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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO
E DESENVOLVIMENTO LOCAL
EDWARD AREDES DA SILVA JUNIOR
PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO
NA REDE PÚBLICA ESTADUAL
Belo Horizonte
2015
EDWARD AREDES DA SILVA JUNIOR
PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO
MÉDIO NA REDE PÚBLICA ESTADUAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário Una, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Inovações Sociais e Desenvolvimento Local.
Linha de pesquisa: Educação e Desenvolvimento Local
Orientadora: Prof.ª .Drª. Adilene Gonçalves Quaresma
Belo Horizonte 2015
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los
para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser
pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em
voo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem
fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só
pode ser encorajado” (Rubem Alves)
DEDICATÓRIA
Ao meu eterno Deus, a minha família e a todos que de alguma forma contribuíram para
que este projeto se tornasse possível.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pela graça imensurável concedida, me permitindo
não desistir de um sonho.
À minha esposa Marli, pelo carinho, apoio e compreensão demonstrados diante do meu
trabalho.
Aos meus pais, pela educação e valores me ensinados durante toda a minha trajetória até
aqui.
Aos meus filhos João Vítor e Pedro Henrique, pela gratidão sempre demonstrada e por
serem o motivo maior do meu esforço e trabalho.
Aos meus irmãos e amigos, que compreenderam a minha ausência em diversas ocasiões.
Aos meus avós que com carinho contribuíram na minha educação, em especial, a minha
Vó Ritinha que nos deixou este ano.
À minha orientadora professora Drª. Adilene Quaresma, pela atenção e eficiente
orientação me dirigida na elaboração deste trabalho.
Aos professores Drª Fernanda Carla Wasner e Dr. Cláudio Márcio Magalhães, pelas
significativas contribuições apresentadas durante o meu exame de qualificação.
Aos colegas da Fundação Helena Antipoff, em especial a coordenação, que sempre me
apoiou neste percurso, compreendendo as minhas falhas e limitações de tempo, além de
todos os professores que contribuíram de alguma forma para a conclusão deste trabalho.
A todos os professores e colegas do curso de Mestrado Profissional em Gestão Social,
Educação e Desenvolvimento Local, pelas aulas tão enriquecedoras que tivemos, pela
troca de múltiplas experiências, sobretudo pela amizade que formamos neste percurso.
RESUMO
Este trabalho fundamentou-se no estudo das práticas educativas de inclusão da temática
da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da rede pública
estadual de Minas Gerais. O problema de pesquisa foi a falta de conhecimento dos
professores de Química para a abordagem da temática da Sustentabilidade em suas
práticas educativas. Teve como objetivo geral analisar as propostas de inserção da
temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes de Química do Ensino
Médio, tendo em vista o desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação
voltada ao Desenvolvimento Local e com características de inovação social. Seus
objetivos específicos foram: identificar, na bibliografia especializada, qual é o
entendimento de pesquisadores do ensino de Química sobre como se deve inserir a
temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes dessa disciplina no Ensino
Médio, investigar o entendimento de professores da rede pública estadual sobre a temática
da Sustentabilidade na sua prática educativa e desenvolver um material didático em mídia
impressa ou eletrônica abordando a Sustentabilidade e as formas de desenvolver esse
conceito na prática educativa dos docentes da disciplina de Química no Ensino Médio. A
metodologia compreendeu abordagem qualitativa, com pesquisa bibliográfica, a partir da
qual se discutiu as seguintes categorias teóricas: Sustentabilidade Ambiental, Ensino de
Química, Prática Educativas no Ensino Médio e Desenvolvimento Local. A pesquisa
documental analisou a legislação estadual e nacional que contempla o Ensino Médio e a
pesquisa de campo foi realizada com 10 professores da rede pública estadual que atuam
na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A pesquisa permitiu concluir que a inserção
da Sustentabilidade nas aulas de Química apresenta-se como uma potencial ferramenta na
melhoria educacional no Ensino Médio, sendo muito importante criar mecanismos que
facilitem o acesso destes conteúdos por docentes e alunos. Tendo em vista a exigência do
Mestrado Profissional de elaboração de um produto técnico, a partir dos dados coletados
durante a pesquisa, foi possível o desenvolvimento de um material didático em mídia
eletrônica, no formato de um website, abordando a Sustentabilidade e as múltiplas formas
de desenvolver esse conceito na prática educativa dos docentes da disciplina de Química
no Ensino Médio.
Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade. Desenvolvimento
Local.
ABSTRACT
This work is based on the study of educational inclusion practices of the theme of
environmental sustainability in high school chemistry classes at public schools of Minas
Gerais. The research problem was the lack of knowledge of chemistry teachers for
approach of the thematic to sustainability in their educational practices. The general
objective was analyze a inclusion the theme of Sustainability in educational practice of
high school chemistry teachers for construction of technical product of innovation in
education focused for local development with characteristics of social innovation. Its
specific objectives were to identify, in the scientific literature, the understanding of
researchers on how to insert the theme of Sustainability in practice educational of this
discipline in high school, investigate the teachers' understanding of public schools on the
theme of sustainability in their practice educational and develop educational material in
electronic media for insertion the sustainability in educational practice of chemistry
teachers in high school. The methodology included qualitative approach, with referential
literature, from which discussed the following theoretical categories: Environmental
Sustainability, Teaching of Chemistry, Practice of Education in High School and Local
Development. Analyzed the state and national legislation that includes high school, with
field research carried out with 10 teachers of public schools that operate in the
metropolitan region of Belo Horizonte. The research concluded that the inclusion of the
Sustainability in chemistry teaching is a potential tool in improving education in high
school. In view of the requirement of the Professional Master of drawing up a technical
product, from the data collected during the research, was developed an teaching materials
in electronic media in the form of a website, for addressing the sustainability and the
multiple forms of develop this concept in educational practice of chemistry teachers in
high school.
Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Sujeitos da Pesquisa......................................................................................59
Quadro 2: Categorias de análise das pesquisas................................................................60
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Porcentagem de jovens entre 15 a 17 anos na escola e no Ensino Médio............51
Figura 2: Tela inicial do website Química & Sustentabilidade – Inovação no
Ensino de Química ...........................................................................................................83
Figura 3: Subitens dos módulos do website Química & Sustentabilidade.........................85
Figura 4: Modelo de estrutura e disposição do conteúdo nos subitens ..............................87
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
BNC Base Nacional Comum Curricular
CTS Ciência, Tecnologia e Sociedade
IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada
LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação
MIT Massachusetts Institute of Technology
ONU Organização das Nações Unidas
PCN+ Ensino Médio, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13
2. CAPÍTULO 1 – Estudo das possibilidades de conexão da Sustentabilidade, com o
Ensino de Química, as Práticas Educativas e o Desenvolvimento Local ....................... 17
3. CAPÍTULO 2 – Investigação das Práticas educativas para a inclusão da temática da
Sustentabilidade em escolas públicas da região metropolitana de Belo Horizonte ... 49
4. CAPÍTULO 3 – QUÍMICA & SUSTENTABILIDADE – INOVAÇÃO NO ENSINO
DE QUÍMICA – Proposta para a construção de um website que facilite a inserção da
temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino Médio ...................... 75
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 90
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 91
APÊNDICES
Apêndice A – Questionário utilizado na entrevista semiestruturada ................................ 97
Apêndice B – Parecer Consubstanciado...........................................................................99
Apêndice C – Conteúdo dos módulos do website........................................................... 102
13
1. INTRODUÇÃO
O ensino de Química tem sido um tema recorrente em pesquisas educacionais,
por ser uma ciência que apresenta algumas características bem singulares,
dentre elas, a abstratividade de muitos conceitos, o seu enquadramento
complexo na área das ciências da natureza e suas tecnologias, a distância entre
determinados temas e a realidade do aluno, a exigência de práticas
laboratoriais ou de campo para a construção da aprendizagem, diante de
conteúdos onde a observação é imprescindível, a falta de capacitação dos
professores para inovar em suas aulas, além da pequena participação das
questões socioambientais no preparo das aulas pelos docentes e nos materiais
didáticos.
[...] quando analisamos a trajetória do ensino de química verificamos
que, ao longo dos tempos, muitos alunos vêm demonstrando
dificuldades em aprender. Na maioria das vezes, não percebem o
significado ou a validade do que estudam. Usualmente os conteúdos
parecem ser trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se
distantes [...] e difíceis, não despertando o interesse e a motivação
dos alunos. Alguns professores de Química, talvez pela falta de
formação específica na área, demonstram dificuldades em relacionar
os conteúdos científicos com eventos da vida cotidiana (ADORNI;
NUNES, 2010, p.2).
Diante deste quadro, o tema desta pesquisa são as práticas educativas de
inclusão da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino
Médio em escolas da rede pública estadual de Minas Gerais, apontando como
problema a falta de conhecimento dos professores quanto a abordagem da
temática da Sustentabilidade em suas práticas educativas.
A questão central consiste em como promover a inserção da temática da
Sustentabilidade nas práticas educativas dos docentes de Química do Ensino
Médio?
O objetivo geral é analisar as propostas de inserção da temática da
Sustentabilidade na prática educativa dos docentes de Química do Ensino
Médio, tendo em vista o desenvolvimento de contribuição técnica na área de
educação voltada ao Desenvolvimento Local e com características de inovação
social.
14
Os objetivos específicos deste trabalho foram:
• A identificação na bibliografia especializada, de qual é o entendimento
de pesquisadores do ensino de Química sobre como deve-se inserir a
temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes dessa
disciplina no Ensino Médio.
• Investigar o entendimento de professores do Ensino Médio da rede
pública estadual sobre como inserir a temática da Sustentabilidade na
sua prática educativa.
• Desenvolver um material didático em mídia impressa ou eletrônica
(cartilha, site e/ou aplicativo) abordando a Sustentabilidade e as formas
de desenvolver esse conceito na prática educativa dos docentes da
disciplina de Química no Ensino Médio.
Quanto à justificativa, tal trabalho visa contribuir com a linha de pesquisa
Educação e Desenvolvimento Local por meio de conhecimentos sobre como
construir uma maior compreensão dos alunos sobre a temática da
Sustentabilidade comprometida com o Desenvolvimento Local e social.
No sentido da relevância da pesquisa para a prática social, aponta-se a
contribuição com inovações no ensino de Química visando tornar as aulas mais
contextualizadas e interdisciplinares a partir da abordagem da
Sustentabilidade, pois a temática dará subsídio aos professores para realizar a
inserção de situações-problemas vinculadas ao dia-a-dia da comunidade e de
seu território, inclusive com a interação com outras disciplinas da matriz
curricular, além de permitir aos alunos a discussão, análise e a busca de
mudanças que propiciem avanços para o desenvolvimento local, inclusive no
sistema educacional.
O processo é de duplo sentido, pois por um lado leva a escola a
formar pessoas com maior compreensão das dinâmicas realmente
existentes para os futuros profissionais, e por outro leva a que estas
dinâmicas penetrem o próprio sistema educacional, enriquecendo-o.
Assim, os professores terão maior contato com as diversas esferas
de atividades, tornar-se-ão de certa maneira mediadores científicos e
pedagógicos de um território, de uma comunidade (DOWBOR,2007,
p.82).
15
Como relevância da pesquisa para a área de concentração do Programa,
propõe-se a construção de uma proposta de intervenção educacional que
propicie novas práticas sociais de Desenvolvimento Local a partir da
conscientização sobre a importância da Sustentabilidade na prática educativa
dos docentes de Química do Ensino Médio.
A estrutura da dissertação consiste em três capítulos, no formato de três
artigos científicos, atendendo à decisão do colegiado sobre a nova estrutura
do trabalho de conclusão do curso.
Neste arranjo, o primeiro artigo apresenta uma revisão teórica sobre o Ensino
de Química, a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local, apresentando as
oportunidades de interação entre os conceitos visando alavancar uma
melhoria da prática educacional dos docentes desta área do conhecimento.
O segundo artigo apresenta os resultados da pesquisa de campo,
desenvolvida em escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, que se
fundamentou na investigação das práticas educativas para a inclusão da
temática da Sustentabilidade no Ensino Médio, sob a ótica dos docentes
destas unidades escolares.
A partir dos resultados da pesquisa, estabeleceu-se um perfil dos professores
de química da rede estadual de Minas Gerais no que se refere à inserção da
temática da Sustentabilidade durante a prática docente, a partir da análise dos
seguintes fatores: o conhecimento sobre a Sustentabilidade, os entraves
estruturais e pedagógicos das escolas, o material didático utilizado, a
aplicação de práticas sustentáveis no dia-a-dia, o ensino efetivo deste
conteúdo em sala de aula e o conceito de Química Verde.
Por fim no terceiro artigo, apresenta-se uma descrição do produto técnico que
é fruto desta pesquisa, que teve como cerne a investigação das Práticas
educativas para a inclusão da temática da Sustentabilidade no Ensino Médio
da rede pública estadual na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
16
Objetivou-se neste capítulo, desenvolver um material didático em mídia
eletrônica, no formato de um website, que propiciasse efetivamente a
construção de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química.
Discute-se a relação do ensino de Química com a Sustentabilidade e com o
uso de Novas Tecnologias, pois tal tríade consiste-se em agente facilitadora
de um aprendizado de qualidade, também geradora de transformações sociais
para o efetivo Desenvolvimento Local. Tal artigo descreve a estrutura e
conteúdo do website a ser trabalhado junto aos alunos do Ensino Médio.
17
2. CAPÍTULO 1: ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DE CONEXÃO DA
SUSTENTABILIDADE, COM O ENSINO DE QUÍMICA, AS PRÁTICAS
EDUCATIVAS E O DESENVOLVIMENTO LOCAL.
STUDY OF CONNECTION POSSIBILITIES SUSTAINABILITY, WITH THE
CHEMISTRY TEACHING, THE EDUCATIONAL PRACTICES AND LOCAL
DEVELOPMENT
SILVA JUNIOR, Edward Aredes da 1
QUARESMA, Adilene Gonçalves 2
RESUMO
O artigo apresenta a revisão bibliográfica sobre a pesquisa “Práticas Educativas de
Inclusão da temática da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino
Médio da rede pública estadual”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em
Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário Una.
Discute-se aqui uma proposta de inovação educacional no Ensino de Química no Ensino
Médio. O objetivo deste estudo é identificar a importância da inserção de práticas
educacionais com a temática da Sustentabilidade nas aulas de Química em escolas da
Rede Pública Estadual de Minas Gerais. Utilizou-se de abordagem qualitativa, com
pesquisa bibliográfica sobre aspectos históricos da Sustentabilidade no contexto da
Educação Ambiental, seguida de estudos da literatura científica e legislação que tratam
da interface existente entre a Sustentabilidade, o Ensino de Química, as Práticas
Educativas e o Desenvolvimento Local. Os principais resultados apontam na
viabilidade da construção de uma proposta de inovação no Ensino de Química a partir
da Sustentabilidade como eixo norteador.
Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade.
Desenvolvimento Local.
1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]
2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]
18
ABSTRACT
The article presents the literature review on the study Practices de Education for
Inclusion of Environmental Sustainability in high school chemistry classes at public
schools of MG, developed at the Post Graduate Studies Program in Social Management,
Education and Local Development of Center University Una. It is presented here a
proposal for educational innovation in Chemistry Teaching in High School. The
objective of this study is to identify educational practices for insertion of Sustainability
in Chemistry classes in schools of the State Public Network of Minas Gerais. We used
a qualitative approach, with bibliographic research on historical aspects of
sustainability in the context of environmental education, followed by studies of
literature and legislation for dealing with the interface between the Sustainability, the
Chemistry Teaching, the Practices Educational and Local Development. The main
results show the feasibility of building an innovative proposal in Chemistry Teaching
with Sustainability as a guiding principle.
Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.
19
INTRODUÇÃO
A sociedade atual apresenta um número crescente de cidadãos que buscam
participar da discussão sobre as questões ambientais. É bem verdade, que
grande parte deste interesse ainda é reativo, e não, como desejável, proativo.
Diante deste novo contexto, discutir a recente crise hídrica no Sudeste
brasileiro, apontar os ganhos trazidos pela coleta seletiva nas comunidades,
incentivar a produção dos chamados alimentos orgânicos ou despertar o
interesse pelas pesquisas relacionadas às fontes de energia alternativas, são
exemplos de ações que demonstram a busca por uma maior conscientização
na temática ambiental, e, por conseguinte, no uso cada vez maior de práticas
sustentáveis.
A degradação ambiental tem se agravado em diversos aspectos, estando de
uma forma cada vez mais inserida na realidade de todos, por exemplo, no que
se refere ao aquecimento global, que tem provocado uma intensa alternância
climática no planeta, potencial geradora do risco cada vez mais eminente de
conflitos locais e até mesmo entre nações na disputa pelos recursos hídricos,
na questão da exploração mineral e seus impactos ambientais, no aumento
sistemático da poluição atmosférica, principalmente nas grandes metrópoles,
exigindo a implantação dos chamados rodízios de veículos automotores, e por
consequência, uma maior cobrança sobre as indústrias automotivas no que se
refere a redução da emissão de poluentes veiculares. Observa-se também um
maior investimento em pesquisas de novas fontes energéticas, menos
poluentes e renováveis, além de avanços na aplicação e na formulação das
legislações que regulamentam a questão ambiental, por exemplo, a Política
Nacional de Resíduos Sólidos; que alterou a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998; além de conceder outras providências.
Este artigo apresenta a revisão bibliográfica da pesquisa realizada no Programa
de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento
Local, do Centro Universitário Una, linha de pesquisa Educação e
Desenvolvimento Local, intitulada “Práticas Educativas de inclusão da temática
20
da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da Rede
Pública Estadual”.
O objetivo geral da pesquisa foi analisar as propostas que inserem a temática
da Sustentabilidade na prática dos docentes de Química tendo em vista o
desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação voltada ao
Desenvolvimento Local e com características de inovação social.
Enumera-se como objetivos específicos, identificar, na bibliografia
especializada, qual é o entendimento de pesquisadores do ensino de Química
sobre como deve-se inserir a temática da Sustentabilidade na prática educativa
dos docentes dessa disciplina no Ensino Médio, investigar o entendimento dos
professores da rede pública estadual de Minas Gerais a respeito, e por fim,
desenvolver um material didático em mídia impressa ou eletrônica (cartilha, site
e/ou aplicativo) que propicie efetivamente a construção de práticas sustentáveis
a partir das aulas de Química.
Nesse artigo apresenta-se a revisão bibliográfica, no qual a Sustentabilidade é
analisada sobre quatro referenciais, inicialmente na construção histórica da
Educação Ambiental, na relação com o Ensino de Química, na discussão sobre
as Práticas Educativas que possibilitariam a inclusão da temática, e por fim, na
conceituação de Desenvolvimento Local a partir de uma escola mais
articuladora dos múltiplos espaços de conhecimento de cada território, sendo
menos lecionadora, educando os alunos dentro de uma realidade com a qual
eles familiarizam (DOWBOR, 2007).
1. A Sustentabilidade e um breve relato sobre a construção histórica da
educação ambiental
No âmbito educacional, esta discussão iniciou-se em 1889, pioneiro do seu
tempo, o escocês Patrick Geddes, que é considerado o pai/fundador da
Educação Ambiental, expôs a ideia de que ensinar uma criança em contato
com a realidade do seu ambiente poderia facilitar o seu aprendizado e
consequentemente desenvolver em si atitudes mais criativas perante o mundo
que a rodeia (DIAS, 2010).
21
A temática ambiental no ensino de Ciências teve um impulso a partir de
reformas educacionais, que compunham as novas políticas públicas,
desencadeadas a partir da grave tragédia ambiental, que na década de 50,
culminou com a morte aproximadamente de 1600 pessoas devido ao ar
densamente poluído da cidade de Londres chamado de smog (smoke + fog).
Este fato propiciou também em outros países a discussão sobre o meio
ambiente, por exemplo, culminando com a inserção do chamado ambientalismo
nos Estados Unidos, a partir da década de 1960 (DIAS, 2010).
Seguindo a conceituação apresentada por Pedro Jacobi (2003), aquele enfoque
caracterizava-se como reducionista e simplista, pois nesta época os estudos
eram realizados dentro de uma realidade micro, bem distante da multiplicidade
e diversidade do meio ambiente, no que se refere aos fatores que o compõem
e as inúmeras variáveis que interveem diretamente nele.
O ambientalismo foi conceituado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells
(2001) como:
Formas de comportamento coletivo que em seus discursos como na
prática, visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o
homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e
institucional predominante (CASTELLS, 2001, p.143).
O ano de 1962 marcou o lançamento do livro Primavera Silenciosa, de Rachel
Carson, que reuniu relatórios de conceituados pesquisadores das áreas de
Farmacologia, Química e Biologia. Tal literatura é considerada um clássico na
história do movimento ambientalista. O foco da sua crítica foi à introdução de
substâncias não orgânicas na natureza, com ênfase nos inseticidas e
herbicidas, entre eles o DDT (dicloro-difenil-tricloro-etano) e o BHC
(hexacloreto de benzeno). Ela não propõe nesta obra, o abandono da produção
de alimentos, mas enfatiza que é possível controlar danos à agricultura gerados
por pragas, concomitantemente, com a preservação da fauna e da flora
(ARAÚJO, SILVA, 2012)(DIAS,2010).
22
Os primeiros registros da utilização do termo Educação Ambiental datam do
ano de 1948, numa reunião da União Internacional para a Conservação da
Natureza (UICN) em Paris (JACOBI, 2005).
Formalmente, o termo Educação Ambiental só apareceu em meados de 1965,
na Conferência de Educação na Universidade Keele/Grã Bretanha, já sendo
entendido como algo importante na formação educacional do cidadão (NEVES,
2005).
Em 1972, foi apresentado o Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows,
elaborado por uma equipe de pesquisadores de altíssimo gabarito do
Massachusetts Institute of Technology, MIT, um estudo aprofundado de
variáveis essenciais para a humanidade, dentre elas, a energia, a poluição, o
ambiente e a tecnologia (MEADOWS et al., 1972).
Também em 1972, ocorreu a chamada Conferência de Estocolmo, no
documento elaborado destaca-se o parágrafo seis da Declaração da
Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Meio
Ambiente:
Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas
ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências
ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar
danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida
e bem-estar dependem. Defender e melhorar o meio ambiente para
as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a
humanidade (ONU, 2014).
Diante dos resultados da Conferência de Estocolmo, a Assembleia Geral da
ONU criou, em dezembro de 1972, o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), com foco na atuação como motivador das atividades que
visam promover a preservação do meio ambiente no mundo. Dentre os seus
objetivos, destacam-se a relação entre o meio ambiente, as catástrofes e os
conflitos sociais, a gestão ambiental vinculada aos ecossistemas até a
governança, a toxicidade ambiental, a otimização dos recursos e as alterações
climáticas (ONU, 2014).
23
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO) promoveu no ano de 1975 em Belgrado, na antiga Iugoslávia, o
Encontro Internacional sobre a Educação Ambiental, com a proposta elaborada
de um ensino multidisciplinar, que contemplasse as diferenças regionais e
interesses nacionais (BRASIL, 2001).
A Conferência de Tbilisi marcou o ano de 1977 sendo considerada, ainda nos
dias atuais, o evento decisivo para os rumos da Educação Ambiental no mundo,
destacando o viés para a contextualização e a sua contribuição para a
renovação do processo educativo:
A educação ambiental deve ser dirigida à comunidade despertando o
interesse do indivíduo em participar de um processo ativo no sentido
de resolver os problemas dentro de um contexto de realidades
específicas, estimulando a iniciativa, o senso de responsabilidade e o
esforço para construir um futuro melhor. Por sua própria natureza, a
educação ambiental pode, ainda, contribuir satisfatoriamente para a
renovação do processo educativo (MMA, 2015).
A inclusão da temática ambiental no Ensino Médio no Brasil só surgiu em 1979,
a partir do documento Ecologia – uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus.
Apoiada em uma visão equivocadamente reducionista, não contemplava a
interação da temática ambiental, com os aspectos sociais, econômicos,
culturais, éticos e outros, que poderia desde já propiciar uma visão
multidimensional ao ensino da Educação Ambiental em nosso país (DIAS,
2010). Portanto, o primeiro passo na direção de uma discussão ambiental no
Ensino de 1º e 2º graus no Brasil, não trazia consigo os avanços propostos dois
anos antes na Conferência de Tbilisi.
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem
Brundtland, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento. A escolha de Brundtland ocorreu por ela ter uma
percepção de saúde capaz de gerar uma interação direta entre os assuntos
ambientais e o desenvolvimento humano. Em 1987, esta comissão publicou um
documento importante chamado de “Nosso Futuro Comum” – que introduziu o
conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público na sua
essência (ONU, 2014):
24
[...] o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no
qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos,
a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial
para satisfazer as aspirações e necessidades humanas.
Não há um consenso, ainda nos dias de hoje, sobre a conceituação dos termos
Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade, há vertentes que defendem
a ideia que o Desenvolvimento Sustentável seria um caminho para se alcançar
a Sustentabilidade, como objetivo final, numa perspectiva de um longo prazo,
para outros, o Desenvolvimento Sustentável é o objetivo almejado, sendo que
a sustentabilidade é o processo para atingir o Desenvolvimento Sustentável,
por outro lado, quase todas as definições de Desenvolvimento Sustentável
utilizam princípios da Sustentabilidade (SARTORI, LATRONICO, CAMPOS,
2014, p.1-2).
Moacir Gadotti (2008, p.75), destaca a relação entre a sociedade e o meio
ambiente ao afirmar que a “Sustentabilidade é equilíbrio dinâmico com o outro
e com o meio ambiente, é harmonia entre os diferentes”.
Com um maior detalhamento, Ignacy Sachs define que:
[...] a sustentabilidade ambiental é baseada no duplo imperativo ético
de solidariedade sincrônica com a geração atual, e de solidariedade
diacrônica com as gerações futuras. Ela nos compele a trabalhar com
escalas múltiplas de tempo e espaço, o que desarruma a caixa de
ferramentas da economia convencional. Ela nos impele ainda a
buscar soluções triplamente vencedoras, eliminando o crescimento
selvagem obtido a custo de elevadas externalidades negativas, tanto
sociais quanto ambientais. (SACHS, 2004, p. 13).
Apontando diante disto os cinco pilares do desenvolvimento sustentável:
1. Social – fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto
instrumentais, por causa da perspectiva de disrupção social que paira
de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáticos do nosso
planeta;
2. Ambiental – com as suas duas dimensões (os sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como “recipientes” para a disposição de resíduos); 3. Territorial – relacionado à distribuição espacial dos recursos, das
populações e atividades;
25
4. Econômico – sendo a viabilidade econômica a conditio sine qua
non para que as coisas aconteçam;
5. Político – a governança democrática é um valor fundador e um
instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem (SACHS,
2004, p. 15).
No dia 11 de março de 1987 houve a aprovação, pelo Plenário do Conselho
Federal de Educação, do parecer 226/87 que considerou a Educação
Ambiental conteúdo necessário nas propostas curriculares do 1o e 2o grau
(MININNI-MEDINA, 1994).
A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabeleceu as diretrizes da
política nacional ambiental, estabelecendo as responsabilidades do cidadão e
do poder público na luta eficiente pela preservação e conservação do meio
ambiente:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988,
art. 225).
Em 1992, ocorreu a culminância dos trabalhos iniciados em 1972, com a
realização da ECO-92 no Brasil, uma Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de Cúpula da Terra,
que propiciou a elaboração da chamada Agenda 21, que consistiu na
sistematização de propostas com o intuito de promover a proteção e o
desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Tal evento foi o responsável
pela popularização do termo Desenvolvimento Sustentável (MMA, 2015).
Sobre a Agenda 21, destaca-se:
A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e
localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas,
governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação
humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente
tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de
desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da
Sustentabilidade Ambiental, social e econômica, perpassando em
todas as suas ações propostas (MMA, 2015).
26
O ambiente escolar é um dos locais que pode funcionar como um espaço
propício para debates que culminem na elaboração de uma Agenda 21 local,
com a construção coletiva oriunda dos professores, alunos e demais membros
da comunidade, a partir do estabelecimento de ações capazes de trazer a
discussão da Sustentabilidade a determinado território.
A Agenda 21 apresenta capítulos que tratam diretamente desta abordagem,
destacando-se os que tratam da associação entre o meio ambiente e o
desenvolvimento, da preservação da qualidade atmosférica, do planejamento
e gerenciamento de recursos naturais, da gestão dos recursos hídricos, da
gestão ambiental com tratativas para o manejo das substâncias químicas
tóxicas e resíduos perigosos, da gestão ambiental dos resíduos radioativos e
da ciência como catalisador do Desenvolvimento Sustentável (MMA, 2015).
O Ministério da Educação (MEC), criou em 1997, a partir da sua Coordenação
de Educação Ambiental, um banco de dados reunindo mais de mil e duzentas
experiências com a temática ambiental já implementadas no Brasil (DIAS,
2010), mostrando que o compartilhamento de experiências exitosas é uma
importante ferramenta de trabalho no contexto educacional, funcionando como
catalisador de inovações nas práticas educativas.
Com a promulgação da lei nº 9795/99 que dispôs sobre a educação ambiental,
instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental, novos avanços foram
registrados, com destaque para a proposta de universalização do
conhecimento relacionado ao meio-ambiente, citada logo no seu artigo I:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL,
1999).
E em seu artigo 4o a lei apresenta de forma objetiva os princípios básicos da
educação ambiental, tendo:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
27
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva
da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas
sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais,
regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade
individual e cultural (BRASIL, 1999).
No seu Art. 5o, a lei nº 9795/99 expõe os objetivos fundamentais da educação
ambiental que contemplam:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a
tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade (BRASIL, 1999).
No ano 2000, a partir da reunião de 189 países, foram estabelecidos os
Objetivos do Milênio (ODM), como foco no pleno combate à extrema pobreza e
28
outros problemas que atingem a sociedade, inclusive na questão ambiental
(UNICEF, 2015). Um dos objetivos era relacionado ao meio ambiente e a
qualidade de vida, posteriormente o termo foi ressignificado, assumindo o
conceito da Sustentabilidade (PNUD, 2014).
Os Cadernos Temáticos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e diversidade (SECAD/MEC), em 2007, destacam que:
[..] a iniciativa das Nações Unidas de implementar a Década da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), cuja
instituição representa uma conquista para a Educação Ambiental,
ganha sinais de reconhecimento de seu papel no enfrentamento da
problemática socioambiental, na medida em que reforça
mundialmente a sustentabilidade a partir da Educação (BRASIL,
2007, p.13).
Os ODM darão lugar a uma nova agenda de desenvolvimento a partir de 2016,
a ONU debateu com governos, a sociedade civil e outras entidades na
construção destes novos alvos de transformação que serão denominados
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ONU, 2015).
Na Cúpula dos ODM, em setembro de 2010, foi delineada a coleta de ideias via
um processo de consultas abertas e inclusivas visando à construção dos ODS,
contando inclusive com a participação de universidades e outras instituições de
pesquisa.
A agenda pós-2015 surge das discussões realizadas na Rio+20 – a Conferência
da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável – que foi realizada em junho de
2012 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil (ONU, 2014).
O Brasil esforçou-se na direção de que a temática da Sustentabilidade
adquirisse um caráter de transversalidade nos ODS, tendo obtido sucesso,
como pode ser evidenciado nos 17 ODS propostos:
ODS1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os
lugares;
ODS2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar
a nutrição, e promover a agricultura sustentável;
ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades;
29
ODS4. Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos;
ODS5. Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres
e meninas;
ODS6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e
saneamento para todos;
ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e
moderna para todos;
ODS8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para
todos;
ODS9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização
inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;
ODS10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles;
ODS11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos,
seguros, resilientes e sustentáveis;
ODS12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis;
ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima
e seus impactos;**Reconhecendo que a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal
fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta
global à mudança do clima.
ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares
e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
ODS15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas,
combater à desertificação, bem como deter e reverter a degradação
do solo e a perda de biodiversidade;
ODS16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para
todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
todos os níveis;
ODS17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a
parceria global para o desenvolvimento sustentável (ONU, 2015).
2. O Ensino de Química e a Sustentabilidade
30
O ensino de Química no Brasil é trabalhado no Ensino Médio, desde o ano de
1931, quando foi publicado o decreto 20.158/31, também conhecido como a
reforma Francisco Campos (LIMA, 2013).
Alguns pesquisadores defendem a ideia, que seria de grande valia para o
ensino de Química, a abordagem de tais conteúdos por todo o período das
séries finais do Ensino Fundamental, destaca-se neste sentido a posição de
Attico Chassot (2001, p.45) ao dizer que “o conhecimento químico deve
permear toda a área de ciências de 5ª a 8ª séries, e não se restringir a um
semestre isolado, no final do primeiro grau, onde em geral se antecipam
conteúdos do segundo grau”. Entretanto, isso não ocorre, atrasando assim a
chamada alfabetização científica, o que traz sérios prejuízos ao
desenvolvimento do alunado brasileiro no ensino de Física e Química; por
exemplo, na matriz curricular utilizada na rede estadual de Minas Gerais é
dedicado um semestre do último ano letivo do Ensino Fundamental e os três
anos subsequentes do Ensino Médio para o ensino de Química.
O foco dado para o Ensino Médio já no início do século XX propunha
desenvolver no aluno o gosto pelo estudo de Química sempre vinculando ao
cotidiano (MACEDO; LOPES, 2002).
As décadas seguintes não trouxeram inovações significativas no ensino de
Química em nosso país, apenas durante o regime militar, vieram mudanças
com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 5692/71,
daí em diante, o ensino de Química passou a fazer parte do chamado Ensino
Médio profissionalizante, ganhando de forma exclusiva a dimensão técnica-
científica (DIAS, 2010).
Uma nova guinada ocorreu no ensino de Química com a promulgação da nova
LDB nº 9394/96, buscando habilidades e competências que propiciem alcançar
os quatro pilares da educação do século XXI - “aprender a conhecer, aprender
a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser” (DELORS, 2001, p.89-90).
Em seu artigo 35 a LDB estabelece as finalidades do Ensino Médio:
31
a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; a
preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos
científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a
teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (BRASIL, 1996).
O ensino de química apresenta características particulares que credenciam a
sua utilização como ferramenta de construção do pensamento crítico, sendo
entendido pela pesquisadora Leila Inês Follmann Freire (2007, p.26) como “a
capacidade de analisar profundamente, questionar, discutir problemas e
buscar soluções racionais adequadas, levando em consideração as diferentes
opiniões sobre um mesmo assunto”.
Em primeiro lugar, devido à possibilidade de correlacioná-lo com as questões
ligadas ao cotidiano, também pelo seu forte caráter interdisciplinar, pois lida em
inúmeras ocasiões com temáticas que geram interseções com as diversas
disciplinas que compõem a matriz curricular do Ensino Médio, com uma maior
proximidade com a Matemática, a Física e a Biologia, mas sendo plenamente
viável o seu diálogo com outras áreas, por exemplo, com as Ciências Humanas,
trazendo a Geografia na discussão de problemas ambientais, dentro da
Sociologia na construção de alternativas que propiciem transformação social
para a comunidade onde a escola está implantada e na História com o estudo
de fatos históricos a partir de descobertas da Química.
Quais seriam, portanto, as competências a serem trabalhadas no ensino de
Química no Ensino Médio? Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (PCNEM, 2000, p.10) respondem esta questão de forma objetiva,
como sendo as “necessárias à integração do seu projeto individual ao projeto
da sociedade em que se situa”.
Não se deve buscar um ensino de Química que objetive meramente a leitura
ou a escrita de fórmulas ou nomenclaturas, cálculo de concentrações ou do
calor das reações químicas, espera-se ao fim do Ensino Médio que a plena
32
construção de um conhecimento permita ao aluno relacioná-lo com as suas
implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL, 2000).
Os PCN+1 reiteram que o ensino de Química deve ser um instrumento capaz
de contribuir para a formação humana, aprimorando a percepção, interação e
a intervenção no mundo (BRASIL, 2002).
Busca-se neste contexto a formação de um aluno e cidadão capaz de pensar o
que ocorre ao seu redor de forma sistêmica, com embasamento para tomar
decisões autônomas quando necessário:
O aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que
eles compreendam as transformações Químicas que ocorrem no
mundo físico de forma abrangente e integrada e assim possam julgar
com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da
mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente,
enquanto indivíduos e cidadãos (BRASIL, 2000, p.31).
O estudo da Química ativa a visão do mundo de uma forma mais articulada e
menos fragmentada, sendo que o “conhecimento pertinente é aquele capaz de
situar toda informação em seu contexto e, se possível, no conjunto em que se
insere” (MORIN, 2002, p.15).
Os PCNEM evidenciam a contribuição do ensino de Química para a “formação
da cidadania e, dessa forma, deve permitir o desenvolvimento de
conhecimentos e valores que possam servir de instrumentos mediadores da
interação do indivíduo com o mundo” (BRASIL, 2000, p.38).
Os conteúdos no Ensino Médio permitem a contextualização em muitas
situações, por exemplo, na abordagem de temas como energia, lixo, agricultura
orgânica, alimentos, metalurgia, chuva ácida, descarte de baterias e pilhas,
tratamento de esgoto e água, camada de ozônio, efeito estufa, chuva ácida,
plásticos, mineração, combustíveis etc.
1 Ensino Médio, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais (MEC-SEMTEC, 2002)
33
Como explicar, no entanto, que ainda temos muitos professores com uma visão
meramente conteudista em sala de aula? Um estudo realizado em 2011
apontou a percepção dos docentes sobre a sua prática pedagógica:
As tendências do ensino de Química, apresentadas em revistas
especializadas da área e em livros e teses, como resultado das
pesquisas em ensino de Química, não estão chegando até os
professores. É preciso engajá-los nesta pesquisa, para que ele construa
a crença de que o seu trabalho pode ser melhor (QUADROS et al., 2011,
p.174).
Neste contexto, a proposta deste projeto é propiciar uma inovação no ensino
de Química a partir da inclusão da Sustentabilidade como um eixo norteador da
prática de ensino – com a disponibilização de um material em mídia que sirva
de subsídio para uma aula mais dialógica, motivadora, atraente e geradora de
transformações sociais.
No caso específico de Minas Gerais, com a mudança de governo na última
eleição estadual, optou-se neste ano corrente pelo retorno ao Conteúdo Básico
Curricular (CBC) da Secretaria de Educação de MG (SEE-MG) referente ao ano
de 2007, não dando continuidade ao modelo proposto na Resolução SEE-MG,
Nº 2030, de 25 de janeiro de 2012, que readequava o CBC em virtude do
programa Reinventando o Ensino Médio.
Na versão 2007 do CBC, percebe-se a presença de algumas temáticas
ambientais, sobretudo, nos projetos paralelos ao currículo tradicional, dispostos
como sugestão e não como parte obrigatória do programa, num volume aquém
do que poderia ser trabalhado no Ensino Médio.
Em 2015, a Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais participou efetivamente
do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio (PACTO), a Sustentabilidade foi
citada no caderno 3 de capacitação dos docentes, apresentada como uma das
estratégias para inovar a prática educacional nesta etapa da educação básica:
Tomando o eixo integrador apontado pelas DCNEM – trabalho, ciência,
tecnologia e cultura – as temáticas que podem ser propostas para integrar
os conhecimentos de cada componente curricular podem envolver, por
exemplo, a questão da mobilidade nos centros urbanos, a nutrição e a
34
segurança alimentar, o consumo e a sustentabilidade socioambiental, as
tecnologias de informação e comunicação [...] (BRASIL, 2014).
Já no PCNEM percebe-se quantitativamente e qualitativamente uma maior e
melhor inserção da temática ambiental, propiciando uma proposta de ensino
mais próxima daquilo que se imagina como cerne desta pesquisa, ainda mais
com o advento do documento Ensino Médio, Orientações Educacionais
Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+), que trouxe
um caderno temático voltado à Sustentabilidade, tornando ainda mais
perceptível à diferença na abordagem da temática no âmbito federal e estadual
(BRASIL, 2002).
Especificamente, no ensino de Química, tem se observado a busca
de avanços no estabelecimento de novas metodologias e técnicas
que abordem a Sustentabilidade, a partir da eliminação ou da menor
produção de resíduos tóxicos ao ambiente e a saúde humana, o que
tem sido chamado de Química Verde (CORREA; ZUIN, 2009).
Em agosto de 2012, o 4th International IUPAC Conference on Green Chemistry,
concedeu ao Brasil a oportunidade de sediar um grande evento debatendo a
Química Verde na cidade de Foz do Iguaçu (UFSCAR, 2014).
A Química Verde estabelece a necessidade de um redesenho das atividades e
processos que compõem a imensa gama de rotinas presentes na química como
um todo, a preocupação deve ser – o que eu posso fazer para minimizar ou
eliminar efeitos sobre o meio ambiente gerados por determinado processo que
envolva a química?
A Química Verde é orientada por doze princípios, elaborados a partir de
discussões que englobam as fontes de energia renováveis, a eliminação ou
redução do uso das substâncias persistentes, tóxicas e bioacumulativas,
culminando com a mínima geração de descartes e no tratamento adequado de
resíduos de forma ambientalmente correta, são eles:
1. Prevenção – evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-
lo ou “limpá-lo” após sua geração, para eliminar as suas
propriedades tóxicas;
35
2. Economia atômica – os métodos sintéticos devem ser
planificados de modo a maximizar a incorporação no produto final
de todas as substâncias usadas ao longo do processo; 3. Sínteses com compostos de menor toxicidade – sempre que
possível, os métodos sintéticos devem ser planificados de modo
a usar e produzir substâncias não tóxicas (ou pouco tóxicas) para
a saúde humana e a natureza; 4. Desenvolvimento de produtos seguros – os produtos químicos
devem ser planificados a nível molecular de modo a cumprir as
funções desejadas e a minimizar a sua toxicidade; 5. Diminuição de solventes e auxiliares – o uso de substâncias
auxiliares (solventes, agentes para promover separações, etc.)
deve ser evitado sempre que possível; quando usados, esses
agentes devem ser inócuos; 6. Busca pela eficiência energética – a utilização de energia pelos
processos químicos precisa ser reconhecida pelos seus impactos
ambientais e econômicos e deve ser minimizada. Se possível, os
processos químicos devem ser conduzidos à temperatura e
pressão ambientes, ou próximos destas; 7. Uso de fontes renováveis de matéria-prima – sempre que for
técnica e economicamente praticável, devem-se usar matérias-
primas e recursos renováveis de preferência a não renováveis; 8. Redução de derivativos – devem-se minimizar ou, se possível,
evitar derivatizações (uso de grupos bloqueadores, de passos de
proteção/desproteção, e de modificações temporárias na
molécula para permitir processos físicos e químicos) porque tais
etapas requerem reagentes adicionais e podem produzir
resíduos; 9. Catálise – devem-se preferir reagentes catalíticos (tão seletivos
quanto possível) a reagentes estequiométricos; 10. Desenvolvimento de compostos para degradação – os produtos
químicos precisam ser desenhados de tal modo que, ao final de
sua função, se fragmentem em produtos de degradação inócuos
e não persistam no ambiente; 11. Análise em tempo real para a prevenção da poluição – trata-se do
uso de metodologias analíticas que permitam a monitorização
direta dos processos de fabrico em tempo real e controle precoce
da formação de substâncias nocivas (o que ainda exige
desenvolvimento futuro); e 12. Química intrinsecamente segura para a prevenção de acidentes
– as substâncias, bem como a maneira pela qual uma substância
é utilizada em um processo químico, devem ser escolhidas a fim
de minimizar o potencial para acidentes químicos, incluindo
vazamentos, explosões e incêndios (ANASTAS; WARNER, 1998,
p.30) (LENARDAO et al, 2003, p.124).
Tais princípios apresentam conteúdo para subsidiar a construção de uma
proposta inovadora para o ensino de Química, por exemplo, no que se refere
ao princípio de número 7, que trata do uso de matérias-primas e recursos
renováveis de preferência a não renováveis.
36
3. Práticas educativas para a inclusão da temática da sustentabilidade no
Ensino Médio
A educação deve ser capaz de gerar avanços na vida social daqueles que
participam da construção do conhecimento, sendo um processo balizado na
interação eficiente entre professor e o aluno, buscando o crescimento do ser
humano como um todo, ou seja, deve propiciar transformação social no próprio
indivíduo e por consequência no território em que ele estabelece as suas
relações e interações. Tal conceito de educação pode ser profundado ao
afirmar que:
[...] na perspectiva de compreensão do homem como ser
multidimensional, a educação deve responder a uma multiplicidade
de exigências do próprio indivíduo e do contexto em que vive. Assim,
a educação integral deve ter objetivos que construam relações na
direção do aperfeiçoamento humano. (GUARÁ, 2006, p.16).
Conforme o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI, da UNESCO, a educação precisa ser compreendida:
[...] como uma via que conduz a um desenvolvimento mais
harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a
exclusão social, as incompreensões, as opressões e as guerras
(UNESCO, 2015).
A preocupação com a prática docente dos professores do Ensino Médio
aumenta por entender que, nos dias de hoje, este estágio da educação básica
se apresenta como um emaranhado de problemas dentro do nosso modelo
educacional, sendo certamente objetivo de intervenções frequentes, sobretudo
de agora em diante, com maiores investimentos públicos, visando sanar os
seus principais desafios.
O próprio Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, sancionado pela
presidente Dilma Rousseff em 2014, estabelece a necessidade de
institucionalizar um programa nacional de renovação do Ensino Médio:
[..] a fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens
interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por
meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e
diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em
37
dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e
esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a
produção de material didático específico, a formação continuada de
professores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas
e culturais (BRASIL, 2015).
Tal concepção de educação requer, portanto, uma nova prática educativa do
docente.
Mas, o que é a prática educativa? Em que consiste a prática docente? E o
trabalho docente? A prática educativa compreende todas as ações que são
articuladas para a concretização do processo de ensino-aprendizagem dentro
e fora de sala de aula em qualquer espaço formativo, ou seja: escola, sindicato,
igreja, autoescola, etc. Nessa prática educativa são reunidos procedimentos
didáticos e metodológicos à luz de referenciais teóricos diversos.
A prática docente é a prática educativa do docente, que por origem do termo
refere-se ao professor que atua na escola formal.
O trabalho docente envolve a prática docente, as condições de trabalho nas
quais esta prática docente acontece, regulamentações normativas internas e
externas à escola dessa função, as relações que se estabelecem durante a
execução desse trabalho.
Neste contexto, analisar a interação aluno e professor é de extrema
importância, segundo Paulo Freire (1996):
Não há docência sem discência, as duas se explicam sujeitos apesar
das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de
objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a
alguém (FREIRE, 1996, p. 23)
O professor atua como catalisador das inovações, com o objetivo de reduzir o
distanciamento observado em outras épocas, para agora realizar uma imersão
no contexto do aluno, tal ação propiciará um fluxo de informações nos dois
sentidos, do docente para o educando e vice-versa, o que será convertido no
decorrer do processo em construção eficiente de conhecimento mútuo.
38
É inevitável concluir que a eficácia do processo de aprendizagem transita
obrigatoriamente pela compreensão do papel do que é ser professor:
O papel do professor em todas as épocas é ser o arauto permanente
das inovações existentes. Ensinar é fazer conhecido o desconhecido.
Agente das inovações por excelência o professor aproxima o
aprendiz das novidades, descobertas, informações e notícias
orientadas para a efetivação da aprendizagem (KENSKI, 2001,
p.103).
Nessa interação com o aluno, o professor coloca em ação a sua prática
educativa, sendo uma discussão de extensa complexidade. Há inúmeros
fatores, variáveis e contextos que determinarão o sucesso ou não de uma
determinada prática educativa como bem descreveu Antoni Zabala (2010):
A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua
justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições
metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e
condições físicas existentes [...]. Mas a prática é algo fluido, fugidio,
difícil de limitar com coordenada simples e, além do mais, complexa,
já que nela se expressam múltiplos fatores, ideias, valores e hábitos
pedagógicos (ZABALA, 2010, p. 16).
A maior eficiência da prática educativa contempla situações que abordam a
realidade do educando, superando as barreiras do ensino limitado as
“caixinhas” de disciplinas, não importando onde a aula é efetivada, podendo
ser em uma sala de uma escola, um laboratório, no pátio escolar, na margem
de um rio poluído, na área industrial de uma cidade, em um museu, um teatro,
em uma visita técnica ou até mesmo no depósito de lixo de um município.
Nos PCNEM (BRASIL, 2000, p. 94), destaca-se que é “possível generalizar a
contextualização como recurso para tornar a aprendizagem significativa ao
associá-la com experiências da vida cotidiana ou com os conhecimentos
adquiridos espontaneamente”.
Com o enfoque da contextualização, viabiliza-se uma maior conscientização do
educando para o debate eficiente sobre os problemas e soluções para a sua
comunidade, buscando aí um maior exercício da cidadania, reiterando a visão
de que a educação pode e precisa ser um agente de transformação da nossa
sociedade, conforme já apregoava a LDB, no artigo 22, que estabelece as
39
finalidades da educação básica que começa por “desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos anteriores”
(BRASIL, 1996).
No livro 10 Novas Competências para Ensinar é exposto que, na prática
educacional o docente necessita compreender as concepções dos alunos
sobre determinado conhecimento, tendo como objetivo a criação de uma
interface ou reequilíbrio entre aquilo que os discentes acreditam conhecer de
determinado tema e o conhecimento científico (PERRENOUD, 2000).
A contextualização atua como ferramenta facilitadora para trazer proximidade
entre o conhecimento e o dia-a-dia do aluno, por exemplo, numa aula prática
de Química visando a determinação do potencial hidrogeniônico (pH), pode-se
usar a água de um dos rios ou córregos da região, o que levaria à uma
discussão com os alunos sobre a adequação ou não daquele parâmetro medido
a valores compatíveis com a legislação relacionada ao abastecimento de água
potável e sobre as possíveis causas de determinado desvio, se assim houver.
Há um maior interesse pelas aulas mediadas por um docente quando o aluno
percebe uma razão em aprender aquele determinado conteúdo, “o
conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso
situar as informações e os dados em um contexto para que adquiram sentidos”
(MORIN, 2003, p. 65).
É importante que o professor procure construir a sua prática docente a partir da
representação dos alunos, não se parte do zero, há concepções já assimiladas
em outras abordagens no ensino formal e no dia-a-dia do aluno, é bem verdade
que algumas serão errôneas, se transformando em concepções que podem ser
divididas em dois tipos:
Concepções alternativas vernaculares aparecem provenientes do uso
de palavras que apresentam um significado no cotidiano e outro no
contexto científico, por exemplo, a palavra trabalho.
Concepções alternativas factuais são falsidades frequentemente
aprendidas desde a infância e que permanecem até a vida adulta. Se
você pensa sobre isso, a ideia de que “um raio nunca cai duas vezes
40
no mesmo lugar” é claramente sem razão, mas esta noção pode
permanecer em algum lugar em seu sistema de crenças (ARROIO,
1996, p.3).
Diante deste contexto, o estudo, a análise e a compreensão da
Sustentabilidade é um caminho interessante na construção do conhecimento
contextualizado, funcionando como incremento necessário para mover, por
exemplo, o ensino de Química do lado abstrato para uma realidade mais
tangível ao aluno. A prática educativa com a inserção da Sustentabilidade “[...]
deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, como por
exemplo, diante de uma agressão ambiental ou conservação ambiental,
apresentando os meios de compreensão do meio ambiente” (BERNA, 2004,
p.30).
O processo educativo quando articulado e comprometido com a
Sustentabilidade e a participação, propiciará o surgimento de novos atores
sociais tendo a complexidade ambiental como um espaço de apropriação da
natureza (JACOBI, 2005).
Mas qual deve ser o foco de uma prática educativa ambientalmente
sustentável? O centro das práticas pedagógicas deve ser a emancipação do
sujeito e a criticidade, para gerar transformações sociais obtidas a partir de
mudanças comportamentais e de atitudes, com o aprimoramento da
participação coletiva (JACOBI, 2005).
A prática educativa com a inserção da temática da Sustentabilidade propicia a
aplicação de um enfoque interdisciplinar, pois antes de forma errônea, a
educação ambiental era vista somente como um conteúdo específico de
Ciências ou Biologia (DIAS, 2010).
É importante relatar que, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a
solução dos problemas ambientais é qualificada como urgente, devendo estar
presente nos currículos escolares via transversalidade, presente desde as
séries inicias em toda a prática educacional (PCN, 2000).
41
4. O Desenvolvimento Local e a Sustentabilidade
O Desenvolvimento Local pode ser descrito como um processo de construção
do desenvolvimento de determinado território, sem a obrigatoriedade da
limitação das fronteiras geográficas, tendo como um dos seus objetivos o
constante desenvolvimento das habilidades e competências dos seus agentes
humanos visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade, que passa
certamente a adotar uma identidade territorial (ÁVILA, 2001).
Nesse contexto a cidadania, tem um papel primordial:
O Desenvolvimento Local deve se dar por dentro de processos
participativos nos quais a cidadania, de forma individual ou por meio
de seus diferentes agentes da sociedade civil, em diálogo com o
poder público e o mercado, propõe soluções planejadas em prol do
local/regional (TENÓRIO, 2007, p. 101).
Diante disso, a educação exerce um papel fundamental, pois se espera que, a
partir do conhecimento adquirido durante o percurso escolar, o cidadão seja
capaz de tomar decisões que gerem transformações na sua comunidade, com
o consequente Desenvolvimento Local, enfatizando-se que a formação é de
suma importância para o exercício pleno da cidadania. A prática educativa
pode possibilitar uma profunda revolução numa comunidade, pois a “educação
não deve servir apenas como trampolim para uma pessoa escapar da sua
região: deve dar-lhe os conhecimentos necessários para ajudar a transformá-
la” (DOWBOR, 2007, p.76).
Diante das dificuldades impetradas pela globalização, esses territórios
precisam buscar a Sustentabilidade continuamente, e nesse aspecto, a
educação contextualizada permite o estabelecimento de avanços nessa
direção, pois atua sistematicamente na aquisição de novos conhecimentos que
servirão como ferramental apropriado no enfrentamento dos rearranjos
socioeconômicos tão rotineiros nos dias atuais, numa velocidade cada vez
maior num mundo globalizado.
A inserção da Sustentabilidade no ensino traz pressupostos críticos, pois busca
estabelecer espaços de convivência, onde se destaca o estudo das práticas
42
cotidianas e de contextos reais da vida do discente, visando a compreensão e
transformação da realidade (JACOBI, 2009).
O ensino sobre a Sustentabilidade deve contribuir principalmente para o
exercício da cidadania “ao buscar aprofundar os conhecimentos sobre as
questões ambientais de melhores tecnologias, estimular a mudança de
comportamento e a construção de novos valores éticos menos
antropocêntricos” (BERNA, 2004 p.18).
É imprescindível a aquisição do conhecimento da temática da Sustentabilidade
por parte dos agentes de um território, por exemplo, em relação aos recursos
hídricos, a gestão de resíduos sólidos, como também na melhoria da
percepção, prevenção e minimização de agentes poluidores, pois traz
autonomia que alavanca a melhoria das condições socioambientais da
comunidade.
O estudo da Sustentabilidade permite a quebra da fronteira entre a escola e a
comunidade, pois traz as discussões sobre aspectos socioambientais para
dentro do eixo pedagógico, visando solucionar problemas locais e desenvolver
melhorias na comunidade a partir das análises, debates e estudos realizados
(JACOBI, 2009).
Mas qual seria então a maior dificuldade do educador na contextualização do
ensino de Química a partir da Sustentabilidade visando o Desenvolvimento
Local? Ladislau Dowbor sugere que:
A dificuldade central, é de se inserir na escola um conhecimento local
que os professores ainda não têm. Neste sentido, parece razoável,
enquanto se organiza a produção de material de apoio para os
professores e alunos – as diversas informações e estudos sobre a
realidade local e regional – ir gradualmente inserindo o estudo da
realidade local através de um contato maior com a comunidade
profissional local (DOWBOR, 2007, p.16).
Aliar a educação e a Sustentabilidade à busca do Desenvolvimento Local
possibilita a redescoberta da riqueza de conhecimentos de uma comunidade,
do seu território; trazendo sentido ainda maior para a sua valorização e
43
transmissão para as próximas gerações. “Conhecimentos técnicos são
importantes, mas têm de ser ancorados na realidade que as pessoas vivem, de
maneira a serem apreendidos na sua dimensão mais ampla” (DOWBOR, 2007,
p.90).
O laboratório de Sustentabilidade da USP apresenta uma analogia deveras
interessante na relação entre a Sustentabilidade Econômica, Social e
Ambiental.
A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No
tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais,
que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito.
Sem estes três pilares a sustentabilidade não se sustenta. É
importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto
de maneira macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua
casa ou uma pequena vila agrária (LASSU, 2015).
5. Considerações Finais
Conforme as observações feitas neste trabalho, a Sustentabilidade junto ao
ensino de Química constitui-se como importante instrumento para a construção
de uma proposta de inovação educacional para o Ensino Médio.
A literatura estudada mostrou a importância histórica dada a discussão
ambiental e sobre os passos futuros na busca de uma Sustentabilidade capaz
de prover condições favoráveis de existência e melhor qualidade de vida para
todos, inclusive no que tange ao ODS.
Apontou-se também que, o Ensino de Química tem sido repensado por
inúmeros pesquisadores, mas que ainda há um vácuo entre a informação e o
professor da rede pública, sendo necessário estabelecer formas de ampliar as
possibilidades de acesso aos conhecimentos inovadores.
Efetivamente, demonstrou-se que para inovar o ensino de Química, a partir da
inserção da temática da Sustentabilidade, também é necessária a reformulação
das práticas educativas. Nesse sentido, a literatura analisada indica que a
prática educativa deve compreender conteúdos que propiciem conhecimentos
44
significativos ao aluno para possibilitar a sua atuação como agente de
transformação de sua comunidade.
No que tange ao Desenvolvimento Local, ficou evidenciado que ao aliar o
ensino de Química à Sustentabilidade cria-se um ambiente favorável a
inovações nas próprias comunidades onde a escola está inserida.
Por fim, os principais resultados apontam na viabilidade da construção de uma
proposta de inovação no Ensino de Química a partir da Sustentabilidade como
seu eixo norteador, neste intuito o próximo capítulo fará a análise de entrevistas
com docentes de Química da rede pública estadual de Minas Gerais, visando
avaliar a percepção da temática da Sustentabilidade, inclusive nas suas
práticas educacionais e como poderia ser facilitado o acesso destes
profissionais a recursos didáticos com esta abordagem.
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3. CAPÍTULO 2: INVESTIGAÇÃO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA A
INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA SUSTENTABILIDADE EM ESCOLAS
PÚBLICAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE.
INVESTIGATION OF EDUCATION FOR PRACTICES SUSTAINABILITY
THEME INCLUSION OF PUBLIC SCHOOLS IN THE METROPOLITAN
REGION OF BELO HORIZONTE
SILVA JUNIOR, Edward Aredes da 1
QUARESMA, Adilene Gonçalves 2
RESUMO
Este artigo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-
graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, na investigação das
práticas educativas para a inclusão da temática da Sustentabilidade no Ensino Médio
desenvolvidas em escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, sob as
perspectivas dos docentes destas unidades escolares. Constituiu-se em uma pesquisa
qualitativa descritiva, utilizando-se como instrumento de coleta de dados entrevistas
semiestruturadas com 10 professores de química da rede estadual de ensino. Os
resultados da pesquisa empírica estabelecem um perfil dos professores de química da
rede estadual de Minas Gerais no que se refere à inserção da temática da
sustentabilidade durante a prática docente, a partir da análise dos seguintes fatores: o
conhecimento sobre a sustentabilidade, os entraves estruturais e pedagógicos das
escolas, o material didático utilizado, a aplicação de práticas sustentáveis no dia-a-dia,
o ensino deste conteúdo em sala de aula e o conceito de Química Verde. Confirmou-se
através desta pesquisa a necessidade da construção de uma proposta de inovação
educacional para o Ensino Médio agregando a sustentabilidade ao ensino de química,
com foco na capacitação, a partir da disponibilização de material didático de apoio aos
professores, visando uma melhoria da qualidade educacional, por conseguinte, gerando
Desenvolvimento Local.
Palavras Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade. Desenvolvimento
Local.
___________________
1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]
2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]
50
ABSTRACT
This article presents the results of research developed at the Post Graduate Studies
Program in Social Management, Education and Local Development of Center
University Una, research of practices educational for the inclusion of the theme of
sustainability in high school developed in schools in the metropolitan region of Belo
Horizonte, under the perspectives of teachers of these school units. It consisted in a
descriptive qualitative research, using as a data collection instrument Semi-structured
interviews with ten teachers of chemistry at state schools. The results of empirical
research established a chemistry teachers' profile in relation to the insertion of the issue
of sustainability during the teaching practice, based on the analysis of the following
factors: knowledge about sustainability, structural barriers and pedagogical, the
teaching materials used, the application of sustainable practices in day-to-day, teaching
this content in the classroom and the concept of Green Chemistry. It is confirmed
through this research an opportunity to build a proposal for educational innovation for
High School adding sustainability in the chemistry teaching, focusing on training, from
the provision of educational materials to support teachers, aimed at improving
educational quality, thus generating local development.
Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.
51
INTRODUÇÃO
Vivemos um momento de muita discussão sobre o papel do Ensino Médio no
Brasil, tais debates são aflorados por vários motivos, busca-se, sobretudo, a
construção de uma proposta capaz de torná-lo eficaz e útil para o futuro de
quem o cursa durante o percurso tradicional de três anos.
Um dos pontos discutidos é a necessidade de universalização do Ensino Médio,
que inclusive faz parte da meta de número 3 do Plano Decenal de Educação
2014-2024 (PNE):
[...] universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população
de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de
vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no EM para 85%
(oitenta e cinco por cento) (PNE, 2014).
Esta meta visa mudar o cenário atual, no qual um pouco mais de 80% dos
alunos entre 15 e 17 anos estão na escola e apenas 60% estão matriculados
no Ensino Médio:
Figura 1 – Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos na escola e no EM
FONTE: IBGE/PNAD – Organização: Todos pela Educação
Mas por que tantos jovens não frequentam a escola e/ou ainda não estão no
Ensino Médio regular? Esta é uma pergunta com uma resposta complexa, pois
temos muitas variáveis a analisar, destacando-se dentre elas, o fato de termos
um currículo extremamente fragmentado, a maior parte das escolas com
52
estruturas físicas de baixíssima qualidade, materiais didáticos com conteúdos
distantes da realidade dos alunos, professores não preparados para as ditas
inovações educacionais e a ausência de interação produtiva entre a
comunidade e a escola.
A estratégia 3.1 do PNE evidencia boa parte das medidas necessárias para que
o Ensino Médio seja capaz de atrair e manter nossos jovens no ambiente
escolar, segundo o olhar dos pesquisadores desta temática:
Institucionalizar programa nacional de renovação do Ensino Médio, a
fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens
interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por
meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e
diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em
dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e
esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a
produção de material didático específico, a formação continuada de
professores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas
e culturais (PNE, 2014).
Neste contexto, o ensino de química não pode ser excluído destes debates,
pois é parte integrante desta engrenagem ineficiente do Ensino Médio, portanto
é necessária a busca de práticas que propiciem torná-lo uma ferramenta capaz
de contribuir ativamente na melhoria da qualidade do ensino neste ciclo da
educação básica.
Diante disto, o objetivo do artigo é apresentar o resultado da pesquisa de campo
sobre Práticas Educativas de Inclusão da temática da Sustentabilidade
Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da rede pública estadual de
Minas Gerais.
O texto estrutura-se na apresentação dos sujeitos da pesquisa, na
caracterização dos entrevistados, numa breve discussão teórica sobre o Ensino
de Química, a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local, procedimentos
metodológicos, apresentação dos dados coletados com a respectiva discussão
dos mesmos e as considerações finais.
1. DISCUSSÃO TEÓRICA
53
As pesquisas no Ensino de Química têm se multiplicado, dentre vários temas
analisados, observa-se o estudo da prática docente, a busca da evolução do
currículo, o foco na maior interdisciplinaridade, a avaliação e a proposta de
novos materiais didáticos, o perfil de formação vivenciado pelo professor na
graduação, a inserção de situações problemas na busca de quebrar o aspecto
abstrato de temas específicos e a abordagem da Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS) no Ensino de Química.
No que tange ao estudo da prática docente, o trabalho é focado no dia-a-dia do
professor, com o acompanhamento de suas aulas, entrevistas e discussão
sobre as suas percepções sobre a construção do conhecimento.
[...] faz parte do universo de pesquisas em educação estudos sobre
os saberes que os professores utilizam em seu trabalho diário, para
desempenhar tarefas e alcançar seus objetivos e a origem desses
saberes (QUADROS et al., 2011, p.161).
Quanto ao currículo, ele tem sido protagonista em muitas discussões sobre o
ensino de química, sobretudo na necessidade em aproximá-lo da realidade do
aluno:
A história dos atores educativos bem como as suas práticas
raramente perpassam o currículo das escolas, predominantemente
monocultural e centrado no planejamento individualizado,
fragmentado e descontextualizado da realidade (COSTA-BEBER;
MALDANER e RITTER, 2014, p.15).
A própria formação do licenciado em química, ainda carece de muitas
reformulações curriculares, na maior parte das graduações persiste o caráter
rígido e engessado de um curso composto de disciplinas e temáticas
relacionadas exclusivamente a ciências exatas, sem a possibilidade de
interdisciplinaridade com outras áreas de estudo, pois este tipo de diálogo
fugiria da dita tradição acadêmica:
A crise de estruturação dos currículos disciplinares existe e persiste
também nos espaços formativos de professores, o que contribui para
manter a tradição cultural que impera nas escolas e dificultam novas
iniciativa de transversalidade curricular (COSTA-BEBER;
MALDANER e RITTER, 2014, p.16)
54
O currículo deve motivar inclusive o professor, para que a sua prática tenha
um papel ativo na geração de agentes de transformações sociais na
comunidade que atua, inclusive na efetivação de Desenvolvimento Local.
Neste contexto, a abordagem CTS tem um papel importante ao enumerar
possibilidades efetivas de aproximação e propiciadoras de maior interesse do
aluno a um determinado conteúdo de química:
[...] entendemos que questões ambientais, políticas, econômicas,
éticas, sociais e culturais relativas à ciência e à tecnologia são
inerentes à atividade científica e que a sua abordagem no currículo
pode ser feita: de forma temática, no sentido de tópico ou assunto
amplo em que essas questões estão imbricadas (e.g. poluição
ambiental, transgênicos, recursos energéticos etc.); ou de forma
pontual, com exemplos de fatos e fenômenos do cotidiano relativos a
conteúdos científicos que ilustram aplicações tecnológicas
envolvendo esses aspectos; ou ainda por meio de questões dirigidas
aos estudantes sobre esses aspectos (MORTIMER, SANTOS; 2009,
p.192).
Quanto ao material didático, uma das áreas que tem atraído mais estudos é a
que trata da inserção das novas tecnologias no ensino de química, sobretudo
em relação a construção e a disponibilização de materiais mais atraentes aos
alunos, além da requalificação de professores em temas não abordados ou
estudados de uma forma esporádica/superficial durante a graduação.
As novas tecnologias da informação e comunicação transformaram
as maneiras de comunicar, de pensar, de decidir e de agir e, diante
deste cenário, compete a escola não se furtar desta realidade. Os benefícios das novas tecnologias requerem extensivo
treinamento dos professores, novos materiais curriculares e, acima
de tudo, mudanças nos modelos educativos (SERRA, 2009, p.28).
Diante do exposto, observou-se na temática da Sustentabilidade uma
potencialidade para torná-la um eixo norteador para o Ensino de Química no
Ensino Médio, tendo como foco neste trabalho a análise de como o professor
de Química interage com esta área na sua prática educacional na rede pública
do Estado de MG, aproveitando o fato de termos em 2015 o lançamento do
documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”.
A Agenda consiste em uma Declaração, 17 ODS e as 169 metas,
uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, e
55
um arcabouço para acompanhamento e revisão. Estamos
determinados a proteger o planeta da degradação, incluindo por
meio do consumo e da produção sustentáveis, da gestão sustentável
dos seus recursos naturais e de medidas urgentes para combater a
mudança do clima, para que possa atender as necessidades das
gerações presentes e futuras (PNUD,2015).
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são:
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a
nutrição.
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos. Garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade.
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e
meninas.
Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água.
Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável.
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável.
Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização
inclusiva.
Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles.
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes.
Assegurar padrões de consumo e produção sustentável.
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima.
Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos.
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável as florestas.
Promover sociedade pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável.
Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria
global (ONU, 2015).
56
Os ODS dialogam com as políticas e ações nos âmbitos regional e local,
embora também sejam de natureza global e universalmente aplicáveis (PNUD,
2015).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A abordagem utilizada na pesquisa foi a qualitativa, escolha justificada pois ela
trabalha no:
[...] universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos a operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2003, p.21)
Quanto à finalidade da pesquisa, a classificação correta foi de
analítica/explicativa, pois busca a identificação dos fatores essenciais ou que
contribuem num determinado fenômeno, sendo mais complexa e delicada, pois
imerge na realidade para estudar razões e motivos das coisas (GIL, 2008).
Em relação a área do conhecimento, a pesquisa foi do tipo aplicada pois
fornecerá dados que propiciarão a construção de uma solução para o problema
a partir da elaboração de um produto técnico.
A pesquisa foi dividida em três partes, a bibliográfica, a documental e a de
campo.
A pesquisa bibliográfica percorreu a literatura científica na busca de autores
que trouxeram abordagens relativas aos objetivos desta pesquisa.
Na pesquisa documental foram analisadas a legislação educacional (brasileira
e estadual) que trata do Ensino Médio e diretamente do ensino de Química.
3. O CENÁRIO E OS SUJEITOS DA PESQUISA
A pesquisa teve como sujeitos 10 professores da rede estadual de Minas
Gerais, que atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Este
recorte amostral foi escolhido por termos na região metropolitana a presença
de municípios com diferentes índices de desenvolvimento humano o que
57
proporcionou a desejada diversidade de ambientes escolares, ainda por ter um
índice percentual de alunos entre 18 e 20 anos com Ensino Médio completo
abaixo de 50%, como pode ser visto no gráfico a seguir, mostrando a urgente
necessidade de intervenção educacional na melhoria deste dado.
Os municípios que tiveram escolas incluídas nesta pesquisa foram: Belo
Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité e Sarzedo, cidades que pertencem a área
territorial de atuação docente do pesquisador desde o ano de 1998.
Gráfico 1 – Fluxo Escolar por Faixa Etária 2000/2010
FONTE: PNUD/IPEA/Fundação João Pinheiro
A RMBH foi criada em 1973 pela Lei Complementar Federal n.º 14/73, é
regulamentada por duas leis complementares do Estado de MG (LEC n.º88 e
89/2006). Com uma população de 4.883.970 habitantes, apresenta 34
municípios tendo a capital Belo Horizonte como o seu mais expoente município
participante (PNUD, 2015) (IBGE, 2014).
58
A partir daí, identificou-se docentes de química que atuam na região
metropolitana de Belo Horizonte, licenciados em Química, com graduação na
escolas superiores ou oriundos dos Programas Especiais de Formação
Pedagógica de Docentes em Química, com pelo menos dois anos de
experiência em sala de aula e que tivessem o interesse em participar da
pesquisa, houve uma certa dificuldade no fechamento do grupo a ser
pesquisado, pois a maioria dos professores contatados não mais pertenciam
ao quadro efetivo das escolas estaduais, sendo identificado aí um relevante
tema para uma futura pesquisa que aborde os motivos da saída destes
profissionais da rede pública estadual.
A entrevista objetivou investigar o entendimento de professores do Ensino
Médio da rede pública estadual sobre como inserir a temática da
Sustentabilidade na sua prática educativa.
Os professores foram entrevistados na própria escola, com a gravação do áudio
para análise mais detalhada dos dados coletados. Seguindo a orientação
presente no Apêndice A - PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES
DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL
Quanto ao instrumento de coleta de dados na pesquisa empírica optou-se pela
entrevista semiestruturada, onde o pesquisador segue um roteiro de questões
onde o entrevistado tem a opção de discorrer sobre o tema arguido, mantendo
um contexto muito semelhante a uma conversa informal (BONI; QUARESMA,
2005)
Os dados levantados na pesquisa bibliográfica, documental e empírica foram
organizados e analisados num primeiro momento de forma individual,
classificados em categorias e após esse momento interligados tendo como
meta o embasamento necessário para viabilizar a construção sólida de um
produto técnico capaz de responder ao problema da pesquisa.
A técnica de análise e interpretação de dados utilizada foi a análise de
conteúdo, descrita como:
59
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando
obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção e recepção dessas mensagens (BARDIN, 1995, p.14).
O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética do Centro Universitário Una sob o
parecer CAA: 44975015.5.0000.5098 (APÊNDICE B).
Os dados dessa pesquisa foram organizados pelo processo de categorização
por unidades de análise podendo ser descrito como:
[...] grandes enunciados que abarcam um número variável de temas,
segundo seu grau de intimidade ou proximidade, e que possam
através de sua análise, exprimirem significados e elaborações
importantes que atendam aos objetivos de estudo e criem novos
conhecimentos (CAMPOS, 2004, p. 614).
Com o intuito de garantir o caráter anônimo dos sujeitos da pesquisa, adotou-
se a codificação de P1 a P10 para referir-se aos professores participantes da
entrevista.
No Quadro 1 observa-se os dados de caracterização dos sujeitos da pesquisa
importantes para a análise.
Quadro 1 - Sujeitos da pesquisa - Dados obtidos a partir das entrevistas
realizadas e sistematizado pelo pesquisador.
Sujeito Formação Sexo Cidade Experiência
P1
P2
P3
P4
P5
UNIMES Feminino Ibirité 2 anos
UFMG Feminino Betim 17 anos
UNEC Feminino Belo Horizonte 4 anos
UNIMES Feminino Sarzedo 2 anos
UNIUBE Masculino Contagem 4 anos
60
P6
P7
P8
P9
P10
UFMG Masculino Belo Horizonte 8 anos
Universidade
de Itaúna
Masculino Betim 7 anos
UEMG Masculino Sarzedo 15 anos
UFMG Masculino Belo Horizonte 20 anos
UFMG Masculino Contagem 8 anos
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa
No tópico seguinte são apresentados e discutidos os dados obtidos na
pesquisa de campo.
4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
Os dados aqui apresentados foram coletados durante a pesquisa desenvolvida
no período de junho a agosto de 2015, com a respectiva categorização descrita
no quadro 2 a seguir:
Quadro 2 - Categorias de análise das entrevistas
Categorias de Análise
Unidade de análise
Questão
CATEGORIA 1: Conhecimento sobre
sustentabilidade
Sustentabilidade no Ensino Superior
Você estudou a temática da Sustentabilidade na
matriz curricular do ensino superior?
Conceito
Faça uma síntese do seu conceito de
Sustentabilidade.
Inserção nas aulas
Você insere diretamente a temática da
Sustentabilidade em suas aulas? Se sim, de que
forma?
61
CATEGORIA 2: Inserção da temática
da Sustentabilidade
nas aulas e no
cotidiano dos
entrevistados
Inserção no cotidiano extraclasse
Você aplica no seu cotidiano práticas sustentáveis
no âmbito ambiental
Exemplos de práticas
Cite exemplos de práticas que poderiam envolver
a Sustentabilidade e o ensino de Química?
CATEGORIA 3: Dificuldades pedagógicas e estruturais apontadas para a inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do EM
Dificuldades estruturais
Quais as dificuldades estruturais para a inserção
da temática da Sustentabilidade nas aulas de
Química do Ensino Médio?
Dificuldades pedagógicas
Existem dificuldades pedagógicas para a
inserção da temática da Sustentabilidade nas
aulas de Química do Ensino Médio?
CATEGORIA 4: Recursos didáticos utilizados pelos entrevistados e a Sustentabilidade
Avaliação do material didático atual
e a temática da sustentabilidade
Os materiais didáticos que você utiliza
apresentam um volume de conteúdos vinculado a
Sustentabilidade para o desenvolvimento
satisfatório dessa temática em sala de aula?
Mídia impressa ou digital
Que tipo de recurso didático em mídia impressa ou
digital, você acredita, te ajudaria a incluir a
temática da Sustentabilidade nas suas aulas de
Química?
CATEGORIA 5: Conhecimento dos entrevistados sobre a Química Verde
Conhecimento sobre a Química Verde
O que você sabe sobre a chamada Química
Verde?
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa
4.1 Categoria 1 – Conhecimento sobre sustentabilidade
Nessa categoria foram reunidas as questões relativas ao conhecimento dos
professores sobre a temática da Sustentabilidade, abordando os conhecimentos
assimilados durante a vida acadêmica, no decorrer da sua vida profissional e como
cidadão.
62
No primeiro momento arguiu-se sobre a presença da temática da
Sustentabilidade durante a graduação em Química ou durante o Programa
Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Química.
Com exceção dos entrevistados P4 e P7, que afirmaram ter estudado tópicos
específico sobre a Sustentabilidade durante a sua formação acadêmica, os
demais entrevistados responderam que não tiveram a presença direta da
temática no seu percurso formativo escolar, houveram sim poucas aulas em
que foi abordada a questão ambiental, mas sempre de uma forma bem
superficial e com o caráter meramente de ações corretivas a serem tomadas a
partir de danos ambientais.
Tal deficiência na construção do conhecimento vinculado a Sustentabilidade na
formação do professor de química, outrora, já tinha sido percebida numa
pesquisa desenvolvida pelos pesquisadores Adriana Lopes Leal e Carlos
Alberto Marques em estudo feito junto ao programa do curso de graduação em
Química de cinco universidades do sul do Brasil (UFSM, UFRGS, UFSC, UFPR
e UNIJUÍ).
Os programas analisados indicaram uma formação assentada sobre
uma base conceitual sólida, de importantes conhecimentos
instrumentais e técnicos, mas com pouquíssima articulação entre a
Química e a problemática ambiental (LEAL, MARQUES, 2008, p. 32).
Para cumprir o ato de habilitar um professor a lecionar o conteúdo de química
para o Ensino Médio, os cursos de graduação necessitam repensar os seus
currículos de forma a atenderem o objetivo básico do ensino de química que
é:
[...] a formação da cidadania, o que implica na necessidade de
desenvolver no aluno conhecimentos básicos de ciência e tecnologia
para que ele possa participar da sociedade tecnológica atual, bem
como atitudes e valores sobre as questões ambientais, políticas e
éticas relacionadas à ciência e tecnologia (MORTIMER; SANTOS,
1999, p.1).
63
Os Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) dizem
que o professor de química precisa, deixar de ser um mero transmissor de
conceitos, para atuar de forma a:
[...] possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos
químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico
em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas
implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (PCNEM,
2002, p.31).
O caderno Educação Ambiental: aprendizes de Sustentabilidade da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) também
aponta a importância da inserção da Sustentabilidade na formação dos
docentes de química:
A abertura dos campos disciplinares a uma perspectiva ambiental e
a sistematização de um saber ambiental que possa ser incorporado
às práticas acadêmicas requerem, em última análise, a reformulação
dos conhecimentos dos docentes e o espraiamento de uma nova
cultura (SECAD, 2007, p.26)
Diante deste contexto, quanto a formação acadêmica dos docentes
entrevistados, a segunda pergunta desta categoria visou identificar o conceito
que o professor tinha do termo Sustentabilidade, as respostas apontaram para
o uso consciente dos recursos naturais, com o intuito de atender também as
gerações futuras, passando pela questão do consumismo, do tratamento ou
minimização da geração de lixo, da crise hídrica, dentre outras com variação
no grau de abordagem, destaca-se nesta unidade de análise a seguinte
conceituação:
Utilização de recursos (naturais) de forma consciente, apoiada na
reutilização como instrumento para eliminar ou minimizar a
degradação ambiental (P6).
4.2 CATEGORIA 2 - Inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas e
no cotidiano dos entrevistados
Nesta categoria, a abordagem teve o intuito de perceber a presença de práticas
sustentáveis no cotidiano escolar, no extraclasse do professor e no
64
apontamento de temáticas que na opinião dele podem integrar o Ensino de
Química e a Sustentabilidade.
Quanto a rotina fora da sala de aula, dos 10 entrevistados 7 deles tiveram
grande dificuldade em apresentar uma única prática ambientalmente correta,
os demais citaram com naturalidade e com um caráter bem afirmativo as
práticas sustentáveis que são frequentes no seu dia-a-dia, como o uso de
materiais recicláveis, a reutilização do óleo de cozinha na fabricação de sabão
em barra, o descarte sustentável de pilhas e baterias, a separação de materiais
para a coleta seletiva, o uso de impressões anteriores como rascunho e a
preocupação com o consumo adequado da água, dentre outras.
Destaque ao entrevistado P8 que responde também por atividades de
educação ambiental na sua cidade, atuando sobretudo com crianças e jovens
no âmbito da maior conscientização sobre a Sustentabilidade.
No que diz respeito a prática de ensino, apenas um dos entrevistados afirmou
que não ensina conteúdos vinculados a Sustentabilidade em suas aulas, com
a seguinte justificativa:
São só duas aulas por semana. Temos uma carga horária muito
pequena, isto não permite que façamos a inserção de outros temas
as aulas de química pois o conteúdo a lecionar é muito extenso (P5).
Os demais professores afirmaram que utilizam a temática da Sustentabilidade
no ensino de Química e observou-se que o maior número de citações foi
apresentado pelos entrevistados P6, P8 e P10.
O gráfico 2 a seguir apresenta o percentual de citações de temas trabalhados
em sala de aula pelos docentes durante a entrevista:
65
Gráfico 2 - Inserção de temas vinculados a Sustentabilidade nas aulas de
Química
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa
4.3 CATEGORIA 3 - Dificuldades pedagógicas e estruturais apontadas
para a inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do
Ensino Médio
A proposta desta categoria foi identificar as dificuldades pedagógicas e
estruturais apontadas pelos entrevistados para a inserção da temática da
Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino Médio.
A nível estrutural, a observação mais contundente foi a ausência ou as
péssimas condições dos laboratórios de química, poucos reagentes, faltam
vidrarias diversas, as condições de segurança laboratorial são precárias,
colocando em risco o professor e o aluno, assim a opção de quase a totalidade
é de se abster das aulas laboratoriais tradicionais.
66
Isto condiz com dados do INEP em pesquisa realizada em 2014, onde
constatou-se que das 188.673 escolas pelos país apenas 11 % delas
apresentavam laboratório para atividades científicas, em Minas Gerais a
realidade é muito próxima da média nacional com apenas 13% das escolas
contempladas (INEP, 2015).
Consolidando a análise destes dados, os professores apontaram que a
precariedade das condições para aulas laboratoriais é um dos grandes fatores
que reduzem a maior aplicação da temática da Sustentabilidade nas suas
práticas de ensino, sendo urgente o maior investimento do Estado na criação
destes espaços de construção do conhecimento científico dentro das escolas.
No enfrentamento destas dificuldades estruturais observou-se algumas
estratégias bem interessantes dos professores, por exemplo, um dos docentes
citou numa de suas respostas:
Procuro sempre que posso utilizar materiais alternativos em minhas
experiências durante as aulas, uma de minhas vidrarias é feita a
partir da reutilização de uma garrafa PET, já uso ela a mais de três
anos (P10).
Outra estratégia muito utilizada no enfrentamento das dificuldades estruturais
são os chamados projetos, que geralmente são feitos fora do ambiente
tradicional da sala de aula:
Trabalhei com eles a questão do lixo gerado na compra dos fármacos
e no preparo de alimentos, passando pelo desperdício, reutilização
e uso sustentável em projetos desenvolvidos fora da sala de aula
(P2).
Em relação ao uso de computadores e a presença de uma internet de
qualidade, os entrevistados afirmaram ter na escola a disponibilização de tais
recursos, o que propicia, quando necessário, a pesquisa de informações
relativas às temáticas de Sustentabilidade para serem utilizadas nas aulas de
química. Entretanto, tais conteúdos geralmente são encontrados em sites
distintos, o que acarreta um maior tempo dispensado na procura de tais
materiais para o uso didático.
67
A ausência de redes wi-fi também é uma deficiência apontada, o que inibe a
maior utilização de recursos na forma online em sala de aula. Para utilizar
conteúdos oriundos de tais fontes é preciso fazer o download dos arquivos a
priori, a impressão dos mesmos ou a utilização de modem em sala de aula.
Todos os entrevistados apontaram como maior dificuldade pedagógica para a
inserção da temática da sustentabilidade o tamanho e a composição do
currículo de química da rede estadual de Minas Gerais, inapropriado para a
carga horária. Entendem que é viável tal abordagem ambiental, mas haveria
aí uma necessidade de recursos didáticos que facilitassem esta
implementação, além de estudos de forma a tornar o currículo mais enxuto
sem perder os objetivos apregoados para a educação brasileira:
[...] superar a “superlotação” do currículo tradicional, demasiadamente
inchado de conteúdos muitas vezes inexpressivos do ponto de vista
da vida concreta dos educandos fora da escola. Daí a ênfase na
aquisição das competências e habilidades básicas para o cidadão
viver plenamente nas dimensões pessoal, civil e profissional
(PEREIRA, 2003, 2000, p.25).
No atual momento como houve uma mudança de governo em Minas Gerais, a
Secretaria de Educação deixou de seguir o modelo adotado durante o
Reinventando o Ensino Médio, já que o programa como um todo foi encerrado,
retornou-se ao conteúdo programático anterior, Proposta Curricular – CBC
Plano curricular do Ensino Médio - versão 2007, por isto, acredita-se que a
próxima matriz curricular apresentará mudanças significativas, inclusive no que
tange a inserção de forma mais incisiva da temática da Sustentabilidade.
Nesta direção, é importante relatar que também o Ministério da Educação
(MEC) lançou no segundo semestre de 2015 a Base Nacional Comum
Curricular (BNC) que visa estabelecer os conhecimentos essenciais para todos
os estudantes brasileiros, estabelecendo a forma de acesso e da apropriação
pelo discente durante a sua trajetória escolar na educação básica.
No caso da química, espera-se, por exemplo, que um aluno seja capaz de:
[...] investigar questões relacionadas, por exemplo, ao lixo, à poluição
dos rios e lagos urbanos, à qualidade do ar de sua cidade, os/as
estudantes terão oportunidade de elaborar seus conhecimentos,
68
formulando respostas que envolvem aspectos sociais, econômicos,
políticos, entre outros, exercendo, desse modo, sua cidadania (BNC,
2015).
Neste momento, vivenciamos o período de debate público da proposta
preliminar para o BNC, a partir do portal disponibilizado pelo MEC para esta
consulta junto a sociedade.
A construção de uma base comum curricular integra o PNE, sancionado em
2014 pela presidenta Dilma Rousseff.
Outro destaque em relação as dificuldades pedagógicas, foi citada pelos
professores P2, P6 e P10, trata da fragmentação dos projetos nas escolas
voltados para temáticas ambientais e a ausência de uma maior
interdisciplinaridade.
É tudo muito fragmentado, não há interdisciplinaridade efetiva, é
cada professor com a sua ideia e as suas práticas, não acredito no
sucesso na “mudança de cultura” quanto a sustentabilidade sem o
caráter da contextualização e multidisciplinar presente (P10).
4.4 CATEGORIA 4 - Recursos didáticos utilizados pelos entrevistados e a
Sustentabilidade
Em relação ao material didático, foi consensual entre os entrevistados que os
livros utilizados neste triênio apresentam conteúdos relativos a temática da
Sustentabilidade, mas na análise dos entrevistados o volume é muito aquém
do que poderia ser utilizado nas aulas de química, em muitos deles são breves
citações ou tentativas mui tênues de gerar aspectos interdisciplinares, sem um
aprofundamento dos temas propostos.
Quando se fala da abordagem da questão da Sustentabilidade nos livros
didáticos de Química, percebe-se uma maior eficiência na prática de ensino
quando o foco nas problemáticas ambientais locais é utilizado como um
importante instrumento capaz de potencializar o Desenvolvimento Local:
69
Para que seja possível diminuir os impactos provocados pelo próprio
ser humano, a apresentação de situações locais mostra-se como
outro meio importante na medida em que contribui para o
desenvolvimento da capacidade de avaliação dos indivíduos dentro
de seu próprio contexto, além de oferecer maior possibilidade de ação
(DIAS-CASSIANO; ECHEVERRÍA, 2012, p.228).
Quando os sujeitos da pesquisa querem fazer um aprofundamento em
determinado conteúdo vinculado a Sustentabilidade, afirmaram que usam
outros livros didáticos, que apresentam conteúdos com melhor qualidade, além
de vídeos, softwares, aplicativos, sites, artigos científicos, notícias extraídas de
fontes fidedignas ou até mesmo os chamados livros paradidáticos.
[...]passo vídeos do Youtube, acesso sites e imprimo aquilo que eu
possa trabalhar em sala de aula com os meus alunos dentro deste
tema (P6).
Quanto as sugestões do meio pelo qual os materiais de capacitação poderiam
ser disponibilizados para os professores, o gráfico 2 indica as opiniões
coletadas, tendo o site como a opção mais escolhida:
Gráfico 3 – Meio de Capacitação mais adequado para os entrevistados
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa
4.5 CATEGORIA 5 - Conhecimento dos entrevistados sobre a Química
Verde
70 %
20 %
5 % 5 %
Meio de Capacitação mais adequado
Site
Cartilha Eletrônica
Aplicativos
Cartilha impressa
70
Nenhum dos entrevistados apresentou conhecimento específico sobre a
Química Verde, expressaram opiniões diversas do que acreditavam ser,
sempre atrelando a Química a preservação ambiental.
Após a pergunta, foi apresentado a todos o conceito de Química Verde em
conformidade com o estabelecido pela IUPAC, traduzido como, "a invenção,
desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou
eliminar o uso e a geração de substâncias perigosas" (TUNDO et al., 2000,
p.1210).
Além dos 12 princípios que regem a Química Verde conforme Anastas e Warner
(1998, p.30 apud SILVA; LACERDA; JONES JUNIOR, 2005):
• é melhor prevenir que tratar ou limpar resíduos de processos
químicos depois de formados; • métodos sintéticos devem ser projetados para maximizar a
incorporação de toda a massa dos reagentes no produto. • sempre que forem viáveis, as metodologias sintéticas devem
usar e gerar substâncias o menos tóxicas possíveis à vida
humana e ao ambiente; os produtos químicos devem ser
projetados de forma a ter maior eficiência no cumprimento de
seus objetivos, com menor toxidez; • o uso de outras substâncias durante o processo (ex. solventes,
agentes de separação, etc) deve, sempre que possível, ser
desnecessário ou inofensivo quando usado; • as exigências energéticas devem ser reconhecidas por seus
impactos ambientais e econômicos e precisam ser
minimizadas. Métodos sintéticos devem, sempre que possível,
ser conduzidos em temperatura e pressão ambientes; • a matéria-prima deve ser proveniente de fontes inesgotáveis; • deve-se desenhar a metodologia de modo a não precisar de
derivatizações como grupos de proteção; • reagentes catalíticos são sempre superiores a
reagentes estequiométricos; • os produtos químicos devem ser desenhados de maneira tal
que, depois de terem sido usados, eles não persistam no
ambiente e que seus produtos de degradação sejam inócuos; • métodos analíticos devem ser desenvolvidos para monitorar o
processo em tempo real controlando, a priori, a formação de
substâncias perigosas e • as substâncias e a forma como são usadas no processo
químico devem minimizar o potencial de acidentes.
Todos os entrevistados demonstraram interesse em obter mais informações
sobre a chamada Química Verde, pois entenderam que a inserção desta
71
temática nas aulas de química poderá agregar atratividade aos conceitos
apresentados aos alunos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na análise dos dados, percebe-se que os professores entrevistados
não foram capacitados durante a graduação para a possibilidade da inserção
da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química. Na média, apresentam
razoável conhecimento sobre a importância do tema desta pesquisa, mas
focando sobretudo em exemplos de atitudes sustentáveis, com certa
dificuldade na elaboração de um conceito de Sustentabilidade, como retrato
disto, verificou-se que os sujeitos da pesquisa optam em ministrar de forma
esporádica tais questões em sala de aula.
A maior parte dos docentes entrevistados não apresentam práticas
sustentáveis no ambiente fora da sala de aula, acredita-se por serem frutos de
uma educação que quando trabalhou a questão ambiental sempre a fez de uma
maneira superficial, sem o devido interesse de propiciar uma mudança de
conceitos, não tendo como objetivo a maior conscientização do aluno a respeito
da Sustentabilidade.
Nas dificuldades relacionadas as questões estruturais, destaca-se a limitação
de atividades práticas em laboratórios científicos devido à ausência ou diante
da fragilidade destas dependências nas escolas em que atuam os docentes,
por outro lado, em relação aos recursos vinculados a informática, passando
pelo acesso à internet, detectou-se aí ambiente apto na busca do conhecimento
pelos professores, faltando apenas a presença de rede wi-fi para uma melhor
aplicação dos conteúdos vinculados a Sustentabilidade no ensino de Química
em sala de aula.
Em relação ao material didático, detectou-se a necessidade de melhorar o
acesso dos professores aos conteúdos que tratam da Sustentabilidade, o ato
de buscar tais materiais é muito dispendioso de tempo, pois geralmente são
72
usadas fontes de consulta distintas, tal recurso é adotado pelos docentes
devido à ausência de conteúdos satisfatórios que tratam da Sustentabilidade
nos livros didáticos adotados.
Quanto ao conhecimento sobre Química Verde, ficou evidenciado que eles
desconheciam o conceito, mas que apresentam interesse em conhecer melhor
os seus princípios e a viabilidade de aplicá-los no ensino de química no Ensino
Médio.
Pesquisou-se também junto aos docentes, qual deveria ser a forma de
disponibilização de um material de capacitação para a inserção da
sustentabilidade nas aulas de química, a opção escolhida por 70% dos
entrevistados foi a criação de um site que reunisse este conteúdo.
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73
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75
3. CAPÍTULO 3: QUÍMICA & SUSTENTABILIDADE – INOVAÇÃO NO
ENSINO DE QUÍMICA – PROPOSTA PARA A CONSTRUÇÃO DE UM
WEBSITE QUE FACILITE A INSERÇÃO DA TEMÁTICA DA
SUSTENTABILIDADE NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO
CHEMICAL & SUSTAINABILITY - INNOVATION IN CHEMICAL
TEACHING - PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION OF A WEBSITE THAT
FACILITATE THE INSERT THEME SUSTAINABILITY IN HIGH SCHOOL
CHEMISTRY LESSONS
SILVA JUNIOR, Edward Aredes1
QUARESMA, Adilene Gonçalves2
RESUMO
Este artigo apresenta uma descrição do produto técnico que é fruto da pesquisa realizada
no programa de Pós-graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
do Centro Universitário Una, que teve como cerne a investigação das Práticas
educativas para a inclusão da temática da sustentabilidade no Ensino Médio da rede
pública estadual na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Objetivou-se desenvolver
um material didático em mídia eletrônica, no formato de um website, que propicie
efetivamente a construção de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química. No
referencial teórico é tratada a relação do ensino de Química com a Sustentabilidade e
com o uso de Novas Tecnologias, pois entende-se que esta tríade apresenta potencial
para atuar como ferramenta educacional, com capacidade de dar sentido, promover o
interesse e a participação dos alunos nas aulas de Química e contribuir, também, para a
compreensão do potencial do Ensino de Química para o Desenvolvimento Local. O
artigo apresenta uma síntese do website, com a apresentação de sua estrutura e conteúdo
a ser trabalhado junto aos alunos do Ensino Médio.
Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade.
Desenvolvimento Local.
___________________
1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]
2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]
76
ABSTRACT
This article presents a description of the technical product that is the result of research
conducted at the Post Graduate Studies Program in Social Management, Education and
Local Development Center University Una, which had as its focus, research of
educational practices for the inclusion of the sustainability theme in public schools in
the metropolitan area of Belo Horizonte. The objective was to develop a teaching
material in electronic media, in the form of a website, effectively to building sustainable
practices in chemistry teaching. In theoretical referential is treated the teaching of
chemistry, sustainability, the use of new technologies, it is understood that this triad has
the potential to act as an educational tool, capable of making sense, promote interest
and participation of Students in chemistry class and contribute also to the understanding
of the potential the discipline Chemistry for Local Development. The article presents
an overview of the website with the presentation of its structure and content to be
worked with the students of high school.
Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.
77
INTRODUÇÃO
O Ensino Médio é atualmente a etapa da educação básica que apresenta os
piores resultados em relação a evasão escolar e o desempenho dos seus
estudantes no Brasil. Há um conjunto de fatores que contribuem para tal
situação, dentre eles destacam-se, o frequente distanciamento dos conteúdos
tratados da realidade vivida pelos alunos, a falta de capacitação dos
professores para inovar a práxis docente na busca de tornar as aulas mais
atrativas, a utilização de materiais didáticos embasados no modelo
extremamente conteudista e não interdisciplinar.
[...] quando analisamos a trajetória do ensino de química verificamos
que, ao longo dos tempos, muitos alunos vêm demonstrando
dificuldades em aprender. Na maioria das vezes, não percebem o
significado ou a validade do que estudam. Usualmente os conteúdos
parecem ser trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se
distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a
motivação dos alunos (NUNES e ADORNI, 2010, p.2).
Diante deste contexto, o ensino de química também tem sido tema de
pesquisas que analisam as variáveis que trazem dificuldades de aprendizagem
aos alunos e que visam a proposição de inovações que tornem as aulas mais
interessantes com foco na obtenção do desenvolvimento educacional
esperado nesta etapa da educação básica.
Tem sido frequente, nos últimos anos, a discussão das políticas
educacionais, das práticas docentes e dos problemas do baixo
rendimento escolar no Brasil e vários documentos têm sido
elaborados visando à melhoria do ensino como um todo, o que inclui
a Química. Em função, principalmente, da evolução no número de
matrículas no Ensino Médio e do desenvolvimento das tecnologias de
comunicação e de informação, considera-se que o papel do professor
e da escola é mais amplo do que era há algumas décadas
(QUADROS et al.,2011, p.162)
Atrelar o ensino de química à temática da Sustentabilidade, por exemplo, é
umas das formas de aproximar a realidade do discente do conhecimento
científico prático e teórico, aguçando a sua reflexão sobre o meio ambiente e a
percepção quanto a sua relação inclusive com o Desenvolvimento Local de sua
comunidade.
78
Este artigo apresenta uma proposta de um material didático, na forma de
website, elaborado para ser utilizado na capacitação de docentes e/ou servir de
subsídio para que os professores de química possam trabalhar a temática da
Sustentabilidade em suas aulas no Ensino Médio. O material didático proposto
é um produto técnico oriundo da pesquisa realizada no Programa de Mestrado
Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro
Universitário UNA, linha de pesquisa Educação e Desenvolvimento Local,
intitulada “Práticas Educativas de inclusão da temática da Sustentabilidade nas
aulas de Química do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de MG”. O
objetivo geral da pesquisa foi analisar as propostas que inserem a temática da
Sustentabilidade na prática dos docentes de Química tendo em vista o
desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação voltada ao
Desenvolvimento Local com características de inovação social.
Este artigo atende um dos objetivos específicos da pesquisa, que era
desenvolver um material didático em mídia eletrônica (cartilha, site e/ou
aplicativo) que propicie efetivamente a construção de práticas sustentáveis a
partir das aulas de Química.
1. DISCUSSÃO TEÓRICA
Ao propor a interseção entre o ensino de química e a temática da
Sustentabilidade permite-se a construção de uma prática educacional capaz de
oportunizar o Desenvolvimento Local.
Um dos principais obstáculos para levarmos o ensino de Química nesta direção
é a formação inicial do docente, a questão ambiental é abordada geralmente
de forma esporádica, sem uma preocupação efetiva em motivar o professor
para a utilização desta abordagem em suas aulas, além disto, quando citadas
limitam-se as questões meramente corretivas.
[...] argumentamos sobre a necessidade de maior preparação dos
professores para trabalharem as questões ambientais, seja na
formação inicial ou continuada, fornecendo subsídios para que
compreendam e reconheçam a importância dessa temática e sintam
a necessidade de desenvolvê-la em suas aulas (LEITE, 2011, p.4).
79
Diante deste quadro, uma das formas de atacar este problema passa pela
construção de um material didático capaz de auxiliar o professor na sua prática
educacional, que sugira estratégias que o motive a trabalhar a temática
ambiental no seu percurso como docente, ou seja, que propicie um espaço
adequado para uma inovação educacional.
Inovação é algo aberto, capaz de adotar múltiplas formas e
significados, associados com o contexto no qual se insere. Destaca-
se, igualmente, que a inovação não é um fim em si mesma, mas um
meio para transformar os sistemas educacionais (MESSINA, 2001,
p. 226).
A inclusão das novas tecnologias na educação básica é um dos caminhos
pesquisados para a chamada inovação educacional que o Ensino Médio tanto
necessita, entretanto, tal ação apresenta complexidade pois “condicionam a
reorganização dos currículos, dos modos de gestão e das metodologias
utilizadas na prática educacional” (KENSKI, 2004, p.92).
Portanto, temos que pensar num currículo inovador, que permita a inserção da
Sustentabilidade no ensino de Química, sem ocasionar a perda de parte do
conhecimento científico esperado do aluno, pelo contrário, com o interesse
intrínseco de aprimorá-lo com as demandas ambientais, inegavelmente
necessárias à sua formação, inclusive como cidadão ativo em sua
comunidade, tendo as novas tecnologias como ferramenta presente nesta
elaboração.
1.1 Novas tecnologias e o ensino de Química
Ao abordamos as tecnologias educacionais, é importante destacar que elas
existem desde a sistematização da educação e atualmente, ainda é utilizada a
tecnologia do giz, da lousa, dos livros didáticos, entretanto há inovações neste
contexto. Destaca-se que um dos maiores desafios atuais é utilizar as
tecnologias de informação e comunicação tais como a internet, a televisão, o
rádio, os softwares nos processos educativos (MÂCEDO, 2013).
80
Quando se fala em novas tecnologias na educação, o termo mais usual para
designar os avanços tecnológicos é Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs), tal conceito diz respeito:
[...] aos procedimentos, métodos e equipamentos usados para
processar a informação e comunicá-la aos interessados. As TICs
agilizaram o conteúdo da comunicação, através da digitalização e da
comunicação em redes (Internet) para a captação, transmissão e
distribuição das informações, que podem assumir a forma de texto,
imagem estática, vídeo ou som (CORREIA; SANTOS, 2013, p.5).
O uso de TICs no ensino de Química atrelado a temática social possibilita o
rompimento com um modelo ultrapassado onde os docentes “apropriam do
discurso científico e organizam a sua aula em torno de conceitos, fazendo
pouca relação entre os diferentes conceitos, destes com os outros campos do
saber [...]“ (QUADROS; MORTIMER, 2014, p.261).
Além disto, os alunos apresentam uma maior motivação e entusiasmo quando
o professor utiliza recursos digitais dentro do seu método de ensino, sendo
função do docente estabelecer estratégias que efetivem a aprendizagem,
tornando, por exemplo, a Internet como uma aliada na construção do
conhecimento pelo discente (PIRES, 2007).
A construção de um website ou site é uma das formas de atrelar o ensino de
química às TICs, pois possibilita a reunião de uma gama de conteúdos que
podem ser localizados com maior facilidade e agilidade por estarem reunidos
num determinado endereço eletrônico.
Quanto à navegação, os sites partem de uma homepage ou página principal,
que funciona como um ponto de partida para as demais páginas. A
comunicação com o autor da página é feita geralmente via e-mail ou
formulários. Há a possibilidade de disponibilizar vídeos, imagens, arquivos,
slides, dentre outras formas de mídias digitais (BOSSLER; CALDEIRA;
VENTURELLI, 2011)
81
1.2 Sustentabilidade e o ensino de Química
A inserção da temática da Sustentabilidade como um eixo norteador dentro do
ensino de química é dotada de inúmeros avanços, tal viés possibilita uma maior
conscientização do aluno sobre o seu papel em relação ao nosso meio
ambiente, na direção de uma formação cidadã, não somente analisando as
causas e efeitos, numa visão meramente reativa, mas sendo capaz de
propiciar uma maior reflexão sobre as suas práticas visando torná-las
sustentáveis, que trazem ganhos inclusive para o Desenvolvimento Local.
A abordagem da Sustentabilidade junto às práticas de ensino da Química
permite uma maior aproximação com a realidade, dentro de um novo conceito
de Química Ambiental, ativa, não estática e também socioeducacional,
analisando problemáticas, novas tecnologias, desafios, esgotamento de
recursos e inovações, ou seja, gerando um maior interesse, com a consequente
melhoria na aprendizagem.
Além disto, o ensino de química tem como meta otimizar a compreensão do
aluno/cidadão de qual é o tipo de relação que ele deve ter com o meio ambiente:
A expressão/conceito de Sustentabilidade Ambiental, que deve ser
compreendida também pelos químicos, guarda em seu significado
uma das facetas da relação intrínseca entre os seres humanos e o
meio ambiente: relação de dependência e de responsabilidade
(VIEIRA-SOUZA, 2013, p.23)
Destaca-se também que a Química Verde pode criar uma interseção
significativa entre o ensino de Química e a Sustentabilidade Ambiental. Seus
doze princípios quando aplicados tanto no ambiente escolar, industrial ou de
pesquisa, possibilitam a formação de um pensar mais próximo daquele que
necessitamos diante dos desafios ambientais que a humanidade enfrentará,
com ênfase em três pontos:
[...] o uso de fontes renováveis ou recicladas de matéria-prima;
aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia
para produzir a mesma ou maior quantidade de produto; evitar o uso
de substâncias persistentes, bioacumulativas e tóxicas (LENARDAO
et al, 2003, p.124).
82
Diante do exposto, a proposta desta pesquisa consiste na construção de um
material didático que propicie a interação do ensino de Química e da
Sustentabilidade Ambiental tendo o uso de novas tecnologias como catalisador
na construção de novos conhecimentos que propiciem o Desenvolvimento
Local.
2. APRESENTAÇÃO DO PRODUTO TÉCNICO
Este trabalho teve como objetivo desenvolver um material didático em mídia
eletrônica, no formato de um website, que propicie efetivamente a construção
de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química.
A pesquisa permitiu identificar que a disponibilização do material didático
através de um website atenderia três aspectos primordiais dentro da proposta
– acessibilidade ao conteúdo através da internet em computadores ou
celulares, permitir a utilização direta do próprio aluno tendo o professor como
mediador e reunir conteúdos múltiplos relacionados à Sustentabilidade
Ambiental tendo como partida um mesmo local, no caso denominado por um
endereço eletrônico.
O nome dado ao website foi Química & Sustentabilidade – Inovação no Ensino
de Química (QS), para isto foi adquirido o respectivo domínio com endereço
eletrônico http//:www.quimicaesustentabilidade.com.
O website QS apresenta uma página inicial (Figura 2) com direcionamento para
as subpáginas por barramento superior (Módulo 1, Módulo 2, Módulo 3,
Química Verde, Legislação Ambiental, Equipe & Contato). Além disto, os
módulos 1, 2, 3 e as informações da Equipe & Contato podem ser acessadas
clicando nos respectivos ícones no centro da página inicial.
Há também na página inicial a disponibilização de links para as redes sociais
dos autores e a possibilidade da assinatura do website QS, cadastrando o e-
mail em formulário disponibilizado no barramento inferior, o que possibilitará o
83
envio de informação ao assinante quando novos conteúdos forem incorporados
ou atualizados.
O cabeçalho da página inicial e o rodapé foram utilizados de forma padronizada
nas subpáginas visando trazer uma melhor estética ao website QS.
Figura 2 – Tela inicial do website Química & Sustentabilidade – Inovação
no Ensino de Química.
Em linhas gerais, os módulos 1, 2 e 3 abordam diferentes temáticas da
Sustentabilidade e as possibilidades de interação direta com o ensino de
Química, agregando as aulas um espectro mais amplo de conhecimentos a
serem adquiridos durante o processo de aprendizagem, o agrupamento foi
realizado seguindo os seguintes critérios:
84
MÓDULO 1: A proposta deste módulo é trabalhar as questões referentes ao
lixo, com as formas de tratamento, passando pelo descarte adequado,
reciclagem e compostagem, além de debater sobre o tempo de degradação dos
materiais em nosso meio-ambiente.
MÓDULO 2: A proposta deste módulo é trabalhar a questão da poluição e do
uso racional da água, além disto há uma discussão sobre fontes de energia
renováveis, uma abordagem sobre a energia nuclear e os riscos ambientais.
MÓDULO 3: A proposta deste módulo é relacionar as questões ambientais com
a mineração e o petróleo, além de outros temas bem atuais no contexto da
Sustentabilidade como: o eco design e a agricultura orgânica.
Na subpágina Legislação Ambiental são disponibilizadas as principais
legislações ambientais no âmbito nacional e internacional, inclusive os
Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável 2016-2030:
Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do
desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.
Os objetivos e metas estimularão a ação para os próximos 15 anos
em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta
(ONU,2015).
Em Referências e Dicas são citados os endereços eletrônicos de todas as
mídias que foram incorporadas em cada roteiro de aula, as demais referências
bibliográficas presentes na introdução dos módulos e os links de páginas ou
portais que disponibilizam mais conteúdos que possibilitam a inserção do tema
Sustentabilidade nas aulas de Química.
Já em Equipe & Contato são disponibilizados os dados dos autores da página,
do pesquisador e da orientadora, com informações sobre a formação e atual
atuação profissional, inclusive o Currículo Lattes, além de formulário para
contato para envios de críticas, sugestões ou elogios e demais dados de
contato (endereço, telefone, referência Google Mapas).
No que tange ao conteúdo de cada módulo, eles são divididos em subitens
conforme exposto na Figura 3, ao clicar em cada um dos links no barramento
85
superior é feito o direcionamento para a respectiva proposta de aula para
aquela temática ambiental.
Figura 3 – Subitens dos módulos do website Química & Sustentabilidade
A proposta de aula presente em cada subitem é composta por uma breve
introdução do tema e o roteiro de atividades sugerido, conforme figura 4, com
a utilização de diversos recursos de mídia, incluindo vídeos, games, artigos
científicos, legislação e notícias conforme.
As atividades propostas são diversas, com o intuito de quebrar o engessamento
tão comum em aulas do Ensino Médio, buscou-se a multiplicidade de práticas,
dentre elas destaca-se, a execução de trabalhos de campo, a construção de
tabelas a partir da coleta de dados, a presença de cálculos matemáticos, a
sugestão de consultas de informações junto à prefeitura, a classificação de
materiais, o uso pedagógico dos jogos eletrônicos com foco nas práticas
sustentáveis, o aprendizado sobre as práticas a partir de vídeo-aulas, a mostra
de trabalhos científicos, as pesquisas e entrevistas junto à comunidade sobre
temáticas ambientais, o projeto e a instalação de coletores de pilhas e baterias
comunitários, a análise e proposta de criação de legislações ambientais, a
86
leitura de artigos científicos e notícias, a discussão e a criação de uma Agenda
21 Local, a construção de objetos a partir de materiais alternativos (reciclagem),
a visita a associação de catadores, o dia de plantio de mudas, a elaboração de
palestras dos alunos do Ensino Médio para as turmas do ensino fundamental,
os experimentos químicos diversos, o uso de simuladores, a aplicação de
questionários, a simulação de seminário de mudanças climáticas, a análise de
preceitos ambientais na gestão da escola, a coleta de água para análise
química, debates sobre as fontes renováveis de energia, a elaboração de
pequenos textos e artigos científicos, visitas técnicas a empresas do segmento
da mineração e petróleo, dentre outros roteiros propostos.
A expectativa neste projeto é propiciar ao alunado de química a construção de
um conhecimento que possibilite a atuação significativa como agente de
transformação da comunidade onde vivem, contextualizando os debates,
discutindo, por exemplo, a questão do lixo, do seu manejo e descarte
adequados, da agricultura orgânica, da poluição das águas e o uso das fontes
renováveis, aquilo que é aprendido necessita ter um significado e quanto mais
próximo for da realidade do aluno mais interesse propiciará as aulas.
Muitos alunos demonstram dificuldades no aprendizado de química.
Na maioria das vezes, não conseguem perceber o significado ou a
importância do que estudam. Os conteúdos são trabalhados de forma
descontextualizada, tornando-se distantes da realidade e difíceis de
compreender, não despertando o interesse e a motivação dos alunos
(PONTES et al., 2008, p.1).
O conteúdo dos módulos na íntegra estão disponibilizados no APÊNDICE C –
CONTEÚDO DOS MÓDULOS DE AULA.
87
Figura 4 – Modelo de estrutura e disposição de conteúdo nos subitens dos
módulos.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química
mostrou-se como uma alternativa capaz de gerar avanços significativos na
construção do conhecimento, aproximando o aluno de uma ciência outrora
estigmatizada por um caráter abstrato e distante da realidade, inovando ao
88
tratar de assuntos ligados ao tempo, espaço, noticiários ou em discussões que
envolvem o próprio território do discente.
Destaca-se neste produto técnico o caráter facilitador do trabalho do docente,
principalmente em dois aspectos – tempo e multiplicidade - pois permite o
encontro de um conteúdo diversificado nas temáticas ambientais, com
módulos dotados de uma de uma sugestão de roteiro para a aula, aplicável em
atividades em classe, no laboratório, em casa, nas visitas técnicas ou em
atividades de campo.
Desta forma esta pesquisa permitiu a criação de uma ferramenta educacional
apta a subsidiar o Desenvolvimento Local a partir de inovações educacionais
nas aulas de química do Ensino Médio na rede pública estadual de Minas
Gerais.
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90
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se como fruto desta dissertação que a temática da Sustentabilidade
pode ser inserida efetivamente nas aulas de química, com o intuito de tornar as
aulas mais interativas, contextualizadas e motivadoras, apresentando conteúdo
capaz de capacitar o aluno de forma apropriada no aspecto ambiental/químico,
inclusive para atuar no desenvolvimento local.
Evidenciou-se pela pesquisa que os pesquisadores e a própria legislação
educacional brasileira defendem a aproximação do ensino de química da
questão ambiental, mas também ficou claro, que os cursos de licenciatura, nos
moldes atuais não apresentam uma maior preocupação neste sentido. Quando
são feitas as abordagens nesta temática se limitam às questões corretivas,
teóricas e distante de um debate socioambiental capaz de gerar transformação
real numa comunidade.
Observou-se que a formação acadêmica do licenciado em Química é muito
distante da temática da Sustentabilidade, por isto torna-se imprescindível criar
oportunidades de maior acesso de tais conteúdos aos professores.
Notou-se também que o currículo do ensino médio precisa ser repensado, uma
aproximação com a realidade do aluno é urgente, espera-se que a discussão
apresentada nesta pesquisa aponte caminhos nesta direção.
Quanto a estrutura das escolas, percebeu-se que o uso das TICs pode
contribuir no sentido de minimizar os prejuízos oriundos da baixa qualidade ou
ausência dos laboratórios científicos nas dependências escolares.
A partir da elaboração do produto técnico, no formato de um website, escolha
da maior parte dos professores entrevistados, atendeu-se uma demanda da
pesquisa que consistia num material didático para ser utilizado pelos
professores, no preparo das suas aulas, num local único, abordando a
Sustentabilidade e o ensino de Química, além de permitir a utilização direta
pelos alunos com a mediação dos docentes.
91
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97
APÊNDICE
Apêndice A - PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES DE QUÍMICA
DO EM DA REDE PÚBLICA ESTADUAL
PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES DE QUÍMICA DO ENSINO
MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento Local
PROJETO: PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA
SUSTENTABILIDADE NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO DA
REDE PÚBLICA ESTADUAL
Dados do professor participante desta pesquisa:
Nome: _________________________________________________________
Formação/Instituição: _____________________________________________
Escola atual: ____________________________________________________
Leciona a quanto tempo: __________________________________________
Apresentação oral do entrevistador, do seu projeto e do entrevistado:
Questões:
1. Você estudou a temática da Sustentabilidade na matriz curricular do
ensino superior?
2. Você insere diretamente a temática da Sustentabilidade em suas aulas?
Se sim, de que forma?
3. Você aplica no seu cotidiano práticas sustentáveis no âmbito ambiental?
98
4. Existem dificuldades pedagógicas para a inserção da temática da
Sustentabilidade nas aulas de Química do ensino médio?
5. Quais as dificuldades estruturais para a inserção da temática da
Sustentabilidade nas aulas de Química do ensino médio?
6. Os materiais didáticos que você utiliza apresentam um volume de
conteúdos vinculado a Sustentabilidade para o desenvolvimento
satisfatório dessa temática em sala de aula?
7. O que você sabe sobre a chamada Química Verde?
8. Que tipo de recurso didático em mídia impressa ou digital, você acredita,
te ajudaria a incluir a temática da Sustentabilidade nas suas aulas de
Química?
9. Cite exemplos de práticas que poderiam envolver a Sustentabilidade e o
ensino de Química?
10. Faça uma síntese do seu conceito de Sustentabilidade.
102
Apêndice C – CONTEÚDO DOS MÓDULOS DE AULA
1.Lixo Residencial
Temos uma crescente geração de lixo, sendo um dos principais problemas da nossa sociedade. Diante disto não faltam indagações, debates e estudos. Como devo manejá-lo? Como reduzir a produção de resíduos e descartes diante de tanto consumismo?
Em quase todo o Brasil, ainda temos enormes deficiências ou total ausência de procedimentos no que se refere à coleta seletiva e a reciclagem do nosso lixo, seja ele residencial ou industrial.
Observamos que a nossa população em geral não apresenta uma percepção correta sobre a quantidade de lixo que geramos e necessita em muito ser conscientizada sobre os efeitos sobre o meio-ambiente de um descarte inadequado.
Roteiro
IMPORTANTE: Obrigatório o uso de luvas.
1. Durante 48 horas deposite o lixo gerado em sua residência em sacos de lixo identificados como orgânico, metal, papel, plástico, vidro e diversos, em seguida através de um balança registre a massa (Kg) de cada tipo de material.
2. Após o termino deste período construa uma tabela contendo o material coletado e a massa (Kg) respectiva de cada um deles.
3. Qual foi a massa total de lixo gerada (Kg/dia) na sua residência? Calcule a quantidade média de lixo gerada por pessoa (Kg/pessoa).
4. Como os materiais classificados no item 1 podem ser reaproveitados? Há processos químicos envolvidos?
5. Qual o percentual de material que poderia ser reaproveitado?
6. Informe-se junto à prefeitura o total de lixo gerado em sua cidade por dia?
7. Estimel a quantidade diária de lixo gerada por pessoa na sua cidade?
8. Jogue agora o game da Sustentabilidade - Memória e Reciclagem e aprimore os seus conhecimentos.
103
2. Compostagem
A compostagem é a "reciclagem dos resíduos orgânicos": é uma técnica que permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem, etc.) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico.
A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem. Além disso, é uma maneira de reduzir o volume de lixo produzido pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás metano (gás de efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o gás carbônico) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas). Hoje, cerca de 55% do lixo produzido no país é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação.
Apenas 1,5% dos resíduos orgânicos era reciclado no Brasil em 1999 - na Inglaterra esse índice chega a 28%, 12% nos EUA, e 68% na Índia. Há várias experiências internacionais de recolhimento de resíduos orgânicos para compostagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população local. Dessa maneira, fica claro para a sociedade que aquele resíduo tem valor, pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que empregariam na compra de fertilizantes industrializados.
Referência Bibliográfica: Ministério do Meio Ambiente/Compostagem (Link)
104
Roteiro
1. Assista o vídeo abaixo e repita o mesmo procedimento de compostagem em sua casa.
Este vídeo é fruto do trabalho da Ecomarapendi, uma ONG (organização nãogovernamental) responsável pela Recicloteca (Link). Além do centro de informações de meio ambiente e reciclagem, oferece diagnóstico participativo, estudos de impacto ambiental e de vizinhança, treinamento e capacitação.
Este vídeo está protegido por uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.Link para atribuição de créditos: http://www.recicloteca.org.br/ ?p=5133
2. O composto obtido após 60 dias apresentou características similares ao apresentado no vídeo?
3. Descreva o tipo de fermentação que ocorre na compostagem?
4. Qual a aplicação do composto obtido após a compostagem?
5. De que forma pode-se aproveitar o chorume gerado durante a compostagem e qual a sua composição química?
3. Tempo de degradação de materiais
Ainda necessitamos avançar em muito na destinação e tratamento do nosso lixo, neste sentido, é necessário informar ao cidadão o tempo de degradação dos materiais no nosso meio ambiente, conscientizando quanto às práticas sustentáveis neste contexto.
É importante salientar que o tempo de degradação pode ser influenciado por n-fatores, dentre eles, o pH do ambiente, a temperatura, a umidade ou a presença concomitante com outros materiais, por isto, não se pode esquecer que tais dados são genéricos, podendo sofrer variações de uma tabela informativa para outra, mas isto não elimina a importância deste conhecimento como um instrumento capaz de potencializar o debate a respeito do lixo, pelo contrário,
105
dados como estes aguçam a reflexão do cidadão com o hoje e as futuras gerações.
A tabela acima foi elaborada a partir da análise das seguintes informações:
FEC UNICAMP (Link) PROJETO RECICLAR UFV (Link) LIXO.COM.BR (Link)
Roteiro
Construção de objetos a partir de materiais alternativos (reutilização ou
reciclagem):
106
1. A partir da leitura do texto deste tópico, elabore um projeto para a reutilização
de três materiais expostos na tabela acima. Os projetos serão apresentados
aos colegas numa pequena mostra de trabalhos.
2. Na comunidade que você pertence há coletas seletivas?
3. Na sua escola há lixeiras apropriadas para a coleta seletiva? O que
representam as cores nas lixeiras para coletas seletivas?
4.Quais as propriedades físico-químicas poderiam ser utilizadas para classificar
tais materiais?
4. Descarte de Pilhas e Baterias
Falando em tecnologia, é inegável perceber a paixão dos brasileiros pelos
celulares. Hoje, segundo dados da ANATEL, temos quase 300 milhões de
linhas de telefonia móvel no país, além disto, temos o aumento do uso dos
notebooks (também com as suas baterias) em detrimento dos antigos desktops,
por isto o manejo correto de baterias tem sido motivo de debates em nossa
sociedade, estendendo as pilhas usadas em outros recursos tecnológicos, com
a preocupação focada sobretudo no que tange a composição química.
Roteiro:
1. Implantação de posto para coleta de pilhas e baterias de celulares
Faça a leitura dos três textos a seguir:
Texto 1 - TELEFONIA MÓVEL ACESSOS ANATEL (Link)
Texto 2 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS CONSTITUÍDOS POR PILHAS E
BATERIAS USADAS (Link)
Texto 3 - LEGISLAÇÃO CONAMA 401/2008 (Link)
2. Implantação de posto para coleta de pilhas e baterias de celulares:
A partir das leituras realizadas elabore um projeto para a implantação de um posto para coleta de pilhas e baterias de celulares na sua comunidade (Justificativa, local, modelo do coletor, destinação final e divulgação).
3.Quais os principais riscos à saúde oriundos do descarte inadequado de pilhas e baterias de celulares?
5. Descarte de Lâmpadas Fluorescentes
As lâmpadas fluorescentes pela presença do mercúrio necessitam de um cuidado especial no seu descarte, pois o manejo inadequado pode trazer sérios prejuízos ao meio ambiente. Com a proibição da importação e produção de lâmpadas incandescentes, as lâmpadas fluorescentes ou eletrônicas serão ainda mais frequentes, tendo agora como concorrente as lâmpadas de LED, mas por um preço ainda não competitivo.
107
ROTEIRO
Descarte de Lâmpadas Fluorescentes
1.Assista o vídeo que trata da reciclagem industrial de lâmpadas fluorescentes:
2. Faça a leitura do texto Lâmpada fluorescente ou eletrônica da FIOCRUZ
(Link).
3. Explique o papel do Mercúrio e do Fósforo no funcionamento das lâmpadas fluorescentes:
4. Quais os riscos ao meio ambiente do descarte incorreto das lâmpadas fluorescentes?
5. Procure junto à direção da sua escola saber como é realizado o descarte de lâmpadas fluorescentes da instituição.
6. Reciclagem de Plásticos
Devido a nossa prática consumista, o descarte dos plásticos tornou-se um dos principais gargalos ambientais da nossa sociedade. A sua utilização em embalagens diversas, nos tubos, sacolas, sacos de lixo, baldes, peças automotivas e garrafas, dentre outras, gera volumes e mais volumes de lixo, com degradação média no meio ambiente por volta de 450 anos. Neste contexto, é essencial a conscientização sobre a sua destinação pós-uso, a redução de sua utilização no nosso dia-a-dia e como fazer a sua reciclagem.
Destacando que todos os plásticos são polímeros, mas nem todo polímero é
plástico.
Roteiro
Plástico e a sua reciclagem
108
1. Identifique na tabela abaixo os tipos de plásticos mais utilizados por você no seu dia-a-dia (Indique o código numérico, nome do polímero e o seu monômero).
Fonte: UFPR/Plásticos (Link)
2. Assista os dois vídeos a seguir e construa um texto que discuta a importância da reciclagem de plásticos para a nossa sociedade, uma cópia do texto deverá ser enviada aos vereadores e prefeito como forma de demonstrar a preocupação dos alunos com a questão ambiental.
Vídeo 1 - Sacolinhas Plásticas e os Polímeros
109
Vídeo do Programa criado em 2011 pela Rede Minas em parceria com a Secretaria de Educação de MG. Excelente ferramenta para quem quer se preparar para o ENEM, há importantes dicas de estudos sobre variados assuntos e disciplinas.
Vídeo 2 - Reciclagem de garrafas PET
Vídeo apresentado no Programa Good News RedeTV! O Good News (Link) oferece informação sobre projetos criativos que acontecem pelo país e mostra exemplos de comprometimento com a qualidade de vida e o meio ambiente.
7. Reciclagem do Alumínio
Falou em reciclagem de alumínio, falou em Brasil.
Somos o líder mundial na reciclagem do alumínio, é bem verdade, não por méritos de uma elevada educação ambiental, mas sim por termos na reciclagem do alumínio o sustento de muitas famílias de catadores e demais envolvidos na sua reciclagem, devido ao valor agregado e sua reciclabilidade,
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além de ser uma opção diante do alto custo energético da obtenção do alumínio primário.
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio - ABAL, "o alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo. Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos."
O alumínio obtido a partir da reciclagem é conhecido como alumínio secundário.
Roteiro
Visita a Associação de Catadores local - Entrevista com catadores/coletores de
materiais recicláveis:
1. A atividade realizada pelos coletores de materiais recicláveis é valorizada pela população?
2. Como você vê o papel do seu trabalho na questão ambiental junto a sua comunidade?
3. Qual a massa em Kg coletada de alumínio por semana?
2. Quais os objetos fabricados a partir do alumínio encontrados com maior frequência nas coletas?
3. Quais as características que facilitam a identificação do alumínio?
4. Qual a importância da coleta de materiais na sua vida como geração de
renda?
5. Diferencie o alumínio primário do tipo secundário:
A reciclagem do Alumínio
1.Assista o vídeo que mostra o ciclo de reciclagem de uma lata de alumínio, a partir daí pesquise e indique em quais destas etapas a química exerce papel primordial descrevendo a sua inserção no processo.
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Vídeo institucional da Latasa - maior recicladora de latas de alumínio do Brasil
2. Diferencie o alumínio primário do tipo secundário:
3. Compare as características físico-químicas do alumínio, cobre e aço. A partir destes dados justifique o uso do alumínio na fabricação de cabos.
Fonte: ABAL(Link)
8. Mais Reciclagem
O propósito deste tópico é apresentar mais informações que subsidiem a inserção da discussão da reciclagem de outros materiais - vidro, pneu, filmes de raio-x, isopor, eletrônicos em geral, óleo de cozinha e papel reciclado em casa. Clique na figura abaixo no item que deseja conhecer mais sobre a sua reciclagem. (Link)
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9. Carbono, Vida e Meio Ambiente
O Carbono é um elemento químico que tem papel-chave para os seres
humanos e sua relação com o meio-ambiente. O carbono apresenta 4 elétrons
na camada eletrônica externa, tal condição na sua estrutura atômica propicia a
formação de uma gama de substâncias maior do que os demais elementos. A
característica mais importante do átomo de carbono, que o diferencia de todos
os demais elementos (exceto o silício) e que explica a sua participação na
origem e evolução da vida, é sua capacidade de partilhar elétrons com outros
átomos de carbono para formar ligações carbono-carbono.
Referência: IQ-UFRGS (Link)
Roteiro
A importância do carbono para a nossa vida e o meio ambiente
Neste módulo a proposta é propiciar uma interação entre os alunos do Ensino Médio e do nono ano do ensino fundamental.
1. A turma do Ensino Médio será dividida em grupos que estarão incumbidos de apresentar o vídeo o "Carbono e a Vida" para os alunos do ensino fundamental.
Vídeo extraído do canal Rio+20 Brasil
2. Após a exibição do vídeo será feita uma discussão mediada pelos professores sobre o papel do carbono no nosso dia-a-dia.
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3. A partir de mudas obtidas junto à prefeitura municipal ou alguma ONG, será realizado um dia de plantio de mudas em espaço a ser definido pelas turmas do Ensino Médio e fundamental - as "futuras árvores" receberão como "batismo" uma placa com o nome do aluno que a plantou.
10. Chuva Ácida
Apesar da chuva em equilíbrio com o gás carbônico já ter um caráter ácido, só a chamamos de ácida quando apresenta o seu pH menor que 5,6. O aumento da acidez na chuva ocorre principalmente com o aumento na concentração de dois óxidos - de enxofre e nitrogênio - na atmosfera. Em contato com a água, estes dois óxidos, além do óxido de carbono, são chamados de óxidos ácidos.
Referência: Química Ambiental USP(Link)
Roteiro
Experimento efeitos da chuva ácida "artificial"
1. Assista a prática laboratorial abaixo que simula a chuva ácida:
Vídeo extraído do portal de ensino de química português WWW.qui (Link)
2. Responda as questões abaixo sobre a chuva ácida, use como referências:
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Reportagem da Revista Mundo Estranho - O que é chuva ácida?
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-chuva-acida (Link)
Portal Química Ambiental USP (Link)
a) De que forma a fotossíntese é prejudicada pela ação da chuva ácida?
b) Como explicar que o arquipélago das Bermudas, no Caribe, ou as montanhas amazônicas do sul da Venezuela, onde não há indústrias, sofrem tanto com a chuva ácida?
c) Quais as principais reações químicas envolvidas no fenômeno da chuva
ácida?
d) Explique os efeitos da chuva ácida sobre esculturas, monumentos ou edifícios em termos químicos?
3. Assista o vídeo abaixo do Portal Manual do Mundo e repita o experimento em sua casa ou em sala de aula seguindo orientação do professor, registre o que ocorreu:
11. Catalisador Veicular
Os veículos automotores são dotados de catalisadores ou conversores catalíticos que reduzem a emissão de gases tóxicos ao meio-ambiente através de reações químicas que ocorrem no seu interior a partir da presença dos metais preciosos, sendo eles a Platina, o Paládio ou Ródio.
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Roteiro
1. Por que os catalisadores apresentam valores elevados?
2. Quais as reações químicas ocorrem na passagem do monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio pelo catalisador?
3. No interior do catalisador ocorre uma catálise heterogênea, explique este fenômeno químico.
4. Por que os catalisadores apresentam formato de colmeia?
Referência para pesquisa:
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Conversor Catalítico"; Brasil Escola.
Disponível em<http://www.brasilescola.com/quimica/conversor-catalitico.htm>.
Acesso em 20 de outubro de 2015. (Link) Portal automotivos (Link)
12. Mudanças Climáticas
Nunca se falou tanto de mudanças climáticas, a forma como o nosso clima tem apresentado alterações bruscas, com a presença ou ausência de chuvas nos ditos períodos esperados, além da elevação da temperatura com ondas de calor outrora não percebidas, tem aflorado estas discussões nos debates governamentais, na mídia, nas escolas e até mesmo nas conversas informais do nosso dia-a-dia.
Roteiro:
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A proposta deste módulo é simular uma conferência sobre as mudanças climáticas. Neste contexto a turma deverá ser dividida em quatro grupos de alunos, cada um deles irá assistir um dos vídeos abaixo e fará durante a simulação a defesa das ideias do vídeo, obrigatoriamente com a inclusão de discussões que envolvam a química.
A seguir, sugere-se um debate em sala de aula, sendo a posição do grupo defendida ou contra argumentada pelos demais alunos, sobretudo porque os vídeos apresentam visões e abordagens distintas.
Como documento final do evento é sugerido a elaboração de uma proposta nos moldes da Agenda 21 dotada de objetivos sustentáveis vinculados à comunidade local.
"A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações."
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Link)
.
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13. Uso Racional e Poluição da água
Na segunda década do século XXI, o Brasil experimentou a sua primeira grande crise hídrica, fruto da má gestão dos recursos naturais, da poluição da água, do desmatamento de matas e florestas, do aumento do desperdício da água e da falta de políticas públicas de conscientização da população sobre o uso racional da água.
Roteiro
Uso Racional e Poluição da água
1. A primeira parte do nosso roteiro é um game que ensina formas de economizar a água, ou seja, de usá-la da maneira racional, sem desperdício.
Game do Portal Ludo Educativo (Link)
2. Responda as seguintes questões e realize os experimentos propostos a
seguir:
a) Segundo a Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005 (Link), defina águas doces, salobras e salinas, além de seus usos preponderantes.
b) Conceitue os seguintes parâmetros de análise da qualidade da água - oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, pH e turbidez.
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c) Os alunos irão coletar três amostras da água de um rio ou córrego da região onde se localiza a escola para a análise dos seguintes parâmetros:
- Oxigênio dissolvido (mg/L) - a metodologia para a determinação do oxigênio dissolvido pode ser vista no link da revista Química Nova na Escola
- http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a10.pdf.
- a temperatura (ºC)
-Condutividade (µS/cm)
- pH via papel Indicador de PH (0-14) ou através do extrato de repolho roxo com metodologia que pode ser vista no link da revista Química Nova na Escola
- http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc01/exper1.pdf
-Turbidez pelo método descrito no Projeto Água em Foco - FoCo-Cecimig-DMTE-FaEUFMG-PIBID- Química -UFMG, com procedimento a seguir:
Como construir o tubo turbidímetro
Materiais
3 garrafas de água mineral pequenas e vazias (aproximadamente 500 mL); 1
vidro de esmalte branco; 1 vidro de esmalte preto; estilete; régua.
Procedimento de Construção
O turbidímetro é feito utilizando-se as três garrafas de mesmo tamanho e forma.
A primeira garrafa deve ser cortada na segunda metade superior,
aproximadamente 11 cm da base. Descarte a parte de cima e reserve a de
baixo.
Da segunda garrafa você vai cortar o fundo. Em seguida, você vai retirar a parte
superior cortando-a, aproximadamente, a 12 cm da base. Repare que um lado
fica mais largo e o outro fica mais fino.
Encaixe a segunda garrafa na primeira utilizando o lado mais fino. Tome
cuidado para não amassar a garrafa.
Da terceira garrafa você também vai cortar o fundo. Em seguida, corte a parte
superior. O corte pode ser feito perto do gargalo da garrafa, aproximadamente,
a 15 cm da base.
Encaixe a terceira parte na segunda. Repare que o encaixe precisa ficar bem
feito. Teste o seu turbidímetro colocando água, para se certificar de que ele
não está vazando. Nesse modelo não é preciso passar cola ou fita adesiva.
Com os esmaltes você vai pintar o fundo do modelo conforme a figura 1
Gradue o tubo a partir de sua base, conforme mostra a Tabela 1
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Para essa marcação de escala, utilizou-se um modelo baseado em informações
do Environmental Resources Center, UW-Madison.
Referência: - PROJETO ÁGUA EM FOCO: QUALIDADE DE VIDA E
CIDADANIA 2012- FoCo-Cecimig-DMTE-FaE-UFMG- PIBID-Química-UFMG
Coordenadores: Prof. Eduardo Fleury Mortimer, Prof. Francisco Coutinho e
Profa. Penha Souza Silva (Link)
14. Fontes de Energia Renováveis
Diante dos problemas ambientais que enfrentamos, percebe-se cada vez mais pesquisa visando a implantação de fontes de energia renováveis, neste contexto a química tem um papel primordial em novos processos e novos materiais que permitam a coleta, transmissão e uso destas alternativas energéticas.
Roteiro
Neste módulo é proposto a realização de um seminário que apresente as fontes de energia expostas em cada hexágono abaixo, a turma será dividida em grupos para a apresentação do seminário, com a inserção do papel da química na utilização deste recurso natural.
Clique em cada hexágono e conheça um pouco mais de cada tipo de energia renovável.
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15.Energia Nuclear e Risco Ambiental
Energia nuclear é a energia liberada durante uma reação nuclear, ou seja, geradas a partir das transformações de núcleos de átomos. A energia é emitida a partir de alguns isótopos de certos elementos, que apresentam a possibilidade de transformação em outros isótopos ou elementos através de reações nucleares, com a respectiva liberação energética.
Os rejeitos oriundos das centrais nucleares, de atividades extrativistas: na própria indústria do petróleo; na mineração e metalurgia do estanho; na mineração e beneficiamento do zircônio e do titânio; e na extração de areias monazíticas, dentre outras que fazem parte do que se denomina NORMs ou TENORMs - materiais radioativos de origem natural e materiais radioativos de origem natural e concentrados tecnologicamente, além das fontes antigas utilizadas na medicina e na indústria não nuclear, exigem manejo adequado no armazenamento.
Nuclear (Link)
Roteiro
Procure reportagens sobre os acidentes radioativos de Chernobyl, Goiânia-Césio137 e Fukushima, a partir daí responda as perguntas a seguir: 1. Qual a causa de cada um destes acidentes nucleares?
2. O que é o chamado de Césio-137?
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3. Como funciona um reator nuclear?
4. Quais os maiores danos causados ao meio ambiente pelos três acidentes?
5. Como foi manejado o lixo radioativo gerado nos três acidentes?
6. Como ocorre uma reação de fissão e de fusão nuclear?
16. Mineração e Impactos Ambientais
Certamente a mineração é um dos segmentos produtivos que mais causam danos ao meio-ambiente, por isto é essencial a nossa preocupação no caminho de minimizar tais impactos a partir da busca de novas tecnologias. Em relatório do CPRM - Serviço Geológico do Brasil enumerou alguns destes problemas, como pode ser visto na tabela 1.
Roteiro:
Visita técnica a uma mineração:
A turma deverá visitar uma empresa de mineração e construir um relatório
técnico da visita focando nas questões ambientais, usando como subsídio os
dados da tabela 1 para arguir os técnicos da empresa que conduzirão a visita,
incluir na visita o laboratório de química para conhecer o papel da química na
produção mineral, no tratamento de rejeitos e na redução dos impactos
ambientais.
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17. Ecodesign
O ecodesign é todo o processo que incorpora aspectos ambientais durante as suas etapas com o objetivo principal de projetar ambientes, desenvolver
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produtos e executar serviços que de alguma maneira irão reduzir o uso dos recursos nãorenováveis ou ainda minimizar o impacto ambiental no decorrer do seu ciclo de vida. Com esta visão há uma redução da geração de resíduo, economia de custos relativos a manejo e de disposição final.
Ecodesign é uma ferramenta de competitividade que contribuí para o desenvolvimento sustentável através da inserção de novos produtos e processos menos nocivos ao meio ambiente. Alguns princípios de ecodesign já estão sedo incorporados pela indústria, como:
• Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: menos poluentes, não tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou ainda que requeiram menos energia na fabricação;
• Eficiência energética: minimização do consumo de energia para os processos de fabricação;
• Qualidade e durabilidade: produtos mais duráveis e que funcionem melhor, a fim de gerar menos lixo;
• Modularidade: objetos com peças intercambiáveis, que possam ser trocadas em caso de defeito, evitando a troca de todo o produto, o que também gera menos lixo;
• Reutilização/Reaproveitamento: projetar produtos para sobreviver ao seu ciclo de vida, podendo ser reutilizados ou reaproveitados para outras funções após seu primeiro uso.
Ecodesign (Link)
Roteiro
A partir da leitura dos textos abaixo, construa um artigo científico que aborde o papel da química nas discussões sobre o ecodesign:
Texto1: Guangzhou (Link)
Texto 2: Ecodesign (Link)
Texto 3: Vida (Link)
Texto 4 – Como elaborar artigos científicos (Link)
18. Petróleo e Meio Ambiente
É inegável o papel do petróleo em nossa sociedade, seus derivados propiciam uma gama de produtos, passando pelos tecidos, cosméticos, combustíveis, lubrificantes, materiais de limpeza, plásticos, dentre outros, em contrapartida, seu protagonismo na questão dos danos ambientais é fruto de inúmeros debates no que tange, a poluição gerada pela queima dos combustíveis fósseis, a demora na degradação dos materiais oriundos do mesmo e os acidentes envolvendo seu transporte, armazenamento e refino, com sérios prejuízos ao meio ambiente.
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Roteiro
Questionário
Responda as perguntas a seguir com base em pesquisas na biblioteca da escola ou pela Internet a) Qual a origem do petróleo?
b) Qual a composição química do petróleo?
c) Quais são os derivados do petróleo extraídos durante o seu refino?
d) Cite ao menos quatro danos provocados ao meio ambiente pelo uso, descarte ou acidente ambiental provocado pelo petróleo e seus derivados?
Visita Técnica
Esta parte do roteiro consiste numa visita técnica a uma refinaria, revendedora de combustíveis ou uma empresa do segmento industrial que processe um dos derivados do petróleo. Elabore um relatório focando a questão ambiental e da química nos processos descritos pelo técnico responsável incumbido de conduzir a visita.
19. Agricultura Orgânica
Quando se fala em agricultura orgânica, erroneamente muitos afirmam "são os produtos sem química", pelo contrário:
“A própria química divide-se em dois grupos: a Química Orgânica, que estuda o carbono, o hidrogênio e o oxigênio, seus compostos e reações, e a Química Inorgânica que estuda os demais elementos. Portanto, produtos orgânicos são também químicos” Alfredo Scheid Lopes
Então o que seria a dita agricultura orgânica e o que ela implica? Segundo a Associação de Agricultura Orgânica – AAO - "a agricultura orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos.
1. As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica, ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, implicam em: 2. Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico; 3. Adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela fermentação elimina microrganismos como fungos e bactérias, eventualmente
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existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região; 4. Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade; 5. Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries; 6. Uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e hábitos culturais de sua população.
Roteiro:
Pesquisa na comunidade:
1. Entreviste 10 moradores do seu bairro e pergunte:
a) Você conhece a agricultura orgânica?
b) Você opta por alimentos orgânicos em suas compras?
2. Elabore um pequeno texto (em média 20 linhas) com a seguinte explanação:
De que forma a pesquisa em química pode contribuir na produção de alimentos ditos orgânicos?
Textos para referência:
A Química na produção de alimentos orgânicos (Link)
Agricultura Orgânica (Link)