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Centro Universitário de Volta Redonda - Ano IX - Edição nº 24 - Abril / 2014 Formando para a vida.

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Formando para a vida.

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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ISSN 1809-9475

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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ANO IX - nº 24 - Abril/2014

FOA

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Comitê EditorialDenise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues

Vitor Barletta Machado

Conselho EditorialAgamêmnom Rocha de Souza

Ana Carolina Callegario PereiraAndré Barbosa Vargas

Carlos Alberto Sanches PereiraCarlos Roberto Xavier

Danielle Pereira Cintra de SennaDimitri Ramos Alves

Élcio NogueiraÉrica Leonor Romão

Erika Fraga RodriguesIvanete da Rosa da Silva de Oliveira

Júlio César de Almeida NobreJúlio César Soares Aragão

Katia Mika NishimuraLeonardo Mello de SousaMarcello Silva e SantosMarcelo Alves de Lima

Margareth Lopes Galvão SaronMaria Aparecida Rocha Gouvêa

Maria Auxiliadora Motta BarretoMaria Carolina dos Santos Freitas

Mauro César Tavares de SouzaMichelle Lopes Ribeiro Guimarães

Monica Santos BarisonOtávio Barreiros MithidieriPaulo Roberto de AmorettyRicardo de Freitas Cabral

Rodolfo Liberato NoronhaRonaldo Figueiró Portella Pereira

Sabrina Guimarães SilvaSandy Sampaio VideiraSérgio Elias Vieira Cury

Sinara Borborema GabrielWalter Luiz Moraes Sampaio da Fonseca

Conselho Editorial ad hocAdriano Arnóbio José da Silva e Silva

André Marques dos SantosCarolina Tavares Schumann

Claudinei dos SantosDouglas Mansur da Silva

Fábio Aguiar AlvesJoão Paulo Rodrigues

Luiz Augusto Fernandes RodriguesPriscila Filgueiras DuarteRenato Teixeira da Silva

Tamara Nunes de Lima CamaraTatiana Gomes Martins

Revisão de Língua PortuguesaMaria Aparecida Rocha Gouvêa

Editor de LayoutLaert dos Santos Andrade

EstagiáriaNatália Porto

FOAPresidente

Dauro Peixoto Aragão

Vice-PresidenteJairo Conde Jogaib

Diretor Administrativo - FinanceiroIram Natividade Pinto

Diretor de Relações InstitucionaisJosé Tarcísio Cavaliere

Superintendente ExecutivoEduardo Guimarães Prado

Superintendência GeralJosé Ivo de Souza

UniFOAReitora

Claudia Yamada Utagawa

Pró-reitor AcadêmicoDimitri Ramos Alves

Pró-reitora de Pós-Graduação,Pesquisa e Extensão

Katia Mika Nishimura

Cadernos UniFOAEditora Executiva

Flávia Lages de Castro

Editora CientíficaDaniella Regina Mulinari

EXPEDIENTE

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FICHA CATALOGRÁFICABibliotecária: Alice Tacão Wagner - CRB 7/RJ 4316

C122 Cadernos UniFOA / Centro Universitário de Volta Redonda. – ano VIII, n. 24 (abril 2014). – Volta Redonda: FOA, 2014.

Quadrimestral

ISSN 1809-9475

1. Publicação periódica. 2. Ciências exatas e tecnológicas – Periódicos. 3. Ciências da saúde e biológicas – Periódicos. 3. Ciências humanas e sociais aplicadas – Periódicos. I. Fun-dação Oswaldo Aranha. II. Título.

CDD – 050

Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA

Campus Três Poços

Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325Três Poços, Volta Redonda /RJ

CEP 27240-560Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404

www.unifoa.edu.br

Versão On-line da Revista Cadernos UniFOAwww.unifoa.edu.br/cadernos

Submissõeswww.unifoa.edu.br/cadernos/ojs

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SUMÁRIO

CIÊNCIAS EXATAS

Análise dos fatores de influência na escolha da embalagem para refrigerantePablo da Silva Alves, Antonella Martins Bortolazzo, Christian Santos Marques, Maria Carolina dos Santos Freitas .............................. 9

Caracterização das Microestruturas Obtidas por Meio de Ensaio Jominy Monitorado do Aço SAE 1026Márcio Teodoro Fernandes, Ivaldo Ferreira Leão, Paulo André Dias Jácome, Leonardo Martins da Silva, Paula Cristina Petriz Monteiro ...... 15

Estudo de modelo matemático do comportamento oscilatório em processos contínuos de fermentação alcoólica com Zy-momonas mobilis Bruno Chaboli Gambarato, Samuel Conceição de Oliveira .......................................................................................................................... 25

Estudo microestrutural de uma junta soldada do Aço Inoxidável Super Duplex SAF 2507 pelo Processo TIGMauro Carlos Lopes Souza, Alerrandro dos Santos Reis Bighi, Juan Manuel Pardal, João da Cruz Payão Filho .................................... 37

CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS

Aspectos legais da recategorização de uma unidade de conservação – o caso do Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá (Volta Redonda/RJ)Francisco Jácome Gurgel Júnior .................................................................................................................................................................. 45

Efeito antibacteriano de Camellia sinensis sobre patógenos humanosLuiz Eduardo Souza da Silva Irineu, Kelly Carla Almeida de Souza Borges ............................................................................................. 53

Influência de fitorreguladores e do tipo de cultivo no crescimento de Ocimum basilicumGeiziane Silva de Souza, Kelly Carla Almeida de Souza Borges ................................................................................................................ 59

Metazoan parasites of Mugil curema (Osteichthyes: Mugilidae) from the coastal Rio de JaneiroFelipe Oliveira Moutinho, Dimitri Ramos Alves ........................................................................................................................................ 67

O Desmatamento e o crescimento urbano desordenado no estado do Rio de Janeiro: impactos na dinâmica do DenguePaula Mendonça de Moura, Tatiana Nascimento Docile, Adriano Arnóbio, Ronaldo Figueiró ................................................................. 77

Pesticidas aplicados na lavoura e o risco à saúde pública: uma revisão da literaturaJoão Victor Rego Ferreira, Bárbara Alvarenga Peckle, Andressa Sbano da Silva, Angel da Silva Gomes, Vanessa Monteiro Santana, Ida Carolina Neves Direito ................................................................................................................................................................................ 87

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LIST OF CONTRIBUTIONS

EXACT SCIENCES

Analysis of factors influence the selection of package for soft drinksPablo da Silva Alves, Antonella Martins Bortolazzo, Christian Santos Marques, Maria Carolina dos Santos Freitas .............................. 9

Characterization of the Microstructures Obtained by Means of Monitored Jominy Test of the Steel SAE 1026Márcio Teodoro Fernandes, Ivaldo Ferreira Leão, Paulo André Dias Jácome, Leonardo Martins da Silva, Paula Cristina Petriz Monteiro ...... 15

Study on mathematical modelling of oscillatory behavior in a continuous alcoholic fermentation process using Zymomonas mobilisBruno Chaboli Gambarato, Samuel Conceição de Oliveira .......................................................................................................................... 25

Microstructural study on a welded joint of Super Duplex Stainless Steel SAF 2507 by GTAW ProcessMauro Carlos Lopes Souza, Alerrandro dos Santos Reis Bighi, Juan Manuel Pardal, João da Cruz Payão Filho .................................... 37

HEALTH SCIENCE AND BIOLOGICAL

Legal aspects of the recategorization of a conservation - the case of the Municipal Natural Park Farm Santa Cecilia of Inga (Volta Redonda/RJ)Francisco Jácome Gurgel Júnior .................................................................................................................................................................. 45

Antibacterial effect of Camellia sinensis on human pathogens Luiz Eduardo Souza da Silva Irineu, Kelly Carla Almeida de Souza Borges ............................................................................................. 53

Influence of growth regulators on the type of cultivation and growth of Ocimum basilicumGeiziane Silva de Souza, Kelly Carla Almeida de Souza Borges ................................................................................................................. 59

Metazoários parasitos do Mugil curema (Osteichthyes: Mugilidae) do litoral do Rio de Janeiro.Felipe Oliveira Moutinho, Dimitri Ramos Alves, ....................................................................................................................................... 67

Deforestation and disordered urban growth in the state of Rio de Janeiro: impacts on the dynamics of DenguePaula Mendonça de Moura, Tatiana Nascimento Docile, Adriano Arnóbio, Ronaldo Figueiró ................................................................. 77

Pesticides applied in the fields and the risk to public health: a literature reviewJoão Victor Rego Ferreira, Bárbara Alvarenga Peckle, Andressa Sbano da Silva, Angel da Silva Gomes, Vanessa Monteiro Santana, Ida Carolina Neves Direito ................................................................................................................................................................................ 87

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Aprovado em 04/2014

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ArtigoOriginal

Original Paper

Análise dos fatores de influência na escolha da embalagem para refrigerante

Analysis of factors influence the selection of package for soft drinks

Pablo da Silva Alves1

Antonella Martins Bortolazzo¹Christian Santos Marques¹Maria Carolina dos Santos Freitas²

ResumoOs refrigerantes são suscetíveis à composição química de suas embala-gens, mesmo mantidas as condições de envase, controle de qualidade e a conservação das propriedades do produto, há mudança no sabor por inconvenientes oriundos de seu acondicionamento. No presente traba-lho são selecionadas as três principais embalagens para envase de refri-gerantes, a saber: garrafas de vidro, latas de alumínio e garrafas PET. Assim, são avaliadas as peculiaridades de cada material visando com-preender como cada tipo de embalagem pode alterar o sabor da bebida. Para corroborar com a análise são inquiridas duas variáveis relaciona-das ao líquido: a mudança de sabor, devido à associação do refrigerante ao material que é desprendido da embalagem e a outra é a permanência do gás CO2 no refrigerante antes e após o envase. Portanto, o objetivo é avaliar a influência de fatores como a escolha do recipiente, em vali-mento à cinestesia e ao mercado, para o consumo de refrigerante.

Palavras-chave

Vidro

Alumínio

PET

Embalagens

Refrigerante

AbstractSoft drinks are susceptible to the chemical composition of materials used in their package. There is a change in their taste due to packing regardless all conditions remain unchanged as well as both quality control and storage properties are fine. In this paper we selected the three main packages for bottling soft drinks, namely, glass bottles, aluminum cans and PET bottles. So, each material’s peculiarities are assessed in order to understand how each type of package can change the flavor. To better support the analysis two variables related to the liquid are considered: a change of taste due to the association of soda to material that is released from the pack and another one which is the existing level of CO2 gas in soda before and after filling. Therefore, the objective is to evaluate the influence of factors such as the choice of package material from both synesthesia and marketing standpoints for the consumption of soda.

Keywords

Glass

Aluminium

PET

Package

Soft Drink

1 Graduando em Engenharia de Produção do Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA.

2 Engenheira Mecânica, Dra. Professora dos Cursos de Engenharia do Centro Universitário de Volta Redonda, UniFOA.

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1. Introdução

Atualmente o mercado de embalagem está muito expandido. No âmbito mundial há uma grandiosidade de materiais que são utilizadas na produção de diversos tipos de embalagem. A escolha dos materiais para a confecção dessas embalagens dependerá muito do propósito da embalagem, que em sua maioria é de proteger, conter e promover o seu conteúdo.

Para o envase de refrigerantes dispomos de vários tipos de embalagens. Para este estudo foram escolhidos três tipos de materiais que são mais utilizados na confecção das embalagens para refrigerantes, sendo eles alumínio, PET (Polietileno Tereftalato) e vidro.

O alumínio apesar de ser um dos materiais mais utilizados para as embalagens de refrige-rantes possui um custo alto, conforme descreve Twede e Goddard (2004, p.42)

“o alto valor do alumínio também é a pri-

meira razão de sua alta taxa de reciclagem”.

Outra embalagem que se torna cada vez mais popular, e um apelo muito grande devido à facilidade de ser reciclada, é a feita de PET. Po-rém as propriedades da embalagem interagem com o líquido e causam também outro proble-ma, que é a falta de barreira ao calor, conforme descreve abaixo Twede e Goddard (2004, p.62):

“As principais limitações dos plásticos

são o desempenho quanto a barreiras e

tolerância ao calor [...]”.

Ainda ratificando as desvantagens do uso deste tipo de embalagem pode-se citar a perda do dióxido de carbono do líquido (Twede e Goddard, 2004 p.88):

“A perda de dióxido de carbono atra-

vés das paredes da garrafa PET ocorre

[...]”.“O nível de carbonato do refrigeran-

te pode cair até 15% de seu nível inicial

em um período de 90 dias”.

A terceira embalagem analisada foi a de vidro que apesar de ter um alto custo inicial para o fabri-cante da bebida, devido aos cuidados especiais que o vidro deve receber, como uma máquina na linha de produção especialmente projetada para lavar as

embalagens, apresenta alto índice de reciclagem e se mostra eficiente no que diz respeito à logística.

Para corroborar seguem alguns trechos do livro de Twede e Goddard (2004, p.146 e 147):

“O vidro tem desempenho mais alto e é usa-

do extensivamente para contato com alimen-

to [...]”. “O desempenho de barreira, essa

medida combina barreiras ao gás e ao vapor

de água. As melhores barreiras, entretanto

não são plásticos, elas são de vidro e metal”.

Os objetivos gerais deste trabalho consis-tem na análise da eficiência das embalagens no que se refere à variação do sabor da bebida em função dos três diferentes materiais utilizados na confecção dos recipientes, e ainda, a perma-nência do gás CO2 na bebida antes e depois do envase. Durante o presente trabalho foram ana-lisados os aspectos necessários para a escolha de um recipiente que se destaca em relação aos outros no que diz respeito ao sabor e à comercia-lização. Conforme testes realizados, conclusão dos estudos e levando em conta a permanência da originalidade do sabor foi escolhido como melhor embalagem a do material de vidro. A permanência das características iniciais do pro-duto, desde o momento do envase até a mesa do consumidor foi categórico para a escolha.

2. Metodologia

Realizamos uma revisão bibliográfica dos conceitos relacionados à utilização e/ou adequação dos materiais às embalagens de refrigerante, assim como foi estudado abordagens físico-químicas e logísticas destes materiais para tal fim. Utilizamos o método indutivo, haja vista a generalização de-riva de observações de casos da realidade prática.

Essa é uma pesquisa descritiva com cará-ter exploratório, já que os trabalhos objetivam proximidade com a ciência dos materiais e seus usos, dando evidência em sua utilização popu-lar, vislumbrando novos pontos de vista. Quanto à forma de abordagem, classifica-se como uma pesquisa quantitativa, pois se traduziu em nú-meros as ideias do objeto pesquisado – revisão bibliográfica e análises físico-químicas – com intuito de interpretar e analisar os dados e opi-niões utilizando recursos e técnicas estatísticas.

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3. Resultados e discussão

3.1. Interferência do Tempo na Qualidade

Os prazos de validade dos refrigerantes são determinados por meio de testes de estabi-lidade, análises físico-químicas, microbiológi-

cas e sensoriais; e variam entre embalagens de um mesmo produto. Segundo informações nas próprias embalagens, as garrafas PET tendem a ter menor validade, cerca de 3 meses; sendo que o líquido quando envasado em outros materiais, vidro ou alumínio, apresenta validade de 9 meses. Conforme tabela 1, abaixo:

Tabela 1: Prazos de Validade (em dias)

Sabor Vidro 290 mL Lata 350 mL PET 600 mL PET 3,3 L

Cola 270 270 90 84Guaraná 270 270 90 84

Fonte: embalagens de refrigerante.

Apesar de ser produzido com água carbonata-da, ou desaerada; quando envasado, o refrigerante, recebe uma injeção CO2 para pressurizar a embala-gem e aumentar a conservação da bebida, atenuan-do os níveis de O2 presentes, diminuindo os futuros índices de oxidação da bebida. Uma das teorias

sobre o menor tempo de validade entre embalagens é a possibilidade da perda mais rápida de CO2 nas embalagens PET, devido sua maior porosidade.

Ao fazermos uma análise no CarboQC com produtos recém elaborados, observamos os seguintes níveis de CO2, conforme tabela 2:

Tabela 2: Níveis de CO2 apresentados nas embalagens após o envase.

Sabor Vidro 290 mL Lata 350 mL PET 600 mL

Cola 3,6 3,5 4,3Guaraná 3,1 3,0 3,8

Fonte: Análise laboratorial realizada após envase.

Através desta análise, podemos observar que em embalagens PET é inserida uma dose extra de CO2. Segundo Lima, Afonso (2009) essa variação positiva é feita justamente pela efusão dos gases oriunda da estrutura do ma-terial. Comparando esses resultados com a vali-dade indicada na embalagem, notamos que ape-sar de maior o nível injetado de CO2 a validade referente ao PET é a menor apresentada. Sendo

assim, aplicamos o mesmo teste feito anterior-mente, agora com produtos elaborados ha mais tempo e estocados de maneira a minimizar as ações externas (ao abrigo da luz e à temperatu-ras amenas). Nota-se que nível de CO2 precipi-ta, formando uma curva negativa de carbonata-ção durante o tempo, conforme dados da tabela 3, que confirmam a hipótese de que a trama do PET permite o escape conteúdos.

Tabela 3: Níveis de CO2 apresentados durante o tempo de validade.

Embalagem PET 600 mL 30 dias 60 dias 90 dias

SaboresCola 4,00 3,65 3,46

Guaraná 3,42 3,23 3,04

Fonte: Análise laboratorial realizada durante o tempo de validade.

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O processo de produção do refrigerante in-clui um tempo de maturação. Essa maturação se faz necessária para catalisar a quebra da cadeia de sacarose em açúcares menores, frutose e glicose, ambos com poder adoçante maior que o inicial. Essa aceleração de processo evita uma maior in-versão do açúcar nas mãos do cliente, mantendo os níveis de qualidade, do envase à validade, com me-nor variação. Mesmo com a aplicação desta meto-dologia, temos a continuação do processo de que-bra de açúcar, ainda que exponencialmente menor. Essa inversão de açúcares pode ser controlada pelo °Brix, que nada mais é do que a concentração de sólidos sedimentáveis presentes no líquido.

Alguns fatores com temperatura, pH, e tempo incidem sobre o °Brix acelerando sua queda, logo, as embalagens estão intrinseca-mente relacionadas a estabilidade da qualidade do produto. Como a queda do °Brix reflete em inversão do açúcar, teremos um produto mais doce com o passar do tempo.

3.2. Sustentabilidade e Logística

Com aumento da população e das ativda-des industriais, aumenta-se também a quantida-de de lixo e com ela a necessidade de reciclar. O acúmulo de resíduos urbanos e com o conceito de sustentabilidade em pauta, a reciclagem ga-nha mais peso. Entendemos como sustentável, aquilo que pode-se sustentar ou manter estável por certo tempo, assim preferimos dizer que as empresas buscam uma “produtividade autono-ma”, quando falam em economia verde. Nesse viés a reciclagem entra como uma forte aliada à economia e à escassez de recursos, é importan-te relembrar que as três embalagens estudadas neste trabalho são recicláveis, e por isso, todas vão ao encontro dessa “iniciativa verde”.

A reciclagem do aluminio consiste no der-retimento de sua sucata e posterior solidificação em novas embalagens. Este processo consome cerca de 5% da energia consumida na minera-ção e refino da bauxita. O beneficiamento do PET é feito através de sua extrusão, processo que resulta em grãos, matéria prima para novas embalagens, uma economia final de aproxima-damente 30%. A reciclagem do vidro se dá atra-vés do processo de fundição dos cacos segui-da da moldagem em novos produtos, o vidro é 100% reiclavel, ou seja, 1Kg de vidro quebrado gera, exatos, 1Kg de vidro novo.

Um ponto importante do capitalismo é o tempo de retorno do investimento, logo investir em embalagens retornáveis se faz natural, num processo mercadológico.

É inegável que o custo do com o vidro é maior que com as demais embalagens, mas pre-cisamos levar em conta que apesar do menor valor do PET e do alumínio esses recipientes são considerados one way, ou seja, não retorná-veis agregando custo ao produto final. Sendo o vidro retornável, o capital investido é alto, mas em médio prazo tem-se o retorno desse investi-mento. Constituindo a frente de vasilhames um importante patrimônio empresarial. , conforme relata Twede e Goddart (2004, p.145)

“... a percepção do mercado quanto ao meio

ambiente pode ser tão importante quanto

ou mais importante que os fatos científicos.

Existe, por exemplo, uma percepção que o

vidro e a aposta moldada favorecem mais

o meio ambiente que os outros materiais”

Com base nos estudos de Kovacs (2004), ana-lisamos a tabela 4, de desempenho dos serviços lo-gísticos de embalagens para indústrias de bebidas.

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Tabela 4: Performance dos serviços logísticos no fornecimento de embalagens para a indús-tria de bebidas

AtributoMédia

geralVidro

plástico

primária

aço ou

alumínio

papel

primária

plástico

secundária

papel

secundária

disponibilidade 2,67 2,94 2,65 1,57 3,08 2,85 2,90

tempo do ciclo 3,01 3,11 2,77 2,00 3,5 3,35 3,35

consistência prazo 2,99 2,75 2,75 2,43 3,33 3,23 3,42

flexibilidade do sistema de entrega

3,5 3,33 3,44 3,00 4,27 3,36 3,60

confiabilidade 3,12 3,03 3,00 1,86 3,50 3,80 3,52

sistema de recuperação de falhas 3,42 3,35 3,53 2,2 3,91 3,76 3,74

apoio na entrega física 3,18 2,91 3,25 2,86 3,42 3,46 3,20

qualidade do sistema de informações de apoio

2,88 2,74 2,78 1,80 3,36 3,50 3,10

frequência 3,13 3,15 2,83 3,00 3,45 3,39 2,93

média geral por tipo de embalagem

3,10 3,03 3,00 2,30 3,54 3,41 3,31

Fonte: Kovacs (2004).

Verifica-se que esses atributos logísticos mantém uma boa média, com algumas oportu-nidades de melhoria. O setor de embalagem pri-mária fica a frente das embalagens secundárias, talvez por sua priorização na industria. Contudo a disponibilidade e confiabilidade do aluminio é um ponto crítico a ser levado em conta, já os fornecedores de plástico mantém uma paridade.

O vidro, quando comparado as outras em-balagens primárias, apresenta menor variância nos estudos logísticos, seguido do PET e por fim o aluminio. Sua frequência e confiança alavan-cam o número final. Devido suas caracteristicas básicas, como inércia biológica, impermeabili-dade e não condutividade térmica, atua como uma barreira na proteção a agentes externos.

4. Conclusão

Através de nossos estudos observamos que o metal, devido sua ligação química, é ótimo condutor térmico e a estrutura do PET também não fornece

grandes barreiras ao calor, permitindo a atuação inci-siva da temperatura na bebida, acelerando o processo de redução do °Brix e consecutivamente alterando o sabor, dando tons mais adocicados ao produto.

Notamos também, pela abordagem de Ko-vacs (2004), uma maior sustentabilidade dos índices logísticos do vidro frente às outras em-balagens, no desempenho geral, legitimando nossa ideia inicial de que apesar de mais pesado e suscetível à quebra, a logística do cerâmico é tão viável quanto à dos outros materiais.

É publico e notório que, apesar de recicláveis, as embalagens de PET e alumínio são um problema na poluição de vias e rios, oposto ao vidro que por ser, além de reciclável, retornável, fazendo parte do capital da empresa, e essa por sua vez tende esforços a manter sua frente de vasilhames e preservar seu patrimônio.

Pelos resultados obtidos através das aná-lises e o conteúdo apresentado pela bibliogra-fia consultada, concluímos que o vidro seria a melhor embalagem para o acondicionamento de refrigerantes. Sua transparência e diversidade

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de formas tem alto valor mercadológico; por ser inerte biologicamente não troca substâncias com a bebida; a não condutibilidade térmica conser-va valores importantes da qualidade sensorial e sua elevada dureza preserva a aparência da mercadoria contra microfuros e/ou amassados. Todavia, estamos cientes da obrigatoriedade empresarial de se montar um mix de produto

ótimo, que atenda às mais variadas necessidades dos clientes. E que muitas são as variantes, den-tre elas, preço, situação, ocasião, volume e até mesmo preferência pessoal, que afetam na es-colha final do consumidor. Assim sendo apesar de optarmos pelo vidro como embalagem ideal, concordamos com a iniciativa comercial no em-prego de outros materiais para a embalagem.

5. Referências

ABREPET. Ciclo Sustentável da Reciclagem. Associação Brasileira da Cadeia de Sustentabilidade Ambiental do PET. Disponivel em: <http://www.abrepet.com.br/reciclagem.html>. Acesso em: 20 Junho 2013.

ABRIL. Como se coloca o gás nos refrigerantes? Mundo Estranho. Disponivel em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-se-coloca-o-gas-nos-refrigerantes>. Acesso em: 10 Junho 2013.

GODDARD, R.; TWEDE, D. Materiais para embalagens. Tradução de Sebastião V. Canaverolo. 2ª Edição. ed. São Paulo: Blucher, 2010.

KOVACS, E. P.; MORAES, W. Importância e performance dos serviços logísticos ao cliente no fornecimento de embalagens para a indústria de bebidas. XI SIMPEP, Bauru, 08 a 10 Novembro 2004.

LIMA, A. C. D. S.; AFONSO, J. C. A Química do Refrigerante. Revista Química Nova Escola, 31, n. 3, 00 Agosto 2009. Disponivel em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_3/10-PEQ-0608.pdf>. Acesso em: 16 Junho 2013.

RECICLABRASIL. Alumínio. Reclica Brasil. Disponivel em: <http://reciclabrasil.net/aluminio.html>. Acesso em: 17 Junho 2013.

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Caracterização das Microestruturas Obtidas por Meio de Ensaio Jominy Monitorado do Aço SAE 1026

Characterization of the Microstructures Obtained by Means of Monitored Jominy Test of the Steel SAE 1026

Márcio Teodoro Fernandes1

Ivaldo Ferreira Leão2

Paulo André Dias Jácome3

Leonardo Martins da Silva4

Paula Cristina Petriz Monteiro4

ResumoO aumento da demanda mundial de aço e a redução da disponibilidade dos recursos naturais têm sido responsáveis pela formação de um pano-rama de desenvolvimento desafiador para a engenharia metalúrgica nos últimos anos, encarregando-a de equacionar o problema da obtenção de materiais em quantidade, qualidade, em ciclos de produção mais cur-tos, sem agredir o meio ambiente e a custos mais baixos para garantir a competitividade. Em países em desenvolvimento, aços hipoeutetóides são largamente utilizados na construção civil. O conhecimento dos me-canismos de obtenção desses aços, que não possuem em sua composi-ção teores de elemento de liga significativos, podem permitir a elevação de suas propriedades superficiais, a partir de tratamentos térmicos, du-rante o processo de obtenção do produto final. Para o domínio da tec-nologia envolvida, exige-se um profundo conhecimento dos fenômenos que ocorrem durante o processamento desses aços. Com o objetivo de contribuir com o estudo desses fenômenos, este trabalho consistiu em caracterizar as microestruturas resultantes no aço hipoeutetóide SAE 1026, em função de diferentes taxas de resfriamento. Com o objeti-vo de se obter diferentes taxas de resfriamento ao longo do corpo de prova, foi projetado um equipamento para execução do ensaio Jominy (ASTM A-255, 1999), com características específicas para atender o monitoramento de temperatura. Após o resfriamento, o corpo de prova foi submetido a ensaios de dureza e metalográficos para caracterização das microestruturas obtidas e da variação das propriedades mecânicas para diversas taxas de resfriamento.

Palavras-chave

Ensaio Jominy

SAE 1026

Caracterização Microestrutural

Aço hipoeutetóide

1 Engenheiro Metalúrgico, Mestrando Universidade Federal Fluminense - PPGEM.

2 Doutor Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense - EEIMVR UFF.

3 Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA.

4 Universidade Federal Fluminense.

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AbstractThe increase in world steel demand and reduced availability of natural resources have been responsible for the formation of a challenging scenery of development for metallurgical engineering in recent years, charging it to equate the problem of obtaining materials in quantity, quality, in shorter production cycles, without harming the environment and offering lower costs to ensure competitiveness. In developing countries, hypoeutectoid steels are widely used in construction. Knowledge of the mechanisms of obtaining these steels, that do not have in their composition significant levels of alloying element, may allow elevation of its surface properties from heat treatment during the process of obtaining the final product. For the field of technology involved, it requires a deep understanding of the phenomena that occur during the processing of these steels. Aiming to contribute for the study of these phenomena, this work consisted to characterize the resulting microstructure in hypoeutectoid steel SAE 1026 for different cooling rates. Aiming to obtain different cooling rates along the specimen, an equipment was designed to run the Jominy test (ASTM A-255, 1999), with specific features to meet the temperature monitoring. After cooling, the specimen was submitted to hardness and metallographic tests for characterization of the microstructures obtained and the variation of mechanical properties for various cooling rates.

Keywords

Jominy Test

SAE 1026

Microstructural Characterization

Hypoeutectoid steels

1. Introdução

Nas últimas décadas, a produção de aços atingiu valores superiores a 1000 Mt/ano. Ao mesmo tempo, a competitividade cresce no mesmo ritmo que a busca por essa produtivi-dade. Concomitantemente, o nível de qualidade do processo de fabricação desses aços se de-senvolveu consideravelmente. Há o controle de diversos elementos presentes no aço, em níveis de partes por milhão (ppm), o controle e a en-genharia das inclusões não metálicas presentes em frações volumétricas inferiores a 10-4 são acompanhados por projetos micro estruturais sofisticados, em que a composição química e o processamento termomecânico são otimiza-dos, buscando propriedades e desempenho su-periores. Grande parte desse desenvolvimento deve-se a melhor compreensão dos fenômenos envolvidos e a evolução associada à capacida-de de modelar esses fenômenos e os processos (COSTA E SILVA, 2009).

Aços hipoeutetóides são projetados para oferecer melhores propriedades superficiais quando aliados a processos de resfriamentos controlados. Eles não são considerados aços no sentido convencional, pois são projetados para atender propriedades mecânicas superfi-ciais específicas sem adição de elementos de liga, sendo normalmente obtidos como barras

laminadas a quente. Algumas das principais aplicações do aço hipoeutetóide é na fabricação de vergalhões, barras e perfis que têm como característica o aumento da dureza superficial através de tratamento térmico, o que possibilita a sua aplicação em obras de construção civil.

Após a solidificação no lingotamento contínuo, as barras são obtidas e resfriam na-turalmente, aguardando a entrada na planta de laminação a quente, na qual serão enforna-das e mantidas a uma temperatura de 1100°C, para uma completa austenitização (METALS HANDBOOK, 1991).

Conhecendo-se as características da auste-nita formada durante o aquecimento, as cargas de laminação e as taxas de resfriamento, torna--se possível o mapeamento da morfologia e as frações volumétricas dos microconstituintes resultantes, consequentemente, as propriedades mecânicas.

Objetiva-se com este trabalho a carac-terização dos diversos perfis de temperatu-ras obtidas durante o Ensaio Jominy (ASTM A-255,1999) e o comportamento das taxas de resfriamentos em função da dureza e das fra-ções volumétricas dos microconstituintes ob-tido com o afastamento da base do corpo de prova do ensaio (nas posições de 5, 10, 15, 20, 30 e 50mm).

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2. Materiais e Métodos

A definição do aço utilizado, especificação do equipamento para ensaio e a metodologia para coleta e análise dos dados de temperatura são descritas neste item com objetivo de garan-tir a caracterização dos microconstituintes ob-tidos com a variação das taxas de resfriamento.

2.1. Aço Utilizado

O aço empregado nos experimentos foi um aço carbono não ligado hipoeutetóide. Os microconstituintes esperados, com a variação das taxas de resfriamento, são ferrita, perlita e bainita. O material foi obtido em forma de barra de 2” (polegadas) e apresentou, em sua composição, 0,2660% de carbono, 0,7760% de manganês, 0,1920% de silício e elementos resi-duais que o caracterizou como SAE 1026.

2.2. Equipamento para Ensaio Jominy Monitorado

Foi construído um equipamento de ensaio Jominy com determinadas características para garantir a aplicação da ASTM A-255,1999, conforme temas desenvolvidos por diversos au-tores, entre eles Xavier, em 2009, porém com o diferencial de atender o monitoramento da temperatura por termopares durante o resfria-mento, conforme se pode observar nos detalhes do projeto (figura 1): uma entrada frontal para suporte e posicionamento dos termopares, en-trada frontal no suporte de resfriamento e pino estabilizador do corpo de prova.

Figura 1- Equipamento de Ensaio Jominy Monitorado

2.3. Posicionamento dos Termopares

Foram confeccionados corpos de prova, conforme ASTM A-255 (1999) e furos foram posicionados a partir da base (onde recebe o jato de água para resfriamento) em 5, 10, 15, 20, 30 e 50 mm, de formar obter-se um maior nú-mero de taxas em um único ensaio.

Bortoleto (2010) utilizou Ensaio Jominy, monitorando com termopares do tipo “k” de 1 mm de diâmetro e o corpo de prova de aço SAE 4140 em três posições: no topo, meio e base, onde, para obtenção de várias taxas de resfria-mento, variou-se a vazão de água do ensaio. Oliveira et al. (2010) monitorou o resfriamento de um cilindro de aço SAE 4140 de 50,8 mm de diâmetro e 150 mm de comprimento nas po-sições central e a 1 mm da superfície, onde a obtenção das taxas foram por resfriamento ao ar e por imersão em água.

2.4. Aquecimento e Monitoramento

O corpo de prova foi enfornado a uma tem-peratura de 950 oC e após 30 minutos atingiu a temperatura de austenitização. Após a equali-zação da temperatura, o corpo de prova enchar-cou por 45 minutos, à temperatura de 950 oC e foi desenfornado e submetido ao resfriamento no equipamento de Ensaio Jominy Monitorado. As temperaturas foram medidas em função do tempo, com termopares do tipo K que enviaram para um registrador digital de dados modelo ALMENO 2890-9 da Ahlborn, a uma frequên-cia de 1 Hz. Os dados foram enviados ao soft-ware/interface gráfica, AMR WinControl, que permite a observação do ensaio.

2.5. Medição de Dureza

O corpo de prova foi usinado e rebaixado em 0,9 mm na direção radial em 4 pontos di-ferentes, para cada posição de termopar, com objetivo de se obter oito pontos de dureza por termopar. Foi utilizada a escala Vickers para obtenção, onde se obteve a média e o desvio pa-drão. A carga utilizada foi 294 N (30 Kp), com um tempo de 20 s de aplicação, conforme nor-ma NBR 6672.

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2.6. Preparação das Amostras

A preparação das amostras, os ataques para análises metalográficas (DEL SANT, 2010) e a estimativa das fases transformadas por análise de imagem foram as etapas que compuseram esse tópico. Para análise metalo-gráfica, fez-se necessário o corte do corpo de prova em planos radiais centralizados no meio dos furos, que previamente alojaram os termo-pares. Após o seccionamento do corpo de pro-va, foram obtidas 6 (seis) amostras. Para facili-tar o manuseio, foram levadas ao embutimento a quente (baquelite), com pressão de 12 KN por um período de 7 minutos. Para lixamento da amostra, foram utilizadas lixas de carbeto de si-lício (SiC) para preparação inicial da superfície em sequências #100, #320, #500, #800 e #1200, em lixadeiras semiautomáticas por via úmida. Foi adotado o procedimento de lavar a amostra em água corrente e girá-la em 90º a cada troca de granulometria de lixa.

Politrizes rotativas semiautomáticas foram utilizadas para polimento através de pano de feltro e abrasivo polidor de alumina (Al2O3), em granulometrias de 1,0, 0,5 e 0,3 µm. As amos-tras foram polidas em movimentos circulares contrários à direção de rotação do pano, em or-dem decrescente de granulometria, sendo lava-das a cada mudança de granulometria.

2.7. Caracterização Microestrutural

O primeiro ataque foi com o reagente Ni-tal, composição corresponde a 3% ácido nítrico (HNO3) e 97% de álcool etílico. O ataque foi feito por imersão, utilizando-se um recipiente chamado vidro de relógio. A imersão para reve-lação foi o tempo suficiente para o desapareci-mento do aspecto brilhante.

O segundo ataque foi o Le Pera, que é composto por duas soluções em partes iguais: Metabissulfito de Sódio, concentração de 1% diluído em água e ácido pícrico, em concentra-ção de 4% diluído em etanol, aplicados em aços multifásicos de alta resistência. Esse ataque tem por finalidade revelar a ferrita com tonalidade castanho-amarelada, bainita preta ou marrom escura e martensita com a austenita retida, na cor branca.

Após o ataque com o reagente Le Pera, as amostras que revelaram bainita foram nova-mente atacadas com Nital, polidas e submetidas ao Microscópio Eletrônico de Varredura para a caracterização desse microconstituinte, através da técnica de análise por espalhamento de elé-trons secundários.

2.8. Cálculo da Fração do Microconstituinte

No cálculo da fração volumétrica a meto-dologia utilizada foi a fotomicrografia, através de câmera digital Cybernet para captação das imagens, e processadas no programa de análise de imagem denominado de Image Pro-Plus.

Após ataque de Nital, foram retidas 10 fo-tos para cada amostra e calculadas as frações volumétricas da ferrita (parte clara) e a fração total do conjunto perlita, martensita e bainita (prováveis microconstituintes, parte escura).

Após ataque Le Pera, foram retiradas 10 fotos para cada amostra e calculada a fração vo-lumétrica do microconstituinte bainita.

Com os resultados, foram calculadas as médias, desvio padrão e o erro padrão para cada posição monitorada.

3. Resultados e Discussões

A metodologia utilizada permitiu obter os resultados que, discutidos nesse tópico, si-mulam o comportamento do aço SAE 1026, quando submetido a uma variação de taxas de resfriamento.

3.1. Ensaio Jominy Monitorado

O monitoramento do perfil térmico no En-saio Jominy foi realizado através de instalação de termopares nas posições de 5, 10, 15, 20, 30 e 50 mm, com relação à base do corpo de prova, o que permitiu obter a distribuição de tempera-tura, com diferentes taxas de resfriamento, em função da posição e do tempo durante o proces-so de resfriamento (figura 2).

Em posições mais próximas da base, obser-va-se uma declividade maior da curva de resfria-mento, comprovada pelo cálculo das taxas média de resfriamento (figura 2) obtidas, utilizando-se

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os valores de resfriamento entre 500oC e 800oC (ASM METALS HANDBOOK, 1991).

Observa-se na curva de 50mm, a 700 oC e 100 segundos na figura 2, que existe uma va-riação na curva de resfriamento, tendência de formação de um patamar, devido à geração de calor ocorrida no início da decomposição da austenita. Pode-se observar melhor esse fenô-

meno da decomposição austenítica com maior precisão através da figura 3, na qual é apresen-tada a aplicação de Análise Diferencial Térmica (Cota, 2002) na curva de resfriamento para po-sição de 50mm. Nessa posição a decomposição da austenita se revela em uma descontinuidade da curva, módulo da primeira derivada em fun-ção do tempo, em forma de um vale.

Figura 2 – Curvas de resfriamentos, com respectivas taxas médias (oC/s), obtidas no ensaio Jominy monitorado do Aço SAE 1026 em função da posição (5, 10, 15, 20, 30, 50 mm) com relação a base do corpo de prova, temperatura e tempo.

Figura 3 – Curva do módulo da primeira derivada (│dT/dt│) da curva de resfriamento da posição 50 mm em função da temperatura, destacando uma descontinuidade relativa à geração de calor por mudança de fase.

3.2. Dureza e taxas de resfriamento

A medição de dureza permitiu a obtenção do perfil de dureza observado na Figura 4, onde os valores das durezas e taxas decrescem com o afastamento da base do corpo de prova. Os resultados das durezas obtidas mostram-se coe-

rentes quando comparados com suas respecti-vas taxas de resfriamento. Esse comportamento pode ser explicado por um menor super-resfria-mento, uma maior difusão e uma menor nu-cleação que resulta em uma estrutura de perlita grosseira (mais concentrada e menos dispersa na matriz, menor dureza) e também menor a

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possibilidade de obter-se martensita e bainita, microconstituintes responsáveis pelo acréscimo de dureza (COLPAERT, 2008) e (CALLISTER, 2004).

Figura 4 – Gráfico da variação da dureza e da taxa média de resfriamento em função do afastamento da base do corpo de prova do ensaio Jominy monitorado.

como pode-se observar na figura 5 para posição de 5mm. Analisando o comportamento entre as frações volumétricas dos microconstituintes correlacionadas com as taxas de resfriamento (figura 6), pode-se afirmar que quanto maior a taxa de resfriamento, maior será a fração de per-lita e bainita e menor será a ferrita pró-eutetóide, completamente de acordo com fenômeno de nu-cleação e crescimento (COLPAERT, 2008), no qual quanto maior o super-resfriamento (taxa de resfriamento) maior será a formação de núcleos e menor será a difusão, propiciando assim o refino e a dispersão da perlita pela matriz, contribuindo para o aumento da dureza (tabela 1) também ob-servado por Filho, 2004.

3.3. Caracterização Microestrutural

De acordo com afastamento da base do corpo de prova, variações da morfologia e das frações dos microconstituintes (ferrita, perlita e bainita) foram observadas. Conforme se afasta da base do corpo de prova, decresce a taxa média de resfriamento, a ferrita se modifica de acicular para uma morfologia equiaxial e sua fração vo-lumétrica assume um comportamento crescente, bem como, a perlita se modifica de uma morfo-logia fina para uma grosseira e sua fração volu-métrica assume um comportamento decrescente. Outro microconstituinte, a bainita, que é decres-cente, foi encontrado nas posições de 5 e 10 mm,

Figura 5 –Fotomicrografia SAE 1026. Em destaque o microstituinte Bainita. À esquerda, revelado com Le Pera , posição 5mm (ampliação 1000X- microscopia ótica). À direita, revelado

com Nital, posição 5mm (ampliação 5000X- Microscopia Eletrônica de Varredura).

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Figura 6 – Gráfico da variação da fração volumétrica dos microconstituintes formados e da taxa média de resfriamento em função do afastamento da base do corpo de prova no ensaio Jominy monitorado.

Tabela 1 – Resultados de fração volumétrica dos constituintes, dureza e taxa média obtidos no ensaio Jominy monitorado do aço SAE 1026.

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5 63,55 1,03 30,24 1,03 6,21 0,82 206 27,010 60,87 1,37 34,50 1,26 4,63 0,73 187 13,415 61,29 2,17 38,71 2,10 0 0 182 8,320 54,41 1,14 45,59 1,18 0 0 173 6,030 35,01 0,71 64,99 0,71 0 0 166 3,750 32,63 1,09 67,37 1,14 0 0 164 2,1

4. Conclusões

O monitoramento da temperatura durante o ensaio Jomimy resultou em um eficiente método de simulação experimental para caracterização dos microconstituintes, decorrentes da variação das taxas de resfriamento e como consequência da variação das propriedades mecânicas.

O equipamento projetado apresentou-se eficiente para simulação de várias taxas de res-friamento em um único experimento, sem per-das de dados e sem variação dos paramentos do ensaio (vazão de água, posicionamento do cor-po de prova e mudança do meio refrigerante), o que garante uniformidade e repetitividade dos experimentos.

As frações volumétricas da ferrita apre-sentaram-se crescente com a redução das taxas de resfriamento e sua morfologia variou de aci-cular até equiaxial.

As frações volumétricas da perlita apre-sentaram-se decrescente, com a redução das taxas de resfriamento e sua morfologia variou de perlita fina e bainita, perlita fina até perlita grosseira.

Com relação às propriedades mecânicas, a dureza reduziu com o decréscimo das taxas de resfriamento.

Observou-se a geração de calor devido à decomposição da austenita na posição de 50mm com relação à base do corpo de prova do ensaio.

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Recebido em 03/2014

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

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Estudo de modelo matemático do comportamento oscilatório em processos contínuos de fermentação alcoólica com Zymomonas mobilis

Study on mathematical modelling of oscillatory behavior in a continuous alcoholic fermentation process using Zymomonas mobilis

Bruno Chaboli Gambarato 1,2

Samuel Conceição de Oliveira³

ResumoNeste trabalho, foi estudado o modelo matemático oscilatório proposto por Daugulis et al. (1997) referente a um processo contínuo de fer-mentação alcoólica, de modo a compreender sua estrutura, variáveis, fenômenos e hipóteses postuladas. O estudo foi realizado de modo a compreender como os mecanismos de inibição por produto e substrato, e como os mecanismos adaptativos do microrganismo são levados em consideração no modelo, resultando no comportamento oscilatório de-sejado. Por fim, foram realizadas simulações com perturbações do tipo degrau na taxa de diluição e na concentração de substrato na alimenta-ção, de modo a extrapolar o comportamento do modelo.

Palavras-chave

Modelagem

Fermentação Alcoólica

Comportamento Oscilatório

AbstractIn this work, the mathematical model developed by Daugulis et al. (1997) to explain the oscillatory behavior in a continuous fermentation process was studied, in order to understand its structure, variables, phenomena and postulated hypothesis. The study was carried out in order to understand the way that inhibition for product and substrate, and the adaptation mechanisms are considered in modeling, resulting in the intended oscillatory behavior. Finally, simulations with step perturbations in dilution rate and feed substrate have been made, in order to surpass the behavior of the model.

Keywords

Modeling

Alcoholic Fermentation

Oscillatory Behavior

1 Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA - Cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental.

2 Departamento de Biotecnologia – Escola de Engenharia de Lorena – USP - [email protected]

3 Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara - UNESP - [email protected]

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1. Introdução

O estudo do comportamento dinâmico de sistemas microbianos é um requisito necessário para o estabelecimento e manutenção do estado estacionário de processos industriais contínuos, pois estes processos nunca estão livres de flutua-ções nas variáveis de entrada (Oliveira, 2000).

A análise do comportamento dinâmico de um cultivo contínuo de microrganismos envol-ve necessariamente a observação da resposta transiente das variáveis dependentes (concen-trações de biomassa, de substrato residual e de produto) quando as variáveis independentes (taxa de diluição, concentração de substrato na alimentação, etc.) são perturbadas a partir de um estado estacionário ou quando da partida desses processos (Ferraz e Rodrigues, 2011). As perturbações podem ser do tipo degrau, rampa, pulso, onda senoidal ou quadrada. Entretanto, a maioria dos trabalhos publicados tem inves-tigado o comportamento dinâmico de culturas contínuas, resultante de perturbações do tipo degrau na taxa de diluição (Bai et al, 2008; Phi-salaphong et al, 2006; Comberbach et al, 1987; Bailey e Ollis, 1986).

Tradicionalmente, os processos fermen-tativos são modelados por meio de equações de balanço material e energético, juntamente com equações de taxas específicas de crescimento microbiano, consumo de substrato e formação de produto. Enquanto que as equações de balanço material e energético são razoavelmente fáceis de serem desenvolvidas, a complexidade e a não-li-nearidade dos mecanismos de crescimento micro-biano fazem com que as taxas específicas sejam normalmente descritas por equações empíricas, as quais são formuladas a partir de um extenso trabalho de coleta de dados e posterior tratamento matemático (Bonomi e Schmidell, 2001).

Os modelos cinéticos de processos fer-mentativos podem ser classificados, quanto ao número de componentes usados na represen-tação celular, em modelos estruturados e não estruturados. Nos modelos não estruturados, o material celular é representado por apenas uma variável, que pode ser, por exemplo, a massa celular ou o número de células, sem conside-rar variações de componentes intracelulares, ou usar tais variações na previsão do comporta-mento cinético do processo. Nos modelos estru-

turados, as células são descritas com maiores detalhes, considerando, por exemplo, compo-nentes intracelulares, permitindo descrever o estado das células e sua adaptação às mudanças do meio ambiente (Bonomi e Schmidell, 2001).

A utilização de Zymomonas mobilis na fer-mentação alcoólica de hexoses e pentoses tem despertado interesse biotecnológico em pesquisa-dores e produtores há mais de 20 anos. Isso por-que a produção de etanol por essa bactéria se dá pela via metabólica Entner-Doudoroff e produz bons resultados de rendimento (Agrawal et al, 2011). Nos últimos anos, o genoma dessa bactéria foi sequenciado por Seo et al (2005), aumentando o interesse científico e tecnológico no desenvol-vimento de processos de geração de etanol utili-zando Zymomonas mobilis (Tao et al, 2005; Ro-gers et al, 2007). Recentemente, duas patentes de processos industriais aplicando essa bactéria em processos fermentativos foram concedidas (Chen e Agrawal, 2012; Chen et al, 2009).

Um fato observado em fermentações al-coólicas contínuas utilizando Zymomonas mo-bilis é a ocorrência peculiar de oscilações nas concentrações de substrato, biomassa e produto sob certas condições de fermentação (McLel-lan et al, 1999; Bruce et al, 1991; Ghommidh et al, 1989). Mais especificamente, há períodos em que a produção de etanol diminui e, con-sequentemente, há um aumento de substrato residual, resultando em perdas não aceitáveis para o processo. Tal comportamento oscilatório foi verificado em trabalhos envolvendo fermen-tação alcoólica por Saccharomyces cereviseae (Perego Jr, 1979) e no processo de produção de reuterina por Lactobacillus reuteri (Rash et al, 2008). Foi proposto que, no caso da fermenta-ção alcoólica, essas oscilações estariam ligadas ao efeito inibitório do etanol, que agiria alteran-do a composição e a fluidez da membrana, ini-bindo, dessa maneira, reações enzimáticas im-portantes como o transporte mediado e sínteses metabólicas (Ceccato-Antonini, 2010).

Ghommidh et al (1989) modelaram o com-portamento oscilatório de Zymomonas mobilis em cultura contínua, considerando o efeito ini-bitório do etanol como causador das oscilações e segregando a população microbiana em três grupos distintos: células viáveis, células não--viáveis (capazes de produzir etanol, mas inca-pazes de se reproduzirem), e células mortas.

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Segundo Jarzebski (1992), embora haja evidentes diferenças entre os diversos proces-sos de fermentação alcoólica, uma caracterís-tica comum que, aparentemente, não tem sido considerada nas descrições teóricas de tais pro-cessos, é o fato de oscilações ocorrerem quando concentrações de substrato na alimentação S0, e consequentemente de substrato residual S, são suficientemente altas enquanto que para valores mais baixos de S0, e portanto de S, os sistemas tendem ao estado estacionário.

Baseado nessas observações, Jarzebski (1992) propôs algumas modificações no modelo desenvolvido por Ghommidh et al (1989), incor-porando a este modelo a hipótese de as oscilações dependerem tanto da inibição causada pelo eta-nol, quanto da inibição causada pelo substrato. As simulações deste modelo obtiveram êxito na descrição dos dados experimentais considerados

Daugulis et al (1997) propuseram um mo-delo em que o tempo de resposta metabólica do microrganismo é considerado. Isso foi feito introduzindo-se um fator na equação da velo-cidade específica de crescimento, o qual incor-pora os mecanismos adaptativos da célula, pon-derando a taxa de crescimento de acordo com o tempo de adaptação à inibição pelo etanol. Por considerar diversos efeitos combinados de inibição, tal modelo pode ser considerado mais completo, descrevendo melhor os mecanismos adaptativos da célula microbiana.

Neste trabalho, o modelo matemático pro-posto por Daugulis et al (1997) foi estudado com o objetivo de melhor entender o comportamento oscilatório observado em processos contínuos de fermentação alcoólica com Zymomonas mobilis. O estudo consistiu na análise da estrutura, va-riáveis, parâmetros, fenômenos e hipóteses do modelo, seguida de simulações computacionais envolvendo variações na taxa de diluição e na concentração de substrato na alimentação.

2. Descrição do Modelo de Daugulis et al (1997)

Baseados em trabalhos anteriores (Li et al, 1995; Li, 1996), Daugulis et al (1997) pro-puseram um modelo não estruturado que con-

sidera o tempo de adaptação do microrganismo às mudanças nas condições ambientais. Para isso, introduziram o conceito de taxa dinâmica de cres-cimento específico, o qual incorpora o mecanis-mo adaptativo da célula, ponderando a taxa espe-cífica de crescimento pelo tempo de resposta às mudanças no ambiente. Tal conceito implica uma situação na qual as células exibem uma taxa de crescimento menor ou igual à taxa de crescimen-to caracterizada pelas condições instantâneas da cultura, sendo um reflexo das condições de um tempo passado. A partir deste conceito, elaborou--se um modelo para descrever o comportamento oscilatório em processo contínuo de fermentação alcoólica empregando Zymomonas mobilis.

Em tal modelo considera-se que as células são incapazes de responder instantaneamente às mudanças no meio e que há um atraso na res-posta metabólica do microrganismo, ou seja, há uma pequena diferença de tempo entre a mu-dança no meio e a resposta metabólica. Dessa forma, o efeito do aumento na concentração de etanol torna-se mais acentuado para o micror-ganismo, sendo necessária a inclusão de um termo, Z, que é uma média ponderada da taxa de variação da concentração de etanol no meio com o tempo de atraso da resposta metabólica:

Nesta equação, o termo que pondera a con-centração de etanol num tempo passado é ψZ(τ), o qual é dado pela equação:

onde τ é o tempo no passado e t é o tempo corrente.

O máximo de ψZ(τ) ocorre quando τ=t-1/β, ou seja, 1/β h antes do tempo atual. Em outras palavras, a mudança na concentração de etanol que ocorre 1/β h antes do tempo atual tem maior significância. O parâmetro β indica, portanto, a magnitude do tempo da resposta metabólica.

De modo a facilitar a estimativa dos parâ-metros, uma função hiperbólica fμ(Z(t)) foi pro-posta como uma aproximação do efeito de Z(t) no crescimento celular:

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a partir dos dados experimentais, os quais representam a intensidade do efeito de inibição causada pela taxa de mudança na concentração de etanol média ponderada Z(t). Assim, fμ é o fator de inibição a ser introduzido na expres-são da taxa dinâmica de crescimento específico μ(S,P,Z), definida como:

A equação adotada para μ(S,P) foi propos-ta por Veeramallu e Agrawal (1990):

A velocidade de formação de produto QP foi descrita utilizando-se a equação de Lee e Rogers (1983):

Dessa forma, as equações que compõem o modelo proposto por Daugulis et al (1997) são as seguintes:

Tal modelo foi proposto para descrever oscilações forçadas, ou seja, experimentos em que etanol exógeno foi adicionado, de modo a forçar a inibição. Os termos De, Pe e σ(t) re-presentam esta porção exógena de etanol. Para oscilações forçadas tem-se que σ(t)=1 e para oscilações não forçadas (naturais) tem-se que σ(t)=0. Como o objetivo do presente trabalho é estudar a ocorrência de oscilações não for-çadas, as equações de balanço de massa foram simplificadas às seguintes formas:

As equações referentes a e são re-

sultantes da diferenciação de Z(t) em relação a t, onde W(t) é uma variável intermediária, a qual é também uma média ponderada da taxa de mu-dança da concentração de etanol prévia:

onde:

Para a simulação das curvas, Daugulis et al (1997) utilizaram os parâmetros apresenta-dos na Tabela 1.

Tabela 1 – Valores dos parâmetros usados por Daugulis et al. (1997)Parâmetro Veeramallu e Agrawal (1990) Lee e Rogers (1983)

μmáx (h-1) 0,41

Pob(g.L-1) 50,0

Pma(g.L-1) 217,0

Pme(g.L-1) 127,0

KS(g.L-1) 0,5

Ki(g.L-1) 200,0

Si(g.L-1) 80,0

Kmp(g.L-1) 0,5

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Para esta simulação, D=0,05 h-1, S0=200 g.L-1, Qpmáx=2,2 g.g-1h-1, YP/S=0,495 g.g-1, Z(0)=0 e W(0)=0. Os parâmetros α, β, λ, δ, a e b fo-ram ajustados por Daugulis et al (1997) a estas condições obtendo-se os seguintes valores: α = 11,25; β=0,03178 h-1; λ = 7,586 L. g-1.h; δ=0,515; a = 0,2038 e b = 1,715.

Sendo assim, o presente trabalho apre-senta resultados de estudos sobre o modelo de Daugulis et al (1997), nos quais buscou-se com-preender as hipóteses postuladas na formulação do modelo, bem como sua estrutura. Os estudos foram completados através de simulações nas quais perturbações do tipo degrau na taxa de diluição e na concentração de substrato na ali-mentação foram efetuadas.

3. Materiais e Métodos

A integração numérica das equações propos-tas no modelo foi realizada utilizando-se o método de Runge-Kutta-Gill de 4a ordem com passo variá-vel, desenvolvido em linguagem de programação Fortran. Obteve-se a solução numérica de cada modelo para as diversas condições simuladas.

Visando verificar a extensão da aplicabili-dade do modelo e extrapolar o comportamento oscilatório num processo contínuo de fermenta-ção, foram realizadas perturbações do tipo degrau nas variáveis taxa de diluição e concentração de substrato na alimentação. A análise dos resultados obtidos a partir dessas perturbações foi utilizada para melhor entender tanto o comportamento os-cilatório do processo quanto para verificar a vali-dade das hipóteses assumidas no modelo.

4. Resultados e Discussão

As Figuras 1 e 2 mostram o comportamen-to das variáveis de estado segundo o modelo de Daugulis et al (1997) para os valores de refe-rência da taxa de diluição e da concentração de substrato na alimentação. Oscilações não amor-tecidas são observadas para as variáveis de es-tado e o modelo foi capaz de reproduzir, com sucesso, o comportamento dos dados experi-mentais de Ghommidh et al (1989), validando, assim, o conceito de taxa dinâmica de cresci-mento específico introduzido neste modelo.

Figura 1 – Concentração de substrato e produto ao longo do tempo

Figura 2 – Biomassa total ao longo do tempo

As perturbações do tipo degrau na taxa de diluição e na concentração de substrato na alimen-tação foram introduzidas na simulação para tempos de integração superiores a 200 h.

Os perfis de concentração de produto, substrato e biomassa obtidos nestas simulações são mostrados nas Figuras 3 a 12.

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Figura 3 – Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na taxa

de diluição (D) de 0,05 para 0,15 h-1

Figura 4 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na taxa de diluição (D) de 0,05 para 0,15h-1

Figura 5 – Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau em D de 0,05 para 0,10 h-1 (ampliação do horizonte de integração)

Figura 6 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na taxa de diluição (D) de 0,05 para 0,10h-1 (ampliação do horizonte de integração)

Figura 7 – Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na taxa

de diluição (D) de 0,05 para 0,07 h-1

Figura 8 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na taxa de diluição (D) de 0,05 para 0,07 h-1

Figura 9 – Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na taxa

de diluição (D) de 0,05 para 0,02 h-1

Figura 10 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na taxa de

diluição (D) de 0,05 para 0,02h-1

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Figura 11 – Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na taxa

de diluição (D) de 0,05 para 0,01 h-1

Figura 12 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na taxa de

diluição (D) de 0,05 para 0,01h-1

Observa-se que quando D é alterado de 0,05 h-1 para 0,15 h-1, o processo migra estavelmente, sem oscilações, para o estado estacionário de la-vagem. A perturbação é suficientemente elevada a ponto de provocar o washout no reator.

Para a perturbação D=0,05h-1 → D=0,1h-1, verifica-se uma transição também estável para um novo estado estacionário no qual muito pou-co etanol e biomassa são produzidos e o subs-trato residual é alto. A taxa de diluição imposta é tal que o tempo de residência para o processo é baixo, limitando substancialmente a conver-são do substrato em etanol e biomassa.

Para perturbações da taxa de diluição para valores menores que o de referência, as oscila-ções tendem a se amortizar e o processo tende a se estabilizar em um novo estado estacionário no qual mais etanol e menos biomassa é pro-duzida. Para a perturbação para o menor valor de D (D=0,05h-1 → D=0,01h-1), a transição para o estado estacionário final ocorre estavelmente, com maior produção de etanol e quase completa conversão do substrato, além de uma pequena formação de biomassa. No novo estado estacio-nário, não se verificam oscilações no comporta-mento das variáveis de estado.

Figura 13 - Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na concentração de

substrato na alimentação (S0) de 200 para 300 g.L-1

Figura 14 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na concentração de substrato

na alimentação (S0) de 200 para 300 g.L-1

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Figura 15 - Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau em S0 de 200 para 250

g.L-1 (ampliação do horizonte de integração)

Figura 16 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau em S0 de 200 para 250 g.L-

1 (ampliação do horizonte de integração)

Figura 17 - Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na concentração de

substrato na alimentação (S0) de 200 para 150 g.L-1

Figura 18 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na concentração de substrato

na alimentação (S0) de 200 para 150 g.L-1

Figura 19 - Comportamento das variáveis de estado para uma perturbação degrau na concentração de

substrato na alimentação (S0) de 200 para 100 g.L-1

Figura 20 – Concentração de biomassa para uma perturbação degrau na concentração de substrato

na alimentação (S0) de 200 para 100 g.L-1

Com relação às perturbações na concen-tração de substrato na alimentação, observa-se que na grande maioria dos casos, o processo desloca-se para um novo estado estacionário acompanhado por oscilações amortecidas em suas variáveis de estado. O amortecimento das

oscilações ocorre mais rapidamente para aque-las perturbações nas quais a concentração de substrato na alimentação é mudada para valores menores que o de referência.

Para a perturbação S0=200 g.L-1→ S0=100 g.L-1, a transição de estado ocorre sem oscila-

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ções na concentração de substrato e produto, com a concentração de biomassa apresentando um comportamento de difícil classificação.

Para a perturbação S0=200 g.L-1→ S0=250 g.L-1, o processo passa de um estado estacionário para outro com oscilações nas concentrações de etanol, substrato e biomassa, as quais tendem a se sustentar no novo estado estacionário. As os-cilações sustentadas no novo estado estacionário podem ser atribuídas ao fato de que neste estado as condições operacionais são próximas às de re-ferência, para as quais um comportamento osci-latório sustentado foi verificado.

5. Conclusões

Para as condições de referência adotadas de taxa de diluição e de concentração de subs-trato na alimentação, o modelo exibe compor-

tamento oscilatório sustentado para as variáveis de processo. Contudo, perturbações nessas con-dições de referência podem conduzir a compor-tamentos diferentes deste padrão, podendo ser observadas oscilações amortecidas e não amor-tecidas para as variáveis de estado dependendo da situação.

O modelo de Daugulis et al (1997) não faz diferenciação da população microbiana em célu-las viáveis e não viáveis como o faz os modelos de Ghommidh et al (1989) e de Jarzebski (1992) e, no entanto, descreve melhor os mecanismos adaptativos da célula, sendo neste aspecto, um modelo mais robusto que os outros dois.

O modelo estudado pode ser utilizado para a descrição do comportamento oscilatório em fer-mentações alcoólicas contínuas desde que os parâ-metros dos modelos sejam estimados novamente a partir de dados experimentais do próprio processo, adequando-os às condições vigentes de operação.

6. Referências

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SEO, J.S.; CHONG, H.; PARK, H. S.; YOON, K.O.; JUNG, C.; KIM, J.J.; HONG, J.H.; KIM, H.; KIM, J.H.; KIL, J.I.; PARK, C.J.; OH, H.M.; LEE, J.S.; JIN, S.J.; UM, H.W.; LEE, H.J.; OH, S.J.; KIM, J.Y.; KANG, H.L.; LEE, S.Y.; LEE, K.J.; KANG, H.S. The genome sequence of the ethanologenic bacterium Zymomonas mobilis ZM4. Nature Biotechnology. v. 23(1), p.63-68. 2005.

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Estudo microestrutural de uma junta soldada do Aço Inoxidável Super Duplex SAF 2507 pelo Processo TIG

Microstructural study on a welded joint of Super Duplex Stainless Steel SAF 2507 by GTAW Process

Mauro Carlos Lopes Souza¹Alerrandro dos Santos Reis Bighi¹Juan Manuel Pardal²João da Cruz Payão Filho³

ResumoO estudo da microestrutura das juntas soldadas dos aços inoxidáveis super duplex reveste-se de grande importância, devido a sua aplicação crescente na indústria, notadamente naval e de petróleo. Durante a sol-dagem desses aços, há duas ocorrências principais, devido à evolução da microestrutura no processo de resfriamento da junta soldada. A primeira delas é um desbalanceamento entre a ferrita e a austenita. A segunda é a precipitação, principalmente de nitretos de cromo na zona de fusão e na zona termicamente afetada, que não é bom para o aço inoxidável super duplex, pois reduz sua resistência à corrosão e a tenacidade. Essas regiões da solda ficam com uma microestrutura muito diferente do metal de base. Essas ocorrências dependem da composição química do aço e também da história térmica do processo de soldagem. Neste trabalho utilizou-se um tubo de aço super duplex UNS S32750, SAF 2507, soldado circunferen-cialmente, com chanfro em U. A soldagem foi executada pelo processo TIG e o gás de proteção foi uma mistura de 97,5% de Argônio e 2,5% de Oxigênio. Foram executados 8 passes, incluindo o passe de raiz. Usou-se, respectivamente, do passe de raiz até o oitavo passe, as tensões de 10 a 13 V, correntes de 110 a 130 A e velocidade de 5,29 a 10,4 cm/min. Os corpos de prova, retirados da região da solda, foram polidos e atacados com reagente de Vilella. As micrografias obtidas com um microscópio óptico mostraram a microestrutura da zona termicamente afetada e da zona fundida bastante alteradas, tendo ocorrido um desbalanceamento entre as fases ferrita-austenita, devido ao resfriamento rápido. A zona fundida mostra uma extrema modificação na microestrutura, onde há predominância do metal de adição. Em todas as regiões da zona termica-mente afetada e da zona fundida foi constatada uma grande precipitação de nitreto de cromo.

Palavras-chave

Aço Super Duplex SAF 2507

Soldagem TIG

Estudo da Microestrutura

1 Departamento de Processos Metalúrgicos da Universidade Estadual da Zona Oeste - UEZO - [email protected]

2 Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense – UFF

3 Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais - COPPE/UFRJ

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AbstractThe study of the microstructure of the welded joints of super duplex stainless steels is of great importance, due to its increasing application in industry, particularly shipbuilding and oil. During welding of these steels, there are two main events, due to the evolution of the microstructure during the cooling process of the welded joint. The first is an imbalance between the ferrite and austenite. The second is the precipitation of chromium nitrides mostly in the melting zone and the heat affected zone, which is not good for super duplex stainless steel, because it reduces its corrosion resistance and toughness. The microstructure of this welded region become very different of the base metal. These events depend on the chemical composition of steel as well as the thermal history of the welding process. In this work it was used a tube of super duplex steel UNS S32750, SAF 2507, circumferentially welded with bevel U. The welding was performed by GTAW process and shielding gas mixture of 97.5% argon and 2.5% oxygen. 8 passes were executed, including the root pass. Was used, respectively, from the root pass to the eighth pass the voltages between 10 to 13 V, current from 110 to 130 and the speed from 5.29 to 10.4 cm/min. The samples, taken from the weld region, were polished and attacked with Vilella’s reagent. The micrographs taken with an optical microscope revealed the microstructure of the heat affected zone and the weld zone rather altered unbalance occurring between ferrite-austenite phases due to rapid cooling. The fusion zone shows an extreme change in the microstructure, which is more of the filler metal. In all regions of the heat affected zone and fusion zone was observed a high precipitation of chromium nitride.

Keywords

Super Duplex Steel SAF 2507

Gtaw Welding Process

Microstructure Study

1. Introdução

O processo de soldagem é acompanhado por elevados gradientes de temperatura. A soldagem dos aços inoxidáveis super duplex é considerada, com bastante frequência, como uma operação de-licada, que requer grande atenção e experiência do operador. A obtenção de uma junta soldada, com fração de fases bem balanceada e com a me-nor quantidade de precipitados é fundamental nas soldas dos aços duplex e super duplex. Esse proce-dimento envolve um controle preciso dos proces-sos de soldagem, assim como os ciclos térmicos e também o melhor controle da composição quími-ca na poça de fusão, que está diretamente ligada à composição dos materiais de adição utilizados (VASCONCELLOS, et al., 2010).

A composição química dos aços inoxidá-veis duplex e super duplex, recentemente for-muladas, exibem teores mais elevados de ele-mentos de liga. Essa busca por novos aços busca também atender a uma melhora ao processo de corrosão, pois esses aços têm sido amplamente utilizados em ambientes e atmosferas agressi-vas, principalmente na indústria de petróleo e

gás. Mas, como consequência, a precipitação de fases intermetálicas é mais frequente nas sol-dagens desses novos aços (MODENESI, 2000).

Giraldo (2001) e Modenesi (2008), em tra-balhos recentes, estudaram as mudanças mi-croestruturais e todos os seus efeitos, que acon-tecem na Zona Termicamente Afetada (ZTA) das juntas soldadas. Um dos principais problemas na soldabilidade desses aços é o surgimento de trincas induzidas pelo hidrogênio, que é sabida-mente um agente fragilizante. Há também per-da de tenacidade, tanto na Zona Termicamente Afetada (ZTA), como na Zona Fundida (ZF), na soldagem desses aços. O aporte térmico elevado também contribui para esses efeitos. A soldabi-lidade desses aços é também muito afetada pelo teor de carbono presente na liga.

Em um levantamento efetuado por Mode-nesi (2010), em relação ao efeito dos teores de elementos de liga na soldagem desses aços, con-cluiu-se que baixos teores de carbono e teores en-tre 0,25 e 1,5 % de manganês os tornam de mais fácil soldagem, por vários processos utilizados. Para qualquer tipo de soldagem, recomenda-se o uso de eletrodos contendo baixos teores de hi-

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drogênio. As peças devem ser submetidas à pré e pós aquecimento (entre 200oC e 350oC), com o objetivo de alívio de tensões residuais e redução da dureza, pois estas sofrem normalmente um rápido processo de resfriamento.

A microestrutura da ZTA é o resultado das mudanças na estrutura do metal de base, de acordo com os ciclos térmicos e deformações que ocorrem durante a soldagem. Essas carac-terísticas devem ser controladas de modo que as propriedades da junta sejam as melhores possí-veis. Esse controle pode ser exercido através da composição química e, também, pelo ciclo tér-mico durante a soldagem. A composição quími-ca da zona fundida pode ser alterada através do metal de adição. Entretanto, o ciclo térmico é o principal responsável pela microestrutura da ZTA dos aços inoxidáveis e em parte da zona fundida. O número e dimensões dos cordões de solda e seus respectivos ciclos térmicos deter-minam as dimensões, as regiões e a microestru-tura da ZTA (MODENESI, 2010).

Na região chamada Grosseira, a parte do metal de base, na superfície e subsuperfície do chanfro, aquecida acima da temperatura de cres-cimento de grão, resulta numa microestrutura austenítica de grãos grosseiros. Já na região de granulação fina, que é a mais afastada da linha de fusão, a estrutura resultante possui uma gra-nulação fina e com aspecto de tratamento por re-cozimento e normalização. Na região intercríti-ca, a transformação austenítica é parcial que, em seguida, se transforma, produzindo regiões de elevadas dureza, alternando com regiões de bai-xas durezas. A região subcrítica se caracteriza por pequenas alterações microestruturais, mas que podem ser observadas, até mesmo ao mi-croscópio óptico e, a perlita apresenta-se como esferoidizada (CHARLES, 1991).

De acordo com Lancaster (1987), a mi-croestutura final, resultante da transformação da austenita, depende dos teores de carbono e dos elementos de liga do aço. O tamanho de grão da austenita e taxa de resfriamento da região de crescimento de grão, também são relevantes.

Para se investigar a microestrutura da re-gião de granulação grosseira das juntas solda-das dos aços, onde os gradientes térmicos são elevados e afetam o tamanho de grão austení-tico e também sua homogeneidade, utilizam--se, com frequência, os simuladores de ciclos

térmicos, bem como as curvas de resfriamento. Uma análise direta pode também ser realizada com o uso do microscópio de transmissão (HORVART et al., 1995).

Para soldagem, os aços super duplex ne-cessitam ser pré-aquecidos, com temperaturas de, pelo menos, 380oC. Na fase de aquecimen-to, as mudanças microestruturais dependem da dissolução da austenita e os precipitados presentes no metal de base. Um aquecimento rápido retarda a dissolução da austenita e dos precipitados, enquanto que o aquecimento len-to permitirá a completa dissolução da austenita em temperaturas próximas à temperatura sol-vus. Há predominância de crescimento de grãos ferríticos, quando a temperatura solvus é atin-gida (LIPPOLD, et al., 1994).

Durante o resfriamento, abaixo da tempera-tura solvus, iniciam-se as mudanças microestrutu-rais, onde está incluída a recuperação da austenita e a precipitação de fases intermetálicas. O tempo e a velocidade de resfriamento são determinantes nessas transformações (GIRALDO, 2001).

A microestrutura da junta soldada dos aços inoxidáveis apresenta modificações e va-riações importantes, desde a zona de fusão até o metal adjacente à solda na ZTA, onde ocorrem transformações no estado sólido, o que dificulta sua soldagem (MODENESI, 2010).

A composição química e o balanço entre austenita e ferrita, na microestrutura, são de fundamental importância nas propriedades da solda. Esse balanço pode ser ajustado pela al-teração da composição química e pelo controle da temperatura durante o processo de solda-gem. Na ZTA, esse balanço microestrutural, austenita-ferrita será determinado pelo aqueci-mento e resfriamento, pela temperatura máxi-ma atingida e pelo tempo de permanência nessa temperatura. Esses fatores determinantes par-tem de uma análise da espessura do material, da energia de soldagem, da temperatura de pré--aquecimento e da temperatura de interpasses (GIRALDO, 2001).

De acordo com Baeslack e Lippold (1988), no estado sólido, podem ocorrer transformações de dissolução parcial da austenita e dos precipi-tados, durante o aquecimento, bem como a re-cuperação de austenita e precipitados durante o resfriamento em contornos de grãos ferríticos e, até mesmo, em sítios intergranulares.

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À temperatura ambiente, a quantidade de ferrita presente na ZTA é função da velocidade de resfriamento, no intervalo de temperatura de cerca de 1200 oC e 800 oC. Dessa maneira, quando se aumenta a velocidade de resfria-mento, o teor de ferrita é aumentado. Terasa-ki e Gooch (1995) verificaram que o tempo de resfriamento, nesse intervalo de temperatura, para as transformações ferrita-austenita, pode ser previsto, usando-se a mesma equação usa-da para os modelos de fluxo de calor existen-tes. O erro encontrado por esses autores é de aproximadamente 15 %, com relação às medi-das experimentais encontradas por Baeslack e Lippold (1988). Os autores também verificaram que a composição da austenita e da ferrita é função da velocidade de resfriamento. Para ve-locidades mais rápidas, a austenita e a ferrita têm composições idênticas. Todavia, para velo-cidades mais baixas de resfriamento, a transfor-mação é controlada por difusão e as fases apre-sentam variações nas composições.

Ao aplicarem ciclos térmicos a um aço duplex, usando temperaturas entre 20oC e 900oC, Horvart et al., (1995) concluíram que a fração volumétrica e a estrutura dos grãos de austenita e ferrita perma-

necem inalteradas pelos ciclos térmicos. Em uma solda multipasse, o contínuo reaquecimento, geral-mente, promove o aumento da fração de austenita. O teor de ferrita é maior, quanto mais próximo se estiver do centro do cordão de solda em questão (GÓMEZ DE SALAZAR et al.,1998).

Para se evitar a precipitação de outras fases na zona termicamente afetada, é recomendado que o limite de tempo de resfriamento seja re-duzido para cerca de 20 segundos. A aplicação dessa recomendação é imprescindível quan-do se praticam soldagens em chapas delgadas (FOLKHARD, 1988).

No presente trabalho, buscou-se realizar uma correlação entre as diferenças microestruturais en-contradas entre metal de base (MB), a zona termica-mente afetada (ZTA) e a zona fundida (ZF) do aço inoxidável super duplex UNS S32750 (SAF 2507).

2. Materiais e métodos

O aço super duplex SAF 2507 utilizado foi um tubo sem costura de 200 mm de diâmetro e 10 mm de espessura de parede. Sua composição química (% massa) é mostrada na tabela 1.

Tabela 1 – Composição química do aço super duplex SAF 2507 (% massa)Fe C Cr Mo Ni N Mn P S Si

Bal. 0,02 24,8 3,9 6,9 0,27 0,51 0,03 0,001 0,32

Tabela 2 – Composição química dos eletrodos consumíveis (% massa).

Local Eletrodo Fe C Cr Mo Ni N Mn P S Si

R ER 2594 Bal. 0,018 24,9 3,64 9,2 0,25 0,64 0,028 0,001 0,36

E-A ER 2594 Bal. 0,027 25,1 3,72 9,1 0,24 0,73 0,021 0,001 0,32

Os corpos de prova foram retirados do tubo soldado, circunferencialmente, pelo processo TIG.

Para a soldagem, as duas partes do tubo fo-ram chanfradas em U. A soldagem foi executa-

da em 8 passes, com intervalos de aproximada-mente 2 horas entre cada um, para permitir um resfriamento lento. Um esquema dos 8 passes é mostrado na figura 1.

A tabela 2 exibe a composição química (% massa) dos eletrodos consumíveis, dos metais de adição, utilizados no passe de raiz (R) e nos passes de enchimento (E) e acabamento (A), utilizados na soldagem TIG.

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Figura 1 – Desenho esquemático da distribuição dos 8 passes realizados na soldagem.

A tabela 3 mostra todas as variáveis que foram utilizadas no processo de soldagem, para cada passe nas três camadas, onde está incluído o passe de raiz (numero 1).

Tabela 3 – Valores das variáveis da soldagem para os passes, nas três camadas.

Processo Passe Camada Tensão(V)

Corrente(A)

Velocidade (cm/min)

Energia(kJ/mm)

GTAW 1 1 10 110 5,29 1,28GTAW 2,3,4 2 12 122 8,11 0,95GTAW 5,6,7,8 3 13 130 10,40 0,86

Como pode ser visto na tabela 3, o processo TIG foi utilizado tanto no passe de raiz, como nos demais passes de enchimento e acabamento.

O gás de proteção utilizado foi uma mistu-ra constituída de 97,5 % de Argônio e 2,5 % de Oxigênio. A vazão da mistura de gases oscilou entre 14,5 e 15 l/min. No passe de raiz foi utili-zado o Nitrogênio como gás adicional de prote-ção, com uma vazão de 22 l/min.

A soldagem foi realizada utilizando-se cor-rente contínua com polaridade negativa (CC-).

Para realização da microscopia óptica, os corpos de prova foram submetidos aos lixa-mentos usuais, usando-se lixas com a sequên-cia desde 100 Mesh até 600 Mesh. A seguir os corpos de prova foram polidos com pastas de alumina com granulometria de 0,5 μm e 0,1 μm e o acabamento final, com pastas de diamante de 6,0, 3,0 e 1,0 μm, sequencialmente.

Finalmente, os corpos de prova foram ata-cados com Reagente de Vilella (10 ml de meta-nol; 5 ml de HCl e 1 g de ácido pícrico – 2,4,6

– trinitrofenol, sob agitação), que forneceu o contraste necessário.

As imagens observadas da microestrutura da região da junta soldada foram obtidas com o Microscópio Óptico Leica DMRM e o Micros-cópio Óptico Olympus GX71.

3. Resultados e discussão

Numa análise inicial da região do metal de base, nas proximidades da ZTA verifica-se que microestrutura não apresentou mudanças signi-ficativas (Figura 2). Pode ser visto, com clareza, pela textura do material, o alongamento das es-truturas ferríticas e austeníticas, a direção de ex-trusão do tubo de aço original do corpo de prova. A austenita apresenta estruturas alotriomórficas, ou seja, com formato assimétrico, que se forma por difusão através da ferrita. A ferrita (regiões mais claras da figura 2) apresenta uma estrutura de ripas, semelhantes à ferrita de Widmanstätten.

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Figura 2 – Microestrutura do metal de base, com aumento de 500x, obtida ao microscópio óptico.

A figura 2, obtida com um microscópio óp-tico, com aumento de 500x, exibe uma microes-trutura cristalina de austenita e ferrita, com os grãos de ferrita contornados por austenita. Os pontos pretos na imagem não fazem parte da microestrutura do material. São, provavelmen-te, defeitos causados durante o ataque com o Reagente de Vilella, no preparo da superfície.

A figura 3, obtida com aumento de 50x, tam-bém no microscópio óptico, mostra quatro regiões distintas de maior interesse. A região mais à es-querda corresponde à microestrutura do metal de base da amostra soldada. Apresenta, como visto na figura 2, uma microestrutura cristalina de aus-tenita e ferrita. No centro da figura 3, uma faixa (de cima até embaixo) exibe a zona termicamen-te afetada (ZTA). A imagem mostra, nessa faixa, uma região com a microestrutura bastante alte-rada pelo excesso de calor, mostrando que houve aumento do tamanho de grãos por coalescimento.

Após a formação da austenita alitriomorfa, a austenita de Widmanstätten nucleou-se nos con-tornos da ferrita ou da austenita alitriomorfa pré--existentes. Observa-se também dentro dos grãos de ferrita, austenita nucleada intergranularmente. Os contornos da ferrita mostram-se decorados com camadas contínuas de austenita policristalina.

Nessa mesma figura, a zona limítrofe entre a ZTA e a Zona Fundida (ZF) mostra extrema al-teração na microestrutura. À esquerda da figura 3, encontra-se a zona fundida, onde há predomi-nância do metal de adição e uma microestrutura completamente alterada em relação à do metal de base e da ZTA. Vale ressaltar que a observa-ção da junta soldada, mostrada na figura 3, foi feita imediatamente no pós solda, ou seja, sem nenhum tratamento térmico para melhorar e cor-rigir a microestrutura da zona fundida.

Figura 3 – Interface do metal de base com a zona fundida, com a sequência, da esquerda para a direita:

metal de base; zona termicamente afetada e zona fundida, obtida ao microscópio óptico (50x).

Os passes de enchimento do chanfro, em geral, são executados com temperaturas cres-centes e essa prática foi adotada no presente tra-balho. A figura 4, obtida com microscópio óp-tico, com aumento de 200x, mostra a interface entre dois passes de cordões de solda que foram executados, com temperaturas diferentes. Aci-ma da linha de separação entre dois cordões de solda, o teor de austenita é bem maior, decor-rente do maior aporte de calor, originando um resfriamento mais lento. Já na parte inferior dos cordões, é possível visualizar que o passe foi executado com menos calor, formando, assim, menos austenita. Nessa região, há ilhas escuras de nitreto de cromo precipitado, vistas com cla-reza. Essas constatações foram também feitas por Ramirez et al., (2004).

Figura 4 – Interface entre dois passes, executados com temperaturas diferentes, obtida ao microscópio óptico (aumento de 200x)

4. Conclusão

O presente trabalho permitiu concluir que, quando um aço inoxidável super duplex é sol-

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dado, sua microestrutura local fica bastante alterada. Na zona de fusão e também na zona termicamente afetada ocorre um desbalancea-mento entre as fases ferrita-austenita, devido ao resfriamento rápido, inerente ao processo de soldagem. O teor de austenita decresce e sua morfologia muda. Após a formação de austenita alitriomorfa, a austenita de Widmanstätten nu-

cleia-se nos contornos da ferrita ou da austenita alitriomorfa pré-existente.

Os ciclos térmicos de soldagem são se-veros e mudam o equilíbrio entre ferrrita e austenita, inibindo a difusão. As micrografias mostraram que há uma grande precipitação de nitreto de cromo na zona termicamente afetada e na zona fundida.

5. Referências

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Recebido em 02/2014

Aprovado em 04/2014

Aspectos legais da recategorização de uma unidade de conservação – o caso do Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá (Volta Redonda/RJ)

Legal aspects of the recategorization of a conservation - the case of the Municipal Natural Park Farm Santa Cecilia of Inga (Volta Redonda/RJ)

Francisco Jácome Gurgel Júnior¹

ResumoA recategorização de uma unidade de conservação tem previsão na lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e, o município de Volta Redonda, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ma-terializou essa mudança, transformando a Área de Proteção Ambiental, conhecida como Fazenda Santa Cecília do Ingá, em unidade de con-servação do grupo de proteção integral, sendo a nova unidade de con-servação denominada Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá. Essa mudança de categoria requer ações imediatas do órgão gestor, tendo em vista que a unidade criada exige a desapropriação das áreas particulares incluídas em seus limites, a criação de um conselho consultivo e adoção de medidas preventivas, visando à preservação e o uso indireto de seus recursos naturais. Nesta pesquisa, o enfoque paira na criação da antiga e os fatos que se sucederam até a criação da nova unidade, as dificuldades encontradas para materializar as mudanças ne-cessárias, as adequações impostas por lei e os projetos desenvolvidos pelo órgão gestor da unidade.

Palavras-chaves

Recategorização

Unidade de Conservação

Adequações

Abstract

The recategorization of a conservation unit is provided by the law of Conservation Units National System. In the case of Volta Redonda city, the municipality conceived this change through of its Municipal Environment Department, transforming the Environmental Protection Area known as “Fazenda Santa Cecilia do Ingá” in the group of integral protection conservation unit , and the new conservation unit called “Municipal Natural Paque Fazenda Santa Cecilia do Inga”. This change of category demands immediate action by the managing agency in order to solve the problems related to unit created that requires the expropriation of private areas included in its legal limits, the creation of an advisory board and adoption of preventive measures aiming the preservation and indirect use of its natural resources. This paper focus the creation of the old and the new conservation unit, the difficulties found to materialize the necessary changes, adjustments imposed by law and the developed projects.

Keywords

Recategorization

Conservation Unit

Adequacies

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1. Introdução

A criação de áreas protegidas no Brasil remonta ao Código Florestal de 1934, Decreto Federal nº 23.793/34, que instituiu as primeiras áreas protegidas do país com os Parques Na-cionais, as Florestas Nacionais e as Reservas de Proteção Biológica ou Estética (Medeiros, 2005). Posteriormente, surge o Novo Código Florestal, Lei Federal nº 4.771/65, criando os Par-ques Nacionais, as Florestas Nacionais, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Reser-vas Legais (RLs), que não possuem delimitação territorial e são consideradas protegidas somente pelos seus atributos ecológicos. Entende-se por Área de Preservação Permanente a “área pro-tegida nos termos dos artigos 2° e 3º dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a fun-ção ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiver-sidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger

o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL, 1965). Como exemplos de APPs, temos as terras indígenas, os manguezais, a margem dos rios e os topos de morros.

Entende-se Reserva Legal como uma “área localizada no interior de uma proprieda-de ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da bio-diversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas” (BRASIL, 1965).

A Convenção da Diversidade Biológica (CDB) define área protegida como “área defini-da geograficamente que é destinada ou regula-mentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação”. Santilli (2005) ad-voga que a definição de área protegida corres-ponde ao conceito jurídico brasileiro de unidade de conservação, já que não há, no nosso ordena-mento interno, uma definição para esse termo.

Tabela 1. Tipologias atribuídas aos espaços territoriais destinados à proteção dos recursos naturais no Brasil, de acordo com a legislação pertinente.

ESPAÇOS OU ÁREAS PROTEGIDAS

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE (A.P.P.)

TERRAS INDÍGENAS

RESERVA LEGAL (R.L.)

Código Florestal (1965)

UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO (U.C.)

Com 12 categorias

Lei do S.N.U.C. (2000)

TERRITÓRIOS

QUILOMBOLAS

Decreto nº 5758/06 P.N.A.P. (2006)

Fonte: Mussi & Mota, 2006.

No Brasil, a criação e o manejo de unidades de conservação, como define a lei do SNUC, é papel do Estado, que deve ser o condutor da polí-tica de áreas protegidas, cuja maior parte, em ter-mos de quantidade ou área, está sob sua gestão.

Segundo o artigo 2º, item I, da Lei Federal nº 9.985/00 (Lei do S.N.U.C.), unidade de con-servação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legal-mente instituído pelo Poder Público, com ob-jetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.

Outro conceito que merece destaque refere--se aos espaços territorialmente protegidos, de-signados como instrumentos pela lei federal nº

6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente e, posteriormente, são citados pelo texto constitucional no artigo 225º, parágra-fo 1º, item III da Constituição Federal de 1988.

Santilli (2005) enumera como espaços ter-ritorialmente protegidos as categorias de unida-des de conservação elencadas na lei do SNUC, as áreas de preservação permanente, a reserva legal, os biomas constitucionalmente protegi-dos (a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira, previstos no artigo 225, pará-grafo 4º da Constituição Federal de 1988), as cavernas, os sítios arqueológicos, os bens cul-turais tombados, os hortos florestais, jardins botânicos e zoológicos e as reservas da biosfe-ra. O Parque Natural Municipal Fazenda Santa

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Cecília do Ingá, objeto deste estudo, possui no-menclatura equivalente aos Parques Nacionais e Parques Estaduais e tem como objetivo básico a “preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibili-tando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação am-biental e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e turismo ecológico”, conforme disposto no artigo 11 da Lei do SNUC.

De acordo com a pesquisa realizada, o refe-rido parque possui uma represa de água doce que serve de fonte de reserva, pois, embora toda água consumida pela população do Município esteja sendo captada do rio Paraíba do Sul, não se pode descartar a hipótese de um acidente ecológico que a torne imprópria para consumo humano, por contaminação ao tratamento efetuado pelo SAAE, quando então somente restará àquela Autarquia Municipal valer-se da água represa-da no reservatório da Fazenda Santa Cecília do Ingá para o abastecimento à população, especial-mente aos serviços essenciais à sobrevivência de hospitais, escolas, etc. Segundo o art. 3º, VIII, da Lei do SNUC, “proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos” é um objetivo das unidades de conservação.

A partir de 1993, com o objetivo de produ-zirem mudas de espécies arbóreas apropriadas para a arborização urbana, reflorestamento, con-tenção de encostas e recuperação de áreas degra-dadas, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente integrou à Reserva do Ingá ao Horto Municipal.

Hoje, são produzidas no local mais de oito mil mudas por mês, distribuídas pela prefeitura à população, associações, escolas e entidades ecológicas e comunitárias (PMVR, 2010). Com a criação da COORDEMA (Coordenadoria de Meio Ambiente), através da Lei Municipal nº 3.139 de 05/01/95, o executivo municipal incum-be o referido órgão de proteger e fiscalizar a área de proteção ambiental Fazenda Santa Cecília do Ingá, com o auxílio do Grupamento Ambiental da Guarda Municipal de Volta Redonda, instituí-do pelo Decreto Municipal nº 5.752 de 04/11/94.

Os Parques, sejam eles Nacionais, Esta-duais ou Municipais, são de posse e domínio pú-blicos e a visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade. Milaré (2009) cita a criação do Parque Nacional de Itatiaia, em 1937, como a primeira

área protegida no interior do território brasileiro, por influência do Parque Nacional de Yellowsto-ne, primeiro parque nacional do mundo, criado em 1872 nos Estados Unidos. Antunes (2007) assevera que a finalidade dos parques é múltipla, pois servem tanto ao estudo científico quanto ao lazer, sendo o modelo de unidade de conserva-ção mais conhecido pela população em geral.

Dourojeanni & Jorge Pádua (2001) susten-tam que os parques brasileiros são equivalentes aos que existem na maior parte dos países do mundo, sendo a mais antiga e uma das categorias mais bem definidas e mais precisas. Devem ser áreas de grande porte a muito grande, capazes de conter amostras representativas de um ou mais ecossistemas não alterados, ou minimamente alterados, e da biodiversidade que lhes corres-ponda, que, em geral, também incluem fenôme-nos físicos excepcionais ou paisagens de grande valor cênico. Marçal & Dios (2010) sustentam que a situação das unidades de conservação no Brasil é ainda muito precária, pois, além da pou-ca representatividade dessas áreas em relação ao tamanho do país, muitas não foram efetivamente implantadas nem estruturadas, nem tampouco inventariadas adequadamente.

Além disso, as unidades de conservação pre-cisam estar integradas as suas áreas periféricas para evitar seu isolamento genérico e fragmen-tação, que podem levar, aliás, ao fracasso parcial ou total do objetivo de conservação proposto.

Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, 2010), autarquia federal integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), responsável pela gestão das unidades de conservação federais, existem, hoje, no Brasil, 67 Parques Nacionais que cobrem uma área total de 24.705.236,36 hec-tares. O ICMBio (2010) contabilizou a presença de 3.847.267 visitantes no ano de 2009.

No estado do Rio de Janeiro, o Instituto Estadual do Ambiente, órgão seccional inte-grante do SISNAMA, é o responsável pela ges-tão de dez Parques Estaduais (INEA, 2010).

A partir dessa contextualização, define-se como objetivo deste estudo identificar as mudanças advindas da recategorização da unidade de conser-vação por força da legislação ambiental aplicável, bem como relacionar as dificuldades encontradas pelo órgão local gestor da Unidade de Conservação para se adequar à nova realidade proposta.

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2. Material e métodos

O Parque Natural Municipal Fazenda San-ta Cecília do Ingá, objeto de estudo deste tra-balho científico, situa-se no município de Volta Redonda, localizado no Sul do Estado do Rio de Janeiro, no trecho inferior do médio vale do Rio Paraíba do Sul, entre as serras do Mar e da Mantiqueira (PMVR, 2010). Além do Par-que Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá, o município possui uma segunda uni-dade de conservação classificada como Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) que é a Floresta da Cicuta, criada através do Decreto Federal nº 90.792, de 9 de janeiro de 1985. É de relevante interesse destacar que essa unidade de conservação é federal e sua gestão é realizada pelo ICMBio, que possui 131,28 hectares e des-tina-se a proteger e preservar as espécies raras e diversificadas da biota local, conforme disposto no caput do decreto retro mencionado. Vale res-saltar que a ARIE Floresta da Cicuta também é objeto de estudo para futura recategorização, de acordo com o Ofício MPF/PRM/VR/GAB/RCL n.° 263/2009, datado de 11/03/2009 do Minis-tério Público Federal, enviado ao ICMBio, que suscita a mesma em face de suas características originais, da cobertura vegetal e da fauna endê-micas. Segundo parecer de Seabra Filho (2009, n.p.), analista ambiental do órgão supra citado, a justificativa para a proposta de recategorização baseia-se em alguns pontos transcritos a seguir:

A Área de Relevante Interesse Ecológico

da Floresta da Cicuta foi criada pelo

Decreto Federal n.º 90.972 de 09/01/1985,

visando a proteção de um dos últimos

fragmentos de floresta estacional semi-

decidual, cobertura original do Vale do

Paraíba, que praticamente desapareceu, e

a singular fauna que lá encontra refúgio.

Esse tipo de formação florestal só encon-

tra proteção específica em duas unidades

no Estado do Rio de Janeiro: a própria

Floresta da Cicuta e a Estação Ecológica

Estadual de Guaxindiba, lembrando que

mesmo assim trata-se de ambientes com-

pletamente distintos, visto que Guaxindiba

está próximo à foz do Rio Paraíba do Sul,

em altitudes que não ultrapassam 200 me-

tros, enquanto a Cicuta está no médio cur-

so desse rio e em ambiente sub-montano.

Nas palavras do ilustre Professor Pedro

Carauta: "A Floresta da Cicuta encer-

ra a última amostra de mata primitiva do

Médio Paraíba do Sul e uma das três úni-

cas existentes em toda a bacia hidrográfica

desse rio. Apresenta um tesouro de flora e

fauna de valor incalculável como banco

genético para as gerações futuras

O referido ofício sugere a transformação da ARIE “Floresta da Cicuta”, unidade de uso sustentável em Refúgio da Vida Silvestre, uni-dade de proteção integral, categoria prevista no artigo 8º, V e artigo 13 da Lei do SNUC.

Vê-se, portanto, que a recategorização é ins-trumento importante para o Estado que pode ter criado unidades de conservação antes da lei do SNUC sem estudos técnicos preliminares e que podem estar irregularmente categorizadas, já que Houaiss (2001, p. 2798) define recategoriza-ção como “ato ou efeito de tornar a categorizar”.

A figura n° 1 mostra a localização do Par-que Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá em Volta Redonda – RJ.

Figura 1. Localização do Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá em Volta Redonda. Fonte: Empresa de Processamento de Dados, 2009.

Com 211,2. 514 hectares (duzentos e onze hectares, dois mil quinhentos e quatorze ares), a Fazenda Santa Cecília do Ingá é a maior área verde de Volta Redonda, sendo que 90 hectares são cobertos por mata atlântica nativa e trechos reflorestados. A manutenção legal dessa reserva está em proteger a biodiversidade dos ecossiste-

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mas dela inerentes e atuar como reguladora da qualidade do ar da região. Vale ressaltar também que a Fazenda Santa Cecília do Ingá também se reveste de grande importância na preservação dos recursos hídricos, tendo em vista que a mes-ma possui uma represa no interior de sua área.

Decorridos quase 40 anos após a compra da fazenda, o Município de Volta Redonda definiu, através da Lei Municipal nº 2.986, de 27/11/85, a área da Fazenda Santa Cecília do Ingá como de preservação paisagística e ecológica, proibindo sua urbanização. Após a edição desse diploma legal, o município de Volta Redonda promulgou, em 05/04/90, a Lei Orgânica do Município de Volta Redonda que, no seu artigo nº310, enumera o rol de áreas de preservação do meio natural, incluindo a Fazenda Santa Cecília do Ingá. No parágrafo 1º desse mesmo artigo, o Poder Públi-co veda a transferência das áreas públicas muni-cipais a particulares sob qualquer título.

No ano de 1995, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Volta Redonda (IPPU/VR), autarquia da Prefeitura Municipal de Volta Redonda, preocupado com os impactos ambientais causados pela população residente, realizou um estudo no interior da Fazenda San-ta Cecília do Ingá e constatou, através de ca-dastro socioeconômico dos posseiros residentes e usuários da mesma, a existência de 12 (doze) residentes e 10 (dez) usuários. O cadastro ora mencionado tinha como objetivo a retirada dos posseiros e usuários da Fazenda Santa Cecília do Ingá, por força dos diplomas legais, como a Lei Orgânica do município que, no seu art. 298, item II, define que compete ao município: atuar, planejando, controlando e fiscalizando as ativi-dades públicas ou privadas, causadoras efetivas ou potenciais de alterações significativas do meio ambiente e o art. 2º da Lei Municipal nº 2.086, de 27/11/85, estabelece que as áreas pú-blicas de preservação paisagística e ecológica não poderão ser objeto de urbanização.

O Plano Diretor do município de Volta Re-donda, instituído pela lei municipal nº 4.441, de 6 de agosto de 2008, obrigatório para todos os mu-nicípios com mais de 20.000 habitantes, conforme a Lei Federal nº 10.257/01, estabelece o macrozo-neamento do território e, no seu artigo 21, § 4º, define as zonas de preservação ambiental como “aquelas que por suas características representam espaços territoriais especialmente protegidos,

cobertos por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora e proteger o solo”.

Nesse mesmo artigo, são identificadas as Zonas de Preservação Ambiental (Z.P.A.): ARIE Floresta da Cicuta e o Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá. As Zonas de Pre-servação Ambiental (ZPAs) definidas no artigo 21, § 4º, estão visíveis no Anexo IV da Lei Muni-cipal nº 4.441/08 que trata do Plano Diretor.

Conforme definição do art. nº55 do Có-digo Municipal de Meio Ambiente de Volta Redonda (2008), o Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá é uma unidade de conservação de Proteção Integral, destinada a resguardar atributos da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das be-lezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos.

Segundo o art. nº59 do mesmo código, são expressamente proibidos na área do Parque Na-tural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá: práticas de lazer que comprometam potencial-mente ou efetivamente os ecossistemas que in-tegram o Parque Natural; atividades extrativis-tas, agropecuárias e industriais; atividades que ameacem afugentar ou extinguir espécies nati-vas que tem seu habitat nos ecossistemas do Par-que Natural; atividades capazes de provocar ero-são, assoreamento e eutrofização e caça e pesca.

O Parque Natural Municipal Fazenda San-ta Cecília do Ingá foi criado através do decreto municipal nº 10.468 de 18 de novembro de 2005, na gestão do prefeito Gothardo Lopes Netto e o Decreto Municipal nº 11.825/10 revoga o ante-rior, acrescentando o objetivo da referida unida-de: “preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibili-tando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de turismo ecológi-co e de recreação em contato com a natureza”, exigência do Instituto Chico Mendes de Biodi-versidade, tendo em vista a omissão do decreto anteriormente editado. O referido decreto enfati-za que compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente administrar o Parque Natural Fazenda Santa Cecília do Ingá, adotando as medidas ne-cessárias a sua efetiva implantação e proteção.

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A intenção maior da Prefeitura Municipal de Volta Redonda com a recategorização concre-tizada é o aumento do repasse do ICMS Ecológi-co previsto na lei estadual nº 5.100/07, que dispõe sobre o índice de áreas protegidas e que se avalia pelo fator de importância da parcela protegida, pelo grau de conservação da mesma e pela situa-ção da implementação legal da unidade.

3. Resultados e discussão

Até a presente data, a recategorização do Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecí-lia do Ingá não resultou em mudanças neces-sárias que já deveriam ser sido instrumentali-zadas e que justificam sua criação pelo órgão ambiental do município de Volta Redonda.

É mister que se efetive imediatamente a desapropriação das áreas particulares incluídas em seus limites, tendo em vista os impactos am-bientais negativos provocados pela população ali residente e a incompatibilidade de sua per-manência com os objetivos gerais da unidade.

As provas do impacto humano são eviden-tes e elas não excluem as mais primitivas, nem as mais sofisticadas formas de manejo, sustentável ou não, já inventadas, conforme citado em alguns relatórios elaborados pela Secretaria Municipal de Ação Comunitária de Volta Redonda, pelo lixo despejado nos arredores das residências vistoria-das, pelo desmatamento promovido na circun-vizinhança das referidas moradias, pela criação de animais sem autorização e plantio de árvores frutíferas diversas sem aquiescência do órgão ges-tor da unidade. As normas referentes ao uso dos recursos da zona de amortecimento ainda não fo-ram definidas pelo órgão gestor da unidade, nem a definição dos limites da mesma, conforme dispõe o art. nº25 da Lei do SNUC. Não foram realizados estudos técnicos que precedem a criação de uma unidade de conservação e/ou sua recategorização referentes a sua localização, dimensão e os limites adequados para sua instalação, como reza o art. nº22, § 2º da Lei do SNUC.

O Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá ainda

não foi instituído e não existe previsão para sua criação, tendo em vista que a PMVR, por conta de débitos referentes ao FGTS de funcionários públicos municipais, perdeu o prazo para o re-passe da contrapartida de R$ 280.000,00, pro-veniente do Ministério do Meio Ambiente para a elaboração do Plano de Manejo, conforme a proposta nº060467-2010, protocolada junto à Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

Conforme apurado junto à Guarda Munici-pal de Volta Redonda, o Grupamento Ambien-tal foi extinto e as ações de vigilância, guarda e proteção ao patrimônio socioambiental do Par-que do Ingá inexistem e criam condições propí-cias ao desmatamento, caça e degradação dos recursos ambientais da unidade.

4. Conclusões

É imprescindível que se materialize ime-diatamente a desapropriação dos posseiros re-sidentes no interior da unidade de conservação estudada para redução dos inúmeros impactos ambientais negativos que ainda são causados pela população ali residente, conforme apurado pela Secretaria Municipal de Ação Comunitária em relatórios próprios.

O Parque Natural Municipal Fazenda Santa Cecília do Ingá, como a maior unidade de con-servação do município, deveria ser modelo de gestão para a região, tendo em vista sua gran-deza e importância para a conservação da biodi-versidade local, dos recursos hídricos associados e pela manutenção do microclima local. O Plano de Manejo, documento técnico obrigatório, que estabelece o respectivo zoneamento da unidade, ainda não foi elaborado, nem tampouco contrata-da uma equipe com vistas a sua elaboração.

A mera edição de normas pelo Poder Pú-blico Municipal de Volta Redonda não confi-gura a devida atenção com a importância da preservação da maior área verde do município e seus relevantes recursos ambientais agregados, tendo em vista o não cumprimento das mesmas e a morosidade das ações corretivas com vistas ao uso indireto.

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5. Referências

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6. Sítios eletrônicos consultados

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Recebido em 04/2014

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

ArtigoOriginal

Original Paper

Efeito antibacteriano de Camellia sinensis sobre patógenos humanos

Antibacterial effect of Camellia sinensis on human pathogens

Luiz Eduardo Souza da Silva Irineu1 Kelly Carla Almeida de Souza Borges 2

1 Aluno de Graduação do Curso de Ciências Biológicas – UniFOA

2 Professora do Curso de Ciências Biológicas – UniFOA - [email protected]

ResumoO chá verde é uma planta que apresenta diversos efeitos biológicos que o torna um fitoterápico de eficiência comprovada. O presente trabalho teve como objetivo analisar o efeito antibacteriano de três amostras de chá verde em diferentes concentrações, sobre o crescimento de micro-orga-nismos patogênicos de humanos: Staphylococcus aureus, Staphylococ-cus saprophyticus, Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae. O experimento foi conduzido através de diluições em etanol e DMSO, separadamente, nas concentrações 0,5; 1; 1,5; 2; 2,5; e 3 mg/ml de chá verde. Houve formação de halos de inibição de crescimento nos micro--organismos Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Strep-tococcus pyogenes, no entanto, esses micro-organismos foram considera-dos resistentes, já que os halos formados não foram maiores que 15mm, de acordo com o estabelecido pelos padrões internacionais.

Palavras-chave

Atividade Biológica

Chá Verde

Antibacteriano

AbstractGreen tea is a plant that has several biological effects that makes it a herbal medicine with proven efficiency, thus the present study aimed to examine the antibacterial effect of three samples of green tea in different concentrations on the growth of pathogenic micro-organisms human: Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus, Streptococcus pyogenes and Streptococcus pneumoniae. The experiment was conducted using dilutions in ethanol and DMSO separately in concentrations 0.5; 1; 1.5; 2; 2.5; and 3 mg / ml of green tea. There was formation of growth inhibition zones of the micro-organisms Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes and Streptococcus pneumoniae, however, these microorganisms were considered resistant, because the halos formed were no larger than 15mm in accordance with the standards established by the International.

Keywords

Activity

Green Tea

Antibacterial

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1. Introdução

O aparecimento de cepas resistentes de micro-organismos patogênicos se tornou um risco à saúde humana, pois os antimicrobianos usados, muitas vezes, não conseguem combater a patologia, podendo levar a óbito e, ou talvez, à disseminação de uma doença de difícil combate.

No contexto mundial ocorre uma redução nos métodos de combate a micro-organismos, devido ao aumento da resistência aos antimicrobianos (OLIVEIRA et al., 2010). Dessa forma, a Organi-zação Mundial de Saúde (OMS) passou a incenti-var o uso da fitoterapia (MINISTÉRIO DA SAÚ-DE, 2001), ou seja, medicamentos à base de plantas medicinais, nos quais os compostos vegetais têm atividade biológica no organismo humano.

Visando à produção de novos fármacos, a pes-quisa de plantas medicinais e seus efeitos terapêuti-cos vêm crescendo, tornando-se aliada à fitoterapia e à botânica, cooperando assim para a melhoria da qualidade de vida (LORENZI; MATOS, 2008).

Dentre as plantas medicinais mais utili-zadas está o chá verde, extraído de Camellia sinensis, de origem indiana, considerada uma planta promissora que teve seu consumo espa-lhado e bem difundido pelo mundo. É uma das bebidas mais consumidas no mundo, devido ao seu sabor e a atribuição de efeitos favoráveis à saúde humana (SAITO, 2007).

Diversos estudos comprovam que essa planta possui muitos efeitos benéficos à saúde humana, tais como anti-inflamatórios, antio-xidantes, anticarcinogênicos e apoptóticos, hi-poglicemiante e antidiabéticos, dentre outros (SENGER et al., 2010).

O efeito medicinal e o fácil acesso contri-buem para o alto consumo do chá verde, visto que é um produto natural e de baixo custo que contrasta com os altos preços de antimicrobia-nos, que nem sempre podem ser pagos pela po-pulação de baixa renda.

Com isso, o extrato do chá verde passa a ser uma fonte de pesquisa para a análise dos seus efeitos biológicos sobre micro-organismos nocivos à espécie humana, podendo este ser bactericida ou bacteriostático.

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo testar o efeito antibacteriano de amostras de chá verde (Camellia sinensis) no cultivo in vitro de Staphylococcus aureus,

Staphylococcus saprophyticus, Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae, todos considerados patógenos humanos.

2. Materiais e métodos

Os experimentos foram realizados no La-boratório de Microbiologia e no Laboratório de Biotecnologia do Centro Universitário de Volta Redonda - RJ (UniFOA – Três Poços).

Três amostras de chá verde foram utiliza-das para os testes, a saber:

1. Extrato de folhas, em pó, obtido por farmácia de manipulação;

2. Extrato para infusão - comercializado para consumo na forma de chá;

3. Folhas coletadas e trituradas.

Cada amostra de chá verde foi diluída, sepa-radamente, em etanol e DMSO, respectivamente nas concentrações 0,5; 1; 1,5; 2; 2,5 e 3 mg/ml.

Os micro-organismos Staphylococcus au-reus, Staphylococcus saprophyticus, Streptococ-cus pneumoniae e Streptococcus pyogenes foram fornecidos pela Coleção de Micro-organismos de Referência do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da FIOCRUZ.

Os inóculos foram preparados através de suspensões padronizadas pela turbidez equiva-lente ao tubo 0,5 da escala de MacFarland em caldo Mueller Hinton (MH) e cultivados a 37º C, em estufa, no período de 24 horas.

Para a determinação da concentração ini-bitória mínima (CIM), empregou-se o método de difusão em cavidade com ágar, conforme descrita por Deans; Ritchie (1987) e adaptada por Mendonça (2004), a saber: as placas de Pe-tri estéreis foram preparadas com 30 ml de ágar Muller Hinton fundido. Após a solidificação do meio de cultura, pérolas de vidro de 3-4 mm estéreis foram devidamente posicionadas com auxílio de uma pinça esterilizada. Em seguida verteu-se sobre a placa com as pérolas de vi-dro, 30 ml de ágar fundido, contendo 2 mL do inóculo. Para a obtenção das cavidades, após a solidificação do ágar, as pérolas de vidro foram retiradas com o auxílio de uma pinça.

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Para cada teste foram aplicados 10μL de cada concentração do extrato nas cavidades for-madas no meio de cultura. Os testes foram rea-lizados em triplicata e o teste controle foi feito aplicando-se apenas 10μL do respectivo diluente utilizado na cavidade central das placas.

As placas foram incubadas em estufa a 37°C por 24 horas para posterior análise de presença ou não de formação de halos ao redor dos orifícios.

A análise estatística dos dados obtidos foi feita com base na medição do tamanho dos halos forma-dos, empregando-se à análise de variância (ANO-VA) e comparação de médias pelo teste Tukey a 1% através do programa ASSISTAT Versão 7.6 beta

3. Resultados

Não houve formação de halos para os mi-cro-organismos testados com a amostra da far-mácia de manipulação, tanto para a diluição em etanol, quanto para a diluição em DMSO.

A amostra de chá verde comercializada pronta para infusão diluída em etanol mostrou resultado positivo e significativo estatistica-mente (Tabela 1). Houve formação de halos de inibição de crescimento para os micro-organis-mos Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus, sendo os maiores halos obtidos nas con-centrações de 2,5 e 3 mg/ml, respectivamente.

Tabela 1: Formação de halos da amostra de chá verde para infusão diluída em etanol.Médias dos halos em milímetros

CONCENTRAÇÃO S. aureus S. pyogenesControle 0.00000 d 0.00000 c

0.5 mg/ml 0.00000 d 0.00000 c1.0 mg/ml 0.00000 d 0.00000 c1.5 mg/ml 6.86333 c 0.00000 c2.0 mg/ml 7.14000 bc 0.00000 c2.5 mg/ml 7.61667 ab 5.64667 a3.0 mg/ml 7.70000 a 5.11333 b

Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,01)

A mesma amostra de chá verde para infu-são, quando diluída em DMSO, apresentou re-sultado positivo e significativo estatisticamente (Tabela 2), ou seja, houve formação de halos de inibição para a bactéria Streptococcus pneumo-

niae, sendo o melhor resultado na concentração de 3 mg/ml. Não houve formação de halos para nenhum micro-organismo, com as concentra-ções testadas a partir da amostra coletada da par-te aérea de chá verde diluída em etanol e DMSO.

Tabela 2: Formação de halos da amostra de chá verde para infusão diluída em DMSO. Média dos halos em milímetros

CONCENTRAÇÃO S. pneumoniaeControle 0.00000 f

0.5 mg/ml 6.06000 e1.0 mg/ml 7.59000 d1.5 mg/ml 9.76667 c2.0 mg/ml 11.59333 b2.5 mg/ml 12.31333 ab3.0 mg/ml 13.14333 a

Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p< 0,01)

4. Discussão

Não apenas a concentração pode influenciar no efeito antibacteriano, de acordo com Hamilton--Miller (1995), pois a atividade antibacteriana de

chá verde também está relacionada com a quanti-dade de compostos polifenóicos em seu conteúdo.

Muitos dos efeitos benéficos do chá ver-de são resultantes da presença de compostos fenólicos, como a galato 3-epigalocatequina

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(EGCG), composto mais comum do chá verde que, in vitro, é capaz de causar danos a lipos-somas que imitavam as membranas plasmáticas de micro-organismos, de acordo com os experi-mentos de Taylor et al. (2005).

A divergência de resultados entre os testes, de acordo com Moraes-de-Souza et al., (2011), pode ser atribuída ao fato de que amostras das mesmas espécies vegetais podem apresentar diferentes composições químicas e atividades distintas, quan-do obtidas de diferentes marcas comerciais.

Pereira et al. (2009) atribuíram as diferen-ças nos teores de compostos polifenólicos à esta-ção do ano, ao clima e à idade em que as folhas foram colhidas. Sendo assim, os resultados nega-tivos podem ser explicados por alguma influên-cia do fator externo que pode ter influenciado na eficiência dos compostos fenólicos do chá verde testado, como as catequinas, mencionadas na literatura como o princípio ativo do chá verde (Camellia sinensis) mais eficiente no controle antimicrobiano (SCHMITZ et al., 2005).

Apesar do teste com a amostra de chá ver-de para infusão, tanto diluído em etanol quanto diluído em DMSO, ter resultado em halos de inibição, os micro-organismos testados foram classificados como resistentes, pois de acordo com o padrão de referência (NCCLS - National Committee for Clinical Laboratory Standards, 2006) não houve formação de halos maiores que 15mm.

Os resultados obtidos sobre o Staphylo-coccus aureus corroboram com os resultados obtidos por Costa (2009), que analisou o efeito antimicrobiano do extrato de chá verde e obteve inibição do crescimento de S. aureus com a con-centração de 2,5 mg/ml, sendo que, conforme decrescia a concentração, o efeito antimicrobia-no do extrato se tornava menor. Essa correlação foi visível neste trabalho para o Streptococcus pneumoniae, onde se observa que o aumento da concentração de chá verde influi diretamente no tamanho dos halos obtidos.

Embora o chá verde tenha sido eficiente sobre alguns micro-organismos, o mesmo não foi efetivo contra o micro-organismo Staphy-lococcus saprophyticus em nenhum dos trata-mentos utilizados no experimento.

Os resultados corroboram com os da pesqui-sa de Akroum e Lalaoui (2012) que demonstra-ram que o chá verde diluído em etanol não obteve inibição sobre o crescimento de S. saprophyticus.

5. Conclusão

O presente trabalho permitiu concluir que o ex-trato de Camellia sinensis possui potencial antibac-teriano e que este pode variar em função do solvente utilizado no preparo do extrato. Dessa forma, incen-tiva-se o desenvolvimento de pesquisas com subs-tâncias isoladas na busca de alternativas terapêuticas.

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6. Referências Bibliográficas

AKROUM, S.; LALAOUI, K. Antimicrobial activity of some alimentary and medicinal plants. African Journal of Microbiology Research. v. 6, n. 8, p. 1860-1864, 2012.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos. 1ª Ed. 2001, 40 p.

COSTA, E. V. Actividade antimicrobiana de dois extratos vegetais contra S. aureus. 2009, 76 f. Tese (Mestrado em Microbiologia). Universidade de Aveiro, Portugal.

DEANS, S. G.; RITCHIE, G. Antibacterial properties of plant essential oils. International Journal of Food Microbiology. v. 5, n. 2, p. 165-180, 1987.

HAMILTON- MILLER, J. Antimicrobial properties of tea (Camellia sinensis L.). Antimicrobials agents and chemoteraphy. v. 39, p. 2375-2377, 1995.

LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª Ed, Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 2008. 544 p.

MENDONÇA, A. T. Efeito dos óleos essenciais de condimentos sobre o crescimento de Staphylococcus aureus em ricota cremosa. 2004. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais.

MORAES-DE-SOUZA, R. A., et al. Compostos fenólicos totais e atividade antioxidante de chás comercializados no Brasil. B.CEPPA. v. 29, n. 2, p. 229-236, 2011.

NCCLS, “National Committee for Clinical Laboratory Standards,” M100-S16, 2006.

OLIVEIRA, A. C. et al. Resistência bacteriana e mortalidade em um centro de terapia intensiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 18, n. 6, p. 1152-1160, 2010.

PEREIRA, E. P. L.; CUNHA, M. L. R. S. Avaliação da colonização nasal por Staphylococcus spp. resistente à oxacilina em alunos de enfermagem. Jornal Brasileiro de Patologia Medica e Laboratorial. v. 45, n. 5, p. 361-369, 2009.

SAITO, S. T. Estudo químico e avaliação da atividade antioxidante de chá-verde brasileiro (Camellia sinensis var. assamica) cultivar IAC-259. 2007, 83 f. Tese (Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

SENGER, A. E. V.; SCHWANKE, C. H. A.; GOTTLIEB, M. G. V. Chá verde (Camellia sinensis) e suas propriedades funcionais nas doenças crônicas não transmissíveis. Scientia Medica, v. 20, n. 4, p. 292-300, 2010.

SCHMITZ, W. et al. O chá verde e suas ações como quimioprotetor. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 26, n. 2, p.119-130, 2005.

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Recebido em 02/2014

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

ArtigoOriginal

Original Paper

Influência de fitorreguladores e do tipo de cultivo no crescimento de Ocimum basilicum

Influence of growth regulators on the type of cultivation and growth of Ocimum basilicum

Geiziane Silva de Souza1

Kelly Carla Almeida de Souza Borges2

ResumoA maior parte dos estudos com o manjericão relaciona-se à identifica-ção dos compostos químicos e à farmacologia, ficando, em segundo plano, os estudos agronômicos, principalmente os relacionados à ecofi-siologia e à produção de mudas de qualidade. O presente trabalho teve como objetivo verificar a ação dos fitorreguladores giberelina e ácido indolacético (AIA) no crescimento de manjericão (Ocimum basilicum) cultivado em terra adubada, sob pulverização foliar. O experimento foi realizado no Laboratório de Biotecnologia do UniFOA. As sementes de manjericão (Ocimum basilicum) foram semeadas em terra adubada em dois tipos de cultivo, bandeja e saco de polietileno, e submetidas à apli-cação dos fitorreguladores AIA e giberelina, ambos nas concentrações de 50 mg/L, 100mg/L e 150mg/L , além do controle sem fitorregulador, somente com irrigação de água, sendo 3 repetições. A aplicação de AIA e de giberelina, no cultivo em bandeja, permitiu o maior crescimento de manjericão. Enquanto o cultivo em saco de polietileno, mesmo na presença dos fitorreguladores, não influenciou no crescimento da altura e do número de folhas da espécie estudada.

ABSTRACT

Most studies with basil relates to the identification of chemical compounds and pharmacology, staying in the background agronomic studies, especially those related to ecophysiology and production of quality seedlings. This study aimed to verify the action of plant hormones gibberellic acid and indole acetic acid (IAA) on growth of basil (Ocimum basilicum) grown on land fertilized under foliar spray. The experiment was conducted at the Laboratory of Biotechnology of UniFOA. The seeds of basil (Ocimum basilicum) were seeded into fertilized soil in two types of cultivation tray and polyethylene bag and subjected to the bioregulators IAA and gibberellic acid, both at concentrations of 50 mg / L, 100mg / L and 150mg / L, and a control without plant regulator, only with irrigation water, with 3 repetitions. The application of IAA and gibberellin in the cultivation tray allowed the largest growth of basil. While cultivation in polyethylene bags, even in the presence of growth regulators did not affect the growth of the height and number of leaves of the species studied

1 Aluna do Curso de Ciências Biológicas – UniFOA

2 Professora do Curso de Ciências Biológicas – UniFOA - [email protected]

Palavras-chave:

Manjericão

Ácido indolacético

Giberelina

Keywords

Basil

Indoleacetic acid

Gibberellin

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1. Introdução

O Brasil é o 7° mercado consumidor de medicamentos e a maioria da sua população não dispõe de recursos financeiros para tratar da saúde. Para a obtenção de um medicamento sintético, são gastos cerca de US$ 500 milhões, partindo de 10.000 produtos, no prazo de 10 anos. Por outro lado, grande parte das plantas medicinais encontra-se associada a valores culturais e de uso imediato pelas populações de baixa renda, necessitando de menor investi-mento (EMBRAPA, 2013).

Com relação ao mercado de fitoterápicos, o setor de medicamentos acompanhou o movi-mento da indústria farmacêutica como um todo e cresceu cerca de 12%, mantendo a elevação das vendas dos últimos anos, sempre acima de dois dígitos. A informação é da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa). No período entre 2011 e 2012, o cres-cimento das vendas de fitoterápicos superou a casa dos 25%. Atualmente, o setor de medica-mentos fitoterápicos representa 3% do mercado farmacêutico total no Brasil, com faturamento da ordem de US$ 1 bilhão (GUIA DA FAR-MÁCIA, 2013)

Dentre os fitoterápicos, o manjericão (Ocimum basilicum), muito utilizado comer-cialmente como condimento ou aromatizante, produz um óleo que auxilia no tratamento das vias respiratórias, infecções bacterianas, além de auxiliar na digestão dos alimentos (VIEIRA et al., 2012).

O manjericão possui atividade antimi-crobiana, inseticida e repelente, além de ser utilizado na síntese de acetato linalila, como o principal composto, sendo muito útil em opera-ções curativas, preventivas e na conservação de grãos (FAVORITO et al., 2001).

A maior parte dos estudos com o manjeri-cão relaciona-se à identificação dos compostos químicos e à farmacologia, ficando em segundo plano os estudos agronômicos, principalmente os relacionados à ecofisiologia e à produção de mudas de qualidade (KLIMÁNKOVÁ et al., 2008; HUSSAIN et al., 2008).

A produção de muda de qualidade depen-de, dentre outros fatores, do tipo de recipiente utilizado. As finalidades fundamentais do reci-

piente para a produção de mudas são: adapta-ção das plantas; proteção das raízes de danos mecânicos e dissecação; fornecimento de uma posição benéfica para as raízes; aumento da sobrevivência no campo e o crescimento ini-cial, pois o sistema radicular não é danificado e permanece em contato íntimo com o substrato (REGHIN; 2004).

Além disso, outra prática que pode favo-recer a produção, assim como a qualidade das mudas, é o uso de reguladores vegetais que po-dem promover ou inibir o crescimento e desen-volvimento vegetal (NETO et al., 2004), e ao serem empregados no manejo da planta, podem modificar seu comportamento, alterando não só a produtividade desta, mas o seu metabolismo secundário, resultando em um aumento do teor de óleo essencial (SHUKLA; FAROOQI, 1990).

Dentre os diversos grupos de fitorregu-ladores está a giberelina (ácido giberélico). A aplicação exógena da giberelina provoca o cres-cimento foliar e alongamento do caule (MO-DESTO et al.,1996). As plantas submetidas às aplicações de giberelinas podem ser induzi-das a obter um maior desenvolvimento na sua estatura.

Outro grupo de fitorregulador muito utili-zado é a auxina (AIA - ácido indolacético) que, sintetizada ou aplicada exogenamente, pode re-sultar em vários efeitos como crescimento do caule, folhas, raiz, flor, entre outros (CASTRO; FACHINELLO, 1993).

Contudo, vale ressaltar que, apesar de inú-meros benefícios, a dosagem de fitorregulado-res não deve ser excessiva, pois, além de variar em função da espécie, as plantas, em geral, tendem a responder à aplicação de hormônios, de forma positiva, na presença de pequenas concentrações.

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito da giberelina e do AIA no crescimento do manjericão (Oci-mum basilicum) cultivado em dois tipos de re-cipiente, saco de polietileno e bandeja, ambos contendo terra adubada como substrato.

2. Material e métodos

O experimento foi realizado no laborató-rio de Biotecnologia do Centro Universitário

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de Volta Redonda/ UNIFOA, entre os meses de maio a outubro de 2013. Foram utilizadas sementes comercializadas de manjericão (Oci-mum basilicum).

2.1. Germinação em bandeja

As sementes foram inoculadas em bande-jas (58cm x 28,5cm x 8,5cm) com células de 6 x 6cm , sendo 5 sementes por célula. Para a ger-minação foi utilizada terra adubada, de forma a completar o volume das células da bandeja, e foi feita irrigação com água não esterilizada em borrifador em todas as células, uma vez ao dia, às 16 horas.

2.2. Germinação em saco de polietileno

As sementes de manjericão foram semea-das em saco de polietileno preto (10 cm x 17 cm) com capacidade de 500 ml, completa do substrato terra adubada, sendo 5 sementes por saco. Foi feita irrigação com água em borrifa-dor, uma vez ao dia, às 16 horas.

2.3. Aplicações de fitorreguladores

Aos 20 dias após a germinação, as plan-tas foram submetidas aos tratamentos com os fitorreguladores giberelina e AIA, com 3 repe-tições, de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 - Concentrações de fitorreguladores aplicados via pulverização foliar no manjericão.Tratamento Concentração Fitorregulador

T1 50 mg/L Giberelina

T2 100 mg/L Giberelina

T3 150 mg/L Giberelina

T4 50 mg/L AIA

T5 100 mg/L AIA

T6 150 mg/L AIA

T7 0 Controle

As plantas foram submetidas aos trata-mentos da tabela 1 através de 4 pulverizações, via foliar, às 16 horas, uma vez por semana, iniciando-se no 21° dia após a germinação. Nos dias em que as plantas foram submetidas às aplicações de fitorreguladores, não foi feita a irrigação com água para evitar que as plantas ficassem encharcadas.

Aos 60 dias após o início do cultivo, foi realizada a análise de crescimento, observando--se os seguintes parâmetros: número de folhas, altura e comprimento de raiz. Os resultados obtidos foram submetidos ao programa Assis-tat versão 7.6 beta, para análise de variância e comparação das médias, pelo teste Tukey a 1% de probabilidade.

3. Resultados e discussão

As sementes de manjericão, aos 12 dias, apresentaram 66,4% de germinação quando cultivadas em bandeja. Enquanto as sementes

cultivadas no saco de polietileno germinaram 99,4% nesse mesmo período. Logo, o saco de polietileno permitiu um resultado melhor para germinação do manjericão do que a bandeja.

Esse resultado corrobora com uma das vantagens do saco de polietileno que é a maior retenção de água em relação à bandeja, per-mitindo maiores porcentagens de germinação (YAMAZOE; BÔAS, 2003).

Porém, o saco de polietileno não apresen-tou os melhores resultados para os demais pa-râmetros avaliados aos 60 dias de cultivo, visto que as plantas cultivadas em bandeja apresen-taram, em geral, número de folhas, médias de altura e comprimento de raiz maiores que as encontradas nas plantas cultivadas em saco de polietileno.

De maneira geral, o desenvolvimento das plantas, muitas vezes, é afetado pelo tama-nho do recipiente. Os recipientes maiores su-portam um maior volume de raiz, fazendo com que a área de absorção de nutriente aumente (BEZERRA, 2003).

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No entanto, o menor desenvolvimento das plantas cultivadas em saco de polietileno pode ser explicado pelo fato deste apresentar como uma de suas principais desvantagens o eno-velamento do sistema radicular (YAMAZOE; BÔAS, 2003).

O enovelamento da raiz, frequentemente causado pelo saco de polietileno, compromete todo o crescimento da planta, já que o sistema radicular e o sistema de absorção da planta fi-cam comprometidos.

Contudo a aplicação de fitorreguladores, como a giberelina e o AIA, podem ajudar a con-tornar essa situação, visto que são substâncias que atuam no crescimento de órgãos vegetais.

Na bandeja, foi possível observar que os fitorreguladores influenciaram no crescimento de manjericão, visto que o único tratamento que apresentou as médias mais baixas para todos os parâmetros avaliados foi o controle, o qual representa a ausência de AIA e de giberelina (Tabela 2).

Tabela 2 - Efeito dos fitorreguladores no crescimento de manjericão (Ocimum basilicum L.) cultivado em bandeja.

Tratamento ConcentraçãoAltura

(cm)

Raiz

(cm)

Folha

(unidade)

1 GA3 50 mg/L 6.66000 a 4.10000 a 3.92000 ab

2 GA3 100mg/L 8.28000 a 3.40000 ab 3.96000 ab

3 GA3 150mg/L 7.75000 a 4.00000 ab 4.50000 a

4 AIA 50mg/L 6.30000 ab 3.00000 ab 2.27000 bc

5 AIA 100mg/L 6.64000 a 4.10000 a 3.10000 abc

6 AIA 150mg/L 7.22000 a 3.80000 ab 3.31000 abc

7 Controle 3.24000 b 1.60000 b 1.90000 c

Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de Tu-key a 1%.

Para altura, os tratamentos testados com fitorreguladores em bandeja apresentaram re-sultados semelhantes, mostrando que, para esse parâmetro, tanto o AIA quanto a giberelina apresentaram o mesmo efeito, com exceção da diferença estatística para o tratamento 4, consi-derado não tão eficiente quanto os demais trata-mentos, porém melhor que o T7 (controle).

A diferença estatística encontrada no tra-tamento 4, na presença de AIA, pode ser ex-plicada de acordo com BISWAS et al. (2000), em que o AIA, assim como outros fitormônios, estimulam o crescimento de plantas apenas dentro de uma faixa estreita de concentração. E um dos efeitos fisiológicos das auxinas, como o AIA, é o alongamento do caule, resultando no crescimento em altura das plantas (TAIZ; ZEI-GER, 2013).

Uma das aplicações mais notáveis de gi-berelina é a melhora do alongamento de caule

de plantas, pois o progresso de crescimento de caule por giberelina deve-se a sua ação no alon-gamento celular e o ácido giberélico pode agir, simultaneamente, em vários fatores de cresci-mento celular (ALMEIDA; PEREIRA, 1996).

Para o crescimento foliar, o tratamento 3, com concentração 150 mg/L de giberelina em bandeja, foi o que apresentou o melhor resultado. Resultado semelhante foi encontrado para o cul-tivo de pimenta (Capsicum frutescens), em que o maior número de folhas foi obtido na presença de giberelina (TORRES; BORGES, 2013).

Esse resultado do crescimento foliar está de acordo com umas das funções da giberelina, que é o aumento do desenvolvimento do caule e partes aéreas, atuando no crescimento de ór-gãos vegetais pela estimulação do tamanho das células já existentes ou recentemente divididas (DAVIES, 2004; MÉTRAUX, 1988). Sendo exemplo disso, a expansão foliar, florescimento e desenvolvimento de frutos (KENDE; ZEE-VAART, 1997).

No crescimento de raiz em bandeja, os tratamentos 1 e 5 foram os que produziram os

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maiores resultados, indicando que, para o cres-cimento radicular de manjericão, tanto a gibe-relina quanto o AIA foram eficientes nas con-centrações utilizadas.

As auxinas quando aplicadas em plantas aceleram e promovem o crescimento radicular, permitindo maior porcentagem de formação de raízes (SILVA, 2009). Alvarenga e Carva-lho (1983) destacam que a formação de raízes é sensível à aplicação de auxinas e que essas substâncias podem estimular o crescimento ra-dicular, desde que as concentrações emprega-das sejam as ideais para a espécie considerada, pois qualquer acréscimo além do necessário pode-se tornar inibitório.

As giberelinas são mais frequentemente associadas à promoção de crescimento da parte aérea, porém, no presente trabalho, foi possível

obter um bom crescimento radicular na presen-ça desse fitorregulador, no tratamento com 50 mg/L de GA3.

Segundo Higashi et al. (2002), as gibereli-nas atuam em diversos fenômenos fisiológicos, no entanto, o gênero ou a espécie somado a ou-tros fatores, podem determinar o efeito especí-fico na resposta.

No cultivo em saco de polietileno (tabela 3), para os parâmetros altura e folha, não houve efeito dos fitorreguladores. Apenas para o cres-cimento em raiz, o T4 mostrou-se como melhor resultado na presença do AIA e que, apesar do saco de polietileno, frequentemente, causar o enovelamento de raiz, prejudicando o sistema radicular, o fitorregulador do grupo das auxinas permitiu o crescimento da raiz de manjericão nesse tipo de embalagem.

Tabela 3 - Efeito dos fitorreguladores no crescimento de manjericão (Ocimum basilicum L.) cultivado em saco de polietileno

Tratamento ConcentraçãoFolha

(unidade)

Altura

(cm)

Raiz

(cm)

1 GA3 50 mg/L 3.00000 a 6.15000 a 2.97500 ab

2 GA3 100mg/L 3.00000 a 5.87500 a 1.75000 b

3 GA3 150mg/L 4.00000 a 4.30000 a 1.67500 b

4 AIA 50mg/L 3.00000 a 5.55000 a 4.35000 a

5 AIA 100mg/L 3.00000 a 5.12500 a 2.65000 ab

6 AIA 150mg/L 3.00000 a 2.50000 a 1.72500 b

7 Controle 3.00000 a 5.35000 a 2.50000 ab

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 1% de pro-babilidade, pelo teste de Tukey a 1%.

4. Conclusão

A produção de mudas de qualidade de manjericão pode ser alcançada através de uma germi-nação feita em saco de polietileno com posterior transferência das plantas para cultivo em bandeja, na presença de fitorreguladores, como a giberelina e o AIA. E que o AIA, na concentração de 50mg/L, nas condições testadas, permite maior enraizamento, o que favorece o sistema de absor-ção das plantas.

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Recebido em 05/2013

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

ArtigoOriginal

Original Paper

Metazoan parasites of Mugil curema (Osteichthyes: Mugilidae) from the coastal Rio de Janeiro

Metazoários parasitos do Mugil curema (Osteichthyes: Mugilidae) do litoral do Rio de Janeiro.

Felipe Oliveira Moutinho¹Dimitri Ramos Alves2

1 Discente do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA

2 Docente do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA - [email protected]

AbstractFrom May to August 2011, 55 specimens of white mullet Mugil cure-ma Valenciennes, 1836 (Osteichthyes: Mugilidae) collected from coast of the State of Rio de Janeiro (21-23° S, 41-45° W), were necropsied to study their communities of metazoan parasites. Two species of me-tazoan parasites were collected: Floridosentis mugilis Machado, 1951 (Acantocephala: Neoechinorhynchidae) and Metamicrocotyla macra-cantha Alexander, 1954 (Monogenea: Microcotylidae). The majority of the fishes (n = 41; 74.5%) were parasitized by at least one metazoan species. Three hundred twenty-four specimens, with an average of 5.8 ± 7.6 per host, were collected. Floridosentis mugilis constituted the ma-jority of specimens collected (n = 319), was the dominant species, with highest prevalence, abundance, intensity and mean intensity. The pa-rasites species showed a typical over-dispersed pattern of distribution. The abundance of the species F. mugilis and total parasites collected showed negative correlation with host total length. The metazoan pa-rasites community of M. curema showed dominance of endoparasites, no correlation between parasite abundance and the lack of relationship between the sex of host and parasite rates. Mugil curema showed low parasite species richness when compared with studies on the parasitic fauna of mugilids of the Brazilian coast.

Keywords

Mugil curema

Mugilidae

Metazoan Parasites

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ResumoEntre maio e agosto de 2011, foram coletados 55 espécimes do parati, Mugil curema Valenciennes, 1836 (Osteichthyes: Mugilidae) provenientes do litoral do Estado do Rio de Janeiro (21-23°S, 41-45°O), sendo necropsiados para estudo de sua comunidade de metazoários parasitos. Foram coletadas duas espécies de metazoários parasitos: Floridosentis mugilis Machado, 1951 (Acantocephala: Neoechinorhynchidae) e Metamicrocotyla macracantha Alexander, 1954 (Monogenea: Microcotylidae). A maioria dos peixes examinados (n = 41; 74,5%) estavam parasitados por pelo menos uma espécie de metazoário. Trezentos e vinte e quatro espécimes de parasitos foram coletados, com média de 5,8 ± 7,6 por hospedeiro. Floridosentis mugilis constituiu a maioria dos espécimes coletados (n = 319), sendo a espécie dominante, com os maiores valores de prevalência, abundância, intensidade e intensidade média. Os parasitos apresentaram típico padrão de distribuição agregada. A abundância de F. mugilis e o total de parasitos coletados apresentaram correlação negativa com o comprimento total do hospedeiro. A comunidade de metazoários parasitos do M. curema apresentou dominância de endoparasitos, correlação negativa entre a abundância parasitária e ausência de relação entre o sexo do hospedeiro e os índices parasitários. Mugil curema apresentou baixa riqueza parasitária ao compararmos com estudos sobre a fauna parasitária de mugilídeos da costa brasileira.

Palavras-chave

Mugil curema

Mugilidae

Metazoários Parasitos

1. Introduction

Mugilids are widely distributed in tropical and sub-tropical regions around the world, es-pecially in the costal estuarine. Three mullets species are very common in the southern Brazil and are a comercially important: Mugil cure-ma Valenciennes, 1836, M. liza Valenciennes, 1836 and M. platanus Günther, 1880 (MENE-ZES, 1983; MENEZES; FIGUEIREDO, 1985; SILVA; ARAÚJO, 2000; NELSON, 2006). The white mullet Mugil curema, is a pelagic fish, inhabit sandy coasts and littoral pools but also occurs in muddy bottoms of brackish lagoons and estuaries, adults form schools and feed on microscopic or filamentous algae and plankto-nic organisms. This specie occurs in Western Atlantic from Nova Scotia to Argentina (ME-NEZES, 1983; MENEZES; FIGUEIREDO, 1985; LOWE-MCCONNEL, 1999).

From Brazil, some records of metazoan parasites of mullets were made by Kohn et al. (1994), Diniz et al. (2005), Abdallah et al. (2009) and Eiras et al. (2010) on Monogenea; Travassos et al. (1965, 1967, 1969), Conroy and Conroy (1984, 1986), Conroy et al. (1985), Oliveira et al. (1988), Fernandes and Goulart (1989, 1992), Knoff and Amato (1991a, b; 1992), Kohn et al. (2007) and Oliveira et al. (2007) on Digenea; Noronha et al. (1973) on Acantho-

cephala and Knoff and Boeger (1994), Knoff et al. (1994), Boxshall and Montú (1997) and Cav-alcanti et al. (2011) on Crustacea. Quantitative aspects of the parasites of mullets were stud-ied by Knoff et al. (1997), Luque et al. (2004), Luque and Poulin (2004, 2007), Ranzani-Paiva and Silva-Souza (2004) and Poulin et al. (2011).

In this report, we studied the metazoan pa-rasite community of M. curema from the costal zone of the State of Rio de Janeiro, at compo-nent and infracommunity levels.

2. Material and methods

From May to August 2011, 55 specimens of white mullet M. curema were examined. Local fishermen collected fish from coastal zone of the State of Rio de Janeiro (21-23°S, 41-45°W), Brazil. These fish were identified according Menezes (1983) and Menezes and Figueiredo (1985). The parasites were collected, fixed, and processed according to Eiras et al. (2000).

Our analysis included only species with prevalence higher than 10% (BUSH et al., 1990). The frequencies of dominance and of re-lative dominance (number of individuals of one species/total number of individuals of all spe-cies in each infracommunity) were calculated according to Rohde et al. (1995). The coefficient

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between variance and mean parasitic abundan-ce (dispersion index, ID) was calculated for each infracommunity, aiming to determine dis-tribution patterns. Its significance was tested using the d statistics (LUDWIG; REYNOLDS, 1988). The ecological terminology used is that indicated by Bush et al. (1997).

Values were considered significant when P < 0.05. Data on the length of the host, total number of parasites, and parasitic abundance were transformed into logarithms (log x + 1) for an approximation to the normal distribution (ZAR, 1996). Next, the data were analyzed using the Pearson (r) correlation to check for potential correlations with the total length of the host. The Pearson coefficient was also used to investigate the existence of a correlation between the host length and the prevalence of infection/parasitic infestations, in which previous angle correction of the data on prevalence was done (ZAR, 1996)

and partition of host samples into five 2.5cm length intervals. The possible influence of host sex on abundance and prevalence of parasites was using Z normal approximation to the Mann--Whitney test and chi-square test, respectively.

3. Results

The M. curema measured on average 31.4 ± 2.4 (24.5 - 37) cm of total body length. The average total length of male (32 ± 2.3 cm; n = 28) and female (30.7 ± 2.4 cm; n = 27) fishes in the study sample were not significantly different (t = 2.071; P = 0.786).

Two species of metazoan parasites were collected: Floridosentis mugilis Machado, 1951 (Acantocephala: Neoechinorhynchidae) and Metamicrocotyla macracantha Alexander, 1954 (Monogenea: Microcotylidae) (Table 1).

Table 1 – Prevalence, mean abundance, intensity, mean intensity and site of infections of the metazoan parasites of Mugil curema from the coastal zone of the State of Rio de Janeiro, Brazil.

ParasitePrevalence

(%)Mean

abundance Intensity Mean intensity

Site of infection

Monogenea

Metamicrocotyla macracantha 3.6 0.1 ± 0.55 1 - 4 2.5 ± 2.1 Gills

Acanthocephala

Floridosentis mugilis 74.5 5.8 ± 7.6 1 - 37 7.8 ± 7.9 Intestine

The majority of the parasites specimens col-lected were acantocephalan. Floridosentis mugilis was the predominant species, with 319 specimens collected (98.4% of all parasites); and showed highest values of mean relative dominance and frequency of dominance (0.72 ± 0.44; n = 39). The majority of the fishes (n = 41; 74.5%) were parasit-ized by at least one metazoan species. Three hun-dred twenty-four specimens, with an average of 5.8 ± 7.6 per host, were collected. Floridosentis mugilis showed a typical over-dispersed pattern of distribution (ID = 10.072; d = 15.390). Negative relationships between the total parasites abun-dance (rs = - 0.344; P = 0.010) and abundance of F. mugilis (rs = - 0.368; P = 0.005) and the host’s total body length of fish were observed. No sig-nificant correlation was found between the total body length of the host and parasitic prevalence.

Host sex did not influence parasite preva-lence (χ2 = 0.008; P = 0.477) or mean abundance (U = - 1.470; P = 0.136) of any species.

4. Discussion

Parasites communities of the white mullet Mugil curema study are characterized by acan-thocephala dominance (Floridosentis mugilis) and low parasite species richness. Most studies of marine fishes in southeastern Brazil has de-monstrated endoparasite dominance, digeneans and nematodes predominantly (LUQUE et al., 1996; TAKEMOTO et al., 1996; KNOFF et al., 1997; LUQUE; CHAVES, 1999; SILVA et al., 2000; ALVES; LUQUE, 2001; ALVES et al., 2002a, b; ALVES et al., 2004; TAVARES et al.,

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2004; LUQUE et al., 2008; MARQUES; ALVES, 2011). However, in this case, showed dominance of an acanthocephala in parasite community. According Marcogliese (2002) dominance of a particular taxon or an inframommunities parasi-te can vary due to the density and the ontogenic development of the definitive hosts, the availabi-lity of intermediate hosts and/or environmental variations. Furthermore, factors such as dietary habits, the trophic level and geographic distribu-tion of the host may influence the composition of parasite community structure (LUQUE et al., 1996; MUÑOZ et al., 2002; LUQUE; POU-LIN, 2007). The mugilids Brazilian coast have broad food spectrum and are primarily scaven-gers, herbivores and omnivores (MENEZES; FIGUEIREDO, 1985; FRANCO; BASHIRUL-LAH, 1992; OLIVEIRA; SOARES, 1996; HARRISON; SENOU, 1999; COSTA-NETO; MARQUES, 2000; HARRISON, 2002); feeding mainly nematodes, mollusks and crustaceans (OLIVEIRA; SOARES, 1996). Among these items, and compared with results obtained in the present study, we highlight the crustacean, possible intermediate hosts and/or paratenic of Acanthocephala (HADEL; MEDEIROS, 1998; LUQUE; POULIN, 2004; 2007).

The community of metazoan parasites of M. curema consisted of only two species-spe-cific host: Metamicrocotyla macracantha e F. mugilis. Both were recorded in several species of mullet’s Neotropical (ARMAS, 1979; FER-

NANDEZ, 1987; JUAREZ-ARROYO; MAL-DONADO, 1989; LUQUE, 1994; KNOFF et al., 1997; SURIANO et al., 2000; ALARCOS; ET-CHEGOIN, 2010). Thus, the low parasite rich-ness is a hallmark in the community of metazoan parasites of M. curema. This fact clearly differs from the study by Knoff et al. (1997), with M. platanus where they were found 25 species of parasites. Another relevant factor was the absen-ce of helminth larval stages in M. curema, which are common in fish from the coast of the State of Rio de Janeiro (LUQUE; POULIN, 2004). In M. platanus, Knoff et al. (1997) recorded three species of helminth larval stage, two species of tetraphyllidean cestodes and the digenean As-cocotyle (Phagicola) longa Ransom, 1920. The latter being often found in mugilids of the South American coast (CONROY, 1979; 1986; DIAS; WOICIECHOVSKI, 1994, OLIVEIRA et al., 2007; VIOLANTE-GONZALEZ et al., 2007) and responsible for fagicolose (CHIEFFI et al., 1990; OKOMURA et al., 1999). Mugil curema showed low parasite species richness when com-pared with studies on the parasitic fauna of mu-gilids of the Brazilian coast.

5. Acknowledgments

The authors thanks to Centro Universitá-rio de Volta Redonda (UniFOA) by the financial support.

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Recebido em 08/2013

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

ArtigoOriginal

Original Paper

O Desmatamento e o crescimento urbano desordenado no estado do Rio de Janeiro: impactos na dinâmica do Dengue

Deforestation and disordered urban growth in the state of Rio de Janeiro: impacts on the dynamics of Dengue

Paula Mendonça de Moura1

Tatiana Nascimento Docile2

Adriano Arnóbio3

Ronaldo Figueiró4,5*

1. Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), Rio de Janeiro – RJ, Brasil

2. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ, Brasil

3. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro - RJ, Brasil

4. Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA), Volta Redonda - RJ, Brasil

5. Laboratório de Biotecnologia Ambiental - Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), Rio de Janeiro - RJ Brasil

* Professor dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente. Centro Universitário de Volta Redonda- [email protected]

ResumoAtualmente, a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública. O processo de urbanização desordenada, principalmente nos países subdesenvolvidos, após o fim da Segunda Grande Guerra, constitui-se ao mesmo tempo como um fator importante para a reemer-gência do dengue, pela disseminação da infestação pelo principal vetor da doença, e como um fator que tem dificultado o seu controle. Entre-tanto, ainda não se sabe muito da relação de fatores sociais e ambientais com a incidência de dengue. O trabalho teve como objetivo analisar a influência do atual quadro de desmatamento e crescimento urbano de-sordenado com a incidência da doença, utilizando dados secundários. Foram coletados dados absolutos de número de casos novos de dengue da Base de dados do IBGE-Séries temporais do crescimento popula-cional do Estado do Rio de Janeiro e dados secundários provenientes da publicação do Sistema Nacional de Informações em Saúde (SNIS), de 2000 a 2008, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Observou-se uma relação significativa entre o aumento da ausência de saneamento básico e o aumento do desmatamento, corroborando que fatores sociais e ambientais influenciam na dinâmica da doença.

Palavras-chave

Aedes aegypti

Arbovírus

Crescimento Urbano

Dengue.

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AbstractNowadays, Dengue fever is considered one of the major public health concerns of public health. The disorganized urbanization process, mainly in the developing countries, after the World War II, is at the same time an importante factor for the reemergence of Dengue Fever, for the dissemination of the main vector of the disease, and a factor that has harden its control. However, still not much is known of the relationship of social and environmental factors with the incidence of dengue. The study aimed to analyze the influence of the present pattern of deforestation and urban sprawl with the incidence of the disease, using secondary data. Data were collected absolute number of new cases of dengue Base IBGE-time series of population growth of the State of Rio de Janeiro and secondary data from the publication of the National Health Information System (NHIS) from 2000 to 2008 and Brazilian Institute of Geography and Statistics. There was a significant relationship between increasing lack of basic sanitation and increased deforestation, confirming that social and environmental factors influence disease dynamics.

Key-words

Aedes aegypti

Arboviruses

Urban Growth

Dengue

1. Introdução

Antes da 2ª Guerra Mundial, os vírus do dengue apresentavam uma distribuição global nos trópicos, mas, devido às populações urba-nas serem substancialmente menores do que hoje e os mosquitos vetores dependerem pri-mariamente de navegação para o transporte entre as regiões, as epidemias ocorriam de for-ma mais esporádica e com grandes intervalos (Gubler et al. 1997, Gubler 2011).

As mudanças demográficas ocorridas prin-cipalmente nos países subdesenvolvidos con-sistiram em intensos fluxos migratórios rurais--urbanos, resultando em cidades aglomeradas e, consequentemente, no aumento da prolifera-ção do vetor. Ao longo de muitas décadas, um programa para a erradicação do Aedes aegypti, principal vetor do Dengue nas Américas, foi conduzido pela organização pan-americana de saúde, a partir de 1946 (Vasconcelos et al. 1999).

Embora ao longo dos primeiros 30 anos um progresso significativo possa ter ocorrido e vários países tenham sido capazes de erradi-car o mosquito, outros países não conseguiram alcançar tal feito, e outros simplesmente aban-donaram o programa (Vasconcelos et al. 1999). Como Gubler (2011) observou, a última metade do século XX nos ensinou muitas lições sobre como doenças infecciosas podem ser resilien-tes: embora várias doenças transmissíveis te-nham sido declaradas erradicadas ao longo das décadas de 60, 70 e 80, levando ao abandono

de seus programas de controle, várias hoje são doenças reemergentes.

Atualmente, o Dengue é a mais importante arbovirose que atinge o homem, com estimativas de 2.5 bilhões de pessoas sob risco de infecção. Aproximadamente, 975 milhões delas vivem em áreas urbanas de países tropicais e subtropicais (WHO, 2007, 2009, Gubler 2004). A média anual de casos de Dengue relatados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) cresceu significativa-mente nos últimos anos, passando de 479.848 casos no período de 1990-1999 para 925.896 no período de 2000–2004 (Guzman et al. 2010)

Os vetores do Dengue se tornam infectados quando realizam o repasto sanguíneo em huma-nos durante o período de cinco dias de viremia, passando, assim, o vírus do trato intestinal do mosquito para as glândulas salivares após um pe-ríodo de incubação extrínseco, o que em média leva 10 dias, acelerando esse processo em tempe-raturas ambiente mais altas (Watts et al. 1987).

Dessa forma, as mudanças ambientais que afetam ecossistemas e comunidades na escala local e global podem ter impacto direto sobre a dinâmica de transmissão de doenças (Adger et al 2009). As principais causas destas mudanças ambientais hoje são o crescimento populacional, o consequente crescimento desordenado urbano, e o aquecimento global (Walther et al. 2002). O saneamento básico, principalmente a coleta de lixo e o abastecimento de água, demonstra-se ineficiente nas periferias das grandes metrópo-les. Uma das consequências dessa situação é o

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aumento do número de criadouros potenciais do principal mosquito vetor (Tauil, 2001).

Para explicar os fenômenos envolvidos di-nâmica das infecções do Dengue, além dos fa-tores ambientais previamente citados, Teixeira et al. (1999) destacaram a importância da forma de organização social dos espaços geográficos dos centros urbanos, do modo de vida de suas populações, os seus reflexos no ambiente que criam as condições para a proliferação do vetor desse agente (Kuno, 1995; Teixeira & Barreto, 1996; Costa & Teixeira, 1999).

Por enquanto, ainda não há vacina disponí-vel para a doença. Então, os estudos acerca desse tema voltam-se para o combate do vetor. Essas questões, aliadas ao trânsito das pessoas entre as áreas urbanas, interurbanas e a insuficiência no combate ao vetor, torna o controle de Dengue um imenso desafio (Tauil, 2002). Entretanto, ainda não se sabe muito da relação de fatores sociais e ambientais com a incidência de dengue.

Neste trabalho, foram investigados os pa-drões de ocorrência do Dengue no estado do Rio de Janeiro, buscando possíveis relações causais entre o crescimento urbano desorde-nado, seus impactos ambientais associados e a incidência da doença no estado.

2. Material e métodos

2.1. Área de estudo

A área geográfica abrangida é composta pelo Estado do Rio de janeiro, com popula-ção de 5.940.224 habitantes, distribuída por 2.408.980 domicílios (IBGE 2012).

2.2. Delineamento epidemiológico

O método epidemiológico empregado é um estudo longitudinal, de série temporal, que pode ser compreendido como o estudo epide-miológico que utiliza agregados populacionais como unidade de análise.

2.3. Base de informações

Foram coletados dados absolutos de núme-ro de casos novos de dengue da Base de dados do IBGE - Séries temporais do crescimento po-pulacional do Estado do Rio de Janeiro e do-micílios sem saneamento básico e dados secun-dários provenientes da publicação do Sistema Nacional de Informações em Saúde (SNIS) de 2000 à 2008 e do Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística – Sinopse dos Setores.

2.4. Séries temporais analisadas

• População com renda máxima de um salá-rio mínimo de 200]1 a 2007;

• Coleta de lixo direta e indireta de 2002 a 2006;

• Proporção da população na linha da pobre-za de 2002 a 2007;

• Ausência de saneamento básico de 2002 a 2008;

• Queimadas de 2002 a 2008.

2.5. Delineamento estatístico

Os dados secundários coletados por meio do SNIS e IBGE foram dispostos em planilha no soft-ware Bioestat© 5.3 e analisados quanto à aderência a distribuição normal. Foi realizado o procedimen-to de ajustamento de curvas para definir o tipo de regressão que melhor explicaria a dispersão dos dados, e, em alguns casos, foi utilizada análise de resíduos para identificar e excluir possíveis outliers.

3. Resultados

A regressão logarítmica associando a in-cidência da dengue no Estado do Rio de Janeiro com a renda até 1 salário mínimo nos anos de 2001 a 2007 (tabela 1), demonstrou uma tendência inversa ao que seria esperado: o aumento de inci-dência da Dengue está inversamente relacionado ao crescimento da proporção da população abaixo da linha da pobreza, embora esse padrão não te-nha sido estatisticamente significativo (Figura 1).

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Figura 1 – Associação da incidência da dengue no Estado do Rio de Janeiro com a renda até 1 salário mínimo nos anos de 2001 a 2007 por meio de Regressão logarítmica; R2 = 46,03% e p-valor = 0,09.

Tabela 1: Série temporal de índices de população com renda até 1 salário mínimo e incidência do Dengue (2001-2007).

Anos Renda até 1 salário mínimo Incidência Dengue2001 5,99 472,862002 5,72 2466,432003 7,21 25,632004 7 9,372005 8,37 15,642006 7,74 230,662007 8,31 413,08

Fonte: IBGE – Séries Estatísticas

A relação entre a coleta de lixo direta ou indireta e a incidência de dengue nos anos de 2002 a 2007 (tabela 2) apresentou uma tendência não significativa ao aumento da incidência da doença à me-dida que a proporção de domicílios atendidos por coleta de lixo direta ou indireta diminui (Figura 2).

Figura 2 – Associação da Coleta de lixo direta ou indireta com a incidência de dengue nos anos de 2002 a 2007 através de Regressão logarítmica; R2 = 28,40% e p-valor = 0,27.

Tabela 2 – Série temporal de índices de domicílios com coleta de lixo direta ou indireta e incidência do Dengue (2002-2006).

Anos Coleta de lixo direta ou indireta Incidência Dengue2002 96,67 2466,432003 97,31 25,632004 97,16 9,372005 97,4 15,642006 98,17 230,66

Fonte: IBGE – Séries Estatísticas

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Já a relação entre indivíduos de 10 anos ou mais sem estudo nos anos de 2002 a 2008 e a incidência de dengue (tabela 3) também não apresentou significância estatística, sendo

observada uma tendência diretamente propor-cional de aumento da incidência relacionada ao aumento da proporção da população sem ensi-no (Figura 3).

Figura 3 – Associação de pessoas de 10 anos ou mais sem estudo nos anos de 2002 a 2008 através de Regressão Linear; R2 = 34,98% e p-valor = 0,16.

Tabela 3 – Série temporal de índices de indivíduos com 10 anos ou mais sem estudo e incidência do Dengue (2002-2007)

Anos Pessoas de 10 anos ou mais sem estudo Incidência Dengue2002 6,24 2466,432003 5,9 25,632004 5,99 9,372005 5,97 15,642006 5,27 230,662007 5,66 413,08

Fonte: IBGE – Séries Estatísticas

A relação entre a ausência de saneamento básico e a incidência da Dengue nos anos de 2002 a 2008 (tabela 4), por sua vez, apresentou uma relação diretamente proporcional estatisticamente significativa (Figura 4).

Figura 4 – Associação da ausência de saneamento básico nos anos de 2002 a 2008 por meio de Regressão linear; R2 = 59,86 % e p-valor < 0,05.

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Tabela 4 – Série temporal de índices de domicílios com ausência de saneamento básico e incidência do Dengue (2002-2008).

Anos Ausência de saneamento básico Incidência Dengue2002 0.44 2466.432003 0.38 25.632004 0.26 9.372005 0.23 15.642006 0.24 230.662007 0.37 413.082008 0.41 1716.09

Fonte: IBGE – Séries Estatísticas

O desmatamento também apresentou relação positiva estatisticamente significativa com a in-cidência da doença no Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2001 a 2008 (o ano de 2002 foi iden-tificado como outlier e excluído) (Figura 5).

Figura 5 – Regressão geométrica associando a área de queimadas e a incidência de dengue no Estado do Rio de Janeiro nos anos de 2001 a 2008 ( ano de 2002 não foi utilizado). R2 = 63,86 % e p-valor < 0,05.

Tabela 5: Série histórica de áreas de Mata Atlântica queimadas no estado do Rio de Janeiro e incidência da Dengue.

Anos Queimadas Incidência Dengue2001 313 472.862003 324 25.632004 158 9.372005 154 15.642006 323 230.662007 2260 413.082008 2192 1716.09

Fonte: IBGE – Séries Estatísticas

4. Discussão

Os resultados corroboram que o cresci-mento urbano desordenado está diretamente relacionado a um aumento da proporção da população carente de condições de saneamento adequado (Gubler, 1997). Sendo assim, as con-dições ambientais desempenham papel impor-tante na determinação das condições de vida,

principalmente na proteção à saúde, que resulta dos serviços de esgotamento sanitário, aporte adequado de água e coleta de lixo, além de da-nos à natureza como o desmatamento.

Neste trabalho, foi possível se observar a for-te influência de um fator de componente social e ambiental, que é a presença de saneamento bási-co, corroborando que à medida que o crescimen-to urbano desordenado ocorre e a quantidade de

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domicílios não atendidos por condições básicas de saneamento também aumenta, se refletindo em um acréscimo na incidência da doença. Fato esse que pode se dever ao acúmulo de lixo pro-piciando criadouros para as formas imaturas do vetor (Tauil, 2001). Distintamente, Vasconce-los e colaboradores (1998 e 1999), em inquéri-tos sorológicos realizados em duas capitais do Nordeste, verificaram que os casos da doença foram maiores nas áreas com melhores índices socioeconômicos.

O desmatamento, um importante fator am-biental, aqui mensurado de forma parcial a par-tir da área média atingida por queimadas a cada ano, também mostrou ter um importante papel na transmissão da doença, sendo esta intensifi-cada pelo desmatamento. Um estudo no Amapá observou que nos locais onde ocorreu desma-tamento, o índice de proliferação do mosquito aumentou (Lima et al, 2009).

Por outro lado, a carência de estudos es-colares e baixa renda familiar, que poderia se mostrar um fator influenciando a dinâmica da doença devido à falta de conhecimento de parte

da população das medidas básicas de preven-ção e controle, não demonstrou ser significativa neste presente estudo. Enquanto, Teixeira e co-laboradores, em 2003, encontraram significân-cia nessa relação em uma região metropolitana em Salvador, Bahia.

Evidencia-se, assim, a importância da for-ma de organização social das grandes metrópo-les modernas dos países do terceiro mundo na determinação da transmissão dos vírus da den-gue, por Teixeira e colaboradores (1999).

5. Conclusão

A ausência de saneamento básico e o au-mento do desmatamento contribuem para a incidência da doença, concluindo que fatores sociais e ambientais atuam na proliferação do vetor. Dessa forma, os resultados do presente estudo podem contribuir para a identificação e o melhor entendimento de fatores relacionados à saúde ambiental e social relevantes ao estudo do Dengue.

6. Agradecimentos

Agradecemos o apoio da FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).

7. Referências Bibliográficas

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Recebido em 09/2013

Aprovado em 04/2014

ISSN1809-9475

ArtigoOriginal

Original Paper

Pesticidas aplicados na lavoura e o risco à saúde pública: uma revisão da literatura

Pesticides applied in the fields and the risk to public health: a literature review

João Victor Rego Ferreira1

Bárbara Alvarenga Peckle1

Andressa Sbano da Silva1

Angel da Silva Gomes1

Vanessa Monteiro Santana1

Ida Carolina Neves Direito1*

1 Laboratório de Biotecnologia Ambiental, Centro Universitário Estadual da Zona Oeste – UEZO, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; *Av. Manuel Caldeira de Alvarenga, 1203, Campo Grande, Rio de Janeiro – RJ, CEP 23070-200 e-mail: [email protected]

ResumoEsta revisão mostra um breve histórico de pesticidas aplicados na agri-cultura brasileira e aponta algumas dificuldades do mau uso desses produtos, que podem contaminar o meio ambiente e resultar em danos à saúde dos agricultores e consumidores. Foi discutido sobre a impor-tância da ingestão de hortaliças frente a contaminação destas por pes-ticidas. A ingestão de hortaliças é um hábito saudável que deve ser es-timulado, mas faz-se necessário, cada vez mais, o respeito à legislação vigente e uma maciça conscientização de agricultores e consumidores sobre pesticidas.

Palavras-chave

Hortaliças

Alimentos

Contaminação

Agrotóxicos

AbstractThis review shows a brief historic of pesticides applied in Brazilian agriculture and appoints some difficulties from their bad use, which can do the contamination the environment and result in health damage for farmers and consumers. The discussion was done about the importance of vegetables ingestion against the contamination of these for pesticides. The ingestion of vegetables is a healthily use that needs to be stimulated, but it is necessary improve the respect by the legislation and to do a movement to awareness farmers and consumers about pesticides.

Keywords:

Vegetables

Food

Contamination

Pesticides

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1. Introdução

Em 1798, Thomas Robert Malthus disse: “A população cresce em progressão geomé-trica, enquanto que a produção de alimentos cresce em progressão aritmética” (COLLE & ROSSI, 2005). Através dessa afirmativa, Mal-thus indicava que a quantidade de alimentos seria insuficiente para a crescente demanda po-pulacional prevista, o que, no entanto, não se concretizou. A população do planeta não dupli-cou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico (COLLE & ROSSI, 2005). Com o avanço das pesquisas no ramo agropecuário, desenvolveram-se técnicas como o cultivo de tecidos “in vitro”, as técnicas de DNA recom-binante (HOBBELINK, 1987) e a utilização de pesticidas, para controle de pragas, doenças e plantas daninhas em plantações para assegu-rar a produtividade e a qualidade dos produtos (VIEIRA et al., 1999; BJORLING-POULSEN et al., 2008).

Pela Legislação Brasileira (Lei nº 7802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº 4074, de 04 de janeiro de 2002, publicado no DOU, de 08 de janeiro de 2002), os pesticidas são denominados de “agrotóxicos” e classifica-dos como inseticidas, fungicidas e herbicidas, dentre outros. A denominação pesticida é dada à substância ou à mistura de substâncias destina-das a prevenir a ação ou destruir insetos, ácaros, roedores, ervas daninhas, bactérias e outras for-mas de vida, sejam elas animal ou vegetal, preju-diciais à lavoura (SANTISTEBAN, 1999).

A qualidade da produção agrícola é inten-samente afetada pelo aparecimento de pragas, doenças e plantas daninhas (COUTINHO et al., 2005; DAMALAS & ELEFTHEROHORINOS, 2011), porém, o uso indiscriminado de pestici-das pode acarretar danos para o ambiente e para a saúde humana (COUTINHO et al., 2005), uma vez que estes podem se dispersar na na-tureza através de diferentes processos como li-xiviação e volatilização (GEBLER, 2004), bem como estarem presentes na mesa do consumi-dor (PARA, 2008). Segundo Bjorling-Poulsen et al. (2008), mais de 25% de frutas, verduras e cereais contêm resíduos detectáveis de pestici-das. Além disso, outras fontes, tais como água contaminada, poeira e pulverizações também

contribuem para a exposição humana a pestici-das (BJORLING-POULSEN et al., 2008).

Estima-se que 45% das substâncias que causam neurotoxicidade são pesticidas (BJOR-LING-POULSEN et al., 2008). Os principais sintomas de intoxicação envolvem dores de ca-beça, tremores, náuseas, câimbras abdominais, diarreias e suores (COUTINHO et al., 2005; BJORLING-POULSEN et al., 2008).

Devido ao aumento do uso de pesticidas e às consequências negativas que eles podem trazer para o meio ambiente e aos seres vivos, o homem busca novas formas para acabar ou minimizar esses danos. Uma das alternativas para reduzir a contaminação ambiental por pesticidas é a biorremediação que, utilizando microrganismos, se apresenta como uma alter-nativa ecologicamente mais adequada e eficaz para o tratamento de ambientes contaminados com moléculas orgânicas de difícil degrada-ção (GAYLARD et al., 2005). Por outro lado, a fiscalização eficiente da comercialização e das práticas de utilização dos pesticidas já poderia render um grande avanço na conservação do meio ambiente e assegurar a qualidade do pro-duto que chega à mesa do consumidor.

Nesta revisão, buscou-se apresentar a pro-blemática dos pesticidas na contaminação am-biental e a preocupação com os resíduos desses produtos nos alimentos.

2. Histórico de implantação dos pes-ticidas na agricultura brasileira

A utilização de pesticidas ocorre no Brasil desde a década de 50 até os dias atuais. Na dé-cada 50, a agricultura volta-se para o mercado interno tentando viabilizar o aumento de safras e levando, consequentemente, os agricultores a utilizarem produtos químicos para controlar pragas, doenças e plantas daninhas (CARRA-RO, 1997). Esse crescimento fez com que fosse necessário elevar a produtividade agrícola e, para isso, foi preciso promover o uso de maqui-nários agrícolas (utilização de tratores, arados, grades, pulverizadores, etc.), equipamentos e insumos químicos (fertilizantes e pesticidas) que revolucionaram a base técnica da agricultu-ra, momento conhecido como “Revolução Ver-de” (RIBAS & MATSUMURA, 2009).

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Com esse quadro nacional, na década de 60, surgiram inovações técnicas introduzidas na agricultura brasileira que modificaram o meio rural em seus aspectos social e ecológico (SANTANA & MACHINSKI JUNIOR, 2004). Como consequência dessa “modernização”, houve a diminuição do trabalho familiar agrí-cola e o crescimento do domínio da grande la-voura empresarial-capitalista, o que culminou com o êxodo rural (CARRARO, 1997). Com o intuito de obter níveis mais elevados de pro-dutividade, a “modernização” tinha propósitos imediatos e exclusivos, não dando importância ao processo agrícola e ao meio ambiente (SAN-TANA & MACHINSKI JUNIOR, 2004). Essa situação culminou entre os anos 60 e 70, com o aumento considerável do consumo dos pestici-das e fertilizantes químicos, sendo que os esta-dos de maior consumo de pesticidas foram São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 80% do consumo total desses produ-tos no período (CARRARO, 1997).

No contexto da década de 90, a políti-ca econômica brasileira se encaminhou, gra-dualmente, para o neoliberalismo, esperando que entrasse capital no país e que houvesse o aumento de investimento (MIRANDA et al., 2007). Ao invés disso, ocorreram o aumento do desemprego e o aumento da dívida externa (RIBEIRO & MEDEIROS JUNIOR, 2005) e, consequentemente, houve necessidade da reto-mada sustentada do desenvolvimento econômi-co nacional. Houve a valorização da exportação agrícola, que totalizou, em 2004, 39 bilhões de dólares, valor 27% superior ao obtido no ano anterior, e firmando o Brasil como grande exportador de “commodities” agrícolas (MI-RANDA et al., 2007).

O Brasil possuía ampla disponibilidade de terras, o que permitiu expandir a produção, na sua maioria de grãos, rapidamente e a bai-xos custos (BENETTI, 2002; FERNANDES, 2007). Essa vantagem competitiva careceu, en-tretanto, de sustentabilidade, pois exerceu for-te pressão sobre o meio ambiente (FERNAN-DES, 2007). Segundo Miranda et al. (2007) e Londres (2011), devido a projetos familiares, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Sistema Nacional de Crédito Rural (que vinculava a obtenção de crédito agrícola à obrigatoriedade da compra de

insumos químicos pelos agricultores), a criação do Programa Nacional de Defensivos Agríco-las (1975), no âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) (proporcionando re-cursos financeiros para a criação de empresas nacionais e a instalação no país de subsidiá-rias de empresas transnacionais de insumos agrícolas), além da expansão da exportação de produtos da agricultura brasileira, resulta-ram em um crescimento do uso de pesticidas na agricultura.

Outro fator que colaborou de forma mar-cante para a enorme disseminação da utiliza-ção dos pesticidas no Brasil foi o marco regu-latório, pouco rigoroso, que vigorou até 1989, quando só então foi aprovada a Lei 7.802 de regulamentação de agrotóxicos, e que facilitou o registro de centenas de substâncias tóxicas, muitas das quais já proibidas nos países de-senvolvidos (SILVA et al., 2005). Não se pode deixar de mencionar ainda as isenções fiscais e tributárias concedidas ao comércio desses pro-dutos (LONDRES, 2011). Através do Convênio ICMS 100/971, o governo federal concedeu re-dução de 60% da alíquota de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a todos os pesticidas (LONDRES, 2011). Logo, muitas campanhas foram feitas a fim de estimular o consumo dos pesticidas, sempre com a colocação que estes aumentariam a colheita e melhorariam a qualidade do cultivo (CARRARO, 1997).

Na América Latina, houve aumento no uso de pesticidas de, aproximadamente, 120%, na década de 90, mas muito em função da influên-cia do Brasil, que utilizava a metade de todo o montante de pesticidas utilizados na América Latina (MIRANDA et al., 2007). Entre 1964 e 1991, o consumo de pesticidas no país aumen-tou 276,2 %, frente a um aumento de 76% na área plantada (PERES et al., 2003). Já no perío-do entre 1991 e 2000, observou-se um aumen-to de quase 400% no consumo desses agentes químicos, frente a um aumento de 7,5% na área plantada (THE LANCET, 2002).

Mas foi na última década que o Brasil al-cançou a posição de maior consumidor mundial de pesticidas (RIBAS & MATSUMURA, 2009; LONDRES, 2011). No ano de 2008, o mercado de pesticidas movimentou R$ 7 bilhões no País, mais que o dobro em relação ao ano de 2003,

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fazendo com que o Brasil assumisse a posição de líder no consumo de pesticidas no mundo, posição anteriormente ocupada pelos Estados Unidos (SILVA, 2012). Em 2009, o consumo de pesticidas no Brasil ultrapassou a marca de 1 mi-lhão de toneladas, representando 5,2 kg de pes-ticidas por habitante por ano (LONDRES, 2011; SINDAG, 2011). Em nosso país, a cada ano, há um aumento considerável na utilização desses produtos (ANVISA, 2012), em especial dos her-bicidas, que são os mais aplicados na agricultura brasileira (IBGE, 2010; CONCEIÇÃO, 2000). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sani-tária – ANVISA (2012), o Brasil possui um des-taque negativo no cenário mundial como o maior consumidor de pesticidas, sendo responsável, na América Latina, por 86% do emprego desses produtos nas lavouras agrícolas.

Crescimento que pode ser explicado devi-do ao fortalecimento do agronegócio no Brasil e ao aumento do capital financeiro para grandes proprietários de terras, em uma rede de pressão de influências (SILVA, 2012). Com relação a isso, Larissa Mies Bombardi, professora do De-partamento de Geografia da USP, fez a seguinte colocação:

Somando as receitas das principais em-

presas estrangeiras produtoras de agro-

tóxicos no Brasil, segundo o balanço de

2009, temos um total de R$ 14 bilhões.

Este dado é muito significativo, já que re-

vela que, do PIB agrícola como um todo, o

setor de agrotóxicos abocanhou, sozinho,

cerca de 10%, isso lembrando que não es-

tão computados os dados da Monsanto.

Isto significa que estamos, literalmente,

comendo veneno, monopolizado pelo ca-

pital estrangeiro (BOMBARDI, 2011).

3. Contaminação ambiental por pesticidas

Ao longo dos anos, a agricultura mundial cresceu em área cultivada e produtividade, acompanhada pelo uso intenso de pesticidas, adubos químicos e outras substâncias sintéticas (ARMAS et al., 2005). O benefício mais co-mum associado à utilização dessas substâncias químicas seria o aumento na produtividade da

lavoura (VEIGA, 2007). Assim, os pesticidas passaram a ser empregados na produção, arma-zenamento e beneficiamento dos produtos agrí-colas, nas pastagens, na proteção de florestas e outros ambientes, para preservá-los de seres no-civos e, ainda, as substâncias e produtos usados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento (BRASIL, 1989).

O aumento na produtividade advinda do emprego desses pesticidas seria capaz de reduzir a demanda por recursos naturais (ter-ra e água) e por alguns recursos tecnológicos (mecanização) para a produção de uma mesma quantidade de produtos agrícolas a ser oferta-da (VEIGA, 2007). Entretanto, o uso indiscri-minado de pesticidas e sem conhecimento dos efeitos secundários destes pelos agricultores acarretou danos ao meio ambiente e, logo, a qualidade de vida do homem ficou comprome-tida (VIEIRA et al., 1999).

Sem as devidas precauções e cuidados em relação à manipulação, produção, estocagem e destino final dos pesticidas, não só o meio am-biente corre risco, mas também a saúde das pes-soas que, de alguma forma, entram em contato com tais produtos (DAMS, 2006). A utilização desses agentes químicos gerou a contaminação de grãos, frutas, legumes, hortaliças e verdu-ras, trazendo inúmeros malefícios ao meio ambiente, produtores rurais e aos consumido-res (CISCATO, 2008). Sua presença nos ma-nanciais pode dificultar o tratamento da água, uma vez que podem ser necessárias tecnologias diferentes das rotineiramente empregadas para a potabilização desta (FERNANDES NETO & SARCINELLI, 2009).

Embora a aplicação de pesticidas em mo-nocultivos realizados em grande escala seja uma prática difícil de ser abolida em função da dificuldade de práticas rápidas e eficientes de controle de pragas, doenças e plantas daninhas, existe uma busca por tecnologias alternativas que gerem menor impacto ao meio ambiente, como o uso do controle biológico para o com-bate às pragas agrícolas. Segundo Rodrigues et al. (2010), também há uma preocupação geral em desenvolver formas eficientes de remoção de resíduos de pesticidas do meio ambiente. Uma dificuldade para o desenvolvimento de uma forma eficiente de remoção de resíduos de pesticidas do meio ambiente é o fato de que a

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persistência do pesticida no solo dependente das características do solo, especialmente do tipo de argila, e dos fatores climáticos tais como radiação, temperatura, umidade e oxigenação (BURNS, 1975). É a associação desses fatores, juntamente com as características da molécula, que determinam o tempo de vida dos pestici-das no ambiente (REGITANO & BONFLEUR, 2011). Os pesticidas mais persistentes no meio ambiente são os responsáveis pelos maiores da-nos aos ecossistemas, como é o caso dos orga-noclorados (FLORES et al., 2004), atualmente com a comercialização proibida no Brasil e em outros países.

Nos solos, primeiramente, ocorre a de-composição inicial e rápida do material lábil e, num processo mais lento, de materiais mais resistentes (BLASZAK et al., 2011). No meio ambiente, a transformação do pesticida pode ser abiótica ou biótica (BOLLAG & LIU, 1990). A transformação abiótica ocorre quando o pes-ticida é transformado pela ação de componen-tes físicos ou químicos do ambiente (DAMIN, 2005). A elevação do pH do solo, por exemplo, pode contribuir com a hidroxilação dessas mo-léculas, sendo este um dos principais processos envolvidos na degradação de pesticidas devido ao aumento de sua polaridade (BOLLAG & LIU, 1990). Enquanto que a transformação bió-tica é dependente da ação da microbiota do solo (DIREITO, 2012).

Sabemos que o uso de pesticidas é um assunto muito polêmico, já que seu impacto ao meio ambiente é amplamente debatido por toda a sociedade e comunidade científica. No meio ambiente, seus impactos sobre a microbiota do solo e os processos biológicos dificilmente podem ser determinados com precisão devido à natureza, heterogeneidade, dinâmica e res-postas adaptativas da comunidade microbiana (MAFRA & MIKLÓS, 1998).

Segundo Gregorich et al. (1994), a qualida-de do solo pode ser definida como a capacida-de contínua do solo de aceitar, estocar e reciclar água, nutrientes e energia, além deste ser capaz de transformar materiais químicos e biológicos, funcionando como um tampão ou filtro ambien-tal. Ou seja, a qualidade de qualquer solo depen-de da sua natureza, que é função dos fatores de formação e da interferência antrópica relaciona-da ao uso e manejo (GREGORICH et al., 1994).

A qualidade do solo está relacionada com a ativi-dade microbiana, ou seja, quanto maior a diversi-dade microbiana e mais numerosa, no solo, mais rápido será a degradação da matéria orgânica, devido às reações biológicas e bioquímicas rea-lizadas pelos microrganismos nesse local, logo, o solo será mais fértil (FORTES NETO et al., 2012). Dessa forma, essas reações são respon-sáveis pela decomposição de resíduos orgânicos e inorgânicos através dos ciclos biogeoquímicos (FORTES NETO et al., 2012).

Ao utilizar produtos sintéticos, como os pesticidas, o homem tem contaminado o ecos-sistema em decorrência da fácil dispersão desses produtos e de sua longa permanência no meio ambiente (MOREIRA et al., 2002). Outra forma que pode ocasionar o aumento da área de con-taminação por pesticida no ambiente é através da contaminação indireta, que pode ocorrer em decorrência de fortes chuvas e erosão nos solos tratados que desencadeiam a movimentação dos pesticidas para outras áreas que não as de sua aplicação (YANG et al., 2006). Os pesticidas po-dem ser volatilizados e dispersos pelo vento ou lixiviados, sendo assim transportados através da atmosfera e do solo (GONZALEZ et al., 2005).

É em função das características de toxidez e persistência no ambiente, que a legislação vi-gente tem sido frequentemente atualizada. Po-demos utilizar como modelo o herbicida 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) por uma equipe britânica com o objetivo de aumentar a produção agrícola durante a guer-ra (FEDERATION OF AMERICAN SCIEN-TISTS, 2006) e empregado posteriormente na Guerra do Vietnã (1954-1975), juntamente com o herbicida 2,4,5-T (ácido triclorofenoxiacéti-co), para a produção do agente laranja (FRUM-KIN, 2003). Esse composto foi utilizado como desfolhante das florestas Vietnamitas na ope-ração conhecida como “Ranch Hand” (1962-1971), onde cerca de 68.000 m3 de 2,4-D foram aplicados por aviões e helicópteros americanos nas áreas rurais (FEDERATION OF AME-RICAN SCIENTISTS, 2006). Além disso, o agente-laranja foi levado pelas águas das chu-vas para os rios e o mar, contaminando o meio ambiente (LUCCHESE, 2005).

Em 1946, quando foi comercialmente lan-çado, o 2,4-D tornou-se o primeiro herbicida

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seletivo bem sucedido, permitindo o controle de plantas daninhas em plantações como milho, trigo, arroz e cevada (GUEDES, 2010). Logo foi transformando-se rapidamente no herbici-da mais extensamente usado em todo o mundo (AMARANTE JÚNIOR et al., 2002). Mas os problemas na saúde humana foram gradativa-mente sendo identificados. Segundo a Envi-ronmental Protection Agency (EPA), os efeitos na saúde dos soldados americanos que partici-param da Guerra do Vietnã, incluindo alguns tipos de carcinoma, são resultado do contato direto com o 2,4-D (FEDERATION OF AME-RICAN SCIENTISTS, 2006).

Em função das características toxicológi-cas do 2,4-D, a Resolução Nº 396 de 03 de Abril de 2008 do Conselho Nacional de Meio Am-biente - CONAMA, que dispõe sobre a classifi-cação e as diretrizes ambientais para prevenção e controle da poluição de águas subterrâneas, passou a determinar o limite máximo de 0,03 ppm de 2,4-D na água destinada ao consumo humano. E a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da NBR 10004/2004, passou a determinar o limite de 3 ppm do herbi-cida em resíduos sólidos como suficiente para a denominação de resíduo perigoso. Mas muitos dos pesticidas empregados ainda não são con-templados nessas regulamentações.

É importante ressaltar que, no caso de re-síduos sólidos contaminados, uma das formas mais populares de descartá-los é a inceneração (BLASZAK et al., 2011). Entretanto, segundo Tangri (2003), as desvantagens para incinera-ção são inúmeras, dentre elas se destacando as descargas de poluentes na atmosfera e a incom-patibilidade desta com outros sistemas para a gestão de resíduos. Por essas razões, atualmen-te, o uso da biorremediação vem se tornando uma das alternativas mais viáveis para degra-dação de certos compostos que não podem ser utilizados e nem jogados no meio ambiente (BRITO et al., 2010; BLASZAK et al., 2011).

Biorremediação é um processo biológi-co definido, segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA, 1990), como o “processo de tratamento que utiliza naturalmen-te microrganismos para degradar substâncias toxicamente perigosas, transformando-as em substâncias menos ou não tóxicas”. Pesquisas são feitas todos os anos com o intuito de apli-

car processos biotecnológicos com o objetivo de solucionar ou minimizar problemas de poluição ambiental (BARROS et al., 2010). A capacida-de de degradação de compostos orgânicos por microrganismos é reconhecida cientificamente e vem tomando grandes proporções ao longo do tempo em processos de tratamento biológi-co de efluentes líquidos e de resíduos em solo (CASTILHOS JÚNIOR, 2003). A biorremedia-ção tornou-se importante para a recuperação de ambientes poluídos por produtos tóxicos, pois utilizam a capacidade dos microrganismos em biodegradar ou biotransformar as mais diversas substâncias perigosas (MISHRA et al., 2001).

Biodegradação é a decomposição de uma determinada molécula em componentes mais simples, realizada por organismos vivos como: bactérias, fungos, plantas, animais e etc (LIMA et al., 2001). Devemos lembrar que a degrada-ção microbiana não depende somente da pre-sença dos microrganismos com as enzimas de-gradadoras apropriadas, mas também de uma série de condições ambientais (HE et al., 2005). Os microrganismos do solo têm uma função importante na atenuação dos efeitos ambientais dos compostos orgânicos, uma vez que podem adaptar-se à presença desses compostos poten-cialmente tóxicos e sobreviver por meio de sua degradação, ou seja, utilizar essas moléculas como fonte de carbono e energia (SILVA et al., 2004). Para a identificação desses microrganis-mos a partir de amostras ambientais, emprega--se a bioprospecção.

A bioprospecção pode ser definida como: “o método ou forma de localizar, avaliar e ex-plorar sistemática e legalmente a diversidade de vida existente em determinado local” (SAN-TOS, 2011). Ela tem como principal finalidade a busca de recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais (SANTOS, 2011). Pode-mos destacar como vantagens da bioprospec-ção propiciar conhecimento da biodiversidade e seu potencial biotecnológico e fornecer subs-tâncias importantes ao homem, através das ati-vidades bioquímicas. Apesar de atualmente ser amplamente divulgada, a bioprospecção não é uma atividade nova na história humana (TRI-GUEIRO, 2009). Desde seus primórdios, a hu-manidade experimenta os recursos biológicos disponíveis na natureza e procura obter, a partir desses recursos, por exemplo, novos objetos e

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utensílios para sua vida diária (TRIGUEIRO, 2009). É o caso da utilização da pele dos ani-mais para o vestuário, do uso de ervas para o tratamento de doenças e das tinturas de deter-minadas plantas para a pintura do corpo e para as artes (TRIGUEIRO, 2009).

Características intrínsecas dos microrganis-mos como tolerância ou resistência a alguns con-taminantes têm servido de base para investiga-ções sobre as interações entre os organismos do solo e determinados poluentes (DIREITO, 2012). Evidências dessa interação têm sido relatadas, como a assimilação direta dos contaminantes e a subsequente acumulação de metabólitos não tóxicos nos tecidos vegetais; pelo estímulo da atividade microbiana provocada pela liberação de produtos naturais eliminados pela raiz, isto é, os exsudados; e pelo aumento da mineralização na região da rizosfera provocada pelo consórcio microbiano (DIREITO, 2012).

A introdução de contaminantes no solo, das mais variadas fontes, causa inúmeras con-sequências negativas para a cadeia alimentar, para a saúde pública e para os diversos ecos-sistemas e recursos naturais (OLIVEIRA et al., 2008). Dessa forma, a bioprospecção de micror-ganismos capazes de biodegradarem pesticidas representa a possibilidade de mitigação do im-pacto ambiental gerado pelos pesticidas de uma forma alternativa e que não traga tanto impacto ambiental como a remediação empregando pro-dutos químicos.

4. Impacto do uso de pesticidas na saúde pública

A exposição ocupacional aos pesticidas tem um forte impacto na saúde pública (DAMS, 2006), mas a contaminação de seres humanos também ocorre através da alimentação (CIS-CATO, 2008). Independentemente da forma de exposição aos pesticidas, as consequências neurotóxicas de uma exposição aguda estão as-sociadas a uma série de sintomas e defeitos na conduta neurológica e anormalidades na função nervosa (KEIFER & MAHURIN, 1997). Os sintomas neurológicos menos severos incluem dor de cabeça, tontura, náusea, vômito e exces-sivo suor (DAMS, 2006). Já os mais perigosos são o desenvolvimento de fraqueza muscular e

bronquiespasmos, que podem progredir para convulsões e coma (DAMS, 2006). Entre al-gumas das manifestações de intoxicação por pesticidas observadas em trabalhadores rurais estão a diminuição das defesas imunológicas, anemia, impotência sexual masculina, cefaleia, insônia, alterações da pressão arterial, altera-ções do humor e distúrbios do comportamento, como surtos psicóticos (LONDON et al., 1998).

A carência na assistência técnica ao ho-mem do campo, a dificuldade do cumprimen-to das leis e os próprios trabalhadores que se opõem ou não têm conhecimento quanto ao uso dos equipamentos de segurança pessoal (Equipamento de Proteção Individual – EPI) agravam a situação de contaminação tanto hu-mana como ambiental (OLIVEIRA-SILVA et al., 2000). Em 2009, ocorreram 7.677 casos de intoxicação aguda (7,64% do total de casos de 2009) por pesticidas de uso agrícola, ou desvia-dos ilegalmente para serem usados como ratici-da domiciliar (PARA, 2010).

No campo, segundo Faria et al. (2004), em seu levantamento sobre uso de EPI entre produ-tores rurais dos municípios de Antônio Prado e Ipê, na Serra Gaúcha, mais de 35,0% dos traba-lhadores admitiram nunca usar luvas, máscaras ou roupas de proteção quando da manipulação de pesticidas. O uso de EPI foi mais frequen-te nos homens e nas pessoas com escolaridade média de 5 a 8 anos, enquanto as mulheres e o grupo sem escolaridade era o que menos usa-va esses equipamentos (FARIA et al., 2004). O acesso às orientações técnicas para práticas agrí-colas mostrou-se relacionado a maior uso de EPI específico para proteção química (FARIA et al., 2004). Os trabalhadores rurais que usavam mais EPI trabalhavam nos estabelecimentos com maior renda bruta de produção, maior nível de mecanização e tinham jornada de trabalho agrí-cola mais extensa (FARIA et al., 2004).

Além da contaminação ocupacional de produtores agrícolas, é possível que os alimen-tos comercializados nas cidades apresentem resíduos de pesticidas (DAMS, 2006). Estudos têm demonstrado a presença de resíduos de vá-rios produtos como inseticidas organoclorados e fungicidas organofosforados em sucos de fruta e vinhos (JOSÉA et al., 2004). A contaminação dos alimentos pode vir de uma aplicação direta em uma das fases da produção, do transporte ou

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do armazenamento, devido a uma possível ma-nipulação errada dos trabalhadores, ao uso ex-cessivo dos pesticidas (JOSÉA et al., 2004) ou da comercialização de produtos sem respeitar o período de carência da aplicação de pesticidas. Dessa maneira, tanto produtores quanto consu-midores podem se contaminar diretamente pelo contato com pesticidas. Também a ingestão pelo ser humano de animais contaminados atra-vés da biomagnificação (acúmulo do pesticida ao longo da cadeia alimentícia) ou o contato com o meio ambiente contaminado podem ge-rar intoxicações (DIREITO, 2012). Além disso, os riscos do uso de pesticidas não se limitam ao homem do campo ou ao consumidor, pois os resíduos das aplicações atingem os mananciais e o solo (DAMS, 2006).

5. Importância das hortaliças na saúde

Segundo Figueiredo (2008), estudos rea-lizados nas últimas décadas têm demonstrado o importante papel da alimentação, causando ou prevenindo doenças. Na população brasi-leira tem sido observado, ultimamente, uma mudança para a pior de seus hábitos alimenta-res (MONTEIRO et al., 2000). O consumo de doces, refrigerantes e massas têm aumentado bastante, enquanto o consumo de arroz, fei-jão, frutas e verduras vêm diminuindo mui-to (MONTEIRO et al., 2000). Por essa razão, Monteiro et al. (2000) colocam que a qualidade da alimentação do brasileiro está se tornando inadequada.

Nas últimas décadas, a obesidade e doen-ças crônicas relacionadas ao consumo excessivo e desequilibrado de alimentos vêm aumentan-do seus índices de incidência (VALLA, 2000). Segundo Claro et al. (2007), essas doenças se devem, essencialmente, pelo consumo insu-ficiente de frutas, legumes e verduras e da in-gestão excessiva de alimentos de alta densidade energética e ricos em gorduras, açúcares e sal.

Melo (2009) esclarece que “o consumo in-suficiente de hortaliças e frutas é um fator de risco relacionado à causa de doenças crônicas não transmissíveis.” Esses alimentos são im-portantes para uma dieta saudável, pois são fon-tes de micronutrientes, fibras, vitaminas e de outros componentes com propriedades funcio-

nais (JAIME et al., 2007; CAMARGO & BO-TELHO, 2010), além de possuírem baixa den-sidade energética, o que favorece a manutenção saudável do peso corporal (MELO, 2009). Por essas razões, é de grande importância a inclusão de hortaliças variadas na dieta (CAMARGO & BOTELHO, 2010). Comer uma variedade de hortaliças garante uma ingestão adequada dos micronutrientes, fibras e uma gama de fatores nutricionalmente essenciais (GOMES, 2007). Além disso, o aumento do consumo de horta-liças pode ajudar na substituição de alimentos que possuem altas concentrações de gorduras saturadas e sal (GOMES, 2007). Outro papel importante da ingestão de hortaliças é que estas são fontes de compostos bioativos diretamente associados à prevenção de doenças (FALLER & FIALHO, 2009).

6. Importância financeira das horta-liças no Brasil

A globalização da economia tem causado alterações em todos os elos da cadeia produti-va brasileira de hortaliças (MELO & VILELA, 2007). Entre 1990 e 2006, no Brasil, a área de produção de hortaliças cresceu 5%, enquanto a produção cresceu 63% em função do aumento da produtividade de 54% (MELO & VILELA, 2007). Em 2003, o consumo de hortaliças nas regiões Sudeste e Sul, em média, foi aproxi-madamente 60% superior à média das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste (MELO & VI-LELA, 2007). Enquanto a região Sudeste teve a aquisição de 32,7 Kg de hortaliça per capita por ano entre 2002-2003, as regiões Norte, Nordes-te e Centro-oeste apresentaram, respectivamen-te, 18,9; 22,3 e 23,4 Kg de hortaliça per capita por ano (MELO & VILELA, 2007). Em 2005, a produção total de hortaliças foi de 17.385,9 mil toneladas, ocupando uma área cultivada de 785,2 mil hectares (MELO & VILELA, 2007). O valor total da produção de 2005 foi estimado em R$ 11.482,42 milhões (IBGE, 2005).

A produção de hortaliças é apresentada em grupos sendo o primeiro composto por raízes, bulbos e tubérculos que correspondem a 40% da produção, o segundo composto por “hortali-ças frutos” (legumes) que correspondem a 37% da produção, o terceiro composto por hortaliças

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folhosas que compreendem a 16% da produção, o quarto composto por melancia, melão e mo-rango que correspondem a 7,5% da produção, e o quinto composto por outras hortaliças e con-dimentares que correspondem a 6,2% da produ-ção (IBGE, 2005). Muito dessa produção sendo assegurada pelo uso de pesticidas no controle de pragas, doenças e plantas daninhas (ALMEIDA et al., 2009). O consumo de pesticida no grupo das hortaliças aumentou em 8% entre os anos de 2004 a 2008 no Brasil, correspondendo a um total de 18.760 toneladas de pesticidas em 2004 para 20.370 toneladas de pesticidas em 2008 (ALMEIDA et al., 2009).

Apesar da preocupação com essa situação ser tão antiga quanto o uso dos pesticidas, so-mente em 2001 o conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico permitiram que fosse criado, no Brasil, um Projeto de Análi-ses de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA/MS), com o objetivo de avaliar a qualidade dos alimentos consumidos in natura em relação aos resíduos de agrotóxicos e, consequentemente, colaborar com o controle de qualidade de alimentos con-sumidos in natura (PARA, 2008). Em 2003, esse projeto se transformou no Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Ali-mentos (PARA), passando a integrar, com o passar dos anos, cada vez mais um número maior de unidades da federação, culturas e in-gredientes ativos dos pesticidas ao Programa (PARA, 2008).

De 2001 a 2010, foram mais de 14.000 amostras analisadas pelo PARA. Esse progra-ma identificou como problemas: utilização de agrotóxicos não autorizados para a cultura, na qual este foi identificado, mas autorizado para outras culturas; utilização de pesticida banido do Brasil ou que nunca teve registro no país; não observância quanto aos agrotóxicos com restrições quanto ao modo de aplicação pelos agricultores; e, a presença de resíduos de in-gredientes ativos de pesticidas acima do limite máximo de resíduos (LMR) permitido (PARA, 2008; PARA, 2009; PARA, 2010; PARA 2011).

Com base nesses resultados, estratégias têm sido determinadas para a correção dos pro-blemas identificados. Temos como exemplo, que níveis de ingredientes ativos de pesticidas

acima do LMR evidenciam sua utilização sem respeitar as determinações presentes nos rótu-los e bulas, como um maior número de aplica-ções, quantidades excessivas destes aplicados por hectare, por ciclo ou safra da cultura, bem como o não cumprimento do intervalo de se-gurança ou período de carência (PARA, 2008; PARA, 2011). Segundo o PARA, “é de extrema importância que os órgãos responsáveis pela saúde, trabalho, meio ambiente e agricultura estejam atentos às condições de trabalho dos agricultores, principalmente daqueles com me-nos recursos financeiros e menor nível de ins-trução”, uma vez que são eles, geralmente, os mais expostos aos pesticidas e às intoxicações agudas e crônicas (PARA, 2009).

Quanto aos consumidores, o PARA escla-rece que a lavagem, retirada de cascas e folhas externas pode contribuir para a redução dos re-síduos de pesticidas presentes apenas na super-fície dos alimentos, pois quando o pesticida é sistêmico, fica no interior do alimento. Já o uso de solução de hipoclorito de sódio no preparo de verduras, frutas e legumes só assegura a re-dução da carga microbiana presente na superfí-cie desses alimentos, não reduzindo em nada os teores de pesticidas no alimento (PARA, 2008; PARA, 2009; PARA, 2010; PARA, 2011). Outra orientação do Programa, é que o consumidor dê preferência ao consumo de alimentos da época, pois estes, geralmente, são menos suscetíveis a pragas e doenças e, consequentemente, rece-bem uma carga menor de pesticidas. Além dis-so, é recomendado que o consumidor opte por alimentos produzidos em sistemas orgânicos ou integrados que façam uso práticas alternativas de combate a pragas, doenças e plantas dani-nhas (PARA, 2008; PARA, 2009; PARA, 2010; PARA, 2011).

Os dados obtidos pelo programa têm pos-sibilitado avaliar a qualidade e a segurança dos alimentos consumidos pela população, caracte-rizar as fontes de contaminação, proporcionar uma avaliação quanto ao uso inadequado e não autorizado de agrotóxicos, estimular a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e fornecer subsídios para a reavaliação dos estudos de re-síduos aportados à ANVISA para fins de regis-tro de pesticidas (PARA, 2008; PARA, 2009; PARA, 2010; PARA, 2011). Além disso, com o intuito de promover a capacitação de diferentes

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segmentos da sociedade, a Gerência Geral de Toxicologia da ANVISA criou o Grupo de Tra-balho de Educação e Saúde sobre Agrotóxicos (GESA), coordenado pela Gerência Geral de Toxicologia, com objetivo de elaborar propos-tas e ações educativas para reduzir os impactos do uso de agrotóxicos na saúde da população, implementar ações e estratégias para incentivar os sistemas orgânicos de produção ou outros sistemas alternativos para o uso de pesticidas, bem como orientar quanto ao uso de pesticidas nos cultivos convencionais (PARA, 2011).

7. Considerações finais

A ingestão de hortaliças é um hábito sau-dável e recomendado; mas, uma vez que são alimentos comumente consumidos crus e que, dependendo do manejo agrícola, recebem apli-cação de pesticidas, os cuidados para o consu-mo devem ser redobrado para que os resíduos de pesticidas estejam dentro das concentrações estabelecidas pela legislação em vigor. Ao mes-mo tempo, o uso de pesticidas nos desperta o interesse em buscar alternativas para o uso, seja

pelo emprego de técnicas mecânicas para o con-trole de pragas (catação), doenças (identificação e retirada das plantas doentes da lavoura) e plantas daninhas (capina) ou do uso de controle biológico, seja pelo investimento em trabalhos de bioprospecção e de biorremediação.

O respeito à legislação vigente já poderia reduzir em muito o impacto desses pesticidas na saúde pública, mas isso depende de uma maciça conscientização de agricultores, indus-triais e consumidores. Muito já se discutiu e se discute sobre os problemas inerentes ao uso inadequado de pesticidas e/ou sem os cuidados necessários, mas ainda assim muitos desconhe-cem ou ignoram ou desrespeitam as orientações relacionadas à comercialização, estocagem, descarte de embalagens contaminadas e resí-duos de pesticidas permitidos para o consumo de água e alimentos.

8. Agradecimentos

Agradecemos ao apoio da Fundação Car-los Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Es-tado do Rio de Janeiro – FAPERJ.

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VEIGA, M. M. Agrotóxicos: eficiência econômica e injustiça socioambiental. Ciência & Saúde Coletiva [online], v. 12, p. 145-152, 2007.

VIEIRA, E. M.; PRADO, A. G. S.; LANDGRAF, M. D.; REZENDE, M. O. O. Estudo da adsorção/dessorção do ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) em solo na ausência e presença de matéria orgânica. Química Nova, v. 22, p. 305-308, 1999.

YANG, C. F.; LEE, C. M.; WANG, C. C. Isolation and physiological characterization of the pentachorolophenol degrading bacterium Sphingomonas chlorophenolica. Chemosphere, v. 62, p. 709-714, 2006.

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Instruções para Autores

Cadernos UniFOA é uma publicação quadrimestral arbitrada. Visa sustentar um espaço editorial de natureza inter e multidisciplinar. Publica prioritariamente pesquisas originais e contribuições de caráter descritivo e interpretativo, baseadas na literatura recente, bem como artigos sobre temas atuais ou emergentes e comunicações breves sobre temas relevantes e inéditos desenvolvidos em nível de Graduação, e Pós-graduação Lato e Stricto Sensu.

Seleção de artigos: na seleção de artigos para publicação, avaliam-se a originalidade, a relevância do tema e a qualidade da metodologia científica utilizada, além da adequação às normas editoriais adotadas pelo periódico.

Revisão por pareceristas: todos os artigos publicados são revisados por pareceristas resguardado o anonimato dos autores para uma avaliação mais acurada.

Ineditismo do material: o conteúdo do material enviado para publicação na Revista Cadernos UniFOA não pode ter sido publicado anteriormente, nem submetido para publicação em outros locais. Para serem publicados em outros locais, ainda que parcialmente, necessitam aprovação por escrito dos Editores. Os conceitos e declarações contidos nos trabalhos são de total responsabili-dade dos autores.

Direitos Autorais: ao encaminhar um original à revista, os autores devem estar cientes de que, se aprovado para publicação, os direitos autorais do artigo, incluindo os de reprodução em todas as mídias e formatos, deverão ser concedidos exclusivamente para a Revista Cadernos UniFOA. Para tanto é solicitado ao autor principal que assine declaração sobre o Conflito de interesses e Transfe-rência de Direitos Autorais e envie para Editora FOA - Campus Três Poços - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560. (Conferir anexo).

Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções:

(1) Revisão - revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes à saúde pública (máximo de 10.000 palavras); (2) Artigos - resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou concei-tual (máximo de 10.000 palavras); (3) Notas - nota prévia, relatando resultados parciais ou prelimi-nares de pesquisa (máximo de 2.000 palavras); (4) Resenhas - resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP, publicado nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras); (5) Car-tas - crítica a artigo publicado em fascículo anterior do Cadernos UniFOA – Pós-graduação ou nota curta, relatando observações de campo ou laboratório (máximo de 1.200 palavras); (6) Artigos especiais – os interessados em contribuir com artigos para estas seções deverão consultar previa-mente o Editor: (7) Debate - artigo teórico que se faz acompanhar de cartas críticas assinadas por autores de diferentes instituições, convidados pelo Editor, seguidas de resposta do autor do artigo principal (máximo de 6.000 palavras); (8) Fórum - seção destinada à publicação de 2 a 3 artigos coordenados entre si, de diferentes autores, e versando sobre tema de interesse atual (máximo de 12.000 palavras no total). O limite de palavras inclui texto e referências bibliográficas (folha de rosto, resumos e ilustrações serão considerados à parte).

Apresentação do Texto:

Serão aceitas contribuições em português ou inglês. O original deve ser apresentado em espaço duplo e submetido eletronicamente, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12, com margens superiores de 3,0 cm e as demais em 2,5 cm. Entre linhas deve-se respeitar o espaçamento de 2,0 cm. Deve ser enviado com uma página de rosto, onde constará título completo (no idioma

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original e em inglês) e título corrido, nome(s) do(s) autor(es) e da(s) respectiva(s) instituição(ões) por extenso, com endereço completo apenas do autor responsável pela correspondência. Notas de rodapé não serão aceitas.

Ilustrações: as figuras deverão ser enviadas em alta qualidade, em preto-e-branco e/ou diferentes tons de cinza e/ou hachuras. Os custos adicionais para publicação de figuras em cores serão de total responsabilidade dos autores. É necessário o envio dos gráficos, separadamente, no formato do programa em que foram gerados (SPSS, Excel, Harvard Graphics etc.), acompanhados de seus parâmetros quantitativos, em forma de tabela e com nome de todas as variáveis. Também é ne-cessário o envio de mapas no formato WMF, observando que os custos daqueles em cores serão de responsabilidade dos autores. O número de tabelas e/ou figuras deverá ser mantido ao mínimo (máximo de sete tabelas e/ou figuras).

Resumos: Com exceção das contribuições enviadas às seções Resenha ou Cartas, todos os artigos submetidos em português deverão ter resumo na língua principal e em inglês. Os artigos subme-tidos em inglês deverão vir acompanhados de resumo em português, além do abstract em inglês. Os resumos não deverão exceder o limite de 500 palavras e deverão ser acompanhados de 3 a 5 palavras-chave.

Nomenclatura: devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura zoológica e botâni-ca, assim como abreviaturas e convenções adotadas nas disciplinas especializadas.

Pesquisas envolvendo seres humanos: A publicação de artigos que trazem resultados está con-dicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964, refor-mulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do atendimento a legislações específicas (quando houver) do país no qual a pesquisa foi realizada. Artigos que apresentem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último parágrafo da seção Metodologia do artigo). Em caso de dúvida e em não havendo Comitê especiali-zado na IES de origem, o(s) autor(res) pode(m) entrar em contato com [email protected] (Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos) para maiores esclarecimentos e possível envio da pesquisa para avaliação neste.

Agradecimentos - Contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras, mas que não preencham os requisitos para participar de autoria devem constar dos “Agradecimentos”. Também podem constar desta parte agradecimentos a instituições pelo apoio econômico, material ou outros.

Referências: as referências devem ser identificadas indicando-se autor(es), ano de publicação e nú-mero de página, quando for o caso. Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es) e devem seguir o estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Exemplos:

1 Livro:

MOREIRA FILHO, A. A. Relação médico paciente: teoria e prática. 2. ed. Belo Horizonte: Coop-med Editora Médica, 2005.

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2 Capítulo de Livros:

RIBEIRO, R. A.; CORRÊA, M. S. N. P.; COSTA, L. R. R. S. Tratamento pulpar em dentes decí-duos. In:

CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria na primeira infância. 2. ed. São Paulo: Santos, 2005. p. 581-605.

3 Dissertação e Tese:

EZEQUIEL, Oscarina da Silva. Avaliação da acarofauna do ecossitema domiciliar no município de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, Brasil. 2000. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasi-tária)___FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2000.

CUPOLILO, Sonia Maria Neumann. Reinfecção por Leishmania L amazonensis no modelo muri-no: um estudo histopatológico e imunohistoquímico. 2002. Tese (Doutorado em Patologia)___FIO-CRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

4 Artigos:

ALVES, M. S.; RILEY, L. W.; MOREIRA, B. M. A case of severe pancreatitis complicated by Raoultella planticola infection. Journal of Medical Microbiology, Edinburgh, v. 56, p. 696-698, 2007.

COOPER, C. W.; FALB, R. D. Surgical adhesives. Annals of the New York Academy of Sciences, New York, v. 146, p. 214-224, 1968.

5 Documentos eletrônicos:

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (Brasil). Estimativa 2006: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/ >. Acesso em 4 ago. 2007.

Envio de manuscritos:

Os artigos deverão ser enviados exclusivamente pelo sistema de avaliação através do link www.unifoa.edu.br/cadernos/ojs, seguindo os padrões especificados anteriormente.

OBS: Se professor do UniFOA, informar em quais cursos leciona.

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Instructions For Authors

UniFOA Reports is a six-monthly journal that publishes original publishes original research and contributions of descriptive character, based in recent literature, as well as articles on current or emergent subjects and brief communications on developed excellent and unknown subjects in level of Lato and Stricto Sensu pos graduation programs.

The journal accepts articles for the following sections: (1) Literature reviews - critical reviews of the literature on themes pertaining to public health (maximum 10,000 words); (2) Articles - results of empirical, experimental, or conceptual research (maximum 8,000 words); (3) Research notes - short communications on partial or preliminary research results (maximum 2,000 words); (4) Book reviews - critical reviews of books related to the journal’s thematic field, published in the last two years (maximum 1,200 words); (5) Letters - critiques of articles published in previous issues of the journal or short notes reporting on field or laboratory observations (maximum 1,200 words); (6) Special articles - authors interested in contributing articles to this section should consult the Editor in advance; (7) Debate - theoretical articles accompanied by critiques signed by authors from dif-ferent institutions at the Editor’s invitation, followed by a reply by the author of the principal article (maximum 6,000 words); and (8) Forum - section devoted to the publication of 2 or 3 interrelated articles by different authors, focusing on a theme of current interest (maximum 12,000 words for the combined articles).

The above-mentioned maximum word limits include the main text and bibliographic references (the title page, abstracts, and illustrations are considered separately).

Presentations of Papers

Contributions in Portuguese or English are welcome. The original should be double-spaced and submit-ted eletronically, using Arial or Times New Roman size 12 font with 2.5cm margins. All manuscripts should be submitted with a title page, including the complete title (in the original language and English) and running title, name(s) of the author(s) and institutional affiliation(s) in full and the complete address for the corresponding author only. All manuscripts should be submitted with a diskette or CD containing the article’s file and identifying the software program and version used (Windows-compatible programs only). Footnotes will not be accepted. Authors are required to send a letter informing whether the article is being submitted for the first time or re-submitted to our Secretariat.

When sending a second version of the article, one print copy should be sent, together with the dis-kette or CD.

Illustrations: figures should be sent in a high-quality print version in black-and-white and/or dif-ferent tones of gray and/or hachure. Any additional cost for publication of color figures will be covered entirely by the author(s). Graphs should be submitted separately in the format of the pro-gram in which they were generated (SPSS, Excel, Harvard Graphics, etc.), accompanied by their quantitative parameters in table form and with the names of all the variables. Maps should also be submitted in WMF format, and the cost of colored maps will be covered by the author(s). Maps that have not been generated electronically must be submitted on white paper (do not use tracing paper). Tables and/or figures should be kept to a minimum (maximum seven tables and/or figures).

Abstracts: with the exception of contributions submitted to the Book review or Letters sections, all manuscripts submitted in Portuguese should include an abstract in both the principal language and English. Articles submitted in English should include an abstract in Portuguese, in addition to the English abstract. The abstracts should not exceed 250 words and should include 3 to 5 key words.

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Nomenclature: rules for zoological and botanical nomenclature should be strictly followed, as well as abbreviations and conventions adopted by specialized disciplines.

Research involving Ethical Principles: publication of articles with the results of research invol-ving human beings is conditioned on the ethical principles contained in the Helsinki Declaration (1964, revised in 1975, 1983, 1989, 1996, and 2000), of the World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), in addition to complying with the specific legislation (when existing) of the country in which the research was performed. Articles presenting the results of research invol-ving human beings must contain a clear statement of such compliance (this statement should be the last paragraph of the article’s Methodology section). After acceptance of the article for publication, all the authors are required to sign a form provided by the Editorial Secretariat of UniFOA Reposts – Pos graduation stating their full compliance with the specific ethical principles and legislation.

Acknowledgements: Contributions of people, grants and institutions must consist the section of Acknowledgements.

Declaration: the main author must send, by post office, declaration on the Conflict of Interests and Transference of Copyrights.

References

References should be numbered consecutively according to the order in which they appear in the manuscript. They should be identified by superscript Arabic numerals (e.g., Oliveira1). References cited only in tables and figures should be numbered according to the last reference cited in the body of the text. Cited references should be listed at the end of the article in numerical order. All referen-ces should be presented in correct and complete form. The veracity of the information contained in the list of references is the responsibility of the author(s).

Examples:

a) Periodical articles

Hedberg B, Cederborg AC, Johanson M. Care-planning meetings with stroke survivors: nurses as moderators of the communication. J Nurs Manag, 15(2):214-21, 2007.

b) Institution as author

European Cardiac Arrhythmia Society - 2nd Annual Congress, April 2-4, 2006, Marseille, France.

Pacing Clin Electrophysiol. Suppl 1:S1-103, 2006.

c) Without author specification

Rubitecan: 9-NC, 9-Nitro-20(S)-camptothecin, 9-nitro-camptothecin, 9-nitrocamptothecin, RFS 2000, RFS2000. Drugs R D. 5(5):305-11, 2004.

d) Books and other monographs

FREIRE P e SHOR I. Medo e ousadia – O cotidiano do professor. 8 ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2000.

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· Editor or organizer as author

Duarte LFD, Leal OF, organizers. Doença, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1998.

· Institution as author and publisher

Institute of Medicine recommends new P4P system for Medicare. Healthcare Benchmarks Qual Im-prov., 13(12):133-7, 2006.

e) Chapter of book

Aggio A. A revolução passiva como hipótese interpretativa da história política latino- americana. In: Aggio, Alberto (org.). Gramsci: a vitalidade de um pensamento. São Paulo: Unesp, 1998.

f) Events (conference proceedings)

Vitti GC & Malavolta E. Fosfogesso - Uso Agrícola. In: Malavolta E, Coord., SEMINÁRIO SO-BRE CORRETIVOS AGRÍCOLAS. Campinas,SP. Fundação Cargill, p. 161-201, 1985.

g) Paper presented at an event

Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical infor-matics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5.

h) Theses and dissertations

Rodriques GL. Poeira e ruído na produção de brita a partir de basalto e gnaisse nas regiões de Lon-drina e Curitiba, Paraná: Incidência sobre os trabalhadores e Meio Ambiente. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Paraná.Curitiba, 2004.

i) Other published work

· Journal article

Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3.

· Legal documents

MTE] Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurança do Trabalho. Portaria N°. 25 de 29/12/1994. Norma Regulamentadora N° 9: Programas de Prevenção de Riscos Ambientais.

j) Electronic material

· CD-ROM

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Severino LS, Vale LS, Lima RLS, Silva MIL, Beltrão NEM, Cardoso GDC. Repicagem de plântu-las de mamoneira visando à produção de mudas. In: I Congresso Brasileiro de Mamona - Energia e Sustentabilidade (CD-ROM). Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004

Internet

UMI ProQuest Digital Dissertations. Disponível em: <http://wwwlib.umi.com/dissertations/>. Acesso em: 20 Nov. 2001.

The articles must be sent for the site: www.unifoa.edu.br/cadernos/ojs.

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Permutas Institucionais Informações sobre [email protected]

ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – Brasília/DF

ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - Duque de Caxias/RJ

Centro de Ensino Superior de Jatí - Jataí/GO

Centro Universitário Assunção - São Paulo/SP

Centro Universitário Claretiano - Batatais/SP

Centro Universitário de Barra Mansa - Barra Mansa/RJ

Centro Universitário de Goiás - Goiânia/GO

Centro Universitário Evangélica - Anápolis/GO

Centro Universitário Feevale - Novo Hamburgo/RS

Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial/SC

Centro Universitário Moura Lacerda - Riberão Preto/SP

Centro Universitário Paulistano - São Paulo/SP

Centro Universitário São Leopoldo Mandic - Campinas/SP

CESUC - Centro Superior Catalão - Catalão/GO

CESUPA - Centro de Ensino Superior do Pará - Belém/PA

EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro/RJ

Escola de Serviço Social da UFRJ - Rio de Janeiro/RJ

FABES - Faculdades Bethencourt da Silva - Rio de Janeiro/RJ

FACESM - Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas do Sul de Minas - Itajubá/MG

FACI- Faculdade Ideal - Belém/PA

Facudade 2 de Julho - Salvador/BA

Facudades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdade Arthur Sá - Petrópolis/RJ

Faculdade de Ciências - Bauru/SP

Faculdade de Direito de Olinda - Olinda/PE

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA - Salvador/BA

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG

Faculdade de Minas - Muriaé/MG

Faculdade de Pimenta Bueno - Pimenta Bueno/RO

Faculdade de Tecnologia e Ciência - Salvador/BA

Faculdade Internacional de Curitiba - Curitiba/PR

Faculdade Metodista IPA - Porto Alegre/RS

Faculdade SPEI - Curitiba/PR

Faculdades Guarapuava - Guarapuava/PA

Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo - Presidente Prudente/SP

Faculdades Integradas Curitiba - Curitiba/PR

Faculdades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdades Integradas do Ceará - Fortaleza/CE

Faculdades Integradas Torricelli - Guarulhos/SP

Faculdades Santa Cruz - Curitiba/PR

FAFICH - Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

FAFIJAN - Faculdade de Jandaia do Sul - Jandaia do Sul/PA

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FAFIL - Filadélfia Centro Educacional - Santa Cruz do Rio Pardo/SP

FAPAM - Faculdade de Pará de Minas - Pará de Minas/MG

FCAP: Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Recife/PE

FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - São Paulo/SP

FGV - Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro/RJ

FOCCA - Faculdade Olindense de Ciências Contábeis e Administrativas - Olinda/PE

FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular - Brasília/DF

Fundação Educacional de Patos de Minas - Patos de Minas/MG

Fundação Santo André - Santo André/SP

Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande/RS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Centro de Documentação e Disseminação

de Informações - Rio de Janeiro/RJ

Instituição São Judas Tadeu - Porto Alegre/RS

Instituto Catarinense de Pós-Graduação -Blumenau/SC

Instituto de Administração do Rio de Janeiro - IARJ - Tijuca/RJ

Instituto de Estudo Superiores da Amazônia - Belém/PA

Instituto Municipal de Ensino Superior - São Caetano/SP

Mestrado em Integração Latino-Americana - Santa Maria/RS

MPF - Ministério Público Federal - Brasília/DF

MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Organização Paulista Educacional e Cultural - São Paulo/SP

PUC - Campinas: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

PUC - SP: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

The U.S. Library Of Congress Office - Washington, DC/USA

TJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

TRF - Tribunal Reginal Federal - RJ - Rio de Janeiro/RJ

Ucam - Universidade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/RJ

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ

UGB - Faculdades Integradas Geraldo Di Biase - Volta Redonda/RJ

UNB - Universidade de Brasília - Brasília/DF

UNIABEU - Assossiação de Ensino Superior - Belford Roxo/RJ

União das Faculdades de Alta Floresta - Alta Floresta/MT

Unibrasil - Faculdades Integradas do Brasil - Curitiba/PR

Unicapital - Centro Universitário Capital - São Paulo/SP

Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo/SP

UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - Campo Grande/MS

UNIFAC - Assossiação de Ensino de Botucatu - Botucatu/SP

Unifeso - Centro Universitário da Serra dos Órgãos - Teresópolis/RJ

UniNilton Lins - Centro Universitário Nilton Lins - Amazonas/AM

Uninove - Universidade Nove de Julho - Vila Maria/SPE

Permutas Institucionais Informações sobre [email protected]

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Formando para vida.

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Campus AterradoAv. Lucas Evangelista,nº 862, AterradoVolta Redonda - RJTel.: (24) 3338-2764 (24) 3338-2925

Campus ColinaAnexo ao HospitalSão João BatistaRua Nossa Senhora das Graças, nº 273, ColinaVolta Redonda - RJTel.: (24) 3340-8400

Campus VilaRua 31, nº 43Vila Santa CecíliaVolta Redonda - RJTel.: (24) 3348-5991

Campus João Pessoa FagundesRua 28, nº 619TangerinalVolta Redonda/RJCEP: 27.264-330 Telefone: (24) 3348.1441 (24) 3348.1314

Campus Leonardo MollicaRua Jaraguá nº 1084RetiroVolta Redonda/RJCEP: 27277-130Telefone: (24) 3344.1850 (24)3344.1851

Campus Olezio GalottiAv. Paulo Erlei Alves Abrantes,nº 1325, Três PoçosVolta Redonda - RJTel.: (24) 3340-8400Fax: (24) 3340-8404