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Como produzir matéria prima vegetal padronizada e na quantidade requerida para a produção de
fitoterápicos. Dr. Ilio Montanari Jr. www.cpqba.unicamp.br [email protected]
Para que conclusões das pesquisas científicas possam ser generalizadas, é preciso que as mesmas tenham repetitibilidade.
Para que tenham repetitibilidade é preciso manter as mesmas condições experimentais.
Fazem parte das condições experimentais as amostras que são submetidas à pesquisa.
- Ambiental (solo; clima; pragas; espaçamento; irrigação; tipos de cultivo: cultivo orgânico, convencional, hidroponia; altitude, etc.); - Genético (características herdáveis);
- Ontogenia (estágio de desenvolvimento da planta);
- Pós-colheita (condições de secagem e armazenamento, principalmente);
Quatro fatores influenciam o padrão químico da matéria prima:
Vera Lúcia Garcia Rehder, Marili Villa Nova Rodrigues, Adilson Sartoratto, Adriana Silva Santos, Glyn Mara Figueira, Ilio
Montanari Junior, Benício Pereira. 2000. VARIAÇÃO NOS TEORES DE CUMARINA EM ACESSOS DE MIKANIA
SSP. XVI Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Anais do Simpósio. Recife- PE
Teores de cumarina em diferentes genótipos de Mikania laevigata
Teores de princípios ativos = fenótipo (F) F = G + A
Espécie Origem Cumarina
(%)
M. laevigata Ubatuba 2,11
M. laevigata Iguape 2,61
M. laevigata IAC-
Campinas
1,10
M. laevigata Piracicaba 1,46
10 -3
10 -2
10 -1
10 0
10 1
10 2
10 3
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
Smilax brasiliensis (1)
UACC.62 MCF.7 NCI.460 K.562 OVCAR PC0.3 HT.29 786 NCI.ADR
Po
rcen
tage
m d
e C
resc
imen
to
Concentração (μg/mL)
10 -3
10 -2
10 -1
10 0
10 1
10 2
10 3
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
Po
rcen
tage
m d
e C
resc
imen
to
Concentração (μg/mL)
UACC62 MCF7 NCIADR NCI460
PCO3 OVCAR03 HT29 K562
Smilax brasiliensis (2)
F = G + A
Linhagens de células tumorais: VACC6 - Melanona; MCF - Mama; NCI46 - Pulmão; K56 - Leucemia; OVCA - Ovário; PCO - Próstata; HT2 - Cólon; NCIAD - Ovário (resistente à múltiplas drogas). Gráficos cedidos por João E. de Carvalho, Unicamp-CPQBA-Divisão de Farmacologia.
Atividade anticâncer em cultura de células tumorais humanas do extrato das folhas de dois indivíduos de Smilax brasiliensis (salsaparrilha)
Diferenças químicas causadas pela variação
genética em Pfaffia paniculata
F = G + A
Cromatogramas cedidos por Adilson Sartoratto, Divisão de Química Orgânica e Farmacêutica, CPQBA-UNICAMP
Ou: quimiotipo = fenótipo = G + A
Rendimentos e principais constituintes do óleo essencial de Cordia verbenacea (erva baleeira)
Planta Rendimento de óleo
(%)
Principais
compostos (% no
óleo)
1 0,06 2(21,2); 4(15,9);
9(8,8); 5(5,2); 3(4,8)
9 0,11 2(43,5); 4(13,5);
9(5,4); 3(4,5);
11(3,3)
12 0.02 4(21,6); 6(17,6);
8(8,0); 5(7,4); 7(3,2)
16 0,02 4(32,7); 5(10,7);
6(9,0); 2(5,1);
12(4,7)
18 0,03 4(14,5); 2(12,1);
8(10,0); 1(5,5);
3(5,2)
2: alfa-pineno; 3:1,8 cineol; 4: trans-cariofileno; 5:alfa-humuleno; 6: alloaromadendreno; 7: germacreno; 8: espatulenol; 9:elemeno; 11:beta-pineno.
In: Figueira et al. 2001. Características morfológicas, fitoquimicas de Cordia curassavica e estudo da propagação in vitro (parte). III Simpósio de Recursos Genéticos para América Latina e Caribe. Londrina-PR.
F = G + A
Teste de coloração com extratos de Arrabidea chica
Fotos: Ilza Maria de Oliveira Souza , Divisão de Fitoquímica, CPQBA-UNICAMP
F = G + A
Rotas metabólicas
Os princípios ativos responsáveis pelo efeito terapêutico de uma planta são produzidos pelo metabolismo secundário (há exceções). Este metabolismo,é regido pelo código genético do indivíduo. Isto porque as reações bioquímicas, são catalisadas por enzimas (proteínas), determinando a quantidade e composição dos princípios ativos produzidos. Por sua vez, os genes são ativados ou desativados pelas condições ambientais.
Conclusão: Uma vez que o fenótipo (ou quimiotipo) é a manifestação da interação entre o genótipo e o ambiente, o padrão químico da amostra de plantas geneticamente estáveis e provenientes de um mesmo local não se alterará.
Consequência: progresso nas pesquisas com plantas medicinais.
Por sua vez, a amostra padronizada proporcionará a esperada repetitibilidade dos resultados.
Ecológica: muitas espécies brasileiras estão ameaçadas devido à diminuição do seu ambiente natural e ao extrativismo a que vêm sendo submetidas.
Garantir a qualidade da matéria prima
O cultivo é uma maneira de aliviar a pressão ecológica exercida pelo extrativismo.
Num ambiente agrícola pode-se controlar os fatores que influenciam a qualidade: ambiente, ontogenia, genética e pós-colheita
Garantir a produção do produto acabado
Através do cultivo pode-se planejar a quantidade, a regularidade de fornecimento e o padrão da matéria prima
Importância do cultivo
Montanari Jr., I. 2010. Domesticação de Plantas Medicinais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 31, n. 255, p. 52-56
Artemisia annua
A planta ideal para o agricultor é diferente da planta ideal para o químico, que é diferente da planta ideal do farmacólogo... Mas para desenvolver um fitoterápico é preciso satisfazer simultaneamente todos os segmentos envolvidos.
Populações Selvagens (estudos ecológicos: condições naturais de onde a planta ocorre, principalmente solo, clima e ambiente) (estudos biológicos: época de floração, crescimento, ciclo, modo de reprodução, biologia floral)
Criação de banco de germoplasma (descrição da variabilidade: características de importância agrícola e química, como resistência a doenças, arquitertura, vigor, índice de colheita, teor e composição de princípios ativos)
Experimentos de campo
(definição de
técnicas de cultivo preliminares)
Seleção de plantas elite (definição dos objetivos do melhoramento: características agrícolas e químicas)
Cultivo em escala piloto
Melhoramento genético
Estudo da herdabilidade Definição do método
Produção de material para propagação
(sementes e/o vegetativo)
Experimentos de campo
(otimização das técnicas de cultivo)
Cultivo em escala comercial
Etapas para o desenvolvimento de tecnologia de produção de uma matéria prima vegetal
Montanari Jr., I. 2010. Domesticação de Plantas Medicinais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 31, n. 255, p. 52-56