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JULIANA CRISTINA ABBATE TONDO
CLIMA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL DE ENSINO
CAMPINAS
2015
RESUMO
A segurança do paciente deve ser considerada como um pré-requisito da
assistência, pois trata-se de um componente crítico que reflete o aspecto da
qualidade do serviço prestado. A percepção dos profissionais de enfermagem em
relação ao seu ambiente de trabalho influencia positiva ou negativamente na
maneira como eles se vêm profissionalmente e no modo como executam suas
atividades, o que reflete diretamente na segurança do paciente. A cultura de
segurança é um importante fator que guia muitos comportamentos dos profissionais
de saúde a considerarem a segurança do paciente como uma de suas maiores
prioridades, medida por meio do clima de segurança, o que possibilita a identificação
das limitações e fragilidades existentes no ambiente de trabalho. Estudo com
abordagem quantitativa, transversal, descritivo, que tem por objetivo avaliar a
percepção da equipe de enfermagem sobre o clima de segurança em um hospital de
ensino do interior do estado de São Paulo. Para a coleta de dados, foi utilizada a
Ficha de caracterização pessoal e profissional e o instrumento Safety Attitude
Questionnaire - Short Form 2006. A análise dos dados foi realizada por meio de
estatística descritiva e teste de correlação entre as variáveis. Participaram do estudo
259 profissionais de enfermagem, dos quais 46 enfermeiros e 213 técnicos e
auxiliares de enfermagem, sendo a maioria do gênero feminino, casada, com idade
média de 37,16 anos e desvio padrão de 9,07. Verificou-se que apenas o domínio
satisfação no trabalho foi percebido como positivo pelos profissionais. Os domínios
com pior avaliação foram: percepção da gerência do hospital, percepção do estresse
e percepção da gerência da unidade. Quando avaliada a percepção do clima de
segurança entre as categorias profissionais, constatou-se diferenças
estatisticamente significantes, apontando que os enfermeiros percebem um clima de
segurança mais favorável do que os técnicos e auxiliares de enfermagem. A
avaliação do clima de segurança sob a percepção desses profissionais poderá
subsidiar os gestores de enfermagem e administradores a identificar as limitações e
fragilidades existentes no ambiente de trabalho, para que possam subsidiar ações
que favoreçam um clima de segurança positivo.
Palavras-chave: segurança do paciente, qualidade da assistência à
saúde, ambiente de instituições de saúde, enfermagem.
Linha de pesquisa: Gerenciamento dos serviços de saúde e de
enfermagem.
ABSTRACT
Patient safety must be considered as an important pre-requisite of care,
once it is a critical component that reflects the quality of care rendered. The
perception of nursing professionals toward their work environment exerts either a
positive or negative influence on how they see themselves professionally and how
they perform their activities, having a direct effect on patient safety. The culture of
safety is an important factor that guides many of the health care professional
behaviors, regarding patient safety as one of their major priorities, being measured
through the safety environment, allowing the identification of existing limitations and
weaknesses. It is a descriptive, cross-sectional study, with a quantitative approach
that aims to evaluate the nursing staff perception of the safety environment at
university hospitals within the inland parts of the state of São Paulo. It is about a
subproject from a project called “Impact of professional practice environment and
burnout in job satisfaction, intention to quit and perception of quality of care”, which is
in progress. Both the personal and professional profile application, as well as the
Safety Attitude Questionnaire were used to collect data. The data analysis was
performed with the help of the SPSS software for Windows®. There were 259 nursing
professionals who participated in the study, composed of 46 nurses and 213 nursing
technicians and aides, majority being female and married, with an average age of
37.16 years old. It was found that only the “job satisfaction” area was perceived as
positive by nursing professionals, with an average of 81.97. The areas with worst
evaluation were: “perception of hospital management”, “perception of stress” and
“perception of facility management”. When assessing the perception of safety
environment among categories, it was found significant statistical differences,
showing that nurses perceive the safety environment as more favorable than nurses
technicians and aides do. Results obtained in this study have an important
significance for the facility administration.
Key words: patient safety, quality of health care, health facility
environment, nursing.
Dedicatória
A Deus, que esteve ao meu lado em todos os
momentos e me ajudou a realizar este desejo do meu coração.
À minha mãe, pelo amor e carinho. Amo você!
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente em minha vida, guiar meus passos,
me dar sabedoria, força, perseverança e fé.
À minha mãe, Sônia, por acreditar em mim, me apoiar e me fazer
acreditar em meus sonhos.
À minha irmã Andréa e meus sobrinhos Matheus, Leonardo, Heloísa e
Fernanda, por tornarem minha vida mais feliz.
À minha orientadora Profa. Dra. Edinêis de Brito Guirardello, pela
oportunidade proporcionada, competência, paciência, compreensão e dedicação
presentes em cada dia de orientação e auxílio.
À minha grande amiga e eterna professora Renata Gasparino, que
sempre me apoiou e incentivou à iniciação de minha vida profissional e acadêmica.
Me ensinou e me ajudou nos momentos mais difíceis.
Aos meus amigos Oleci e Raphael que em muito contribuíram para a
construção deste trabalho.
Aos professores: Profa. Dra. Érika Christiane Marocco Duran, Profa.
Dra.Luciana de Lione Melo, Prof. Dr. José Luiz Tatagiba Lamas, Profa. Dra. Maria
Filomena Ceolim, Profa. Dra. Neusa Maria Costa Alexandre, Profa. Dra. Roberta
Cunha Matheus Rodrigues, Profa. Dra. Fernanda Aparecida Cintra, Profa. Dra. Maria
Helena Melo Lima, Profa. Dra. Maria Isabel Pedreira de Freitas, Profa. Dra. Eliete
Maria Silva, Profa. Dra. Ianê Nogueira do Vale, Profa. Dra. Dalvani Marques, Profa.
Dra. Vanessa Pelegrino Toledo, pelos ensinamentos no decorrer da minha
formação.
Ao estatístico Henrique, pelo empenho e contribuição nas orientações das
análises estatísticas.
À enfermeira Joyce, que autorizou a execução desta pesquisa em seu
local de atuação.
À todos os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que
participaram e tornaram possível a conclusão deste trabalho.
“De nossa perspectiva, Deus pode até conduzir as coisas fora de nossa
expectativa, mas Sua orientação é segura”.
(George R. Knight)
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1 Perfil dos profissionais da equipe de enfermagem.
Campinas, 2014.
43
Tabela 2 Frequência de respostas dos profissionais de
enfermagem por domínios do SAQ. Campinas, 2014.
46
Tabela 3 Distribuição das respostas dos profissionais de
enfermagem por item do SAQ. Campinas, 2014.
47
Tabela 4 Frequência de respostas por domínios do SAQ entre as
categorias profissionais. Campinas, 2014.
52
Tabela 5 Consistência interna dos domínios do SAQ. Campinas,
2014.
53
Tabela 6 Coeficientes de correlação de Spearman entre as
médias dos escores dos domínios do SAQ e as variáveis da
amostra. Campinas, 2014.
54
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
EUA Estados Unidos da América
HSPS Hospital Survey on Patient Safety
IESSP Iniciativa de Engenharia de Sistemas para a Segurança do
Paciente
OMS Organização Mundial da Saúde
ONA Organização Nacional de Acreditação
SAQ Safety Attitude Questionnaire
SCS Safety Climate Survey
SPSS Statistical Package for the Social Science
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 25 1.1 Fator humano na segurança do paciente ............................................................... 26
1.2 Cultura e Clima de Segurança ................................................................................. 29
1.3 Justificativa ............................................................................................................... 32
2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 34 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 34
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 34
3. MÉTODO ................................................................................................................ 34 3.1 Tipo de estudo .......................................................................................................... 34
3.2 Local do estudo ........................................................................................................ 34
3.3 Amostra ..................................................................................................................... 34
3.4 Quadro de definições de variáveis. Campinas, 2014. ............................................ 36
3.5 Instrumentos de coleta ............................................................................................. 38
3.5.1 Ficha de caracterização da amostra ..................................................................38
3.5.2 Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ – Short Form) ......................38
3.6 Procedimento de coleta de dados ........................................................................... 39
3.7 Tratamento e análise dos dados.............................................................................. 39
3.8 Aspectos éticos ........................................................................................................ 40
4. RESULTADOS ....................................................................................................... 42 4.1 Caracterização dos sujeitos ..................................................................................... 42
4.2 Percepção dos profissionais quanto à adequação do número de profissionais, recursos materiais e percepção da qualidade do cuidado ............................................... 45
4.3 Avaliação da percepção do clima de segurança dos profissionais de enfermagem ......................................................................................................................... 45
5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 55 6. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 61 7. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 62 APÊNDICES ................................................................................................................. 68
Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................................... 69
ANEXOS ....................................................................................................................... 72 Anexo1- Ficha de Caracterização Pessoal e Profissional do Enfermeiro ....................... 73
Anexo 2 -Ficha de Caracterização Pessoal e Profissional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem ........................................................................................................................ 75
Anexo 3-Versão brasileira do Safety Attitudes Questionnaire ......................................... 77
Anexo 4 – Comprovante de envio do projeto ao CEP ....................................................... 78
25
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com a segurança do paciente foi reafirmada com a
publicação do relatório “Errar é humano” pelo Instituto de Medicina nos Estados
Unidos, que estimou a ocorrência anual de mortes de 13.451 pacientes nos
hospitais, ocasionadas por erros associados à assistência à saúde que poderiam ser
prevenidos(1). Essas causas de óbito superavam às por acidente automobilístico,
câncer de mama e síndrome da imunodeficiência adquirida(2).
A segurança do paciente é definida como a redução do risco de danos
desnecessários associados à saúde a um mínimo aceitável(3). Caracteriza-se pelo
esforço em garantir uma assistência livre de erros, sem causar danos ao paciente
por meio do estabelecimento de processos bem definidos e descritos a fim de
proporcionar aos profissionais meios de informação que aumentem a probabilidade
de oferecerem aos pacientes um cuidado seguro(2).
A segurança do paciente deve ser considerada como um pré-requisito da
assistência, pois trata-se de um componente importante que reflete o aspecto da
qualidade do serviço prestado, uma vez que as instituições de saúde desenvolvem
atividades complexas que exigem constante atualização dos conhecimentos técnicos
e em segurança(4-6).
A assistência à saúde depende da ação de vários profissionais que
desenvolvem diferentes atividades para atender as demandas de cuidado dos
pacientes. Esse ambiente pode expor o paciente a erros ou eventos adversos
relacionados à assistência a saúde(2). O erro é definido como a falha em se executar
uma ação pretendida conforme planejada ou a execução de um planejamento
incorreto(3).
O erro associado à assistência à saúde tem sido amplamente estudado
nas últimas décadas devido ao aumento significativo de suas ocorrências ao
paciente resultando em danos ou morte(6,7). Esses erros, em sua maioria, foram
causados devido à deficiência na assistência ao paciente(8). Um estudo recente
realizado nos EUA constatou que 22% dos pacientes submetidos a cuidados de
saúde foram acometidos por algum tipo de erro e, após classificação desses erros,
verificou-se que 6% desses erros contribuíram ou causaram a morte de pacientes(6).
Destaca-se também que os erros representam um alto custo para as
instituições de saúde(2,7), como demonstrado em um estudo realizado pela Society of
26
Actuaries’ Health Section, cujos valores corresponderam em 2008, a 19,5 bilhões de
dólares(7). Os custos diretos e indiretos dos erros associados à assistência à saúde
são significativos e podem ser agravados pelo tempo de permanência na instituição
para tratamento médico ou até mesmo por uma ação judicial(9).
Além dos custos financeiros, tais erros podem causar um impacto
emocional nos pacientes e familiares, como também a perda da confiança nos
profissionais e na instituição(10). Para os profissionais que respondem pelo o erro,
muitas vezes o impacto emocional e psicológico torna tão severo que pode resultar,
até mesmo, em suicídio(9).
A ocorrência de erros na assistência à saúde ainda carece de atenção
especial, uma vez que interfere na segurança do paciente. Desta forma, torna-se
importante a investigação dessas ocorrências por considerar que podem estar
relacionadas tanto a fatores humanos como organizacionais. Uma vez que o ser
humano, em algum momento, pode cometer erros, a análise do fator humano e
todas as partes do sistema possibilita identificar erros em potencial(2,11).
Estudos apontam que atos inseguros relacionados ao fator humano são
decorrentes de processos mentais como o esquecimento, negligência, falta de
atenção, motivação, cuidado, e características pessoais como idade, humor,
personalidade, experiência e conhecimento(12,13).
Destaca-se a importância de identificar os fatores humanos para a
ocorrência dos erros, a fim controlar e prevenir os erros e garantir uma assistência
segura ao paciente como também um ambiente seguro para os profissionais.
1.1 Fator humano na segurança do paciente
Os erros associados à assistência à saúde são comumente relacionados
aos profissionais envolvidos diretamente na assistência ao paciente. No entanto,
estudos têm mostrado que o profissional não é o único envolvido na ocorrência de
um erro e suas intervenções estão fundamentadas no princípio de que todos os
elementos do sistema de saúde influenciam na segurança do paciente(14).
O fator humano é a ciência relacionada à interação entre os seres
humanos e outros elementos do sistema. É também definido como o elemento que
aplica teoria, princípios, dados e outros métodos de projeção com o objetivo de
27
otimizar o bem estar do ser humano e o desempenho geral do sistema(15). Refere-se
à projeção do ambiente de trabalho em relação aos equipamentos e processos com
base nas habilidades e características humanas – como processam-se as
informações, comunicam-se, tomam-se decisões e lembram-se de fatos –
objetivando a efetividade, eficiência e segurança, em vez de esperar que as pessoas
se adaptem ao ambiente no qual foram inseridos(11).
Na perspectiva da segurança do paciente, modelos teóricos têm sido
desenvolvidos com o objetivo de explicar a origem e fatores envolvidos na
ocorrência dos erros. Dentre eles, destacam-se: o Modelo Teórico do Queijo Suíço
de Reason(12), Modelo de Acidentes Organizacionais de Vincent(16) e o Modelo de
Iniciativa de Engenharia de Sistemas para a Segurança do Paciente (IESSP)(17).
A Teoria do Queijo Suíço de Reason é amplamente difundida e utilizada
na área da saúde e pressupõe que os erros estão associados a fatores de
abordagens pessoal e sistêmica. Cada abordagem apresenta um modelo da
causalidade do erro e origina diferentes filosofias de gerenciamento de riscos(12).
A abordagem pessoal está centrada nos atos inseguros provenientes do
deslize, lapso, engano, baixa motivação, falta de cuidado, negligência e imprudência
e este tipo de abordagem é provável de frustrar o desenvolvimento de um cuidado
seguro na instituição. O foco está em quem cometeu o erro(12).
Para Reason, a abordagem pessoal com foco no profissional que
cometeu o erro dificulta o desenvolvimento de um ambiente seguro e, propõe a
criação de uma cultura justa, a qual não tem o caráter punitivo e a pessoa é
responsabilizada pelas suas ações. Na cultura justa, os riscos e os comportamentos
imprudentes do profissional são conhecidos e trabalhados para assegurar uma
assistência segura. Outros autores acrescentam que a cultura justa promove um
ambiente favorável à notificação dos erros sem que os profissionais tenham medo
de serem punidos e tenham consciência de suas responsabilidades(18).
Ainda, para Reason (2000), a abordagem sistêmica tem como premissa
básica a falibilidade humana na qual existe a chance do erro acontecer com origem
nos processos organizacionais, passando a ser visto como consequência e não
como causa. Destaca-se ainda que diante da impossibilidade de modificar as
condições humanas, deve-se então modificar as condições de trabalho dos seres
28
humanos. O foco não é saber quem errou, mas como e por que as barreiras
falharam(12).
Neste modelo, as barreiras, defesas e proteção são os pontos chaves
para a prevenção dos erros e uma sucessão e alinhamento das falhas de cada
barreira ou processo expõe o paciente e o profissional ao erro, podendo resultar em
danos temporários, permanentes e, até mesmo, óbito(12).
No modelo de Acidentes Organizacionais de Vincent, a compreensão do
erro é ampliada para um contexto de sequência de sete fatores contribuintes como:
fatores relacionados ao próprio paciente, fatores tecnológicos e da tarefa, fatores
individuais, fatores da equipe, fatores do ambiente de trabalho, fatores
organizacionais e administrativos e fatores do contexto institucional(16).
Os fatores relacionados ao paciente correspondem aos fatores clínicos e
condições gerais que irão influenciar diretamente as intervenções e os resultados, a
comunicação, a personalidade e os fatores sociais. Os fatores tecnológicos e da
tarefa referem-se à estruturação das tarefas e uso de protocolos. Os fatores
individuais correspondem à forma como uma pessoa exerce sua profissão baseado
em seu conhecimento, habilidades, competência, saúde física e mental, o que
impacta nos fatores da equipe por meio da comunicação e a relação estabelecida
entre os membros da equipe e sua liderança(16).
Os fatores do ambiente de trabalho são caracterizados pelos elementos
presentes no ambiente físico como: disponibilidade de profissionais qualificados,
carga de trabalho, disponibilidade de recursos materiais e equipamentos, apoio
administrativo e gerencial. Os fatores organizacionais e administrativos referem-se
aos recursos financeiros, a estrutura organizacional, as políticas e cultura da
segurança, os quais são impactados pelos fatores do contexto institucional, devido
ao contexto econômico e executivo do serviço e suas ligações com organizações
externas(16). A análise desses fatores favorece a investigação da ocorrência dos
erros, permitindo a organização e priorização dos problemas de acordo com sua
frequência.
O modelo de Iniciativa de Engenharia de Sistemas para a Segurança do
Paciente (IESSP) é uma ampliação do Modelo e Avaliação da Qualidade de
Donabedian, o qual avalia o grau de qualidade da atenção à saúde nos aspectos de
29
estrutura, processos e resultados. O Modelo IESSP explica como o contexto do
sistema de trabalho se relaciona com os problemas sistêmicos da segurança do
paciente e apresenta todos os componentes do sistema interagindo entre si e
exercendo influência mútua(17).
No modelo IESSP, o profissional é visto como parte de um sistema de
saúde no qual estão inseridos outros profissionais de diferentes áreas, com um
mesmo objetivo, em um mesmo ambiente com diversas informações e
equipamentos necessários para o desenvolvimento das tarefas, sob processos
previamente delimitados e interligados em busca de resultados favoráveis ao
paciente e à instituição. A mudança em qualquer desses aspectos pode afetar
positiva ou negativamente o trabalho, os processos e consequentemente o paciente,
os profissionais e os resultados organizacionais(17).
Destaca-se que esses modelos, juntamente com a psicologia cognitiva,
apresentam alta probabilidade das pessoas cometerem erros, independente de seus
conhecimentos, treinamentos e motivação, por isso é importante prever as situações
passíveis de erro e definir estratégias de prevenção.
Na assistência à saúde, os profissionais de enfermagem no dia a dia se
deparam com situações de mudança que influenciam na questão da segurança, seja
com as condições clínicas do paciente, com a rotatividade de pessoal ou com a
tecnologia. Assim, torna-se importante conhecer os processos e suas falhas,
estabelecer medidas para melhorá-los, reconhecer situações que favoreçam o
acontecimento de erros e aprimorar a comunicação com os envolvidos no
processo(11).
A identificação das falhas dos potenciais erros presentes em um ambiente
que podem comprometer a segurança do paciente se dá por meio da avaliação do
clima de segurança, amplamente estudado nos últimos anos. O conhecimento sobre
clima de segurança possibilita aos gestores a elaboração de estratégias que
favoreçam a construção de uma cultura de segurança sólida na instituição.
1.2 Cultura e Clima de Segurança
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define ambiente de trabalho
saudável como aquele em que os trabalhadores e gestores utilizam o processo de
30
melhoria contínua para proteger e promover a saúde, a segurança, o bem estar de
todos os trabalhadores e a sustentabilidade do local de trabalho(19).
Para criar um ambiente de trabalho saudável, uma empresa precisa
considerar as áreas influenciáveis, nas quais as ações podem tornar os processos
mais efetivos, pelos quais os empregadores e trabalhadores podem participar. A
OMS considera quatro áreas que podem ser mobilizadas ou influenciadas para
atingir um ambiente de trabalho saudável, as quais são: ambiente físico, ambiente
psicossocial, recursos de saúde pessoal e envolvimento da empresa na
comunidade(19).
O ambiente físico refere-se à estrutura, equipamentos, materiais e
processo de produção no ambiente de trabalho. O ambiente psicossocial inclui
cultura organizacional, bem como atitudes, valores, crenças e práticas diárias na
empresa que afetam o bem-estar físico e mental dos trabalhadores. Os recursos de
saúde pessoal são os serviços de saúde, informações e oportunidades
proporcionadas pela empresa aos trabalhadores, na motivação e apoio em seus
esforços para melhorar ou manter um estilo de vida saudável bem como assegurar a
saúde física e mental do trabalhador. E, por último, o envolvimento da empresa na
comunidade refere-se às atividades ou recursos que a empresa pode proporcionar
para dar suporte ao bem estar físico e social da comunidade(19).
Nesta direção, torna-se importante a compreensão do ambiente
organizacional nas instituições de saúde, principalmente no que se refere à cultura e
clima de segurança, uma vez que o risco de erros é inerente às atividades
relacionadas à assistência e o impacto de suas ocorrências pode ser fatal. Para os
serviços de assistência à saúde, cultura de segurança é definida como o conjunto
global das percepções de clima, relacionado à dimensão do comprometimento dos
recursos direcionados às questões de segurança e promoção de comportamentos
seguros na organização(9).
A cultura de segurança é um importante fator que guia muito dos
comportamentos dos profissionais de saúde a considerarem a segurança do
paciente como uma de suas maiores prioridades(20). Desta forma, é necessário que a
cultura no ambiente de saúde favoreça a perspectiva dos profissionais quanto à
promoção do cuidado seguro ao paciente(20). Porém, a mudança de cultura não é
fácil de ser realizada, trata-se de um processo lento que se desenvolve ao longo de
31
anos(9). Para tanto, é necessário conhecer as potencialidades, para que sejam
valorizadas e incentivadas, e as fragilidades existentes na organização a fim de
possibilitar o planejamento e a implementação de melhorias.
A avaliação da cultura de segurança em uma instituição é obtida por meio
da percepção do clima de segurança pelos seus profissionais(21). A ênfase dada
pelos autores é que ao estudar a percepção de um grupo de pessoas por meio de
instrumentos de medida, o termo mais apropriado a ser utilizado é clima(22). O clima
de segurança é definido como a medida das atitudes e percepções individuais das
características da cultura de segurança entre os trabalhadores da organização e
pode variar dentro da instituição(21).
A pesquisa do clima de segurança pode ser considerada um indicador de
desempenho da segurança em contraste aos indicadores de resultado apresentados
pela instituição(9) e, desta forma, torna importante para se entender e prever
resultados organizacionais significativos(23). Estudos mostram que o clima e a cultura
afetam a qualidade do cuidado e os resultados para o paciente, devido sua
influência direta nos processos de assistência à saúde(24,25). Organizações onde os
profissionais reconhecem o ambiente como favorável para o desempenho do
trabalho apresentam resultados positivos que podem gerar mudanças no clima e
cultura. Todavia, essas mudanças são lentas e exigem investimentos ao longo do
tempo(24).
Alguns instrumentos foram desenvolvidos a fim de avaliar o clima de
segurança nas instituições. Dentre eles, destacam-se: Safety Climate Survey
(SCS)(26), Hospital Survey on Patient Safety (HSOPS)(27) e, Safety Attitude
Questionnaire – Short form 2006 (SAQ)(22).
O Safety Climate Survey surgiu de uma adaptação do Flight Management
Attitudes and Safety Survey, cuja finalidade é avaliar a cultura de segurança entre os
profissionais em ambiente hospitalar, por meio da percepção de um
comprometimento forte e proativo da organização em relação à segurança do
paciente. É direcionado a profissionais envolvidos direta ou indiretamente à
assistência ao paciente(26).
O Hospital Survey on Patient Safety tem como objetivo avaliar a cultura de
segurança, com ênfase nos erros e na notificação dos eventos, sob a perspectiva de
32
todos os funcionários do hospital. É adequado aos profissionais que estão
diretamente envolvidos na assistência direta ao paciente (enfermeiros, médicos,
fisioterapeutas), profissionais que apesar de não estarem envolvidos diretamente na
assistência, suas atividades afetam diretamente o cuidado ao paciente (profissionais
da farmácia e laboratório) supervisores, gerentes e administradores do hospital(27).
O Safety Attitude Questionnaire (SAQ), denominado Questionário de
Atitudes de Segurança, tem como objetivo avaliar a percepção dos profissionais de
saúde em relação às questões de segurança, podendo ser associado aos resultados
para o paciente(22). Para este estudo, optou-se utilizar o SAQ por apresentar
validade e confiabilidade satisfatória e por ser um instrumento validado para a
cultura brasileira(28,29).
Pesquisas sobre clima de segurança nas instituições de saúde
possibilitam identificar as áreas que necessitam ser melhoradas e estabelecer
estratégias de melhorias que promovam um clima de segurança positivo(30) bem
como o aprendizado com as potencialidades identificadas(31). É possível prever os
resultados esperados verificando a postura dos profissionais de uma organização
frente ao clima de segurança(32). O clima varia dentro de uma organização e entre os
profissionais(33) e pode predizer resultados diferentes(34).
Assim, a partir do diagnóstico situacional, a avaliação do clima de
segurança nas instituições de saúde constitui uma importante ferramenta de gestão,
que possibilita a mudança da cultura existente e a compreensão dos fatores
envolvidos na ocorrência dos erros, de modo a favorecer a segurança do paciente.
1.3 Justificativa
A segurança do paciente tem sido foco da OMS que, por meio da Aliança
Mundial para a Segurança do Paciente, estimula a realização de pesquisas na área
da saúde(1,2,6,10), para o direcionamento das ações estratégicas que contribuam para
diminuição do número de ocorrências de lesão ou dano ao paciente, decorrente de
erros que poderiam ser prevenidos(35).
33
Comumente é considerado que erros são relacionados apenas ao
profissional que cometeu o erro, devido sua falta de atenção, negligência,
imprudência, deficiência no conhecimento técnico. Entretanto, os estudos nessa
área têm evoluído e mostrado que diversos fatores colaboram para a ocorrência do
erro, ampliando sua compreensão no âmbito de sistemas. Ao analisar os fatores
envolvidos na ocorrência do erro, considera-se o profissional, o ambiente e suas
características, os processos, a equipe de trabalho e a tecnologia empregada,
tornando-se necessário conhecer os pontos de melhoria e definir as estratégias para
alcançá-las.
Os profissionais de enfermagem que são comprometidos e conscientes
com o seu trabalho têm sua atenção focada no paciente, percebem as falhas nos
processos do cuidado e buscam por uma solução(10). Devido sua proximidade com o
paciente e por permanecer 24 horas ao lado do mesmo, a equipe de enfermagem
desempenha papel chave na segurança do paciente.
A percepção dos profissionais de enfermagem em relação ao seu
ambiente de trabalho influencia positiva ou negativamente a maneira como ele se vê
profissionalmente e a maneira com a qual executa suas atividades,
consequentemente isso irá refletir na segurança do paciente(36) . A avaliação do
clima de segurança sob a percepção desses profissionais poderá subsidiar os
gestores de enfermagem e administradores na identificação das limitações e
fragilidades existentes para então estabelecerem medidas que proporcionem aos
profissionais, em especial, a equipe de enfermagem, um clima positivo que favoreça
a segurança e satisfação do cliente(37).
34
2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral
Avaliar o clima de segurança de um hospital de ensino na
perspectiva dos profissionais de enfermagem.
2.2 Objetivos Específicos
• Identificar a percepção da equipe de enfermagem acerca do
clima de segurança em um hospital de ensino;
• Comparar a percepção acerca do clima de segurança entre os
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
3. Método 3.1 Tipo de estudo Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo.
3.2 Local do estudo O estudo foi realizado em uma instituição pública e de ensino do interior
do Estado de São Paulo, com 267 leitos distribuídos em sete andares e dois anexos.
Trata-se de uma instituição que possui acreditação nível 3 pela Organização
Nacional de Acreditação e acreditação internacional pela Accreditation Canada.
3.3 Amostra A amostra foi constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem que atenderam ao seguinte critério de inclusão: exercer atividades
assistenciais na unidade por um período igual ou superior a três meses. Foram
excluídos os profissionais que, durante o período da coleta de dados, estiveram de
licença ou férias.
Para realização do cálculo amostral foi considerado uma proporção p
igual a 0,50, cujo valor representa a variabilidade máxima da distribuição binomial,
gerando assim uma estimativa com o maior tamanho amostral possível. O tamanho
amostral (n) para uma proporção pode ser estimado por meio da seguinte
fórmula(38,39).
35
� =��(1 − �)
��1 − ��+ �� − 1���,
Nessa fórmula, “N” representa a população de enfermeiros, técnicos e
auxiliares do hospital. Já “D”, a precisão da estimativa a ser mensurada, que pode
ser descrita como “B/Z”, em que “B” é o erro amostral e “Z” é um percentil da
distribuição Normal padrão.
A população considerada para o cálculo do tamanho amostral foi
composta de 65 enfermeiros e 264 técnicos e auxiliares. Além disso, foi assumido
um erro amostral de 3% e um nível de significância de 5%. Com isso, o tamanho
amostral calculado foi de 252 profissionais sendo composto por 50 enfermeiros e
202 técnicos e auxiliares de enfermagem.
As variáveis que foram consideradas na presente pesquisa estão
apresentadas no quadro abaixo.
36
3.4 Quadro de definições de variáveis. Campinas, 2014.
Variável Tipo de Variável
Definição
Sexo Categórica Informada pelo participante do estudo, definida por
duas categorias: feminino e masculino.
Idade Categórica Idade informada pelos participantes distribuída por
faixa etária.
Idade Contínua Calculada medidas de dispersão da idade dos
participantes.
Estado conjugal Categórica Classificada em: solteiro, casado, divorciado/viúvo,
desquitado/separado judicialmente.
Ano de conclusão do
Curso Técnico/
Auxiliar ou
Graduação
Contínua Ano em que o participante concluiu o curso de
graduação em enfermagem, técnico ou auxiliar de
enfermagem.
Formação
profissional
complementar
Categórica Classificada em: especialização, aprimoramento,
residência, mestrado ou doutorado.
Tempo de trabalho
na unidade
Contínua
Referida pelo participante, em resposta ao tempo em
meses/ano que trabalha na unidade atual.
Tempo de trabalho
na instituição
Contínua Referida pelo participante, em resposta ao tempo em
meses/ano que trabalha na instituição.
Clima de trabalho
em equipe
Contínua Qualidade do relacionamento e a colaboração entre os
membros de uma equipe.
Clima de segurança Contínua Percepção dos profissionais quanto ao
comprometimento organizacional para a segurança do
paciente, avaliado pelo SAQ.
Satisfação no
trabalho
Contínua Opinião dos profissionais de enfermagem em relação a
sua satisfação com o trabalho atual e com a profissão
(por meio de duas questões contidas na ficha de
Caracterização Pessoal e Profissional) e pelo
instrumento SAQ.
Percepção do Contínua Reconhecimento do quanto os fatores estressores
37
estresse influenciam na execução do trabalho, avaliadas pelo
SAQ.
Percepção da
gerência da unidade
e do hospital
Contínua Aprovação das ações da gerência quanto as questões
de segurança, avaliadas pelo SAQ.
Condições de
trabalho
Contínua Refere-se à percepção da qualidade do ambiente de
trabalho, avaliada pelo SAQ.
Adequação do
número de
profissionais
Categórica Opinião dos profissionais de enfermagem em relação a
adequação do número de profissionais de enfermagem
para a assistência prestada.
Adequação dos
recursos materiais
Categórica Opinião dos profissionais de enfermagem em relação a
adequação em número e qualidade do suporte
estrutural, recursos materiais e de tecnologia.
Percepção da
qualidade da
assistência
Categórica Opinião dos profissionais de enfermagem em relação
ao cuidado prestado pela equipe ao paciente em sua
unidade. Obtida por meio de uma questão contida na
ficha de Caracterização Pessoal e Profissional.
Intenção de deixar a
profissão
Contínua Opinião dos profissionais de enfermagem em relação a
intenção de deixar a profissão nos próximos 12 meses.
38
3.5 Instrumentos de coleta 3.5.1 Ficha de caracterização da amostra Foi aplicada uma ficha de caracterização pessoal e profissional,
específica para enfermeiros e outra para técnicos/auxiliares de enfermagem
previamente utilizada em estudos anteriores (Anexos 1 e 2, respectivamente)(40,41).
Esta ficha contempla características pessoais (idade, sexo e estado civil)
e profissionais (formação profissional, ano de conclusão do curso, tempo de
experiência na profissão, tempo de trabalho na instituição, tempo de trabalho na
unidade e se possui outro vínculo empregatício).
Além dessas variáveis, a ficha contempla outras questões que avaliam a
percepção da qualidade do cuidado e a intenção de deixar a profissão. A questão
referente à percepção da qualidade é avaliada por meio de uma escala tipo Likert,
com pontuação que varia de um a quatro pontos, quanto maior a pontuação melhor
a percepção do profissional em relação à qualidade do cuidado oferecido. A intenção
em deixar a profissão é avaliada por meio de uma escala analógica visual com dois
extremos: nenhuma intenção (zero) e muita intenção (dez) de deixar a profissão.
A questão que avalia a satisfação profissional não foi utilizada, pois o
SAQ possui uma subescala própria que avalia este construto e como o objetivo da
presente pesquisa não foi avaliar as características que favorecem a prática
profissional do enfermeiro, as perguntas referentes às características do ambiente
de trabalho também foram excluídas.
3.5.2 Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ – Short Form)
O SAQ – Short Form tem como objetivo avaliar a percepção dos
profissionais em relação às atitudes de segurança. A versão brasileira é composta
por 41 itens distribuídos em oito domínios: clima de trabalho em equipe (seis itens),
clima de segurança (sete itens), satisfação no trabalho (cinco itens), reconhecimento
do estresse (quatro itens), percepção da gerência da unidade (cinco itens),
percepção da gerência do hospital (sete itens) e condições de trabalho (três itens)
(Anexo 3)(22, 29)).
As respostas são avaliadas por meio de uma escala tipo Likert com cinco
pontos: discordo totalmente (0 ponto), discordo parcialmente (25 pontos), neutro (50
pontos), concordo parcialmente (75 pontos), concordo totalmente (100 pontos). A
39
alternativa "não se aplica", não é considerada nas pontuações. Zero representa uma
pior percepção do clima de segurança e 100 representa a melhor percepção. Os
itens 2, 11 e 36, são codificados de forma reversa. A pontuação de cada domínio é
obtida por meio do cálculo da média da soma e são considerados valores positivos
aqueles que apresentarem pontuação total igual ou acima de 75(29).
O SAQ – Short Form apresenta um campo para avaliação das
características sociodemográficas dos participantes, porém este campo não foi
utilizado pois essas informações já foram obtidas por meio da ficha específica de
caracterização pessoal e profissional.
A versão brasileira do SAQ possui confiabilidade satisfatória, com
valores de alfa de Cronbach que variaram de 0,70 a 0,89 (29).
3.6 Procedimento de coleta de dados
Previamente à coleta de dados, foi realizado contato prévio com a
responsável técnica pela equipe de enfermagem da Instituição, para autorização e
realização do estudo.
A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora no período de Abril a
Junho de 2014. Os sujeitos da pesquisa foram abordados no seu ambiente e
período de trabalho e aqueles que atenderam aos critérios de inclusão foram
convidados a participar do estudo e preencher os questionários. Após, receberam
informações referentes aos objetivos da pesquisa, a não compensação financeira na
participação, a possibilidade em desistir do estudo a qualquer momento sem que isto
lhes acarretasse em prejuízos, bem como informações referentes ao preenchimento
dos instrumentos de pesquisa.
Cada participante recebeu um envelope contendo o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a ficha de caracterização e a Versão
Brasileira do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) – Short Form. Os envelopes
foram deixados com os participantes para que respondessem e foram orientados
que ao término do plantão a pesquisadora voltaria para buscá-los. Àqueles que não
tiveram a chance de preencher os instrumentos no período de trabalho, foi acordado
com a pesquisadora uma melhor data ou horário para a entrega.
3.7 Tratamento e análise dos dados
40
Os dados coletados foram digitados em uma planilha eletrônica no
Microsoft® Excel e analisados por um profissional estatístico, e do programa SAS
(Statistical Analysis System) versão 9.4 para Windows®.
Para descrever o perfil da amostra, foram feitas tabelas de frequência das
variáveis categóricas (sexo, idade, estado civil, unidade em que trabalha e turno de
trabalho), com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas
descritivas das variáveis numéricas (idade, tempo de formação, tempo de
experiência na unidade, tempo de experiência na instituição, intenção de deixar a
profissão, qualidade do cuidado e satisfação no trabalho), com valores de média,
mediana, desvio padrão, valores mínimo e máximo.
Para avaliar a percepção do clima de segurança entre os profissionais, foi
calculado o teste de Mann-Whitney(42). A correlação entre as variáveis foi avaliada
por meio da correlação de Spearman, a partir da qual foram considerados os
coeficientes de -1 a 1. Valores próximos aos extremos indicam alto grau de
correlação, valores próximos a zero indicam baixa correlação e valores iguais a zero
indicam ausência de correlação(43).
Na avaliação da consistência interna do SAQ foi calculado o coeficiente
Alfa de Cronbach para cada domínio e valores acima de 0,70, foram considerados
aceitáveis(44). O nível de significância adotado para os testes estatísticos é de 5%,
ou seja, p < 0,05.
3.8 Aspectos éticos
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Estadual de Campinas e foi aprovado, parecer número: 780.525
(Anexo 4).
Os sujeitos foram informados a respeito dos objetivos da pesquisa, da
participação voluntária, da oportunidade de recusa em responder quaisquer itens
dos instrumentos e retirar seu consentimento a qualquer momento, bem como o
sigilo das informações obtidas. Foram informados também de que a pesquisa não
implicaria em quaisquer riscos de danos à dimensão física, psíquica, moral,
intelectual, social, cultural ou espiritual dos respondentes, e foi elaborada de acordo
41
com a Resolução 466/2012, a qual trata das Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisas em Seres Humanos.
Os participantes que aceitaram participar da pesquisa foram solicitados a
assinar o TCLE, em duas cópias, sendo que uma delas ficou em poder do
participante.
Destaca-se que este estudo é um subprojeto do projeto intitulado
“Impacto do ambiente da prática profissional e burnout na satisfação profissional,
intenção de deixar o emprego e percepção da qualidade do cuidado”, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp, sob o parecer número 519.470.
42
4. Resultados 4.1 Caracterização dos sujeitos
A taxa de retorno para os enfermeiros foi de 78%, sendo que dos 59
enfermeiros que foram abordados, apenas 46 compuseram a amostra, pois os
demais se recusaram a participar. Com relação aos técnicos e auxiliares de
enfermagem, a taxa de retorno foi de 67,2%, sendo que dos 317 profissionais
abordados, 213 compuseram a amostra, pois 95 se recusaram a participar e nove
foram excluídos devido ao preenchimento incompleto do instrumento.
Portanto, a amostra final do estudo foi composta por 259 profissionais de
enfermagem, dos quais 213 (82,23%) eram técnicos e auxiliares de enfermagem e
46 (17,83%) enfermeiros. A maioria dos profissionais era do gênero feminino
(89,15%), casada (62,60%) e com predomínio idade entre 31 a 40 anos (40,9%), a
média de idade foi de 37,16 anos (Min=19 e Max=60, Mediana=36, dp±9,07).
O perfil dos profissionais da equipe de enfermagem participantes do
estudo está apresentado na Tabela 1.
43
Tabela 1 – Perfil dos profissionais da equipe de enfermagem. Campinas, 2014.
Variáveis Equipe de enfermagem
Enfermeiros Auxiliares e técnicos de enfermagem
n % n % n %
Gênero
Feminino 230 89,15 34 73,91 196 92,01
Masculino 28 10,85 12 26,66 16 7,51
Sem informação 1 0,40 0 0 1 0,46
Idade (anos)
≤20 3 1,16 0 0 3 1,40
21 a 30 60 23,2 19 42,22 43 16,66
31 a 40 106 40,9 19 42,22 89 34,49
41 a 50 60 23,2 3 6,66 59 22,86
51 a 60 22 8,5 4 8,88 19 7,36
Estado Civil
Casado 159 62,60 31 12,20 128 50,39
Solteiro 63 24,80 12 4,72 51 20,07
Divorciado/Sepa
rado 26 10,24 1 0,39 24 9,44
Outro 6 2,36 1 0,39 6 2,36
Unidade
UTI Adulto 38 14,84 8 3,12 30 11,71
UTI Neonatal 46 17,96 7 2,73 39 15,23
UTI Pediátrica 13 5,07 2 0,78 11 4,29
Internação
Pediatria 19 7,42 4 1,56 15 5,85
44
Internação
Adulto 110 42,96 19 7,42 91 35,54
Emergência 29 11,32 5 1,95 24 9,37
Turno de trabalho
Noite 122 48,03 19 7,48 102 40,15
Tarde 54 21,26 9 3,54 45 17,71
Manhã 71 27,95 11 4,33 60 23,62
Misto* 7 2,75 6 2,36 1 0,39
* Jornada 12/36
45
O tempo médio de formação desses profissionais foi de 7,8 anos (Min=3
meses e Max=32 anos, Mediana=6 dp±6), trabalham na instituição há 5 anos
(Min=0,08 anos e Max=36 anos, Mediana=2,8, dp±5) e possuem um tempo de
experiência na unidade de 4,1 anos (Min=0,08 anos e Max=24 anos, Mediana=2,
dp±4,3). A maioria (74,77%) possui apenas um vínculo empregatício.
4.2 Percepção dos profissionais quanto à adequação do
número de profissionais, recursos materiais e percepção da qualidade do cuidado
Ao serem indagados sobre a sua percepção em relação a alguns
aspectos do ambiente de trabalho, a maioria da amostra (61,09%) relatou trabalhar
em ambientes com número inadequado de profissionais e a maioria (79,45%)
respondeu que os recursos materiais e tecnológicos estão adequados em número e
qualidade.
No que se refere a percepção da qualidade do cuidado de enfermagem
oferecido ao paciente, 66,54% dos profissionais avaliaram como boa. Sobre a
intenção de deixar a profissão nos próximos 12 meses, numa escala de 0 a 10 cm, a
média foi de 1,67 cm (Med= 0,40, dp±2,38).
4.3 Avaliação da percepção do clima de segurança dos profissionais de enfermagem
Posteriormente à análise das características pessoais e profissionais, foi
realizada a análise do instrumento SAQ – Short Form a fim de identificar o clima de
segurança na percepção geral dos profissionais de enfermagem e separadamente
entre as categorias.
Para análise descritiva do SAQ – Short Form, considerou-se a distribuição
das respostas por domínios (Tabela 2) e por itens (Tabela 3).
46
Tabela 2 – Média de respostas dos profissionais de enfermagem por
domínios do SAQ – Short Form. Campinas, 2014.
Domínios do SAQ Média Desvio Padrão
Mediana
Satisfação no trabalho 81,97 18,25 85,00
Comportamento seguro 73,86 23,74 75,00
Clima de trabalho em
equipe
73,80 17,43 75,00
Clima de segurança 70,02 17,81 71,43
Condições de trabalho 65,96 24,47 66,67
Percepção gestão da
unidade
59,91 20,00 58,33
Reconhecimento do
estresse
59,64 25,44 62,50
Percepção gestão hospital 59,61 19,13 58,33
47
Tabela 3 – Distribuição das respostas dos profissionais de enfermagem por item do SAQ. Campinas, 2014.
Safety Atittudes Questionnaire
Discordo Total/e
Discordo Parcial/e Neutro Concordo
Parcial/e Concordo
Total/e
n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)
1 As sugestões do (a) enfermeiro (a) são bem recebidas nesta área 10 (3,86)
17 (6,56)
24 (9,26)
93 (35,9)
115 (44,4)
2 Nesta área, é difícil falar abertamente se eu percebo um problema com o cuidado ao paciente
46 (17,76)
63 (24,32)
36 (13,89)
45 (17,37)
69 (26,64)
3 Nesta área, as discordâncias são resolvidas de modo apropriado (ex: não quem está certo, mas o que é melhor para o paciente)
6 (2,31)
15 (5,79)
43 (16,6)
74 (28,57)
117 (45,17)
4 Eu tenho o apoio que necessito de outros membros da equipe para cuidar dos pacientes
5 (1,93)
22 (8,49)
21 (8,1)
85 (32,81)
124 (47,87)
5 É fácil para os profissionais que atuam nesta área fazerem perguntas quando existe algo que eles não entendem
8 (3,08)
13 (5,01)
26 (10,03)
58 (22,39)
151 (58,3)
6 Os (as) médicos (as) e enfermeiros (as) daqui trabalham juntos como uma equipe bem coordenada
11 (4,24)
21 (8,1)
38 (14,67)
92 (35,52)
93 (35,9)
7 Eu me sentiria seguro (a) se fosse tratado (a) aqui como paciente 8 (3,08)
14 (5,4)
37 (14,28)
59 (22,77)
134 (51,73)
8 Erros são tratados de maneira apropriada nesta área 13 (5,01)
20 (7,72)
43 (16,6)
64 (24,71)
114 (44,01)
9 Eu conheço os meios adequados para encaminhar as questões relacionadas a segurança do paciente nesta área
8 (3,08)
15 (5,79)
39 (15,05)
65 (25,09)
126 (48,64)
10 Eu recebo retorno apropriado sobre meu desempenho 29 (11,19)
28 (10,81)
41 (15,83)
80 (30,88)
79 (30,5)
48
Tabela 3 – Distribuição das respostas dos profissionais de enfermagem por item do SAQ. Campinas, 2014.(continuação)
Safety Atittudes Questionnaire
Discordo Total/e
Discordo Parcial/e Neutro Concordo
Parcial/e Concordo
Total/e
n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)
11 Nesta área, é difícil discutir sobre erros 35 (13,51)
68 (26,25)
49 (18,91)
47 (18,14)
60 (23,16)
12 Sou encorajado (a) por meus colegas a informar qualquer preocupação que eu possa ter quanto à segurança do paciente
11 (4,24)
20 (7,72)
34 (13,12)
63 (24,32)
127 (49,03)
13 A cultura nesta área torna fácil aprender com os erros dos outros 29 (11,19)
20 (7,72)
65 (25,09)
74 (28,57)
62 (23,93)
14 Minhas sugestões sobre segurança seriam postas em ação se eu as expressasse à administração
20 (7,72)
16 (6,17)
108 (41,69)
58 (22,39)
46 (17,76)
15 Eu gosto do meu trabalho 3 (1,15)
2 (0,77)
23 (8,88)
29 (11,19)
194 (74,90)
16 Trabalhar aqui é como fazer parte de uma grande família 7 (2,70)
10 (3,86)
35 (13,51)
75 (28,95)
124 (47,87)
17 Este é um bom lugar para trabalhar 3 (1,15)
8 (3,08)
24 (9,26)
51 (19,69)
167 (64,47)
18 Eu me orgulho de trabalhar nesta área 5 (1,93)
8 (3,08)
32 (12,35)
43 (16,60)
161 (62,16)
19 O moral nesta área é alto 15 (5,79)
24 (9,26)
60 (23,16)
76 (29,34)
77 (29,72)
20 Quando minha carga de trabalho é excessiva, meu desempenho é prejudicado
21 (8,10)
30 (11,58)
35 (13,51)
77 (29,72)
89 (34,36)
49
Tabela 3 – Distribuição das respostas dos profissionais de enfermagem por item do SAQ. Campinas, 2014.(continuação)
Safety Atittudes Questionnaire
Discordo Total/e
Discordo Parcial/e Neutro Concordo
Parcial/e Concordo
Total/e
n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)
21 Eu sou menos eficiente no trabalho quando estou cansado (a) 22 (8,49)
32 (12,35)
50 (19,30)
75 (28,95)
73 (28,18)
22 Eu tenho maior probabilidade de cometer erros em situações tensas ou hostis
34 (13,12)
40 (15,44)
42 (16,21)
72 (27,79)
63 (24,32)
23 O cansaço prejudica meu desempenho durante situações de emergência (ex: reanimação cardiorrespiratória, convulsões)
72 (27,79)
29 (11,19)
51 (19,69)
54 (20,84)
44 (16,98)
24 A administração apoia meus esforços diários: (Hospital) 32 (12,35)
31 (11,96)
76 (29,34)
53 (20,46)
60 (23,16)
24 A administração apoia meus esforços diários: (Unidade) 39 (15,05)
29 (11,19)
86 (33,20)
46 (17,76)
56 (21,62)
25 A administração não compromete conscientemente a segurança do paciente: (Hospital)
49 (18,91)
29 (11,19)
71 (27,41)
41 (15,83)
62 (23,93)
25 A administração não compromete conscientemente a segurança do paciente: (Unidade)
47 (18,14)
28 (10,81)
83 (32,04)
37 (14,28)
55 (21,23)
26 A administração está fazendo um bom trabalho: (Hospital) 13 (5,01)
17 (6,56)
67 (25,86)
71 (27,41)
88 (33,97)
26 A administração está fazendo um bom trabalho: (Unidade) 11 (4,24)
19 (7,33)
72 (27,79)
78 (30,11)
76 (29,34)
27 Profissionais problemáticos da equipe são tratados de maneira construtiva pela nossa administração: (Hospital)
22 (8,49)
24 (9,26)
87 (33,59)
66 (25,48)
54 (20,84)
50
Tabela 3 – Distribuição das respostas dos profissionais de enfermagem por item do SAQ. Campinas, 2014. (continuação)
Safety Atittudes Questionnaire
Discordo Total/e
Discordo Parcial/e Neutro Concordo
Parcial/e Concordo
Total/e n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)
27 Profissionais problemáticos da equipe são tratados de maneira construtiva pela nossa administração: (Unidade)
21 (8,10)
19 (7,33)
99 (38,22)
62 (23,93)
51 (19,69)
28 Recebo informações adequadas e oportunas sobre eventos que podem afetar o meu trabalho: (Hospital)
21 (8,10)
20 (7,72)
64 (24,71)
68 (26,25)
80 (30,88)
28 Recebo informações adequadas e oportunas sobre eventos que podem afetar o meu trabalho: (Unidade)
21 (8,10)
19 (7,33)
68 (26,25)
72 (27,79)
73 (28,18)
29 Nesta área, o número e a qualificação dos profissionais são suficientes para lidar com o número de pacientes
41 (15,83)
58 (22,39)
43 (16,60)
76 (29,34)
38 (14,67)
30 Este hospital faz um bom trabalho no treinamento de novos membros da equipe
21 (8,10)
30 (11,58)
39 (15,05)
78 (30,11)
87 (33,59)
31 Toda informação necessária para informações diagnosticas e terapêuticas está disponível rotineiramente para mim
16 (6,17)
31 (11,96)
52 (20,07)
64 (24,71)
88 (33,97)
32 Estagiários da minha profissão são adequadamente supervisionados
10 (3,86)
25 (9,65)
72 (27,79)
51 (19,69)
72 (27,79)
33 Eu vivencio boa colaboração com os (as) enfermeiros (as) nesta área
7 (2,70)
10 (3,86)
40 (15,44)
65 (25,09)
131 (50,57)
34 Eu vivencio boa colaboração com a equipe de médicos nesta área 9 (3,47)
27 (10,42)
40 (15,44)
75 (28,95)
104 (40,15)
35 Eu vivencio boa colaboração com os farmacêuticos nesta área 11 (4,24)
26 (10,03)
64 (24,71)
65 (25,09)
86 (33,2)
36 Falhas na comunicação que levam a atrasos no atendimento são comuns
49 (18,91)
70 (27,02)
67 (25,86)
42 (16,21)
31 (11,96)
51
A frequência de respostas por domínios do SAQ entre as categorias profissionais
está apresentada na Tabela 4 e na Tabela 5, encontram-se os resultados da
correlação entre as médias dos escores dos domínios do SAQ e as variáveis: idade,
tempo de formação, tempo de atuação na unidade, tempo de atuação na instituição
e intenção em deixar a profissão nos próximos 12 meses.
52
Tabela 4 - Média de respostas por domínios do SAQ entre as categorias profissionais. Campinas, 2014.
Domínios do SAQ Categoria Média Desvio Padrão Med p-valor
Clima de trabalho em equipe E 80,82 11,63 79,17
0,0060 TE/AE 72,23 18,16 75,00
Clima de segurança E 80,53 14,49 82,14
<0,0001 TE/AE 67,66 17,70 70,83
Satisfação no trabalho E 86,41 14,97 92,50
0,0535 TE/AE 81,03 18,83 85,00
Reconhecimento do estresse E 64,39 21,15 62,50
0,2066 TE/AE 58,45 26,20 56,25
Percepção da gerência da unidade E 70,91 14,89 70,83
<0,0001 TE/AE 57,59 20,19 58,33
Percepção da gerência do hospital E 68,54 17,07 70,83
0,0004 TE/AE 57,72 19,07 58,33
Condições de trabalho E 73,41 18,70 75,00
0,0445 TE/AE 64,25 25,35 66,67
Comportamento seguro E 83,70 15,99 83,33
0,0036 TE/AE 71,67 24,70 75,00
E – Enfermeiro; TE/AE – Técnico de enfermagem/ Auxiliar de enfermagem
Testes de Mann-Whitney: p<0,05.
53 Tabela 5 – Coeficientes de correlação de Spearman entre as médias dos escores dos domínios do SAQ e as variáveis da amostra.
Campinas, 2014
Domínios Idade Tempo de formação
Tempo na unidade
Tempo na instituição
Intenção em deixar a
profissão.
Clima de trabalho em equipe -0,0185 -0,0229 -0,2112* -0,2003* -0,1496*
Clima de segurança 0,0152 -0,0376 -0,1813* -0,1412* -0,1742*
Satisfação no trabalho -0,0278 -0,1503* -0,2391* -0,2165* -0,2661**
Reconhecimento do estresse 0,0928 0,0726 0,0589 0,0867 0,0891
Percepção da gerência da unidade 0,0107 -0,0849 -0,1285* -0,1181 -0,1419*
Percepção da gerência do hospital 0,0396 -0,0681 -0,1619* -0,1112 -0,0706
Condições de trabalho 0,0842 -0,0453 -0,2016* -0,1579* -0,2412*
Comportamento seguro 0,0223 -0,0639 -0,2186* -0,1747* -0,2171*
Coeficiente de correlação de Spearman: *p<0,05; **p<0,0001.
54
Embora não seja o objetivo principal do presente estudo e, por tratar da
utilização de uma escala de medida, foi avaliada a consistência interna do SAQ, cujo
valores estão apresentados na Tabela 6.
Tabela 6 – Consistência interna dos domínios do SAQ. Campinas, 2014
Domínios do SAQ Número de itens
α de Cronbach
Clima de trabalho em equipe 6 0,70
Clima de segurança 7 0,71
Satisfação no trabalho 5 0,83
Reconhecimento do estresse 4 0,75
Percepção da gerência da unidade 6 0,70
Percepção da gerência do hospital 6 0,72
Condições de trabalho 3 0,70
Comportamento seguro 4 0,82
55
5. Discussão
Trata-se de uma amostra de profissionais com maioria do gênero
feminino, adulto jovem e casados. O predomínio do gênero feminino na profissão de
enfermagem é justificado pela trajetória histórica da profissão e corrobora com
outros estudos(45-50).
A média de idade e o estado civil dos profissionais se assemelham aos
encontrados em outros estudos(48,49,50). A maioria dos participantes trabalha nas
unidades de internação que abrange as unidades de clínica médica, clínica cirúrgica
e unidade pediátrica e, desenvolve suas atividades no período noturno..
Destaca-se que o tempo de trabalho na instituição e experiência na
unidade foi semelhante aos estudos internacionais(33,47,51) e um estudo nacional(45)
que avaliaram o clima de segurança tanto em unidades clínicas quanto de cuidados
intensivos, porém inferior a outros estudos(46,50).
No que se refere a percepção dos profissionais sobre a qualidade do
cuidado oferecida ao paciente, a adequação de pessoal e recursos materiais na sua
unidade, julgaram que o quadro de pessoal é inadequado, mas oferecem um
cuidado com boa qualidade e com recursos materiais e tecnológicos adequados.
Esse achado chama a atenção, porque oferecer um cuidado com qualidade depende
de ambos os recursos humanos e materiais e uma das possíveis causas para a
percepção da inadequação de pessoal pode estar relacionada às condições de
trabalho como o absenteísmo, problema muito comum nas instituições de saúde,
principalmente nas instituições públicas(52,53).
Uma outra justificativa para a percepção da inadequação do número de
profissionais é o fato da instituição possuir a segurança do paciente como núcleo
central, a qual é certificada pelas agências avaliadoras da qualidade como a
Acreditação Canadense1 e a Organização Nacional de Acreditação2, que têm como
objetivo avaliar a qualidade dos serviços de saúde com foco na segurança do
paciente, motivos pelos quais os profissionais possuem uma visão crítica sobre a
necessidade de pessoal de enfermagem para atender as demandas de cuidado dos
pacientes e consequentemente oferecer uma assistência segura.
1www.iqg.com.br
2www.ona.org.br
56
Apesar da percepção de inadequação do número de profissionais, a
intenção em deixar a profissão nos próximos 12 meses foi baixa e corrobora outro
estudo realizado em 27 Unidades de Terapia Intensiva(41). Este achado ratifica o
resultado positivo em relação à satisfação no trabalho, avaliado pelo SAQ. Tal
achado pode ser entendido devido ao investimento realizado na formação
profissional e deixar a profissão seria uma decisão muito difícil para muitas pessoas
que acabam optando por se submeter à situação de inadequação.
Na avaliação dos domínios que compõe o SAQ, valores iguais ou
superiores a 75 indicam uma percepção positiva sobre um determinado domínio que
caracteriza um clima de segurança positivo e os achados apontaram que apenas o
domínio satisfação no trabalho foi percebido como positivo pelos profissionais.
Tais achados corroboram com estudos internacionais que avaliaram o
clima de segurança em unidades de terapia intensiva(47,49); um estudo que avaliou o
clima de segurança em 10 hospitais nos Estados Unidos da América e dois hospitais
escola na Suíça(51) e outro estudo nacional que avaliou o clima de segurança em
unidades de clínica cirúrgica(45). A percepção positiva do local de trabalho,
demonstrada pelo domínio satisfação no trabalho, pode indicar o moral elevado, a
satisfação e autonomia dos profissionais no ambiente de trabalho bem como o
comprometimento e desempenho com o seu trabalho(47,51).
No que se refere aos demais domínios do SAQ, destaca-se que os
domínios: clima de trabalho em equipe, clima de segurança e comportamento
seguro, apresentaram médias entre 70 e 74 pontos. Desses, os domínios clima de
trabalho em equipe e clima de segurança, obtiveram valores próximos ao encontrado
em outros estudos(47,49,51) e superiores a outros estudos(29,33).
No presente estudo, o domínio clima de trabalho em equipe e o
comportamento seguro, obtiveram um escore 73,8 e está muito próximo do conceito
de clima positivo, embora o valor recomendado seja um escore igual ou acima de 75
pontos. Este achado tem importância, pois estudos sobre o clima(54) e a cultura de
segurança(55) apontam que o trabalho em equipe em conjunto com uma
comunicação efetiva podem refletir em uma colaboração mútua entre os
profissionais com resultados positivos como: redução nos atrasos, satisfação com o
trabalho e eficiência nas atividades(54,55).
57
Para o domínio condições de trabalho os resultados foram superiores aos
estudos internacionais(33,51) e nacionais(29) e apesar deste resultado, há indicação de
que os profissionais possuem uma percepção negativa do ambiente de trabalho.
Quanto aos domínios que se destacaram com menores escores, foram:
percepção da gerência do hospital, reconhecimento do estresse e percepção da
gerência da unidade, respectivamente. Baixos escores nesses domínios sugerem
baixa aprovação das ações da gerência quanto as questões de segurança e
corroboram com estudos nacionais(45,50) e internacionais(33,47,49,51). No entanto, ao
avaliar as respostas dos profissionais, observou-se um elevado número de respostas
neutras, o que pode sugerir o desconforto em avaliar sua chefia ou a opção de não
se envolver nas questões administrativas.
Um estudo realizado na China com o objetivo de explorar a percepção
dos enfermeiros em relação à cultura de segurança do paciente e os fatores
associados identificou quatro fatores significativos à percepção positiva. Dentre eles,
dois estão relacionados à confiabilidade e comprometimento da gerência com a
segurança, os quais devem estimular o comprometimento dos profissionais com as
questões de segurança, estabelecer e reforçar as normas e práticas seguras,
gerando uma percepção positiva de cultura de segurança do paciente(55).
Da mesma forma, a pontuação baixa para o reconhecimento do estresse
também foi encontrada nos estudos(29,33,47,49, 51). Ainda com destaque para este
domínio, um estudo com o objetivo de avaliar a validade interna deste construto
apontou que o mesmo não se adéqua à avaliação de clima de segurança global
avaliado pelo SAQ, justificando que este avalia a percepção do profissional em
relação às habilidades, diferente dos outros domínios que avaliam a percepção do
profissional em relação ao ambiente de trabalho ou à unidade organizacional como
um todo(56). Os autores sugerem rever a pertinência deste domínio como uma
variável do SAQ para avaliação do clima de segurança do paciente.
Em relação à distribuição das respostas dos profissionais de enfermagem
por item do instrumento, verificou-se que mais da metade dos participantes
assinalaram a opção de resposta “concordo totalmente” no que se refere à liberdade
existente no ambiente de trabalho para se fazer perguntas em caso de dúvidas,
sensação de segurança quanto pacientes, gostar do trabalho e considerá-lo como
58
um bom local para se trabalhar, sentir orgulho de trabalhar nesta área e vivenciar
boa colaboração com os enfermeiros. Destas seis questões, três pertencem ao
domínio satisfação no trabalho, o que confirma o resultado encontrado na avaliação
da distribuição das respostas por domínios.
Na avaliação da percepção do clima de segurança entre as categorias
profissionais, resultaram em diferenças estatísticas significantes para a maioria dos
domínios, com exceção dos domínios satisfação no trabalho e reconhecimento do
estresse, apontando que os enfermeiros percebem um clima de segurança mais
favorável do que os técnicos/auxiliares de enfermagem. É importante destacar que
os enfermeiros percebem um clima de segurança positivo, demonstrados por valores
médios superiores a 75 para os domínios: clima de trabalho em equipe, clima de
segurança, satisfação no trabalho e comportamento seguro. Este resultado pode
estar relacionado à formação profissional do enfermeiro direcionada não apenas
para a assistência, mas também para as áreas de gestão e ensino, favorecendo
ampla visão do serviço.
Este achado possui uma significância importante para a gestão desta
instituição por retratar a percepção de um clima de segurança positivo para o
paciente e para os profissionais na percepção dos enfermeiros, os quais ocupam um
papel de destaque na gestão do cuidado e da qualidade nos serviços de saúde.
O estudo também possibilitou compreender a relação entre os domínios
do SAQ e as variáveis: idade, tempo de formação, tempo na unidade, tempo na
instituição e intenção em deixar a profissão. Nesta direção, constata-se uma
correlação negativa entre o domínio satisfação no trabalho e as variáveis: tempo de
formação, tempo na unidade, tempo na instituição e intenção de deixar a profissão,
indicando que quanto maior o tempo de formação, tempo na unidade e na instituição
e quanto maior a intenção em deixar a profissão, menor o escore deste domínio.
Estudos apontam que o ambiente de trabalho exerce influência no
comportamento dos profissionais de enfermagem, podendo favorecer a intenção em
deixar a profissão(57). Assim sendo, a demanda dos serviços de enfermagem pode
aumentar gradativamente como tempo de formação, o tempo na instituição e na
unidade, e consequentemente diminuir a satisfação no trabalho e elevar a intenção
em deixar a profissão.
59
Ao analisar as correlações entre os escores dos domínios do SAQ e as
variáveis em estudo, verifica-se que ausência de correlação entre os domínios do
SAQ e a variável idade, diferente do observado com as demais variáveis. O mesmo
se observa em relação ao domínio reconhecimento do estresse, o qual não
apresentou correlação com nenhuma variável em questão. Estes resultados diferem
de outros estudos(33,47), no qual verificaram que os participantes com idade superior
a 30 anos apresentaram escores superiores àqueles com idade inferior a 30 anos,
com destaque para o domínio reconhecimento do estresse, RAFTOPOULOS e
PAVLAKIS (2013) no qual os enfermeiros mais jovens apresentavam maior
confiança em lidar com fatores estressores.
Há indícios de correlação negativa também entre os domínios trabalho em
equipe, clima de segurança, condições de trabalho e comportamento seguro e as
variáveis tempo na unidade, tempo na instituição e intenção em deixar a profissão, o
que indica que quanto maior o tempo de trabalho na unidade e na instituição, e a
intenção em deixar a profissão, menor o escore destes domínios. Este resultado
pode estar relacionado à dificuldade dos profissionais discutirem sobre os erros e
não receberem o retorno apropriado sobre seu desempenho, que podem ser melhor
percebidos conforme o maior tempo de atuação na unidade e na instituição, o que
pode sugerir o aumento da intenção em deixar a profissão.
O domínio percepção da gerência da unidade resultou em correlação
negativa com as variáveis: tempo na unidade e intenção em deixar a profissão, o
que significa que quanto maior o tempo na unidade e maior a intenção em deixar a
profissão, menor o escore deste domínio. Já, o domínio percepção da gerência do
hospital apresentou correlação negativa apenas com a variável tempo na unidade,
apontando que quanto maior o tempo de trabalho na unidade, pior a percepção do
profissional em relação a gerência do hospital.
A percepção negativa da gerência da unidade e do hospital pelos
profissionais com maior tempo de experiência na instituição e com maior intenção de
deixara profissão, pode estar relacionada ao fato dos profissionais não receberem
da administração, apoio em seus esforços diários e considerarem que o número e a
qualificação dos profissionais não são adequados para atenderem a demanda de
pacientes.
60
Os achados do estudo referente às correlações negativas entre a
intenção em deixar a profissão e os domínios clima de trabalho em equipe,
condições de trabalho e percepção da gerência da unidade, corroboram com um
estudo internacional(58) no qual os profissionais de enfermagem que recebem o
apoio necessário de sua equipe e de seus supervisores, apresentam menor intenção
em deixar a profissão.
O estudo que avalia a relação entre essas variáveis tem importância
tanto do ponto de vista assistencial como gerencial para implementação de
estratégias na consolidação de uma cultura de segurança nas instituições.
Entretanto, a ausência de estudos com este enfoque, limita as possibilidades de
comparações.
Na avaliação da consistência interna verifica-se que o resultado dos
domínios clima de trabalho em equipe e clima de segurança, foram superiores a um
estudo nacional(29) porém inferior a estudos internacionais(47,60). Os domínios
satisfação no trabalho e condições de trabalho apresentaram resultados superiores
aos estudos encontrados(29,47,59). A avaliação dos domínios reconhecimento do
estresse, percepção da gerência da unidade e percepção da gerência do hospital
apontou resultados inferiores aos estudos(29,659).
61
6. Conclusão
O estudo permitiu concluir que os profissionais de enfermagem
apresentaram percepção positiva apenas para o domínio satisfação no trabalho.
Entretanto, os domínios: clima de trabalho em equipe, clima de segurança e
comportamento seguro, obtiveram escores próximos a 75 pontos.
No que se refere aos domínios percepção da gerência do hospital,
reconhecimento do estresse e percepção da gerência da unidade, os profissionais
de enfermagem apresentaram percepção negativa em relação aos demais domínios,
o que sugere baixa aprovação das ações da gerência quanto as questões de
segurança.
Em relação à percepção do clima de segurança entre os enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem, os enfermeiros apresentaram melhor
percepção em todos os domínios, com exceção dos domínios satisfação no trabalho
e reconhecimento do estresse.
Este achado possui significância importante para a gestão da instituição,
uma vez que os enfermeiros ocupam papel de destaque no cuidado à saúde, na
prevenção de erros, redução dos riscos, na melhoria da qualidade dos serviços de
saúde, bem como na área de ensino e pesquisa.
62
7. Referências
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69
Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Título do Projeto: Impacto do ambiente da prática profissional e burnout na
satisfação profissional, intenção de deixar o emprego e percepção da qualidade do
cuidado.
Pesquisadora Responsável: Profa. Dra. Edinêis de Brito Guirardello
Instituição: Faculdade de Enfermagem - UNICAMP Objetivo do Estudo
Este estudo tem por objetivo avaliar o impacto do ambiente da prática profissional e
burnout na satisfação profissional, intenção de deixar o emprego e percepção da
qualidade do cuidado dos profissionais de enfermagem.
Procedimentos a que será submetido
Para a realização deste estudo, solicitamos sua colaboração para responder a ficha
de caracterização pessoal e profissional, e três outros instrumentos: o primeiro,
denominado NursingWork Index Revised (NWI-R) com a finalidade de avaliar o
ambiente da prática profissional, o segundo, Inventário de Burnout de Maslach, com
o objetivo de mensurar o nível de burnout dos profissionais de enfermagem e, o
terceiro, Versão Brasileira do Safety Attitudes Questionnaire - Short Form, objetiva
mensurar o clima de segurança na instituição. O tempo estimado para
preenchimento desses instrumentos é de 40 minutos e após preenchê-los, colocar
no envelope destinado para essa finalidade, lacrar ou grampear o envelope para ser
entregue ao pesquisador numa data combinada.
Caso existam quaisquer dúvidas, elas poderão ser esclarecidas pela pesquisadora.
Você estará livre para desistir a qualquer momento, mesmo que, inicialmente, tenha
concordado em participar do estudo, sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo.
Aspectos éticos
Sua participação será de caráter voluntário, não haverá remuneração ou benefícios
pela sua participação e não haverá quaisquer riscos em sua participação neste
70
estudo. Após concordar em participar do estudo, será solicitado a declarar o seu
consentimento e, após, receberá uma cópia do mesmo. Todas as informações
obtidas serão anônimas, sigilosas e confidenciais e você não será identificado pelo
pesquisador. Os dados serão divulgados em eventos e publicações científicas,
preservando sempre a sua identidade e da instituição. Caso você não tenha
interesse em participar, isto não lhe acarretará nenhum prejuízo.
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
Eu,.......................................................................................,idade........, RG
nº............................., concordo em participar do presente estudo, após estar ciente
dos propósitos da pesquisa, sendo a minha participação totalmente voluntária.
Campinas, __ /__/____
______________________________
Assinatura do participante
__________________________________
Pesquisadora: Edinêis de Brito Guirardello
Endereço da pesquisadora: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, Faculdade de
Enfermagem - Unicamp. Telefone: (19) 35218820/8837.E-mail:
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) FCM/UNICAMP End.: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – CEP: 13083-887 – Campinas/SP
Telefone: (19) 3521-8936 ou 3521-7187 E-mail: [email protected]
71
Esclareço que os dados do CEP (endereço, telefone, e-mail) visa o recebimento de
denúncias e/ou reclamações referente aos aspectos éticos da pesquisa e que dúvida
relacionadas a pesquisa serão esclarecidas pela pesquisadora.
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Anexo1- Ficha de Caracterização Pessoal e Profissional do Enfermeiro
Nº ___________ Data: __/__/____
Dados Pessoais 1. Idade ......anos 2. Sexo (1) Feminino (2) Masculino
3. Estado civil (1) Casado (2) Desquitado/Separado Judicialmente
(3) Divorciado (4) Viúvo (5) Solteiro
4. Ano de conclusão da graduação ___________
5. Formação profissional complementar
(1) Especialização. Qual?_______ (2) Aprimoramento (3) Residência
(4) Mestrado (5) Doutorado (6)Outros_________
1. Caso possua outra graduação, indique o curso: _____________________________ Dados profissionais 7. Instituição em que trabalha
Obs: assinale se há algum tipo
de selo de certificação de
qualidade
(1) Privada
ÿ Certificada
ÿNão-certificada
(2) Pública
ÿ Certificada
ÿ Não-certificada
(3) Filantrópica
ÿ Certificada
ÿ Não-certificada
8. Tipo de vínculo (1) CLT Tempo
Indeterminado (2) CLT Tempo Determinado (3) CLE
(4) Cooperado (5) Autônomo (6)Outro________
9. Turno de trabalho (1) Manhã: (2) Tarde (3) Noite (4) Outros_____
10. Tempo de trabalho na unidade ___ anos ____ meses
11. Tempo de trabalho na instituição ___ anos ____ meses
12. Possui outro vínculo empregatício? (1) Sim (2) Não
13. Carga horária semanal de trabalho ....... horas/semana
Ambiente de trabalho
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14. Número de profissionais sob sua supervisão _______________________
15. Número de pacientes sob sua responsabilidade_____________________
16. Em sua opinião, o número de profissionais de enfermagem é adequado para a assistência prestada?
(1) Sim (2) Não
17. Em relação ao suporte estrutural, os recursos materiais e de tecnologia está adequado em número e qualidade?(1) Sim (2) Não
18. Como você se sente em relação ao seu trabalho atual?
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
1 2 3 4
19.Coloque uma marca, ao longo da linha, no ponto que melhor descreve a sua intenção em deixar a enfermagem nos próximos 12 meses. Nenhuma Muita
20.Como você avalia a qualidade do cuidado de enfermagem oferecido ao paciente?
Muito Ruim Ruim Boa Muito boa
1 2 3 4
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Anexo 2 -Ficha de Caracterização Pessoal e Profissional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem
Nº ___________ Data: __/__/____
Dados Pessoais 1. Idade ......anos 2. Sexo (1) Feminino (2) Masculino 3. Estado civil
(1) Casado (2) Desquitado ou Separado Judicialmente (3)
Divorciado
((4) Viúvo (5) Solteiro
4. Ano de conclusão do curso técnico ___________
5. Formação profissional complementar
(1) Curso de
complementação
Qual?_________________
(2) Graduação em Enfermagem em
andamento
(3) Graduação em
Enfermagem
6. Caso possua outra graduação, indique o curso: _______________________________________
Dados profissionais 7. Instituição em que trabalha Obs: assinale se há algum
tipo
de selo de certificação de
qualidade
(1) Privada
ÿ Certificada
ÿ Não-certificada
(2) Pública
ÿ Certificada
ÿ Não-certificada
(3) Filantrópica
ÿ Certificada
ÿ Não-
certificada
8. Tipo de vínculo
(1) CLT Tempo
Indeterminado (2) CLT Tempo Determinado (3) CLE
(4) Cooperado (5) Autônomo
(6)
Outro________
9. Turno de trabalho
(1) Manhã: (2) Tarde (3) Noite (4) Outros_____
10. Tempo de trabalho na unidade ___ anos ____ meses
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11. Tempo de trabalho na instituição ___ anos ____ meses
12. Possui outro vínculo empregatício? (1) Sim (2) Não
13. Carga horária semanal de trabalho ....... horas/semana Ambiente de trabalho 14. Número de pacientes sob sua responsabilidade_____________________ 15. Em sua opinião, o número de profissionais de enfermagem é adequado para a assistência prestada?
(1) Sim (2) Não
16. Em relação ao suporte estrutural, os recursos materiais e de tecnologia está adequado em número e qualidade?(1) Sim (2) Não
17. Como você se sente em relação ao seu trabalho atual?
Muito Insatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito Satisfeito
1 2 3 4
18.Coloque uma marca, ao longo da linha, no ponto que melhor descreve a sua intenção em deixar a enfermagem nos próximos 12 meses. Nenhuma Muita 19.Como você avalia a qualidade do cuidado de enfermagem oferecido ao paciente?
Muito Ruim Ruim Boa Muito boa
1 2 3 4
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Anexo 3-Versão brasileira do Safety Attitudes Questionnaire
Fonte: Carvalho REFL, Cassiani SHB. Questionário atitudes de
segurança: adaptação transcultural do Safety Attitudes Questionnaire – Short
Form 2006 para o Brasil. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2012;
20(3): 575-82.