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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA GUILHERME MORAES RODRIGUES Efeitos da atividade física no tratamento da depressão Rio de Janeiro 2017

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA IBMR - … · si” (KENDALL; JABLENSKY, 2003 apud LACERDA et al, 2009). São sintomas comuns e recorrentes no quadro depressivo maior,

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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA

IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

GUILHERME MORAES RODRIGUES

Efeitos da atividade física no tratamento da depressão

Rio de Janeiro

2017

GUILHERME MORAES RODRIGUES

Efeitos da atividade física no tratamento da depressão

ORIENTADOR: Prof. Dr. Mauro Moraes Macedo

Rio de Janeiro

2017

Monografia apresentada ao IBMR - Laureate

International Universities como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em Educação

Física

Fonte 12

Fonte 12

GUILHERME MORAES RODRIGUES

Efeitos da atividade física no tratamento da depressão

Monografia apresentada ao IBMR - Laureate

Universities como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Mauro Moraes Macedo

Aprovado em: ___ de _______ de 2017.

Grau obtido ______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. Drd. Bruno Ramalho Oliveira

_____________________________________________

Prof. Msc. Carlos Eduardo Vicentini

RESUMO

RODRIGUES, G.M. Efeitos da atividade física no tratamento da depressão. 2017. 34

folhas. Monografia – IBMR – Laureate Internacional Universities. Rio de Janeiro, 2017.

A prática de atividades físicas apresenta diversos benefícios à saúde física e mental vastamente

documentados na literatura. Recentemente, tem se investigado seu possível papel como uma

alternativa terapêutica não medicamentosa no tratamento da depressão e diversos estudos tem

mostrados significativos benefícios da atividade física nos sintomas depressivos, porém ainda

existem dúvidas sobre diversas especificidades da prescrição. O objetivo deste estudo é

verificar se há contribuição da atividade física no tratamento da depressão, a extensão dos

possíveis benefícios e apresentar fundamentação teórica à prática clínica no tratamento da

depressão. O método utilizado foi o de estudo descritivo de revisão integrativa da literatura

utilizando-se artigos científicos atualizados, pesquisados nas bases de dados PubMed, SciELO

e LILACS. Foram selecionados três artigos que abordam o tema. Os trabalhos demonstram que

a atividade física tem efeitos positivos no tratamento da depressão, exigindo um mínimo de

prática necessária, a necessidade de continuidade e melhores respostas em programas

progressivos.

Palavras-chaves: Depressão; Atividade Física; Exercício Físico

ABSTRACT

RODRIGUES, G.M. Effects of physical activity in treating depression. 2017. 34 sheets.

Monograph – IBMR – Laureate Internacional Universities. Rio de Janeiro, 2017.

The practice of physical activities has several widely documented physical and mental health

benefits. Recently, its possible role as a non-drug therapeutic alternative for depression has been

investigated and several studies have shown significant benefits of physical activity in

depressive symptoms, but there are still doubts about several prescription specificities. The

objective of this study is to verify if there is contribution of physical activity in the treatment of

depression, the extension of the possible benefits and present theoretical basis to the clinical

practice in the treatment of depression. The method used was a descriptive study of integrative

review of the literature using updated scientific articles, searched in PubMed, SciELO and

LILACS databases. Three articles that address the theme were selected. The studies show that

physical activity has positive effects in the treatment of depression, requiring a minimum of

necessary practice, the need for continuity and better responses in progressive programs.

Keywords: Depression; Physical Activity; Exercise.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo dos Transtornos Afetivos (CID-10) .........................................................12

Tabela 2 – Critérios diagnósticos do DSM-IV para episódio depressivo maior ......................13

Tabela 3 – Relação entre nível de atividade física e depressão ...............................................23

Tabela 4 – Resumo dos artigos pesquisados ............................................................................27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DSM-IV Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais

TDM Transtorno Depressivo Maior

HHA Hipotálamo-Hiopófise-Adrenal

EDM Episódio Depressivo Maior

IMC Índice de Massa Corporal

PAE Exercício Aeróbico Progressivo

NPE Exercício Não Progressivo

S Sertralina

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma...............................................................................................................26

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................9

2 OBJETIVOS ...............................................................................................................11

2.1 Geral...............................................................................................................................11

2.2 Específico.......................................................................................................................11

3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................11

3.1 Depressão...................................................................................................................... 11

3.2 O impacto socioeconômico da depressão......................................................................15

3.3 Fisiopatologia da depressão..........................................................................................18

3.3.1 Hipótese monoaminérgica.........................................................................................19

3.3.2 Hipótese Neurotóxica.................................................................................................20

3.4 Atividade física e depressão..........................................................................................22

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................24

4.1 Bases de dados...............................................................................................................24

4.2 Critérios de inclusão......................................................................................................25

4.3 Critérios de exclusão.................................................................................................... 25

4.4 Estratégia de busca ......................... ............................................................................ 25

5 RESULTADOS ............................................................................................................27

6 DISCUSSÃO...................................................................................................................30

7 CONCLUSÃO..................................................................................................................32

REFERÊNCIAS .................................................................................................................34

9

1. INTRODUÇÃO

O Transtorno Depressivo Maior (TDM), ou depressão, é um distúrbio mental de

combinações causais diversas, incluindo fatores genéticos, ambientais e psicológicos que

apresentam variação contributária destes em cada caso, de forma que os acometidos por esse

mesmo transtorno vem à condição por vias distintas. Essa particularidade caso a caso também

se reflete na manifestação do TDM, que possuí sintomas variados, porém com condição

recorrente necessária ao diagnóstico apenas a depressão do humor ou perda de interesse em

parte significativa de suas atividades (LACERDA et al, 2009). “A causa e a resposta ao

tratamento também se encontram mais relacionadas ao indivíduo do que à condição clínica em

si” (KENDALL; JABLENSKY, 2003 apud LACERDA et al, 2009).

São sintomas comuns e recorrentes no quadro depressivo maior, sentimentos de:

“tristeza, crises de choro, angústia e desesperança, baixa auto-estima e capacidade de sentir

prazer, culpa, visões pessimistas do futuro, isolamento social, perda de interesse até alterações

somáticas, envolvendo o sono, apetite, atividade motora e função sexual” (ROZENTHAL et al,

2004; SELIGMAN, 1977 apud VIEIRA et al, 2008). Há ainda sintomas adicionais em grupos

especiais acometidos pela condição como idosos com transtorno depressivo maior que

apresentam risco de declínio físico e funcional aumentado, limitações cognitivas, má nutrição,

perda de peso, não aderência a farmacoterapias no tratamento de outras morbidades crônicas, e

a perda de independência que frequentemente leva-os à institucionalizações compulsórias que

podem agravar ainda mais a condição depressiva desses pacientes. (ANTUNES et al, 2005)

Os indivíduos acometidos pela depressão tem suas vidas severamente prejudicadas e perdas

significativas na qualidade de vida, porém são comumente utilizadas estratégias

medicamentosas e psicoterápicas na tentativa de prevenir e tratar a doença (LIMA et al., 2013

apud COSTA, 2017). É nesse contexto que estudos buscam mostrar o exercício físico como

uma alternativa não medicamentosa à prevenção e tratamento de morbidades relacionadas à

saúde mental, que vem obtendo resultados positivos na melhora da saúde psicológica em

estudos recentes (RETHORSTet al., 2009; PENEDO & DAHN, 2005 apud COSTA, 2017). Já

é consenso na literatura o caráter benéfico do exercício físico em áreas como a manutenção da

funcionalidade, autoimagem, confiança e adaptações metabólicas que impactam a saúde física,

mental e psicológica (SIMONI, 2014 apud COSTA, 2017).

10

O tratamento da depressão costuma ser associativo entre as esferas medicamentosas e

variadas opões da esfera psicoterápica, tendo grande dependência das individualidades do caso

e das preferências do terapeuta. Apesar desta almejada adaptabilidade, os métodos tradicionais

costumam enfrentar várias barreiras, desde a baixa efetividade até a pouca adesão. É nesse

contexto que a atividade física pode se apresentar como possibilidade de tratamento auxiliar

aos tradicionais, ou até mesmo substituto a alguns.

De acordo com Buckworth & Dishman, (2002 apud VASCONCELOS-RAPOSO, 2009), o

exercício físico pode se definir como um conjunto de movimentos corporais planificados com

estrutura e repetição com o objetivo de melhora ou manutenção de componentes de sua

condição física e saúde. Adicionalmente, para Girdwood, Araújo & Pitanga (2011 apud

COSTA, 2017), o exercício físico se caracteriza pelo conjunto de ações com gasto energético e

alterações fisiológicas que através de exercícios envolvendo movimentos corporais aplicados a

uma ou mais aptidões físicas, incluindo ainda atividades sociais e mentais, com resultados

benéficos à saúde.

O exercício físico, para Meeusen & De Meirleir (1995 apud COSTA, 2017), tem papel

importante na liberação, regulação e ativação de diversos neurotransmissores e seus receptores

específicos através de variadas alterações fisiológicas, contribuindo desta maneira para a

redução do quadro depressivo. Werneck, Bara Filho & Ribeiro (2006 apud COSTA, 2017)

corroboram estes benefícios do exercício físico e recomendam na forma de aeróbia e de

intensidade moderada como sendo referência para o tratamento da depressão.

A depressão portanto, se caracteriza de forma multifatorial e com vias e possibilidades de

tratamento e prevenção variadas. Entre estas, o exercício físico tem se apresentado na literatura

cientifica como uma alternativa não medicamentosa importante, com benefícios diretos ao

indivíduo acometido, combate à co-morbidades entre outras melhorias na saúde física e mental.

O presente estudo portanto se justifica na importância de uma revisão sistemática da

literatura a fim de correlacionar melhor a ligação entre a depressão, os mecanismos fisiológicos

e o exercício físico, objetivando assim, auxiliar no entendimento da condição clínica, nos efeitos

do exercício sobre este e se possível contribuir para uma melhor prática clínica do profissional

de educação física e outros profissionais da saúde no tratamento da depressão via atividade

física isolada ou combinada à outros métodos.

11

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Identificar os possíveis benefícios da atividade física no tratamento da depressão maior

2.2 Objetivos específicos

Verificar se há contribuição da atividade física no tratamento da depressão maior

Identificar a extensão dos benefícios da atividade física no tratamento da depressão

Apresentar fundamentação teórica à aplicação clínica da atividade física no tratamento da

depressão

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Depressão

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) ou Depressão é, segundo o Manual de Diagnóstico

e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV) de 2000:

Um período de pelo menos duas semanas durante o qual existe humor depressivo ou

perda de interesse em quase todas as atividades. Os indivíduos devem, também,

experimentar pelo menos um sintoma adicional de uma lista que inclui alterações no

apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de

desvalorização pessoal ou culpa, dificuldades em pensar, concentrar-se ou tomar

decisões, ou pensamentos recorrentes a propósito da morte ou ideação, planos ou

tentativas suicidas. (VASCONCELOS-RAPOSO et al, 2009, p. 22)

Para Lehtinem & Joukamaa (1993 apud VIEIRA et al, 2007, p. 24), “a depressão é um

transtorno de humor caracterizado por manifestações afetivas anormais que variam em relação

a sua intensidade, frequência e duração na ocorrência dos sintomas”. Corroborando esta

definição e de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados com a Saúde (CID-10), produzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

de 1993, a depressão é categorizada como transtorno afetivo ou do humor sendo mais

especificamente classificado como Transtorno Depressivo Recorrente, de forma que haverá

12

distintos quadros clínicos com diagnósticos semelhantes, múltiplas apresentações de um mesmo

transtorno. A seguir a tabela 1 exibe de maneira resumida os transtornos afetivos da CID-10.

Tabela 1 – Resumo dos Transtornos Afetivos (CID-10)

Fonte: http://www.moreirajr.com.br

O diagnóstico do TDM, segundo o DSM-IV (2000) é caracterizado pela ocorrência de

um ou mais episódios depressivos maiores (EDM). Este, por sua vez é definido pela presença

obrigatória de ao menos um dos sintomas: perda de interesse ou prazer do indivíduo ou humor

deprimido, aliado a outros sintomas descritos na tabela 2, da associação americana de

psiquiatria a seguir.

13

Tabela 2 – Critérios diagnósticos do DSM-IV para episódio depressivo maior:

Fonte: http://www.medicinanet.com.br/

14

Os sintomas e sinais que caracterizam a depressão podem ser agrupados e organizados em

quatro grandes grupos sintomatológicos que seguem (LACERDA et al, 2009): Alterações no

processamento emocional, que incluem “humor deprimido, viés negativo de interpretação,

perda do interesse, sentimentos inapropriados de culpa, ideação suicida, ansiedade,

irritabilidade e anedonia” (LACERDA et al, 2009); Alterações da Psicomotricidade, seja em

sentido retardado ou excessivamente agitado, com presença de sintomas motores

parkinsonianos, segundo Rogers et al (2000 apud LACERDA et al, 2009); Prejuízos

neuropsicológicos, que afetam diversas funções cognitivas diárias como a tomada de decisão,

capacidade de concentração, memoria de longo prazo e se estendendo até comprometimentos

físicos nos circuitos do córtex pré-frontal e perda de volume no hipocampo (MacQueen et al.,

2003 apud LACERDA et al, 2009); Alterações do biorritmo, que abrangem aquelas referentes

ao controle do apetite, manutenção do peso corporal, do ritmo circadiano (Insônia / Sonolência

excessiva).

A incidência do Transtorno Depressivo Maior é de 1,59%, com taxa de prevalência ao

longo da vida de 5,2%, e no último ano de 3%, com idade média de aparecimento aos 27 anos

(REGIER et al, 1988; BLAZER, 2000 apud LACERDA et al, 2009). Já de acordo com Kessler

e colaboradores (1994), as taxas de prevalência da doença seriam bem mais expressivas, sendo

de 17,1% para a população em geral, 21,3% para as mulheres e 12,7% para os homens e de

8,6% no último ano. É importante apontar que a taxa de incidência da depressão é impulsionada

devido às relativamente altas taxas de remissão e recorrência (LIMA, 1999 apud LACERDA et

al, 2009). Adicionalmente, de acordo com Kessler e colaboradores (1994 apud LACERDA et

al, 2009) e Lima (1999 apud LACERDA et al, 2009), parece haver consenso quanto à elevada

presença de co-morbidades com patologias psiquiátricas e idade aproximada de início. De

acordo com a OMS, cerca de 340 milhões de pessoas são afetadas hoje pela depressão ao redor

do mundo. Projeta-se que em 2020 a depressão figurará como a segunda maior causa de

prejuízos globais na população em geral, tornando o TDM um dos problemas de saúde pública

mais significativos da atualidade (LACERDA et al, 2009).

15

3.2 O impacto socioeconômico da depressão

O Transtorno depressivo maior é uma enfermidade crônica de altíssimo custo

socioeconômico, principalmente por acarretar incapacidade e prejuízo funcional, pelo elevado

potencial de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e tumores e correlação com altas

taxas de suicídio (LACERDA et al, 2009), que acomete com mais frequência indivíduos em

idades produtivas (KESSLERET al., 2003 apud TAKAKURA; TUNG, 2012). Desta forma,

configurando uma das mais frequentes causas, dentre os problemas de saúde, por perda de

produtividade no trabalho (ALONSO et al., 2004 apud TAKAKURA; TUNG, 2012) e a maior

causa de incapacidade. (LOPEZ et al 2006 apud LACERDA et al, 2009). Segundo os dados do

World Mental Health Survey:

Na maioria dos países desenvolvidos e no Brasil (São Paulo) as taxas de depressão

maior são significativamente maiores entre os indivíduos mais jovens (18 a 34 anos);

nos outros países em desenvolvimento se observou uma distribuição mais homogênea

entre os grupos etários. A idade média de início do transtorno foi de 27,2 a 28,9 anos,

com uma média de 10,9 e 14,8 episódios ao longo da vida. A duração média do

episódio depressivo foi 26 a 27 semanas, nos últimos 12 meses, e esteve relacionada

à idade. Mais de um terço dos indivíduos apresentava quadro de grave intensidade e

49,3% a 65,8% descreveram grave comprometimento ocupacional. Os indivíduos

perderam em média 25,3 a 48,3 dias de trabalho no último ano em consequência da

doença. (Kessleret al., 2010 apud TAKAKURA; TUNG, 2012)

A depressão gera, de forma direta e indireta, uma carga econômica associada aos custos

referentes a: utilização dos serviços de saúde, tratamento da depressão, àqueles atribuídos ao

suicídio e mortes precoces por outras causas, diminuição da capacidade ocupacional e

desemprego entre outros diversos custos intangíveis (LACERDA et al, 2009). O estudo desse

custo agregado da depressão tem importante papel no desenvolvimento de políticas públicas da

área da saúde e na alocação eficiente de recursos do estado, porém apresenta limitações quanto

à quantificação devido a extensão dos custos intangíveis e apresenta grande variação regional,

socioeconômica, de acordo com prevalência entre outros (LACERDA et al, 2009).

De acordo com Scot e Dickey (2003 apud LACERDA et al, 2009), a depressão apresenta

custo superior ao somatório dos custos com diabetes e hipertensão no Reino Unido, totalizando

9 bilhões de libras em 2000 (THOMAS; MOVIES 2003 APUD LACERDA et al, 2009).

16

Os custos diretos da depressão são atribuídos majoritariamente às hospitalizações dos

indivíduos, sendo responsável por 50 a 75% deste custo, enquanto uma porcentagem muito

menor é atribuída às medicações, cerca de 2 a 11% (KNAPP; ILSON 2002 apud LACERDA et

al, 2009). Estes custos, segundo Simon et al. (2002,2003 apud LACERDA et al, 2009),

Donohue e Pincus (2007 apud LACERDA et al, 2009) chegam a ser 4 vezes maiores do que

aqueles com indivíduos não depressivos. Complementando, Simon e Katzelnick (1997) assim

como Pearson et al. (1999) afirmam que ao se comparar indivíduos acometidos pela depressão

com aqueles não acometidos, constatou-se: “um maior uso dos serviços de saúde, devido a um

maior número de consultas médicas, maior número de testes laboratoriais, maior uso de

medicamentos e maiores taxas de hospitalização [associados à depressão]” (LACERDA et al,

2009).

Existem ainda fatores como o não reconhecimento diagnostico da depressão por médicos

não especializados na saúde mental, que geram custos adicionais na medida em que agravam a

condição e retardam o início do tratamento, requerendo assim diversos exames laboratoriais e

consultas clinicas na tentativa de se estabelecer o diagnóstico (KATON; SULLIVAN;

WALKER, 2001 apud LACERDA et al, 2009). “Mais da metade dos pacientes com depressão

procura os serviços de saúde de atenção primária por sintomas físicos, mas se estima que certa

de 40 a 60% desses pacientes não sejam diagnosticados pelos médicos generalistas”

(PEARSON ER AL., 1999; SIMON ET AL., 1999; KATON; SULLIVAN; WALKER, 2001;

SCOT; DICKEY, 2003 apud LACERDA et al, 2009). Adicionalmente, a correlação alta entre

depressão e co-morbidades físicas também contribui para esse aumento do custo financeiro da

depressão, visto que a literatura recente mostra que os custos com tratamentos de pacientes com

depressão combinada à co-morbidades como diabetes, esclerose múltipla, doença de Parkinson

e doenças cardiovasculares são de 20% a 100% maiores do que com aqueles apenas acometidos

pela depressão (CHISHOLM, 2003; KATON, 2003 apud LACERDA et al, 2009)

Há também o componente indireto dos custos da depressão, que está fortemente associado

à morte prematura e perda de desempenho no trabalho (LACERDA et al, 2009), e tem um peso

significativo sobre o custo agregado. “Os custos indiretos representam a maior parcela do

impacto econômico atribuído à depressão” (LACERDA et al, 2009). Corroborando-o,

Hawthorne et al. (2003 apud LACERDA et al, 2009) e Andrews et al., (2004 apud LACERDA

et al, 2009) afirmam que estes custos indiretos chegam a ser 5 vezes maiores que os diretos.

17

Estima-se que os custos com a incapacidade ocupacional cheguem a 60% dos custos totais

da depressão (GREENBERG et al, 2003 apud LACERDA et al, 2009), e que a análise dos

impactos econômicos da depressão deva obrigatoriamente considerar esse fator, e não apenas a

melhora do quadro sintomatológico depressivo (KNAPP, 2003 apud LACERDA et al, 2009)

O suicídio, segundo Sartorius (2001 apud LACERDA et al, 2009), é proveniente em 70%

dos casos da depressão, sendo a principal causa de mortalidade entre os jovens (WORLD

HEALTH REPORT, 2001 apud LACERDA et al, 2009). Estima-se que os gastos anual no

Estados Unidos seja de mais de 5 bilhões de dólares, representando 6,6% dos gastos globais

com a depressão. (GREENBERG et al, 2003 apud LACERDA et al, 2009). Deve levar em

conta ainda o elevado fator de risco de a depressão apresenta para o surgimento e

desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras com elevada mortalidade e a maior

probabilidade de morte prematura entre os acometidos por condições de forma conjunta com a

depressão do que de aqueles que as possuem de forma isolada (LACERDA et al, 2009)

O impacto da depressão sobre a perda ocupacional do indivíduo é refletido através da

redução da produtividade, constantes licenças médicas, aumento da abstenção no trabalho,

aumento do desemprego e redução da renda das famílias (KESSLER et al., 1999; DRUSS;

ROSENHECK; SLEDGE, 2000; JUDD et al., 2000; SIMON et al., 2000, 2002;

SORVANIEMI; HELENIUS; SALOKANGAS, 2003; ROST; SMITH; DICKINSON, 2004;

SPIJKER et al., 2004; WANG et al., 2006; ALDER et al., 2006; RYTSALA et al., 2006;

KENEDY et al., 2007 apud LACERDA et al, 2009). Há outros fatores importantes de se avaliar,

e que com frequência não são abordados na literatura tradicional, como por exemplo os

prejuízos financeiros indiretos sobre a produtividade de estudantes, aposentados,

desempregados e aqueles do lar (LACERDA et al, 2009). Por fim, existem ainda os custos

inegáveis com acidentes no ambiente de trabalho, afastamentos e invalidações decorrentes da

depressão (LACERDA et al, 2009).

São notórios os altíssimos e intrínsecos custos econômicos da depressão na sociedade atual,

que se ramificam por vias indiretas, atingindo a sociedade como um todo de forma profunda e

impactante. Ainda assim, possivelmente, os maiores custos atribuídos à depressão sejam os

intangíveis, que causam prejuízos na qualidade de vida dos indivíduos acometidos, seus

familiares e amigos e impactando todas as suas relações sociais (LACERDA et al, 2009). “A

dificuldade em medir e calcular os custos dessas variáveis leva a maioria dos estudos a exclui-

18

las da análise de custo da doença” (SINGH; HAWTHORNE; VOS, 2001 APUD LACERDA

et al, 2009). Esses custos relacionam se, entre outros, com os prejuízos na tutela dos filhos,

problemas no desempenho de papéis nas relações sociais e desgaste nessas relações

(LACERDA et al, 2009). Em suma, a depressão gera uma imensa carga socioeconômica, sendo

necessário portanto um maior investimento da saúde pública nas intervenções terapêuticas

eficientes, assim como uma maior conscientização a respeito e contribuição social no combate

à morbidade.

3.3 Fisiopatologia da depressão

A depressão é uma doença heterogênea em diversos sentidos, inclusive quanto à sua

complexa apresentação fisiopatológica, não podendo ser de forma alguma considerada uma

entidade nosológica única (LACERDA et al, 2009). A literatura recente busca encontrar

frequentemente marcadores biológicos e genes com estreita relação com a depressão

(SHELTON, 2007 apud LACERDA et al, 2009), com o objetivo de entender melhor a

fisiopatologia da depressão e assim possibilitar a criação de tratamentos mais seguros e

eficientes, mais fortemente pautados nos mecanismos fisiopatológicos do que no quadro clínico

apenas (LACERDA et al, 2009). Segundo Charney et al. (2002 apud LACERDA et al, 2009):

A adoção de classificações diagnósticas baseadas em grupos de sinais e sintomas

(características puramente fenotípicas) com certeza contribui para as dificuldades em

identificar genes implicados na fisiopatologia dos diversos transtornos psiquiátricos,

visto que esses agrupamentos de sinais e sintomas não representam, necessariamente,

transtornos homogêneos, mas vias finais comuns de expressão de diferentes

mecanismos fisiopatológicos.

É importante contudo, ter em mente ao abordar os fatores determinantes de qualquer

transtorno psiquiátrico que dificilmente haverá uma associação simplista entre um gene

específico e uma patologia, mas sim uma complexa relação entre diversos fatores, como:

vulnerabilidade genética, fatores ambientais, alterações epigêneticas do ácido

desoxirribonucleico entre outros (GLAZIER; NADEU; AITMAN, 2002 apud LACERDA et

al, 2009). Atualmente utiliza-se frequentemente o termo endofenótipo, um fenótipo

intermediário entre os descritores clínicos e o genótipo ou a fisiopatologia (GOTTESMAN;

GOULD, 2003 apud LACERDA et al, 2009). Esse entendimento pode facilitar a correlação de

determinados genes com alterações fisiológicas mais generalistas e comuns às patologias

psiquiátricas (LACERDA et al, 2009).

19

Uma das principais hipóteses a respeito das causas da depressão, e que tem tido

tradicionalmente grande aceitação na literatura, é a teoria monoaminérgica, que afirma haver

relação causal entre a redução das monoaminas cerebrais (Dopamina, Serotonina e

Noradrenalina) e o quadro depressivo (RANG, 2003 apud COSTA, 2017). Outra hipótese mais

recente e que complementa a monoaminérgica, é a teoria neurotóxica da depressão. Esta sugere

que em resposta ao estresse crônico, via elevação de glicocorticoides e catecolaminas, ocorreria

a redução da expressão fatores neurotróficos e consequentemente a redução da neogênese e

atrofia neuronal no hipocampo, entre outros prejuízos neuroestruturais (LACERDA et al,

2009). “Segundo a teoria neurotóxica da depressão, esse transtorno estaria relacionado a uma

incapacidade em dar respostas adequadas a demandas internas e ambientais, em consequência

de anormalidades na neuroplasticidade” (LACERDA et al, 2009). Existe ainda na literatura

uma correlação entre o estresse e a depressão: “Tanto o estresse agudo quanto o crônico podem

eliciar a depressão maior” (KENDLER et al., 2003 apud LACERDA et al, 2009), e sugere-se

adicionalmente que o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que tem papel central na

regulação de respostas a circunstancias adversas (estresse), tenha importante contribuição na

patologia depressiva, e esta tem se tornado cada vez mais evidente na literatura (LACERDA et

al, 2009). A principal questão que esta relação entre o eixo HHA e a depressão ainda deixa em

aberto é sobre o papel fundamental de uma disfunção deste eixo como causa biológica ou se

seria um fenômeno secundário (LACERDA et al, 2009). “No entanto, é importante ter claro

que a depressão maior é um transtorno complexo e heterogêneo” (LACERDA et al, 2009).

3.3.1 – Hipótese Monoaminérgica

A teoria monoaminérgica da depressão tem tido notoriedade na literatura recente, com

importantes avanços na compreensão dos fenômenos celulares interpolados por receptores

aminérgicos e suas possibilidades no tratamento da depressão. Esta hipótese apresenta a

depressão como resposta a concentrações anormais e insuficientes de neurotransmissores como

a serotonina, noradrenalina e a dopamina (LACERDA et al, 2009) e se sustenta principalmente

no efeito positivo observado sobre os quadros depressivos que os inibidores da

monoaminoxidase, tem tido através da inibição da recaptação de serotonina e noradranalina,

aumentando a concentração destes nas fendas sinápticas (SCHLOSS; HENN 2004 apud

LACERDA et al, 2009).

20

A principal crítica ao modelo monoaminérgico se fundamenta na demora de 2 a 3 semanas

em que os antidepressivos atuantes nesses sistemas demoram para ter melhoras clinicas

enquanto as mudanças à nível das concentrações nas fendas sinápticas ocorre de forma aguda.

Segundo Schloss e Henn (2004 apud LACERDA et al, 2009), esse descompasso seria explicado

por uma possível deficiência de receptores pós-sinápticos que seria tratada e remediada com o

uso crônico dos antidepressivos. Adicionalmente, Lacerda et al (2009) afirma que, apesar de

frequentemente relatadas na depressão, a literatura não apresenta associação de nenhuma

alteração específica de serotonina, dopamina ou noradrenalina ligada diretamente à

fisiopatologia da depressão ou ainda à sintomatologia desta. Sendo assim, o principal indício

da ligação entre esses neurotransmissores e a depressão seria a resposta clinica positiva dos

medicamentos atuantes em suas concentrações na fenda sináptica, que só ocorre após

minimamente 2 semanas de tratamento, corroborando assim, o suposto por Schloss e Henn

(2004) anteriormente, e sugerindo que há grande influência dos segundos mensageiros e das

cascatas intracelulares que ocorrem na pós-sinapse na melhora do quadro depressivo, e ainda

possível deficiência destes mecanismos no quadro clinico depressivo também.

Nair e Vaidya (2006 apud LACERDA et al, 2009) ressaltam a atuação de certos

medicamentos antidepressivos sobre as referidas cascatas, como a facilitação da fosforilação

do “CREB (do inglês, c-response elemento binding-protein)” (NAIR E VAIDYA 2006 apud

LACERDA et al, 2009) que tem papel na regulação da expressão génica e atua nas cascatas

tanto da serotonina quanto da noradrenalina. “Além disso, os antidepressivos podem iniciar

uma série de reações intracelulares que aumentam a síntese de receptores de monoaminas e de

peptídeos, como o fator neurotróficos derivado do cérebro” (MALBERG; BLENDY, 2005 apud

LACERDA et al, 2009).

3.3.2 – Hipótese Neurotóxica

Uma teoria alternativa que vem ganhando espaço recentemente é a neurotóxica da

depressão, que caracteriza a depressão como resultante da redução de fatores neurotróficos e

neurogênicos no cérebro, que consequentemente limitariam a capacidade neuroplástica deste,

reduzindo capacidades adaptativas fundamentais à manutenção saudável do cérebro como: na

reorganização dos mapas cerebrais, regulação sináptica e controle de alterações pós-sinápticas

(LACERDA et al, 2009). Foi observada ainda a perda de volume na região do hipocampo de

21

pacientes deprimidos com correlação ao tempo de acometimento da condição sem tratamento

(SHELINE, GADO E KRAEMER, 2003 apud LACERDA et al, 2009). Indo de encontro com

esses resultados, Lacerda e colaboradores (2003 apud LACERDA et al, 2009) afirma ter

encontrado: “progressão da redução volumétrica do putame esquerdo, a qual se relacionou

diretamente com o tempo de doença, em paciente deprimidos”

O principal fator correlacionado aos prejuízos neurais sugeridos pela hipótese neurotóxica

seria o estresse, que através das alterações fisiológicas naturais e responsivas que este

desencadeia no organismo via eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA). Segundo Lacerda et

al., 2009:

A cascata de respostas relacionadas ao estresse é produtiva a curto prazo, preparando

o organismo para situações adversas e mantendo a homeostase. A elevação de

glicocorticoides e catecolaminas relacionada ao estresse agudo facilita a formação de

memória e prepara o organismo para situações de luta e fuga. Se as respostas ao

estresse são exageradas em duração ou intensidade, podem associar-se danos em seus

diversos órgãos-alvo, incluindo o cérebro.

Segundo Shea et al. (2005 apud LACERDA et al, 2009), eventos estressores no princípio

da vida podem ter contribuição no surgimento de anomalias relacionadas à depressão no eixo

HHA. Complementando esse posicionamento, há indícios de que o abuso na infância e o

abandono se apresentam como fatores de risco para desenvolvimento posterior da depressão

(BROWN; ANDERSON, 1991; BIFULCO et al., 2002; FERGUSSON et al., 2002 apud

LACERDA et al, 2009). Há ainda evidencias da associação entre eventos estressores na

infância com um aumento do risco de apresentação de morbidades psicológicas na fase adulta

(MELLO et al., 2003 apud LACERDA et al, 2009). Existe ainda a sugestão de que o

temperamento e a personalidade tenham influencias sobre o eixo HHA, uma vez que podem

amplificar a reação aos fatores de estresse (LACERDA et al, 2009). Parece haver forte conexão

entre o prejuízos no eixo HHA e a depressão, porém se a relação é de causalidade fundamental

ou apenas fenomenologicamente adjacente à patologia não é possível determinar ainda, apesar

dos achados recentes contribuírem para um entendimento correlacionado entre o eixo e a

depressão (LACERDA et al, 2009).

Assim como na hipótese monoaminérgica da depressão, a mais contundente prova da

viabilidade da hipótese neurotóxica é a melhora clínica da depressão através do uso de

medicamentos antidepressivos que bloqueiam certas respostas do eixo HHA, aumentando a

neogênese, a expressão de fatores neurotróficos e ainda atuando na reversão de efeitos

22

depressivos e estressores (DUMAN, 2004; HITOSHI et al., 2007; MCEWEN, 2000; MEYER;

CHROUSOS; GOLD, 2001 apud LACERDA et al, 2009).

A abordagem neurotóxica da depressão carece ainda de fortes evidencias que a corroborem,

porém parece ter resultados interessantes na literatura recente, ao passo que complementa a

ótica da alteração funcional dos neurotransmissores e suas ramificações, uma vez que são

sistemas interdependentes no pleno funcionamento fisiológico e nas fisiopatologias

relacionadas à saúde mental.

3.4 – Atividade física e depressão

O tratamento da depressão consiste frequentemente, do uso de medicamentos

antidepressivos em associação com psicoterapias diversas e costumam ser elaborados por

profissionais da área da medicina, psiquiatria ou psicologia (TEYCHENNE; BALL; SALMON,

2008 apud VASCONCELOS-RAPOSO et al, 2009). É nesse sentido que pesquisas recentes

tem objetivado estudar e entender os possíveis benefícios do exercício físico como alternativa

terapêutica na depressão e outras morbidades relacionadas à saúde mental (GODOY, 2002 apud

COSTA et al, 2015).

Estudos tem mostrado a contribuição do exercício físico como terapia auxiliar às usuais,

tendo impacto benéfico no quadro depressivo, e apontando ainda que a falta da atividade física

estaria ligada a diversos tipos de depressão (DIMEO et al., 2001; SALMON, 2001 apud

VIEIRA; PORCU; ROCHA, 2007). Contribuindo com essa perspectiva, Teychenne, Ball, e

Salmon, (2008 apud VASCONCELOS-RAPOSO et al, 2009), afirmam haver relação inversa

entre a atividade física e a chance de adultos serem acometidos pela depressão.

Os achados de Harris, Cronkite e Moos (2006 apud VASCONCELOS-RAPOSO et al,

2009) indicam que a atividade física esteja associada à melhora do quadro depressivo em

sujeitos depressivos e melhora de outros fatores de saúde. Para Mesquita (2013 apud COSTA

et al, 2015), o exercício físico é uma potente ferramenta, principalmente, nos casos depressivos

com sintomas leves e brandos. Contribuindo para a consolidação essa influência da atividade

física em casos de depressão leves, Craft et al. (2007 apud VASCONCELOS-RAPOSO et al,

2009) determinou haver uma redução na sintomatologia depressiva e melhora na participação

23

feminina na prática esportiva após intervenção com programa de exercício somado às atividades

domésticas rotineiras. A tabela 3 demonstra os achados de Vasconcelos-Raposo et al. (2009)

onde há relação inversa entre o nível de atividade física dos indivíduos estudados e grau de

depressão.

Tabela 3 – Relação entre nível de atividade física e depressão

Fonte: VASCONCELOS-RAPOSO ET AL. (2009)

O tratamento através do exercício físico demonstrou interessantes benefícios aos

acometidos pela depressão maior, principalmente diante da continuidade da prática física. Pode-

se associar ainda, segundo a literatura, o exercício físico à adaptações comportamentais

positivas no engajamento dos indivíduos em programas de treinamentos futuros e na

manutenção dos esforços para a prática continua da atividade (VASCONCELOS-RAPOSO et

al, 2009).

Diante das possibilidades de tratamento, o exercício físico se destaca pela quase inexistência

de efeitos colaterais diretos associados (COSTA et al, 2015), relativa economia quando

comparado às alternativas medicamentosas e terapêuticas e contribuição global na promoção

de saúde do indivíduo (WERNECK; BARA FILHO; RIBEIRO, 2006 apud COSTA et al,

2015), e podendo ser utilizado tanto como complemento aos tratamentos convencionais, como

substituto a estes em alguns casos leves da depressão (RIBEIRO, 2013 apud COSTA et al,

2015).

“Os principais benefícios encontrados no exercício físico são: a diminuição da insônia e da

tensão, bem-estar emocional, imagem corporal positiva, aumento da positividade e autocontrole

psicológico, melhora do humor e interação social positiva” (CRAFT & PERNA, 2004 apud

24

COSTA et al, 2015). Esses efeitos benéficos do exercício físico sobre a depressão ocorrem

como uma resposta fisiológica ao esforço através da promoção de adaptações como a liberação

de neurotransmissores como a serotonina e dopamina e a ativação de seus receptores e cadeias

reativas, se relacionando diretamente à hipótese monoaminérgica da depressão (MINGHELLI

et al., 2013 apud COSTA et al, 2015). Adicionalmente, segundo Eyre e Baune (2012, apud

COSTA et al, 2015), o exercício físico teria papel regulador no eixo HHA, reduzindo a excreção

de glicocorticoides, atuando assim no combate à depressão com forte relação à teoria

neurotóxica da depressão.

De acordo com Simoni (2014 apud COSTA et al, 2015) a prática de exercícios físicos

aeróbios na frequência semanal de 3 vezes demonstram melhores resultados que treinos

semanais únicos na redução sintomatológica depressiva, sendo este tipo de exercício o mais

eficiente no combate às variantes leves da depressão, em parte por promoverem uma maior

adesão e continuidade no programa (MESQUITA, 2013 apud COSTA et al, 2015). Já os

exercícios físicos de alta intensidade, para Hall, Ekkekakis e Petruzello (2002, apud COSTA et

al, 2015), podem não ser ideias para o tratamento depressivo, devido às possíveis correlações

negativas com a dor e o cansaço. Adicionalmente, as atividades realizadas em grupo podem

gerar efeitos benéficos adicionais, promovendo a socialização, senso de pertencimento ao grupo

e maior envolvimento e adesão à atividade (WERNECK; BARA FILHO; RIBEIRO, 2006 apud

COSTA et al, 2015).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura, realizado nas bases de dados

multidisciplinares e nas bases específicas da área de saúde no período março de 2017 à maio de

2017

4.1 Bases de Dados consultadas:

As bases de dados usadas foram:

- Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/ PubMed);

25

- Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)

- Scientific Electronic Library Online (SciELO);

4.2 Critérios de inclusão

-Artigos científicos de revistas indexadas em inglês, espanhol e português que

abrangem o período de 2005 a 2016

- Artigos que descrevam ou mencionem o tema abordado;

4.3 Critérios de exclusão

- Artigos científicos nos demais idiomas;

- Estudos realizados com animais

4.4 Estratégia de busca

O principal descritor utilizado foi depressão a partir dos Descritores em Ciências da

Saúde – DeCS

No entanto, outros descritores foram usados, como: tratamento e transtorno depressivo

Estes termos foram associados com o seguinte descritor: exercício

Na estratégia de busca utilizada na base de dados: SciELO, os descritores utilizados foram

“depressão” and “exercício”

Na estratégia de busca utilizada na base de dados: PubMed e LILACS, os descritores

utilizados foram “depression” and “exercise”

Outra estratégia de busca adotada foi acrescentar artigos por meio de autores ou de

referências consideradas clássicas da literatura científica.

26

Estudos mantidos após análise de título e resumo

(N=79)

Estudos excluídos com base no título e resumo

(N=643)

Estudos incluídos na revisão (N=3)

Estudos acessados na íntegra a partir dos critérios

iniciais de elegibilidade (N=45)

Motivos de exclusões após leitura na íntegra: - que não avaliaram os

efeitos da atividade física; - que não utilizaram sujeitos

com depressão; - em crianças e

adolescentes; - com intervenções curtas; - estudos em animais; - artigos de revisão.

Iden

tifi

caçã

o

Tria

gem

El

egib

ilid

ade

Incl

uíd

os

Estudos identificados através das

bases de dados:

Pubmed = 680

Scielo = 68

Lilacs = 130

(N=878)

Estudos removidos por duplicatas

(N=156)

27

5. RESULTADOS

Foram encontrados 878 (total de artigos considerando todas as bases de dados) artigos

científicos, sendo 68 na SCIELO, 680 na PUBMED e 130 na LILACS.

Retirados os artigos que não foram aceitos para esta revisão, restaram 3 artigos.

Tabela 4 – Resumo dos artigos pesquisados

Au

tor

/ P

erió

dic

o

J. Vasconcelos-Raposo,

H.M. Fernandes, M. Mano,

E. Martins

Motricidade, 2009, 5 (1),

21-32

José Luiz Lopes Vieira , Mauro

Porcu , Priscila Garcia Marques da

Rocha

Jornal Brasileiro de Psiquiatria,

2007 56(1): 23-28

M. Belvederi Murri et al

The British Journal of Psychiatry

(2015) 207, 235–242

Tít

ulo

Relação entre exercício

físico, depressão e índice

de massa corporal

A prática de exercícios físicos

regulares como terapia

complementar ao tratamento de

mulheres com depressão

Physical exercise for late-life

major depression

Exercício físico para depressão

maior na terceira idade

Ba

se d

e D

ad

os

SCIELO SCIELO

PUBMED

Ob

jeti

vo

Conhecer a relação entre o

exercício físico, a

depressão e o índice de

massa corporal

Analisar a efetividade do exercício

físico como complemento

terapêutico no tratamento da

depressão

Investigar se o exercício físico

traz melhores resultados no

tratamento da depressão com

sertralina em idosos

28

Tabela 4 – Resumo dos artigos pesquisados

Au

tor

/ P

erió

dic

o

J. Vasconcelos-Raposo,

H.M. Fernandes, M. Mano,

E. Martins

Motricidade, 2009, 5 (1),

21-32

José Luiz Lopes Vieira , Mauro

Porcu , Priscila Garcia Marques da

Rocha

Jornal Brasileiro de Psiquiatria,

2007 56(1): 23-28

M. Belvederi Murri et al

The British Journal of Psychiatry

(2015) 207, 235–242

Mét

od

os

A amostra : 175

participantes (43 homens e

132 mulheres, com idades

entre 18 e 27 anos. Os

instrumentos utilizados

foram o Inventário de

Depressão de Beck (BDI),

numa versão adaptada e

validada para a língua

portuguesa, e uma

adaptação da escala de

exercício físico proposta

por Prochaska, Sallis, e

Long (2001)

A amostra: 18 pacientes mulheres

atendidas pelo SUS no Hospital

Universitário de Maringá em

tratamento com antidepressivos

(GC = 9; GE = 9). O delineamento

do estudo foi elaborado com duas

sessões de hidroginástica/semana,

durante 12 semanas. O

instrumento utilizado foi a Escala

de Hamilton para Depressão,

aplicado ao início, após 12

semanas de intervenção e após 6

meses de finalização do ensaio

clínico. Para análise estatística,

utilizaram-se os Testes de

Wilcoxon e de Mann-Whitney

121 pacientes da atenção

primária (>65 anos) com

depressão maior foram

randomizados para realizar 24

semanas de: Exercício aeróbico

progressivo de alta intensidade

mais sertralina (S + PAE),

Exercício não progressivo de

baixa intensidade mais sertralina

(S + NPE) e sertralina sozinha. O

resultado primário foi a remissão

(uma pontuação de menor ou

igual a 10 na Hamilton Rating

Scale for Depression).

29

Au

tor

/ P

erió

dic

o

J. Vasconcelos-Raposo,

H.M. Fernandes, M. Mano,

E. Martins

Motricidade, 2009, 5 (1),

21-32

José Luiz Lopes Vieira , Mauro

Porcu , Priscila Garcia Marques da

Rocha

Jornal Brasileiro de Psiquiatria,

2007 56(1): 23-28

M. Belvederi Murri et al

The British Journal of Psychiatry

(2015) 207, 235–24.

Res

ult

ad

os

O grupo que não atinge a

prática de exercício físico

recomendado apresenta

valores médios de

depressão superiores (6,46

± 0,52, p= 0,01) do que

aqueles que atingiram (6,16

± 0,44, p = 0,01).

Mulheres apresentaram

níveis maiores (6,48±0,5,

p= 0,01) do que homens

(6,24±0,55, p = 0,01) de

depressão. Não houve

significância estatística

(p>0,05) na relação inversa

entre as categorias de

atividade física e a

depressão assim como

entre o IMC e a depressão.

Os escores de depressão

reduziram-se no grupo

experimental após 12 semanas

(32,66 ± 3,12 para 24,88 ± 2,13

pontos, p = 0,007*) e não ocorreu

diferença estatisticamente

significativa no grupo controle

(31,11 ± 3,51 para 30,22 ± 3,04

pontos, p = 0,059). Após 6 meses,

não houve diferenças

estatisticamente significativas

para o grupo controle (31,11 ±

3,51 para 30,22 ± 2,81 pontos, p =

0,201). No entanto, o grupo

experimental regressou aos níveis

iniciais de depressão (32,66 ± 3,12

para 29,66 ± 1,22 ponto, p =

0,027*).

Os escores depressivos

reduziram-se, após 24 semanas,

no grupo Sertalina (20,4 ± 3,4

para 11,7 ± 5,9, p < 0,01), no

grupo S + NPE (20,1 ± 3,2 para

8,5 ± 4,5, p < 0,01) e no grupo S

+ PAE (19,8 ± 2,6 para 7,1 ± 4,2,

p < 0,01). 45% dos participantes

do grupo sertralina, 73% do

grupo S + NPE e 81% dos do

grupo S + PAE alcançaram

remissão (P = 0,001). Um tempo

mais curto para a remissão foi

observado no grupo S + PAE

(9,3 semanas) do que no grupo S

+ NPE (12 semanas) e do que no

grupo de Sertralina apenas (14,8

semanas) com significância

estatística (p = 0,002).

30

6. DISCUSSÃO

Os estudos selecionados para esta revisão buscam determinar e validar o possível

impacto positivo da atividade física sobre o quadro depressivo de populações variadas através

de diferentes metodologias. A dialética entre estes artigos é intermediada a seguir com o

objetivo de transpor as evidencias coincidentes encontradas na revisão, apontar possíveis

dissonâncias e principalmente, possibilitar um olhar mais abrangente e conciso sobre os

benefícios da atividade física na depressão.

O estudo realizado por Vasconcelos-Raposo et al, 2009 teve como objetivo “conhecer

a relação entre o exercício físico, a depressão e o índice de massa corporal”, tentando assim

agregar à busca uma possível relação do índice de massa corporal com as outras duas variáveis,

que já haviam sido vastamente abordadas na literatura, assim, o estudo pode corroborar ou

refutar o que já se conhece a respeito da correlação entre a depressão e a atividade física ao

mesmo tempo em que oferece a possibilidade de complementar a visão sobre o tema através da

análise conjunta do índice de massa corporal. Já os outros dois estudos, Vieira et al, 2007 e

Murri et al, 2015, propuseram analisar o papel da atividade física como tratamento

complementar a antidepressivos sendo o objetivo do primeiro “Analisar a efetividade do

exercício físico como complemento terapêutico no tratamento da depressão” e do segundo

“Investigar se o exercício físico traz melhores resultados no tratamento da depressão com

sertralina em idosos”. Esses últimos apesentam em seus objetivos uma possibilidade de

validação significativa do potencial benéfico do exercício físico no paciente depressivo, uma

vez que ambos propõe avaliar a capacidade de melhora para além das limitações dos

tradicionais recursos farmacoterápicos. Adicionalmente, ambos favorecem a uma visão de

abordagem integrada dos setores da saúde no tratamento da depressão, uma vez que buscam

possibilidades de melhores prognósticos através de associações entre as atuações de distintos

profissionais de saúde.

As amostras dos estudos apresentaram disparidades significativas, enquanto o estudo

de Vasconcelos-Raposo et al, 2009 foi mais abrangente, contando com 175 pacientes, homens

(43) e mulheres (132) em idades de 18 a 27 anos o estudo de Vieira et al, 2007 contou apenas

com 18 mulheres em tratamentos com antidepressivos. Já o estudo de Murri et al, 2015, possui

similaridades com o primeiro em termos quantitativos, visto que avaliou 121 pessoas e com o

31

segundo de forma qualitativa, uma vez que avaliou também uma população especifica (idosos

em tratamento com sertralina). A revisão combinada desses artigos permite um olhar sobre os

efeitos do exercício físico em subgrupos populacionais de extrema importância especifica

dentro do contexto da depressão: os adultos de 18 a 27 anos devido ao elevado custo econômico

e social associado a perda de força de trabalho proveniente das incapacitações, as mulheres pela

elevada incidência e prevalência da depressão, e os idosos pelo elevado potencial incapacitante

nessa população e fortes prejuízos nas co-morbidades comumente presentes no processo de

envelhecimento.

O estudo de Vasconcelos-Raposo et al, 2009 foi observacional e aplicou questionários

avaliativos de níveis de depressão (Inventário de Depressão de Beck) e de exercício físico

(Prochaska, Sallis e Long, 2001), enquanto Vieira et al, 2007 e Murri et al, 2015 aplicaram,

respectivamente, intervenções durante 12 semanas de hidroginástica e 24 semanas de exercícios

aeróbicos de variadas intensidades (alta x baixa), contra grupos controles sem intervenções

adicionais às medicações antidepressivas. Ambos estes estudos utilizaram se do Hamilton

Rating Scale for Depression como instrumento de avaliação dos escores depressivos, o que

confere verossimilhança às análises das mudanças nos escores após as intervenções dos 2

estudos. Destaca-se, metodologicamente, no estudo de Vieira et al, 2007 a reaplicação do

questionário após 6 meses da intervenção com objetivo de verificar a possibilidade de regresso

da doença. Já no estudo de Murri et al, 2015 foi interessante a aplicação de protocolos de

intervenções de exercícios distintas (Não Progressivo de baixa Intensidade e Progressivo de alta

Intensidade), por possibilitar uma comparação destas modalidades de exercício quando

associadas à sertralina no tratamento da depressão além de seus possíveis benefícios em relação

ao tratamento isolado com sertralina. O delineamento não intervencional do estudo de

Vasconcelos-Raposo et al, 2009 possibilitou uma análise para além das limitações das

intervenções propostas nos outros estudos, onde podemos avaliar o impacto do exercício físico

de forma qualitativa e quantitativa, na depressão, sem restrições às especificidades de

programas de exercícios pré determinados.

O estudo de Vasconcelos-Raposo et al, 2009 apresenta, além da correlação negativa

entre exercício físico e depressão, um maior valor médio de depressão entre os que não atingem

à prática recomendada de exercícios físicos, podendo sugerir a existência de um mínimo de

prática para a obtenção de benefícios terapêuticos. Por sua vez, o estudo de Vieira et al, 2007

acrescenta evidencias de que após 6 meses da intervenção bem sucedida há uma regressão dos

32

pacientes para os níveis inicias de depressão, supondo assim que exista uma necessidade de

continuação nos programas de treinamentos físicos com o objetivo da manutenção dos

resultados benéficos obtidos. Por fim, o estudo de Murri et al, 2015 confirmou, adicionalmente

à influência positiva do exercício físico aeróbico no tratamento da depressão combinada à

sertralina em idosos, que há uma maior influência de exercícios progressivos de alta intensidade

quando comparados aos não progressivos de baixa intensidade no tratamento complementar à

depressão.

Os três estudos que participaram desta revisão encontraram resultados similares

quanto à relação entre o exercício físico e a depressão, havendo consensualmente um impacto

benéfico do exercício físico no tratamento da depressão maior. Adicionalmente, os estudos

apresentaram informações complementares sobre a existência de um possível mínimo de

prática, necessidade de continuidade e melhores respostas para intensidades mais altas quando

associadas à progressões nos programas de exercícios físicos.

7. CONCLUSÃO

A depressão é atualmente uma das doenças mais incapacitantes do mundo, trazendo sérios

riscos à saúde física e mental dos indivíduos acometidos e graves prejuízos nas relações sociais.

O impacto da depressão se estende aos familiares, amigos e colegas de trabalho no complicado

convívio com a condição e afeta fortemente até a economia via perda de produção e

incapacitação dos indivíduos. O intrínseco aspecto multifatorial da depressão à torna sujeita a

uma grande variabilidade de apresentação sintomatológica clínica, com diversas possibilidades

de co-morbidades psicológicas e físicas presentes. Dentro desse cenário, o tratamento da

depressão possui consequentemente um amplo escopo de atuação contra todas as frentes

impostas por essa complexa patologia. Essa heterogeneidade da depressão demanda dos

sistemas de saúde e profissionais envolvidos uma necessidade de cada vez mais opções

terapêuticas, fundamentadas tanto na literatura quanto na prática clínica. Paradoxalmente, o que

se tem observado é a centralização do tratamento, tanto em relação aos profissionais da saúde

envolvidos quanto às opções exploradas nesses tratamentos, com grande dependência

farmacoterápica como norma.

Dados do National Comorbity Survey Replication (KESSLER et al, 2003 apud LACERDA

et al, 2009) sugerem que cerca de 78,4% dos pacientes com transtorno depressivo maior não

33

recebem o tratamento adequado às suas condições. Pode se supor, portanto, que uma abordagem

terapêutica integrada, com envolvimento mais diversificado dos profissionais da saúde

proporcionará maiores possibilidades de adequação nos tratamentos e consequentes remissões

e melhoras sintomatológicas nos quadros depressivos. É nesse cenário que o exercício físico

pode se apresentar como uma importante alternativa terapêutica e uma oportunidade de inserção

e atuação do profissional de educação física no tratamento da depressão.

O presente trabalho, buscou portanto, revisar a literatura a fim de encontrar os possíveis

benefícios da atividade física no tratamento da depressão, identificar a extensão desses efeitos

benéficos e por fim apresentar fundamentação teórica à aplicação clínica do exercício físico no

tratamento da depressão por profissionais da educação física e outros da área da saúde. Os três

estudos abordados nessa revisão demonstraram resultados significativos nos efeitos positivos

da atividade física sobre a depressão, tanto na forma de escores depressivos melhores em grupos

com intervenções terapêuticas de exercícios assim como em correlações negativas entre escores

depressivos e nível de prática de atividades físicas. Foram encontrados ainda parâmetros

importantes que podem validar e orientar uma prática clínica mais eficiente como: a possível

existência de um mínimo de atividade física para a redução dos escores depressivos apontada

pelo estudo de Vasconcelos-Raposo et al, 2009; a importância da continuidade das atividades

físicas na manutenção da melhora obtida demonstrada no estudo de Vieira et al, 2007 e a melhor

efetividade de programas com intensidade mais altas e configurados de maneira progressiva,

quando comparados aos programas não progressivos de baixas intensidades, na melhora dos

escores depressivos, na remissão dos paciente e ainda na velocidade da remissão a partir de 4

semanas já.. Adicionalmente, é observada a necessidade de se realizarem mais estudos na área,

afim de consolidar na literatura os benefícios aqui sintetizados e encontrar mais parâmetros para

viabilizar uma prática clínica ainda mais eficiente.

A importância desta revisão dentro da literatura é majoritariamente fundada na importância

não só da produção cientifica de qualidade, mas também de sua difusão para a aplicação prática

e resultantes benefícios diretos e indiretos à toda sociedade. Em suma, pode-se afirmar que esta

revisão obteve êxito em avaliar a literatura de forma crítica e extrair importantes validações a

respeito dos efeitos benéficos do exercício físico sobre o quadro depressivo e ainda encontrar

importantes informações para fundamentar e orientar uma prática clínica mais eficiente dos

profissionais de educação física e de outros profissionais da saúde no uso terapêutico do

exercício físico na patologia depressiva.

34

REFERÊNCIAS

VASCONCELOS-RAPOSO, J. et al. Relação entre exercício físico, depressão e índice de

massa corporal, Revista Motricidade, Portugal, v.5, n. 1, p 21-32, 2009.

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