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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ Comunicação e Política Luiza Cristina Mota Feitosa À luz do pensamento político moderno proposto por Maquiavel, em sua obra O Príncipe, é possível entender o contexto pelo qual a política brasileira encontra-se atualmente, em crise. O governo presidido por Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, atingiu os piores níveis de aceitação em um curto espaço de tempo. Sua reeleição contrariou claramente poderosos interesses contidos no grande empresariado, classes elitistas, grandes mídias privadas, que viram aí, a repetição do que houve em seu mandato anterior: mudanças que afetariam o estado atual privilegiado dos grupos dominantes. Desde então, o governo permanece na possibilidade da perda do poder, engendrado por um golpe que visa à derrubada do Partido dos Trabalhadores (PT). Maquiavel explica que a finalidade política está na tomada e manutenção do poder. Para isso, ele conceitua que a arte de governar dependerá do uso estratégico da virtude- fortuna que, em sua releitura, significa a capacidade de se adaptar a diferentes situações e acontecimentos independentes de sua vontade, podendo ser boas ou ruins. Sob este viés, Dilma não soube equilibrar os dois lados da moeda, o que a enfraqueceu politicamente. Isto se intensificou com o decorrer das investigações da Operação Lava Jato, que a fez perder sua popularidade diante do povo, até então, seu aliado. A perda da governabilidade, a falta de capacidade de reação e direção do poder Executivo e, logo mais, com a crise econômica em que o país se instalou, o governo viu romper o pacto de aliança de classes.

Comunicação e Política

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Reflexão sobre a crise política do Brasil em 2015, a partir dos conceitos teóricos de Maquiavel.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ

Comunicação e Política

Luiza Cristina Mota Feitosa

À luz do pensamento político moderno proposto por Maquiavel, em sua obra O Príncipe, é possível entender o contexto pelo qual a política brasileira encontra-se atualmente, em crise.

O governo presidido por Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, atingiu os piores níveis de aceitação em um curto espaço de tempo. Sua reeleição contrariou claramente poderosos interesses contidos no grande empresariado, classes elitistas, grandes mídias privadas, que viram aí, a repetição do que houve em seu mandato anterior: mudanças que afetariam o estado atual privilegiado dos grupos dominantes. Desde então, o governo permanece na possibilidade da perda do poder, engendrado por um golpe que visa à derrubada do Partido dos Trabalhadores (PT).

Maquiavel explica que a finalidade política está na tomada e manutenção do poder. Para isso, ele conceitua que a arte de governar dependerá do uso estratégico da virtude-fortuna que, em sua releitura, significa a capacidade de se adaptar a diferentes situações e acontecimentos independentes de sua vontade, podendo ser boas ou ruins.

Sob este viés, Dilma não soube equilibrar os dois lados da moeda, o que a enfraqueceu politicamente. Isto se intensificou com o decorrer das investigações da Operação Lava Jato, que a fez perder sua popularidade diante do povo, até então, seu aliado. A perda da governabilidade, a falta de capacidade de reação e direção do poder Executivo e, logo mais, com a crise econômica em que o país se instalou, o governo viu romper o pacto de aliança de classes.

Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias, diz Maquiavel, deve-se mudar com elas e, como elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrá-las e vencê-las. Caminhando contra esses preceitos, o governo Dilma não soube enfrentar as adversidades: muito foi dado aos pobres, esquecendo-se de satisfazer também, as elites e os mais poderosos que o cercam, deixando-os se fortalecerem com mobilizações em prol do seu impeachment.

“É muito mais seguro ser temido e respeitado, do que ser odiado”. Pois assim obtém-se um certo equilíbrio entre ser temido pelos opositores e amado pelo povo. E assim, a crise política brasileira foi instaurada: o sentimento de ódio a um governo enfraquecido por uma virtude política má gerenciada, ou seja, a incapacidade de tomar e manter o poder ao mesmo tempo em que sucumbe ao poderio das circunstâncias.