ela treinou ele para fazer tudo

isso, e o mais engraçado é que ela nunca

ensinou ele a nada, nem a sentar e por essas e

outras ela o considerava seu melhor amigo.

Depois de Paulo.

Rexie se levanta subitamente e sai pelo quintal,

obviamente precisava fazer suas necessidades

fisiológicas, Elissah aproveitou para ver os

recados na secretária eletrônica e pegar um

pouco de café, quando ela ligou havia uma única

mensagem do Edu e não fazia muito tempo que

estava ali, ela pegou o café e foi retornar a

ligação:

- Edu?

- Oi Elissah, tudo bem.

- Sim, e você?

- Também, tá ocupada?

- Não, só estou um pouco cansada.

- Entendo. Queria saber se você não quer ir

jantar comigo.

Page 39: Confie em mim ou o guardião de memórias

Ela se surpreendeu com o pedido, sabia

exatamente dos sentimentos do Edu e não queria

dar falsas esperanças, mais iria dar a ela uma

chance, por dois motivos simples, primeiro ela

queria sair da sua rotina triangular de trabalho,

amigos e Rexie, e segundo queria afastar a ideia

de estar se apaixonando por seu melhor amigo,

não que considerasse Paulo um homem ruim,

mais ela tinha muito medo de danificar uma

amizade tão bela E frágil com uma coisa dessas:

- Claro, pode ser divertido.

- Sério? Posso pega-la as oito?

- Sim.

- Obrigado.

Ao consultar o relógio viu que tinha tempo para

se arrumar, quando se virou encontrou Rexie a

encarando, ele parecia estar muito sério, podia

claramente que ele não era a favor, mais tinha

que ignora-lo dessa vez.

*

Paulo, Rodrigo, Layla e Daiana estavam no

barzinho de sempre, e ao contrário de seus

Page 40: Confie em mim ou o guardião de memórias

amigos, ele estava absorto em seus

pensamentos, era só ele e o uísque, mais sempre

tinha boas piadas quando alguém o interpelava,

eles sabiam que ele estava meio pra baixo por

causa da ausência de Elissah que estava em um

encontro com Edu.

E esse clima desconfortável na áurea de Paulo

seguiu por semanas, nos quatro encontros que

ela teve com Edu, isso fez ele se afundar em

inúmeras pesquisas de campo sobre assuntos

que ele só comentava com Edu e com o detetive

chefe Rafael que era seu amigo a anos também,,

e Elissah sentiu isso, e quando sentiu isso soube

que ele a amava para além da amizade e então

seu encanto por Edu se quebrou, na verdade,

nem Edu estava lidando bem com aquilo.

No último encontro deles eles foram caminhar

um pouco na praia, foi quando Edu pergunta:

- Posso fazer duas perguntas?

- Já fez uma. Disse Elissah sorrindo.

- Por isso pedi duas, o encanto da gente acabou

quando?

- Acho que semana passada.

Page 41: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Você é como irmã pra mim, sabe disso.

- Eu não queria magoar você, além do mais você

estava indo bem.

- Eu notei. Disse levantando a sobrancelha

esquerda - Mais não é por mim que seu coração

vai bater.

Os dois pararam e se olharam, ela o beijou

apaixonadamente antes de dizer:

- Obrigada querido.

Naquela noite Eduardo a levara para casa,

enquanto voltava sorridente vira um veloster azul

estacionando ali á um tempo " Queria ter um

carro desse" e saiu feliz da vida.

*

No dia seguinte as coisas estavam calmas na

livraria, só haviam três clientes que rondavam os

setores de romance e terror, Elissah estava de pé

encostada na porta de seu escritório, seu olhar

vazio denunciava a saudade que sentia de seu

amigo que não via a cinco dias, e observando

esse estado de Elissah, Daiana começa a agir

sem pensar:

Page 42: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Está pensando nele?

Foi como se ela tivesse recebido um choque de

Realidade, ela se aproxima do caixa

perguntando:

- Desculpe, não ouvi, o que você disse?

- Perguntei se você estava pensando nele!

- Nele quem?

- No Edu.

- No Edu, a não, não, não, não, não, não, não,

não, não, não.

- Sério? Disse Edu atravessando sorridente a

porta da livraria - Dez nãos?

- Era brincadeira. Disse ela o abraçando e

perguntando - O que o traz aqui?

- Precisamos conversar.

...

Os dois caminhavam em direção ao jornal, e Edu

falava sobre o carro que vira na noite que a

deixara em casa e de que aquele carro voltava

sempre e ficava estacionado em frente a casa

Page 43: Confie em mim ou o guardião de memórias

dela, sendo que ninguém nessa cidade tem um

veloster, feliz pela preocupação dele ela diz:

- Você e Paulo moram perto, qualquer coisa eu

ligo pra vocês.

- Eu sei que ligará, a propósito, quem é aquele

moço tomando café solitário ali na mesa daquele

café que parece ser o favorito de vocês?

Quando ela viu Paulo e percebeu que além de vir

alerta-la Edu a trouxera para Paulo ela o beija no

rosto dizendo:

- Obrigado meu querido.

Logo, Edu sai de cena e ela se aproxima de

Paulo dizendo:

- Posso me sentar?

Ao ver quem era, ele se levantou em silêncio ea

abraçou sem dizer um palavra ela continuou, e

todo aquele silêncio dele era como um grito que

ela não faria, com um rugido suprimido, as

palavras que ele engole a anos, que não tem

coragem de falar, após alguns minutos ele a solta

e ela pergunta segurando a mão dele:

- Tá tudo bem?

Page 44: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Acho que sim.

Ambos pediram um café daí eles começam a

conversar, e aquela conversa tangenciou

diversos aspectos da vida deles como, ele falava

para ele da importância de amar alguém e que

ela devia se abrir mais a um novo amor, desde a

a morte de Everton ela simplesmente abandonou

a ideia de desejar outro alguém, pode até parecer

bobeira para os não românticos, mais ela sentia

que de alguma forma pudesse estar traindo

Everton, mais acredito que qualquer pessoa que

tenha amado com ela amou e perdido a família

de maneira tão brusca quanto não teria tanto

ânimo para amar de novo, e Paulo se odiava por

entender isso as vezes, e de súbito Elissah fala

algo totalmente desconexo com a situação que

era um reflexo de seu desespero:

- Paulo, todos nossos amigos se referiam a você

como O guardião de memórias e sempre tem

bons conselhos que as vezes se tornam

infalíveis, mas não seria possível saber tanto a

menos que vivesse muito, como você pode ter

tamanha sabedoria?

Page 45: Confie em mim ou o guardião de memórias

As palavras condescendentes dela o feriram, e

prosseguiu sem demonstrar:

- Sua irmã Fernanda me conheceu seis anos

antes de sua morte, era um momento muito ruim

pelo qual ela passava e...

Os olhos dele se encheram de água, as palavras

saíram como um sussurro, Elissah percebeu que

teve uma péssima ideia e disse deitando suas

mãos nas dele:

- Desculpe, não precisa contar se não quiser...

Mas ele ignorou o pedido e prosseguiu:

- Ela me confidenciou todas as suas angústias,

projetos e sonhos, ela me visitava todos os dias e

ficamos assim por três anos, eu gostava de

receber a visita dela e ela gostava de me visitar

também, mais um dia, eu estava arrumando as

minhas coisas quando ela invadiu minha casa,

chovia fracamente, e ela estava descabelada,

aflita e muito mais linda do que eu me lembrava,

eu quase perguntei o por que, mais ela correu

para mim e me abraçou com toda força que

restava dela após uma possível corrida até aqui,

uma vez que não ouvi o barulho do carro, sentia

Page 46: Confie em mim ou o guardião de memórias

as pernas dela bambearem no mesmo ritmo que

as minhas, senti seu coração bater mais forte

junto ao meu, a respiração ofegante na minha

pele me deu a resposta da pergunta que eu ia

fazer:

- O que você quer Fernanda? O nome dela saiu

da minha boca quase como um gemido, e

languidamente ela disse:

- Você.. E me beijou com todo calor e toda a

força que havia nela, em um momento de

sanidade eu pensei em me afastar, mais quando

quase o fiz eu me senti um nada, eu precisava

dela e foi aí que se esvaiu a última gota de

sanidade que me restava, minhas mãos

deslizaram a silhueta dela, os lábios macios se

moviam junto aos meus como se fossem um só,

desviei por brevíssimos instantes para beijar seu

pescoço, os gemidos finos me fizeram crer que

estava no cainho certo, e quando regressei pelo

mesmo caminho e encontrei os lábios dela ela

sorrira lindamente, suguei toda a dor dela e a

gravei em mim para jamais esquecer a urgência,

quando terminamos continuamos abraçados na

sala, ela pousou docemente a cabeça em meu

peito, seus abraços ainda adornavam minha nuca

Page 47: Confie em mim ou o guardião de memórias

e os meus adornavam a cintura, e as palavras

saíram da boca dela como um convite dourado

para algo maior:

- Incrível.

E eu respondi me afastando devagar:

- Este momento foi mágico sem dúvida.

Enquanto falava eu trancava as portas e as

janelas - Mas o próximo, esse sim será incrível! E

a beijei uma vez mais antes de leva-la ao quarto.

Depois disso namoramos por três anos até o

falecimento, mantivemos tudo em segredo e

assim mantive, todos nós temos motivos para ser

o que somos e tudo que nós somos existe um

motivo, guardei memórias por ela!

Quando Paulo se virou para Elissah notou que

os olhos dela estavam cheios de lágrimas, ele

pensou em dizer algo, mais acabou dizendo

nada, por fim ela o abraçou carinhosamente e

disse:

- Obrigado por ter me contado meu guardião!

Mas todo o clima foi cortado pelos latidos

sucessivos de ambos os mascotes, mas quem

vinha eram seus amigos, Rodrigo, Layla, Edu e

Page 48: Confie em mim ou o guardião de memórias

Daiana, Paulo e Elissah se entreolharam, para

quem será que eles estavam latindo?

Page 49: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 5

Os dois se ajeitaram no banco se refazendo

depois de todo aquele momento delicado de

revelações que Paulo fizera, recompuseram - se

muito rápido pois não queriam seus amigos se

preocupando demais com eles, Paulo foi o

primeiro a se levantar para falar com os amigos

enquanto Elissah limpava rapidamente a

maquiagem borrada enquanto olhava seu reflexo

no celular e logo em seguida levantou para

cumprimenta-los, os dois cachorros mantinham

uma postura alerta na direção de Layla, Edu e

Daiana, Elissah ficou a observa-los enquanto

Paulo tentava disfarçar seu estado observador

perguntando:

- O que estão fazendo por aqui todos juntos?

- Estava na esperança que você lembrasse, isso

só prova que esqueci de te avisar que o novo

restaurante ficou pronto antes do prazo e nossas

reservas foram adiantadas.

Elissah e Edu olharam pro celular quase que ao

mesmo tempo e ao ver a mensagem Edu diz:

- Esqueci de avisar a vocês disso.

Page 50: Confie em mim ou o guardião de memórias

Paulo olhou para Elissah que entendeu o recado

e virando-se para o irmão disse:

- Que tal vocês irem indo? Eu e Elissah vamos

mais tarde.

A expressão de Paulo refletia algo que Layla

entendeu como se fosse algo inquestionável,

como uma... não lembrava da palavra, e em

resposta Rodrigo apenas assentiu.

Durante o trajeto até acidade vizinha, Layla tinha

uma terrível sensação de que algo ruim ia

acontecer.

*

Elissah voltava para casa com Rexie que estava

com a cabeça pra fora do carro pelo teto solar (

Ele era bem grande ) ainda remoía tudo que seu

amigo dissera, não que duvidasse da verdade,

mais é que era real demais, e isso a deixara mais

confusa do que no inicio, quantos segredos mais

teria soterrado dentro de Paulo? E foi assim,

coma cabeça nas nuvens chegara em fim a sua

casa, e ainda estava sendo bombardeada de

cogitações já que Paulo assumira um novo lugar

na sua vida.

Page 51: Confie em mim ou o guardião de memórias

Ela jogou o casaco em algum lugar da casa e foi

se despindo até chegar ao quarto, foi direto para

o banheiro tomar uma ducha, e enquanto trocava

de roupa ela se deparou olhando para o celular

em cima da cama, Rexie surgiu no quarto e

saltou os olhos dela para o celular e balançou a

cabeça em direção a cama como quem diz:

- Liga pra ele!

...

Depois de passar no jornal e despedir seus

funcionários e liberando Edu para o jantar Paulo

seguiu para a cafeteria buscar o café de sempre

para viagem e foi para casa com a cabeça ainda

na conversa que teve com Elissah, agora sabia

por que as pessoas procuravam tanto por ele

para serem ouvidas e tendo a certeza de que

seus segredos estavam bem guardados, era uma

sensação reconfortante, quando estacionou seu

carro em baixo do Ypê de sua casa cujas

florezinhas tingiram o asfalto a sua mente

direcionou em ir para casa e seguir direto para o

chuveiro tomar uma ducha, fazer um café e se

encolher no sofá para ler um bom livro, há muitos

anos ele aprendeu que nunca é uma boa ideia

Page 52: Confie em mim ou o guardião de memórias

remoer o passado, mas queria entender o por

que do desgaste de revelar aquelas coisas para

Elissah, e provavelmente ligaria pra Rodrigo para

avisa - lo de que não iria ir ao jantar.

Quando finalmente chegara dentro de casa, foi

direto para o telefone e foi quando notou uma

mensagem na secretaria eletrônica, era de

Elissah! Ela estava pedindo para ele encontra-la

na casa dela, foi como uma bomba de alegria que

explodiu todos os seus planos cômodos de

passar a noite, correu para tomar banho e se

trocar, estava agindo como um jovem, mas não

ligava, e em meia hora estava dirigindo rumo a

casa de Elissah, durante o trajeto ele abriu os

vidros do carro para sentir aquela brisa fria

envolver seu corpo e diminuir o calor que as

batidas desenfreadas de seu coração causaram,

mesmo feliz com convite ainda não fazia a menor

idéia do motivo que levara ela a chama - lo.

*

Sentada na cadeira perto da entrada da varanda

de sua casa, Elissah aguardava o amigo sem

saber o que dizer depois do " Oi " Nunca se

sentira tão nervosa para falar com ele do que

Page 53: Confie em mim ou o guardião de memórias

agora, pensou em chamar Rexie para lhe fazer

companhia mas lembrou que ele havia saída,

provavelmente para se encontrar com Lexie,

também era notável que se vestira com certo

capricho para receber o amigo, usava um tomara

que caia branco e sua velha calça jeans

desbotada, um pequena parte do corpo dela,

talvez uma das mais provocativas nas mulheres

em geral estava levemente exposta por causa da

blusa, e os longos cabelos loiros emoldurada o

semblante de sua beleza, mas em seus olhos não

haviam palavras para definir o quão brilhava seu

olhar.

Não demorou muito para ela avistar o carro de

Paulo vindo com os vidros abertos, ela sentiu o

coração bater mais forte como à muito não batia

e ajeitou os cabelos num gesto de nervosismo,

Paulo descera do carro e ao mirar Elissah pensou

" Meu fôlego deve ter ficado em casa, não estou

achando ele!" Ela estava linda, mas novamente

não dava para descrever o brilho em comum dos

olhos daqueles dois, e ainda parado na frente do

carro ele diz sorrindo:

- Oi! E ela respondeu ainda mais sorridente num

curto aceno:

Page 54: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Oi!

Ele mal subiu dois degraus da escada e ela já

desceu para abraça - lo, ele beijou lhe a testa e

ela aumentou a intensidade do Abraço

devolvendo o calor do beijo. . Mesmo já sabendo

a resposta, Paulo se viu tentado a perguntar:

- Por que me chamou querida?

Ela sorriu de modo que a muito não sorria e

respondeu ainda colada ao corpo do amigo:

- Adivinha querido. E assim ela o beijou

suavemente, ele não sabia o que era um beijo a

mais de quatro anos, ele aos poucos a envolveu

com os braços e correspondeu melhor ao beijo,

apesar de que lhe faltava um pouco de prática, ao

terminarem os dois se dirigem para a casa, lá,

eles decidem primeiro ir devagar com tudo, por

hoje iriam assistir um filme e comer pipoca, beber

umas cervejas e conversar sobre a vida, sobre

eles, sobre tudo, teriam a noite toda para

conversar e se amar, e estavam adorando aquilo.

*

O restaurante era sofisticado e muito bem

diversificado e lá estava cheio de tipos, havia

Page 55: Confie em mim ou o guardião de memórias

mesas reservadas a idosos com isolamento

acústico para que seus nervos não se

exaltassem, havia também um espaço destinado

aos fumantes que ficava quase no fundo do

restaurante, e apesar da faixa etária do grupo ser

entre trinta e quatro e quarenta anos estavam na

ala mais jovial do restaurante escutando um rock

suave de uma banda local, a atmosfera estava

extremamente agradável o que era um

contraposto com o clima que reinava entre

aqueles amigos, estavam estranhamente tensos

e fora de sintonia, lá uma vez ou outra Rodrigo e

Layla lançavam algumas piadas que arrancavam

risos rápidos, mas Daiana nem ligava pois a

única pergunta que ecoava na cabeça dela era

onde estaria Edu.

Ele havia pedido licença dizendo que tinha ido ao

banheiro e já fazia duas horas que ele não

voltara, não seria possível urinar por tanto tempo,

será que ele tinha bexiga solta?

Daiana estava linda naquela vestido lilás justo e

belamente decotado que lhe valorizava as

sinuosas e contornadas curvas de seu corpo,

além de ter se maquiado com muito capricho e

para coroar sua beleza lá estava seu charme

Page 56: Confie em mim ou o guardião de memórias

natural com aquela pinta que ficava no canto

esquerdo da boca, o motivo de tamanho capricho

era para impressionar Edu, ela o amava muito

mas não havia sido correspondida e isso a levava

a culpar os doze anos de diferença que havia

entre os dois.

Layla pedira a Rodrigo que rondasse o

restaurante para ver onde Edu estava, e assim

ele procurou em todos os lugares possíveis e em

todas as alas e nada, mas havia algo que fazia

um tour pela mente de Rodrigo, fora as

observações de Edu sobre as estranhas

movimentações na casa de Elissah, e agora

temia que Edu não estivesse preparado para lidar

com aquela situação e também temia pela

segurança deles.

Page 57: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 6

Titanic realmente era um filme muito

emocionante, talvez um dos melhores filmes já

feitos, e fora esse que em comum acordo os dois

escolheram para assistir. Quando o filme chegara

ao fim Elissah comenta:

- Paulo, você que é um cara esperto á de

concordar comigo que tinha espaço para o Jack

também né?

Mas Paulo não respondeu, ao levantar o rosto

para vê-lo notou que ele estava chorando, ela

conteve o riso e disse:

- Você não disse que já tinham visto o filme

dezessete vezes?

- Sim. Disse ele enxugando os olhos - Mas não

disse que não havia chorando em ambas as

vezes.

- Que lindinho! Disse ela apertando as

bochechas dele que estavam vermelhas de

vergonha.

Page 58: Confie em mim ou o guardião de memórias

Os dois se levantaram e ela pediu que ele

buscasse mais duas cervejas, e Paulo foi

despreocupado, por sorte eram as duas últimas

que tinham na geladeira, quando chegou lá

Elissah estava de pé com os braços abertos,

Paulo chegou mais perto e disse entregando-lhe

a cerveja:

- O que foi moça?

- Estou imaginando o que a Rose sentiu quando

abriu os braços na ponta do navio.

- Ora, se vai fazer isso faça direito.

Paulo tirou o celular do bolso e depois de mexer

um pouco colocou a música " Titanic" para tocar,

Elissah abriu um sorriso lindo e tentou contê-lo

levando as mãos a boca, então ele diz pegando

acerveja dela:

- Agora abra os braços e feche os olhos.

Ela obedeceu e estava estranhamente nervosa,

foi quando sentiu levemente o vento no seu rosto,

abriu levemente os olhos para constatar o que já

sabia, ele havia ligado o ventilador, adorava a

ideia que Paulo estava montando, foi então que

sentiu um súbito calor, sentia seus cabelos ao

Page 59: Confie em mim ou o guardião de memórias

vento colidirem em algo, e logo sentiu o fogo em

sua pele, a barba de dele roçou seu pescoço

arrepiando os pelinhos da sua nuca, as mãos

dele deslizaram sobre sua barriga e aos poucos o

corpo dele se transformara em sua pele, ele

beijou-a o rosto e simplesmente desfaleceu nele,

baixou os braços e segurou os dele com força,

sentira levemente o peso do corpo dele no seu, e

soltou um suspiro de alivio, e foi nesse momento

de vulnerabilidade dos dois que se beijaram, fora

um beijo longo, demorado, úmido, urgente e

talvez o mais belo de todo o mundo e que o

mundo todo não irá ver, e quando terminou o

beijo ela diz enquanto ela ainda estava colado no

pescoço dela:

- Paulo...

O nome dele soou como suspiro, ele virou-a para

si e a tomou nos braços e sem afastar-se dos

lábios dela ele a levou ao quarto. .

...

Algumas horas depois, tanto Paulo quanto

Elissah já estavam acordados, ela estava deitada

literalmente em cima dele, como se tivessem

dormido abraçados, a única coisa que cobria os

Page 60: Confie em mim ou o guardião de memórias

dois era os grandes cobertores brancos, suas

respirações ainda ofegavam, afinal sexo é

cansativo e prazeroso na mesma medida. Os

olhos de Paulo percorreram atenciosamente todo

o corpo de Elissah que ao chegar mais perto dele

perguntou:

- O que foi?

- Peitos! Disse ele tocando-a, ela sorriu meio

ruborizada e disse em uma frustrada tentativa de

censura:

- Não faça isso.

- Por que não? Disse ele rindo enquanto ela

subia um pouco mais para o travesseiro - A gente

tá pelado na mesma cama, pode me falar o que

quiser!

- Verdade! Disse ela rindo.

- E se caso você falar muito te faço perder a voz!

Disse ele levando as mãos a cabeça, ela,

preocupada perguntou:

- Tá passando mal?

Page 61: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Não, agora que falei nisso lembrei das tuas

unhas na minha cabeça, da onde saiu tanta

força?

- Quer que eu diga mesmo? Você também não

falou muito na minha vez.

- Sua genialidade me excita... digo, me fascina.

Mas o momento de aconchego do casal foi

silenciado por um barulho vindo da cozinha, o

pior era que as luzes do térreo da casa estavam

apagadas, antes, os dois foram até o banheiro

para se trocarem e logo em seguida se dirigiram

cautelosamente para a escada, o ultimo lugar

com iluminação, a missão era simples em teoria

que era achar o interruptor e liga-lo, quando

Paulo põe os pés na sala escura percebe uma

movimentação nas sombras do canto da sala, no

mesmo instante que ele avançou para ver o que

era ela se aventurou em correr em direção ao

interruptor, quando ele chegou no canto da sala

pode ver que se enganou e agora com os olhos

mais acostumados a escuridão notou que algo se

movimentava para cima de Elissah, Paulo corre

na direção do agressor e salta para cima dele

desferindo socos até ouvir um " unf! ", Devido ao

Page 62: Confie em mim ou o guardião de memórias

susto Elissah correu para as escadas no único

ponto com luz e tentou ligar para a polícia porém

a pessoa já havia se desvencilhado de Paulo e

partia pra cima dela, ela tentou correr mas ele a

derrubou e se posicionou em cima dela e antes

que ela tivesse a chance de esboçar qualquer

tipo de reação ele enterrou as duas mãos no

magro pescoço dela, sufocando-a aos poucos,

ela tenta gritar e se debater por causa do pânico

e na tentativa de se livrar do peso de seu

agressor ela acaba golpeando-o no rosto, que

devolve o golpe com o dobro da força, ela já

estava perdendo a consciência, sua visão

enturvecida já estava tornando tons escurecidos

e todos os golpes que tentava desferir não

surtiam mais efeito, foi quando ouviu fortes latidos

vindos ao fundo e pode contemplar com fôlego a

cena do grande corpo peludo derrubando seu

agressor! Rexie! Paulo recobrara a consciência

bem a tempo de ver Rexie derrubando o

criminoso e Lexie chegando logo em seguida, a

cadela enrolou a cauda macia no pescoço dela

que tinha pouco consciência, a dor quase

consumia sua carne mas achou forças para se

levantar, estava destruído, mas uma última

injeção de ânimo se deu quando notou que o

Page 63: Confie em mim ou o guardião de memórias

agressor abateu Rexie e seguiu para Elissah,

Paulo tirou o chinelo e acertou a mão do bandido

e num esforço sobre humano ele o agarrou pela

blusa e o arremessou no canto e partiu para um

ataque de desmedida tenacidade e selvageria, só

que fora um erro que ele se arrependerá

amargamente, notou que o assassino estava

novamente armado e no instinto de salvar sua

amiga, ele impossibilita o assassino de usar o

artefato apesar de não parecer que ele dispararia

mas com Paulo em cima dele ele jogou Paulo

para o lado e disparou uma vez, Paulo ficou

imóvel no chão, ele levantou-se e quando mirou

Elissah ela estava arremessando um abajur em

seu rosto, mas o golpe pega de raspão e o

agressor acerta o rosto dela, Paulo se levanta e é

novamente alvejado e torna a cair e o assassino

volta sua atenção para Elissah que recebe dois

socos no rosto antes de cair no chão, e quando o

homem finalmente aponta a arma Lexie surge

derrubando-o a arma fica a poucos metros do

homem que não tem a oportunidade de pegar

pois Paulo surge vivido e sanguinário mas ainda

estava lento e acabou dando tempo para o

agressor pegar a arma, Elissah ouviu dois tiros e

Paulo cair, com todos seus defensores caídos ela

Page 64: Confie em mim ou o guardião de memórias

ficou literalmente nas mãos do assassino e

quando estava quase perdendo a consciência

ouviu as sirenes, mas um último golpe apagou

tudo.

*

Como estava muito tarde, Rodrigo e seus amigos

passaram a noite em um hotel da cidade, alheio a

todos os eventos que haviam ocorrido na noite

anterior, Edu ligara avisando que havia voltado a

Riverton mas não entrou em detalhes,

preocupados demais eles ligaram para Elissah

mas ela não atendeu, ligaram para o telefone

residencial da casa dela e nada, ligaram para o

residencial da casa de Paulo e do jornal e

também não deu em nada, mas a preocupação

só ganhou forma e nervo foi quando Paulo não

atendeu o celular e ele nunca deixava de atender

o celular por muito motivos, foi nesse momento

que todos recolheram suas coisas e se

apressaram em voltar para Riverton. Dessa vez

Layla é quem dirigia pois Rodrigo estava nervoso

demais para pegar no volante, nesse momento o

telefone toca e ele o atende o mais rápido

possível, e era Edu na linha:

Page 65: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Rodrigo, você está sentado?

- Sim, por que?

- Ontem a noite atacaram Elissah na casa dela.

- Santo Deus, ela está bem?

- Ela, Lexie e Rexie estão escoriados mas bem,

Paulo acabou salvando os três.

- E como ele está?

Uma longa pausa na fala de Edu levou Rodrigo

ao extrema da ansiedade:

- Fala!

- Paulo levou quatro tiros e está internado e em

estado gravíssimo, Elissah se recusa a sair do

hospital.

- Estamos chegando.

Todo o desespero de Rodrigo cedeu lugar a uma

frieza quase mortal, precisava ser assim, como

advogado iria acompanhar as investigações e

como irmão precisava se manter firme.

Page 66: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 7

Apesar de toda aquela movimentação logo de

manhã na recepção do hospital municipal, uma

jovem ainda estava encolhida no banco a espera

de notícias do companheiro, seus pés estavam

em cima do banco e o queixo estava apoiado

joelho e seus braços envolviam suas pernas,

além de seus olhos incrivelmente azuis estavam

mais perdidos do que costumavam ficar, era

perceptível a áurea de abandono que se instalara

nela, o medo e a dor faziam um eco violento em

sua mente que já imaginava o pior e a todo o

momento tentava afastar essa sensação.

*

Rodrigo fora até a delegacia com Edu para se

colocar por dentro do andamento das

investigações, Layla e Daiana foram ao hospital

levar comida para Elissah e ficar por lá mesmo,

por fora, Rodrigo, Edu, Layla e Daiana

mostravam-se irredutíveis e muito seguros de si,

mas por dentro eram consumidos pela angústia,

mas precisavam ajudar seus amigos e fariam o

possível para encontrar o responsável e fazê-lo

pagar.

Page 67: Confie em mim ou o guardião de memórias

Quando os dois chegaram na delegacia os dois

se dirigiram apressadamente até a recepção e

Edu é quem pergunta:

- Bom dia! Disse a recepcionista amavelmente -

Como posso ajuda-los?

- Bom dia senhorita, queremos falar com o

responsável do caso da tentativa de homicídio a

casa de Paulo.

- Oh sim, o detetive Rafael os aguardava, é o

segundo andar sala sete.

- Obrigado.

Quando virou-se notou que Rodrigo andava em

direção ao elevador com ímpeto e um desespero

levemente velado, Edu dá uma pequena corrida

para alcança-lo, segurou no braço dele e disse:

- Fica calmo.

- Isso nunca havia ocorrido antes, como quer que

eu reaja?

- Com precisão ok? Vamos.

*

Page 68: Confie em mim ou o guardião de memórias

Layla pedira a Daiana que fosse até a padaria e

trouxesse sucos e sanduíches para Elissah

enquanto ela ia para o hospital, quando chegou lá

a única pessoa que estava na recepção estava

encolhida no banco, descabelada, enfaixada, com

o belo olho com um tom violeta em volta dele e o

mesmo tom se repetia no canto da boca e no

pescoço, ela estava exausta e já consumida pela

angústia, quando ela se virou e notou a presença

de Layla ela se levantou com uma força

desesperada que só lhe deu a oportunidade de

correr e abraçar a amiga que nada disse a

primeira instância, lutava para não ter pena dela

de tão triste que era o momento, depois de um

tempo Layla diz:

- Vamos nos sentar. E assim ajudou a amiga a

chegar na cadeira, nesse momento Daiana chega

com a comida, ela se senta ao lado de Elissah

que também a abraça sem dizer uma palavra,

Layla retira um lenço do bolso e seca o rímel

borrado de Daiana para Elissah não notar que

eles estavam chorando, e ainda junto de Elissah,

Daiana disse:

- Trouxe comida pra você.

Page 69: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Tô sem fome. Disse ela soltando Daiana e

tornando a abraçar suas pernas, mas Layla

interveio com um ar quase materno:

- Filha, come um pouco, o Paulo vai ficar bem e

vai precisar de você com saúde, até por que ela

vai ficar bem.

Nesse momento o doutor surge dizendo:

- Tenho boas notícias, conseguimos extrair as

balas e á uma grande chance de poderem falar

com ele em breve!

- Glória a Deus! Disse Elissah relaxando

assustadoramente na cadeira, sorrindo com uma

leve preocupação, então Layla pergunta:

- Melhor comer né?

- Verdade. Disse ela sorrindo.

*

Edu, Rafael e Rodrigo conversavam sobre as

circunstâncias que envolviam a estranha

movimentação na rua da casa de Elissah

semanas atrás, Edu narrava tudo que podia

lembrar sobre os últimos dias, claro que um

depoimento de Elissah ajudaria muito e de Paulo

Page 70: Confie em mim ou o guardião de memórias

seria como a ordem de onde deveriam ir já que

possivelmente ele deve ter visto algo já que viu

agressor de tão perto. Minutos depois Rafael

pega suas coisas e os três seguem para seus

carros irem para a cena de crime ou para o

hospital dependendo das circunstâncias, durante

o trajeto eles conversavam sobre a postura de

Paulo em relação as movimentações, pode ser

que ele tenha percebido antes mas que esperava

ter certeza, Rafael anotava mentalmente cada

palavra e pensava " Paulo é um cara muito

certinho para alguém querer mata-lo "

Rafael conhecia bem os dois lados do ser

humano, quando serviu no exército viu o pior lado

de uns homens e o melhor lado de um deles, foi e

ainda é seu amigo por anos, quando seu amigo

se tornou capitão ele alavancou a carreira de

Rafael que ainda não conseguiu agradecer a

altura.

Enquanto os dois conversavam, Rodrigo se

mostrava fortemente alheio as especulações

pensava no estado do irmão e na possibilidade

de perdê-lo e em reflexo de seu medo deixava a

culpa recair sobre si, culpava-se por não ter

insistido mais para ele ter ido ao jantar, por não

Page 71: Confie em mim ou o guardião de memórias

ter ligado, mas entendia que Paulo já tinha trinta

e quatro anos e não era nem de longe um cara

ingênuo, mas não pode permanecer nesse seu

estado contemplativo pois Edu o desperta

dizendo:

- Chegamos.

Preferiram ir primeiro a cena do crime, Rodrigo

acompanhou os dois com certa relutância, não

que não tivesse estômago para ver uma cena

cheia de sangue, mas sim por saber que todo o

sangue que ele encontrara é de seu irmão, ao vê-

los, os policiais se apressavam em levantar a fita

e cumprimenta-los, e quando entraram na casa

observaram-na totalmente revirada, mas a cena

isolada no canto da casa bem abaixo da janela

era a que mais revoltava Rodrigo, vira a poça de

sangue quase seco e imaginava o corpo do irmão

ali, o ódio percorreu sua espinha, queria saber

quem havia feito aquilo, e não ia descansar até

descobrir.

Page 72: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 8

Nos dias que se seguiram, era quase uma busca

frenética mas era como se o suspeito nem

existisse, e nesses cinco dias Rodrigo não ligara

para Layla, não por que não se importava mas

sim por que estava sem tempo, mas hoje Layla

ligara para ele:

- Querido?

- Ah, oi meu amor, ta tudo bem?

- Sim, e com você?

- Tô ótimo, e como estão os dois?

- Ela tá legal, mas Paulo ainda não acordou do

pós operatório.

- Me mantenha informado.

- Claro, eu te amo.

- Também a amo querida.

Ao desligar o celular, Layla resolve ir até o quarto

ver como Paulo estava, quando se aproximou da

porta encontrou Elissah dormindo na poltrona ao

lado com a cabeça encostada no peito de Paulo e

segurando suas mãos, ela não saíra do hospital

Page 73: Confie em mim ou o guardião de memórias

desde o ocorrido, Layla então resolveu não se

meter ali, ainda lembrava da conversa que teve

com ela ontem, ela estava se culpando, mas

Layla resolveu não dizer nada por enquanto,

Paulo prometera que cuidaria de Elissah a

Everton, e levara muito a sério essa promessa.

...

Em fim Paulo despertou, mas sua visão

continuava escurecida r sua cabeça ainda girava,

ainda sentia as feridas dos tiros queimando, sua

respiração estava ofegante, tentou gritar para

chamar alguém mas de sua boca só saía

gemidos, começou a tentar se mexer mas não

obteve êxito pois seu corpo doía

insuportavelmente, foi então que ouviu a porta se

abrir mas não enxergava, quis perguntar quem

era mas as palavras não saiam, seu desespero

começou quando sentiu a mão enluvada pousar

vagarosamente em sua garganta e podia sentir o

polegar massageando levemente a região da

traqueia em movimentos circulares e esses

movimentos cessaram e o polegar começou a se

afundar nela como se fosse areia movediça,

Paulo tentou abrir a boca para puxar ar mas seu

agressor usou a outra mão para comprimi-la, sua

Page 74: Confie em mim ou o guardião de memórias

adrenalina subiu e seu coração estava batendo

muito mais rápido, a vida começou a se esvair

desenfreadamente, foi quando uma voz familiar

soou:

- Paulo, você está acordado?

Era Elissah! De súbito, toda aquela cena tornou-

se um borrão em sua mente.

Pela " segunda vez " Paulo desperta, mas em

divergência da " primeira " ele estava

enxergando, movia-se normalmente mas a

cabeça ainda doía por causa da medicação,

percorreu os olhos por um lado do quarto e

depois em outro lado até sua visão deter-se na

que talvez fosse a melhor coisa que ele poderia

ver, ela estava linda, maravilhosa, descabelada,

tão atraente quanto ele se lembrava, e seus olhos

denunciavam as lágrimas e a ausência de sono.

Elissah sentou-se ao seu lado e o presenteou

com um sorriso tão lindo que era difícil encontrar

outro semelhante, Paulo ergueu o braço e

gentilmente afastou os cabelos dela que

teimavam a cair pelo rosto e disse suspirando:

- Ah querida.

Page 75: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Oi querido.

- Você tá bem? Elissah quase riu, ele fora

baleado e mesmo assim se preocupava com o

bem estar dela, ela respondeu com uma voz

doce:

- Sim, obrigada por me salvar.

- Eu fiz uma promessa lembra?

Nesse momento ela recebe uma mensagem de

texto de Daiana informando que Rexie e Lexie

estão bem, ele soltou um suspiro de alivio e

percebendo isso ele perguntou:

- O que foi?

- Rexie e Lexie foram baleados e Daiana acabou

de mandar uma mensagem dizendo que eles

estão melhores agora.

- Que bom! Disse Paulo deixando a cabeça

pesar no travesseiro, Elissah continuava a fita-lo

e ficaram se olhando por um longo tempo como

se a simples presença de cada um os livrasse de

seus males, e de súbito ela quebra o silêncio:

- Ei, eu te amo tanto... E assim ela se inclinou ao

lado dele e o beijou ternamente impedindo

Page 76: Confie em mim ou o guardião de memórias

qualquer resposta que ele daria, qualquer

pensamento, qualquer forma de buscar o ar,

qualquer forma de encontrar o fôlego que com

toda certeza estava perdido naqueles lábios

vermelhos que moviam-se junto ao seus como se

fossem um só, quando finalmente ela se afastou

ele disse em um suspiro único:

- Eu amo você mais que tudo.

Mas todo o clima montado ali fora bruscamente

interrompido pela enfermeira que ao ver a cena

ficou rubra, e gaguejando um pouco ela diz:

- Desculpem, mas preciso aplicar os

procedimentos.

Elissah riu do embaraço da mulher e disse:

- Tudo bem, você não interrompeu nada.

Quando Elissah levantou Paulo se viu tentado a

perguntar:

- Ei, você ainda vai me amar amanhã de manhã?

- Para todo sempre querido.

Ela sabia que ele estava fazendo uma clara

referência ao filme " O click " com Adam Sandler

Page 77: Confie em mim ou o guardião de memórias

e adorava as citações que ele fazia de diversos

filmes, quando ela passou pela enfermeira, uma

mulher bonita e aparentemente da mesma idade

ela diz:

- Ele é todo seu.

A enfermeira ficou mais vermelha do que já

estava e quando Elissah se afastou ela sorriu

graciosamente, quando chegou perto de Paulo

ele diz arregalando os olhos:

- Nossa! Você é muito linda! Já nos vimos antes?

- Não sei. Você tem grandes amigos senhor!

- Eu tenho os melhores.

*

Com Paulo hospitalizado, Edu assumiu a função

de direção do jornal, e enquanto organizava a

papelada já que era semana de pagamento, a

velha secretária de Paulo surge na porta

estranhamente nervosa dizendo:

- Seu Edu, tem um homem querendo falar com o

senhor.

- Tudo bem Ruth, pode deixa-lo entrar.

Page 78: Confie em mim ou o guardião de memórias

Minutos depois, um homem alto e forte entra na

sala com uma expressão indecifrável em seu

rosto, ele se dirige a Edu e aperta sua mão com

força sua mão dizendo educadamente:

- Bom dia Sr. Eduardo, sou o detetive Nathan

Martins, estou aqui sobre as circunstâncias do

atentado ao Dr. Paulo, governamental e líder

estrategista da divisão especial do exército.

- Quem te enviou? Perguntou Edu sem deixar

transparecer um certo espanto que sentiu ao

saber isso do passado do amigo, mas o detetive

carrancudo disse em um tom de voz firme:

- Assunto confidencial.

- E o que vai fazer agora se as investigações já

estão em andamento? Digo, já temos um detive

militar no comando das investigações.

- Não vejo problema nisso, ele será removido do

comando.

- Mas você não pode fazer isso!

- Estou apenas cumprindo as ordens que me

foram dadas.

- Ordens de quem?

Page 79: Confie em mim ou o guardião de memórias

E novamente Nathan respondeu com um tom de

voz que deixava transparecer seu desagrado:

- Assunto confidencial. E virou as costas e saiu.

Edu jogou-se pesadamente na cadeira, quando

pôs os pensamentos em ordem procurou seu

celular para ligar para seu amigo, e como não

encontrou usou o telefone fixo mesmo:

- Rafael?

- Sim.

- Escute. Você conhece o Detetive Nathan

Martins?

- Nunca ouvi falar dessa merda, por que?

- Ele está indo para a delegacia tirar você do

comando e das investigações!

- Como assim! Ele disse o motivo?

- Não, apenas disse com um tom suspeito que

era assunto confidencial, disse também das

ocupações de Paulo antes de ser jornalista.

- O que ele disse?

- Toda a carreira militar de Paulo.

Page 80: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Pelo menos isso é verdade.

- Mesmo que ele seja um militar especial ele

pode tirar você do caso?

- Pelo que você deu a entender a patente dele

para ser superior a minha, se caso isso ocorrer e

ele tiver jurisdição internacional ele pode sim.

- Merda! Disse Edu pegando as chaves do carro

e saindo correndo da sala:

- Rafael, em quanto tempo você retira toda

papelada e dados sobre o caso?

- A papelada eu sempre guarda em caixas e os

dados já estão salvos em cinco pendrivers

especialmente codificados.

- Você é o melhor cara.

- Eu já sabia disso, mas pra onde eu vou já que

provavelmente vão revistar minha casa?

- Vai para a casa de Daiana, vou ligar para ela e

avisar.

- Ok.

- Assim tiram a atenção de Paulo e Elissah.

Page 81: Confie em mim ou o guardião de memórias

...

No caminho do hospital Edu liga para Diana para

informar a ida de Rafael:

- Daiana, o Rafael está indo se esconder ai!

- Meu Deus! O que houve?

- É uma longa história que vou lhe explicar

quando chegar ai ok?

- Ok.

*

A pedido de Rafael, Rodrigo foi até a casa dele o

mais rápido que podia e pegou o máximo de

roupas e objetos que Rafael havia pedido, a ideia

era retirar as coisas essenciais sem fazer muitos

estardalhaço muito pelo fato de que todo mundo

conhece o Rodrigo e seu aparente sedentarismo

e vendo aplicando altas descargas de adrenalina

causaria estranheza com os poucos moradores

da cidade e não foi para chamar a atenção que

ele decidiu morar em Riverton.

Quando Rodrigo colocava os últimos

documentos na caixa, ele notou que um carro da

policia estava se aproximando da casa, e agora

Page 82: Confie em mim ou o guardião de memórias

não tinha como chegar no carro! Mas antes que o

carro da polícia pudesse parar, um veículo em

alta velocidade passa do lado da viatura

obrigando-os a persegui-los e Rodrigo segue

aliviado para o carro. O que o deixava tenso é

que para manter as aparências ele não pode

ceder ao seu impulso natural de acelerar seu

carro, enquanto dirigia pensava no assunto da

repentina vida de um homem que aparentemente

tinha ciência do grande segredo de todos, não o

fato de Paulo ser um ex-militar por assim dizer,

mas algo que pode por em risco a vida de ambos

os seus amigos, em parte ele mesmo se culpa, já

que isso tudo é um carma como costumava dizer

Fernanda, falando em carma, Rodrigo chegou a

conclusão de que com o sumiço de Rafael ele vai

procurar Edu e provavelmente irá revirar a casa

dele! Aposto que o velho Edu não pensou por

esse lado, e pensando nisso Rodrigo liga para

Edu avisando-o da possibilidade que o mesmo

calculara e Edu se aprontou em desviar de seu

caminho e ir direto para sua casa, por sorte seus

documentos ficavam dentro de caixas por causa

da falta de espaço que estava tendo, enquanto

Rodrigo se aproximava da casa de Daiana ele

Page 83: Confie em mim ou o guardião de memórias

ligou para Layla para saber do estado de seu

irmão já que não perguntava por ele a dias.

*

Elissah observava o vai e vem das enfermeiras e

dos médicos pelo corredor, admirava o trabalho

deles, você tem quer corajoso e atencioso para

ser um médico, mas hospitais lhe trazem más

recordações, como ás de seus pais, de sua irmã,

se bem que nem pode ver o corpo de sua irmã

por causa das tentativas de reanima-la, ela

estava encostada na porta de costas ao quarto,

Paulo estava dormindo um bom tempo, mas logo

pode ouvir a voz rouca e sonolenta dele:

- Você é linda de todos os ângulos,

principalmente desse.

Ela virou-se sorrindo e disse:

- Notou que você mesmo meio dopado continua

muito bobo?

- Eu sei. Disse ele com um leve sorriso e

fechando os olhos afundou-se em seu

travesseiro, deliciando o calor que sua amada

transmitira ao se aproximar e sentar na cama e

Page 84: Confie em mim ou o guardião de memórias

segurar sua mão e do nada começou a dizer em

um tom de voz nostálgico:

- Uma vez, eu e Everton fomos pescar com vovô,

passamos o dia inteiro naquele barco e o meu

avô pegava tudo quanto é tipo de peixe, já eu

peguei botas, garrafas e até uma placa de um

carro de Iowa - Riu Paulo dessa lembrança

enquanto Elissah tentava imagina-lo assim -

Everton havia conseguido pegar alguns peixes,

mas quando a tarde chegava seu fim eu peguei o

maior de todos que eles já haviam pescado, foi

muito bom, e nós tínhamos apenas quatorze anos

e foi a última vez que o vi com vida, e no final do

dia Everton estava guardando as coisas no carro,

então meu avô me chamou num canto e me disse

" Você é tão bom quanto qualquer outro para

guardar segredos, sorte de quem poder contar

seus segredos a você mas a coisas que você

deve manter consigo por mais tempo ". Ele era

sempre sábio, e depois daquele dia eu descobri

o que eu realmente seria.

- O que?

- Um grande amigo. Disse ele rindo.

Page 85: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 9

E os dias se seguiram com Nathan liderando

uma feroz procura em busca de Rafael e os

dados, revistaram a casa dele, do Edu, de

Rodrigo e Layla, de Elissah e a de Paulo também,

mas não achou nada, e seguiu assim por uma

semana, nesse meio tempo Daiana e Edu

finalmente se entregaram a paixão arrebatadora

que um nutria pelo outro em segredo e Rafael

aos poucos desmembrava as informações tanto

da vida do detetive especial quanto á de Paulo,

afinal, só entendendo o passado que você

descobre o futuro de alguém.

Na manhã seguinte, Daiana acorda e vê Edu

sentado na cama, ela sorriu e levantou-se

devagar, a coberta era á única coisa que cobria

seu corpo e ao se levantar a mesma deslizou de

si, ela inclinou seu corpo nas costas de dele e

beijando-lhe a nuca disse:

- Bom dia!

Ao vira-se, ela já havia pegado o cobertor e

coberto o corpo, mas o modo que ela segurava

expunha uma pequena parte do seio direito, ela

estava descabelada, sonolenta e tão linda que

Page 86: Confie em mim ou o guardião de memórias

que os seus quarenta e seis anos pareciam não

pesar, ele se aproxima dela e a beija longamente

antes de dizer:

- Bom dia, dormiu bem?

- Como um anjo, sabe, acho que talvez um de

nós deveria comentar a noite de ontem.Disse ela

com as maçãs do rostos ficando rubras, mas a

resposta de Edu fora um sorriso maroto

acompanhado de um ar travesso:

- Algo me diz que tenho que deixar esse

comentário pra você fazer.

- Foi bom pra caramba! Disse ela com um sorriso

travesso, e ele responde com satisfação:

- Sabia que deveria deixar você comentar.

Ela levantou-se para ir ao banheiro abandonando

a única coisa que cobria seu corpo, Edu não

deixou de mirar sua namorada de cima em baixo,

ela olha com um tom sedutor e diz:

- O que foi? Nada que você nunca tenha visto.

Edu foi até a cozinha e tratou de fazer o café para

Daiana, depois da noite de ontem tinha muito que

agradecer a ela, e também para o Rafael que

Page 87: Confie em mim ou o guardião de memórias

estava trabalhando bastante para obter as

informações necessárias. Quando chegou no

quarto do porão onde Rafael já se encontrava em

atividade, ele estendeu o copo de café ao

detetive e disse:

- Você dorme garoto?

- Eu queria cara, mas achei coisas tão

interessantes que fiquei sem sono, e também tem

o fator de que sua cama pode acabar quebrando,

você devia parafusar ela na parede.

- Por que cara? Perguntou Edu rindo:

- Na hora do pega pá capá incomoda a beça.

- E como. Disse ele deliciando as lembranças:

- Não vai perguntar o que eu descobri?

- Ah, claro, o que você descobriu?

- Primeiro, para saber quem atacou, pesquisei

sobre Paulo e Elissah, por parte dela tudo

tranquilo, todos os registros, vacinas, escolas que

estudou está tudo ali, já de Paulo, já de nosso

conhecimento que ele tem uma passado

conturbado, mas segundo os registros, ele fora

preso em 2011 pois saqueou o computador do

Page 88: Confie em mim ou o guardião de memórias

FBI e fez backups dos arquivos de um caso em

específico.

- Mas por que o caso da morte de Everton e Ally

seria investigada pelo FBI?

- Acho que foi por causa das circunstâncias e

dos envolvidos. Segundo as informações que

Paulo conseguira, a colisão fez com o carro de

Everton despencar no abismo, como é conhecido

o precipício da curva de saída da cidade, era um

carro oficial da promotoria, e quem dirigia era o

detetive Natanael Marinho que aparentemente

morreu no local.

- Como assim, aparentemente por que?

- Por que na versão oficial dada pela policia de

Riverton dizia que Everton vinha em alta

velocidade e colidira com o carro da promotoria,

ou seja, jogaram a culpa na vítima.

- Mas Everton não corria em alta velocidade, ele

sempre teve medo disso.

- Exatamente chefe, por isso que Paulo resolveu

investigar, digo, esse foi um dos motivos que o

fizeram investigar.

Page 89: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Tem outro?

- Sim, no mesmo dia, na entrada de Iowa, pai e

filha foram mortos eletrocutados por causa da

chuva de raios, seus rostos ficaram totalmente

desfigurados impossibilitando reconhecimento

facial.

- E o que tem haver um coisa com a outra?

- Quando encontraram o carro de Everton horas

depois na costa, não havia nenhum corpo!

*

Paulo já conseguia caminhar sozinho pelos

corredores, mas ainda não estava bem o

suficiente para o Dr. Luís Miguel lhe dar alta,

perambulava a caminho do jardim do hospital

com os pensamentos detidos em 2010, quando

recebeu a noticia da morte de seu amigo, mas

não conseguia acreditar que ele morrera, ainda

bem mais correndo no trânsito, primeiro, Everton

era extremamente hábil no volante, mas era

medroso no que dizia respeito a velocidade,

aqueles exames que lhe indicavam alguma

doença já tinha noção do que eram, mas por que

o médico do exército dissera isso a ele? O

Page 90: Confie em mim ou o guardião de memórias

mistério de todo a essa estória sapateava na

mente de Paulo que só ouvia o barulho dos

sapatos dos dançarinos e absolutamente mais

nada, e foi com a cabeça submergida em

perguntas ele chegou ao jardim onde Elissah o

esperava junto com Layla e Rodrigo, este por sua

vez levantou e foi na direção do irmão e

abraçando-o disse:

- Que bom que está melhor!

- Eu sei, você me amam.

Rodrigo soltou aquela risadinha e pensou " Pelo

menos o humor ainda está intacto ", Elissah

levantou-se e o abraçou graciosamente e beijou-o

com graça semelhante, após terminar ela diz:

- Bom dia meu amor.

- Bom dia querida!

Logo Layla fora quem o abraçou e conduziu ele

ao assento e disse:

- Se você morrer eu te mato ouviu? Ainda vou

querer você por perto.

Page 91: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Querida. Disse ele beijando-lhe a testa - Eu

levei quatro tiros e não morri, entrei pra galeria da

imortalidade.

E todos riram.

*

Rafael passara horas sem sair daquele quarto,

montar uma linha do tempo já era uma tarefa

complicada, mas montar uma linha do tempo de

quem é a completa e complexa personificação de

um guardião de memórias é uma tarefa que só os

loucos sabem, enquanto fazia isso Edu e Daiana

saíram por dois motivos, primeiro queriam

desfrutar da presença um do outro, mas também

tirar os policiais que achavam que estavam

escondidos vigiando a casa, dando assim um

pouco mais de tranquilidade para o amigo

trabalhar.

O que era curioso é que de 2010 pra cá tudo

está claro como água, mas antes disso é tudo um

amontoado de informações que aparentam não

ter conexões, quero dizer, outras, e como não

estava conseguindo andar para frente nessas

pesquisas ele resolveu investigar os ocupantes

do carro no dia do acidente, tinha a Chris Morgan

Page 92: Confie em mim ou o guardião de memórias

que é a atual comissária de policia, já o Natanael

ele não estava conseguindo nada, talvez ele

fosse a peça que faltava para entender o mistério,

buscou a ficha dele e foi direcionado a um banco

de dados de ex-policiais de Nova York, o rosto

lhe parecia muito familiar mas não lembrava de

onde, na ficha dizia que o mesma falecera em 11

de janeiro de 2010, enquanto lia Edu surge

ofegante e perguntou ao fitar a foto no monitor:

- Pesquisando sobre o Nathan?

- Não, por que?

- A foto dele tá no monitor.

- Tem certeza Edu? Perguntou Rafael ampliando

a imagem:

- Claro como água, mas por que?

- Ele provocou o acidente, mas a promotoria

estaria envolvida dos pés a cabeça, tantos Chris

Monagan quanto o presidente do país não

estariam em seus cargos, então zeraram

Natanael Marinho e criaram Nathan Martins.

- Então o que ele faz como detetive especial?

Page 93: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Boa pergunta, com cara sem passado pode ser

qualquer pessoa, e por hora estou sendo

acusado de tentar assassinar Paulo e Elissah.

- Esse cara quer te encontrar mesmo.

- Pois é, mas é só uma questão de tempo até

nosso último e mais rico recurso chegar.

- Bom, vou dar um pulinho no hospital, já que

Elissah não sai de lá talvez encontre ela e os

outros,

- Vai lá.

*

Nathan estava na sala vaga que ficava ao lado

da sala de Rafael, pesquisava assuntos

concernentes com a investigação quando ouve

batidas estridentes na porta e antes que pudesse

fazer algo uma figura imponente adentra a sala,

João Paulo, prefeito de Riverton e grande amigo

de Paulo, Rafael, Rodrigo e Edu é um homem

alto e com uma forte presença, tanto é que

Nathan não conseguiu continuar sentado quando

ele chegara, e quando ele começou a falar era

impossível ignora-lo:

Page 94: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Boa tarde detetive, sou o prefeito João Paulo, e

soube que o senhor está acusado o detetive

Rafael de tentativa de assassinato a seus dois

melhores amigos, pode me explicar o motivo?

E sentindo-se estranhamente desconfortável

com a presença de João, Nathan falou com a voz

mais educada que conseguiu:

- O senhor não tem direito de... Mas não pode

completar a frase pois João assumiu uma postura

altiva e disse:

- Escute aqui, sou o prefeito, sem bem até onde

posso ir, além do mais sou o principal financiador

e fornecedor bélico da divisão especial e eu

posso fazer com que você seja reduzido a

patente mais miserável que existir e se ela não

existir, criaremos uma! Agora responda a

pergunta detetive.

- No dia seguinte ao atentado. Disse Nathan

engolindo a seco - O detetive Rafael desapareceu

levando consigo dados já conseguidos e

documentos, o ato de tentar encobrir as pistas o

torno culpado.

Page 95: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Não meu amigo, isso o torna um suspeito,

quero que retire a acusação e o ponha na lista de

suspeitos.

- Isso ai sou eu quem decido.

- Aconselho você a decidir assim.

- Se me der licença eu não trabalho a fazer.

*

Edu e Daiana caminhavam de mãos dadas até o

hospital, quando chegaram na entrada

encontraram João e sua esposa, Milena, então

Edu o cumprimenta dizendo:

- Oi amigo, como foram os negócios?

- Fracos, comprei uma empresa petrolífera e

uma de produtos de química.

- Você chama isso de fraco? Então seu forte é

conseguir comprar a lua?

- Eu queria, mas essas empresas vão melhorar e

quando isso acontecer vou vender as ações por

cem vezes mais do que elas valem agora, sim,

sou um gênio.

Page 96: Confie em mim ou o guardião de memórias

E caso não tenha ficado muito claro, o João é

podre de rico, fizera a maior parte de sua fortuna

em indústrias petrolíferas, e após conseguir um

milhão, ele investiu e conseguiu mais dois, três e

hoje é o homem mais rico do mundo e mago das

finanças.

Em pouquíssimo tempo os dois casais chegaram

ao jardim onde os outros se encontravam, Paulo

os recebe com alegria como se aquilo nem fosse

um hospital, João falara de como fora a viagem,

do sucesso que Milena fazia no balé e na dança

em geral, mas enquanto Elissah e Daiana

conversavam sobre suas vidas conjugais, Edu

chama Paulo um pouco mais afastado dos

amigos e diz em voz baixa:

- Estou precisando de sua ajuda.

- Para que?

- Você sabia que o carro de Everton fora

encontrado sem corpos?

- Mas eles me disseram que horas mais tarde

acharam os corpos, mas os rostos estavam

impossíveis de distinguir.

Page 97: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Rafael seguiu a todo vapor com as pesquisas

baseadas nos dados que você já tinha

conseguido roubar antes de ser preso, e no

mesmo dia em que ocorreu o " acidente ", Um pai

e uma filha de Iowa morreram eletrocutados e

seus rostos ficaram irreconhecíveis.

A cabeça de Paulo girou, por um momento

sentiu-se pisar em ovos, todos o fitaram

preocupados, o brilho nos olhos de Elissah eram

de preocupação, então ele torna a dizer a Edu

com a voz quase sumindo:

- Então quer dizer que eles podem estar vivos?

- Sim.

A resposta de Edu fez o coração de Elissah bater

muito mais forte, a ideia de Ally estar viva era a

força que precisava para enfrentar aquela

situação, mas e se Everton estiver vivo, como

ficaria a vida dela já que estava apaixonada por

Paulo? Ela e Paulo ficaram se olhando, enquanto

a angústia saltava-lhe os olhos a escuridão

tomava conta do olhar dele, ele sabia a resposta

e Elissah também, nesse mesmo instante o

celular de Edu toca distraindo-os de seus estados

contemplativos:

Page 98: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Alô, quem fala?

- Passe o para Paulo por favor!

A voz do outro lado da linha parecia

desesperada, mas Edu não passaria até saber

quem era, então insistiu:

- Primeiro me diga quem é que está falando!

- Não há tempo cara, passa o celular para Paulo,

é urgente!

- Me diga.. mas a voz o corta com uma explosão

de raiva:

- Passe a porra do telefone pra ele!

E de raiva Edu passou o celular para Paulo que

diz coma voz ainda meio rouca:

- Diga.

- Existe uma carta em meu cofre, peça para

Elissah pega-la e trazê-la a casa perto do

cemitério.

- Por que?

- Você sabe, confie em mim.

- Está bem.

Page 99: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Pode soar meio gay mas eu não liga, eu te amo

cara.

- Eu também mano.

- Contou alguma coisa a ela?

- Não, e o que você pretende fazer?

- Revelar parte do jogo a ela.

- É, talvez ela não suporte a outra parte do jogo.

*

O detetive Nathan Martins estava mais tranquilo,

finalmente poderia concluir aquilo pela qual foi

enviado a essa cidade, ia solucionar o caso de

uma vez por todas, já que cometera erros,

equívocos e imprecisões que não cometeria

dessa vez, mas Paulo mostrou-se mais forte do

que dava a entender no dossiê que seu chefe lhe

deu, mas não só para agradar a seu chefe que

ele deveria mata-lo mas também por ele ser o

único que podia desmascara-lo, afinal, o acidente

que ele provocou matou uma peça principal de

toda uma engrenagem e os terroristas para quem

ele trabalha não toleram fios soltos, e essa noite

amarraria o último.

Page 100: Confie em mim ou o guardião de memórias

*

Seguindo as orientações de Paulo, Elissah foi

em casa pegar a carta que estava no cofre de

Everton e anotou o endereço, devagar pois não

sabia se realmente queria ver o homem da

ligação, e se fosse Everton, como diria que ela

agora estava com o melhor amigo dele? De

qualquer modo iria, afinal, isso poderia se tornar

um problema se for ignorado, ela então se

apressou em ir até o carro e dirigir até a casa

decadente que ficava naquele endereço. A casa

era grande e precisava de reparos urgentemente,

outrora o verde era predominante na cor das

paredes que agora eram erodidas pela ação de

intemperismos ao longo dos anos, o lado é visível

nos cantos onde deveriam ter flores e as janelas

da parte esquerda da casa estavam destruídas,

dava calafrios entrar naquela casa, os pelinhos

da nunca dela se arrepiaram, ela caminha

devagar e em fim chega dentro daquele lar da

decadência que era acentuado pelo tom

acinzentado daquele fim de tarde e que promete

fortes chuvas a noite, respirou profundamente e

abriu a porta, e para seu total espanto, o interior

da casa estava livre da decadência que reinava

Page 101: Confie em mim ou o guardião de memórias

na entrada, muito bem mobilhada , bem ao estilo

de:

- Elissah?

Ao olhar para trás, não pode acreditar no que

via.

Page 102: Confie em mim ou o guardião de memórias

Capitulo 10

As dores voltaram com certa força em Paulo, e o

Dr. Luís Miguel fora rápido em aplicar o

medicamente e coloca-lo na cama novamente,

Rodrigo e Layla eram os únicos lá e não

cogitavam a ideia de sair tão cedo, Layla odiava

quem fez aquilo com Paulo, ela o amava como o

irmão que ela não teve, ela ficou abraçada com

Rodrigo em completo silêncio, porém o mesmo

fora rompido por Edu que chegou em um tom

sério dizendo:

- Confirmado que Everton está vivo.

- Meu deus, que bom! Disse Layla beijando

Rodrigo, enquanto Edu ainda estava com a face

amarrada, então ela pergunta:

- O que foi?

- Cara, quando vê-lo terei que pedir muitas

desculpas pelo modo que atendi o telefone se

quiser manter meu emprego.

- Relaxa. Disse Layla acariciando os cabelos

dele - Ele é bastante compreensivo.

Page 103: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Ou não. Disse Rodrigo rindo do amigo.

*

Elissah não conseguia conter e nem tentava

conter a emoção, era muito bom saber que sua

família estava reunida de novo, e seu marido

estava vivo! Ela o cobria de beijos e abraços,

procurava alguma forma de extravasar sua

alegria e certificar-se de que tudo aquilo era real,

e ainda quase colada a ele pergunta:

- Por que você não voltou? Hein, você podia ter

voltado, assim eu não ficaria nessa sinuca de

bico.

E ainda enlaçado a ela, Everton respondeu com

a voz carregada da mais pura emoção:

- Por um momento ou dois, eu achei realmente

que estivesse morto, mas quando eu despertei eu

vi que havia batido com muita força a minha

cabeça depois de ter conseguido resgatar a Ally,

que antes que você me pergunte está lá dentro

dormindo, ela passou por males bocados.

- Olhe. Disse ela entregando a carta - Paulo

mandou entregar isso.

Page 104: Confie em mim ou o guardião de memórias

Paulo.

A angústia tomou conta, já não sabia se seguia

com o marido ou dava uma chance a Paulo,

dilemas. Ao ver o sorriso de satisfação e triunfo

estampado no rosto de Everton ela pergunta:

- O que tem nessa carta?

- São os dados que a agência precisa para poder

pressionar o governo atual a penalizar algumas

células terroristas ativas no país que que estão

incubadas em empresas responsáveis pelo

financiamento das campanhas dos principais

políticos do país.

- Amor, não estou lhe entendendo.

- Querida, eu sou um agente especial e chefe da

divisão especial.

Elissah não deixou transparecer seu espanto e

perguntou:

- A quanto tempo?

- Doze anos.

- O Paulo sabia?

Page 105: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Foi ele quem a criou, ele é o cabeça-pensante

disso tudo.

- Meu Deus, tem mais alguém que eu conheça?

- Rafael, João, Crislane e Melissa.

- As minhas irmãs? Agora sim ela deixou

transparecer seu choque.

- Sim.

- Então foi por isso que tentaram te matar.

- Precisamente, mas alguém cuidou de mim.

- Quem?

- Fernanda!

*

Com as informações conseguidas por Rafael

esta manhã, Nathan sumiu de seu posta da

polícia junto com os arquivos, o que tudo indica

que ele mesmo finalizaria o serviço, e como João

e Paulo não eram amadores naquilo que faziam,

implantaram o sistema que Melissa elaborou para

o dia que isso aconteceria, mas esse esquema já

havia sido implantado no hospital a mais tempo,

Luís Miguel tem sido um grande aliado deles,

Page 106: Confie em mim ou o guardião de memórias

mas por conta da condição de Paulo vai ser meio

complicado manter o esquema com a mesma

configuração, e a missão foi de capturar um "

terrorista" para proteger seu líder..

Paulo ainda se encontrava em grandes

dificuldades para se mover, de qualquer modo

todo seu equipamento estava no quarto, tinha

noção de que Nathan voltaria pois precisava

concluir o serviço, mas sua mente não se voltava

totalmente a esse assunto, na verdade estava

quase toda voltada para Elissah, e em como a

ganhara e perdera em tão pouco tempo, mas por

outro lado estava feliz ao vê-la bem e com sua

família restruturada, estava bem até demais com

aquela situação.

Do lado de fora do quarto de Paulo, João, Edu,

Miguel e Rafael conversavam, quando um

barulho vindo do jardim do hospital os desperta a

atenção, João fez um sinal para os quatro irem

por caminhos apostos, ele seguiu calmamente

pelos corredores, foi quando deu para ver que no

jardim haviam cinco homens armados, João saca

com desenvoltura invejável e dispara, obviamente

errou de propósito, uma vez que mirou na câmera

escondida nas árvores, não queria a polícia de

Page 107: Confie em mim ou o guardião de memórias

Riverton comprovando a existência da equipe

deles, cada um dos amigos apareceram em

lugares distintos e os capangas não sabiam quem

havia disparado, por via de dúvidas começaram a

disparar contra eles, todas as armas usadas de

ambos os lados usavam silenciador, nenhum ali

estava afim de chamar a atenção.

Rafael para a direita para esquivar-se de um dos

atiradores e com muito precisão conseguiu

alvejar o joelho, o homem solta a arma e caí no

chão se debatendo, foi no momento que para

acabar com a agonia dele Rafael atirou na sua

cabeça, o dr. Miguel estava totalmente perdido

naquilo, João então se aproximou dele e entregou

uma arma na sua mão dizendo:

- Vai com tudo garoto!

E assim ele começa a atirar sem tanta destreza

quanto aos seus colegas, e isso fica evidente

quando ele deixa sua arma cair após levar um

golpe de um dos criminosos que acabaram de

aparecer para reforçar o grupo que já estava ali,

mas no manuseio de armas brancas ou na força

corpórea o doutor se saia muito bem, ele

Page 108: Confie em mim ou o guardião de memórias

conseguiu se livrar de seu agressor e rolar para

os arbustos sem que prestassem muita atenção

nele, e fica lá por alguns segundos, quando

ambos pararam para recarregar Miguel corre no

meio deles e pega sua arma já atirando, e

quando os bandidos conseguem recarregar a

arma Miguel retira o cartucho e lança para João

que o coloca na arma e já puxa o gatilho, e faltou

agora mais cinco, enquanto continuavam a trocar

tiros João diz a Miguel com o tom brincalhão:

- Not bad my friend! E assim virou-se em função

de seu aguçado reflexo e aplicou um golpe

oriental em um dos capangas, mas tanto Rafael

quanto Edu sabiam que não sairiam dali tão e

essa era a chance que Nathan precisava para

matar Paulo.

...

Ao receber o sinal de que haviam caído em uma

armadilha e não poderiam auxilia-lo, Paulo se

levanta com dificuldade e troca de roupa, era

impossível fazer qualquer coisa naquela roupa de

hospital, se pôs de pé mas ainda se apoiava na

cama, pegara a maleta que estava do lado dela e

pegou as duas pistolas e seus respectivos

Page 109: Confie em mim ou o guardião de memórias

coldres e os colocou no cinto, pegou uma arma

maior e colocou na mochila em suas costas, e a

outra arma maior que havia com ele e fora com

ela em punho, e bem devagar saiu do quarto, por

sorte, nas semanas que esteve ali conseguiram

esvaziar o hospital, Paulo foi meio que se

arrastando pelas paredes do corredores, e pouco

a pouco sentia a vibração da marcha de alguns

homens, pelo impacto das passadas acreditava

que eram homens bastante fortes, a medida que

os passos se tornam mais intensos ele sentia que

podia ser a última vez que fazia o que sabia de

melhor, e mesmo que não ganhasse todos os

segredos que guardara morreriam com ele, ele

então ativa seu comunicador que o leva em

contato direto com seu amigo e diz:

- Melhor vir ajudar os outros no jardim, veio mais

capangas do que imaginávamos.

- E onde você está?

- Eles estão no jardim.

- Paulo...

- Confie em mim. E desligou o comunicador sem

dar a chance de Everton tentar usar qualquer tipo

Page 110: Confie em mim ou o guardião de memórias

de argumento que possa dissuadi-lo a não

enfrentar Nathan e os capangas sozinho, ,

provavelmente ele não quis " sujar as mãos",

todos aqueles homens olhavam para Paulo com

se ele fosse um prêmio máximo de uma

competição, provavelmente aquele que o

matasse ganharia algo de valor, fazer o que, ele

era amado por todo o tipo de criminoso em

alguns países, mas mesmo com o risco iminente

de um massacre contra sua vida, Paulo não

perdia a chance de debochar da morte, então diz

no tom de voz mais debochado que conseguiu

fazer:

- O que estão esperando? A mulher de cada um

já disse que sou muito homem, que tal virem aqui

pra eu mostrar como uma homem de verdade

faz?

Pronto. Quando você ofende a mãe ou a mulher

de um homem ele perde a cabeça, imagina

ofender as duas, agora imagina fazer isso com

alguns assassinos de países diferentes?

Quando se deu por conta já estava se

defendendo de golpes e os aplicando como

podia, atirava em quem dava para atirar, oferecia

Page 111: Confie em mim ou o guardião de memórias

o rosto para poder atirar com maior precisão, se

via no meio de gigantes lutando pela sua vida e

de muitas outras, e tudo isso em nome de

memórias? Até quando é sensato guardar

memórias por alguém?

Até o último segundo da vida!

*

Apesar de não ser mais um bebê, Ally estava

anilhada no colo de Elissah que não conseguia se

afastar dela nem que fosse nem por um segundo,

e essa mesma força de atração levava seus

pensamentos tanto a Paulo quanto a Everton e

consequentemente esbarrava na sua irmã, sua

filha relatara todos os momentos angustiantes

que passara e até aquele momento estava

atenta, mas quando sua filha começou a falar dos

tempos em que estava com a tia ela parou de dar

toda a atenção, foi no momento de devaneio que

Ally perguntou:

- Mãe.

- O que foi querida?

- Como tá meu tio?

Page 112: Confie em mim ou o guardião de memórias

Elissah respira fundo, e com pesar no coração

ela responde:

- Sim filha, ele está...

...

Bem no meio de dois brutamontes, com

dificuldade conseguiu abrir um espacate perfeito

e os derrubou, levantou-se rapidamente e

descarregou o que sobrava de balas em sua

arma, quando acabou recebeu um chute

monstruoso de baixo para cima, foi o suficiente

para dar tempo para pegar as pistolas e

simplesmente as descarregou em cima de seu

agressor e logo viu que aquela briga não levaria a

lugar nenhum, Nathan não estava ali e

provavelmente destruiria as provas, os capangas

também contam como provas, mas depois que

Paulo alcançou a arma que estava na mochila só

sobrou quatro dos vinte e um que se propuseram

a lutar, foi quando os cinco lutadores notaram um

objeto rolando na direção deles, momento

perfeito para Paulo matar o última que o segurava

e começar a correr loucamente, tinha um

caminho relativamente longo e não podia perder

muito tempo ali.

Page 113: Confie em mim ou o guardião de memórias

*

Rodrigo, Layla, Everton e os outros já esperavam

Paulo no lado de fora, não sabiam em que ala do

hospital Paulo estava e não chegariam a tempo

de ajuda-lo, mas havia uma sensação crescente

de angústia na mente de todos.

*

E nesse crescente desespero Paulo ouviu a

explosão, estava quase na porta mas o fogo era

tão rápido quanto e o alcançara enquanto pulava

para fora do hospital , sentia a fina chuva arder

contra seus ferimentos, , não via nada além de

escuridão, e foi nesse turbilhão de pensamentos

que ele alcançou o chão, conseguiu abrir os olhos

levemente, e apenas viu passos vindos em sua

direção e por fim vira a consciência se esvair

junto a chuva.

Page 114: Confie em mim ou o guardião de memórias

Epilogo

De súbito Paulo desperta, mas não ousa abrir os

olhos, não de imediato, queria antes certificar-se

de que não havia morrido, se mexeu na cama

mas ainda estava em baixo dos lençóis e

cobertores e por debaixo deles se espreguiçava,

as vagas lembranças do último evento ainda

explodiam na sua cabeça e não queria, mas sua

mente o obrigou a remoer aquilo, ele levantou-se

devagar e sentou-se na beira da cama, quando

viu o que vestia, uma calça e uma blusa de cetim

branco ele se perguntou onde estava e quem o

havia trocado, mas a pergunta não se firmou,

nada estava como estava acostumado, e sua

cabeça nem doía tanto e num impulso conseguiu

levantar-se da cama ainda com dificuldade, e

com a mesma dificuldade se arrastou até o

banheiro, e parou em frente ao espelhos, olhava

para os seus cabelos, estavam mais grisalhos

que o normal assim como a áurea escura que

vinha de seu olhar deixou de existir, e um pouco

acima do supercilio havia um esparadrapo, sorriu

ao ver que não estava tão mal e após lavar o

Page 115: Confie em mim ou o guardião de memórias

rosto ele se encaminhou para fora do quarto,

massageava a têmpora e ignorava suas

cogitações, seu quarto ficava no fim de um

corredor, e nesse corredor havia uma janela que

dava de cara para a área mais verde da casa,

logo pode deduzir que estava em uma casa de

campo, então seguiu vagarosamente seu

caminho até a escada, quando chegou no

primeiro degrau, uma voz bem familiar surge

dizendo:

- Deixa eu dar essa moral meu chapa! Era

Everton.

Ele ajudou o amigo a descer e chegar a mesma

onde todos já estavam, todos que estavam ali o

fitaram com sorrisos mais que sinceros, Ally veio

quase correndo abraça-lo, era muito bom poder

abraçar sua sobrinha de novo, Layla veio logo em

seguida, depois foi a vez de Elissah que durante

o abraço diz:

- Tenho uma surpresa pra você!

Ao sair da frente dele, ele deu de cara com uma

bela mulher cujo o sorriso era o suficiente para

nascer flores em desertos, a mulher por quem se

Page 116: Confie em mim ou o guardião de memórias

apaixonou primeiro e que ele achou que havia

perdido:

- Fernanda!

- Paulo!

Os dois se abraçam forte e se beijam

sofregamente em uma tentativa de compensar os

dez anos que não se viram, quando finalmente

terminaram Fernanda diz ao pé de seu ouvido:

- Eu também tenho outra surpresinha!

Logo Rexie e Lexie adentraram saltitando a sala,

devido aos ferimentos os dois ainda tinha alguns

curativos mas era muito bom tê-los por perto de

volta, Paulo então se conduz devagar até o João

entregara bengala para ele, e como maior

destreza ele se reaproxima da mesma e

pergunta:

- Onde estamos?

- Em Oriental, Carolina do norte, os cidadãos de

Riverton estão agitados, resolvemos viver aqui

mesmo, ainda há muita coisa a ser feita. Disse

Edu abraçando Daiana.

- Tem razão, vamos comer!

Page 117: Confie em mim ou o guardião de memórias

...

Após o café, cada um com seus respectivos

pares foram fazer algo de diferente, mas Paulo e

Fernanda foram até o escritório e conversaram e

se amaram por horas, em fim poderiam ter a

chance de serem felizes.

Horas mais tarde, o sol já começava a se por e

Paulo estava bem afastado do casarão, vendo

aquilo Elissah foi devagar até ele, a distância

Fernanda observava os dois e por sua vez era

observada por Everton. Elissah senta ao lado de

Paulo que diz distraidamente:

- Veio em busca de respostas?

- Não sei, tudo foi tão depressa.

- Isso é verdade.

- Você e a Nanda estão se dando bem né?

- Sempre, é estranho você ficar muito tempo

longe de quem você ama.

- Mas e nós? Disse Elissah segurando-lhe a mão

- E nós?

E sorrindo discretamente Paulo falou:

Page 118: Confie em mim ou o guardião de memórias

- Nós? vamos ficar bem.