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Arthur da Paz EDITOR –DIÁRIO DA MANHÃ Batista Custódio, o editor-geral do Diário da Manhã, entrevistou o médium Chico Xavier em 1986 quando ele – hoje consagrado O Maior Brasileiro de Todos os Tem- pos -, estava aos 76 anos de idade e sofria há 9 anos de angina. Mes- mo enfermo, o maior ícone cris- tão do País atendia milhares de pessoas diariamente com a sere- nidade de um santo. A entrevista foi feita na Rua Dom Pedro I, no Parque das Américas em Ubera- ba, na casa humilde onde Chico morou até falecer tranquilamen- te em 2002, com 96 anos de idade. Destacamos três perguntas de tom semelhante, feitas a Chico, ao palestrante Orson Carrara e ao mé- dium Carlos Baccelli, sobre a lou- cura que vivencia a humanidade. Batista Custódio – Chico, não en- tende que, mais do que qualquer outra doença, a humanidade pa- rece estar mais contaminada pela loucura atualmente? As pessoas não andam muito loucas? Chico – O jornalista disse muito bem, porque nós todos estamos ob- servando isto. Mas precisamos per- guntar por quê? Eu tenho pergun- tado a mim mesmo: por que é que o povo está perdendo o respeito ao po- der da autoridade, perdendo o res- peito aos que lhe dão trabalho? En- tão cheguei à conclusão de que tudo isso é falta de religião. Se o homem estivesse cultivando a religião como se cultivava há 50 anos, em que to- das as famílias faziam orações, umas ao meio dia, ouras à noite... Sou filho de uma mulher que me deixou quando eu tinha cinco anos, mas toda noite, às nove horas, ela acendia uma lamparina, não ha- via luz elétrica em nossa cidade, e pinha nós todos de joelhos para apreendermos a rezar. Não se falava o nome de Deus sem se ajoelhar.Isso me fez muito bem e me ajuda até hoje. Já propus às minhas irmãs se elas não queriam seguir o sistema de nossa mãe, que nós tenhamos aqui uma sala só para rezar, cantar o ofício de Nossa Senhora, mas to- dos de joelhos, como nossa mãe nos ensinou. Mas nenhuma delas quis. Então, eu tenho que fazer isso sozi- nho, porque eu continuo. E olha que pronunciar o nome Deus ajoelhado dói pra chuchu. O escritor paulista Orson Peter Carrara esteve em Goiânia em ju- lho de 2012 para realizar palestras espíritas. Carrara é autor de 13 li- vros e articulista de jornais e sites no Brasil e Exterior e foi entrevis- tado pelo Diário da Manhã em pulicação na edição online. DM – Porque o mundo está tão louco? Como você qualifica esse momento? Orson – Isso é um efeito natu- ral da lei do progresso. É muito natural que aconteça isso porque nós estamos submetidos a uma lei de progresso, uma lei divina, que movimenta todas as forças. Tudo evolui no Universo. Evolui a mentalidade humana, evolui o planeta, evolui a matéria, evolu- em as instituições, as ideias. É fru- to da lei do progresso. Não há mo- tivo para espanto, é o motor do progresso que está ocasionando todas essas transformações, que são benéficas, e trarão um novo tempo para a humanidade. Por fim, a pergunta é repetida ao médium Carlos Baccelli: DM – Baccelli, porque as pessoas parecem estar malucas? Baccelli – São os chamados “si- nais dos tempos”, época que pre- nuncia as transformações pelas quais a Humanidade está pas- sando. Fenômeno natural e inevi- tável que, gradativamente, culmi- nará com o aparecimento de uma nova ordem social. São as “dores do parto” para que o Mun- do de Regeneração com o qual tanto sonhamos possa vir à luz! Jávier Godinho – Vários de seus livros, como Chico e Emmanuel e O Evangelho de Chico Xavier, apre- sentam dezenas de comentários de Francisco Cândido Xavier entre aspas. Foram palavras dele mes- mo? Você as gravou e depois repro- duziu nessas obras? Baccelli – Sim. Em “Chico e Em- manuel”, por exemplo, como tam- bém em “Chico Xavier, o Médium dos Pés Descalços”, tenho comigo, no original, todas as longas cartas que ele, semanalmente, nos escrevia, a mim à Márcia, minha esposa, com os seus preciosos apontamentos. Quanto aos demais livros de nossa lavra, como “O Evangelho de Chico Xavier”, biografando o estimado médium – são mais de 15! –, o seu conteúdo, ao longo do tempo, foi sendo anotado por nós, como em “Chico Xavier, à Sombra do Abaca- teiro”. Todas as quartas-feiras, à noi- te, estávamos juntos na intimidade de sua casa, e eu, evidentemente, sempre munido de papel e caneta - Chico ficava constrangido diante de um gravador! Jávier – Com sua longa convi- vência com Chico Xavier, conside- ra ter sido ele reencarnação de Al- lan Kardec? Por que? Baccelli – Sim, cada vez mais te- nho esta certeza: Chico Xavier foi a reencarnação de Allan Kardec! A obra de um fala da obra de outro - a Obra Mediúnica de Chico é o com- plemento natural da Obra de Kar- dec! O Espírito da Verdade, falando a ele de sua próxima reencarnação, a fim de dar sequência à obra inici- ada, não iria enganá-lo dentro de sua própria casa... Admitir isto seria colocar em xeque a nossa Institui- ção doutrinária! Jávier –Você concorda com o “fi- nal dos tempos” conforme está no livro Não será em 2012, de Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto? Seri- am mesmo dele as revelações apresentadas como de Chico Xavi- er? Baccelli – Sim, claro que concor- do. O que Chico disse ao Dr. Geraldo Lemos Neto e à Dra. Marlene Nobre, ele o dizia a diversos outros amigos, inclusive a mim, que, em várias oportunidades, pude ouvi-lo a res- peito. Por exemplo, há 30, 40 anos atrás, ele nos falava sobre o que hoje está acontecendo com a Amazônia, sem que as nossas autoridades go- vernamentais tomem nenhuma atitude. Chico não era tão somente médium - era também profeta! Jávier – Chico Xavier foi, em to- das as ocasiões, um intransigente defensor da vida. No apreciado Doutrina Viva, de sua autoria, pági- na 235, “Estupro e aborto”, lhe são atribuídas palavras favoráveis ao aborto, se for decisão da mãe, em caso de estupro. Chico disse mes- mo o que está escrito ali? Baccelli – Sim, ele o disse! Chico não era - nunca foi! - favorável ao aborto, e nem tampouco eu. Toda- via, em caso de estupro seguido de gravidez, creio que nós, os homens, deveríamos ser os últimos a falar al- guma coisa. Conheço um caso, em Uberaba, em que a jovem, sendo es- tuprada por um homem casado, re- sultando em gravidez, foi até o Chi- co que lhe disse que ela o tinha di- reito de decidir o que fazer com o seu próprio corpo. No entanto, reco- nheço que, quando se trata da filha dos outros, é muito difícil termos a mesma opinião que teríamos caso a filha fosse nossa. Jávier –O corpo de Jesus era exa- tamente igual ao nosso, conforme afirma Kardec em “A Gênese”, ou ele veio ao mundo como mero agênere? Baccelli – Você me perdoe brincar com algo tão sério, mas, certa vez, quando nós comentávamos o as- sunto perto de Chico, que nos ouvia - éramos um grupo de jovens -, ele simplesmente nos disse que José não se casaria com Maria para um ficar olhando para a cara do outro... Se- gundo Kardec, os agêneres existem, mas fica muito difícil admitir que o episódio do Calvário tenha sido uma encenação! Jávier – Na sua opinião, Emma- nuel já está reencarnado, no interi- or de São Paulo, desde o ano 2000, para aqui cumprir nova missão, como professor, com Chico Xavier, este agora como seu guia? Baccelli – Não se trata da minha opinião, ou de alguém. Chico disse que Emmanuel havia reencarnado, numa cidade do interior de São Paulo, e que descenderia da família de Ricardo e Laura, personagens de “Nosso Lar”! A partir do ano 2000, ele não mais recebeu nenhuma mensagem dele! Se aparecer algu- ma, trata-se de mensagem poste- riormente datada e, portanto, frau- dulenta. Chico acrescentava que Emmanuel militaria no campo da Educação e, talvez, mais tarde fosse para o Senado. Isto não quer dizer que Emmanuel, necessariamente, haverá de ser um militante espírita. Esqueçamos os rótulos – nós ainda somos muito apegados a eles! Para servir o Cristo, ninguém precisa ser rotuladamente espírita!... Diário da Manhã – Você conviveu mais de 25 anos com Francisco Cândido Xavier. Na sua opinião, quem é este homem? Carlos Baccelli – Chico foi um dos maiores luminares da Espiri- tualidade Maior que até hoje se corporificaram na Terra, com in- tuito de incentivar o progresso es- piritual da Humanidade. A sua missão extrapolou o âmbito do Espiritismo, porque além de ser um dos maiores médiuns de to- dos os tempos, a sua vivência do Evangelho referendou a obra lite- rária que os Espíritos Superiores realizaram por seu intermédio. Ele está para o Espiritismo assim como os Apóstolos estiveram para o Cristianismo nascente. DM – O Brasil, representando uma parcela dessa aparente lou- cura, expele escândalos diaria- mente. Não só acentuados na po- lítica, mas nos vários cenários so- ciais. Violência alarmante, instabi- lidade econômica, crise no siste- ma de saúde, etc. Como compre- ender este processo? Baccelli – Allan Kardec, em “A Gênese”, escrevendo sobre os “Sinais dos Tempos”, esclarece: “Porém uma mudança tão radical como a que se elabora, não pode realizar- se sem comoção; há a luta inevitá- vel entre as ideias. De tal conflito nascerão forçosamente perturba- ções temporárias, até que o terreno haja sido desobstruído e o equilí- brio restabelecido. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos ou catástrofes pura- mente materiais. Os cataclismos gerais eram a consequência do es- tado de formação da Terra; hoje não são as entranhas do globo que se agitam,são as da Humanidade”. DM – Qual o dever dos nossos go- vernantes na fase atual em que vi- ve a Terra? Você conhece a visão de Chico Xavier à esse respeito? Baccelli – O dever de nossos go- vernantes, sem dúvida, é o de se manterem fiéis ao bem da coletividade. Chico comen- tava conosco que a corrupção é um dos maiores males sociais que pode acometer uma nação, atravancan- do o seu progresso. Verificamos, in- felizmente, que, em muitos de nos- sos governantes, o egoísmo ainda prevalece. Chico ainda dizia que, além da morte, o “vale” dos gover- nantes corruptos, que se tornam responsáveis pela carência e infeli- cidade de milhares, é muito pior que o chamado “vale dos suicidas”! DM – Se considerarmos a urgente necessidade de reestabelecer o amor como eixo moral de toda humanidade, questiona-se: O que acontecerá aos líderes que não cumprirem sua res- ponsabilidade? Baccelli – Evidentemente, todos eles passarão e haverão de sofrer as consequências de suas atitudes... No livro “Nosso Lar”, de André Luiz, na Colônia espiritual que conside- ramos por modelo das cidades do futuro, os governantes fazem jus à sua liderança pela sua condição moral. A “Lei da Ficha Limpa”, quando realmente for observada, será o embrião do currículo que um governante deverá ter para as- sumir a grave responsabilidade de conduzir os destinos de um povo. DM –O mundo acaba em 2012? Baccelli – Não, o mundo não acabará em 2012 - por obra de Deus, não! A menos que o homem decida por explodir todos os artefa- tos bélicos que ele conserva arma- zenados, o mundo não irá acabar em 2012! Não obstante, devemos convir que, em 2012, de fato, está havendo uma espécie de acelera- mento de todas as crises, inclusive econômica, política e religiosa, abrindo caminhos para a lenta e gradual transformação que fará da Terra um mundo melhor. DM – Os médiuns, através de fa- culdades psíquicas – seriamente pesquisadas pelo educador e ci- entista positivista Allan Kardec - recebem livros, pinturas, comu- nicações e demais manifesta- ções espirituais variadas. Na atu- alidade, existe uma verdadeira enxurrada de obras mediúnicas. Como atestar a legitimidade destas comunicações? Baccelli – Talvez que, através destas obras, e outras manifesta- ções mediúnicas, o Plano Espiri- tual esteja querendo atingir o maior número possível de pesso- as, no sentido de que elas passem a viver com senso de vida eterna, raciocinando em termos de imor- talidade, e se libertem de suas concepções imediatistas. Kardec escreveu que o inimigo a ser com- batido é o materialismo. DM – Hoje evidencia-se o desen- volvimento do espiritismo como ciência e a sua aceitação por cer- tos ramos da medicina (parapsi- cologia, terapias curativas, etc.) Qual é o futuro desta filosofia, co- mo ciência? O que se pode apon- tar neste horizonte que tanto se alarga e cresce? Baccelli – O Espiritismo – disse célebre pensador – pode não ser a religião do futuro, mas, com certe- za, haverá de ser o futuro das reli- giões. Em “Nosso Lar”, por exem- plo, não há uma só página que di- ga que a referida Colônia seja espí- rita – trata-se de uma cidade onde impera o ecumenismo, em sua mais legítima expressão. O Espiri- tismo não tenciona fazer com que o mundo seja espírita, mas com que ele seja cristão! DM –Várias seitas, religiões e dou- trinas elegem verdadeiros manu- ais sagrados que apontam para a “salvação”. O que seria uma guia seguro para obtê-la? Baccelli – Chico dizia que, caso dispusesse de autoridade suficien- te para tanto, fixaria, na entrada de cada cidade, estas indeléveis palavras do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”! É o monopólio da Verdade que moti- va os homens aos conflitos de na- tureza religiosa, e não o Amor que é a essência de todas elas. Sobre a face da Terra, não se sabe de um único conflito que tenha sido mo- tivo pelo Amor verdadeiro... É a lu- ta pela Verdade que, por exemplo, separa judeus e muçulmanos, ca- tólicos e protestantes - infelizmen- te, pelo monopólio da Verdade, o Amor vem sendo posto de lado! OPINIÃOPÚBLICA Diário da Manhã GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 2012 4 OPINIÃO PÚBLICA Ensinamento de Chico “A vida de Chico Xavier, toda ela, é um evangelho de feitos! Com ele, era lição todo dia... A maior lição, porém, talvez seja a da coerência. Chico sempre se mostrava tal qual era: totalmente transparente!” Baccelli Habilidades psíquicas Chico, por assim dizer, ‘ouvia’ o pensamento da gente... Ele tinha o dom da chamada ‘dupla vista’, que é a visão a distância, como também da ‘dupla audição’. Para mim, ele foi o maior fenômeno mediúnico da história! Baccelli OPINIÃOPÚBLICA Diário da Manhã 5 OPINIÃO PÚBLICA GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 2012 Mary Alves – Na sua convivên- cia com Chico Xavier, ele fazia al- gum comentário quando surgiam obras psicografadas por outros médiums que, ele Chico, sabia não ser a verdade? Baccelli – De modo geral, não. Chico era extremamente ético. Neste sentido, apenas numa ocasi- ão ou outra ele costumava se ma- nifestar publicamente. As suas pa- lavras aos médiuns iniciantes eram sempre de incentivo ao tra- balho. Prova disto é que, em toda reunião, ao terminar de psicogra- far, antes que se dispusesse a ler a mensagens que os espíritos havi- am grafado por seu intermédio, ele perguntava ao companheiro diri- gente: - “Alguém mais recebeu?...”. Mary – No seu entendimento, porque somente após a partida de Chico Xavier muitas obras polêmicas vieram a público? Baccelli – Chico, certa vez, nos disse que foi preciso que ele mu- dasse de Pedro Leopoldo para que outros médiuns surgissem por lá... Cremos que, com a desencar- nação de Chico, outros médiuns, que viviam um tanto retraídos, começaram a publicar os seus trabalhos, que, evidentemente, re- fletem a condição mediúnica de cada um deles e a dos espíritos que com eles se afinam. No que tange à palavra “polêmica”, não nos esqueçamos de que “Nosso Lar”, de André Luiz, até hoje, por parte de alguns espíritas, é consi- derada uma obra desta natureza. Mary – Quando podemos ter a certeza de que uma mensagem é mesmo do familiar que a escreve? Baccelli – Esta certeza não de- ve ser nossa, mas, sim, do fami- liar que a recebe. Paulo, escre- vendo aos Coríntios, grafou em sua Primeira Carta a eles, no ca- pítulo 14, versículo 22: “... a pro- fecia não é para os incrédulos, e, sim, para os que creem”. Mary –Você, como psicógrafo, precisa fazer perguntas aos fami- liares para ajudar na concepção da mensagem? Baccelli – Na maioria das ve- zes, sim. Odilon Fernandes, na obra “O Transe Mediúnico”, es- tuda com propriedade o assun- to. Um comunicado mediúnico, conforme explanou Kardec em “O Livro dos Médiuns”, é a so- matória do pensamento do es- pírito, mais o pensamento do médium, acrescentado à influ- ência do meio. Quando eu, pela vez primeira, comecei a receber os poetas desencarnados, Chico me chamou de lado e me orien- tou que procurasse estudar Poe- sia, e, indo ele a São Paulo, quando de lá retornou me pre- senteou com o “Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa”, do Prof. José Augusto Fernandes. MARY ALVES – PERGUNTAS JÁVIER GODINHO – PERGUNTAS Jávier Godinho é jornalista e um profissional de extensa participação na história da imprensa goiana. É também estudioso da filosofia espírita, doutrina na qual, publica semanalmente vários artigos e análises relacionados ao tema Mary Alves é psicógrafa nas Obras Sociais do Grupo Espírita Mãos Unidas. É conhecida em Goiás por ter recebido a maioria das cartas enviadas pelo espírito de Fábio Nasser, filho do editor-geral do Diário da Manhã, Batista Custódio ARTHUR DA PAZ ARQUIVO DM ARQUIVO DM ARQUIVO PESSOAL Chico Xavier e Batista Custódio em 1986, quando o médium fez questão de receer o jornalista em sua residência, em Uberaba. Chico estava com 76 anos Carlos Baccelli (mais jovem) ao lado de Chico Xavier. “Todos que passaram um segundo por Chico Xavier, sairam modificados para o resto de suas vidas”, é a voz geral de quem o conheceu. CHEGAM AS MUDANÇAS LOUCURA É A MARCA DESSES TEMPOS Um dos mais clássicos auto- res espíritas do Brasil traba- lhou com Chico Xavier por mais de 25 anos. Carlos A. Bac- celli nasceu em Uberaba, Mi- nas Gerais em 1952 e é casado com a Profª Márcia Queiroz Sil- va Baccelli, é pai de dois filhos, Thiago e Marcela. Formado em Odontologia, há 43 anos coopera com as atividades da Casa Espí- rita “Bittencourt Sampaio”. Em entrevista, o idealizador e funda- dor de várias instituições espíri- tas, traz detalhes da visão dos es- píritos sobre os aspectos sociais que atualmente regem as rela- ções políticas no Brasil e no mundo, além de revelar como deve ser guiado o futuro da Na- ção quando forem observados os valores cristãos tão fortemente defendidos pelos espíritas, espe- cialmente, Chico Xavier. Arthur da Paz Editor do DM.com.br A ‘Lei da Ficha Limpa’, quando realmente for observada, será o embrião do currículo que um governante deverá ter para a assumir a grave responsabilidade de conduzir os destinos de um povo.” ARQUIVO PESSOAL Baccelli tem mais de 55 obras lançadas, onde 10 delas foram feitas em parceria direta com o maior médium da história

Chegam as mudanças

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Com mais de 55 livros e obras da literatura espírita publicadas, sendo 10 destas, em parceria direta com o médium Chico Xavier, o espírita Carlos Antônio Baccelli sede ao Diário da Manhã entrevista exclusiva onde trás a análise dos tempos atuais sob o ponto de vista de quem conviveu mais de 25 anos ao lado do homem considerado pelo Brasil, o maior brasileiro de todos os tempos. Dois jornalistas estudiosos da ciência espírita e uma médium conhecida em Goiás, Jávier Godinho, Arthur da Paz e Mary Alves, conduziram as perguntas a Baccelli que trás respostas reveladoras a perguntas polêmicas. Confira a entrevista na íntegra!

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Arthur da Paz

EDITOR – DIÁRIO DA MANHÃ

Batista Custódio, o editor-geraldo Diário da Manhã,entrevistou omédium Chico Xavier em 1986quando ele – hoje consagrado OMaior Brasileiro de Todos os Tem-pos -, estava aos 76 anos de idadee sofria há 9 anos de angina. Mes-mo enfermo, o maior ícone cris-tão do País atendia milhares depessoas diariamente com a sere-nidade de um santo. A entrevistafoi feita na Rua Dom Pedro I, noParque das Américas em Ubera-ba, na casa humilde onde Chicomorou até falecer tranquilamen-te em 2002,com 96 anos de idade.

Destacamos três perguntas detom semelhante, feitas a Chico, aopalestrante Orson Carrara e ao mé-

dium Carlos Baccelli, sobre a lou-cura que vivencia a humanidade.

Batista Custódio – Chico, não en-tende que, mais do que qualqueroutra doença, a humanidade pa-rece estar mais contaminada pelaloucura atualmente? As pessoasnão andam muito loucas?

Chico – O jornalista disse muitobem, porque nós todos estamos ob-servando isto. Mas precisamos per-guntar por quê? Eu tenho pergun-tado a mim mesmo:por que é que opovo está perdendo o respeito ao po-der da autoridade, perdendo o res-peito aos que lhe dão trabalho? En-tão cheguei à conclusão de que tudoisso é falta de religião. Se o homemestivesse cultivando a religião comose cultivava há 50 anos, em que to-

das as famílias faziam orações,umas ao meio dia, ouras à noite...Sou filho de uma mulher que medeixou quando eu tinha cinco anos,mas toda noite, às nove horas, elaacendia uma lamparina, não ha-via luz elétrica em nossa cidade, epinha nós todos de joelhos paraapreendermos a rezar.Não se falavao nome de Deus sem se ajoelhar.Issome fez muito bem e me ajuda atéhoje. Já propus às minhas irmãs seelas não queriam seguir o sistemade nossa mãe, que nós tenhamosaqui uma sala só para rezar, cantaro ofício de Nossa Senhora, mas to-dos de joelhos, como nossa mãe nosensinou. Mas nenhuma delas quis.Então, eu tenho que fazer isso sozi-nho,porque eu continuo.E olha quepronunciar o nome Deus ajoelhadodói pra chuchu.

O escritor paulista Orson PeterCarrara esteve em Goiânia em ju-lho de 2012 para realizar palestrasespíritas. Carrara é autor de 13 li-vros e articulista de jornais e sitesno Brasil e Exterior e foi entrevis-tado pelo Diário da Manhã empulicação na edição online.

DM – Porque o mundo está tãolouco? Como você qualifica essemomento?

Orson – Isso é um efeito natu-ral da lei do progresso. É muitonatural que aconteça isso porquenós estamos submetidos a umalei de progresso, uma lei divina,que movimenta todas as forças.Tudo evolui no Universo. Evolui amentalidade humana, evolui oplaneta, evolui a matéria, evolu-em as instituições, as ideias. É fru-to da lei do progresso. Não há mo-tivo para espanto, é o motor doprogresso que está ocasionandotodas essas transformações, quesão benéficas, e trarão um novotempo para a humanidade.

Por fim, a pergunta é repetidaao médium Carlos Baccelli:

DM – Baccelli, porque as pessoasparecem estar malucas?

Baccelli – São os chamados “si-nais dos tempos”, época que pre-nuncia as transformações pelasquais a Humanidade está pas-sando. Fenômeno natural e inevi-tável que, gradativamente, culmi-nará com o aparecimento deuma nova ordem social. São as“dores do parto” para que o Mun-do de Regeneração com o qualtanto sonhamos possa vir à luz!

Jávier Godinho – Vários de seuslivros, como Chico e Emmanuel eO Evangelho de Chico Xavier, apre-sentam dezenas de comentáriosde Francisco Cândido Xavier entreaspas. Foram palavras dele mes-mo? Você as gravou e depois repro-duziu nessas obras?

Baccelli – Sim. Em “Chico e Em-manuel”, por exemplo, como tam-bém em “Chico Xavier, o Médiumdos Pés Descalços”,tenho comigo,nooriginal, todas as longas cartas queele, semanalmente, nos escrevia, amim à Márcia, minha esposa, comos seus preciosos apontamentos.Quanto aos demais livros de nossalavra, como “O Evangelho de ChicoXavier”, biografando o estimadomédium – são mais de 15! –, o seuconteúdo, ao longo do tempo, foisendo anotado por nós, como em“Chico Xavier, à Sombra do Abaca-teiro”.Todas as quartas-feiras,à noi-te, estávamos juntos na intimidadede sua casa, e eu, evidentemente,sempre munido de papel e caneta -Chico ficava constrangido diante deum gravador!

Jávier – Com sua longa convi-vência com Chico Xavier, conside-ra ter sido ele reencarnação de Al-lan Kardec? Por que?

Baccelli – Sim, cada vez mais te-

nho esta certeza: Chico Xavier foi areencarnação de Allan Kardec! Aobra de um fala da obra de outro - aObra Mediúnica de Chico é o com-plemento natural da Obra de Kar-dec! O Espírito da Verdade, falandoa ele de sua próxima reencarnação,a fim de dar sequência à obra inici-ada, não iria enganá-lo dentro desua própria casa...Admitir isto seriacolocar em xeque a nossa Institui-ção doutrinária!

Jávier –Você concorda com o “fi-nal dos tempos” conforme está nolivro Não será em 2012, de MarleneNobre e Geraldo Lemos Neto? Seri-am mesmo dele as revelaçõesapresentadas como de Chico Xavi-er?

Baccelli – Sim, claro que concor-do.O que Chico disse ao Dr.GeraldoLemos Neto e à Dra.Marlene Nobre,ele o dizia a diversos outros amigos,inclusive a mim, que, em váriasoportunidades, pude ouvi-lo a res-peito. Por exemplo, há 30, 40 anosatrás,ele nos falava sobre o que hojeestá acontecendo com a Amazônia,sem que as nossas autoridades go-vernamentais tomem nenhumaatitude. Chico não era tão somentemédium - era também profeta!

Jávier – Chico Xavier foi, em to-

das as ocasiões, um intransigentedefensor da vida. No apreciadoDoutrina Viva, de sua autoria, pági-na 235, “Estupro e aborto”, lhe sãoatribuídas palavras favoráveis aoaborto, se for decisão da mãe, emcaso de estupro. Chico disse mes-mo o que está escrito ali?

Baccelli – Sim, ele o disse! Chiconão era - nunca foi! - favorável aoaborto, e nem tampouco eu. Toda-via, em caso de estupro seguido degravidez, creio que nós, os homens,deveríamos ser os últimos a falar al-guma coisa. Conheço um caso, emUberaba,em que a jovem,sendo es-tuprada por um homem casado,re-sultando em gravidez, foi até o Chi-co que lhe disse que ela o tinha di-reito de decidir o que fazer com oseu próprio corpo. No entanto, reco-nheço que, quando se trata da filhados outros, é muito difícil termos amesma opinião que teríamos caso afilha fosse nossa.

Jávier –O corpo de Jesus era exa-tamente igual ao nosso, conformeafirma Kardec em “A Gênese”, ouele veio ao mundo como meroagênere?

Baccelli – Você me perdoe brincarcom algo tão sério, mas, certa vez,quando nós comentávamos o as-sunto perto de Chico, que nos ouvia

- éramos um grupo de jovens -, elesimplesmente nos disse que José nãose casaria com Maria para um ficarolhando para a cara do outro... Se-gundo Kardec, os agêneres existem,mas fica muito difícil admitir que oepisódio do Calvário tenha sidouma encenação!

Jávier – Na sua opinião, Emma-nuel já está reencarnado, no interi-or de São Paulo, desde o ano 2000,para aqui cumprir nova missão,como professor, com Chico Xavier,este agora como seu guia?

Baccelli – Não se trata da minhaopinião, ou de alguém. Chico disseque Emmanuel havia reencarnado,

numa cidade do interior de SãoPaulo, e que descenderia da famíliade Ricardo e Laura, personagens de“Nosso Lar”! A partir do ano 2000,ele não mais recebeu nenhumamensagem dele! Se aparecer algu-ma, trata-se de mensagem poste-riormente datada e, portanto, frau-dulenta. Chico acrescentava queEmmanuel militaria no campo daEducação e, talvez, mais tarde fossepara o Senado. Isto não quer dizerque Emmanuel, necessariamente,haverá de ser um militante espírita.Esqueçamos os rótulos – nós aindasomos muito apegados a eles! Paraservir o Cristo, ninguém precisa serrotuladamente espírita!...

Diário da Manhã – Você conviveumais de 25 anos com FranciscoCândido Xavier. Na sua opinião,quem é este homem?

Carlos Baccelli – Chico foi umdos maiores luminares da Espiri-tualidade Maior que até hoje secorporificaram na Terra, com in-tuito de incentivar o progresso es-piritual da Humanidade. A suamissão extrapolou o âmbito doEspiritismo, porque além de serum dos maiores médiuns de to-dos os tempos, a sua vivência doEvangelho referendou a obra lite-rária que os Espíritos Superioresrealizaram por seu intermédio.Ele está para o Espiritismo assimcomo os Apóstolos estiveram parao Cristianismo nascente.

DM – O Brasil, representandouma parcela dessa aparente lou-cura, expele escândalos diaria-mente. Não só acentuados na po-lítica, mas nos vários cenários so-ciais. Violência alarmante, instabi-lidade econômica, crise no siste-ma de saúde, etc. Como compre-ender este processo?

Baccelli – Allan Kardec, em “AGênese”,escrevendo sobre os “Sinaisdos Tempos”, esclarece: “Porémuma mudança tão radical como aque se elabora, não pode realizar-se sem comoção; há a luta inevitá-vel entre as ideias. De tal conflitonascerão forçosamente perturba-ções temporárias, até que o terrenohaja sido desobstruído e o equilí-brio restabelecido. É, pois, da luta

das ideias que surgirão os gravesacontecimentos anunciados, e nãode cataclismos ou catástrofes pura-mente materiais. Os cataclismosgerais eram a consequência do es-tado de formação da Terra; hojenão são as entranhas do globo quese agitam,são as da Humanidade”.

DM – Qual o dever dos nossos go-vernantes na fase atual em que vi-ve a Terra? Você conhece a visãode Chico Xavier à esse respeito?

Baccelli – O dever de nossos go-vernantes, sem

dúvida, é o de se manterem fiéis aobem da coletividade.Chico comen-tava conosco que a corrupção é umdos maiores males sociais que podeacometer uma nação, atravancan-do o seu progresso.Verificamos, in-felizmente, que, em muitos de nos-sos governantes, o egoísmo aindaprevalece. Chico ainda dizia que,além da morte, o “vale” dos gover-nantes corruptos, que se tornamresponsáveis pela carência e infeli-cidade de milhares, é muito piorque o chamado “vale dos suicidas”!

DM – Se considerarmos a urgentenecessidade de reestabelecer oamor como eixo moral de todahumanidade, questiona-se: O queacontecerá aos líderes que não

cumprirem sua res-ponsabilidade?

Baccelli – Evidentemente, todoseles passarão e haverão de sofrer asconsequências de suas atitudes...No livro “Nosso Lar”,de André Luiz,na Colônia espiritual que conside-ramos por modelo das cidades dofuturo, os governantes fazem jus àsua liderança pela sua condiçãomoral. A “Lei da Ficha Limpa”,quando realmente for observada,será o embrião do currículo queum governante deverá ter para as-sumir a grave responsabilidade deconduzir os destinos de um povo.

DM – O mundo acaba em 2012?Baccelli – Não, o mundo não

acabará em 2012 - por obra deDeus, não! A menos que o homemdecida por explodir todos os artefa-tos bélicos que ele conserva arma-zenados, o mundo não irá acabarem 2012! Não obstante, devemosconvir que, em 2012, de fato, estáhavendo uma espécie de acelera-mento de todas as crises, inclusiveeconômica, política e religiosa,abrindo caminhos para a lenta egradual transformação que faráda Terra um mundo melhor.

DM – Os médiuns, através de fa-culdades psíquicas – seriamentepesquisadas pelo educador e ci-entista positivista Allan Kardec -recebem livros, pinturas, comu-nicações e demais manifesta-ções espirituais variadas. Na atu-alidade, existe uma verdadeiraenxurrada de obras mediúnicas.Como atestar a legitimidadedestas comunicações?

Baccelli – Talvez que, atravésdestas obras, e outras manifesta-ções mediúnicas, o Plano Espiri-tual esteja querendo atingir o

maior número possível de pesso-as, no sentido de que elas passema viver com senso de vida eterna,raciocinando em termos de imor-talidade, e se libertem de suasconcepções imediatistas. Kardecescreveu que o inimigo a ser com-batido é o materialismo.

DM – Hoje evidencia-se o desen-volvimento do espiritismo comociência e a sua aceitação por cer-tos ramos da medicina (parapsi-cologia, terapias curativas, etc.)Qual é o futuro desta filosofia, co-mo ciência? O que se pode apon-tar neste horizonte que tanto sealarga e cresce?

Baccelli – O Espiritismo – dissecélebre pensador – pode não ser areligião do futuro, mas, com certe-za, haverá de ser o futuro das reli-giões. Em “Nosso Lar”, por exem-plo, não há uma só página que di-ga que a referida Colônia seja espí-rita – trata-se de uma cidade ondeimpera o ecumenismo, em suamais legítima expressão. O Espiri-tismo não tenciona fazer com queo mundo seja espírita, mas comque ele seja cristão!

DM –Várias seitas, religiões e dou-trinas elegem verdadeiros manu-ais sagrados que apontam para a“salvação”. O que seria uma guiaseguro para obtê-la?

Baccelli – Chico dizia que, casodispusesse de autoridade suficien-te para tanto, fixaria, na entradade cada cidade, estas indeléveispalavras do Cristo: “Amai-vos unsaos outros como eu vos amei”! É omonopólio da Verdade que moti-va os homens aos conflitos de na-tureza religiosa, e não o Amor queé a essência de todas elas. Sobre aface da Terra, não se sabe de umúnico conflito que tenha sido mo-tivo pelo Amor verdadeiro... É a lu-ta pela Verdade que, por exemplo,separa judeus e muçulmanos, ca-tólicos e protestantes - infelizmen-te, pelo monopólio da Verdade, oAmor vem sendo posto de lado!

OPINIÃOPÚBLICA Diário da ManhãGOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 20124

OPINIÃOPÚBLICA Ensinamento de Chico“A vida de Chico Xavier, toda ela, é um evangelho de

feitos! Com ele, era lição todo dia... A maior lição, porém,talvez seja a da coerência. Chico sempre se mostrava tal

qual era: totalmente transparente!” Baccelli

Habilidades psíquicasChico, por assim dizer, ‘ouvia’ o pensamento da gente...Ele tinha o dom da chamada ‘dupla vista’, que é a visão adistância, como também da ‘dupla audição’. Para mim,

ele foi o maior fenômeno mediúnico da história! Baccelli

OPINIÃOPÚBLICADiário da Manhã 5

OPINIÃOPÚBLICAGOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 2012

Mary Alves – Na sua convivên-cia com Chico Xavier, ele fazia al-gum comentário quando surgiamobras psicografadas por outrosmédiums que, ele Chico, sabianão ser a verdade?

Baccelli – De modo geral, não.Chico era extremamente ético.Neste sentido, apenas numa ocasi-ão ou outra ele costumava se ma-nifestar publicamente. As suas pa-lavras aos médiuns inicianteseram sempre de incentivo ao tra-balho. Prova disto é que, em todareunião, ao terminar de psicogra-far, antes que se dispusesse a ler amensagens que os espíritos havi-am grafado por seu intermédio,eleperguntava ao companheiro diri-gente:- “Alguém mais recebeu?...”.

Mary – No seu entendimento,porque somente após a partida

de Chico Xavier muitas obraspolêmicas vieram a público?

Baccelli – Chico, certa vez, nosdisse que foi preciso que ele mu-dasse de Pedro Leopoldo para queoutros médiuns surgissem porlá... Cremos que, com a desencar-nação de Chico, outros médiuns,que viviam um tanto retraídos,começaram a publicar os seustrabalhos, que, evidentemente, re-fletem a condição mediúnica decada um deles e a dos espíritosque com eles se afinam. No quetange à palavra “polêmica”, nãonos esqueçamos de que “NossoLar”, de André Luiz, até hoje, porparte de alguns espíritas, é consi-derada uma obra desta natureza.

Mary – Quando podemos ter acerteza de que uma mensagem émesmo do familiar que a escreve?

Baccelli – Esta certeza não de-ve ser nossa, mas, sim, do fami-liar que a recebe. Paulo, escre-vendo aos Coríntios, grafou emsua Primeira Carta a eles, no ca-pítulo 14, versículo 22: “... a pro-fecia não é para os incrédulos, e,sim, para os que creem”.

Mary –Você, como psicógrafo,precisa fazer perguntas aos fami-liares para ajudar na concepçãoda mensagem?

Baccelli – Na maioria das ve-zes, sim. Odilon Fernandes, naobra “O Transe Mediúnico”, es-tuda com propriedade o assun-to. Um comunicado mediúnico,conforme explanou Kardec em“O Livro dos Médiuns”, é a so-matória do pensamento do es-pírito, mais o pensamento domédium, acrescentado à influ-

ência do meio. Quando eu, pelavez primeira, comecei a receberos poetas desencarnados, Chicome chamou de lado e me orien-tou que procurasse estudar Poe-

sia, e, indo ele a São Paulo,quando de lá retornou me pre-senteou com o “Dicionário deRimas da Língua Portuguesa”,do Prof. José Augusto Fernandes.

MARY ALVES – PERGUNTAS

JÁVIER GODINHO – PERGUNTAS

u Jávier Godinho é jornalista e um profissional de extensa participação nahistória da imprensa goiana. É também estudioso da filosofia espírita, doutrinana qual, publica semanalmente vários artigos e análises relacionados ao tema

u Mary Alves é psicógrafa nas Obras Sociais do Grupo Espírita Mãos Unidas. Éconhecida em Goiás por ter recebido a maioria das cartas enviadas pelo espíritode Fábio Nasser, filho do editor-geral do Diário da Manhã, Batista Custódio

ARTHUR DA PAZ

ARQUIVO DM

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u Chico Xavier e Batista Custódio em 1986, quando o médium fez questãode receer o jornalista em sua residência, em Uberaba. Chico estava com 76 anos

u Carlos Baccelli (mais jovem) ao ladode Chico Xavier. “Todos que passaramum segundo por Chico Xavier, sairammodificados para o resto de suas vidas”,é a voz geral de quem o conheceu.

CHEGAM ASMUDANÇAS

LOUCURAÉ A MARCA

DESSESTEMPOS

Um dos mais clássicos auto-res espíritas do Brasil traba-lhou com Chico Xavier pormais de 25 anos. Carlos A. Bac-celli nasceu em Uberaba, Mi-nas Gerais em 1952 e é casado

com a Profª Márcia Queiroz Sil-va Baccelli, é pai de dois filhos,Thiago e Marcela. Formado emOdontologia,há 43 anos cooperacom as atividades da Casa Espí-rita “Bittencourt Sampaio”. Em

entrevista,o idealizador e funda-dor de várias instituições espíri-tas, traz detalhes da visão dos es-píritos sobre os aspectos sociaisque atualmente regem as rela-ções políticas no Brasil e no

mundo, além de revelar comodeve ser guiado o futuro da Na-ção quando forem observados osvalores cristãos tão fortementedefendidos pelos espíritas, espe-cialmente, Chico Xavier.

Arthurda Paz

Editor doDM.com.br

A ‘Lei da FichaLimpa’, quandorealmente forobservada, será oembrião do currículoque um governantedeverá ter para aassumir a graveresponsabilidade deconduzir os destinosde um povo.”

ARQUIVO PESSOAL

u Baccelli tem mais de 55 obras lançadas, onde 10 delas foram feitas em parceria direta com o maior médium da história