Upload
phamque
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Pedro Carlos CaniEngenheiro Agrônomo
Rosane Freitas FrangiloZootecnista
Vitória-ES
2008
COMO PRODUZIR LEITEDE QUALIDADE
Copyright© - Todos os direitos reservados.
ACPGLES - Associação de Criadores e Produtores de Gado de Leite do Espírito SantoLadeira Virgílio Lambert, 144 - Centro - Santa Teresa - ES - Cep 29650-000
Tel.: 27 3259-1383 - e-mail: [email protected]
Documento nº 01Janeiro 2008
Coordenação Editorai:Liliâm Maria Ventorim Ferrão
Colaboradores:Antônio Wanderley Basoni JúniorRobertson Valladão de Azeredo
Bevaldo Martins Pacheco
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica:Oficina de Letras Comunicação - (27) 3222-6955
Revisão de Português:Raquel Vaccari de Lima Loureiro
Fotos:Augusto Carlos BarraqueRosane Freitas Frangilo
Impressão:
Tiragem: 10 mil exemplares
Ficha Catalográfica: Cleuza Zanetti Monjardim
637-127 Cani, Pedro Carlosc 223 C Como produzir leite de qualidade/ Pedro
Carlos Cani, Rosane Freitas Frangilo. Vitória, ES: ACPLES/Seag-ES, 2008.
36p. il.(ACPGLES. Documentos, 1)
Inclui bibliografia
1- Leite - Qualidade – Produção I Cani, PedroCani. II Frangilo, Rosane Freitas. III Título
S u m á r i o
Apresentação .......................................................................................................................................................... 7
1. O que é leite de qualidade? .......................................................................................................................... 9
1.1 Como é feito o controle de qualidade do leite?..........................................................................10
2. Como obter leite de qualidade? ...............................................................................................................13
2.1 Higienização no processo de obtenção do leite ........................................................................15
2.1.1 Características de um bom ordenhador .............................................................................16
2.1.2 Higienização da sala de ordenha ...........................................................................................17
2.1.3 Higienização dos latões e utensílios .....................................................................................18
2.1.4 Higienização da ordenhadeira ................................................................................................19
2.1.5 Manutenção dos equipamentos ............................................................................................20
2.1.6 Higiene da ordenha ....................................................................................................................21
2.2 Destino do leite depois da ordenha ...............................................................................................26
2.3 Resfriamento do leite............................................................................................................................27
2.3.1 Higienização do resfriador de leite ........................................................................................28
3. Mamite ...............................................................................................................................................................30
3.1 O que é mamite? ...................................................................................................................................30
3.2 Prejuízos causados pela mamite .....................................................................................................33
3.3 Como a mamite é transmitida ..........................................................................................................33
3.4 Controle da mamite .............................................................................................................................36
�
A p r e S e n t A ç ã o
A sociedade, cada vez mais exigente, anseia e busca por alimentos
de qualidade.
Atenta a esta realidade, a pecuária de leite vem sendo marcada por
intenso processo de especialização da produção exigida, na mesma
intensidade, pelas indústrias de laticínios, quanto à qualidade do lei-
te produzido nas unidades de produção.
O Governo, percebendo essa nova demanda de produção e de con-
sumo editou, em 2002, a Instrução Normativa nº 51, com vistas ao
aperfeiçoamento e a modernização da legislação sanitária, objeti-
vando a obtenção de leite de qualidade para ser ofertado ao mer-
cado consumidor. Melhorar a qualidade do leite é uma obrigação
de quem produz e não uma opção, pois o consumidor tem o direito
de adquirir produtos de confiança, tanto do ponto de vista sanitário
quanto nutricional.
Sentindo a ausência de trabalhos sobre a obtenção de leite de qua-
lidade no Estado do Espírito Santo, a Associação de Criadores e Pro-
dutores de Gado de Leite do Espírito Santo, juntamente com a Or-
ganização das Cooperativas do Brasil – OCB, decidiram publicar o
presente trabalho.
�
É um trabalho extremamente oportuno, pois as informações nele
contidas visam capacitar os produtores e trabalhadores para produ-
zirem leite de qualidade e, assim, atender as exigências do cidadão
consumidor e das indústrias.
É um trabalho abrangente, pois aborda os cuidados com a matéria-
prima, que vão desde a fonte de produção, passam pelos caminhos
por ela percorridos indo até a plataforma de recepção da indústria e
tem como foco dominante a segurança alimentar do consumidor.
É fruto de intensa consulta a técnicos do setor e a publicações espe-
cializadas, na busca de produzir um documento amplo para atender
todos os elos da cadeia produtiva relacionados com a obtenção de
leite de qualidade. Foi redigida em linguagem simples e reforçada
com inúmeras imagens fotográficas para permitir fácil entendimento
do seu conteúdo.
Um bom trabalho, sem dúvida, de qualidade.
Boa leitura.
César Colnago
Secretário de Estado da Agricultura,
Abastecimento, Aqüicultura e Pesca
�
1. O QUE É LEITE DE QUALIDADE?
Leite de qualidade é aquele produzido por vacas sadias e bem alimentadas, que conserva as
qualidades nutritivas ao longo de todas as etapas de sua obtenção e não apresenta riscos para
a saúde humana quando consumido.
Os principais fatores que alteram a qualidade do leite são:
• presença de colostro;
• falta de higiene na ordenha e nos equipamentos
usados;
• leite de vaca com mamite;
• demora no processo de resfriamento do leite;
• alimentação da vaca em produção.
Colostro – É o leite grosso, amarelado e cremoso, obtido na primeira ordenha após o parto.
Apenas o leite da primeira ordenha é denominado colostro. O leite obtido da segunda até
a oitava ordenha (quinto dia de lactação) é considerado leite de transição, devido a sua
composição ir se assemelhando gradualmente ao leite integral. O colostro é muito rico em
substâncias de defesa (anticorpos), as quais permitem ao bezerro recém-nascido defender-
se do ataque de doenças.
10
1.1 COmO É fEITO O COnTrOLE DE QUALIDADE DO LEITE?
O controle de qualidade do leite começa na propriedade, pois a Instrução Normativa Nº 51 do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determina que, pelo menos uma
vez por mês, amostras do leite de cada propriedade devem ser enviadas pela indústria para
serem analisadas na Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL).
Os resultados das análises são entregues a cada produtor, assim ele fica sabendo o que deve
fazer para eliminar o problema encontrado. As análises realizadas no leite são:
• Contagem Bacteriana Total (CBT);
• Contagem de Células Somáticas (CCS);
• Determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desengordurados;
• Pesquisa de resíduos de antibióticos;
• Pesquisa de indicadores de fraudes e adulterações.
Contagem Bacteriana Total: indica a contaminação do leite por bactérias. Quanto menor a
contagem, maior rigor higiênico existiu nas etapas de obtenção do leite.
Bactérias são micróbios!
Os micróbios não podem ser vistos a olho nu. Para ver os micróbios presentes no leite é preciso
usar um aparelho chamado microscópio. As bactérias estão presentes na água, no ar, na terra,
no capim, nos pêlos e nos tetos da vaca, nas fezes, na urina, na roupa e nas mãos do ordenhador,
nos insetos e nos equipamentos de ordenha sujos. A maioria das bactérias não causa proble-
ma. Algumas trazem benefícios para o homem. Outras causam doenças. Algumas estragam os
alimentos, é o caso das que se alimentam do leite. O leite atacado pelas bactérias fica com sua
qualidade ruim.
11
Contagem de Células Somáticas: é a quantidade de células presentes no leite, sendo uma
parte proveniente do tecido interno do úbere e outra, de células de defesa do animal. Quando
as bactérias causadoras da mamite atacam o úbere, as células de defesa passam do sangue
para o úbere para combater essas bactérias. Quanto mais intenso for o ataque das bactérias,
maior será a contagem de células somáticas no leite.
A Instrução Normativa Nº 51 do MAPA define que a Contagem Bacteriana Total e a Contagem
de Células Somáticas no leite cru refrigerado devem passar por uma redução gradual ao longo
dos anos, conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 1 – Contagem Bacteriana Total (CBT) máxima e Contagem de Células Somáticas (CCS)
máxima admitidas no leite cru refrigerado, na Região Sudeste do Brasil
Índice medido (por propriedade ou por tanque comunitário)
Até 1º/07/2008A partir de 1º/07/2008
A partir de 1º/07/2011
Contagem Bacteria-na Total (UFC/ml)
1.000.000 750.000 100.000
Contagem de Células Somáticas (CCS/ml)
1.000.000 750.000 400.000
Observações:
UFC/ml: significa Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de leite. Mede a contamina-
ção que ocorreu durante a ordenha, o armazenamento e no transporte do leite.
Determinação da quantidade de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desen-
gordurados: a análise destes componentes é feita porque eles são responsáveis pelo valor nutriti-
vo do leite. Quanto maior a quantidade destes componentes, maior será o rendimento na fabrica-
ção dos derivados de leite. Vacas mal alimentadas, vacas com mamite, falta de higiene na ordenha
e refrigeração mal feita são fatores que provocam alteração na quantidade desses componentes.
12
IMPORTANTE:
Para produzir leite com qualidade, as vacas devem consumir pastos bem manejados, que
crescem em solos não degradados. Se as pastagens são boas, somente as vacas que produ-
zem acima de 12 quilos de leite por dia devem receber complementação alimentar. Logica-
mente, isso depende de uma avaliação técnica feita para cada caso.
Pesquisa de resíduos de antibióticos: antibióticos são medicamentos usados para tratar do-
enças infecciosas causadas por bactérias. A infecção mais comum tratada com antibiótico em
vacas é a mamite. Quando se aplica antibiótico em uma vaca, o leite que ela produz passa a
conter resíduos desse antibiótico durante um determinado tempo. Durante esse tempo, o
leite não deve ser aproveitado ou vendido. É muito importante seguir as informações do fabri-
cante quanto ao período de carência do produto.
Vale lembrar que outros produtos utilizados nos animais e na limpeza de equipamentos
podem estar presentes no leite. É o caso dos vermífugos, carrapaticidas, inseticidas, desin-
fetantes e detergentes. O produtor deve estar atento, de modo a evitar os resíduos desses
produtos no leite.
Atenção!
O leite com antibiótico não deve ser aproveitado, porque pode:
• causar alergias em quem beber o leite;
• desenvolver resistência em bactérias causadoras de doenças;
• prejudicar o crescimento dos fermentos usados na fabricação de queijos e iogurtes, trazen-
do prejuízos às indústrias e ao produtor.
13
Para evitar a presença de antibióticos no leite, é necessário identificar a vaca tratada, anotar o dia e
a hora do tratamento, o antibiótico usado e o prazo de eliminação deste antibiótico pelo animal.
Pesquisa de indicadores de fraudes e adulterações: este tipo de pesquisa é realizado pelo
menos duas vezes ao mês. Visa identificar fraudes e adulterações realizadas por alguns produ-
tores que ainda insistem em praticar essas irregularidades. Uma vez identificada a fraude ou
adulteração, o leite é descartado.
2. COmO OBTEr LEITE DE QUALIDADE?
A obtenção do leite de qualidade começa ordenhando-se apenas vacas sadias. A seguir, três
procedimentos fundamentais devem ser adotados: higienização no processo de obtenção do
leite, resfriamento do leite e controle da mamite.
Leite resfriado paralisaa multiplicação dosmicróbios, assim aqualidade do leite émantida
14
Equipamentos,mãos do ordenhador
e úbere da vacadevem receber
limpeza rigorosa
Somente úbere sadio produz leite
de qualidade
15
2.1 HIGIEnIZAÇÃO nO PrOCESSO DE OBTEnÇÃO DO LEITE
A higienização envolve limpeza e desinfecção.
Limpeza: é a remoção da sujeira dos equipamentos, dos tetos das vacas e das mãos do orde-
nhador. Para realizar esta tarefa, é preciso ter água de qualidade disponível.
Água de qualidade: é água potável que deve existir em quantidade suficiente para atender
ao trabalho diário de limpeza e higienização dos animais, dos equipamentos e das instala-
ções. Água potável é livre de micróbios, matéria orgânica e outros contaminantes. A qua-
lidade da água deve ser comprovada em análise de laboratório. Os reservatórios de água
devem ser mantidos tampados e isolados.
Desinfecção: é a eliminação de micróbios causadores de doenças ou
que promovem fermentações indesejáveis no leite e nos derivados.
A limpeza e desinfecção de todos os utensílios e equipamentos
usados na produção de leite, bem como a higiene pessoal do
ordenhador, deverão ser realizadas criteriosamente. Os equipa-
mentos devem ser limpos e desinfetados imediatamente depois
de terminada a ordenha. Quanto mais tempo demorar, mais difí-
cil fica remover os restos de leite.
A água deve ser captada em fonte segura, livre de contaminantes e o depósito deve ser protegido contra a entrada de animais
16
2.1.1 Características de um bom ordenhador
O comportamento do ordenhador durante a ordenha exerce significativa influência na produ-
ção de leite das vacas. Portanto, é preciso que haja bom entrosamento entre o ordenhador e
as vacas. Assim, o ordenhador deve ser cauteloso no manejo com as vacas e realizar a mesma
rotina durante todas as ordenhas.
Além disso, um bom ordenhador deve adotar alguns procedimentos importantes para ajudar
obter leite de qualidade, dentre eles:
• apresentar bons hábitos de higiene (roupa limpa, botas de borracha, cabelos e unhas cor-
tadas);
• lavar as mãos antes e durante a ordenha;
• apresentar bom nível de conhecimento técnico.
O ordenhador deve lavar as mãos antes de iniciar a ordenha
e sempre que sujaras mãos
1�
2.1.2 Higienização da sala de ordenha
A sala de ordenha deve ser um local tranqüilo, limpo e que ofereça conforto às vacas. Latões,
detergente, soluções desinfetantes, papel toalha, caneca telada de fundo preto, frasco para
imersão dos tetos e escova devem estar na sala de ordenha e disponíveis para uso.
A sala de ordenha deve ser organizada e higienizada para receber as vacas.
Todos os equipamentosdevem estar limpos edisponíveis na horada ordenha
1�
2.1.3 Higienização dos latões e utensílios
• Lave os latões e suas tampas com água morna a 45ºC.
• Em seguida, utilize um detergente alcalino clorado na dosagem indicada pelo fabricante do
produto, em água morna, promovendo esfregação completa em toda a superfície interna
do latão, enxágüe com água limpa por três vezes seguida.
• Após limpeza com detergente alcalino, passe uma solução de detergente ácido diluído, em
água em torno de 60ºC, enxaguar muito bem.
• Deixe os latões emborcados em estrados próprios para facilitar a secagem.
• Lave os filtros e demais utensílios com água morna, e a seguir desinfete-os com detergentes
e coloque-os em locais secos, arejados, limpos e protegidos contra moscas e outros insetos.
Lavagem dosequipamentos
com água limpa e corrente
1�
2.1.4 Higienização da ordenhadeira
Todos os dias, antes de começar a ordenha:
• Circule uma solução clorada de 200 ppm de cloro aproximadamente dois mililitros de cloro
em 10 litros de água, durante 5 minutos. Drene completamente a solução para não ficar
resíduo. Isso deve ser feito 30 minutos antes de começar ordenha. Não reutilize a água que
passou pela ordenhadeira.
Todos os dias, após a ordenha:
• Enxágüe a ordenhadeira com água morna de 35º a 45ºC durante 5 minutos, sem recircular a água.
• Circule uma solução de detergente alcalino clorado em temperatura de 65º a 70 ºC na con-
centração indicada pelo fabricante do produto, durante 10 minutos.
• Enxágüe com água à temperatura ambiente, por 5 minutos.
• Após enxaguar o detergente alcalino,
circule uma solução de detergente áci-
do em água morna, na concentração
indicada pelo fabricante do produto,
por 10 minutos.
O produtor pode preparar suas próprias soluções desinfetantes, tomando o cuidado com as dosagens dos produtos utilizados, ou senão, comprá-las prontas
20
2.1.5 Manutenção dos equipamentos
• Após a ordenha, cheque o filtro de linha e os coadores. Caso apresentem sujidade, reveja
as operações de limpeza dos tetos, dos equipamentos e dos procedimentos da ordenha. É
muito importante fazer a manutenção rotineira da ordenhadeira. Verifique com freqüência
se há rachaduras nas borrachas e mangueiras.
• Dê uma atenção especial ao funcionamento adequado do equipamento de ordenha. A regu-
lagem correta dos pulsadores evita lesões no úbere.
• O nível de vácuo varia de acordo com o tipo de ordenhadeira e é controlado pelo regulador
de vácuo, chamado vacuômetro, conforme mostra o quadro a seguir.
Tipo de ordenhadeira Nível de vácuo recomendado
Balde ao pé 44 a 46 KPa
Circuito fechado - Linha baixa 44 a 46 Kpa
Circuito fechado - Linha alta 47 a 51 KPa
Linha alta com garrafão central 46 a 49 KPa
Regulador de vácuomostrando nível correto de
vácuo para ordenhadeira de balde ao pé
21
• Cheque a regulagem dos pulsadores mecânicos e eletrônicos. A taxa de pulsação deve ser de
60 batidas por minuto.
• Inspecione o orifício de entrada de ar dos coletores. Se estiver obstruído, limpe-o.
• Troque os insufladores a cada 2.500 vacas ordenhadas e as mangueiras do leite anualmente.
As demais peças de borracha devem ser trocadas a cada dois anos.
• Substitua os componentes que entram em contato com o leite a cada seis meses, ou de acor-
do com a recomendação do fabricante da ordenhadeira.
2.1.6 Higiene da Ordenha
As vacas devem ser manejadas com calma. O
horário e a ordem de entrada na sala de or-
denha deverão ser os mesmos, todos os dias.
Após preparar a vaca, retire os primeiros jatos
de leite na caneca telada de fundo preto. Caso
o leite apresente grumos (leite talhado) ou
qualquer outro componente diferente, signi-
fica que a vaca está com mamite clínica.
Uso de caneca teladade fundo preto identifica úbere com mamite
22
Se a vaca estiver com mamite, ela deverá ser separada e ordenhada depois das outras. O seu
leite deve ser descartado em fossa, inclusive o leite da caneca telada de fundo preto.
Depois de realizar esses procedimentos, caso o úbere esteja sujo de barro ou esterco, limpe o
úbere e lave somente os tetos.
Limpe o úbere e lave apenas os tetos
23
Coloque solução clorada (hipoclorito de sódio a 2%), espere 30 segundos e seque os tetos
com papel toalha descartável, utilizando um para cada teto.
Nunca utilize toalha de pano para secar os tetos.
Maneira corretade passar solução clorada no teto
Secando os tetoscom papel toalhadescartável
24
Imediatamente após a secagem dos tetos, coloque as teteiras nos tetos da vaca. As teteiras
devem ser colocadas no máximo 1 minuto e 30 segundos após a retirada dos primeiros
jatos. Observe o posicionamento correto e evite a entrada de ar durante a colocação do
conjunto das teteiras.
Após o término da ordenha, corte o vácuo da ordenhadeira antes de retirar as teteiras.
Logo após a retirada das teteiras, faça a desinfecção dos tetos com solução de iodo glicerinado.
Depois da ordenha, o canal do teto pode levar até duas horas para se fechar completamente. O
uso do iodo glicerinado forma uma barreira contra a entrada de micróbios causadores da mami-
te. Se os bezerros mamam após a ordenha, não precisa usar a solução de iodo glicerinado.
Úbere com oconjunto de teteiras
25
Maneira correta de fazer o tratamento dos tetos com solução de iodo glicerinado
Todos os tetosdevem ser tratados com solução de iodo glicerinado
26
Solução de iodo glicerinado
Iodo metálico 50 gramas
Iodeto de potássio 50 gramas
Glicerina 800 mililitros
Água destilada 5 litros
2.2 DESTInO DO LEITE DEPOIS DA OrDEnHA
Existindo resfriador na propriedade, o leite ordenhado deve ser imediatamente depositado
no resfriador.
Caso não exista resfriador na propriedade, o leite deve ser colocado em latões, que devem
ficar em local fresco, limpo e sombreado. Terminada a ordenha, os latões deverão ser leva-
dos ao resfriador comunitário, devendo chegar antes de completar 2 horas após o término
da ordenha.
Leite sendo levadoao resfriador
2�
2.3 rESfrIAmEnTO DO LEITE
Mesmo que o produtor pratique máxima higiene no processo de ordenha, sempre ocorre al-
guma contaminação, por isso o leite deve ser depositado no resfriador imediatamente após ser
ordenhado. A temperatura do leite deve atingir 4ºC em, no máximo, 3 horas após ter sido colo-
cado no resfriador. Nessa temperatura, o leite não se estraga porque as bactérias param de se
multiplicar. O leite assim resfriado pode ser conservado na propriedade por até 48 horas.
Quando o leite de uma ordenha for misturado ao leite que já está no resfriador, a temperatura
não deve passar dos 10ºC e, num prazo máximo de 2 horas, deve voltar a 4ºC.
O tanque de resfriamento deve ficar próximo da sala de ordenha e em local coberto, areja-
do, pavimentado, com instalação elétrica, água de boa qualidade e de fácil acesso ao carro
tanque. Deve possuir, ainda, um bom isolamento térmico, a fim de evitar o aquecimento
Entrega do leite no resfriador comunitário o mais rápido possível após a ordenha
2�
do leite. A instalação do tanque deve ser feita perfeitamente em nível para facilitar o escoa-
mento do leite e da água de lavagem, aproveitando-se o desnível que já existe no fundo do
tanque. A potência do resfriador deve ser suficiente para permitir rápido abaixamento da
temperatura do leite.
Ao ser depositado no resfriador, o leite deve ser passado por um filtro de plástico ou de aço
inoxidável, para reter possíveis sujeiras existentes.
Atenção!
Não mande para o laticínio:
1. leite de vacas com mamite;
2. leite de vacas tratadas com medicamentos que possam ser eliminados pelo leite;
3. leite que fica na caneca telada de fundo preto;
4. colostro.
Normalmente, o leite de vaca recém-parida só deve ser enviado ao laticínio 5 dias depois
do parto, entretanto existem variações individuais. O produtor deve então estar atento à
transformação que vai sofrendo o colostro até atingir a consistência de leite normal. Esse
leite pode ser fornecido para os bezerros.
2.3.1 Higienização do resfriador de leite
• Diariamente, antes de colocar o leite no resfriador, faça a desinfecção do tanque com uma so-
lução clorada de 130 ppm de cloro, aproximadamente dois mililitros de cloro em 15 litros de
água. Em seguida, enxágüe muito bem para escorrer toda a água e eliminar completamente
o resíduo da solução clorada. O tanque deve estar completamente seco antes de receber
novo carregamento de leite.
2�
• Imediatamente após a saída do leite para o laticínio, enxágüe com água morna a 45 ºc toda
a superfície interna do resfriador, até que a água esteja saindo limpa, sem resíduos de leite.
Não se deve recircular a água.
• Em balde com água com temperatura entre 60º a 70ºC, prepare uma solução de detergente
alcalino clorado na concentração de 130 ppm de cloro, aproximadamente dois mililitros de
cloro em 15 litros de água, ou siga a indicação do fabricante do produto que estiver sendo
utilizado. Jogue essa solução no tanque resfriador. Em seguida, promova esfregação uni-
forme com escovas plásticas em toda a superfície do resfriador, nas tampas, na hélice do
agitador e na válvula de saída do leite. Enxágüe por completo, até a água sair limpa. Tenha
cuidado para não ficar resíduo do produto utilizado.
• Após limpeza com detergente alcalino, é necessário utilizar uma solução de detergente áci-
do, com água à temperatura acima de 35ºC e abaixo de 60ºC, seguindo as indicações do
fabricante do produto. Enxágüe muito bem o detergente ácido para não ficar resíduo.
Limpeza manual do resfriador de leite
30
3. mAmITE
3.1 O QUE É mAmITE?
Mamite ou mastite é a inflamação do úbere pro-
vocada por micróbios ou pancadas. Leite com alta
contagem de células somáticas pode indicar que a
vaca está com mamite. Existem duas formas de ma-
nifestação da mamite, a clínica e a subclínica.
Mamite clínica: é aquela possível de ser observada a olho
nu, pois quando se retiram os primeiros jatos na caneca te-
lada de fundo preto, verifica-se a presença de grumos, pus,
ou aspecto aquoso do leite. Observa-se também inchaço e
aumento de temperatura do quarto do úbere afetado.
Como o úbere é formado por quatro glândulas com saídas inde-
pendentes em cada teto, a mamite pode atacar apenas um dos
tetos. Por isso, é preciso tirar jatos de leite de todos os tetos.
Úbere inchado.Sintoma típico de mamite
Mamite clínica: facilmente identificada no teste da caneca
telada de fundo preto
31
Mamite subclínica: é aquela que não pode ser observada a olho nu. Para identificar a mamite
subclínica, usa-se, principalmente, o teste conhecido como Califórnia Mastitis Test (CMT)
por ser simples, barato e amplamente utilizado em campo. Este teste deve ser realizado men-
salmente. Caso haja ocorrência freqüente de mamite clínica, o CMT deve ser realizado de 15
em 15 dias.
Diariamente, deve-se dar atenção especial às vacas que mudaram seu comportamento, anali-
sando com rigor os sintomas apresentados e relacionando-os com a mamite.
Atenção!
Para cada caso de mamite clínica, estima-se a existência de 40 casos de mamite subclínica.
Identificando mamite subclínica com teste CMT
12
32
A seqüência de fotosmostra o que acontece com o leite tirado de vaca que está com mamite, quando se usa o CMT
3
4
6
5
33
3.2 PrEJUÍZOS CAUSADOS PELA mAmITE
Vaca com mamite chega a produzir até 25% menos leite do que quando ela está sadia. Por
exemplo, uma vaca que produz dez litros de leite ao dia, se estiver com mamite poderá deixar
de produzir até dois litros e meio de leite ao dia.
Ocorrem perdas também com desclassificação e descarte de leite, gastos com antibióticos e
serviços veterinários, perdas de tetos e descartes e mortes de animais.
A mudança na composição do leite causada pela mamite afeta sua qualidade e interfere nos
processos industriais.
Considerando esses prejuízos, torna-se obrigatório, todos os dias, realizar o teste da caneca
telada de fundo preto em cada teto.
3.3 COmO A mAmITE É TrAnSmITIDA
A mamite é transmitida, principalmente, de uma vaca doente (com mamite) para as vacas
sadias. O momento de maior transmissão é durante a ordenha. As bactérias de uma vaca con-
taminada podem passar para uma sadia através das mãos do ordenhador, de procedimentos
incorretos da ordenha ou de equipamentos de ordenha operados de forma incorreta.
Outra forma de transmissão é do ambiente para a vaca. Neste caso, os micróbios são transmitidos
diretamente do ambiente para o interior do úbere. Isto acontece no intervalo entre as ordenhas.
Os principais focos de transmissão são: locais sujos de barro e esterco, camas molhadas e água
contaminada. Pode também ser transmitida pelo mal funcionamento do regulador de vácuo ou
pulsadores da ordenhadeira mecânica e ordenhando vacas com tetos sujos e úmido.
34
3.4 COnTrOLE DA mAmITE
O controle da mamite exige esforço e dedicação, e deve atuar sobre todos os fatores que influen-
ciam sua ocorrência. Um controle eficiente atua na prevenção rigorosa e no tratamento correto.
A prevenção rigorosa consiste em:
• ordenha higiênica, cuidadosa e completa, evitando deixar leite no úbere;
• desinfetar os tetos antes (pré-dipping) e depois (pós-dipping) da ordenha;
• assegurar que animais comprados não estejam com mamite;
• descartar vacas que repetem mamite.
Para um tratamento correto, é preciso:
• tratar todos os casos de mamite, consultando um profissional especializado. O tratamento
deve ser feito imediatamente após a ordenha;
• no dia da secagem, é necessário tratar com antibiótico específico e de longa duração todos
os tetos utilizando uma bisnaga para cada teto. Este tratamento tem o dobro de eficiência
em relação ao tratamento feito durante o período de lactação;
• fazer anotações, identificando as vacas e os tetos que apresentaram mamite clínica ou subclí-
nica, registrando a data de ocorrência, o nome do antibiótico e a data de sua aplicação.
Importante:
A estrutura interna do úbere é formada por quatro glândulas com saídas independentes
em cada teto. Por isso, no tratamento normal da mamite, basta tratar apenas os tetos que
se encontram doentes. Porém, é preciso ter cuidado ao manusear o teto doente para não
contaminar os outros.
36
GAnHOS OBTIDOS COm LEITE DE BOA QUALIDADE:
As indústrias de laticínios já estão pagando mais pelo leite de melhor qualidade, para premiar
produtores que investem nessa busca. A obtenção de leite de alta qualidade aumenta a renta-
bilidade da propriedade rural, pois:
• leite obtido com higiene e bem conservado apresenta baixa Contagem Bacteriana Total, o
que evita perdas por leite ácido;
• a prevenção de mamite permite obter leite com baixa Contagem de Células Somáticas, o que
evita queda na produção e melhora o rendimento industrial do leite;
• as vacas devem ser bem alimentadas, porque assim produzem leite com maior valor nutritivo;
• leite sem resíduos de antibióticos e outros medicamentos indica bom controle de descarte
de leite contaminado o que evita penalidades para o produtor.
MELHORAR A QUALIDADE DO LEITE É UMA OBRIGAÇÃODE QUEM PRODUZ E NÃO UMA OPÇÃO.
Todo medicamento de uso interno do
úbere deve ser feito com cânula curta
B i B l i o g r A f i A
ALVARES, B.L. Limpeza de equipamentos de ordenha e tanques. Rev. Bal-
de Branco, 489 A 27jan. 2006. Disponível em: < WWW.cienciadoleite.com.
br >. Acesso em: 20 maio 2007.
BRITO, J.R.F. et al. Segurança e qualidade do leite. In: SANTOS, C. A. dos et
al (ed). EMBRAPA Gado de Leite: 30 anos de pesquisa e conquistas para o
Brasil. Juiz de Fora: EMBRAPA, 2006. p. 155 – 172.
BRITO, J.R.F. et al. Mastite de A à Z. In: DIAS, J.C.; BRITO, J.R.F. Sanidade
animal. Juiz de Fora: EMBRAPA, [19--] p. 7 – 14.
BRITO, M. A. V. P. e. Conceitos básicos da Qualidade. In: DIAS, J.C.; BRITO,
J.R.F. Sanidade animal. Juiz de Fora: EMBRAPA, [19--]. P. 55 – 62.
CARDOSO, I. dos S.; BRENER, S; COSTA, U. S. Ordenha Mecânica. Brasília:
SENAR,2001. Coleção SENAR 12.
COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS DE MINAS GERAIS:
ITAMBÉ. Qualidade do leite: manual do produtor. Belo Horizonte: Itam-
bé, 1998.
COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS DE MINAS GERAIS:
ITAMBÉ. Qualidade do leite: manual da cooperativa. Belo Horizonte: Itam-
bé, 1998.
COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS DE MINAS GERAIS:
ITAMBÉ. Guia de higienização na produção do leite. Belo Horizonte:
Itambé [19--]
DeLaval. Informações sobre equipamentos de resfriamento. Disponível
em: <www.delaval.com.br >. Acesso em: 06 jun. 2007
DÜRR, J. W. Como produzir leite de alta qualidade. Brasília: SENAR, 2005.