Centenário de Celina de Holanda

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Matéria sobre o centenário de Celina de Holanda

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Diogo [email protected] amigos chegam,/ venham de onde vierem, ponho a mesa. O final do poema Os Amigos, da escritora pernambucana Celina de Holanda, uma das melhores amostras da generosidade da autora, conhecida tanto pela sua potica lmpida e doce quanto por sua abertura para receber e aconselhar novos autores. Amanh, famlia, amigos e admiradores relembram os 100 anos de nascimento da poeta com uma missa na Igreja da Jaqueira, com incio s 20h.Celina nasceu no Cabo de Santo Agostinho, onde a famlia tinha um engenho. Jornalista e poeta, ela publicou textos no Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco, mas s editou o primeiro livro, O Espelho da Rosa, quando j tinha 55 anos. Vieram outros seis ttulos: A Mo Extrema (1976), Sobre Esta Cidade de Rios (1979), Roda d'gua (1981), As Viagens (1984); Pantorra, o Engenho (1990) e Viagens Gerais (1995), a ltima obra antes da sua morte em 1999, em decorrncia de um cncer.Foi descrita pelo amigo e poeta Alberto da Cunha Melo como uma mulher tomada por um cristianismo guerreiro. Entre seus temas, esto o destino humano na terra, as injustias e o cotidiano apreendido em seu lirismo. Alm de escrever, ela integrou as Edies Pirata, junto com Jaci Bezerra e Alberto, parte fundamental da movimentao da Gerao 65. A casa dela era o endereo da sede da editora. Sempre tinha algum jovem mostrando seu trabalho l, e minha me os recebia com o maior carinho, o maior amor, conta a filha Ana Regina Cavalcanti. Outras amizades suas eram com autores como Mauro Mota um dos seus mestres , Maximiano e Renato Carneiro Campos.Celina sempre foi profundamente fraterna com os amigos e significou muito para os poetas de Pernambuco. Quando eles comeavam a escrever, traziam os versos para ela ler. Ela comentava sempre com rigor, um rigor amoroso, destaca a sobrinha e produtora Andra Mota. Tanto na sua poesia como no cotidiano ela sempre se expressou com clareza e rigor.Segundo a escritora e pesquisadora Luzil Gonalves, esse era o maior trao de Celina sua casa estava constantemente aberta a outros autores e amigos. Enquanto ela era viva, a poesia dela no recebeu a ateno que devia. Apesar de termos outras grandes poetas mulheres, ela, junto com Deborah Brennand, uma das duas maiores de Pernambuco, define.Era uma mulher que perseguia a palavra. Escrevia todo dia, em qualquer lugar, em qualquer pedao de papel. E depois reescrevia e reescrevia, aponta Andra. Aos 18 anos, ela ajudava a tia Cec a revisar seus textos. Um dia, confessou que entendia mais o que Alberto da Cunha Melo escrevia do que o que ela fazia. Ouviu a resposta que nunca saiu da sua mente: Minha sobrinha, para mim, o difcil ser simples.Para celebrar o centenrio de Celina, a famlia da poeta ainda tem dois projetos: lutar pela criao de uma esttua da autora com o poema Os Amigos na pracinha da Avenida Beira-Rio, pois Celina morou na regio; e reeditar o ltimo livro dela, Viagens Gerais, publicado pela Fundarpe.