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JANEIRO DE 2007 ANO XXI nº 751 SEG 22 TER 23 QUA 24 QUI 25 SEX 26 SÁB 27 DOM 28 sintufrj.org.br [email protected] Mercosul Chefes de Estado de 10 países latino- americanos estiveram no Rio na sema- na passada para a reunião de Cúpula do Mercosul. O presidente da Venezuela ro- bou a cena e foi homenageado com a Medalha Tiradentes, na Assembléia Le- gislativa do Rio de Janeiro. MST: estudo na UFRJ Enquanto os universitários curtem férias, 50 militantes do campo e da cidade de quase todas as regiões do país ocupam a Escola de Serviço Social, na Praia Vermelha. Estudam História, Filosofia, Política e Economia. Lêem os clássicos, assistem a filmes e apresentações de grupos musicais e teatrais. Página 4 Combate ao cigarro Pesquisadores do Laboratório de Genética e Biologia Celular, do Instituto de Química da UFRJ, estão recrutando 200 voluntários, entre 18 e 65 anos de idade, do sexo masculino, não-fumantes e não-dependentes de qualquer outra droga química, para participar de estudo sobre tabagismo. O mestrando Daniel de Souza Martins (foto) integra a equipe. Página 5 Caurj se apresenta como alternativa para plano de saúde. Página 2 A tragédia no metrô paulista. Página 8 Pré - Vestibular Entre os dias 7 e 9 de fevereiro as sede e subsedes estarão recebendo inscrições para o CPV-SINTUFRJ. Página 2 Contagem regressiva

Chefes de Estado de 10 países latino ... - sintufrj.org.br · . Os candida-tos selecio-nados deve-rão fazer a matrícula nos dias 14 e 15 de fevereiro. Os que não atenderem a esse

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JANEIRO DE 2007 ANO XXI nº 751 SEG 22 TER 23 QUA 24 QUI 25 SEX 26 SÁB 27 DOM 28 sintufrj.org.br [email protected]

MercosulChefes de Estado de 10 países latino-

americanos estiveram no Rio na sema-na passada para a reunião de Cúpula doMercosul. O presidente da Venezuela ro-bou a cena e foi homenageado com aMedalha Tiradentes, na Assembléia Le-gislativa do Rio de Janeiro.

MST: estudo na UFRJEnquanto os universitários curtem férias, 50 militantes do

campo e da cidade de quase todas as regiões do país ocupam aEscola de Serviço Social, na Praia Vermelha. Estudam História,Filosofia, Política e Economia. Lêem os clássicos, assistem a filmese apresentações de grupos musicais e teatrais. Página 4

Combate ao cigarroPesquisadores do Laboratório de Genética e Biologia Celular, do Instituto

de Química da UFRJ, estão recrutando 200 voluntários, entre 18 e 65 anos deidade, do sexo masculino, não-fumantes e não-dependentes de qualqueroutra droga química, para participar de estudo sobre tabagismo. O mestrandoDaniel de Souza Martins (foto) integra a equipe. Página 5

Caurj se apresenta como alternativa

para plano de saúde. Página 2

A tragédia no metrô paulista. Página 8

Pré-Vestibular

Entre os dias 7 e 9 de fevereiro as sede e subsedes estarãorecebendo inscrições para o CPV-SINTUFRJ. Página 2

Contagem regressiva

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Denise Francisco Góes, Jeferson Mota Salazar e Odilon Campinas Filho / Conselho Editorial: Coordenação Geral e Coordenaçãode Comunicação / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana de Angelis, Lili Amaral e Regina Rocha. / Estagiária: Renata Souza / Secretária: Katia Barbieri / ProjetoGráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação: Luís Fernando Couto e Jamil Malafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko Júnior / Revisão: RobertoAzul / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência:aos cuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels.: 2560-8615/2590-7209, ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJCx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

doispontos

Pré-Vestibular: contagem regressivaFaltam duas semanas para início das inscrições para o CPV-SINTUFRJ

A contagem regressivapara a inscrição no Curso Pré-Vestibular do SINTUFRJ co-meçou. Faltam apenas duassemanas. Por isso é bom ano-tar no calendário: entre 7 e 9de fevereiro a sede e as sub-sedes (IFCS, Praia Vermelhae HU) estarão recebendo osinteressados. Os funcioná-rios técnico-administrativosda UFRJ terão suas vagas au-tomaticamente asseguradas.

São 240 vagas distribuídasem quatro turmas (duas noIFCS e duas no Fundão). Opercentual é de 75% das va-gas para funcionários técni-co-administrativos da UFRJ eseus dependentes e 25% paraas demais categorias de tra-balhadores. As aulas terãoinício no dia 26 de fevereiro,no Salão Nobre do IFCS, 2º

O Departamento de Históriae Teoria da Arte da Escola de Be-las Artes, reunido em 18 de ja-neiro de 2007, extraordinaria-mente, para deliberar sobre asquestões concernentes à carta doprofessor João Vicente Ganzaro-lli de Oliveira, decidiu, por una-nimidade, repudiar o texto pu-blicado no Jornal do SINTUFRJn° 750, de 15 de janeiro, uma vezque o Concurso Público paraProfessor Titular de História eTeoria da Arte seguiu todas asnormas presentes em seu Edital,cumprindo-as rigorosamente. ODepartamento de História e Te-oria da Arte, no exercício de suasresponsabilidades, está toman-do as providências administrati-vas cabíveis relativas às acusa-ções infundadas do professorJoão Vicente Ganzarolli.

Helenise M. GuimarãesChefe do Departamento de His-

tória e Teoria da Arte da EBA

andar, às 18h.O Pré-Vestibular do SIN-

TUFRJ tem como princípio odireito à universidade públi-ca e consegue reinserir o tra-balhador e quem está hámuito afastado dos estudosna arte do aprendizado e doconhecimento, de forma crí-tica. É uma grande oportuni-dade para o aluno de classepopular poder chegar à uni-versidade.

No IFCS há duas turmas,com aulas das 18h às 21h50;no Fundão também sãoduas turmas, das 16h às 20h.Aos sábados as aulas são noIFCS, das 8h às 13h. As tur-mas têm 50 alunos em mé-dia, com faixa etária entre 25a 65 anos.

O horário das inscriçõesé o seguinte: Sede do Sindi-

cato na Ilha do Fundão: das9h às 17h. Subsede no Cen-tro (IFCS): 14h às 21h. Subse-de na Praia Vermelha: 9h às17h. Subsede HU: 9h às 17h.Todos os documentos quesão necessários constamdo edital do processo deseleção que está dispo-nível na página eletrô-nica do SINTUFRJ –www.sintufrj.org.br.

Os candida-tos selecio-nados deve-rão fazer amatrícula nosdias 14 e 15 de fevereiro. Osque não atenderem a esse re-quisito serão consideradosdesistentes. Os funcionáriostécnico-administrativos daUFRJ serão considerados ma-triculados no ato da própria

CALENDÁRIOInscrições: 7, 8 e 9 de feve-reiro de 2007.Sorteio: 12 de fevereiro de2007, na subsede do IFCS,às 18h.Matrícula: 14 e 15 de feve-reiro de 2007 nas subse-des: IFCS (das 10h às21h) e Hospital Universi-tário (das 9h às 17h).Início das aulas: 26 de fe-vereiro de 2007.

inscrição, de 7 a 9 de feverei-ro, não necessitando retornarnos dias da matrícula.

Vale do Rio DoceA plenária estadual da Campa-

nha pela Anulação da Privatizaçãoda Vale do Rio Doce ocorrerá nodia 25, às 18h, no Sindipetro-RJ,que fica na Av. Passos, 34. Para ob-ter mais informações, entre emcontato com a Secretaria Operati-va da Campanha através do telefo-ne 2533-6556.

Manifesto

ComunistaEntre os dias 25 e 27 de

janeiro, o Sindicato dosTrabalhadores em Proces-samento de Dados do Es-tado do Rio de Janeiro(SINDPD-RJ) realizará umCiclo de Estudos e Deba-tes sobre a atualidade doManifesto Comunista. Ossindicalizados ao SINDPDnão pagam. Os outros in-teressados devem contri-buir com uma taxa simbó-lica de R$ 10,00. Informa-ções com [email protected]. Estão dis-poníveis 40 vagas.

5ª Bienal da UNEA União Nacional dos Estudan-

tes (UNE) realizará, de 27 de janei-ro a 2 de fevereiro, no Rio de Janei-ro, a 5ª Bienal de Arte, Ciências eCultural. Com o tema “Brasil-Áfri-ca: um Rio chamado Atlântico”, oevento contará com trabalhos uni-versitários nas áreas de Literatura,Ciência e Tecnologia, Música, Ar-tes Cênicas, Artes Visuais, Cinemae Vídeo. A 5ª Bienal, que acontece-rá nos Arcos da Lapa e em outraslocalidades, reunirá personalida-des, políticos, intelectuais e artis-tas ligados ao tema. Mais informa-ções na página virtual da entidade:www.une.org.br.

Manifestação contra o Banco ItaúA Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência realizará

uma manifestação em frente à agência do Banco Itaú onde o jornaleironegro Jonas Eduardo Santos de Souza foi assassinado por um segurança.O ato ocorrerá no dia 22, a partir das 8h, na Avenida Rio Branco, esquinacom Nilo Peçanha. Mais informações na página virtual:www.redecontraviolencia.org.

CARTA

Repúdio à carta

“Algo de feio na EBA”

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SAÚDE

A Caixa de Assistência Universitária do Rio

de Janeiro (Caurj) estásendo considerada como al-ternativa nas negociações paraa implantação do plano desaúde para os servidores, comodetermina a lei. A Caurj é umplano de saúde que se distin-gue dos demais pelo modelode administração adotado:autogestão e sem fins lucrati-vos. Criada em 1995 por pro-fessores e técnicos-adminis-trativos da UFRJ, só a partirde 1999 servidores da Uni-Rio e da Uerj aderiram àCaurj. Dos 2.000 associados,1.700 são oriundos da UFRJ.A sede da Caurj fica no cam-pus da Praia Vermelha.

Segundo o seu presiden-te, Luiz Pestana, a Caurj tem787 prestadores de serviçoscredenciados: 416 consultó-rios médicos; 236 clínicaspara consultas e exames; 67hospitais, totalizando 2.400leitos para internações e mais422 vagas em UTIs; 22 labo-ratórios de análises clínicase patológicas e 46 de diagno-se. Entre os estabelecimen-tos conveniados estão o Hos-pital Universitário do Fundãoe o Instituto de NeurologiaDeolindo Couto.

REEMBOLSO – Pestanatambém garantiu que a redecredenciada alcança toda aRegião Metropolitana (Bai-xada Fluminense, ZonaOeste, São Gonçalo, Niterói,Itaboraí, Maricá), RegiãoSerrana, e os municípios deSaquarema e Maricá. E se oassociado estiver em qual-quer outra parte do país ese acidentar ou necessitarser atendido de urgência ouemergência, a Caurj reem-bolsa pela tabela de planosde saúde as despesas comconsultas médicas, examese internações.

PLANOS – A Caurj ofere-ce três tipos de planos de

Fevereiro: 7 e 8 – Reunião do GT-SS e Coordenações de Educa-ção e de Políticas SociaisMarço:10 e 11 – Reunião do GT-Educação12 a 14 – Reunião da Direção Nacional com lançamento da Cam-panha Salarial15 e 16 – Plenária Nacional da Fasubra17 – Plenária Nacional dos SPFs19 e 20 – Reunião do GT-Carreira21 e 22 – Seminário Nacional da CIS

saúde: Ambulatorial, Espe-cial e Enfermaria Básica, comvalores variados e carênci-as que podem cair em casode migração de outro pla-

Caurj é alternativa comoplano de saúde dos servidores

no. O associado pode optarpelo atendimento domicili-ar pagando a mais por mêsR$ 5. O plano odontológico(Uniodonto) custa R$ 16,20

mensais. A Caurj está aber-ta á toda a comunidade daUFRJ, inclusive para apo-sentados e pensionistas, eaté ex-alunos.

INFRA-ESTRUTURA – Oatendimento aos associadosé feito por oito funcioná-rios, de segunda a sexta-fei-ra, das 8h às 17h, ou atravésde telefones, cujas ligaçõessão gravadas. Nos fins de se-mana entra em funciona-mento uma central, que au-toriza internações e resga-tes 24 horas. Mas de acordocom Luiz Pestana, o mais co-mum é a rede credenciadaatender o associado semnecessidade de autorização.A Caurj é referência para aAgência Nacional de SaúdeSuplementar para doençascoronárias e prevenção docâncer de mama.

CONVÊNIO – Com a re-gulamentação do plano desaúde único para o servidorfederal, a Caurj enviou parao pró-reitor de Pessoal, LuizAfonso Mariz, uma propostade convênio que, segundoLuiz Pestana, foi analisadapela Procuradoria da UFRJ epelo Conselho Superior deCoordenação Executiva.“Propomos um convênioguarda-chuva, que cria vín-culos, mas não específicos.Mas a UFRJ terá que consul-tar a comunidade para ver oque ela deseja. Estamosabertos e em condições defazer qualquer negociaçãocom a universidade”, disseo presidente da Caurj.

Notas >>>

No dia 24, às 9h, nasubsede do Sindicatono HU, será realizadaa reunião do GT-Saú-de. A saúde suple-mentar será o foco dadiscussão.

A organização do semi-nário dos técnicos-admi-nistrativos negros das uni-versidades federais será apauta de discussão da pró-xima reunião do GT Anti-Racismo. O encontro seráno dia 24, às 14h, na sub-sede do Sindicato no HU.

GT Anti-Racismo

discute seminárioGT -Saúde

debate a saúde

suplementar

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FORMAÇÃO POLÍTICA

MST na universidadeMilitantes sociais ocupam a UFRJ e socializam conhecimento, numa inovadora troca de experiência

Enquanto os universitá-rios curtem férias, 50 militan-tes do campo e da cidade dequase todas as regiões do paísocupam a Escola de ServiçoSocial, na Praia Vermelha, eestudam a “Teorias Sociais eProdução do Conhecimento”.Nesses cursos eles aprendemHistória, Filosofia, Política eEconomia. Lêem os clássicos,assistem filmes e apresenta-ções de grupos musicais e tea-trais. Os militantes fazem par-te da terceira etapa do cursode Formação de Liderançasdo Movimento Social, que co-meçou em 15 de janeiro e ter-mina no dia 2 de fevereiro.

Em sua maioria têm me-nos de 30 anos de idade e es-tão sendo capacitados paraatuarem como agentes trans-formadores da sociedade. Asaulas são ministradas por pro-fessores da UFRJ, UFF, Uerj,USP e acadêmicos convidadosligados a movimentos sociais.O aprendizado é puxado, das8h30 às 21h30. Este é o segun-do curso de extensão para mi-litantes que a UFRJ em parce-ria com a Escola Nacional Flo-restan Fernandes patrocina.

OCUPAÇÃO – “Estamosocupando latifúndios das uni-versidades, buscando conhe-cimento científico para ajudarna organização do movimen-to”, definiu a experiência queestá vivendo Nei Orzekovski,do Movimento dos Sem Terra,no Paraná. Aos 33 anos, 11 vi-vidos na militância, Nei agorase prepara para fazer parte dacoordenação pedagógica daEscola Florestan Fernandes, eretornar ao seu estado de ori-gem, São Paulo.

TROCA – Para acoordenadora- ge-ral do curso pelaUFRJ, Selene AlvesMaia, a experiência“é um processo detroca entre os sabe-res das classes po-pulares e do conhe-cimento produzido na acade-mia”. Segundo a professora, foifirmado um convênio geral e

específico de cooperação aca-dêmica entre a Pró-Reitoria deExtensão, a Decania do Centro

de Filosofia eCiências Hu-manas e a Es-cola NacionalF l o r e s t a nFernandes.

Além doespaço paraas aulas e damobilização

de professores para ensinar eatuar como coordenadores pe-dagógicos em conjunto com

Estudar não pode serprivilégio de alguns. Écom essa convicção quedesde 1984, nas ocupa-ções de terra e marchas,o MST luta por uma polí-tica de reforma agráriaque inclua o tema educa-ção pública, de qualida-de e gratuita para o cam-po e no campo. Em todaa história do movimetoos sem-terra conquista-ram aproximadamentetrês mil escolas públicasnos acampamentos e as-sentamentos em todo opaís, abrindo as portas deum ensino de qualidadea 200 mil crianças e ado-lescentes.

Para o MST, pensar aeducação no campo épensar em um processode humanização e de res-gate da dignidade. A es-cola do campo não deveser ignorada e marginali-zada, como é a lógica im-plementada em grandeparte do país, observa odocumento do movi-mento sobre educação.“Ela (a escola) tem queser uma educação inova-dora, que contribua paraque os trabalhadores e astrabalhadoras do campose apropriem da sua his-tória, tornando-se sujei-tos com consciência e ca-pacidade de transformara realidade social ondevivem”, sustenta o texto.“Trata-se de uma educa-ção dos e não para os quevivem no campo, combi-nando o estudo com tra-balho, cultura e organi-zação coletiva, coopera-ção agrícola e solidarie-dade com os trabalhado-res urbanos, ou seja umaeducação que recuperevalores socialistas.”

integrantes dos movimentossociais, a UFRJ garante a infra-estrutura para os militantes,alojamento e alimentação. Ocurso é ministrado sempre noperíodo de férias escolares dauniversidade e tem duração dedois anos, até 2008. A próximaetapa será em julho. Para ob-ter o certificado, cada partici-pante escolherá uma linha depesquisa e elaborará uma mo-nografia. Para realização dotrabalho final, contam com aajuda de pós-graduandos daEscola de Serviço Social.

EXPERIÊNCIA – A turmaApolônio de Carvalho foi a pri-meira experiência de troca daUFRJ com os movimentos so-ciais. O curso foi realizado de2004 a 2006, no Fundão, e for-mou 70 novas lideranças. Par-ticipam deste segundo cursomilitantes do Movimento dosSem Terra, Marcha das Mulhe-res, Consulta Popular, Comis-são Pastoral da Terra de váriasregiões do país, Movimento deTrabalhadores Desemprega-dos e Movimento de Peque-nos Agricultores.

“Estamosocupandolatifúndios dasuniversidades”Nei Orzekovski

Educação é

prioridade

EM BUSCA DO CONHECIMENTO. Militantes de todos os cantos do país na sala da UFRJ

TROCA DE EXPERIÊNCIAS. Selene, da UFRJ, e Nei Orzekovski, do MST do Paraná

Fotos: Niko Júnior

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Pesquisadores do Labora-tório de Genética e BiologiaCelular, do Instituto de Quí-mica da UFRJ, estão recrutan-do 200 voluntários, entre 18 e65 anos de idade, do sexomasculino, não-fumantes enão-dependentes de qual-quer outra droga química,para participarem de estudosobre tabagismo. Como re-compensa pela colaboraçãoao avanço da ciência, cadapessoa terá o DNA analisado.A análise de gene é a únicamaneira científica dos sereshumanos desvendarem osmistérios da sua personalida-de, de se conhecerem de fato.

O objetivo do trabalhocientífico é melhorar ostratamentos contra o vício docigarro, tomando como refe-rência a tendência da medi-cina moderna, que é a indivi-dualização dos processos te-rapêuticos aplicados comogarantia de melhores resul-tados.

O primeiro passo nestadireção foi dado em relaçãoao câncer, após constataçãode que nem sempre o quefuncionava bem num pacien-te era bom para outros. A pre-ocupação com o combate aotabagismo é explicável. Se-gundo a Organização Mun-dial da Saúde (OMS), é a prin-cipal causa de morte evitáveldo mundo.

CUSTO - O projeto da pes-quisa foi concebido em ou-tubro de 2006 e custará R$ 60mil, dinheiro que virá da Fun-dação Carlos Chagas Filho deAmparo à Pesquisa do Esta-do do Rio de Janeiro (Faperj)e do Ministério da Saúde. O

QUALIDADE DE VIDA

Ciência procuratratamento adequadopara o vício do cigarro

trabalho dos pesquisadorescomeça este mês e a previsãode conclusão é dois anos, eenvolverá 600 pessoas.Quem responde pelo projetoé o vice-diretor e coordena-dor de Graduação do Institu-to de Química, Joab Trajano,que tem como um dos prin-cipais colaboradores o mes-trando Daniel Martins deSouza.

CAMINHOS - O foco do es-tudo é uma enzima (a mono-aminoxidase, a Maoa) quedegrada a serotonina e a do-pamina, dois neurotransmis-sores das sensações de pra-zer produzidas pelo cérebro.A pesquisa vai investigar avariedade do gene Maoa en-tre os indivíduos do sexomasculino na faixa etária de18 a 65 anos. As conclusõesdo estudo indicarão o trata-mento adequado contra o ta-bagismo e outras doenças,conforme explicação do pes-quisador Daniel Martins deSouza:

“Como a enzima Maoaestá relacionada ao prazer, apesquisa deverá abrir rumospara tratamentos de doençascomo alcoolismo, obesidadee com origem em outras de-pendências químicas.” A op-ção de eleger homens (e nãoincluir mulheres) como o ob-jeto de estudo, segundo Da-niel, foi científica: “Como aenzima Maoa está no cro-mossoma X produzido porambos os sexos e a mulhertem dois e o homem um, setrabalhássemos com a mu-lher seria impossível especi-ficar qual dos X estaria sendoexpresso no cérebro”.

DNA – Em março, os par-ticipantes da pesquisa rece-berão o resultado da análisede DNA. “Só olhando paradentro da célula é possível seconhecer melhor”, afirmou

Pesquisadores apontam para a individualização do tratamento como procedimento mais eficiente

100 milhões vão morrer

Daniel Martins de Souza,acrescentando: “O estudo dogen ajuda a compreender apré-disposição biológica àagressividade, impulsivida-de, criminalidade, vícios,

transtorno bipolar e obesida-de. Doenças neurológicas epsiquiátricas, como a depen-dência química de cigarro,álcool, cocaína e outras dro-gas”.

O pesquisador Daniel Martins de Souzamostrou estudo da Organização Mundialda Saúde (OMS) de 1996, que avaliou emmais de 1 bilhão o número de consumido-res de tabaco no mundo, e a previsão é que100 milhões morrerão das conseqüênciasda dependência antes do fim do século XXI.Levantamento recente realizado pelo Mi-nistério da Saúde e pelo Instituto Nacionaldo Câncer apontou que 23% dos homens e15% das mulheres são fumantes, no Brasil.O número de óbitos relacionados ao fumochega a 200 mil anualmente. O tabaco éresponsável por cânceres, doenças cardio-vasculares, problemas vasculares cerebrais,doenças digestivas e outros males, cujocusto de tratamento é muito caro. Quempaga a conta é a sociedade.

“Entre as mulheres o vício está mais li-gado a hábitos, costumes. O que a gentemostra para o cérebro ele se acostuma. Ta-

bagismo é doença, então todo tabagista édoente. A gente tem que falar para o cérebroque fumar não é bom”, receitou o pesquisa-dor. Outra informação de Daniel com respei-to às mulheres é que elas procuram mais portratamento, mas são os homens quem apre-senta resposta mais objetiva. “Eles decideme pronto; enquanto as mulheres vacilam. Fal-tam às sessões, param e voltam a fumar.”Segundo Daniel, 80% a 95% dos alcoólatrasfumam cigarro, índice três vezes maior quena população como um todo.

VOLUNTÁRIOS, APRESENTEM-SE - Até odia 15 de fevereiro, o Instituto de Químicaestará recebendo adesões de voluntáriospara a pesquisa. Os interessados devem ligare agendar a entrevista. Os telefones são:2562-2195 (NETT), falar com Janete, no ho-rário da manhã, ou 2562-7362 (Laboratório),falar com Daniel, na parte da tarde. O celulardo pesquisador é 9262-1000.

CIÊNCIA. Pesquisa vai abrir rumos para o tratamento do alcoolismo e da obesidade

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INTERNACIONAL

Chávez ganha maior honrariada Assembléia Legislativa do RioO presidente venezuelano

Hugo Chávez recebeu a Me-dalha Tiradentes, na últimasexta-feira, 19, na AssembléiaLegislativa do Rio de Janeiro(Alerj). A homenagem é a mai-or honraria que a Alerj conce-de a uma pessoa. A medalhafoi concedida em 1999, por ini-ciativa do deputado Paulo Ra-mos (PDT), que preferiu aguar-dar uma oportunidade parafazer a homenagem pessoal-mente. A cerimônia transcor-reu no plenário Barbosa LimaSobrinho. No Rio para a reu-nião de cúpula dos países doMercosul, Hugo Chávez mo-nopolizou as atenções. Recen-temente, depois de reeleito,anunciou um ousado progra-ma de reestatização de empre-sas de áreas estratégicas, comoenergia e telecomunicações.

“Hugo Chávez representa

Mudanças na América Latina

uma possibilidade real para oenfrentamento com o capital.É uma alternativa para termosoutro modelo econômico,pois os povos não podem fi-car reféns da sanha capitalis-ta”, declarou o deputado. Chá-vez defendeu na reunião dacúpula de chefes de Estado doMercosul a criação do Bancodo Sul para financiar a integra-ção econômica dos países dobloco. Esta instituição reuni-ria os recursos financeirosdos países latino-americanos,com forma de consolidar a in-tegração. O presidente vene-zuelano também defendeu aAlternativa Bolivariana dasAméricas (Alba), um contra-ponto à Área de Livre Comér-cio das Américas (Alca). A reu-nião de cúpula reuniu dez che-fes de Estado na semana pas-sada, no Rio de Janeiro.

Três novos presidentesalinhados no campo da es-querda tomaram posse degovernos no continente lati-no-americano nos últimosdois meses. São eles HugoChávez, da Venezuela, que foireeleito; Rafael Correa, doEquador; e o ex-comandanteguerrilheiro Daniel Ortega, naNicarágua. São lideranças depaíses diferentes, cada qualcom a sua particularidade,com diferentes graus de de-senvolvimento. Mas quecompartilham realidade queos unifica: a pobreza, o atra-so, séculos de esmagamentoda dignidade dos seus povose anos de triunfo do capita-lismo selvagem.

A ofensiva neoliberal, queganhou força nos anos 90,vem perdendo terreno e estásendo repelida pela popula-ção dos países latino-ameri-canos através do voto e demobilizações sociais. A nova

tendência foi iniciada após aseleições de Néstor Kirchnerna Argentina, de Lula no Bra-sil, e de Tabaré Vázquez, no

Uruguai, entre 2001 e 2004,materializando-se tambémcom as mobilizações sociaisno Peru e na Bolívia. E foi

exatamente com a Bolívia,país que viveu violenta pres-são popular, que chegamos àsegunda rodada de eleições

na América Latina, iniciadacom a vitória de Evo Moralesem dezembro de 2005.

O presidente Chávez, ree-leito, avança na Venezuelacom sua revolução bolivaria-na. No Equador, convulsio-nado por diversas mudançasde governos, as esperançasde dias melhores estão de-positadas nas mãos do eco-nomista Rafael Correa.

A vitória de Daniel Ortegadentro deste contexto anti-neoliberal exige um capítuloà parte. A Nicarágua viveu, em1979, o triunfo da revoluçãosandinista, depois de insur-reição popular combinadacom longa luta guerrilheira.A direita retomou o poderpelo voto. Agora, também atra-vés do voto, a esquerda reto-ma o governo. Com a ascen-são de Evo Morales, a Bolíviamuda a sua história, com oEstado assumindo integral-mente as ações.

HOMENAGEADO. Chávez recebeu do Parlamento estadual a Medalha Tiradentes na sexta

TIME DE PESO. Correa (Equador), Morales (Bolívia), Lula, Michelle Bachelet (Chile) e HugoChávez (Venezuela) movimentaram a semana no Rio durante o encontro do Mercosul

Fotos: Agência Brasil

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LUTA ANTICAPITALISTA

Começou no úl-timo sábado, 20 dejaneiro, e se esten-de até esta quinta-feira, 25, o 7º Fó-rum Social Mun-dial (FSM). Depois

Brasil, principal anfitrião

Incra vai regularizar comunidades negras

Criado em oposição aoFórum Econômico Mundial,realizado todo início de anona localidade suíça de Da-vos, reunindo governos e aselites financeira e empresa-rial, o FSM reúne quase si-multaneamente organiza-ções e ativistas da sociedadecivil, para se opor à domina-ção global por parte do capi-

tal. O Brasil foi protagonistadessa história por quatroanos, três consecutivos.

As três primeiras ediçõesdo FSM (2001, 2002, 2003)ocorreram na capital gaúcha;em 2004 foi realizado na ci-dade indiana de Mumbai, eno ano seguinte voltou a Por-to Alegre, tendo a participa-ção do presidente Lula. O ano

de 2005 bateu recordes departicipação. Foram 155 milpessoas em Porto Alegre, sen-do que, nos dias de maiorpico, 29 e 30 de janeiro, 500mil circularam no territóriosocial mundial.

Em 2006 o Fórum foi di-vidido entre Bamako (Mali-África), Caracas (Venezuela-América) e Karachi (Paquis-

tão-Ásia), tendo por essa ra-zão sido chamado de fórumpolicêntrico. O encontrodeste ano marca a primeiravez que um país africano éanfitrião único das dezenasde milhares de ativistas e es-pecialistas que chegarão detoda a parte do planeta. Es-pera-se entre 100 e 150 milpessoas na África.

A Superintendência Regional do Incra contratou a Fun-dação Euclides da Cunha, da UFF, para a elaboração derelatórios antropológicos de oito comunidades quilombo-las (negros descendentes diretos de escravos) do Estadodo Rio de Janeiro com o objetivo de regularizar os seusterritórios.

As comunidades quilombolas beneficiadas são: Rasa,em Armação de Búzios, com cerca de 450 famílias; Machadi-nha, em Quissamã, com 69; Alto da Serra, em Rio Claro, 30;Gleba Aleluia-Cambucá-Batatal e Conceição do Imbé, am-bas em Campos e com 73 famílias cada uma, assentadas

pelo Incra em 1984 na Fazenda Novo Horizonte; e Sobara,em Araruama, com cerca de 120 pessoas.

Também serão beneficiados pelo projeto as comunida-des urbanas de Sacopã, no bairro da Lagoa, com seis famílias,e Pedra do Sal, no bairro da Saúde, com número ainda indefi-nido de famílias, ambas no Rio de Janeiro. Esta última foitombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Ine-pac-RJ) nos anos 80, e entre os descendentes das primeirasfamílias estão brasileiros ilustres como Pixinguinha, Donga eJoão da Baiana. Após a conclusão do relatório, o Incra realiza-rá o cadastramento das famílias. (Fonte: Rápido da CUT).

Encontro acontece em região conflagrada,conhecida como o Chifre da África

África é cenário doFórum Social Mundial

dos anteriores, vem enfocan-do ações concretas dos mo-vimentos. Seu lema: “Lutas

dos povos, alter-nativas dos po-

vos”.Desta vez, estão sen-

do dedicados apenas trêsdias para as atividades. Oquarto dia será utilizado paraapresentação de propostas eplanejamento de ações parabuscar uma agenda comumde atuação. No dia 24 pelamanhã, serão realizadas as-sembléias de vários segmen-tos - em especial a tradicio-nal Assembléia dos Movi-mentos Sociais, da qual par-ticipam a CUT e o MST - esistematizados os debatesdos dias anteriores. Pela tar-de, serão organizados cinco

de ter se voltado paraas questões latino-americanas e a-siáticas nas edi-ções anteriores,a sétima ver-são do Fórumtem como ce-nário Nairóbi,capital do Quênia,na África – o continentemais pobre do planeta, excluídoda estratégia da globalização ca-pitalista pela inanição de seus mer-cados e de poder de consumo. Diri-gentes sindicais (a Fasubra man-dou representante) e de movimen-tos so-ciais brasileiros estão partici-pando do encontro.

Criado em 2001 para combater a dominação global porparte do capital (em oposição ao Fórum Econômico Mundi-al, reunião anual para discu-tir a estratégia do capitalis-mo), o Fórum Social Mun-dial busca se renovar. No en-contro que se realiza no mo-mento, seus organizadoresestão imprimindo uma dinâ-mica para transformar a reu-nião num fórum que se de-bruce de forma mais objetivasobre os problemas da reali-dade.

CHIFRE DA ÁFRICA –Nairóbi, a cidade que abrigao 7º FSM, possui a maior po-pulação urbana do leste afri-cano, local que sedia o Fó-rum. A cidade está localizadanuma região conhecida comoChifre da África (formado porEritréia, Somália, Etiópia eQuênia), que vive um confli-to agudo por conta de dispu-tas pelo poder na Somália.Esse ambiente de beligerân-cia confere uma importânciaa mais à reunião do fórumdeste ano.

Este fórum, ao contrário

grandes “fóruns de luta, al-ternativas e ações” para apre-sentar as propostas de açõesreferentes aos temas traba-lhados, seguidos da marchade encerramento.

DINÂMICA – Nesta novadinâmica pode ser possível aconstrução de um processode mobilização conjunto. Énisso que aposta GustavoCodas, brasileiro que partici-pa da organização da Assem-bléia dos Movimentos Soci-ais. “É um caminho e um gran-de esforço para construirmosum processo de mobilizaçãopara 2008. Precisamos avan-çar, mas com cuidado. O fó-rum não é e não pretende seruma nova internacional. Éum espaço aberto para con-gregar e não dividir”, disse.

CENA URBANA

Como os trabalhadoresda construção civil analisamo ocorrido?

Em primeiro lugar, é pre-ciso deixar claro que há mui-to tempo os trabalhadores esuas entidades representati-vas vinham denunciando ofestival de irregularidadesque tem norteado o processode privatização da Linha 4 doMetrô de São Paulo. Comoobservamos nos últimos dias,infelizmente, a populaçãopôde comprovar o tamanhodo problema pagando umalto preço, mais do que ma-terial, humano. A tragédiadesnuda a compulsão priva-tista, que coloca o lucro aci-ma da vida. Mais do que pa-lavras, esta é a insegurançapresente todos os dias quan-do os companheiros descema mais de 30 metros do chãopara trabalhar. Não sabem sevoltarão.

O alerta foi dado...Claro, todos os que acom-

panham a obra, em particu-lar os operários da constru-ção civil e os metroviários,sabiam muito bem que o queocorreu era questão de dias.A Linha 4 foi privatizada semqualquer critério, com o con-sórcio que venceu a licitaçãopara a sua administração sen-do formado pelas mesmasempresas contratadas para asua construção e que, paracomplicar a história, são asmesmas que deveriam fisca-lizar as obras e a manuten-ção. No nosso entender, maisdo que omisso, o governoestadual, comandado pelos

Para o presidente da Confederação Nacional dosTrabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira,

Waldemar Pires de Oliveira, “a tragédia ocorrida naLinha 4 do Metrô da capital paulista desnuda a

compulsão privatista, que coloca o lucro acima da vida”.

A tragédia dometrô paulista

“O lucro acima da vida”

tucanos, deu carta brancapara as construtoras, cujoolho gordo está na arrecada-ção da bilheteria. Ora, paraque os cifrões comecem a ti-lintar, é preciso acabar a obrano menor tempo possível. Aídeu no que deu. Vale lem-brar que na véspera da tragé-dia, trabalhadores denuncia-ram a existência de fissurasdentro do poço e receberama orientação superior que aordem era disfarçar, jogandoconcreto. Isso apareceu natelevisão, mas já era tarde,pois o caos já estava instala-do.

Os acidentes se sucedemnesta linha.

Sem que haja uma inter-

venção da Justiça, assimcomo este não foi o primeiro,não será o último acidente naLinha 4. Houve durante todoo ano passado, apesar dasinúmeras denúncias, muitasdelas inclusive fartamentedocumentadas e formaliza-das, uma cortina de silêncioda chamada grande impren-sa sobre o tema. Afinal, erapreciso encobrir os podres dagestão tucana. Geraldo Alck-min, o então governador, erao candidato do PSDB à presi-dência e José Serra, entãoprefeito, era o candidato aogoverno. Como resultado, asredações entraram mudas esaíram caladas quando o as-sunto era Linha 4, cujo edital

de privatização foi aberto àsaltas horas, bem próprio dosesquemas mafiosos.

E a mudança de método?Houve opção pela inseguran-ça?

A questão é a seguinte: ométodo Shield, que se utili-za do tatuzão, é muito maisseguro, tanto para quemestá embaixo, como paraquem está em cima, mas émais caro. Apesar da obrater sido licitada pelo esque-ma do tatuzão, orçado em940 milhões de dólares, foirepentinamente mudadapara o sistema NATM, que éinfinitamente mais instável,pois tem a questão das ex-plosões e os riscos naturais

dessa opção numa cidadecomo São Paulo.

O que é mais perigoso?Para quem está lá embai-

xo é a falta de fiscalização,pois você não sabe a que ho-ras aquilo tudo pode desmo-ronar e cair em cima de todomundo. O próprio presiden-te do Metrô admitiu que aempresa adotou uma formade contratação pela qual nãohá fiscalização alguma porparte dos seus técnicos, osmais preparados, capazes eexperientes, pois pela formade contrato fechado as em-presas fiscalizam a si mes-mas, o que é criminoso.

Para viabilizar o lucro pri-vado, desmontaram o contro-le público.

Exatamente. É importantefrisar que ao privilegiar a con-cessão e a terceirização, ostucanos desmontaram as ge-rências de Projeto Civil, Cons-trução Civil e Montagem, quesempre tiveram o papel fun-damental de acompanhar,gerenciar e fiscalizar a obra,o que nos dava muito maissegurança. O fato é que emoutubro do ano passado,num desses acidentes da Li-nha 4, faleceu o operário JoséAlves de Souza, na estaçãoOscar Freire. Para eles, José émais um número, uma esta-tística fria soterrada em meioà lama e aos escombros; paranós, um exemplo que escan-cara a decomposição moralde maus governantes e de-monstra a necessidade docontrole público sobre umaobra de tal importância.