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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
ENGENHARIA CIVIL
CCR Concreto Compactado com Rolo
ACADMICOS: Eduardo Raber, Guilherme Costenaro Vieira e Sergio Patussi Neto.
PROFESSORA: Patrcia Silveira Lovato.
DISCIPLINA: Materiais de Construo VI.
Passo Fundo, maio de 2013.
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Sumrio
1 INTRODUO .................................................................................................................................................. 3
2 CONCEITO ........................................................................................................................................................ 4
3 PAVIMENTAO ............................................................................................................................................ 5
3.1 MATERIAIS E DOSAGEM .......................................................................................................................... 6
3.2 APLICAES ............................................................................................................................................... 7
3.2.1 WHITETOPPING ...................................................................................................................................... 7
3.2.2 FAST-TRACK ........................................................................................................................................... 7
3.2.3 OVERLAY ................................................................................................................................................ 8
3.2.4 PAVIMENTOS ARMADOS ..................................................................................................................... 8
3.2.5 SOLO-CIMENTO ..................................................................................................................................... 9
3.2.6 CONCRETO ROLADO ............................................................................................................................ 9
3.3 CONTROLE TECNOLGICO ................................................................................................................... 10
3.4 EXECUO ................................................................................................................................................ 10
3.5 RECICLAGEM DE PAVIMENTOS ........................................................................................................... 14
3.6 PATOLOGIAS ............................................................................................................................................. 14
3.7 OBRAS FAMOSAS ..................................................................................................................................... 16
3.8 COMPARATIVO PAVIMENTO FLEXVEL X RGIDO ......................................................................... 17
4 BARRAGENS .................................................................................................................................................. 20
4.1 MATERIAIS E DOSAGEM ........................................................................................................................ 22
4.2 APLICAES E EXECUO ................................................................................................................... 23
4.2.1 Mtodo tradicional ................................................................................................................................... 24
4.2.2 Mtodo rampado ...................................................................................................................................... 26
4.3 PROPRIEDADES ........................................................................................................................................ 27
4.4 OBRAS FAMOSAS ..................................................................................................................................... 27
4.5 ARTIGO ....................................................................................................................................................... 28
5 NORMATIZAO .......................................................................................................................................... 29
6 CONCLUSO .................................................................................................................................................. 30
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................. 31
3
1 INTRODUO
O concreto normal, feito com cimento Portland e agregado natural convencional
apresenta diversas deficincias. Em funo destas deficincias, bem como da necessidade de
ampliar as eficincias do material, como o aumento da resistncia e durabilidade, deve-se
preocupar-se tambm com o tipo de cimento, qualidade do agregado, fator gua/cimento,
adies e aditivos utilizados na dosagem do concreto, como forma de garantir estrutura uma
durabilidade mnima requerida por projeto, funo tambm de sua utilizao.
O concreto compactado a rolo vem sendo bastante disseminada com a opo de
reduzir o consumo de cimento, mo de obra por unidade de volume assim como os custos,
assim sendo atraente economicamente.
O incio da aplicao do concreto compactado a rolo se deu a partir da dcada de 20,
na utilizao em pavimentos e principalmente como base de pavimentos e pistas aeroporturias.
No Brasil, a primeira aplicao deu-se em Porto Alegre, em 1972, nas avenidas Sertrio, Bento
Gonalves, 1 e 2 Perimetrais e Osvaldo Aranha, foi empregado como camada de base de
pavimentos semi-rgidos.
4
2 CONCEITO
O concreto compactado com rolo (CCR) um material utilizado principalmente na
construo de barragens e pavimentos. Trata-se de um concreto seco, consolidado por
compactao externa, sendo executada geralmente por rolos compressores vibratrios,
usualmente empregados na Compactao de solos. (RIBEIRO et. al, 2000)
Concreto compactado com rolo (CCR) definido como sendo um concreto de
consistncia seca no slump, aspecto arenoso com propriedades, que transportado,
espalhado e compactado de forma contnua, atravs de maquinrios usualmente aplicados em
obras de terra e enrocamento. (OLIVEIRA, SALLES, 1995)
O CCR um concreto de consistncia seca, semelhante a terra mida e com
trabalhabilidade particular de maneira a permitir seu adensamento com rolos compressores
lisos, estticos ou vibratrios. Eventualmente, quando o CCR for aplicado em revestimento,
recomendado a associao de rolos de pneus e rolos lisos para um melhor acabamento da
superfcie de rolamento. (PITTA et. al, 1995; CARVALHO, 1993)
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3 PAVIMENTAO
Conhecido pela durabilidade e resistncia, os pavimentos em concreto esto ganhando
mercado a cada dia. Com durabilidade de projeto de 25 a 30 anos e aliando a pouca
manuteno requerida, o CCR tornou-se a melhor alternativa para os longos contratos
concessionrios, sendo seu alto custo de implantao, dissolvido ao longo dos anos.
A principal diferena dos pavimentos rgidos (CCR) para os pavimentos flexveis
(Asfalto), a forma como as cargas so distribudas. Com as placas de concreto, o solo tem
menor responsabilidade, sendo que as cargas so distribudas numa rea maior, e no em
pontos concentrados.
Figura 1- Sistema CCR. Fonte: Revista Tchne Artigo 31625
O sistema composto por oito itens, listados explicados abaixo:
1. Espessura: a maior espessura em relao ao asfalto, ajuda na distribuio das cargas
para o restante da estrutura.
6
2. Planicidade: controlado em mm/km, sendo corrigido com a raspagem utilizando
pontas diamantadas.
3. Junta Longitudinal: necessrias para evitar trincamento no pavimento. So cortadas
aps a execuo do pavimento.
4. Junta Transversal: mesma funo da junta longitudinal, dependendo a distncia que
so executadas, podem causar desconforto para quem trafega.
5. Textura Superficial: quo melhor a textura, menor a chance de aquaplanagem.
6. Barras de Transferncia: Realizam a conexo mecnica das placas, ajudando na
transmisso das carga dos veculos.
7: Barras de ligao: unem as faixas de rolamento entre si.
8: Base e subleito: camadas da estrutura do pavimento, previnem movimentaes do
terreno e dispersam a gua.
3.1 MATERIAIS E DOSAGEM
A dosagem conceituada de forma simples, a busca pela melhor composio do
material. Diferentemente do concreto usual, onde a pasta ocupa todos os vazios, o concreto
compactado a rolo tem como caracterstica fundamental o menor volume de vazios possveis.
COUTINHO (1997)
O trao deve obedecer um fator gua cimento baixo, compatvel com o tipo e
capacidade do equipamento de construo.
Por norma, no existe restrio quanto ao tipo de agregado a ser utilizado. Entretanto,
importante que o agregado no apresente matria orgnica ou contaminaes por argila.
A trabalhabilidade tambm importante, pois o material transportado, lanado,
distribudo, adensado e acabado com uma perda de homogeneidade praticamente insignificante,
mantendo inalterados tanto a resistncia mecnica quanto a durabilidade do material
endurecido. Essas propriedades tambm dependem da dimenso dos agregados, do teor de
argamassa, do consumo de cimento e da consistncia do concreto.
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3.2 APLICAES
Existem diversas formas de aplicao, sendo as mais comuns descritas abaixo:
3.2.1 WHITETOPPING
Tcnica em que um pavimento originalmente asfltico revestido com uma camada de
concreto. Pode ser executado com a inteno de prevenir tipologias na via ou em caso de
pavimentos deteriorados.
Figura 2 - Whitetopping, Fonte: Acervo digital LasVegas Concrete
3.2.2 FAST-TRACK
Com a necessidade de liberar os trechos o mais rpido possvel, utiliza-se traos com
maior quantidade de cimento por metro cbico, alm da combinao de aditivos plastificantes.
Utilizado como base ou sub-base em projetos de rodovias. uma mistura de gua, cimento e
solo.
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3.2.3 OVERLAY
Tcnica em que aplicamos uma nova camada de concreto sobre outra, sendo dividida
de acordo com a situao da superfcie que ser coberta.
Figura 3 - Aplicao CCR sobre camada existente. Fonte: Acervo Digital ND Charpter Inc.
3.2.4 PAVIMENTOS ARMADOS
Tcnica utilizada quando necessrio uma capacidade de carga maior, ou a
diminuio da espessura da camada. Para combater as tenses de trao na flexo, coloca-se
ao na parte inferior da camada. Com essa tcnica, a extenso das placas pode ser aumentada
para at 30 m de extenso.
Figura 4 - Montagem armadura. Fonte: Acervo DNER
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3.2.5 SOLO-CIMENTO
Utilizado como base ou sub-base em projetos de rodovias. uma mistura de gua,
cimento e solo.
Figura 5 - Execuo Solo-Cimento. Fonte: Site www.obra24horas.com.br/
3.2.6 CONCRETO ROLADO
Tem o custo inicial mais baixo que o concreto convencional, e indicado para
rodovias com circulao de trfego pesado. Com a necessidade de liberar os trechos o mais
rpido possvel, utiliza-se traos com aditivos qumicos.
Figura 6 - Passagem Rolo. Fonte: www.concremix.com.br
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3.3 CONTROLE TECNOLGICO
O teste slump de extrema importncia. O comum que a cada quatro caminhes seja
feito o teste slump. A amostra deve permanecer em saco plstico ou protegida com plstico
durante a moldagem.
Os ensaios de abatimento tem valores fixados em funo do tipo equipamentos
utilizados na execuo, podendo ser equipamentos em quantidade reduzida ou equipamentos
sobre frmas-trilhos.
3.4 EXECUO
O concreto dever ser produzido em betoneiras estacionrias ou em centrais dosadoras
e misturadoras.
Figura 7 - Central dosadora de concreto. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
Define-se e executa-se de acordo com o projeto, o material e a espessura da camada
que ficar sob o pavimento de concreto.
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Figura 8 - Execuo Sub-base.. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
O transporte do concreto dever ser feito por meio de equipamentos que no provoque
a sua segregao. Os materiais misturados devero ser protegidos por lonas, para evitar a perda
de umidade durante o transporte ao local de espalhamento.
A camada lanada deve ter altura entre 20% e 30% maior que a camada final
compactada definida em projeto, a fim de que a espessura da camada solta, aps sua
compactao, seja atingida a espessura definida no projeto.
Figura 9 - Lanamento do concreto. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
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A compactao feita por rolos lisos vibratrio, sendo utilizadas placas vibratrias na
compactao de cantos e bordas.
Figura 10 - Compactao com Rolo Liso. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
Juntas: ao fim de cada jornada de trabalho ser executada uma junta transversal de
construo, em local j compactado.
Figura 11 - Execuo de juntas de dilatao. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
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Cura: a superfcie do concreto rolado dever ser protegida imediatamente aps o
trmino da compactao, contra a evaporao de gua por meio da asperso contnua de gua
ou a cura qumica, mas nos casos em que o CCR ir receber uma placa de concreto, a
recomendao executar pintura de emulso betuminosa. Durante o perodo de cura dever ser
interditado o trfego ou a presena de qualquer equipamento, at que o pavimento tenha
resistncia compatvel para a solicitao de carga.
Figura 12 - Cura do pavimento. Fonte: Revista Tchne Artigo 156636
O Maquinrio trabalha com uma velocidade mdia de 1,2 m/min, tomando-se o
cuidado do concreto no estar muito fludo. Equipamentos mais modernos, produzem at 1,5
km/dia. Outro ponto que muda de acordo com o equipamento utilizado, so as juntas de
dilatao. A distncia entre as placas fica entre 3 cm e 5 mm.
O corte das juntas feita aps a execuo das placas de concreto. Entre 6 e 12 horas
aps a execuo, o concreto est semi-endurecido, ento so feitos os cortes transversais com
serra, chegando a 1/3 da espessura do pavimento. Os cortes longitudinais so feitos 24 horas
aps a execuo. Para evitar acmulos de gua ou sujeira, as juntas so seladas.
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3.5 RECICLAGEM DE PAVIMENTOS
Ainda no seguimento de pavimentao, temos a reciclagem de pavimentos asflticos.
Embora popular no exterior, as tcnicas ainda esto chegando ao Brasil, sendo j executado a
mistura de material asfltico triturado com cimento. A mistura resultante deve possuir teor de
cimento de 2% a 3%, e utilizada como base de alta qualidade, sendo revestida posteriormente
com asfalto ou concreto. No exterior, tal tcnica defendida por ambientalistas pois diminui a
extrao de matria-prima. Para empresas executoras, diminui o valor global das obras de
pavimentao, sendo que dispensa a criao de bota-fora.
3.6 PATOLOGIAS
Como em outras obras de engenharia, a carncia de normas atuais, projetos
desqualificados e m execuo acarretam o surgimento de patologias. Por ter como atrativo a
durabilidade e a resistncia, qualquer aumento no oramento ocasionado por problemas
tcnicos torna a obra impraticvel.
O controle da obra deve compreender os seguintes itens:
- fornecimento de concreto
- slump constante
- volume de concreto adequado
- trabalhabilidade constante
- controle de dosagem
- qualidade dos agregados
- equipamentos limpos e com manuteno em dia.
As patologias mais comuns so as trincas longitudinais, ocasionadas por recalque da
fundao ou corte das juntas inadequados e as trincas transversais, ocasionadas por atraso nos
cortes ou desalinhamento das barras de transferncias. Os problemas podem ser solucionados
seguindo a profundidade e prazo de execuo das juntas definido em projeto, alm da
compactao correta da base.
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Figura 13 - Trinca Longitudinal Fonte: Revista Tchne Artigo 31625
Figura 14 - Trinca Transversal Fonte: Revista Tchne Artigo 31625
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3.7 OBRAS FAMOSAS
A primeira utilizao registrada na histria, aconteceu nos Estados Unidos, em 1893.
A proposta de construir um pavimento com concreto partiu de um qumico local, George
Bartholomew. Ele props a prefeitura, que s recebesse o pagamento pelo pavimento aps um
certo perodo de uso, em que ele provaria a qualidade da obra.
Figura 15 Court Avenue, em Bellefontaine, Ohio (1893), acervo online Southern Illinois University Edwardsville
17
Em 1973, a BR 290 (Porto Alegre Osrio) foi concluda, executada com asfalto.
Dois anos depois, surgiram problemas de fissuramento. O problema estava na
incompatibilidade do material da sub-base com a base. Enquanto a sub-base, solo de arenito,
expandia quando molhada, a base de BGTC no sofria alterao quando molhada. Com o
surgimento das fissuras, a gua passou a se infiltrar na estrutura. Com o trfego de veculos
pesados, as partculas finas foram expulsas das camadas mais baixas. A combinao das duas
patologias, enfraqueceu de tal modo a estrutura, que afundamentos surgiram.
Em 1994 o trecho passou a ser concessionado, e em 2000 um trecho de 17 km foi
escolhido para reparos. Levando em conta o custo-benefcio, foi escolhida a tcnica de
whitetopping. O custo inicial no assustou as empresas vencedoras da licitao, que viram o
fato da tcnica dispensar atividades preliminares de preparao do solo e das camadas
existentes um grande atrativo para a execuo. O desnvel medido no trecho foi de 40 mm/km,
sendo que nos Estados Unidos aceito um desnvel de at 150 mm/km.
3.8 COMPARATIVO PAVIMENTO FLEXVEL X RGIDO
As vantagens do concreto rolado em relao ao pavimento asfltico ficam
evidentes se as caractersticas so colocadas lado a lado.
Figura 16 - Comparativo Pavimento Rgido X Pavimento Flexvel. Fonte: Material Didtico Professor Francisco
Dalla Rosa
18
Figura 17 - Comparativo Pavimento Rgido X pavimento Flexvel. Fonte: Material Didtico Professor Francisco
Dalla Rosa
Utilizando o software OraInfra da Editora Pini, possvel comparar a questo do
custo para implantao de um trecho de CBUQ e outro de concreto asfltico. Utilizando o
modelo gentico mostrado abaixo, e considerando um trecho de 100 m de extenso com 7 m de
largura, obtemos os resultados a seguir. Vale destacar que a descrio do servio e seu valor
unitrio compreende uma composio de material, maquinrio e mo-de-obra necessrio. Os
custos utilizados so referentes ao banco de dados da TCPO edio 14.
Figura 18 - Modelo Genrico. Fonte: OraInfra
19
Pavimento em concreto:
Figura 19 - Oramento para Implantao de Pavimento em concreto. Fonte: OraInfra
Pavimento em CBUQ:
Figura 20 - Oramento para Implantao de Pavimento em CBUQ.. Fonte: OraInfra
20
4 BARRAGENS
Hoje o Brasil um dos pases que est mais avanado, no mundo, no uso de CCR -
principalmente em barragens, conforme afirma Selmo Kuperman, conselheiro do Instituto
Brasileiro do Concreto (Ibracon). Esse crescimento na sua utilizao em funo da sua
principal vantagem em relao a outros materiais, a rapidez na execuo.
A necessidade energtica do pas vem aumentando com o crescimento econmico e,
consequentemente, o nmero de novas unidades geradoras vem crescendo para atender a
demanda. O Brasil um pas rico em recursos hdricos, sendo a gerao hidreltrica a mais
utilizada.
Quando a demanda de construo aumenta busca-se processos construtivos mais geis,
porm tambm mais eficazes, para suprir esta demanda de execuo destaca-se a tecnologia do
concreto compactado com rolo por ser um processo rpido e relativamente econmico frente a
outros materiais.
O aumento da construo de barragens utilizando o concreto compactado com rolo
(CCR), motivado pela rapidez do mtodo construtivo que propiciada pela evoluo das
Figura 21 - Exemplo de barragem executada com CCR
21
tcnicas de dosagem, transporte, adensamento e cura, bem como dos equipamentos utilizados
para este fim, tambm pelo baixo consumo de cimento, entre outros fatores. Alm disso seu
custo final pode ser diminudo, tambm, em funo da disponibilidade de materiais quando
comparado com barragens similares construdas em concreto convencional (CCV).
No incio da utilizao, os custos unitrios do CCR chegavam a 100 dlares por m,
com o passar dos anos e a crescente difuso desta tecnologia, os valores foram sendo reduzidos,
chegando a 40 dlares ao m. Esse desenvolvimento do concreto rolado tem causado grande
impacto no planejamento, logstica, projeto e construo de barragens, pela confirmao, na
prtica, que sua utilizao uma maneira rpida, econmica e tecnicamente vivel. Vrios
projetos, do ponto de vista econmico, anteriormente considerado como pouco viveis, hoje
podem ser sinnimos de economia.
Sem dvidas as maiores vantagens da aplicao do concreto compactado com rolo
esto na diminuio no prazo de execuo e do custo da obra. Mas se compararmos a utilizao
do concreto compactado com rolo com as tradicionais barragens de terra ou enrocamento, os
volumes de materiais a serem lanados so bem menores, tornando-se outro ponto de
superioridade.
Ento, o CCR tornou-se uma tecnologia com amplas vantagens na construo de
barragens, pelo fato de alcanar agilidade e economia de custo.
Mas depois da construo, que j vimos possvel ser mais rpida e eficaz, tem de ser
analisado o comportamento do material ao longo do tempo. Com relao s barragens, existem
vrios relatos de deteriorao do concreto pela ao de guas agressivas que informam sobre a
formao de regies de percolao, as quais podem, com o tempo, causar danos estrutura,
principalmente devidos ao aumento da porosidade do concreto e reduo da resistncia
mecnica. Ento a grande importncia de serem bem analisados os modelos de barragens de
CCR, pois vrios cuidados devem ser tomados durante o projeto de uma barragem, de modo
que fique garantida a segurana, a durabilidade e a estanqueidade da obra.
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Figura 22 - Exemplo de barragem executada com CCR
4.1 MATERIAIS E DOSAGEM
CCR pobre: com baixo teor de material cimentcio, menor que 100 kg/m3,
razoavelmente permevel e pouco homogneo ao longo da espessura da camada, podendo
apresentar caminhos preferenciais de percolao
RCD: desenvolvido no Japo, o mtodo utiliza concreto mais argamassado e mido a
fim de assemelhar-se ao material convencional
CCR com alto teor de pasta: usa mais material cimentcio, com teores superiores a
150 kg/m3, visando permeabilidade semelhante do concreto convencional
23
Concreto com teor mdio de argamassa: com teor cimentcio entre 100 kg/m3 e 149
kg/m3, alia economia homogeneidade
Concreto com alto teor de finos (ATF): desenvolvido no Brasil, procura driblar a
limitao de disponibilidade de cinza volante ou outros tipos de pozolanas
4.2 APLICAES E EXECUO
Figura 23 - lanamento de concreto
A tcnica utiliza maciamente equipamentos para colocao e compactao do
concreto, diminuindo a parcela de mo-de-obra por unidade de volume quando comparado com
obras de concreto convencional, gerando um processo industrial muito eficiente, com
atividades repetitivas mensurveis.
O processo executivo impacta em todas as etapas construtivas, pois seus paradigmas
de execuo e controle so particulares e totalmente diferentes na prtica usual dos concretos
convencionais, bem como pode trazer aspectos a serem avaliados e monitorados ao longo da
vida til da obra.
24
Devido sua consistncia seca possibilita que camadas de concreto possam ser
lanadas imediatamente aps o adensamento da camada anterior, gerando rapidez e economia
na construo.
Em projetos e construes de barragens de concreto, reconhecida a importncia da
elevao da temperatura do concreto devido ao calor de hidratao e subsequente retrao e
fissurao que ocorre no resfriamento. A fissurao de origem trmica pode ser uma das
responsveis pelo comprometimento da estanqueidade e estabilidade estrutural da barragem. A
metodologia convencional de construo de barragens de concreto adota normalmente a diviso
da estrutura em blocos, com juntas construtivas e de contrao transversais e longitudinais,
Utilizando-se a tcnica de concreto compactado com rolo, o lanamento feito em camadas
extensas ao longo da seo longitudinal da barragem e com pequena em intervalos de tempo
menores. Este tipo de construo combina a menor seo transversal das barragens de concreto
com elevadas velocidades de lanamento das barragens de terra ou enrocamento. Os
procedimentos so bastante repetitivos e totalmente baseados no uso de equipamentos de
grande porte, tem na alta velocidade de execuo uma das maiores vantagens em relao aos
mtodos tradicionais.
O desenvolvimento desta metodologia resultante da necessidade de se
projetar barragens de concreto que possam ser construdas de forma mais rpida e econmica,
em relao quelas construdas pelos mtodos convencionais, mantendo-se os requisitos de
projeto como integridade, estanqueidade e durabilidade.
Existem duas metodologias para a construo de barragem em CCR: a metodologia
tradicional, que consiste na construo da barragem com camadas horizontais, e o mtodo
rampado, que consiste basicamente no lanamento de camada formando uma rampa.
4.2.1 Mtodo tradicional
No entanto, os procedimentos bsicos se mantm. Uma betoneira despeja o
concreto no sistema de transporte - caminhes basculantes ou correias transportadoras - que o
leva at o local da aplicao; tratores com lminas frontais espalham a mistura e rolos
compressores a compactam. Estes devem ter pelo menos 10 t e s devem vibrar aps a primeira
passagem.
25
Em geral, cada camada tem 0,33 m antes da compactao e passa a ter 0,30 m aps a
passagem dos rolos. Caso a execuo da camada seguinte extrapole o tempo previsto em
projeto, uma camada de argamassa, com desde 0,5 cm at 1 cm, aplicada para selar e colar as
camadas de concreto. "No existindo, a depender do tipo de CCR, a ligao entre as camadas
ficaria prejudicada e poderia haver passagem de gua", explica Kuperman. Essa argamassa
deve ser aplicada no mximo uma hora antes da nova camada ser lanada.
Juntas de dilatao verticais existem para que a estrutura seja dividida em blocos e,
assim, seja evitado - ou minimizado - o aparecimento de fissuras de origem trmica na direo
montante-jusante. J as juntas de construo horizontais, inevitveis em barragens por
constiturem um ponto fraco quanto passagem de gua, devem ser tratadas com tecnologia
adequada e que possibilite a ligao perfeita entre as camadas.
A cura, que inicia cerca de cinco horas aps a compactao, exige os mesmos
cuidados que o concreto convencional. Mesmo porque, explica as tecnologias desenvolvidas no
Brasil permitem utilizar uma dosagem de cimento bastante baixa, reduzindo a incidncia de
patologias decorrentes de problemas durante a cura.
Figura 24- Mtodo tradicional
26
4.2.2 Mtodo rampado
O Mtodo Rampado consiste em executar camadas de CCR em rampa com altura
varivel entre 1,80 a 3,00 m, com sub-camadas de 30 a 35 cm de altura. As sub-camadas so
consequentemente executadas em rampa cuja declividade pode variar de 7 a 10%, o que resulta em uma
superfcie de exposio reduzida, possibilitando assim a cobertura completa da frente de concretagem em no
mximo 4 horas, tornando desnecessria a aplicao da argamassa de ligao entre sub-camadas,
sendo necessrio a aplicao da argamassa de ligao somente no trecho da camada rampada em contato
com a camada anterior de 2,0 m.
Figura 25- Mtodo rampado
27
4.3 PROPRIEDADES
O CCR, atinge normalmente a resistncia equivalente aos concretos comuns com a
mesma dosagem de cimento. "A resistncia de 30 MPa fcil de conseguir desde que os
materiais e a dosagem sejam adequados", atesta Selmo Chapira Kuperman, consultor da Desek.
Ele conta, ainda, que h experincias estrangeiras de pavimentao que comprovam a
viabilidade de obter CCR de at 70 MPa. "Basta melhorar a dosagem para alcanar a
resistncia desejada."
O CCR mostra-se vantajoso quando h necessidade de usar grandes volumes de
concreto e onde no h grandes exigncias de resistncia trao e flexo, j que, geralmente,
no armado ou protendido. "Embora seja possvel em alguns casos, no se usa armadura para
no perder a facilidade de aplicao", comenta Andriolo.
Assim sendo, resistente compresso, ideal para construo de barragens. No h
limite de altura para barragens, mas a mdia brasileira de 60 m a 70 m de altura, com a mais
alta chegando aos 95 m. "No exterior h barragens com mais de 200 m", ilustra Andriolo.
Apesar de ser largamente difundido o uso do CCR como base de estradas, as de alta velocidade
ainda no podem se beneficiar das caractersticas do CCR enquanto revestimento. "O uso como
capa rodante prejudicado devido a problemas de textura e uniformidade, que podem trazer
desconforto em velocidades superiores a 80 km/h", explica Kuperman.
Para tanto, algumas so as solues possveis, que esto sendo desenvolvidas
principalmente no exterior. Dentre elas, a melhora nas dosagens, o uso de pequena camada de
concreto convencional para revestimento, a sofisticao no uso de equipamentos de
pavimentao e, at mesmo, o lixamento superficial. Essa ltima possibilidade menos
estudada por ser pouco econmica.
4.4 OBRAS FAMOSAS
O uso da tecnologia do concreto compactado com rolo na construo de barragens
surgiu no princpio dos anos 70 e destacou-se a partir da dcada de 80. Em 1982, foi notificado
o trmino, em menos de cinco meses, da barragem de Willow Creeck, com 52 m de altura,
localizada nos Estados Unidos. Foi a primeira grande barragem no mundo totalmente
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construda em concreto compactado com rolo, com volume de CCR em torno de 329.000m. A
experincia brasileira na aplicao do CCR em barragens teve incio em 1976, na usina
hidreltrica de Itaipu, onde foi executado um piso da oficina mecnica da empreiteira, onde
utilizou-se em mdia um volume de 26.000m de CCR. Posteriormente, nesta mesma obra
foram implementados estudos com a construo de macios experimentais, ensaios de
laboratrio e aplicao de CCR em alguns acessos s fundaes da barragem.
4.5 ARTIGO
Barragens e pavimentos -Trecho de artigo sobre diferenas do CCR utilizado em
barragens e pavimentao
Muitas diferenas marcam o uso da tecnologia em barragens e pavimentos. No primeiro caso, a
base da represa deve ser rgida, com rocha firme. Uma camada de concreto convencional de 20
MPa regulariza o terreno. Em montante, executa-se uma parede de concreto de face
convencional, que impermeabilizar o CCR. "Outra vantagem do CCR que possibilita
comear as obras j na calha do rio, ao contrrio de represas de terra, que comeam pelas
bordas", compara Getlio Peixoto Maia, engenheiro do DNOCS (Departamento Nacional de
Obras Contra a Seca). Em pavimentos, o CCR aplicado diretamente no solo terraplenado. O
material serve de base para o revestimento de concreto convencional ou asfalto. "A espessura
varia de acordo com o projeto estrutural do pavimento, mas a eficincia do mtodo bastante
grande", afirma Rubens Vieira, chefe do Agrupamento de Infra-Estrutura Viria,
Impermeabilizao e Obras do IPT. "Mas ainda no h cultura construtiva no Brasil para que se
use concreto compactado em pavimentos." De acordo com diretrizes do DNER (Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem), o CCR deve ser utilizado como sub-base e atingir
resistncia de 5 MPa aps 5 dias, com consumo de cimento entre 80 kg/m e 120 kg/m.
Artigo retirado do site www.revistatechne.com.br.
29
5 NORMATIZAO
DNIT 059/2004 ES: Pavimento rgido Pavimento de concreto de cimento Portland,
compactado com rolo Especificao de servio.
ABNT NBR NM 4:2000: Concreto compactado com rolo - Determinao da
densidade in situ com o uso de densmetro nuclear.
ABNT NBR NM 5:2000: Concreto compactado com rolo - Determinao da umidade
"in situ" com o uso de densmetro nuclear.
DNIT ES-056/2004. Pavimentos rgido Sub-base de concreto de cimento Portland
compactado com rolo Especificao de servio.
DNER-vol. 1/92 - Manual de Pavimentos de Concreto Rolado.
DNER-vol. 2/92 - Manual de Pavimentos de Concreto Rolado.
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6 CONCLUSO
Com a finalizao deste trabalho verificamos que o concreto compactado a rolo
de extrema importncia e so inmeras suas vantagens, como qualidade, custo,
durabilidade, ausncia de manuteno peridica e velocidade na execuo.
O concreto compactado a rolo, aparece como uma tcnica centenria, mal
explorada no mercado nacional. Ainda costume as pessoas olharem com desconfiana
para sua execuo, partindo do pr-conceito que o concreto s pode ser empregado na
construo civil. Com o aumento das PPP`s (Parceria Pblico Privada), a utilizao de tais
mtodos passar a ser pauta em novos projetos de barragens e rodovias. ilgico, em
obras de investimento to grande, insistirmos em tecnologias defasadas.
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7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
http://www.concrete.org/general/home.asp : acesso em 17/04/2013.
DONATO, MACIEL. Comportamento Mecnico do Concreto Compactado com Rolo
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URFGS, Porto Alegre, 2003.
RICI, GINO. Estudo das Caractersticas Mecnicas do Concreto Compactado com
Rolo com Agregados Reciclados de Construo e Demolio para Pavimentao. Dissertao
apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para a obteno do Titulo de
Mestre em Engenharia. Engenharia Civil- Universidade de So Paulo, 2007.
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http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/152/melhores-praticas-aplicacao-de-
concreto-compactado-com-rolo-156636-1.asp acesso em 12/04/2013
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/125/artigo59009-1.asp
RIBEIRO, A. C. BITTENCOURT. Study on high performance roller compacted
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PITTA, MRCIO ROCHA E DAZ, PATRCIO S. Estado-del-arte de los pavimentos
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