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Introdução à Psicopatologia Comentários acerca do texto “Os três tempos do Édipo”, extraído do livro “Édipo”, de Terezinha Costa. Aluna: Gabriela Silva de Sousa O texto incialmente aborda a ideia do estádio do espelho, desenvolvida por Lacan, cujo processo acontece paralelo ao início do complexo de Édipo. Durante o estádio do espelho o bebê se percebe como um sujeito, e nesse processo acontecem mudanças no nível teórico e no nível estrutural: a saída “do estado do auto erotismo para o do narcisismo”, e, paralelamente, a saída do estado de um corpo despedaçado, para o corpo como objeto, estrutura. O complexo de Édipo, por sua vez, é organizado por Lacan em três tempos lógicos: primeiro tempo lógico – “ser ou não ser o falo”, segundo tempo lógico – “ter ou não ter o falo”, terceiro tempo lógico – “ter ou não ter o dom”. No primeiro tempo, o bebê se assujeita à mãe, seja pela proximidade entre ambos, seja pela dialética com a mãe na qual o bebê se insere. A relação entre a mãe e o bebê possui um terceiro termo: o falo. O falo atua como uma função inscrita da mãe. Ele é responsável por responder à falta e representa-la, tanto do lado da mãe, quanto do lado do bebê. Aqui o pai já atua, porém ainda velado para o bebê. No segundo tempo acontece a intervenção do pai, trazendo a lei, a interdição. Do lado da mãe, isso se caracteriza pelo impedimento de ter o bebê como objeto de seu gozo; do lado do bebê, a intervenção do pai se mostra como a renúncia do bebê em ser o objeto de gozo da mãe. Nesse momento, a o bebê deve deixar de ser o falo, bem como não deve tê-lo. Aqui também acontece as separações da mãe, que já não está presente completamente como no primeiro momento. Por fim, no terceiro momento, a rivalidade entre o bebê e o pai sai de cena, o pai detêm um valor de dom, e deixa de ter o falo, porém é potente. Assim, o jogo das identificações acontece: o menino identifica-se com o pai, que pode deter o falo; e a menina com a mãe, que não tendo o falo, pode saber onde deve busca-lo.

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Introduo Psicopatologia

Comentrios acerca do texto Os trs tempos do dipo, extrado do livro dipo, de Terezinha Costa.

Aluna: Gabriela Silva de Sousa

O texto incialmente aborda a ideia do estdio do espelho, desenvolvida por Lacan, cujo processo acontece paralelo ao incio do complexo de dipo. Durante o estdio do espelho o beb se percebe como um sujeito, e nesse processo acontecem mudanas no nvel terico e no nvel estrutural: a sada do estado do auto erotismo para o do narcisismo, e, paralelamente, a sada do estado de um corpo despedaado, para o corpo como objeto, estrutura. O complexo de dipo, por sua vez, organizado por Lacan em trs tempos lgicos: primeiro tempo lgico ser ou no ser o falo, segundo tempo lgico ter ou no ter o falo, terceiro tempo lgico ter ou no ter o dom.

No primeiro tempo, o beb se assujeita me, seja pela proximidade entre ambos, seja pela dialtica com a me na qual o beb se insere. A relao entre a me e o beb possui um terceiro termo: o falo. O falo atua como uma funo inscrita da me. Ele responsvel por responder falta e representa-la, tanto do lado da me, quanto do lado do beb. Aqui o pai j atua, porm ainda velado para o beb.

No segundo tempo acontece a interveno do pai, trazendo a lei, a interdio. Do lado da me, isso se caracteriza pelo impedimento de ter o beb como objeto de seu gozo; do lado do beb, a interveno do pai se mostra como a renncia do beb em ser o objeto de gozo da me. Nesse momento, a o beb deve deixar de ser o falo, bem como no deve t-lo. Aqui tambm acontece as separaes da me, que j no est presente completamente como no primeiro momento.

Por fim, no terceiro momento, a rivalidade entre o beb e o pai sai de cena, o pai detm um valor de dom, e deixa de ter o falo, porm potente. Assim, o jogo das identificaes acontece: o menino identifica-se com o pai, que pode deter o falo; e a menina com a me, que no tendo o falo, pode saber onde deve busca-lo.

Introduo Psicopatologia

Comentrios acerca do texto O diagnstico em psiquiatria e psicanlise, de Ana Cristina Figueiredo e Fernando Tenrio.

Aluna: Gabriela Silva de Sousa

O texto lido traz luz as concepes de loucura para a psicanlise e para a psiquiatria dita clnica psiquitrica renovada. Na primeira, a loucura legitimada como uma forma particular do sujeito dizer a verdade (Figueiredo e Tenrio, 2002), o que, para mim, faz total sentido, j que o principal instrumento da clnica psicanaltica a fala e o que se revela por ela; na segunda, a loucura considerada a partir de uma viso do sujeito e sua subjetividade, onde toda a prtica atravessada por esse entendimento.

Quando a paciente chega ao hospital, mais de dois diagnsticos psiquitricos so considerados, e a partir da perspectiva psicanaltica, um diagnstico feito. Essa diferena fica clara quando explicada a classificao de sintomas/doenas/tipos de diagnsticos onde para a psiquiatria, o estupor o sintoma de uma doena (que nesse caso seria depresso ou transtorno dissociativo); e para a psicanlise a depresso seria um estado dentro das estruturas neurose ou psicose, e o transtorno dissociativo aponta para a histeria.

Aqui eu tenho duas perguntas: 1. Sendo assim, a histeria seria uma doena?2. Quais seriam as possibilidades de diagnstico na psicanlise?

A segunda pergunta foi respondida ao longo do texto, onde, pelo que eu percebi, psicose e neurose obsessiva seriam outras possibilidades. Porm, nesse caso especfico, eu ainda encontro dificuldade para relacionar o que a psicanlise e a psicanlise consideram doena.

Me pareceu formidvel para a paciente a teraputica da palavra utilizada com ela, de fato, um tratamento pontual baseado no que ela apresentava como sintoma, no iria ajuda-la de forma plena a, no mnimo, se conhecer melhor. Ainda sobre a palavra, um trecho me chamou a ateno: essa conversa est ausente da anamnese psiquitrica porque ela importa cada vez menos para a fundamentao de um diagnstico em psiquiatria. (Figueiredo e Tenrio, 2002). Isso me parece um tanto absurdo. Ento assim, apenas o comportamento e sintomas pontuais iro caracterizar as possibilidades de um diagnstico. O exemplo dessa paciente ilustra bem a necessidade do dilogo com quem, como ela, encontra-se em estupor, e com tantos outros pacientes com tantos outros sintomas.

No mais, o texto foi muito esclarecedor acerca dos tempos do dipo e de como eles operam na prtica.

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Comentrios acerca do texto Consideraes sobre a lgica do sintoma no caso clnico, de Daniela Costa Bursztyn e Ana Cristina Figueiredo..Aluna: Gabriela Silva de Sousa

O texto apresenta de forma simples a pratica da psicanlise no campo da sade mental e o que ela preconiza para o diagnstico e interveno. Foi formidvel a sequncia desse texto aps o que tratava sobre as diferenas de diagnostico psiquitrico e psicanaltico ao apresentar um caso clnico. A primeira relao que eu percebi entre ambos foi a considerao, por parte da psicanlise, do sintoma como expresso da subjetividade do paciente; isso me remeteu ao texto anterior, onde era dito que o discurso do paciente deveria ser levado em conta como a verdade sobre ele.

Algo que tambm me chamou a ateno no texto foi a crtica pratica clnica da psiquiatria. E me parece que essa crtica no difere muito das mesmas crticas que partem de outras abordagens da Psicologia. De fato, uma pratica que classifica e reduz ao mximo um paciente e seu diagnstico, precisa de uma interveno, um corte no ciclo. Para isso o texto apresenta elementos norteadores da pratica psicanaltica dentro do campo da sade mental. Essa pratica considera o mtodo da construo do caso clnico, onde as narrativas dos atores envolvidos no caso, os saberes que se aplicam quela situao, e o fato de levar em conta o que o paciente traz consigo de histria, costuram uma lgica do sintoma.

A questo que eu tenho (talvez seja imatura, peo que me aponte caso seja): a diretriz para encontrar o "ponto cego" no diagnstico do paciente, que a " falta de saber", o nico critrio para elaborar essa lgica do sintoma? Se sim, no seria frgil adotar apenas essa? Existem outras possibilidades/indicativos desse ponto cego?

Introduo Psicopatologia

Comentrios acerca do texto Da reforma psiquitrica clnica do sujeito,de Fernando Tenrio..Aluna: Gabriela Silva de Sousa

Logo no inicio o texto esclarece alguns limites e lutas da reforma psiquitrica, apontando para os tipos de excluso que sofrem os sujeitos da prtica clnica. Aps isso, ao revelar que a reforma psiquitrica busca ampliar os limites da clnica psiquitrica, deixando de ser um local onde a loucura agenciada, para ser um local expandido, que acontece de vrias formas, em vrios equipamentos. Paralelamente, a psicanlise localizada nesses lugares.Ao meu ver, para ajudar nessa localizao, o texto apresenta algumas semelhanas entre o que a clnica psiquitrica preconiza, e o que a reforma psiquitrica tem como referncia. Uma delas o fato de no associar a doena mental com o fenmeno da loucura. Na psicanlise, por exemplo, uma estrutura psictica pode representar apenas uma possibilidade de vida, sem trazer maiores danos. Sendo assim, a psicanlise tem lugar cativo ao lado da desconstruo de um reducionismo, de uma simples classificao que limita o tratamento do sujeito, pois a sua clnica d voz ao seu discurso, e o legitima como verdadeiro.