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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO GÊNEROS TEXTUAIS E INTERAÇÃO
A aula de redação nas Redes da Nova Era : as estratégias de leitura e escrita no universo hipertextual – um novo desafio ao docente
BIANCA JUSSARA BORGES CLEMENTE
Niterói
2007
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BIANCA JUSSARA BORGES CLEMENTE
A aula de redação nas Redes da Nova Era: as estratégias de leitura e escrita no universo hipertextual – um novo desafio ao docente
Monografia de conclusão de Curso de Pós-graduação apresentada ao Departamento de
Pós-graduação do Centro Universitário Plínio Leite, como requisito parcial à obtenção do
grau de especialista em Gêneros Textuais e Interação.
ORIENTADORA: PROFª DR ª MUNA OMRAN
Niterói
2007
3
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GÊNEROS TEXTUAIS E INTERAÇÂO
Avaliação e aprovação de acordo com os seguintes critérios:
Organicidade: 2,0
Conteúdo: 2,0
Análise Crítica : 2,0
Relação Teoria/Prática: 2,0
Pesquisa Bibliográfica: 2,0
Nota Final: 10,0
OBSERVAÇÕES: O trabalho pode ser a base de um projeto para o mestrado, uma vez que o material de pesquisa permite o prosseguimento deste.
Niterói, 26 de maio de 2007.
______________________________________________
Assinatura do Orientador
4
“Um novo fio tecido modifica o sentido e o significado de todos os fios da teia”
Luiz F. P. Serpa
Agradecimentos
Nesta continua busca ao conhecimento de mundo e entre alcançar os meus sonhos e
objetivos, tive a oportunidade de encontrar muitos colaboradores, o quais denomino:
anjos.
Esses foram anjos-professores, anjos-família e anjos-amigos. Não obstante, também
agradeço a Deus incessantemente por cada pôr-do-sol, por cada ida e por cada regresso
a minha cidade natal: Teresópolis-RJ.
Agradeço ao primeiro anjo que me amparou nessa caminhada que é a VIDA, minha mãe
Sandra Helena, graças ao seu esforço e tolerância, estamos aqui comemorando a
VITÓRIA de mais uma conquista.
A minha irmã Fernanda Cristina e ao meu pai José Clemente, obrigada por tamanha
paciência – não sei como suportaram meu estresse!
Aos meus familiares, tias amorosas Maria Glória, Luzia, , Liane, Roseli, Marisa e aos tios
José Elias e Maurício.
Tive o privilégio de encontrar amigos maravilhosos, que me ajudaram a concretizar esse
grande sonho, chamo-os de anjos “amigos”: Karine, D. Ilza, Sr. Maurício , obrigada por
todo apoio e, que Deus lhes acrescente mais a cada dia.
A coordenadora do curso de Pós-Graduação em Gêneros Textuais e Interação,
Professora Drª Beatriz Feres, pela estrutura e fundamentação teórica do curso, aos
professores deste curso, já que são os pilares dessa construção do meu saber,hoje
adquirido, visto que em minhas intervenções profissionais haverá sempre a semente do
esforço de cada um deles. À minha, orientadora Muna Omran, por ter me conduzido ao
êxito do presente trabalho monográfico.
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RESUMO
Este trabalho monográfico apresenta um breve estudo sobre as estratégias
utilizadas nas aulas de redação com a inserção da hipermídia, visto que são múltiplos os
olhares ao ensino da leitura e da escrita no mundo hipertextual. Sendo, esse mundo
hipermidiático, novo aos olhos da sociedade escolar, mas pertinente à inclusão digital,
que se põe em voga na atualidade. Busca-se na Lingüística Textual e nas explicações de
Roger Chartier e Lévy, entre outros teóricos inferem sobre as possibilidades de
apresentação do texto e do hipertexto como requisitos imprescindíveis à produção
textual. Objetiva-se não só discutir a forma oriunda de como o hipertexto é apresentado
nos meios hipermidiático, como também verificar as contribuições inseridas nas
abordagens textuais, além de como esse oferece entendimentos pertinentes a tessitura
textual e as estratégias de escrita e leitura nesta nova era tecnológica.
Palavras chaves: Ensino – Hipermidiático- Lingüística Textual- Produção Textual- Texto-
Hipertexto.
ABSTRACT
This monograph work presents a concise study about the hypertext her approach in some
ways of read, analyzing specifically the methodology of teaching this in classes of writing.
Inquire after Textual Linguistics and Teory of Text one possibility to presents the text as
fundamental requirement to teaching language, more specifically to teaching the register
of language. Objective of it do not alone question arising from ways of hypertext is
presenting in hypermidiatics environmement, as also it verify the contributions that the
textual approach can offer for the understanding of the textual attitude and of the formal
learned register and her ways of writing and reading in the new age of technology.
Keywords: Teaching – Hypermidiatics – Textual Linguistics – Writing-Text - Hypertext.
6
“ O hipertexto é um produto de chegada e não um ponto de partida no caso de ensino”
Luiz Antônio Marcuschi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10
CAPITULO II- Os Gêneros Textuais: do Texto ao Hipertexto .............................14
2.1 Os estudos concernentes aos Gêneros Textuais........................................14
2.2 O texto.......................................................................................................20
2.3 Lingüística Textual....................................................................................23
CAPÍTULO III – O Hipertexto................................................................................25
3.1 O hipertexto e o leitor................................................................................27
3.2 O hipertexto: do livro à mídia das telas....................................................29
3.3 O hipertexto e as aulas de produção textual..............................................34
4 CONCLUSÃO...........................................................................................................38
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................40
7
1 INTRODUÇÃO
A comunicação é uma questão importante que se apresenta como ponto fundamental nas
relações interdiscursivas dos falantes/usuários de uma língua. Entende-se que é
indispensável conhecer as idéias, desejos, projetos e sentimentos de cada ser humano
para impor e transmitir a habilidade e capacidade crítica sobre as informações que
chegam diariamente. Portanto, precisa-se ter como base, um amplo conhecimento que
supra as necessidades de utilização da linguagem dentro dos diversos contextos sociais.
E como componente construtor dessa interatividade que encontramos na linguagem o
fluxo do ato comunicativo que sustenta a relação entre os indivíduos.
Torna-se imprescindível frisar que os gêneros e tipos textuais são formas de facilitar, aos
usuários da língua materna, o entendimento da realidade e de que é possível revelar
argumentos críticos com planejamentos para agir sobre o contexto social.
A discussão sobre a adequação da linguagem às diferentes situações comunicativas são
remanescentes a Aristóteles, em sua organização da oratória. Sendo que, atualmente
essa tornou-se progressiva na maneira de trabalhar a interação da competência
comunicativa dos indivíduos/usuários.
Bakhtin, na segunda metade do século XX, com o pensamento de que a língua precisa
ser analisada como atividade sócio-histórica-cultura, além de cognitiva, apresenta os
gêneros do discurso com muitas formas que estão sujeitas às mudanças em sua
estrutura, em um dado gênero o sentido de um determinado discurso depende do
contexto de produção dos locutores e interlocutores. Aliás, segundo Bakhtin, em sua obra
Estética da criação verbal (2003), fala da variedade dos gêneros do discurso pertencentes
aos grupos: os gêneros primários – linguagem cotidiana como as cartas; e os gêneros
secundários – linguagem oficial, normalmente escrita como o teatro, discurso científico,
entre outros. Os gêneros textuais referem-se a todas as formas de textos:
O texto é uma realidade imediata (realidade do pensamento e das vivências), a única da
qual podem provir essas disciplinas e esse pensamento. Onde não há texto não há objeto
de pesquisa e pensamento. (Bakhtin,2003: 307)
Embasando-nos neste trabalho monográfico em Bakhtin (2003), dentre outros teóricos,
para apresentar os estudos dos gêneros textuais e suas manifestação no cotidiano.Os
gêneros são apreendidos no diariamente, visto que, como participantes de determinado
grupo social, estamos envoltos a eles. Logo, tem-se que gêneros são padrões
comunicativos, porconseguinte são socialmente utilizados, e se correlacionam com uma
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determinado modelo comunicativo global, que representam o conhecimento social
localizado em situação concreta. Para Marcuschi (2002:19) “os gêneros contribuem para
ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-
discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa.”
Esse teórico prossegue inferindo que “ os gêneros não são instrumentos estanques e
enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se com eventos textuais altamente
maleáveis, dinâmicos e plásticos.”
Os novos gêneros se utilizam de velhas bases para continuar sua progressão sócio-
histórica, Bakhtin (2003) que falava na ‘transmutação’ dos gêneros e assimilação de um
gênero por outro gerando novos.
As múltiplas interações com o texto levam-nos a crer que a produção textual é
imprescindível ao ensino e a disseminação e compreensão dos gêneros, e
conseqüentemente a inserção de novos.
Nesta pesquisa procuramos apresentar que com as alterações econômicas, sociais e
culturais em curso desde o início da revolução das tecnologias da informação as
estratégias de produção de escrita e leitura sofreram alterações profundas e
multifacetadas. Visto que, a apropriação dos recursos, bem como o controle dos fluxos de
informação são novas questões à sociedade.
Assim, quando Gutenberg criou o processo de impressão com tipos móveis, as idéias
ganharam velocidade. Desta forma, a imprensa transformou as formas de convencimento
e ampliou as possibilidades de fazer política e difundir culturas e crenças. Porconseguinte,
o processo de disseminação de idéias sempre fundamentou a manutenção, ou até
mesmo, alteração do poder social.
O processo de revolução tecnológica em geral ficou evidente quando esta se alastrou
reconfigurando à sociedade, seja inserida na primeira ou na segunda revolução industrial
e, assim por diante.
Múltiplos são os nomes que denominam essa nova revolução tecnológica: Revolução das
Novas Tecnologias de Informação; Revolução Digital; Revolução Informacional ou Era do
Acesso, entre outras. O que parece comum a todos e que no ínterim desta revolução está
o uso do computador, como instrumento vital da comunicação contemporânea. Visto que,
a linguagem do computador permite transformar qualquer produção simbólica em um
conjunto de dígitos, de bytes e bits.
O computador, ícone da nova revolução, ligado em rede está alterando as relações das
9
pessoas com o tempo e o espaço. O computador ressuscitou a escrita após a supremacia
das mídias audiovisuais, principalmente após o império da comunicação televisiva. A nova
revolução, como bem apontou Pierre Lévy em As tecnologias da inteligência: o futuro do
pensamento na era da informática inteligência (1993) , ampliou a inteligência humana.
Trabalharemos nesta pesquisa monográfica com as manifestações do texto e do
hipertexto no ambiente hipermídiático. Tendo em vista tais aspectos inerentes aos
estudos dos gêneros textuais, o hipertexto, se apresenta de forma multiforme:
Os grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como o rádio, a televisão, o jornal,
a revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande centralidade nas
atividades comunicativas da realidade social que ajudam a criar, vão por sua vez
propiciando e abrigando gêneros novos bastante característicos. ( MARCUSCHI, 2002:
20)
A tecnologia do hipertexto é responsável, por assim dizer, pela disposição interativa que
passa a ser o marco distintivo do computador. A noção de interatividade, que já existia, ou
seja, da interferência do espectador ou leitor no texto, encontra o seu termo na informática
equipada com a tecnologia do hipertexto.
A primeira idéia de hipertexto foi manifestada por Vannevar Bush em 1945, mas o termo
só foi criado nos anos 60 por Theodore Nelson. Bush concebeu o hipertexto para melhor
organizar e indexar informações em uso pela comunidade cientifica de sua época. Ele
estava ciente de que a mente humana não pensa hierarquicamente ou sequencialmente,
mas reticularmente, como uma rede intricada de associações. E vislumbrava uma
organização das informações cientificas que permitisse interligar todos os temas
interligáveis de modo que, ao acionar um deles, todos os outros ligados a ele pudessem
também ser visualizados, deu origem então ao Memex. Embora, esse dado histórico seja
relevante ao que concerne ao hipertexto, não aprofundaremos seu ideário, mas sua
manifestação nos meios hipermídiáticos e suas contribuições nas produções e
manifestações escritas, além da performance de alunos/leitores e professores diante esse
gênero em nova roupagem. Visto que, o hipertexto sempre esteve presente na vida
letrada da humanidade, embora essa nomenclatura seja nova, suas manifestações
circulavam como: nota de rodapé, anotações que margeavam os livros e até mesmo as
habilidades (meta) cognitivas, que auxiliavam a busca de informações complementares,
até mesmo as citações de outros autores em uma determinada obra são rastros
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dialógicos hipertextuais.1
2 Os Gêneros Textuais: do Texto ao Hipertexto
O objetivo central é discutir e inferir sobre os gêneros textuais seus conceitos e suas
atribuições, além das interações destes com os usuários de língua materna. Tendo em
vista tais aspectos, começaremos a falar da concepção do texto, a após prosseguiremos
a análise dos gêneros textuais, especificando um dentre eles: o hipertexto.
Ao decorrer sobre conceitos e análises serão abordadas e pautadas as teorias da
Lingüística Textual e as competências textuais expostas e sustentadas por Charaudeau,
tal como buscaremos em Marcuschi embasamento para alicerçar e contribuir com nosso
ponto de idéia a ser defendido nessa pesquisa monográfica.
2.1 Os estudos concernentes aos Gêneros Textuais
Os estudos sobre os gêneros textuais são múltiplos, contudo todos partem do
pressuposto dos fenômenos sociais e históricos que os permeiam. Desta forma, alguns
gêneros emergiram junto aos avanços tecnológicos (mídia eletrônica), isso em meados da
década de 70 impulsionadas as promessas do século XX tão revolucionário e fértil em
pesquisas e inovações tecnológicas.
Para alguns teóricos, ao falar sobre gêneros, esses seriam reflexos estruturais de
autoridade e de relações inerentes às sociedades e instituições, assim seriam formas
sociais de organização e expressão acerca da vida cultural.
Também há a noção de gêneros a partir de pontos de vista atuais, visto que temos seis
funções que permeiam o texto: fática, referencial, emotiva, metalingüística e conativa,
contudo esses termos são apenas para enfatizá-los como existentes, não sendo
pertinente em desenvolvê-los nesta pesquisa.
Dessa forma nos voltamos aos escritos de Bakhtin (2003) e suas referências aos gêneros
primários (produções cotidianas) e gêneros secundários (produções construídas).
Ao lado disso, os estudos sobre gêneros se aprofundam no que é concernentes a sua 1 http://www.uepb.edu.br/eduep/rbct/sumarios/pdf/nos.pdf)
11
manifestação e roupagem, assim como surgem novos gêneros a cada momento, os
velhos também se multifacetam em novas bases.
As tipologias comunicações abrangem as funções da linguagem: fática, referencial,
emotiva, metalingüística, conativa, poética, sendo que estas também se estendem as
funções sociais, tais como: lúdica, de contato, religiosa dentre outras.
Em contraponto, também existem as tipologias de situações de comunicação ( gêneros do
discurso; gêneros e tipos). Portanto, os gêneros são inerentes á adequação e ao
contexto, enquanto o discurso diz respeito ao meio midiático ao qual a comunicação será
travada.
Não obstante temos que diferenciar as tipologias lingüísticas das discursivas, visto que, a
primeira domina as abordagens enunciativas (a comunicação é aberta em realizações),
enquanto a segunda abrange as formas comunicativas ( a comunicação é pensada e
compacta).
Seguindo essa base de orientação, buscaram-se algumas definições entre tipo e gêneros
textuais. Tipo textual seria uma característica lingüística: narração, descrição, dissertação,
enquanto gênero textual seria um evento social, maleável que sugere o aparecimento de
outros. A formatação gráfica pode definir um gênero, mas será do contexto a principal
adequação, sendo assim, um gênero pode agrupar vários tipos.
Ao lado disso, se faz importante explanar uma distinção entre gêneros e tipos textuais
para que ocorra um trabalho com a produção e compreensão de textos.
Para Marcuschi (2005: 67), o gênero textual é utilizado como uma noção propositalmente
vaga para se referir aos textos materializados que se encontram no cotidiano e, que são
apresentados com características funcionais, estilo e composição.
Os gêneros textuais são vistos como práticas sócio-históricas, visto que são fenômenos
profundamente vinculados à vida cultural e social. E, partindo dessa idéia os gêneros,
também, contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do cotidiano.
Esses possuem características eventuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos.
Partindo da idéia de Bakhtin de que a comunicação verbal só é possível por algum gênero
textual, sendo assim, participamos a noção de língua como atividade social, histórica e
cognitiva.
Desta forma, para Marcuschi (2002: 35) “ os gêneros textuais não são oriundos as
invenções individuais, são formas socialmente maturadas em práticas
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comunicativas.”Esta era também a posição central de Bakhtin(2004), visto que este
tratava os gêneros como atividades enunciativas “ relativamente estáveis”.
Podemos dizer que os gêneros textuais são frutos de complexas relações entre um meio,
um uso e a linguagem. No presente caso, o meio eletrônico oferece peculiaridades
específicas para usos sociais, culturais e comunicativos que não se oferecem nas
relações interpessoais face a face. E a linguagem concorre aqui com ênfases deslocadas
em relação ao que conhecemos em outros contextos de uso. ( MARCUSCHI, 2005: 20)
Pode-se dizer, que a primeira fase dos gêneros, esses eram inerentes aos povos de
cultura, essencialmente oral, que desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. A
invenção da escrita alfabética, por volta do século VII a.C. proporcionou a multiplicidade
de novos gêneros. Contudo, a partir do século XV d.C., os gêneros expandiram com a
propagação da cultura impressa feita por Gutenberg. Atualmente, afirma-se que estamos
na quarta fase revolucionária dos estudos dos gêneros a “ cultura eletrônica”, na qual a
explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade quanto
na escrita.
Os gêneros textuais destacam-se mais nas funções comunicativas, cognitivas e
institucionais do que por suas particularidades lingüísticas e estruturais.
Como postula Marcuschi (2005) os gêneros textuais são quase inúmeros em diversidade
de formas, possuem denominações nem sempre heterogêneas e, da forma como surgem
podem até mesmo desaparecer. Desta forma, busca-se em Bakhtin (2003) alguns
diálogos em que se fala da transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por
outro, assim gerariam novos.
Gêneros seriam as infinitas possibilidades de uso da linguagem na produção de
mensagens no tempo e no espaço das culturas. A comunicação oral e escrita para Bakhtin
seriam os gêneros discursivos primários. Os gêneros discursivos não se limitam apenas
às linguagens naturais, incluem-se aí a comunicação mediada: programas televisivos,
publicidade e formas da comunicação mediada pelo computador ( e-mail e textos), assim
poderiam ser definidas como gêneros discursivos secundários. A mídia pode ser
considerada como um sistema de signos na cultura atual.
O universo do sistema educacional, cuja realidade não atende a demanda do ciberespaço
e nas expectativas do macro escolar, que poderá privilegiar assim, aspectos sócio-
interacionais. Possibilitando o processamento comunicativo, a fim de propor a produção
interativa como forma dinâmica de produção de conhecimentos e trocas de experiência.
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Tem-se por pressuposto que o ensino/aprendizagem de língua materna é prioritário ao
desenvolvimento cognitivo e à interação social dos indivíduos, pois é com certo domínio
da língua materna, que os usuários desta são capazes de reconhecer e atuar com
eficiência nas mais diferentes situações comunicativas, de forma a construir, novas
representações do mundo, e a transmiti-las com adequação, mesmo nos meios
hipermídiáticos.
O papel do docente será, portanto, estar atento à produção textual dos alunos e adequá-
los ao gênero digital a ser produzido referentes à situacionalidade específica.
Essa nova abordagem ao ensino da produção textual, inerente às aulas de redação, pode
auxiliar o professor a diagnosticar as reais dificuldades existentes em sala de aula e
encontrar novas perspectivas para melhorar as interações comunicativas de seus alunos,
na prática social, mesmo que interativa.
Assim, os textos produzidos nas aulas de redação estarão de acordo com a definição
proposta por Fiorin (1998):
O texto é um todo organizado de sentido, o que significa que ele estrutura. Além de ser
um objeto lingüístico, é um objeto histórico. Isso quer dizer que o sentido do discurso se
constrói por meio de mecanismos intra e interdiscursivos, ou seja, o sentido organiza-se
por meio de uma estruturação propriamente discursiva e pelo diálogo que mantém com
outros discursos a partir dos quais se constitui. (124 )
Contudo, essa visão de texto, além de se aplicar às aulas de redação, também estará
presente nas novas abordagens dessa disciplina quanto sua abordagem na era da
informatização.
As aulas de redação “Antes da Rede” (A.R.) eram estabelecidas em uma formatação que
privilegiava o cotidiano das cartas via Correios e conversas em rodas familiares, embora
hoje uma minoria tenha acesso a informatização do saber, seria unânime os anseios dos
alunos perante as novidades da vida online. Os e-mail, websites, chats, boxcards,
newgroups, comunidades virtuais, ampliaram e multifacetaram o olhar à produção escrita
e as novas formas de tornar o texto um fato que perpetua a história.
Os desafios do professor são múltiplos, aprender a lidar e a criar novas abordagens
utilizando a Rede Mundial, sendo essa, uma super-rodovia de informações criada para
fins militares, na década dos anos sessenta, que se expandiu dos centros de pesquisa e
documentação e explodiu nas residências com força avassaladora, comprometendo e
aliando todas as instâncias sociais da humanidade.
14
Isto posto, o professor deve estar atento ao consumo da informação, já que é justamente
o centro das mudanças trazidas pela Internet, visto que, as pessoas passaram a ficar
mais informadas e acompanham, por exemplo, noticiários on-line. Com tantos meios on-
line de se comunicar e de se fazer entender, a linguagem lúdica da Internet é
compreendida com mais facilidade.
Não obstante, as escolas demoram séculos para perceber e se adaptar a mudanças,
então quando a realidade vier à tona, terão que alterar sua concepção de como, por que e
para que ensinar. Nesse entremeio, o papel do professor muda radicalmente, já que ele
deixa de ser transmissor do conhecimento, papel, agora, do computador. E passa a
mediador do conhecimento, ou seja, alguém capaz de guiar os alunos, orientando-os para
selecionar e contextualizar o que é relevante, quando se têm tantas informações
disponíveis. O educador, desafiado pela informatização do saber, terá que auxiliar o seu
aluno a pensar, selecionar, dar sentido, enfim, a gerenciar a informação ao seu favor, para
que possa assim, enriquecer as aulas de redação. O maior desafio docente será envolver
inevitavelmente tempo e esforço: o professor disposto a usar a Internet como ferramenta
pedagógica será obrigado a rever e adaptar seu processo de trabalho.
Nessa rede virtual, que interliga toda a informação da humanidade, Freitas (2006)
considera que “A aquisição de sistemas representacionais e simbólicos da cultura tem
importante papel no desenvolvimento humano”., com o advento da informática, novos
gêneros, como os interativos. Nesta proporção, as mediações desses recursos
modelariam provavelmente as ações pessoais.
2.1 O texto
Muitos são os teóricos que falam sobre a concepção e funcionalidade do texto, levantar-
se-á algumas considerações que serão insurgidas e pensadas:
Um texto é o resultado de um ato de comunicação produzido por um sujeito numa
situação contratual de troca social, daí ele se caracterizar pelas propriedades gerais de
todo fato linguageiro (“ fait langagier”) , a saber sua materialidade significante (oral,
escrito, mímico, gestual, icônico) organizada em sistemas, suas regras de formação e de
construção lingüística (morfologia, sintaxe, tanto no verbal, no gestual, como no icônico) ,
seus procedimentos de organização discursiva. Pelo fato de ser produzido numa situação
contratual, o texto depende, para a sua significação, daquilo que caracteriza uma
situação, a saber: uma finalidade enunciativa, uma identidade dos parceiros da troca, um
15
propósito (tema) como conteúdo temático da troca, um dispositivo particular como
circunstâncias matérias da troca. pelo fato de que tem por origem um sujeito, esse texto
se apresenta, ao mesmo tempo, com as propriedades da situação que sobre determinam
em parte o sujeito e com as propriedades singulares do fato da intervenção individual
desse sujeito. (CHARAUDEAU, 1997)
Decerto, o texto constitui-se por uma unidade global de comunicação que expressa uma
idéia ou aborda um assunto determinado, tendo como referência uma determinada
situação comunicativa que lança mão de mecanismos de coerência e coesão, como
expõem os autores (Fiorin e Savioli, 2002:11-13):
“O texto não é um aglomerado de frases. Todo texto contém um pronunciamento
dentro de um debate de escala mais ampla. Nenhum texto é uma peça isolada,
nem a manifestação da individualidade de quem o produziu.”
Em face do que foi exposto, as questões levantadas delineiam o que seria o texto,
buscou-se também, refletir essa temática à luz de Azeredo (2000:17) “o texto é um
produto da atividade discursiva. Em um texto circulam, interagem e se integram
informações várias, explícitas ou implícitas”, fato este também ressaltado nos estudos de
Bakhtin ( 2003:307) “ O texto é uma realidade imediata ( realidade do pensamento e das
vivências), a única da qual podem provir essas disciplinas e esse pensamento. Onde não
há texto não há objeto de pesquisa e pensamento.” O autor ainda ressalta que:
O texto “subentendido. Se entendido o texto no sentido amplo como qualquer conjunto
coerente de signos, a ciência das artes ( a musicologia, a teoria e a história das artes
plásticas) opera com textos ( obra de artes). São pensamentos sobre pensamentos,
vivências das vivências, palavra sobre palavras, textos sobre textos. (307)
Isso não indicaria que o texto só poderá ser analisado pelo seu conjunto e não pelas
partes, visto que o hipertexto constitui uma parte desse todo, que o envolverá na
interação com outros textos e outros fragmentos. Em muitas reflexões que são expostas,
o professor Travaglia (2003: 87), em nota de rodapé, retoma o conceito de texto:
(...) qualquer seqüência lingüística que, independente de sua extensão, é tomada pelos
usuários (falante, escritor/ouvinte, leitor) da língua, em uma situação especifica de
interação comunicativa, como uma unidade de sentido e exercendo uma função
16
comunicativa reconhecida ou reconhecível, para a consecução de uma finalidade
comunicativa. (KOCH E TRAVAGLIA, 1998:8-9)
Tendo em vista tais aspectos inerentes ao texto, pode-se afirmar que o texto é um produto
do discurso comunicativo no qual os usuários de uma determinada língua utilizam para
promover interações e alinhavar e disseminar suas construções do conhecimento
humano.
Outro aspecto comunicativo e curioso das interações textuais, dizem respeito à situação e
ao contexto, desta forma o professor Bechara, em seu livro Lições de Português pela
análise sintática, fala sobre essa importância:
No intercâmbio de nossas idéias, dentro das mais variadas circunstâncias, desempenham
relevante papel a situação e o contexto.
Entende-se por situação o ambiente físico e social onde se fala; contexto é o ambiente
lingüístico onde se acha a oração.
Situação e contexto são estímulos decisivos para melhorar aproximação entre falante e
ouvinte ou entre escritor e leitor. Através destes estímulos as pessoas se identificam numa
mesma situação espacial e temporal, e a atividade lingüística, mesmo reduzida a termos
estritamente necessários em fragmentos de orações, atinge a eficiência desejada.
(BECHARA, 2003:21)
Torna-se assim, indispensável, a necessidade de uma reflexão acerca da importância de
se explorar as concepções textuais e como elas interagem com os usuários lingüísticos, já
que um texto só finaliza sua missão máxima doutrinar quando este é manipulado por
outrem.
Assim Chatier (1998, apud Freitas 2006) considera o texto multifacetado e inabalado com
suas novas formatações:
O texto eletrônico é uma nova e importante revolução porque o que muda hoje é a
estrutura mesma do texto que passa a ser lido ou escrito num novo objeto. A tela do
computador é um novo suporte para a leitura como o foi em outras épocas o códice. (31)
Esse autor faz tal apontamento para enfatizar que a leitura de textos e do livro continuará
viva, contudo será veiculada por novos meios que são as redes eletrônicas e a tela de
qualquer aparelho eletrônico. Umberto Eco (1984:1) contribui para a proposta a ser
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apresentada em três aspectos principais, os conceitos de: texto, enciclopédia, signo e
função sígnica. No que diz respeito ao conceito de texto tem-se: “Todo signo é um texto
virtual ou uma virtualidade de textos – e que todo texto é a expansão de um signo inscrito
em um universo sígnico em forma de enciclopédia.” Portanto, ao contemplar essa fala,
pode-se inferir que o texto com links hipertextuais oferta ao leitor uma variedade de
possibilidades de leitura e conclusões, visto que, as múltiplas apresentações visuais do
texto possibilitam leituras, releituras e estimula as funções (meta)cognitivas do leitor.
2.2 Lingüística Textual
Segundo Koch (1998), a lingüística textual constitui-se um ramo dos estudos
concernentes à Lingüística, com início na década de sessenta, precisamente na Europa,
concentrando-se na Alemanha e Holanda.
A Lingüística Textual auxilia-nos não só em pesquisas e análises de textos, como também
na aplicabilidade dessas em sala de aula, além da identificação dos tipos textuais e/ou
gêneros.
A linha de pesquisa citada fez uso dos conceitos e das terminologias lingüísticas
correntes, e muito do que se faz nesse campo são, em princípio, tentativas de estender a
análise lingüística a unidades maiores do que a sentença.
Fávero (apud KOCH, 1998) postula uma hipótese de trabalho que consiste em tornar
como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não mais a palavra
ou a frase, mas sim o texto, já que este possui a forma específica de manifestação da
linguagem.
Entre vários autores que relatam a origem, pode-se citar Coseriu (1955), que faz algumas
considerações sobre esse assunto. Muitos autores fizeram menção ao que seria a
Lingüística Textual, tais como: Weirinch, Dressler, Van Dijch, Scmidt, Kummer, entre
outros, cujos trabalhos expandiram para várias regiões européias, até mesmo há a
documentação das pesquisas por meio de enciclopédias e dicionários.
De acordo com Conte (apud Koch, 1998:13), a Lingüística Textual passou por três
momentos antes de ser caracterizada por esta nomenclatura: análise transfrástica,
gramáticas textuais e teoria do texto.
A partir das considerações pautadas até então, pode-se dizer que o texto não se limita
apenas a uma seqüência simples de enunciados, já que a natureza de sua compreensão
18
e sua produção deriva-se de uma competência específica inerente ao falante — a
competência textual — já que todo falante de uma língua tem a capacidade de distinguir
um texto e fazer inferências sobre ele. Isto posto, percebe-se que o falante é capaz de
parafrasear um texto, de resumi-lo e ainda de perceber se está completo ou incompleto.
O discurso, quando produzido, manifesta-se lingüisticamente por meio de textos. O
produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo, qualquer
que seja sua extensão, é o texto, uma seqüência verbal constituída por um conjunto de
relações que se estabelecem a partir da coesão e da coerência. Em outras palavras, um
texto só é um texto quando pode ser compreendido como unidade significativa global.
Caso contrário não passa de um amontoado de enunciados. (PCN’S - LP :21)
Como se observa essa também é a perspectiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais
de Língua Portuguesa, que contribuem com técnicos e professores no processo de
revisão e elaboração das propostas didáticas e das práticas de ensino da língua materna.
19
3. O Hipertexto
Ao contemplar o sentido do hipertexto que é segundo o Novo Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, 1. Forma de apresentação ou organização de informações escritas, em
que blocos de textos estão articulados por remissões, de modo que, em lugar de seguir
um encadeamento linear e único, o leitor pode formar diversas seqüências associativas,
conforme seu interesse. 2. Conjunto de textos estruturados ou organizados dessa forma,
e ger. Implementados em meio eletrônico computadorizado, no qual as remissões
correspondem a comandos que permitem ao leitor passar diretamente aos elementos
associados.
Então de forma estrutural a construção do hipertexto é compreendida através de
representações e processos que viabilizam o conhecimento a partir da aplicação desta
organização da informatização do conhecimento.
O hipertexto torna-se interessante e perspicaz, já que este quebra a linearidade do texto
com diálogos textuais (intertextualidade / hipertextualidade), que se abrem a vários textos
e conceitos, assim ao estudá-lo contemplamos seus vestígios nas reminiscências da
literatura e sua importância na atualidade nos meios hipermidiático.
Ao longo dos estudos realizados, percebe-se que o hipertexto possibilita a inserção de
vários conceitos que se ampliam, conforme o leitor, assim como desejar seu campo de
conhecimento.
Ao utilizar os conceitos de Bakhtin ( 2003) pensa-se em integrar o hipertexto como uma
manifestação do objetivo-neutro postulado por este autor, visto que, as manifestações do
hipertexto em uma macro estrutura textual permiti a interação ou não do leitor com esse
link que se pré dispõe nas telas como um novo caminho opcional:
Sem levar em conta a relação expressiva do falante como o outro e seus enunciados (
presentes e antecipáveis), é impossível compreender o gênero ou estilo do discurso.
Contudo, também os chamados estilos neutros ou objetivos de exposição, concentrados
ao máximo em seu objeto e, parceria, estranhos a qualquer olhada repetida para o outro,
envolvem, apesar de tudo, uma determinada concepção de seu destinatário. Tais estilos
objetivos-neutros produzem uma seleção de meios lingüísticos não só do ponto de vista
da sua adequação ao objeto do discurso mas também do ponto de vista do proposto
fundo aperceptível do destinatário do discurso, mas esse fundo e levado em conta de
modo extremamente genérico e abstraído do seu aspecto expressivo ( também é mínima
a expressão do próprio falante no estilo objetivo). Os estilos neutro-objetivos pressupõem
20
uma espécie de triunfo do destinatário sobre o falante, uma unidade dos seus pontos de
vista, mas essa identidade custam quase a plena recusa à expressão. ( Bakhtin 2003:
304)
Muitos são os estudos sobre a manifestação do hipertexto, principalmente, na era dos
meios eletrônicos que auxiliam a construção e a desconstrução de conceitos e, nos levam
a novas conclusões. Isto posto, o universo da atual comunicação de massa por ser aberta
não possui características rígidas, pelo contrário é flexível, sendo assim, possível atribuir
novos conceitos, já que as reflexões acerca da importância de se explorar esse aspecto
são obvias e urgentes.
Assim são estabelecidas novas formas de comportamento, tais como a relação do homem
com aquilo que cria e a ordenação prática do pensamento e do registro moderno que se
sofisticou com a linguagem virtual. Por conseguinte, nesse ciberespaço há a
convergência de vários conceitos, constata-se que o hipertexto rompe com os limites do
texto e possibilita ao leitor a manutenção de seus anseios, já que o discurso lógico,
fechado em si torna-se descabido e obsoleto.
Desta forma, o hipertexto é um texto dentro de outro que traz informações necessárias
para o entendimento do texto base. Um texto liga-se a outro, formando uma grande rede
textual, estabelece assim o dialogismo.
A propósito são várias as investigações sobre a receptividade do leitor nas infinitas
possibilidades de conexão entre: textos-fragmentos e textos na integra que favorecem a
flexibilidade das fronteiras que permeiam as diferentes áreas do saber humano.
3.1 O Hipertexto e o Leitor
Visto que, o leitor através dos livros depara-se com um mundo a ser conhecido e
explorado com muitas situações inseridas nesse processo de aquisição cultural, ele se
surpreende com “tessitura mentais hipertextuais” que são estabelecidas a partir de seus
conhecimentos já adquiridos no decorrer de suas leituras prévias.
Todavia, hoje o leitor se multifacetou, por vários fatores e influências, posto que, está
conectado com novos recursos tecnológicos. O leitor reconhece o hipertexto como links
que possibilitam sua viagem em busca ou não de novos conhecimentos, então ao buscar
determinadas informações fortalece seu papel perante o texto e, ao hipertexto. À luz das
21
pesquisas de Smith (1999) observa-se que este teórico faz inferências sobre à
Ciberleitura como leitura on-line e diz que as razões pelas quais as pessoas farão esse
tipo de leitura são exatamente as mesmas razões da leitura do texto impresso, já que
buscam informação; pelo prazer, pela identificação e experiência.
Segundo Heim (1993) “ o hipertexto é um modo de interagir com textos e não só uma
ferramenta com os processadores de textos”, aqui ele enfatiza o conceito. Assim, o
usuário interliga informações intuitivamente, associativamente ao ultrapassar as margens
de um texto por meio de um link . Através de saltos – que marcam o movimento do
hipertexto – o leitor assume um papel ativo, sendo ao mesmo tempo co-autor, tais
explanações convergem com Lévy (1993) “ o hipertexto é um conjunto de nós ligados por
conexões.”
No ciberespaço, a informação não se limita apenas às dimensões do texto tradicional, ao
contrário, ao se tratar do hipertexto, que possibilita a retomada e a transformação dos
elementos vinculados aos textos, toda esse imaginário se amplia e se associa, numa
verdadeira linkagem de informações e significações. Mediante a este fato, o leitor aprecia
textos que podem ser lidos aleatoriamente e trazem em si referências cruzadas ou
interligadas.
Essas novas formas permitem e facilitam um estilo de leitura não linear. Então, segundo
Bonilla (2002) “ As informações podem ser esticadas ou encolhidas de acordo com as
ações do leitor. Para Lévy ( 1993:37) “ o hipertexto não é lido ou interpretado como um
texto clássico, ele geralmente é explorado de forma interativa. Como ele é plástico,
dinâmico, dotado de uma certa autonomia de ação e reação, é impossível seguir uma
seqüência predefinida.”
O site da Wikipédia , a enciclopédia on-line, seria um bom exemplo de interação , já que
o leitor/usuário utiliza esse meio para fazer buscas e, ao receber o material solicitado,
este possivelmente apresentará palavras com fontes diferentes ao texto, marca que
caracterizam o link, daí o leitor/usuário irá escolher as informações que poderão ser
“esticas” ou “encolhidas” de acordo com as ações do leitor. Desta forma, as informações
podem ser abertas e analisadas com múltiplos níveis de detalhamento.
Então por não haver seqüência entre o hipertexto e a autonomia do leitor/usuário, este se
torna um explorador, mas do que um navegador das telas interativas e hipermidiáticas,
esse que movimenta-se interligando as informações, de acordo com interesses vai
construindo seu patrimônio cognitivo , isto é, define seu próprio texto, com essa
22
metamorfose na leitura a nova forma de apreciação interativa.
A ciberleitura, proposta neste capítulo mostra as maneiras, os artifícios, as leituras, as
associações, enfim, identifica como os leitores/usuários lêem as paginas de hipertextos
disponíveis na web.
Outra característica marcante da Ciberleitura, que está presente na proposta pedagógica,
é que não há necessidade de levar um rascunho para que ele seja lido e comentado.
As pessoas poderão mostrar o que está sendo escrito simplesmente reproduzindo na sua
tela com o toque de uma tecla. É possível abrir todos os conteúdos da memória, pode-se
aceitar e se não agradar, não há dificuldade, pois as pessoas poderão mostrar o que está
sendo escrito simplesmente reproduzindo na sua tela com o toque de uma tecla. É
possível abrir todos os conteúdos da memória conteúdos da memória, podem aceitá-las e
se não agradar, não há problema, pois o texto original não terá sofrido alterações.
Todas as pessoas estão mais unidas através da tecnologia eletrônica. Os leituras estarão
mais próximas dos autores, os escritores dos leitores, os alunos dos professores. Não
será mais necessário esperar que um próximo romance de um escritor seja publicado. Se
o autor concordar, as pessoas poderão lê-lo enquanto ele está sendo escrito,
compartilhando intimamente da excitação e da frustração da composição, da disciplina da
revisão e da edição. Pode-se através da tecnologia interagir com autores prediletos dessa
maneira.
3.2 O Hipertexto: do livro à mídia das telas
A acumulação de livros foi o primeiro objetivo que garantia posição privilegiada na
sociedade, a importância de conservar a materialidade do livro foi predominante durante
séculos.
Como a Biblioteca de Alexandria permanece no imaginário “intelectual” que privilegia a
reunião de todos os livros do globo terrestre em um mesmo lugar, onde o desejo de se
apropriar de todos os traços escritos torna-se imperativo. A partir desses fatos podemos
contemplar um novo empreendimento que é a biblioteca universal. Segundo Jacob ( 2002:
54 ) “ A materialidade do livro e as exigências de seu manejo afetam as modalidades de
apropriação do texto, o processo de construção do sentido, e isto vale, aliás, para o livro
manuscrito, impresso ou apresentado na tela de um computador.”
Na revista Veja (2006, edição especial nº 71, ano 39- VEJA 1966 de julho de 2006: p. 42-
23
45 ) trouxe um artigo de Kevin Kelly, em que relata os novos empreendimentos para a
formação da Biblioteca Universal, visto que esta ganhou novo ânimo na era tecnológica.
O imaginário da biblioteca de Alexandria do século III a.C. resiste a modernidade e aos
anseios humanos de reter, de alguma forma, todo o conhecimento do mundo. Kelly
ressalta que, em milhares de escritórios no mundo, várias pessoas curvam-se sobre
scanners para digitalizar livros empoeirados, desta forma, segundo ele a biblioteca
universal é construída página por página.
É um sonho antigo: acomodar num só espaço todo o conhecimento passado e presente.
/todos os livros, todos os documentos, tudo e em todas as línguas.(...) Mas isso não é
tudo. Nas bibliotecas convencionais, os livros são itens isolados, independentes uns dos
outros. Ali, cada publicação não toma conhecimento da outra. O único movimento se dá
quando um leitor pega a obra para animá-la com sua imaginação. Nesse contexto, a
principal vantagem da biblioteca digital é sua portabilidade. Mas isso ainda é pouco. A
principal revolução propiciada pelo ato de escanear textos é fazer com que nenhum livro
seja uma ilha.(...) A real mágica acontece no ato seguinte, quando cada palavra de cada
livro estiver linkada a outras, agrupada, citada, indexada, analisada, anotada, misturada
novamente, reunida mais uma vez e entrelaçada de forma profunda. Nesse novo mundo
de textos, cada pedaço, cada bit informa o outro sobre sua existência: cada página vê
todas as outras páginas. Isso é possível graças aos links e às etiquetas digitais (que
remetem umas páginas às outras na internet). Talvez links e etiquetas sejam duas das
mais importantes inovações dos últimos cinqüenta anos. Sua real energia transformadora
emerge quando usuários clicam neles durante todos os dias ao surfar na web, sem
perceber que cada clique “vota” em um link, elevando sua relevância na rede. (...) É por
isso que, uma vez em formato digital, a leitura se torna uma atividade comunitária.
Marcadores de textos podem ser divididos com amigos leitores. Anotações feitas nas
margens podem ser transmitidas e bibliografias, trocadas.(...) (Veja 2006, edição especial
nº 71, ano 39- Veja 1966 de julho de 2006: p. 42-45)
Sabe-se também que a biblioteca cria a idéia de um espaço do saber coletivo em
mutação, no qual o tempo e o espaço dialogam e convivem, em que texto e leitor tentam
se conhecer e interagir:
A biblioteca suscita o nascimento de livros que refletem e condensam sua universalidade:
estes últimos nos esclarecem sobre a expectativa de leitores desejosos de dispor de
resumos, de síntese, condensado o máximo de saber e de livros num mínimo de espaço
(...). ( JACOB, Christian: 73)
24
Muitos autores acordam que a biblioteca seja um lugar de memória, no qual o
conhecimento coletivo se faz presente e dialoga silenciosamente entre si. Todavia, esse
local habita a noção de hipertexto em que nosso alvo principal: o leitor interage no
estabelecimento de novos fios entre enunciados e a materialidade do texto:
O hipertexto se presta a uma nova formatação e a uma redistribuição infinita da
informação, de acordo com fios condutores que são traçados pelo próprio leitor, seguindo
o curso de sua reflexão e de suas perguntas, mas sobretudo de sua memória. ( op.cit:
65)
Ao considerar essas manifestações no ciberespaço, voltemo-nos a Lévy ( apud MELO),
universal no ciberespaço construiria sobre a indeterminação de um sentido amplo
quaisquer e como ele denomina de “universal sem totalidade” . Ainda nas palavras desse
autor:
A emergência do ciberespaço não significa de forma alguma que "tudo"pode enfim ser
acessado, mas antes que o Todo está definitivamente fora de alcance. O que salvar do
dilúvio? Pensar que poderíamos construir uma arca contendo "'o principal" seria
justamente ceder à ilusão da totalidade. Todos temos necessidade, instituições,
comunidades, grupos humanos, indivíduos, de construir um sentido criar zonas de
familiaridade, de aprisionar o caos ambiente. Mas, por outro lado, cada um deve
reconstruir totalidades parciais à sua maneira, de acordo com seus próprios critérios de
pertinência. Por outro lado, essas zonas de significações apropriadas deverão
necessariamente ser móveis, mutáveis, em devir. A tal ponto que devemos substituir a
imagem da grande arca pela de uma frota de pequenas totalidades diferentes, abertas,
provisórias, secretas por filtragem ativa, perpetuamente reconstruídas, pelos coletivos
inteligentes que se cruzam, se interpelam, se chocam ou se misturam sobre as grandes
águas do dilúvio informacional. (LÉVY, 1999 :161)
Quais seriam os papéis do leitor nesse universo digital?Pode-se responder que múltiplos,
já que ocorrem transformações nas práticas de leitura, numa perspectiva mais
conservadora se pensa em uma suposta morte ou desaparecimento do leitor no advento
da mídia da tela, contudo esse fato não ocorreu, pois esse leitor/usuário se transfigurou e
acompanhou o novo tempo do livro em suas várias transformações..
O livro eletrônico modificou os hábitos e interações entre livro e leitor que até então, salvo
alguns aspectos peculiares, era linear e seqüencial. As novas relações foram
estabelecidas com a integração do hipertexto e as novas práticas de leitura, além do novo
25
papel do leitor, como infere DIAS, em seu trabalho Encruzilhadas de um labirinto
eletrônico, “O hipertexto e a hiperleitura que ele permite e produz transformam as
relações possíveis entre as imagens, os sons e os textos associados de maneira.”
A retomada da biblioteca universal ocorreu com a exploração da Web, isso reforçou e
encorajou o sonho, até então, mítico de reunir num acervo todo o conhecimento humano.
No artigo o bibliotecário Brewster Kahle, responsável por um projeto de digitalização
afirmou que ao contrário das antigas bibliotecas restritas a tecnologia não pretende
digitalizar apenas livros e sim outros materiais variados como: pintura e gravuras, entre
outros.
Com números vastos e variados, hoje essas informações ficariam compactadas em um
espaço de 50 petabytes , contudo na tecnologia do amanhã um iPod será mais que
suficiente. Assim todo o conhecimento poderá passear no bolso. Embora a tecnologia seja
de ponta a burocracia ainda continua sendo um entrave, já que depende da liberação de
direitos autorais para que uma obra seja digitalizada.
O impacto da biblioteca universal digital incidiria no acesso de bilhões de pessoas que
não têm acesso a publicações em papel. O artigo também contempla a questão da
relação leitor e obra, a proposta da biblioteca universal converge com o advento do
hipertexto e os anseios pela busca do inédito.
Das manifestações do livro convencional à nova proposta de uma biblioteca universal
digital, o hipertexto ganhará mais força e o papel do leitor será ainda mais autônomo, já
que os links e as etiquetas digitais que são forças silenciosas se nutrem do papel desse
leitor que, sem notar, a cada clique marca sua preferência na web e, reforça os fios de
conexão que são as engrenagens de busca.
A Biblioteca Universal apenas ajudará a preservar e difundir os livros que por motivos de
conservação da memória universal não estão à disposição do público leitor, decerto o que
a tecnologia propõe é a interação nas relações já existentes entre as partes com um novo
molde rápido e seguro.
A leitura é um vício para algumas pessoas e o computador também, a combinação da
leitura com os computadores pode tornar-se irresistível. Nos livros é possível uma
identificação com um personagem ou com vários personagens reais e imaginários. Na
Internet, o leitor pode interagir com eles. Embora seja verdade que há uma quantidade de
sites sem qualidade e veracidade de suas informações, mas isso seria apenas um detalhe
perante as novidades e sites idôneos que contemplam e disseminam a criatividade de
26
textos com links hipertextuais.
Enquanto o texto é um conjunto de parágrafos sucessivos, reunidos em artigos ou
capítulos que são lidos, habitualmente, do princípio ao fim, um hipertexto é um conjunto
de dados textuais, que tem um suporte eletrônico, e que podem ser lidos de diversas
maneiras, por diversos caminhos. Os dados estão repartidos em elementos marcados por
elos semânticos que permitem passar de um para o outro. Os nós estão fisicamente
“ancorados” em zonas, como uma palavra ou uma frase. O texto propõe ao leitor um
percurso fixo. Já o hipertexto permite ao leitor constituir progressivamente um conjunto
fugaz de elementos textuais, sempre que o desejar.
( COSTA, apud FREITAS: p.40)
As escolhas serão habilidades significativas a serem desenvolvidas. O outro lado, muito
pouco mencionado, em relação à interação eletrônica é que os usuários têm acesso aos
leitores e à informação sobre eles, seja esse o desejo dos leitores ou não. Assim, como
há mais oportunidade e até demanda de muito mais leitura, também haverá
oportunidades e demanda para muito mais escrita, em um meio no qual caberá aos
leitores a condução de grande parte da sua correspondência, entre outros.
Para Smith (1999) e grande parte dos teóricos, essa onda tecnológica não significa o final
dos livros. Porém Smith afirma que a tecnologia não substituirá o livro até que produza
algo com a mesma aparência, e que tenha a mesma conveniência. Smith ( 1999) serve de
base teórica para a proposta sugerida aqui, entre outros motivos, porque acredita que
para as pessoas se familiarizarem com a leitura no mundo da expansão interativa e com
seus novos conteúdos e para elas aprenderem a lidar com isso tudo, será necessário
experiência. Ele deixa claro nas suas reflexões que a melhor maneira de adquirir
experiência é com um guia e que o melhor lugar para encontrar um guia é o terminal
adjacente, naquele que o leitor está esperando para utilizar, ou na própria Internet.
A importância de Smith embasando a proposta de Ciberleitura, já mencionada.
se dá por ele afirmar que a tecnologia eletrônica pode colocar as pessoas, neste caso os
alunos, em contato com o que elas realmente querem ler; ela pode oferecer livros,
revistas e jornais que eles podem acreditar ser relevantes e úteis a pesquisa, além disso
pode também, apresentar-lhes na tela a informação que é interessante para determinada
ramificação do saber. A tecnologia facilita muitos tipos de pesquisas.
27
3.3 O Hipertexto e as aulas de produção textual
Com as telas dos computadores, a forma de ensinar e produzir a leitura e a escrita está
em constante transformação, todavia surgem também novas modalidades de apropriação
do texto. Sendo assim, a escrita, seria uma construção importante sígnica que constituí a
história de um grupo cultural, visto que, o surgimento da escrita alterou as relações e
perpetuou o saber.
É quase impossível falar de leitura do texto eletrônico sem falar de produção de texto.
Não há forma mais fácil de ter idéias na linguagem escrita, de apagar, de revisar,
modificar, editar, armazenar e recuperar. Os computadores são freqüentemente e
equivocadamente considerados como aparelhos solitários, que isolam as pessoas umas
das outras. Nas reflexões do estudioso citado, isso não é verdade, com as redes locais e
a própria Internet.
As relações entre leitura e escrita se estreitam quando os sistemas escritos não
transcrevem o discurso, mas criam de certa maneira, novas modalidades que possibilitam
nos tornamos conscientes do próprio discurso. Segundo Vygotsky (apud Freitas 2006:
p.32) em resumo, são citadas algumas de suas contribuições, um delas seria “ a escrita
afeta a consciência e a cognição ao fornecer um modelo para o discurso, uma teoria para
refletir sobre o que é dito.”
Isto posto, a forma de escrever transcende e se formata numa nova roupagem, isso por
causa da informatização do saber. Lévy ( apud Freitas 2006: p. 35) “ chama a nossa
atenção para as mudanças nas formas de ler e escrever operadas pelo hipertexto digital”.
Então, diante disso, o professor deve se posicionar, principalmente o de redação, já que o
hipertexto é riquíssimo para ser inserido em sala de aula, sendo que a mistura as funções
de leitura e escrita, tornando muitas vezes, o leitor em co-autor.
Assim, segundo Freitas (2006: p.35) “ A partir do hipertexto, toda leitura pode tornar-se
uma escrita.” Segundo Costa ( apud Freitas 2006: p.37)
A interface oralidade/ escrita parece se dissolver de maneira relevante, no uso da Internet,
que seria responsável pelo surgimento de novos gêneros ( hiper) textuais ( chat, e-mail,
site, home-page) ligados à interatividade verbal e, conseqüentemente, se torna
responsável por novas formas e/ou função de leitura e escrita.
28
A partir dessas formatações, o professor de redação, além da preparação e (re)flexão de
sua prática docente, deve estar atento a vida no ciberespaço, cujo aluno se insere em
busca do novo. Nesse novo espaço, o leitor e produtor de texto convivem com novos
conceitos, vocabulário, o surgimento de novos gêneros discursivos, novos códigos e
estilos da leitura e da escrita. Configurando-se, ainda, novos processos de produção e
construção ( hiper) textual, que encaminha alunos e professores a (re) pensar os
conceitos de textos e suas interações, por conseguinte, os trabalhos de produção e
análise textual se ampliam, isto posto, as noções de coesão/coerência, textualidade, etc,
que vão também se adaptando e se aplicando nas novas formatações que surgem com a
informatização do saber.
A hipertextualidade inerente a grande rede mundial se multifacetou, desta forma, o
hipertexto possui uma textualidade eletrônica virtual, indo assim, além do das margens do
texto tradicional, como diz Chatier ( 2002:23):
É agora num único aparelho, o computador, que faz surgir diante do leitor os diversos
tipos de textos tradicionais (...). Todos os textos, sejam eles de qualquer gênero, são lidos
em um mesmo suporte ( a tela do computador) e nas mesmas formas ( geralmente as que
são decididas pelo leitor).Cria-se, assim, uma diversidade que não mais diferencia os
diversos discursos a partir de sua própria materialidade...Assim, quanto à ordem dos
discursos, o mundo eletrônico provoca uma tríplice ruptura: propõe uma nova técnica de
difusão da escrita, incita uma nova relação como os textos, impõe-lhes uma nova forma
de inscrição.
Costa ( apud Freitas 2006) ao citar Barthes enfatiza que “ O texto é uma galáxia de
significantes e não uma estrutura de significados. Não há começo, mas reservibilidade,
com vários acessos possíveis.” Um texto sempre ao ser lido é reavivado e, a partir disso
múltiplas leituras podem ser produzidas, então quando esse texto tem links hipertextuais
há várias confluências e diálogos com outros textos e conceitos.
O professor inserido nessa nova revolução da informação deverá conhecer a natureza
virtual do hipertexto e suas implicações nas relações sociais e interativas, mediante que, o
contexto, longe de ser estável, é constituído pelo próprio ensejo da leitura, cabe, então ao
professor, a orientar o fazer pedagógico com esse gênero no auxilio tanto da uma leitura
producente quanto na produção textual satisfatória e competente.
Enfim, o professor deve auxiliar ao desenvolvimento do conhecimento e, deve ainda
acompanhar o desenvolvimento de habilidades e de atitudes. Habilidades que levem o
29
indivíduo a caminhar sozinho, a interpretar os fenômenos, a saber, expressar-se melhor, a
se comunicar com facilidade, a dominar atitudes que o ajudem a ter auto-estima, impulso
para avançar, para querer aprender sempre, não se isolando, mas colaborando para
chegar a ter uma sociedade mais justa. Vygotsky, que acredita que um signo é sempre
originalmente um meio usado para fins sociais, um modo de influenciar os outros e só
posteriormente vem a ser um modo de auto-regulação.
Para este estudioso, a função mental da palavra só pode ser explicada por um sistema
que vai além do indivíduo. A primeira função da palavra é a função social e, se quisermos
traçar como ela funciona no comportamento do indivíduo, deve-se considerar como ela é
usada e funciona no comportamento social. Como o próprio Vygotsky (1989: 32) “As
palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento,
mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um
microcosmo da consciência humana.”
Assim sendo, novas características de leitura e escrita no advento do hipertexto são
postuladas e pesquisadas, visto que se levantam questionamentos sobre os
procedimentos e demandas, pode-se afirmar que as leituras e escritas hipertextuais
necessitam de mecanismos (meta) cognitivos diferenciados para um texto não-linear e
macro-referencial, assim como os gêneros textuais que circulam na sociedade, vieram
alterar as propostas curriculares no ensino de oralidade, leitura e escrita, desta forma, o
hipertexto aguça redefinições e revisões curriculares. O docente deve ter uma olhar
atento e coeso para que os hipertextos sejam utilizados de forma a complementar um
texto linear, visto que, os hipertextos podem efetivar a transdisciplinariedade e
interdisciplinaridade ampliando e redimensionando as competências (meta)cognitivas e
(meta)lingüísticas de nossos alunos.
30
4. CONCLUSÃO
A utilização das telas dos computadores reforça e amplia as possibilidades de ensino,
somando-se a tantas outras tecnologias inseridas no cotidiano. O professor ao se valer
desses meios enriquece suas aulas e direciona o interesse de seu corpo discente. O uso
altera a rotina escolar e os métodos de organização de trabalho, posto que, a produção
de leitura e escrita estão integrados em um contexto estrutural de mudança, no que cerne
o ensino aprendizagem. A atualização do ensino escolar contempla os processos de
comunicação abertos de participação interpessoal e grupal, que atualmente é processado
de forma interativa. A pedagogia que encontramos no hipertexto ( homepage) não é mas
da instrução direta e explicita pelo professor e, sim, da leitura interpretativa e produtiva de
um conhecimento mediado de erros e acertos, além da internalização das informações
que são priorizada pelo usuário/leitor.
A manipulação de uma homepage, faz com que o aluno se depare com textos e
hipertextos e se aproprie de uma escrita linear, com estratégias de leitura não-lineares,
pois pode-se fazer uso de imagens, links e sons simultaneamente, que proporcionam
direcionamentos variáveis , visto que, possuem mobilidade espacial. A utilização desses
recursos interativos são feitos para ampliar ou apresentar o texto, incentivando e
proporcionando um aspecto lúdico, que transformam o ato de ler e escrever em uma
aprendizagem em forma de jogo. As estratégias de leitura nesse ambiente virtual,
garantem ao indivíduo a interação entre os hipertextos construídos que convergem num
único texto. Cada link criado é um outro texto que é gerado por uma prática de leitura e
produção que é resultado do diálogo de diversos textos. Não contando mais com o papel,
a caneta porque agora o aluno escreverá num teclado, lerá na tela; ele efetuará
processos de compreensão mentais mais complexos, diferente daquela do papel que ele
já dominava. Essa forma de escrita e leitura ativa processos mentais de leitura e escrita
diferentes até então. Não se trata de dar ênfase a mais uma habilidade motora, mas sim,
levando-os a observar como se dá o processo cultural e complexo de construir frases,
textos, mudando inclusive o perfil da pesquisa escola. Na formulação da homepage é
ampliada à capacidade de acúmulo de informação e memória que todo o texto traz
consigo ao ser produzido ou lido. Cada link é um outro texto que é gerado por uma prática
de leitura e produção resultante de uma busca ou nós hipertextuais alinhavados busca do
conhecimento tão profundo e inerente ao homem contemporâneo.
Concluiu-se que as multifacetações dos gêneros textuais e suas manifestações e
abordagens no ensino, mais especificamente o estudo do ‘hipertexto’, podem
31
transparecer nas produções escritas e na leitura, além de mostrar que o hipertexto está
presente desde que iniciou-se a vida letrada e seu âmbito é vasto, perpassando da nova
enciclopédia interativa a Wikipédia, além das novas aventuras em concretizar uma
biblioteca universal digital. Buscou-se também reiterar que o hipertexto é um gênero fértil
às aulas de produção textual e de leitura , visto que alinhava os projetos de
transdisciplinariedade.
32
5. REFERÊNICAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra: Editora Martins
Fontes, 2004.
BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 16ª ed.rev.amp., Ed.
Lucerna:2003
BONILLA, Maria Helena S. Escola aprendente: desafios e possibilidades postos no
contexto da sociedade do conhecimento. 2002. Tese. Faculdade de Educação,
Universidade Federal da Bahia, Salvador – BA: (p. 183-188).
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os
séculos XIV e XVIII. Brasília: Universidade de Brasília, 2.ed.tradução PRIORI, Mary Del,
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