Upload
appears-marketing-incentive
View
268
Download
6
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Cavalos História e Raças
Citation preview
Cavalos, História & RaçasART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY
Cavalos, História & RaçasART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY
Apoio Realização
Editor / PublisherEduardo Mattos (Appears Marketing & Incentive)
Assistente Editorial / Editorial AssistantFernando José Silva
Projeto e Concepção Gráfica /Graphic Concept and CreationAguinaldo Silva Filho
Assistente de Arte / Desing AssinstantVanderlei Spiandorelo (Alto Contraste SP)
Pesquisa e Textos / Research and TextsSandro FerrariCarlos Eduardo Oliveira
Tradução / TranslationLuciana Cogo Ferreira de Moraes
Fotografia / PhotosBlogsport - págs. 252, 244, 256
Codemix - pág. 228
Diário do Congresso - pág. 254
Dreamstime LLC1616, Westgate Circle Brentwood, TN 37027 –United States - Capa, págs. 13, 86, 85, 89, 99, 102,101, 107, 121, 218, 222, 230, 236, 240, 242, 217,221, 225, 227, 229, 231, 233, 235, 237, 239, 241,243, 247, 251, 253, 255, 259
Esporte site - pág. 245
Site Terra - pág. 252
Turismo adaptado - pág. 252
Wikipedia - pág. 257
Fotógrafos(as) / PhotographersAlexandre Freitas - págs. 62, 65, 73
Ana Clark - págs. 23, 44, 46, 48, 50, 52, 54, 25, 27, 29,41, 43, 45, 47, 49, 51, 53, 60, 74, 78, 55, 57, 59, 61,69, 71, 75, 77, 79, 81, 83, 93
Atibaia News - pág. 255
Auro Giuliano - pág. 257
Laís Gonçalves - pág. 7
Norberto Cândido - págs. 32, 34, 36, 38, 31, 33, 35,37, 39.
Produção GráficaAguinaldo Silva Filho Produções
Pré-Impressão / Pre PrintingGráfica Ideal – Jcaprini Graf. Edit.ltda.
Impressão e Acabamento /Printing and FinishingGráfica Ideal – Jcaprini Graf. Edit. Ltda.
Publicado por / Published ByAppears Marketing & IncentiveRua Álvaro Rodrigues, 182 – 1º andar, conj. 14Brooklin, 04582-000, São Paulo, SP, BrasilTel: 55 11 5531-0858 / 55 11 [email protected]
ISBN 978-85-64727-00-7
Introdução 3
Introdução 5
Sumário / Summary
• História / History ......................................................................................13
• Histórico das Raças Brasileiras / History of Brazilian Races..................23
• O Rebanho Brasileiro / The Brazilian Herd ............................................85
• Principais Raças / Main Races ..............................................................101
• O Cavalo e o Homem / The Horse and Man ..........................................215
• Bibliografia / Bibliography ....................................................................261
• Tradução / Translation............................................................................253
7
Palavra do Editor“Uma relação sem prazo de validade”. Não é pos-
sível contar a historia da humanidade sem contar
a história de seu envolvimento com o cavalo. Tem
sido assim durante milênios. Provavelmente con-
tinuará a sê-lo, mesmo em um mundo onde dinâ-
micos avanços da tecnologia fazem diariamente o
homem se afastar cada vez mais do seu envolvi-
mento com a natureza.
No campo ou na cidade, na agricultura, em endu-
ros ou na equitação, no hipismo, nos jóquei clubes
ou na equoterapia, em imponentes haras, ou sob
as rédeas de forças de segurança, o cavalo ainda
continua a ser um grande aliado da vida nos quatro
continentes.
Para nós é muito gratificante apresentar a obra
Cavalos, História & Raças, que lança luzes em al-
guns dos principais capítulos da equação do homem
com o cavalo, onde serão mostradas as principais
raças brasileiras como a Mangalarga, Mangalarga
Marchador o Campolina e o Crioulo, bem como as
principais raças do mundo como a Árabe, Puro San-
gue Inglês, Lusitano, Andaluz, Appaloosa, Paint
Horse, Quarto de Milha, entre outras. A cumplici-
dade do cavalo com o ser humano através da histó-
ria da humanidade, com especial atenção na história
do Brasil, trazendo fotos e imagens dos principais
fotógrafos do meio eqüestre, que traduzem a impo-
nência, beleza e do espírito deste admirável animal.
Esta obra pretende uma homenagem a uma das
mais harmoniosas e sinceras relações já estabeleci-
das na natureza, ainda sem prazo de validade para
acabar ” o homem e o cavalo”
Eduardo Mattos
Editor/Publisher
Criar cavalos, mais do que hobby ou profissão, épaixão. E, como todo apaixonado, queremos dividiro objeto de nossa admiração com todos os quenos rodeiam.
Foi pensando nisso que o Banco BVA decidiuapoiar o projeto CAVALOS, HISTÓRIA & RAÇAS- livro de caráter cultural e artístico, que trará asprincipais raças de cavalos do Brasil e do mundo,suas origens, como foram introduzidas em nossacultura, sua importância no desenvolvimentodesde a abertura de nossas fronteiras, passandopelo período pré-industrial até os dias atuais.
O cavalo tem sido a milhares de anos um dos ani-mais de maior utilidade para o homem e teve, du-rante muito tempo, um papel importante notransporte; fosse como montaria, ou puxandouma carruagem, uma carroça, uma diligência, umbonde; também nos trabalhos agrícolas, comoanimal para arar. Até meados do século XX, exér-citos usavam cavalos de forma intensa em guer-ras: soldados ainda chamam o grupo de máquinasque agora tomou o lugar dos cavalos no campo debatalha de "unidades de cavalaria".
Hoje, embora o cavalo não tenha o mesmo campode trabalho de antigamente, muita gente seguemontando seja por lazer, por esporte ou até mesmopara o trabalho.
Temos prazer em convidá-lo a viajar conosconesta história e conhecer um pouco mais sobreas raças brasileiras e os responsáveis pelo seudesenvolvimento.
Espero que vocês apreciem a leitura deste livrotanto quanto nós apreciamos tê-lo apoiado.
Atenciosamente,
Benedito Ivo Lodo Filho
Introdução 9
Puro Sangue Árabe
História
História 15
CalígulaCalígula
Hipódromo de Olímpia
HistóriaRecentemente, graças à utilização de sofisticados
sensores eletromagnéticos, uma equipe de pes-
quisadores coordenada pelo historiador Norbert
Muller conseguiu encontrar o célebre Hipódromo
de Olímpia, uma pista retilínea de 1.200 metros
de comprimento que estava encoberta por sedi-
mentos rochosos que foram acumulados ao longo
dos séculos. Esse interessante descobrimento ar-
queológico desvendou parte do cenário que abri-
gava as Olimpíadas da Antiguidade e apontou a
exata localização da raia onde aconteciam as fa-
mosas corridas de carros puxados por cavalos,
competições que, conforme descreveu o autor
grego Pausânias, eram organizadas pelos mais ricos
e importantes cidadãos mas que também atraíam
uma grande parcela da população.
No Santuário de Olímpia, as primeiras corridas
equestres datam do ano de 680 a.C., quando as
provas incluíam os carros puxados por dois cavalos
– conhecidos como bigas, ou por quatro cavalos –
chamados de quadrigas. Algumas décadas depois,
as competições aboliram os carros e passaram a
ser realizadas apenas com cavalos de sela, porém
os vencedores continuavam a ser somente os pro-
prietários dos corcéis, já que a seleção e treina-
mento dos cavalos de corrida somavam uma
despesa considerável. Nota-se, portanto, que da
antiga civilização helênica surgem claras evidên-
cias de que os cavalos já não se prestavam apenas
aos trabalhos de tração e transporte, mas algumas
linhagens de equinos passavam a se destinar ex-
clusivamente à prática esportiva.
Numa escala maior e num estilo mais aprimorado,
os romanos reproduziram as provas equestres de-
senvolvidas pelos gregos, com as bigas ou os ca-
valos de sela. Na Roma imperial, milhares de
plebeus podiam assistir as competições regulares
que se realizavam no Circo Massimo ou no Circo de
Nero, arenas de entretenimento onde se desta-
cava uma elite de patrícios, muitos deles criadores
de cavalos. Foi em pistas como estas, adornadas
de luxo e requinte, que reinou absoluto o mais fa-
moso cavalo de corrida daquela época: Incitatus,
o preferido do Imperador Calígula.
Segundo registrou Suetônio, o cronista dos Doze
Césares, para o cavalo Incitatus chegou-se a
construir um imponente estábulo de mámore com
manjedoura de marfim, sendo que o animal era
permanentemente servido por diversos criados.
Calígula e Incitatus
16 História
Sua alimentação incluía porções de aveia mistu-
rada com flocos de ouro e normalmente era co-
berto com mantos de cor púrpura, tonalidade que
era exclusiva dos senadores, além de ostentar um
enorme colar de pedras preciosas. Conta-se que o
Imperador Calígula, embalado num dos seus mais
grotescos delírios, cogitou incluir o nome do seu
cavalo Incitatus no rol dos senadores e até mesmo
pensou em nomeá-lo cônsul do Império Romano.
“O grande obelisco que atualmente se encontra na Praça deSão Pedro, no Vaticano, é o mesmo que fora levantado no
centro do Circo de Nero, o famoso hipódromo cujaconstrução foi iniciada por Calígula, onde o legendário cavaloIncitatus era publicamente apresentado como o predileto do
imperador. Incitatus, que quer dizer “impetuoso”, era umbelíssimo corcel branco que fora trazido da região que maistarde constituiu a Espanha especialmente para aprimorar o
plantel de cavalos de corrida do excêntrico Calígula.”
O cavalo celebrado pelo Imperador Calígula alcan-
çou a glória de ser representado numa estátua em
tamanho natural, esculpida totalmente em már-
more, figurando na historiografia com maior desta-
que do que alguns personagens humanos. Assim
também ocorreu com outro legendário cavalo da
Antiguidade: Bucéfalo, a montaria de guerra de Ale-
xandre – o Grande, Rei da Macedônia. Represen-
tado em pinturas e esculturas, Bucéfalo era um
exuberante garanhão negro que costumava ser
ajaezado com um peitoral que tinha a figura mítica
da Medusa. Conta a tradição que o cavalo Bucéfalo
nascera no mesmo dia que o conquistador Alexan-
dre Magno e veio a morrer numa batalha durante a
conquista da Índia, num lugar onde o Imperador
fundou uma cidade em homenagem a seu cavalo:
Bucéfala, localizada no atual Paquistão.
É importante observar que a admiração coletiva e
mesmo a glorificação de certos cavalos tornados
célebres por seus poderosos proprietários é um fe-
nômeno muito antigo que já vem das civilizações
clássicas e adentrou pela Idade Média no trote da
Cavalaria feudal ou no galope da Babieca montada
heroicamente por El Cid. Há muitos séculos que os
equinos em geral já não se reduzem a simples ani-
mais domesticados para o trabalho de tração ou
transporte, porém algumas linhagens de cavalos e
até certos animais especiais passaram a compor o
plano das atividades sociais através do lazer, do
hipismo e do esporte.
Calígula
Moeda os doze Césares
Bucéfalo
Statua Alexandre o Grande
Há milênios que a presença dos cavalos tem con-
tribuído para o bem estar e desenvolvimento das
coletividades. Desde as mais simplórias comuni-
dades até às sociedades mais complexas da Antigui-
dade e da épocamedieval, os cavalos tem servido os
camponeses e artesãos com sua eficiente e barata
força de tração, atendido às necessidades de trans-
porte dos produtores e mercadores, prestando-se
ainda às exigências do luxo e do poder. Não foi sem
motivo que o cavalo atravessou o tempo e chegou
à era moderna como pomposa montaria dos reis e
dos nobres, como elegante pedestal de ministros e
generais, como um impressionante símbolo de
poder dos libertadores e dos ditadores.
“Durante a Idade Média, os guerreiros montados e armadosde espadas e lanças passaram a ser conhecidos como
Cavaleiros. Eram vassalos que se punham ao serviço dossenhores feudais e mantinham entre si um rigoroso códigode conduta, valorizando o respeito e a honra. A partir doséculo X, os Cavaleiros medievais começaram a participar
de torneios que simulavam combates, competições queatraíam guerreirosde toda a Europa e atraíam multidões deespectadores. Os duelos eram violentos e envolviam o usode diversas armas, sendo a disputa com dois cavaleiros a
galope e em sentido contrário, com lanças em riste, oevento mais esperado pelo público.”
Estima-se que a domesticação dos cavalos come-
çou há pelo menos 5.000 anos atrás em algum
ponto do leste europeu, mas os especialistas ainda
não chegaram a um acordo sobre se os cavalos
atuais descendem de um mesmo tronco ou de es-
pécies diferentes. Existe, no entanto, uma ten-
dência para a aceitação de que as linhagens atuais
encontram suas origens em três espécies primiti-
vas. Destas, a mais obscura talvez seja o Cavalo
das Estepes, também conhecido como “Przewalski”
em homenagem ao zoólogo que o descreveu. A
segunda espécie que pode ser considerada como
ancestral dos cavalos atuais é o Tarpã, cuja do-
mesticação teria sido feita pelos árias, ou povos
arianos, os mesmos que introduziram esses ani-
mais no Egito e na Grécia. Finalmente, a terceira
raça originária das linhagens conhecidas é consti-
tuída pelos equinos de sangue frio, o Cavalo da
Floresta, proveniente da Europa Central.
A identificação desses troncos originários, embora
longínquos, permitiu o estabelecimento de uma
classificação por origem, dividindo-se os cavalos
em dois grupos principais:
a) – os descendentes do “Equus caballus orienta-
lis”, ou o Cavalo do Deserto, o Árabe ou o Barbo,
raças conhecidas como de “sangue quente” que
deram origem aos cavalos de sela e de velocidade;
b) – os descendentes do “Equus caballus ociden-
talis”, ou Cavalo da Floresta, tidos como animais
de “sangue frio”, com maior estatura e grande vo-
lume muscular.
Embora pertençam ao mesmo gênero “Equus”, as
zebras e os jumentos tiveram uma origem mais
recente e localizada no continente africano. O ju-
mento já era utilizado no Egito antes mesmo do
cavalo: pinturas datadas de 2.000 a.C. ilustram
as etapas de seu apresamento, amansamento e
utilização. Os jumentos também foram encontra-
dos nas ilhas do Mediterrâneo e no norte da África,
zona que parece ter sido o seu local de origem.
“Embora existam vestígios fósseis que comprovam apresença de equinos pré-históricos no continente americano,
a introdução do cavalo moderno na América é atribuída aCristóvão Colombo. Posteriormente, em 1534, alguns cavalos
chegaram à Capitania de São Vicente por providência deD. Ana Pimentel, esposa de Martim Afonso de Souza.
Por iniciativa de Pedro de Mendonça, os primeiros cavaloschegaram em Buenos Aires e, no ano de 1535, Ojeda
desembarcou no Chile com alguns animais. Em 1541, odestemido Cabeça de Vaca cruzou o sul da América
conduzindo enorme manada de cavalos.”
História 17
Cabeça de Vaca
18 História
As tribos pré-históricas só conseguiam ver os
equinos como fonte de alimento, ossos e peles,
todavia as comunidades humanas que lentamente
foram aprendendo a domesticar as plantas, logo
vislumbraram as vantagens da força e versatili-
dade dos cavalos. A tração dos animais para o
preparo da terra e para as moendas, assim como
a atrelagem para o transporte, promoveu a multi-
plicação do trabalho e a produção dos excedentes
indispensáveis ao desenvolvimento material dos
grupos familiar es ou comunitários. Bem mais ágeis
e maleáveis que os bovinos, os equinos revelaram
ser mais dóceis e adaptáveis às necessidades do
serviço agrícola ou de transporte, potencializando o
trabalho e criando rendas.
Durante o processo de aprimoramento da parce-
ria dos homens com os cavalos, não demorou
para que as fortes e rápidas montarias se pres-
tassem ao exercício da guerra, o que fez do ca-
valo quase que uma extensão do guerreiro,
fortalecendo as tropas e favorecendo a expansão
dos impérios. De resto, a história das civilizações,
dos povos e das nações, jamais poderá ser devi-
damente contada sem o capítulo da contribuição
da raça equina como parceira efetiva dos em-
preendimentos humanos. Até a chegada da Revo-
lução Industrial, a humanidade recorreu à força
dos equinos para satisfazer suas necessidades de
tração, transportes terrestres e mobilidade dos
exércitos. E mesmo com a introdução da máquina
a vapor e do motor a explosão, o uso de cavalos
e muares para o trabalho agrícola continua sendo
utilizado até hoje.
No meio rural, a tração animal ainda é capaz de
mostrar suas conveniências: tem custo menor para
o amanho de pequenas áreas, é mais versátil, pois
os animais se prestam a diversos serviços, não exige
mão-de-obra especializada, dispensa o consumo de
combustíveis e ainda aproveita as forragens e restos
de culturas. Na lida do campo, os muares parecem
suportar melhor o calor do que os cavalos, além de
suportarem melhor os esforços prolongados. Por
outro lado, os cavalos são mais ágeis que os muares,
trabalham melhor em terrenos fofos por terem cas-
cos maiores e convivemmelhor com outros animais,
especialmente na cocheira.
“Entre as espécies do gênero “Equus” existem dois tiposprincipais: o cavalo e o jumento. De maior porte, o cavalotem a cabeça mais alongada, com orelhas curtas e finas,
enquanto a cabeça do jumento é mais grosseira epesada,com orelhas longas e largas. O pescoço do cavalo
tem postura mais altaneira, provido de crina longa,sendo que o jumento tem o pescoço mais caído com crinas
curtas e eretas. Nos cavalos, o número de vértebraslombares é 6, enquanto que os jumentos apresentam 5
vértebras. A garupa do jumento é curta e estreita,ao contrário da ampla garupa do cavalo.”
No decurso de longos séculos e apesar de tantas
transformações nas formas de vida, os homens
continuam preservando sua afinidade e parceria
com os equinos, não somente como animais do-
mésticos de trabalho, mas também como animais
de passeio e esporte e até como animais de espe-
cial estimação. A história de ligação utilitária do
homem com o cavalo não acabou e mal foi aba-
lada com as conquistas tecnológicas da industria-
lização. No dorso do cavalo, a passo, no trote ou a
galope, o homem ainda se completa.
Ben-Hur
Evolução do cavalo
História 19
Alexandre o Grande e Bucéfalo
20 História
Corrida de Bigas
Corrida de Bigas
História 21
Bucéfalo
Mangalarga Marchador
Histórico dasRaças Brasileiras
24 Histórico das Raças Brasileiras
Histórico das Raças Brasileiras 25
Histórico dasRaças Brasileiras
No decorrer dos dois primeiros séculos da coloni-
zação brasileira os cavalos trazidos nas caravelas
das frotas oficiais foram criados quase que à solta
e acabaram se cruzando naturalmente, sem mui-
tos cuidados de seleção. Esses cavalos e jumentos
vieram da Península Ibérica e das ilhas atlânticas,
sendo que os primeiros animais desembarcaram
em São Vicente, Bahia e Pernambuco, como parte
dos esforços de ocupação e povoamento planeja-
dos pela Coroa portuguesa.
Durante esse longo período, caracterizado por fei-
torias instáveis e núcleos povoadores litorâneos, a
atividade pecuária foi lentamente penetrando pelo
nordeste da Colônia, destacando-se as áreas ocu-
padas pelos rebanhos da Casa da Torre e da Casa
da Ponte. O primeiro desses latifúndios se espa-
lhava largamente pelo sertão da Bahia e chegava
até os atuais estados do Piauí e do Maranhão; a
segunda extensa sesmaria partia do sul da Bahia e
alcançava o norte do atual estado de Minas Gerais.
Nesses dois grandes domínios a criação do “gado
vacum e cavalar” foi evidentemente mais quanti-
tativa do que qualitativa, o que também vinha
ocorrendo com as manadas que perambulavam
pelo sul do continente.
Há notícia de que o fundador de Buenos Aires,
Pedro de Mendonza, abandonou dezenas de equi-
nos que acabaram se procriando nos pampas, e
de que Álvaro Nunes, o célebre “Cabeza de Vaca”,
ao entrar pelo litoral de Santa Catarina e rumar
para a fundação de Assunção, deixou muitos ca-
valos desgarrados pelo caminho. De modo que
uma parcela dos equinos levados pelos paulistas
às montanhas das Minas Gerais, a partir de Soro-
caba, provinham dos bandos de “baguás” perdi-
dos pelos pampas.
Mangalarga Marchador
26
Foi somente na chegada do século XVIII, com a cor-
rida para o ouro e os diamantes das Minas Gerais,
que a introdução e criação dos equinos passou a
merecer mais atenção da Coroa e seus funcioná-
rios: a necessária vigilância dos “registros” ou
postos de fiscalização, por onde passavam o ouro,
as gentes e os mantimentos, exigia a manuten-
ção de tropas bem montadas, providas de animais
fortes, resistentes e adaptados ao meio tropical.
Por outro lado, a exploração das minas de ouro e
o surgimento dos povoados incrementaram o
trânsito das mercadorias, o que requeria um sis-
tema regular de transporte e abastecimento que
acabou sendo mantido basicamente por tropas de
mulas, visto que os muares eram notoriamente
mais aptos para vencerem longas jornadas que
costumavam ser intercaladas por terrenos íngre-
mes e travessias acidentadas.
Os primeiros cavalos teriam desembarcado no Brasilem 1534, no porto de São Vicente, trazidos da
Ilha da Madeira por Dona Ana Pimentel, na expediçãocomandada por Martim Afonso de Souza.
Anos depois, Duarte Coelho trouxe alguns cavalospara Pernambuco e, em 1549, Thomé de Souza
introduziu na Bahia equinos que trouxe de Cabo Verde.No ano de 1541, o destemido Álvaro Nunes, o “Cabeza de
Vaca” atravessou com uma grande manada de cavalos o sulda colônia brasileira até cruzar o Paraguai e atingir a Bolívia,
retornando pelo atual estado do Rio Grande do Sul.
Histórico das Raças Brasileiras
27Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Após o ciclo do ouro, um novo impulso foi dado à
criação de equinos no Brasil, pois com a vinda da
Corte em 1808, um bom número de reprodutores
foi trazido da Coudelaria Alter do Chão, onde se
criava o cavalo Andaluz, conhecido em Portugal
como Alter Real. Nessa mesma época, negocian-
tes ingleses estabelecidos no Rio de Janeiro pro-
videnciaram a vinda de alguns equinos da África
do Sul: eram cavalos da Cidade do Cabo, originá-
rios do cruzamento de reprodutores ingleses e
éguas holandesas.
No ano de 1819, por ordem de D. João VI, foi
aberta a Coudelaria de Cachoeira do Campo, em
Barbacena – Minas Gerais, para a criação das
montarias necessárias aos deslocamentos dos re-
gimentos dos Dragões. Logo no início de suas ati-
vidades, além de abrigar os cavalos da raça Alter
e da Cidade do Cabo, a Coudelaria de Barbacena
recebeu uma linhagem local, um tipo que tinha se
formado em Minas Gerais pelo encontro dos ca-
valos que vieram do nordeste com os cavalos tra-
zidos do sul. Na verdade, esse cavalo apurado nas
Minas Gerais já tinha até um nome: era o cavalo
do Junqueira.
Nos domínios da família Junqueira formaram-se
os primeiros potros do tipo local que foram envia-
dos para a Coudelaria de Barbacena, havendo no-
tícia de procriação já no ano de 1821, surgindo
naquele núcleo criatório o que se pode chamar de
primeira raça nacional, o Mangalarga. Atribui-se a
Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, o
batismo dessa nova raça, mas é ainda duvidoso o
motivo de tal nomeação: o cavalo foi chamado de
Mangalarga por seu andar alçado e aberto ou porque
o Barão de Alfenas apurou o cavalo do Junqueira em
sua propriedade, a “Fazenda Mangalarga”?
O fato é que do maior centro de equinocultura da-
quela época, da Coudelaria de Barbacena, come-
çou a se espalhar por Minas Gerais e para todo o
país uma raça de ascendência Andaluza mas que
já podia ser considerada como nacional por conta
da seleção, alimentação e influência ambiental. A
grande família Junqueira prosseguiu na criação do
Mangalarga, sempre na busca de uma montaria
resistente e de andar macio, preparada para ven-
cer com agilidade terrenos irregulares ou aciden-
tados. Sob os cuidados dos membros da família
Junqueira, costuma-se creditar o desenvolvimento
das linhagens Fortuna, Sublime e Rosilho, entre
outras, todas ligadas aos reprodutores da pioneira
Coudelaria de Barbacena.
A ocupação territorial e o comércio colonial no Brasil ficaramprofundamente marcados pela utilização das tropas de
mulas. Assim como os cavalos, os muares que vieram comos colonizadores eram originários do Norte da África eadaptaram-se com grande facilidade ao clima quente,
apresentando extrema eficiência no transporte de pesadascargas a longas distâncias. Utilizados também na tração decarroças e máquinas agrícolas, os jumentos se integraramperfeitamente à paisagem rural do Brasil. Alguns híbridos
com éguas nacionais chegam a atingir grande estatura e sãomuito apreciados para o serviço de sela, apresentando umdesempenho caracterizado pela resistência e sobriedade.
28 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
A raça Mangalarga, entretanto, foi afetada desde
cedo por uma orientação diferenciada entre os
criadores mineiros e paulistas. Após uma migra-
ção de Minas Gerais para o Oeste Paulista, parte
da família Junqueira, chefiada por Francisco Anto-
nio Diniz Junqueira, estabeleceu-se em Orlândia
onde seus descendentes deram continuidade à
criação de cavalos, formando o tipo Mangalarga
Paulista. Em sua conformação mais primitiva, esse
cavalo tinha o pescoço, tronco e ancas mais mus-
culosos, assemelhando-se às ascendências do An-
daluz e do Alter. Com o novo critério local, o
Mangalarga Paulista passou a ter o pescoço leve-
mente rodado, ancas menos inclinadas, cernelha
mais alta, melhor aprumo e membros mais altos.
Sua antiga marcha tripedal foi alterada para a
marcha trotada, que não chega a ser tão brusca
como o trote nem é tão macia como a marcha do
Mangalarga Mineiro.
30 Histórico das Raças Brasileiras
31Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
32 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
33Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
34 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
35Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
36 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
37Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
38 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
39Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga
40 Histórico das Raças Brasileiras
O Mangalarga Marchador, vem da mesma linhagem
Paulista, na qual fizeram-se algumas infusões de
sangue Árabe e de outras raças, buscando sempre
preservar a marcha picada ou batida, sem chegar
à marcha trotada. Talvez por influência de tantos
cruzamentos, a cabeça do Mangalarga Mineiro
apresenta-se mais reta, curta e larga, com olhos
grandes e narinas abertas; seu porte é ligeira-
mente menor do que o Mangalarga Paulista, no
entanto, pela comodidade da sua marcha, ele
é preferido para as viagens mais longas e muito
valorizado no mercado.
41Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
44 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
45Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
46 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
48 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
49Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
50 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
51Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
54 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
55Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Ainda em Minas Gerais e na célebre Coudelaria de
Barbacena surgiu uma outra raça equina bem bra-
sileira: a Campolina, cujo nome se deve ao seu
criador, Cassiano Campolina, que era afazendado
no município de Entre Rios. Após sua morte, seus
cavalos passaram aos cuidados de Joaquim Pa-
checo de Rezende, cujos descendentes deram
continuidade ao aprimoramento da raça. Dos
cavalos nacionais, o Campolina é aquele que mais
se aproxima das características do Andaluz origi-
nário, pois é o resultado do cruzamento de éguas
comuns com garanhões da Coudelaria de Barba-
cena que, como já se disse, criava os cavalos
Alter, a variedade lusitana do Andaluz. Entre as
raças brasileiras, o Campolina é o que apresenta
maior peso e estatura, sendo em geral elegante,
forte e bom trotador e marchador.
56 Histórico das Raças Brasileiras
Campolina
57Histórico das Raças Brasileiras
Campolina
60 Histórico das Raças Brasileiras
Campolina
61Histórico das Raças Brasileiras
Campolina
62 Histórico das Raças Brasileiras
De porte bem menor, mas de uma agilidade com-
provada, é uma terceira raça nacional: o Crioulo.
É um cavalo pequeno geralmente utilizado pelos
vaqueiros e campeiros, pois é na lida do gado que
ele se destaca: possui aceleração e estacada,
além de “compreender” as manobras de cerco e
dominação. O Crioulo se reproduziu naturalmente
pelo sul brasileiro, acreditando-se que ele deriva
dos animais Andaluzes abandonados por Pedro de
Mendonza na Argentina e Álvaro Nunes em sua
expedição para o Paraguai. Estes Andaluzes te-
riam voltado ao estado selvagem, recebendo a
denominação popular de chimarrões ou baguais.
Depois de tanto tempo de livre cruzamento, os
animais foram degenerando, porém adquiriram
alto nível de adaptação e tornaram-se velozes e
resistentes.
Até o surgimento do Puro Sangue Inglês, o Andaluz era araça mais conceituada em todas as cortes da Europa,dominando por mais de dois séculos como a melhor
raça tanto para sela quanto para carruagem.A matriz Andaluza encontra-se na origem das muitas
raças selecionadas no Brasil, de modo que o grosso do nossorebanho equino está de alguma formaligado à linhagem do
Norte da África, onde predominava o sangue Barbo ouBérbere,pois mesmo os Andaluzes derivam dessa raça
63Histórico das Raças Brasileiras
Crioulo
Crioulo
Além das nossas raças de cavalos reconhecidos
como nacionais, temos alguns tipos regionaliza-
dos que também tem mantido seus caracteres
mais importantes, como é o caso, por exemplo,
do cavalo Guarapuava, encontrado nos estados do
Paraná e Santa Catarina, eventualmente no sul de
São Paulo. Trata-se de uma espécie do tipo Bér-
bere ou Bardo que passou pela influência climática
e recebeu uma pastagem mais favorável, rece-
bendo ainda uma pequena contribuição do Puro
Sangue Inglês.
Também formado por segregação foi o cavalo Pan-
taneiro, uma raça natural do Pantanal do Mato
Grosso que também é chamado de Poconeano ou
Mimoseano. Esse tipo teria se originado de cavalos
goianos, admitindo-se a contribuição dos Crioulos
sulistas. O Pantaneiro é um cavalo talhado para a
lida com o gado: é ágil, de bom temperamento,
adaptado a uma região de variações extremadas
de temperatura e umidade.
Outro tipo regional, embora não possa ser consi-
derado de uma raça bem definida e melhorada, é
o cavalo Nordestino. Ele constitue uma sub-raça
do cavalo Árabe e se destacou por sua agilidade
na transposição de terrenos ásperos, pedregosos,
íngremes e espinhosos, além de sua adaptação a
uma região de água escassa. No chamado polí-
gono da seca, ele é o cavalo do vaqueiro e o pu-
xador de carga. Em geral é um animal pequeno,
atingindo 143 cm em média, os membros são des-
carnados com tendões salientes, o que dá a falsa
idéia da sua fragilidade. Entretanto, o cavalo Nor-
destino suporta trabalhos e condições que animais
de outras raças não teriam condições de resistir.
66 Histórico das Raças Brasileiras
Afora todos estes tipos equinos tão bem adaptados
que podem ser considerados como genuinamente
brasileiros, é preciso considerar a importante e já
tradicional presença em nosso território do cavalo
Puro Sangue Inglês. A criação desta raça no Bra-
sil começou no longínquo ano de 1871, porém os
zoólogos em geral tem criticado o artificialismo
com que os cavalos PSI foram mantidos, tanto no
regime alimentar quanto no manejo. Apesar dessa
restrição, a apurada raça PSI tem contribuído na
composição de diversos tipos nacionais através de
cruzamentos bem planejados.
O primeiro registro genealógico do Puro Sangue
Inglês data de 1791, no entanto a raça já vinha
sendo aprimorada na Inglaterra desde o século
XVI, cruzando-se equinos locais com éguas orien-
tais. Supõe-se que os cavalos Bérberes são pre-
ponderantes, apesar de dois dos três troncos da
raça serem Árabes: o Darley Arabian e o Byerley
Turk. Consta que do Puro Sangue Inglês também
houve alguma infusão na mais antiga raça norte-
americana, o Quarter Horse. No Brasil, o cavalo
Quarto de Milha tem sido muito apreciado e valo-
rizado no mercado, dada a sua força, bom aprumo
e resistência, entretanto trata-se de uma raça
bem específica que ainda não pode ser conside-
rada como nacional.
O primeiro Jockey Club brasileiro foi o Fluminense,no Rio de Janeiror, fundado pelo Barão de Caxias e oConde D’Eu, realizando-se as corridas no Hipódromo
de Vila Isabel. O início da criação do Puro Sangue Inglêsfoi em 1871, com a égua chamada Primavera.Em São Paulo, o Jockey Club foi fundado em
14 de março de 1875, e teve comoprimeiros diretores Raphael de Aguiar Paes de Barros,
Paula Souza e Eleutério da Silva Prado, sendo quea primeira corrida só ocorreu no ano seguinte,
no antigo Hipódromo da Moóca.
67Histórico das Raças Brasileiras
PRINCIPAIS PADRÕES DASRAÇAS NACIONAIS(Segundo as exigências básicas dos criadores e de
acordo com divulgação feita pelos Profs.
A. P. Torres e W. R. Jardim)
MANGALARGACabeça de perfil retilíneo, olhos grandes e bem
afastados, ganachas delicadas e medianamente
salientes; chanfro ligeiramente comprido, narinas
dilatadas; orelhas de tamanho médio e proporcio-
nais à cabeça; fronte ampla, boca bem rasgada.
Pescoço de bom comprimento, musculoso e des-
tacado do tronco; saída do tronco alta, forma do
tronco piramidal.
Tronco harmonioso e resistente, cernelha deli-
neada; dorso retilíneo, boa passagem da cilha,
rim largo e bem protegido; costelas arqueadas,
garupa ampla e musculosa, coxa cheia e bem des-
cida; cauda inserida harmoniosamente na garupa.
Membros fortes com articulações largas e salien-
tes; espáduas bem inclinadas e longas; braços
longos e musculados; antebraços longos e mus-
culados, canelas curtas com tendões nítidos;
coxas cheias bem musculadas e quartelas fortes.
Altura mínima de 1,48 m para os machos e 1,42
m para as fêmeas. Andar preferencial de marcha
trotada com apoio diagonal, com passadas ele-
gantes, levemente alçadas, longas e enérgicas.
68 Histórico das Raças Brasileiras
69Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
CAMPOLINACabeça de tamanho proporcional, com fronte
ampla e seca; ganachas afastadas e definidas;
orelhas de tamanho médio, paralelas e voltadas
para frente; olhos afastados, cheios e expressi-
vos; boca rasgada com lábios finos e firmes; na-
rinas amplas de asas móveis.
Pescoço musculoso, rodado, de comprimento médio,
harmoniosamente ligado à cabeça e ao tronco.
Tronco de cernelha alta, comprida e musculosa;
costelas longas e arqueadas; tórax largo e pro-
fundo; garupa ampla e suavemente inclinada com
ancas arredondadas; cauda com inserção baixa,
continuando a linha da garupa; crina forte e se-
dosa.
Membros musculosos, com espádua cheia e oblí-
qua; braço curto e antebraço longo; joelhos retos
e bem suportados; coxas cheias e musculosas;
pernas longas, fortes e bem aprumadas; quarte-
las médias, oblíquas e fortes.
Altura mínima de 1,57 m para os machos e de
1,52 m para as fêmeas. Andamento com Marcha
avante, batida ou picada.
70 Histórico das Raças Brasileiras
71Histórico das Raças Brasileiras
Campolina
CRIOULACabeça curta em forma piramidal e ampla na
base, afinando para o focinho; maxilares fortes e
bem desenvolvidos; ganachas bem afastadas;
chanfro curto e largo.
Pescoço bem unido à cabeça por uma garganta
larga, musculoso na inserção com o tórax; cerne-
lha musculosa, larga e forte; lombo curto, largo e
musculoso; garupa média, musculosa e forte;
cauda com sabugo grosso e curto.
Membros bem aprumados, longos, largos e
fortes; joelhos e canelas largos e espessos,
com tendões fortes; quartelas fortes, largas e
medianamente inclinadas.
Altura média de 1,45 m tanto para os machos
quanto para as fêmeas.
72 Histórico das Raças Brasileiras
73Histórico das Raças Brasileiras
Crioulo
74 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
75Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
78 Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
79Histórico das Raças Brasileiras
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
Mangalarga Marchador
O Rebanho Brasileiro
86 O Rebanho Brasileiro
O Rebanho Brasileiro 87
O REBANHO BRASILEIRO
Enorme potencial econômico do plantel nacional
está em franca expansão
O mercado de criação de cavalos no Brasil movi-
menta R$ 7,5 bilhões por ano e gera 3,2 milhões
de empregos diretos e indiretos. Some-se a isso
uma receita de exportações de cavalos vivos que
atingiu galopantes 769% de aumento entre 2000 e
2008, e que atualmente é da monta de US$ 27 mi-
lhões anuais. Tais indicadores, avalizados pela CNA
– Confederação Nacional de Agricultura, são o tes-
temunho de que a criação e a comercialização de
cavalos no país não é atividade de lazer de poucos,
mas um negócio de muitos.
Nessa crescente, o rebanho brasileiro acompanha
de perto o desenvolvimento da atividade. Atual-
mente, o Brasil conta com o terceiro maior rebanho
eqüino do mundo, com cerca de 5,8 milhões de
cabeças, atrás apenas de China e México.
O maior plantel encontra-se na região sudeste, que
detém cerca de 26,6% do rebanho – destaque para
Minas Gerais, com 860 mil animais, seguido dos
plantéis de Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul,
respectivamente.
Hoje, somente entre os animais registrados, são
300 mil mangas-largas marchadores, 278 mil
quartos-de-milha, 197 mil crioulos, 186 mil man-
gas-largas, 88 mil campolinas, 80 mil árabes, 30
mil puros-sangues ingleses e 25 mil appaloosas,
entre outros. Mais de 20 associações nacionais de
raças puras funcionam no país.
88 O Rebanho Brasileiro
Puro Sangue Árabe
89O Rebanho Brasileiro
Puro Sangue Inglês
90 O Rebanho Brasileiro
Paint Horse
Paint Horse
Manga Larga Marchador
Equipamentos no estábulo
Manga Larga
Andaluz
PrincipaisRaças
Alter-Real
Principais Raças 103
ALTER-REALOrigem: Portugal
Famosa raça lusitana, originou-se na Família Real
portuguesa através de éguas Andaluzas de alto
padrão adquiridas pela Casa de Bragança para
fundar uma criação nacional. Durante muito
tempo, notadamente no século 18, foi utilizada
pela monarquia para equitação clássica superior.
Castanho (por vezes, tordilho), medindo entre
1,52 e 1,62 m., apresenta cabeça de tamanho
médio, olhos transparentes, pescoço, lombo e ga-
rupas fortes. Inteligente e altamente fiel, é tam-
bém corajoso e temperamental. Bem disposto e
obediente, tem enorme potencial para ser exce-
lente cavalo de sela.
104 Principais Raças
Alter-Real
105Principais Raças
106 Principais Raças
107Principais Raças
Alter-Real
ANDALUZOrigem: Espanha
Inteligente, afetuoso, de cor normalmente entre
o rodilho e o preto, tem séculos de história a cor-
rer em suas veias. Historiadores espanhóis asse-
guram que existiam cavalos na península ibérica
antes da sedimentação do estreito de Gibraltar, e
que eles vieram da África. Ao longo dos séculos, a
gênese da raça passou pelo domínio romano (200
AC), invasões bárbaras e até a invasão muçul-
mana à Espanha (711 DC). No século 11, já era
utilizado tanto como animal de combate como de
simples transporte – e foi a partir desse momento
que sua raça começou a ser apurada pelos espa-
nhóis, e difundida no continente europeu. O an-
daluz tem em média 1,62 m, cabeça grande,
olhos expressivos, dorso compacto, garupa firme
e arredondada. De porte altivo, temperamento
generoso, é extremamente dócil. E compensa a
falta de velocidade e inaptidão para o salto de
obstáculos com muita elegância, resistência e boa
vontade.
108 Principais Raças
109Principais Raças
110 Principais Raças
Andaluz
Andaluz
Andaluz
113Principais Raças
Andaluz
114 Principais Raças
Andaluz
115Principais Raças
Andaluz
Andaluz
118 Principais Raças
119Principais Raças
ANGLO-ÁRABEOrigem: Inglaterra, França e Polônia
Era difícil que desse errado: unir, num mesmo ani-
mal, as qualidades do cavalo árabe e do puro-san-
gue inglês. O resultado, tentado inicialmente por
Inglaterra, Polônia e França, obteve ótimos resul-
tados. Num primeiro momento, cavalos árabes
foram cruzados com matrizes puro-sangue ingle-
sas; depois, seus descendentes se reproduziram
com éguas nativas, com boa porcentagem de san-
gue árabe – nascia uma raça vigorosa que, no en-
tanto, por longo tempo seria questionada. A
polêmica terminaria em 1942, com a decisão de
catalogar os anglo-árabes, desde que tenham ao
menos 25% de sangue árabe. Provas de salto,
concursos, exposições, ou como cavalo de mon-
taria: polivalente, o anglo-árabe sai-se bem em
várias atividades. Se temperamento inclui valen-
tia, docilidade, inteligência e alegria. As cores pre-
dominantes são, normalmente, a alazã e a
castanha, e seu tamanho varia de 1,45 a 1,60m.
Anglo-Árabe
Anglo-Árabe
APPALOOSAOrigem: Estados Unidos
A raça deve sua gênese à antiga etnia indígena
nez-percé, dos EUA. Unanimidade hoje como ex-
celente montaria, os appaloosas (o nome é uma
corruptela de “palouse horse”) quase foram ex-
tintos no final do século 18, assim como seus cria-
dores, por conta das sangrentas campanhas do
exercito norte-americano contra os nativos indí-
genas. A partir da década de 1930, foi reconhe-
cido como raça e passou a ser criado no estado o
Oregon – apesar de ainda hoje ser identificado ao
meio-oeste do país, o appaloosa também cresceu
em popularidade em outras regiões a ponto de si-
tuar-se entre as cinco principais raças dos EUA.
De porte nunca inferior a 1,40m., é rápido, ágil,
robusto e de grande resistência, alem de combi-
nar docilidade e velocidade. A fama internacional
vem da crina escassa, quase inexistente, e princi-
palmente da pelagem coberta por pintas e ma-
lhas, o que o tornou figurante notório nos filmes
western de Hollywood.
122 Principais Raças
123Principais Raças
124 Principais Raças
125Principais Raças
Appaloosa
126 Principais Raças
Appaloosa
127Principais Raças 127Principais Raças
Appaloosa
Puro Sangue Árabe
129Principais Raças
ÁRABEOrigem: Arábia
Uma das raças mais conhecidas do planeta, com
muitos países produzindo linhagens separadas.
Sua ancestral história remonta ao tempo das Cru-
zadas. Reza a lenda que sua criação foi obra de
Alá, soprando um punhado de vento sul. Acredita-
se também que tenha vivido, por milhares de
anos, em estado selvagem nos desertos árabes,
até ser domesticado. Fato é que o cavalo árabe
hoje conhecido resulta de criteriosa seleção efe-
tuada pelos beduínos da Arábia desde o início da
era cristã, e que desde o século 20, é criado e cul-
tuado em todo o mundo, sendo igualmente res-
ponsável por uma lista de raças formadas a partir
de cruzamentos com ele. De porte médio (1,42 a
1,51 m), tem várias cores, com predominância da
tordilha; seus olhos são geralmente escuros. Os
cascos pequenos e duros denunciam a habilidade
à corrida, enquanto o pescoço gracioso e a cabeça
estreita dão-lhe um garbo elegante. Paciência, in-
teligência, lealdade e grande vivacidade são al-
guns de seus muitos predicados.
Puro Sangue Árabe
131Principais Raças
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
Puro Sangue Árabe
144 Principais Raças
145Principais Raças
Puro Sangue Árabe
146 Principais Raças
147Principais Raças
LUSITANOOrigem: Portugal
Embora o nome indique sua procedência e o fato
de existir em Portugal por vários séculos, alguns
pesquisadores afirmam que o passado do cavalo
lusitano é impreciso, o que torna difícil definir com
sua origem. O mais provável é que descenda das
primeiras criações de cavalos Andaluz, talvez a
partir de cruzamentos com o cavalo árabe e/ou
com uma raça nativa de região montanhosa, o
que lhe transmitiu a robustez e linhas curtas que
o caracterizam. Quando se descobriu a aptidão da
raça para com a lida do gado, o lusitano passou a
receber maiores atenções de criadores e mesmo
de autoridades portuguesas, que procuraram
manter e aprimorar seus predicados. Com altura
média de 1,60 m, o lusitano tem corpo curto e pe-
lagem tordilho, alazã ou castanho. Trata-se de
raça forte e corajosa, muito útil a vaqueiros e fa-
zendeiros em geral e excelente montaria para
todas as horas.
148 Principais Raças
Lusitano
149Principais Raças
Lusitano
Lusitano
Lusitano
153Principais Raças
Lusitano
154 Principais Raças
Lusitano
155Principais Raças
Lusitano
156 Principais Raças
Lusitano
157Principais Raças
Lusitano
158 Principais Raças
Lusitano
Lusitano
160 Principais Raças
Lusitano
161Principais Raças
Lusitano
Lusitano
163Principais Raças
Lusitano
164 Principais Raças
Lusitano
165Principais Raças
Lusitano
166 Principais Raças
167Principais Raças
PAINT HORSEOrigem: Estados Unidos
Dizer que o Paint Horse é um cavalo bonito é
quase redundante, já que a raça destaca-se pela
linda pelagem que tem como principal caracterís-
tica o “malhado”, com manchas ao longo de todo
o corpo do animal. “Primo” próximo do Quarto de
Milha, ele reúne a beleza de ser um cavalo exótico
e , ao mesmo tempo, a versatilidade necessária
para o trabalho, o lazer e o esporte. Não por
acaso, figura entre as raças mais comercializadas
nos EUA. Em sua origem, descende dos cavalos
espanhóis levados para a América no século 16.
Os exemplares alcançam altura média de 1,50 m.
Musculoso, atlético, esperto e versátil, trata-se de
um cavalo extremamente inteligente e disposto.
Paint Horse
Paint Horse
Paint Horse
Paint Horse
Paint Horse
175Principais Raças
Paint Horse
176 Principais Raças
Paint Horse
Paint Horse
Paint Horse
PURO-SANGUE INGLÊSOrigem: Inglaterra.
Raça universalmente conhecida e identificada
através da modalidade à qual se destina: trata-se
eminentemente de um cavalo de corrida. Não por
coincidência, sua importância despontou a partir
da Inglaterra, berço onde nasceu o esporte. A
raça, entretanto, nasceu muito antes disso. Já no
século 18, monarcas britânicos promoveram a im-
portação de vários bons cavalos estrangeiros,
entre eles berberes, árabes e orientais. Cobertas
por esses garanhões, as éguas nativas geraram
potros cada vez maiores e mais habilidosos. Em
1750, foi estabelecido o primeiro studbook do
puro-sangue inglês, que com o tempo se consa-
graria como uma das raças mais prestigiadas e
admiradas do mundo. Hoje, é criado nos EUA (seu
maior mercado no mundo, atualmente), Argen-
tina, Rússia, França, Alemanha, Austrália, Colôm-
bia e Brasil. Sua media de altura gira em torno de
1,62 m, com pelagem variando entre tordilho,
preto, castanho e alazão. Vigoroso, de tempera-
mento corajoso e muito ativo, uma das marcas re-
gistradas do puro-sangue inglês é a cabeça altiva,
quase aristocrática, com face reta, olha atento e
inteligente, pescoço longo e arqueado, caracterís-
ticas que o tornam talvez o mais fino e elegante
cavalo de montaria; a garupa é ampla, muito
musculosa, e seus membros e ossatura são exce-
lentes. Afirmar que o puro-sangue inglês é o ca-
valo mais rápido do mundo ajuda a entender um
pouco o porquê de a raça comandar mercado mul-
timilionário e de altíssimos valores que constituem
uma indústria gigantesca de criação de cavalos
cujos dígitos superam em muito todas as demais
raças.
180 Principais Raças
Corrida de Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
186 Principais Raças
Puro Sangue Inglês
187Principais Raças
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
Puro Sangue Inglês
198 Principais Raças
Puro Sangue Inglês
199Principais Raças
Puro Sangue Inglês
200 Principais Raças
QUARTO DE MILHAOrigem: Estados Unidos
No final do século 18, em plena “conquista do
oeste”, colonos norte-americanos da Virgínia e da
Carolina do Norte e do Sul cruzaram cavalos
norte-europeus e espanhóis, almejando montarias
mais robustas e, notadamente, aptas a corridas
de curta distância – nascia o quarto de milha, a
mais antiga raça do país. De início, foi intensa-
mente empregado na corrida de cavalos, esporte
muito popular nos EUA durante o período colonial.
Medindo entre 1,54 e 1,63m., apresenta cabeça
pequena, dorso curto e musculoso, garupa maciça
e arredondada – os olhos são grandes e “inteli-
gentes”. Corajoso, tranqüilo e resistente, não é
exagero apontá-lo como o cavalo mais versátil do
mundo, e uma das raças mais populares. Profun-
damente identificado desde sua origem na lida
com o gado, nas últimas décadas vem sendo lar-
gamente utilizado em rodeios mundo afora.
201Principais Raças
202 Principais Raças202 Principais Raças
Quarto de Milha
203Principais Raças 203Principais Raças
Quarto de Milha
204 Principais Raças204 Principais Raças
Quarto de Milha
205Principais Raças 205Principais Raças
Quarto de Milha
206 Principais Raças206 Principais Raças
Quarto de Milha
207Principais Raças 207Principais Raças
Quarto de Milha
208 Principais Raças208 Principais Raças
Quarto de Milha
Quarto de Milha
210 Principais Raças210 Principais Raças
Quarto de Milha
211Principais Raças 211Principais Raças
Quarto de Milha
212 Principais Raças212 Principais Raças
Quarto de Milha
213Principais Raças 213Principais Raças
Quarto de Milha
Quarto de Milha
O Cavalo e o Homem
218 O Cavalo e o Homem
O CAVALO E O HOMEM
Meu reino por um cavalo! Tal foi o brado desespe-
rado que o rei Ricardo III lançou ao final da bata-
lha de Leicester ocorrida no distante ano de 1485,
de acordo com a dramática cena descrita pela
pena criativa de Shakespeare. Ao ver suas tropas
praticamente vencidas, Ricardo III tem um rom-
pante final e, protegido na sua resistente arma-
dura e ostentando a coroa real, investe contra seu
oponente, Henrique Tudor, para matá-lo pessoal-
mente. Nessa investida decisiva, seu cavalo é
atingido por uma flecha e Ricardo III é arrojado ao
chão. Atônito e acuado, o rei então grita furiosa-
mente: “A horse, a horse, my kingdom for a
horse!”.
A famosa frase que Shakespeare eternizou: “meu
reino por um cavalo”, sintetiza que numa situação
de extrema necessidade um cavalo pode ser de
grande valia, ainda que Ricardo III, ao dizer que
trocaria todo um reino por apenas um cavalo, es-
taria apenas fazendo um desabafo impensado,
pois que se encontrava transtornado com sua der-
rota. De modo que a frase pode ser considerada
apenas como uma figuração de linguagem, entre-
tanto ela encerra uma sutil representação do
quanto os homens podem prestigiar os cavalos.
A valorização do cavalo como auxiliar do homem
encontra-se em todas as eras históricas e alcança
tempos imemoriais, chegando a encantar o ima-
ginário das mais antigas civilizações, como é o
caso do lendário Pégaso, o cavalo de Zeus que
tanta gente acreditava viver nos prados do Monte
Olimpo, entre a Tessália e a Macedônia. Segundo
a mitologia grega, Pégaso era todo branco, ele-
gante e veloz, dotado de asas, o que lhe permitia
voar sobre as montanhas e as águas. Passados os
séculos e as gerações, a imagem de Pégaso atrai
até hoje o encantamento das pessoas, tanto que
permanece como um reconhecido e utilizado sím-
bolo de velocidade, comunicação e locomoção.
219O Cavalo e o Homem
Ricardo III na Batalha de Leicester
É essa capacidade de atração e encantamento que
os equinos exercem sobre os seres humanos que
permitiu, por exemplo, a Cervantes transformar a
figura de um frágil pangaré no magnífico corcel
chamado Rocinante, a imponente montaria das
aventuras delirantes de D. Quixote. A tradição da
cavalaria medieval forjou o tipo do homem cora-
joso e respeitoso, defensor dos fracos e oprimi-
dos, exemplo de honra e lealdade: o cavaleiro.
Tamanha foi a ascendência social do guerreiro
montado e tão prolongada no tempo foi a sua in-
fluência, que as antigas ordens militares e religio-
sas mantiveram para seus membros o título nobre
de cavaleiro, procedimento até hoje utilizado nas
ordens de serviço. Cavaleiro, portanto, é uma pa-
lavra que define o montador do cavalo, mas que
principalmente identifica o homem que adquire
uma postura superior revestida de dignidade. A
honra, a coragem, a boa vontade e o senso de
justiça que distinguiam os antigos cavaleiros per-
manecem como qualidades que dignificam os ho-
mens de todos os tempos.
Foi na Idade Média que proliferaram por toda aEuropa os guerreiros montados que ficaram
conhecidos como cavaleiros. Em geral, eles obedeciamrígidas regras de conduta, um código de respeito
que cultivava a honra e a justiça.
Dos combates reais entre cavaleiros inimigosorganizaram-se lutas simuladas, dando origem aos torneios
que passaram a atrair grande número de espectadores.Arenas especiais para esses torneios eram frequentadas
por cavaleiros que vinham dos mais distantes Principadospara participarem dos combates e concorrerem aos
prêmios e ganharem a admiração das donzelas.
Em diversas regiões do Brasil até hoje se realizam festaschamadas de Cavalhadas, na verdade reminiscências dos
antigos torneios europeus e representações das lutasibéricas dos cristãos contra os mouros. Por todo o país,
também são comuns as organizações de romariasreligiosas com cavalos e muares, as quais percorrem
longas distâncias para renderem homenagensaos santos e aos lugares sagrados.
220 O Cavalo e o Homem
221O Cavalo e o Homem
Dom Quixote por Miguel de Cervantes
222 O Cavalo e o Homem
Rodeio
A despeito do notável prestígio que a montaria
equestre proporcionou aos homens das mais va-
riadas sociedades, não se pode esquecer a impor-
tância fundamental do utilitarismo do cavalo no
desenvolvimento das civilizações e até mesmo na
constituição da vida moderna. A primeira e mais
imediata vantagem que os seres humanos desco-
briram nos equinos foi que eles poderiam ser uma
boa fonte de alimentos. Por toda a Europa, em
épocas remotas, os cavalos selvagens foram ca-
çados para o consumo da carne e aproveitamento
do couro.
Os povos europeus, até a Alta Idade Média, co-
miam carne de cavalos sem qualquer restrição,
até que o Papa Zacarias (741-752), procurando
acabar com antigos costumes do paganismo, proi-
biu que os cristãos comessem a carne equina.
Posteriormente, essa restrição aos cristãos tam-
bém foi acompanhada pelos judeus e pelos mu-
çulmanos. Entretanto, com a Revolução Industrial
e o advento das guerras mundiais, o preconceito
contra a carne de cavalo foi arrefecendo e o con-
sumo começou a se expandir.
Os brasileiros quase não se alimentam da carne de
cavalo, mas sua exportação tem crescido notavel-
mente. Em alguns países europeus, especialmente
na França, a carne de cavalo é o componente prin-
cipal da indústria da salsicharia, por conta da colo-
ração que dá à pasta e baixo teor de gordura. Para
atender ao mercado externo com carnes e vísce-
ras, assim como ao mercado interno com couro,
ossos e crinas, o abate de equinos no Brasil é re-
gulamentado por lei, sendo que os frigoríficos es-
pecializados são permanentemente fiscalizados.
A carne de cavalo é bem mais pobre em gordura
do que a carne de vaca e, por isso é de mais fácil
digestão. Seu sabor é levemente adocicado por
causa da presença do glicogênio, apresentando a
cor vermelha escura com fibras finas e longas. É
uma carne de cozimento rápido e diz-se que os
cortes dos muares são mais tenros e saborosos.
No caso do consumo de leite dos equinos, seu
aproveitamento regular só se observou nas tribos
primitivas das estepes, no sul da Rússia e algu-
mas partes da Ásia. Normalmente, a quantidade
de leite produzida pelas éguas e jumentas precisa
ser aproveitada na alimentação das crias, cujo
crescimento seria prejudicado se fossem privadas
de parte do aleitamento. O leite de égua é ralo e
adocicado, sendo que sua composição se apro-
xima muito do leite humano, razão porque em al-
gumas regiões subdesenvolvidas as mães que
perdem a capacidade de amamentar recorram à
ordenha das éguas e jumentas.
As festas de rodeios são baseadas em provas quelembram a antiga doma bruta dos cavalos, consistindo
na montaria de animais geralmente indomesticáveise imprestáveis para outras funções. A avaliação do
desempenho da montaria é resultante do tempoque o peão consegue ficar sobre o lombo do
animal e as reações ou pulos deste.
Considerando o tempo de montaria e o comportamentodo animal, os julgadores premiam os peões vencedorescom títulos e dinheiro. Os cavalos e os peões costumam
ser sorteados no momento da prova, de forma que ofator sorte pode influir no resultado do rodeio.
Ultimamente, uma parcela considerável da opiniãopública tem se manifestado contrariamente à realização
dos rodeios, alegando principalmente a possibilidadede que os animais sejam maltratados para
pularem mais violentamente.
De resto, as festas de rodeio cada vez maistem se transformado em eventos para
shows de música sertaneja.
223O Cavalo e o Homem
A criação de cavalos e muares ainda traz benefí-
cios secundários, tal como a produção do esterco
que é utilizado como fertilizante. De um cavalo
normalmente se obtém cerca de 20 toneladas de
esterco por ano, material fermentado que contém
de 0,30 a 0,75 % de nitrogênio e de 0,45 a 0,60
% de anidrido fosfórico. Esse adubo nitrogenado é
bastante indicado para a formação de pastagens,
favorecendo as qualidades físicas do solo.
Finalmente, dos cavalos também resultam outros
subprodutos, tais como o sangue, ossos, múscu-
los, cartilagens e vísceras, todos utilizados na
composição de ração animal. O couro equino é
muito apreciado pelos curtumes, especialmente
os das éguas; as crinas são aproveitadas para
estofamentos, escovas e cordas. Os cavalos,
enfim, são tidos como adequados animais de la-
boratório, sendo submetidos aos processos de fa-
bricação de soros e vacinas, pesquisas de
patologias e farmacologia em geral.
Afora esses aproveitamentos básicos, ressalta no
utilitarismo dos cavalos para os seres humanos a
função do transporte, capacidade generalizada
dos equinos que pode ser considerada como fun-
damental no desenvolvimento das sociedades. O
grande potencial de trabalho dos cavalos e mua-
res se deve ao metabolismo que nesses animais é
muito mais intenso que em outras espécies, pois
podem armazenar maior quantidade de glicogê-
nio, a fonte energética da ação muscular.
224 O Cavalo e o Homem
225O Cavalo e o Homem
Da verdadeira parceria entre o homem e o cavalo,
é preciso que se destaquem as atividades espor-
tivas, tais como as corridas, o hipismo e o ades-
tramento. A equitação, que se compõe de um
conjunto de saltos de diversos tipos, é uma prá-
tica que acaba educando cavalo e cavaleiro, apro-
ximando um com o outro. O cavalo Mangalarga
tem se adaptado muito bem neste tipo de com-
petição: tem bom equilíbrio e é de fácil controle
do trote, marcha e galope; é corajoso e mais
calmo que os meio-sangues.
“O hipismo é um dos poucos esportes em que os homens eas mulheres podem atuar em igualdade de condições, sendoque também os mais jovens e até mesmo as crianças podempraticá-lo. Esse esporte eqüestre encontra suas mais antigas
origens nos hábitos de lazer da aristocracia européia,especialmente entre os nobres ingleses que gostavam de
caçar raposas da floresta, conduzindo suas montarias pelosbosques e campos, saltando riachos e obstáculos. Foi dessemodo que o hipismo foi se disseminando como um esporteelegante e empolgante, chegando a integrar os primeiros
Jogos Olímpicos da Era Moderna, no ano de 1896 em Atenas,como uma simples demonstração, e passando a ser
considerado como categoria oficial na Olimpíada de 1912.A prova do salto de obstáculos é certamente a mais
conhecida do público e consiste em percorrer uma pista comdiversos tipos de barreiras, completando o percurso no
menor tempo possível e cometendo um mínimo de faltas.Derrubar obstáculos ou tocar uma das patas na água são as
causas mais comuns de penalização, porém o conjuntotambém pode ser prejudicado quando o cavalo refuga ou
desvia do percurso, quando o cavaleiro oumesmo a montaria caem, quando o tempo
estabelecido é ultrapassado.
O adestramento é outra forma de hipismo que tambémalcançou o reconhecimento de esporte olímpico. As origensdo adestramento remontam ao século XIX, lembrando osmovimentos de guerra dos batalhões de cavalaria e doscomandantes europeus. Nos passos do adestramento,
destacam-se o equilíbrio e a harmonia do conjunto de cavaloe cavaleiro, buscando a perfeição nas posturas e
deslocamentos. Trata-se de uma prova onde o conjuntoapresenta diversos tipos de figuras, tais como o passo livre,o galope alongado, pirueta, espádua para dentro e outros.
Os juízes dão nota de 1 a 10 para cada figura desenvolvida,sendo que as apresentações são julgadas de acordo com
seus níveis de dificuldade: o elementar, o preliminar,médio I, médio II e GP Internacional.”
226 O Cavalo e o Homem
227O Cavalo e o Homem
“Uma modalidade que exige muita resistência do cavalo edo cavaleiro é o enduro. São provas de longa duração onde
se devem vencer trilhas difíceis que podem alcançar aextensão de 160 quilômetros. Durante o trajeto, pontos de
controle veterinário avaliam a condição física das montarias,podendo desclassificar os concorrentes. O condicionamento
físico dos cavalos é um dos mais importantes fatores namodalidade olímpica CCE – concurso completo de equitação,uma espécie de triátlon eqüestre, onde durante três dias o
conjunto participa das provas de adestramento,cross-country e salto de obstáculos.”
228 O Cavalo e o Homem
Enduro
“De beleza plástica incomparável é a prova do volteio,que consiste na realização de movimentos de ginástica
sobre o cavalo em movimento. Dividido em diversascategorias segundo o grau de dificuldade, esse esporte
tem seu torneio mundial realizado a cada dois anos.Por outro lado, a partir de 1984, tem chamado a
atenção e ganhado prestígio a modalidade paraolímpicade adestramento, sendo que o primeiro campeonatobrasileiro realizou-se em Ibiúna, no ano de 2003.”
229O Cavalo e o Homem
Volteio
Volteio
231O Cavalo e o Homem
Apresentação Circense
Apresentação Circense
236 O Cavalo e o Homem
240 O Cavalo e o Homem
241O Cavalo e o Homem
242 O Cavalo e o Homem
244 O Cavalo e o Homem
Hipismo, Prova de Rédeas
245O Cavalo e o Homem
Hipismo, Prova de Rédeas
“O hipismo paraolímpico tem sido cada vez mais apoiadono Brasil e é praticado regularmente em mais de 40 países.Cavaleiros e amazonas portadores de variadas deficiências
competem em provas que são classificadas de acordo com onível de debilitação, sendo que não somente os vencedoresrecebem medalhas, mas também os seus cavalos, o que não
ocorre em nenhuma outra modalidade do hipismo.”
Nos últimos anos tem-se observado uma emocio-
nante ligação entre o cavalo e o homem: trata-se
de uma simples montaria a passo lento e monito-
rado para crianças excepcionais ou com problemas
psicomotores. Essa espécie de terapia equina tem
alcançado resultados surpreendentemente positi-
vos, fazendo as crianças mais felizes e auxiliando
na superação de suas limitações.
Aliás, a utilidade terapêutica do cavalo não se
aplica apenas às pessoas acometidas por proble-
mas mais graves. É notório que o simples contato
com os equinos, um pequeno passeio ou uma boa
cavalgada, atuam de forma poderosa sobre o
humor das pessoas, neutralizando os males do es-
tresse. Para constatar esse efeito, não é preciso
estudar muito: basta montar num bom cavalo,
pegar um belo caminho, sentir a brisa no rosto e
afagar a montaria que traz um dos mais singelos
prazeres da vida!
252 O Cavalo e o Homem
Hipismo Paraolimpico
É justamente este conjunto harmonioso composto
pelo cavalo e o homem, resultando num desloca-
mento agradável e garboso, cadenciado a passo,
a trote ou a galope, que põe o cavaleiro acima de
sua própria estatura e pode oferecer sensações de
confiança, domínio e aventura; é este tipo de par-
ceria entre os homens e os eqüinos, que não é so-
mente utilitária ou produtiva, que eleva o cavalo à
condição de elemento cultural, tornando-se um
componente importante do lazer e da celebração
em comunidades espalhadas por todo o Brasil:
são as cavalhadas e as romarias, os festejos que
envolvem montarias ou cavalgadas segundo as
tradições regionais, todas elas derivadas da nossa
herança cultural luso-católica.
Foram os padres jesuítas que trouxeram para a
Colônia brasileira a encenação da cavalhada, uma
representação em campo aberto para lembrar a
expulsão dos mouros da Península Ibérica. Basi-
camente, o festejo da cavalhada consiste na si-
mulação de uma luta entre os cristãos e os
mouros, cada qual representado por um pelotão
de doze cavaleiros. Os cristãos se vestem de azul
e os mouros de vermelho; os cavaleiros de ambos
os lados utilizam lanças, espadas e pistolas com
tiros de festim, apresentando uma cena de bata-
lha que é finalmente vencida pelos cristãos, com
os mouros se convertendo ao cristianismo.
Diversos municípios do centro-sul, sudeste e sul
do Brasil, encenam todos os anos o festejo da ca-
valhada, porém a cidade de Pirenópolis, em Goiás,
tem se notabilizado por organizar a cavalhada
mais tradicional e empolgante do país, mesmo
porque o evento tem a duração de três dias, jun-
tando-se com a Festa do Divino e abrigando a pre-
sença dos folclóricos cavaleiros mascarados.
254 O Cavalo e o Homem
Cavalhadas
255O Cavalo e o Homem
Festa do cavalo em Atibaia
Cirio de Nazaré
As comemorações do Divino Espírito Santo são
enriquecidas com a apresentação de danças de
Catiteiros e grupos de Congada, assim como com
a chegada dos misteriosos cavaleiros mascarados.
Conta-se que esses personagens começaram a
surgir porque eram escravos ou pobres que não
podiam participar dos pelotões de cristãos ou
mouros, travestindo-se, então, com máscaras as-
sustadoras e saindo pelas ruas, pedindo cigarros
ou bebidas e fazendo estripulias.
Os cavaleiros mascarados também são chamados
de “Curucucús”, por causa do som que fazem com
as bocas, imitando bicho, e a máscara mais
comum que utilizam é cabeça-de-boi. Dizem que
os cavaleiros mascarados são pessoas que não
tem acesso ao festejo ritualizado dos cristãos con-
tra os mouros, sem recursos para adquirir as
caras fantasias e adereços da cavalhada, optando
pela ironia e pelo deboche anônimos, porém sem
abdicar do seu cavalo!
Mais difundida que a cavalhada entre os brasilei-
ros encontra-se a prática da romaria, também in-
troduzida pelos portugueses desde a época
colonial. Definida como uma viagem a um lugar
de devoção ou uma reunião de devotos para um
festejo religioso, a romaria não dispensa o uso da
montaria e os cavaleiros fazem do trajeto a passo,
às vezes longo e cansativo, uma etapa importante
do ritual de fé, rezando em pontos ou horas de-
terminadas, assumindo posturas de respeito e
contrição.
Chegando nos locais de peregrinação, à romaria
se agregam outros elementos de crença e de fes-
tejo, tais como o cumprimento de promessas, as
feiras, a comilança, os cantos e as danças. No
Brasil, romeiros a cavalo dirigem-se principal-
mente ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida
e para Bom Jesus de Pirapora, contudo chega a
ser incontável o número e a destinação das pe-
quenas romarias, tamanho o gosto e disseminação
do hábito da peregrinação a cavalo, especialmente
no Estado de São Paulo. Os paulistas realmente de-
monstram visível espontaneidade na organização
e participação de romarias que tanto rumam para
os santuários mais importantes quanto buscam as
mais singelas capelas rurais.
Desfrutando passeios pelos caminhos e campos,
celebrando festas tradicionais e cumprindo jorna-
das de fé, os cavaleiros e amazonas procuram
sempre conduzir as suas montarias com garbo e
distinção, cavalgando com destreza e orgulho. O
cavalo pode animar o lazer, consegue enobrecer o
festejo e é capaz de engrandecer a devoção, con-
quistando seu lugar coadjutor no cenário cultural
brasileiro. Nas nossas mais caras tradições, nas
nossas crenças e costumes, em todo esse atrativo
conjunto de representações culturais encontra-
se a figura do cavalo, ilustrando a vida brasileira.
256 O Cavalo e o Homem
Festa do DivinoRomaria
257O Cavalo e o Homem
Cavalhadas
Cavalhadas
261Bibliografia
Bibliografia indicada
CAMARGO, M. X. Gouvêa – “Origem e Formação
do Cavalo Mangalarga” – São Paulo – 1953
LENER, Martin (trad.) - “Cavalos – Guia Prático” -
Ed. Nobel – São Paulo – 1998
RAMOS, A. da Silva – “Melhoremos o Cavalo
Nacional” – Ed. Sec. Agr. Bahia - 1939
RIBEIRO, D. E. – “O Cavalo e o Burro de Guerra e
de Paz” – Ed. Mel. – São Paulo – 1956
SOLANET, E. – “El Cavallo Criollo” –
Buenos Aires - 1946
TORRES, Alcides Di Paravicini –
“Criação do Cavalo e de Outros Equinos”
– Ed. Nobel – São Paulo – 2ª. Edição - 1981
Cavalos – Guia Prático – Rebeca Kingsley
(Ed. Nobel)
Guia das Raças de Cavalos – Murizio Bongianni
(Editorial Presença)
Conversando sobre Cavalos – José Luiz Jorge
(Ed. Rigel)
Larousse dos Cavalos (Ed. Larousse do Brasil)
Enciclopédia do Cavalo – Elizabeth Peplow
(Ed. Litexa)
Cavalos – Judith Campbell (Ed. Melhoramentos)
Tudo sobre Cavalos – Guia Mundial com 200 Raças
– Caroline Silver (Ed. Martins Fontes)
O Mundo Maravilhoso dos Cavalos – Ângela Sayer
(Editora Ao Livro Técnico)
O Cavalo de Sela Brasileiro e Outros Eqüídeos
Ricardo Santos (J.M. Varela Editores)
Cavalos, História & RaçasART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY
Tradução / Translation
263
History
Recently, thanks to the use of sophisticated elec-
tromagnetic sensors, a team of researchers coor-
dinated by historian Norbert Muller managed to
find the famous Hippodrome of Olympia, a straight
runway 1,200 meters long which was covered by
rocky sediments that have accumulated over the
centuries. This interesting archaeological discovery
has uncovered part of the scenario that hosted the
ancient Olympics and pointed the exact location of
the lane where there were famous racing cars pul-
led by horses and competitions which, as described
by the Greek author Pausanias, were organized by
the rich and important citizens but also attracted a
large share of the population.
In the Sanctuary of Olympia, the first equestrian
races dating back to the year 680 BC, when the
evidence included the carts pulled by two horses
- known as a chariot, or by four horses - called
chariots. Decades later, the competitions have
abolished the cars and started to be realized only
with saddle horses, but the winners were still only
the owners of horses, since the selection and trai-
ning of racehorses totaled a considerable expense.
Note, therefore, that the ancient Hellenic civiliza-
tion is clear evidence that the horses have not
only lent themselves to the work of traction and
transport, but some strains of horses started to
be used entirely to sport.
On a larger scale and in a more refined, the Ro-
mans had reproduced the equestrian events de-
veloped by the Greeks, with chariots or horsemen.
In imperial Rome, thousands of commoners were
allowed to watch the regular competitions taking
place at the Circo Massimo or the Circus of Nero,
entertainment arenas where they highlighted a
patrician elite, many horse breeders. It was on
tracks like these, adorned with luxury and sophis-
tication that reigned supreme the most famous
racehorse of that era: Incitatus, a favorite of
Emperor Caligula.
According to Suetonius recorded, the chronicler of
the Twelve Caesars, for the horse Incitatus was rea-
ched to build an impressive stable of marble, with
an ivory manger, and the animal was permanently
served by many servants. Their food included por-
tions of oats mixed with gold flakes and was usually
covered with robes of purple, a hue that was exclu-
sive of the senators, and boasting a huge necklace
of precious stones. It is said that the Emperor Cali-
gula, packed in one of its most grotesque delusions,
he considered include the name of his horse Incita-
tus in the roll of senators and even thought about
naming him consul of the Roman Empire.
“The great obelisk now standing in St. Peter's Square, theVatican, is the same as that raised in the center of the
Circus of Nero, the famous racecourse whose constructionwas started by Caligula, where the legendary horse Incitatus
was publicly touted as the favorite of the emperor.Incitatus, which means "fiery", was a beautiful white stallion
that had been brought from the region that later wasespecially Spain to improve the breedingof racehorses of the eccentric Caligula.”
The horse entered by the Emperor Caligula has
achieved the glory of being represented in a life-
size statue, carved entirely out of marble, figuring
most prominently in the historiography of some
human characters. So also occurred with another
legendary horse of antiquity: Bucephalus, a steed
of war Alexander - the Great, King of Macedonia.
Represented in paintings and sculptures, Bucep-
halus was an exuberant black stallion that used to
be harnessed with a breastplate that had the myt-
hical figure of Medusa. Tradition tells us that the
horse Bucephalus was born the same day as the
conqueror Alexander the Great and died in battle
during the conquest of India, a place where the
Emperor founded a city named after his horse Bu-
cephalus, located in present day Pakistan.
It is important to note that the collective admira-
tion and even the glorification of certain horses
made famous by their powerful owners is a very
old phenomenon that has already entered the
classical civilizations of the Middle Ages and the
feudal cavalry trot or gallop heroically mounted by
the El Babieca Cid. Many centuries ago that hor-
264 History
ses in general no longer be reduced to simple do-
mesticated animal traction for work or transporta-
tion, but some strains of horses and even some
special animals were included in the plan of social
activities through recreation, equestrian and sport.
For millenniums the presence of horses has contri-
buted to the welfare and development of commu-
nities. From the most simple-minded communities
to the more complex societies of ancient and me-
dieval times, horses have served peasants and ar-
tisans with their cheap and efficient traction force
met the transportation needs of producers and
merchants, paying even the demands of luxury
and power. It was not without reason that the
horse went through the time and reached the mo-
dern era as pompous mount of kings and nobles,
as elegant pedestal of ministers and generals, as
an impressive symbol of power of the liberators
and dictators.
“During the Middle Ages, the mounted warriors andarmed with swords and Spears came to be known as theKnights. Were vassals who put themselvesthe service of
feudal lords and held each other tight code ofconduct, emphasizing respect and honor.
From the tenth century, the medieval Knights began toparticipate that simulated combat tournaments,
competitions that attracted warriorsacross Europe and attracted crowds of spectators.
The duels were violent and involved the use ofvarious weapons, and the dispute with two
galloping horsemen and opposite, with spears in hand,the event most awaited by the public.”
It is estimated that the domestication of horses
began at least 5,000 years ago somewhere in Eas-
tern Europe, but experts have not reached an
agreement on the horses today are descended
from a single stem or different species. There is,
however, a tendency to accept that modern
strains find their origins in three primitive species.
Of these, perhaps the darkest horse of the step-
pes, also known as Przewalski "in honor of the
zoologist who described it. The second kind which
can be regarded as ancestor of horses today is the
Tarp, whose domestication have been made by
the Aryans or Aryan people, they have introduced
these animals in Egypt and Greece. Finally, the
third race originated from known strains consists
of the cold-blooded horses, the Horse of the Fo-
rest, from central Europe.
The identification of these stems, though distant,
allowed the establishment of a classification by
origin, dividing the horses into two main groups:
a) - the descendants of "Equus caballus orientalis,
or Knight of the Desert, Arab or Barbo, breeds
known as" Hot Blood "that gave rise to saddle hor-
ses and speed;
b) - the descendants of "Equus caballus Western"
or the Forest Horse, taken as pets "cold blood",
with greater height and bulk muscle.
Although they belong to the same genus Equus,
zebras and donkeys had a more recent origin and
located in Africa. The donkey was already used in
Egypt even before the horse paintings dating from
2000 BC illustrate the steps of his arrest, taming
and use. The donkeys were also found in the Me-
diterranean islands and North Africa, an area that
seems to have been his place of origin.
“Although there are fossil remains that prove thepresence of horses in the prehistoric Americancontinent, the introduction of modern horse inAmerica is attributed to Christopher Columbus.
Later in 1534, some horses came to the Captaincy ofprovidence D. Ana Pimentel, Martim Afonso de Souza’s wife.
On the initiative of Pedro de Mendoza, the first horsesarrived in Buenos Aires and in the year 1535, Ojeda landed
in Chile with some animals. In 1541, the fearlessCabeza de Vaca crossed the South American
driving huge herd of horses.”
The prehistoric tribes could only see the horses for
food, bones and skin, but the human communi-
ties that have been slowly learning to domesticate
plants, once envisioned the benefits of strength
and versatility of the horses. The animal traction
for land preparation and for the mills, as well as
the coupling to transport, promoting the multipli-
cation of labor and the production of surplus ma-
terial indispensable for the development of family
or community groups. Much more agile and flexi-
ble than cattle, horses proved to be more pliable
and adaptable to the needs of agriculture or trans-
port service, leveraging the work and create in-
come.
History 265
During the process of enhancing the partnership
of men with horses, do not take long for the
strong and swift mounts to afford to pursue the
war, which made the horse almost an extension of
the warrior, reinforcing the troops and encoura-
ging the expansion of empires . Moreover, the his-
tory of civilizations, peoples and nations, can
never be properly told without the chapter's con-
tribution as a partner effective equine breed of
human endeavor. Until the arrival of the Industrial
Revolution, mankind appealed to the strength of
horses to meet their needs for traction, ground
transportation and mobility of hosts. And even
with the introduction of the steam engine and a
combustion engine, the use of horses and mules
for farm work is still being used today.
In rural areas, animal traction is still able to show
their convenience: it has lower cost for the culti-
vation of small areas, is more versatile, because
the animals lend themselves to different services,
does not require skilled labor, dispenses con-
sumption fuel and fodder and will also use crop
residues. Read in the field, the mules seem to
bear the heat better than horses, and can better
withstand the prolonged effort. On the other
hand, horses are more agile than the mules, they
work best on land because they have cute hooves
larger and get along better with other animals, es-
pecially in the stable
“Among the species of the genus Equus aretwo main types: the horse and donkey.
Larger, the horse has a more elongated head withshort ears and thin, while the head of the donkey
is coarse and heavy, with long ears and wide.The neck of the horse has more lofty position,
equipped with a long mane, and the donkey hasfallen over the neck with short manes and erect.
In horses, the number of lumbar vertebrae is 6, whiledonkeys have 5 vertebrae. The croup is short ass and
narrow, unlike the vast rump of the horse.”
In the course of centuries and despite many chan-
ges in life forms, men still preserving its affinity
and partnership with the horses, not only as pets
at work, but as animals walking and sports and
even as animals of special pets . The story of
man's utilitarian connection with the horse was
not over and badly shaken by the technological
achievements of industrialization. On horseback,
by step, trot or gallop, the man is still full.
266 History
Brazilian Breeds Historical
During the first two centuries of Brazilian coloni-
zation horses brought on the sailing ships of the
fleet officers were created almost on the loose and
ended up crossing naturally, without much care
selection. These horses and donkeys came from
the Iberian Peninsula and the Atlantic islands, and
the first animals arrived in San Vicente, Bahia and
Pernambuco, as part of efforts to occupation and
planned by the Portuguese Crown.
During this long period, characterized by factories
and unstable nuclei coastal inhabitants, the cattle
industry has been slowly penetrating the nort-
heast of Cologne, highlighting the areas occupied
by herds of Tower House and Bridge House. The
first of these estates spread widely through the
hinterland of Bahia and reached to the present
states of Piauí and Maranhão, the second exten-
sive land grant from southern Bahia and reached
the north of the current state of Minas Gerais.
These two major areas where the 'cattle and hor-
ses "was evidently more quantitative than quali-
tative, which has also been occurring with herds
that roamed the southern continent.
There are reports that the founder of Buenos
Aires, Pedro de Mendoza, left dozens of horses
that ended up breeding in the Pampas, and that
Alvaro Nunes, the famous "Cabeza de Vaca" upon
entering the coast of Santa Catarina and head for
the Foundation for Asuncion, left many stray hor-
ses on the road. So that a portion of horses led by
Sao Paulo in the mountains of Minas Gerais, from
Sorocaba, came from gangs of "feral bovine" lost
the pampas.
It was only on arrival of the eighteenth century,
with the race for gold and diamonds in Minas Ge-
rais, the introduction and establishment of the
horses began to receive more attention from the
Crown and its employees: the necessary surveil-
lance of "records" or checkpoints, as they went
gold, the people and the supplies required the
maintenance of troops and mounted animals pro-
vided with strong, resilient and adapted to the tro-
pical environment. Moreover, the mining of gold
and the rise of towns increased the transit of
goods, which required a regular supply of trans-
port and you just basically being held by troops of
mules, as the mules were markedly more likely to
win long hours that used to be interspersed with
steep and rugged crossings.
“The first horses were landed in Brazil in 1534,the port of San Vicente, brought from Madeira Island
by Dona Ana Pimentel, the expeditionled byMartim Afonso de Souza.
Years later, Duarte Coelho brought some horsesto Pernambuco and in 1549 Thomé de Souza introduced in
Bahia horses that he brought Cape Verde.In the year 1541, the fearless Alvaro Nunes,
"Cabeza de Vaca" crossed with a large herd ofhorses the southern Brazilian colony until it
crosses Paraguay and Bolivia to achieve,returning the current state of Rio Grande do Sul.”
After the gold cycle, a new impetus was given to
the creation of horses in Brazil, because with the
coming of the Court in 1808, a good number of
players was brought from the Alter stud farm,
where he created the Andalusian horse, known in
Portugal As Alter Real. At this time, English mer-
chants established in Rio de Janeiro have provi-
ded the arrival of some horses in South Africa:
were horses of Cape Town, originating from the
cross breeding of British and Dutch mares.
In the year 1819, by order of D. John VI, was ope-
ned for Stud of Cachoeira do Campo, in Barbacena
- Minas Gerais, to create the necessary mounts to
the movements of the regiments of the Dragons.
Early in its activities, and house race horses and
Alter of Cape Town, the stud farm of Batley recei-
ved a local strain, a type that had formed in Minas
Gerais by the meeting of the horses that came
from the northeast to the horses brought from the
south. Actually, that horse found in Minas Gerais
had even a name: it was the horse of Junqueira.
In the areas of family Junqueira formed the first
local brand of foals that were sent to the stud
farm of Batley, with reports of breeding by the
Brasilian Breeds Historical 267
year 1821, appearing at the core breeding what
could be called the first national race, the foals. It
is attributed to Gabriel Francisco Junqueira, the
Baron ', the baptism of this new breed, but it is
still uncertain why such an appointment: the
horse was called by his foals and open floor ele-
vation or because the Baron' found the horse Jun-
queira's on your property, "Farm foals?
The fact is that the largest center for equine that
time, the stud of Batley, began to spread throug-
hout Minas Gerais and the whole country a breed
of Andalusian ancestry but that could already be
considered a citizen because of the selection,
power and influence environment. The large fa-
mily Junqueira continued in the creation of foals,
always in search of a sturdy mount and soft floor,
ready to win with speed or rough terrain. Under
the care of family members Junqueira, it is custo-
mary to credit the development of strains Fortuna,
roan and Sublime, among others, all linked to the
pioneering breeding stud of Batley.
“The territorial occupation and colonial trade in Brazil weredeeply marked by the use of troops of mules. Like horses,mules that came with the settlers came from North Africa
and have adapted very easily to the hot climate, withextreme efficiency in the transport of heavy loads over long
distances.Also used in the traction of wagons and farm machinery, thedonkeys are integrated seamlessly into the countryside ofBrazil. Some hybrids come with mares to achieve national
stature and are appreciated for the service saddle, featuringa performance characterized by endurance and sobriety.”
The mangalarga breed, however, was affected by
early differentiated approach between farmers
and miners in São Paulo. After a migration from
Minas Gerais to the West Paulista, part of the Jun-
queira family, headed by Francisco Antonio Diniz
Junqueira, settled in Orlando where his descen-
dants continued the breeding of horses, forming
the kind Mangalarga Paulista. More primitive in its
conformation, this horse had the neck, torso and
hips most muscular, resembling the Forefathers of
the Andalusian and the Alter. With the new test
site, the foals Paulista came to have the neck
slightly rotated hips less inclined, withers higher,
better poise and higher members. His former run-
ning Tripedalia amended trotted to the march,
which is not nearly as sharp as the trot is not as
soft as the march of Mangalarga Mineiro.
The type Mangalarga Mineiro, also known as Man-
galarga Marchador comes from the same Paulista
lineage, in which there have been some infusion
of Arab blood and other races, always seeking to
preserve the march bite or hit, not to the march
trotted. Perhaps influenced by so many intersec-
tions, the head of the Mangalarga Mineiro appears
more straight, short and wide, with large eyes and
nostrils open, their size is slightly smaller than the
foals Paulista, however, for the convenience of
your gear it is preferred for longer trips and much
valued in the marketplace.
Also in Minas Gerais and the famous stud of Bar-
bacena, another very Brazilian breed came: Cam-
polina, which name was given by its creator,
Cassiano Campolina whose farm was in the city of
Entre Rios. After his death, his horses came to the
attention of Joaquim Pacheco de Rezende, whose
descendants have continued to improve the
breed. Domestic horses, the Campolina is one that
most closely matches the characteristics of Anda-
lusian origin, it is the result of crossing common
mares with stallions of the Stud Farm of Batley,
as already stated, Alter created horses, the va-
riety of Andalusian Lusitano . Among the Brazilian
breeds, the Campolina is the one with higher
weight and height, and generally elegant, strong
and good trotter and walker.
Sized and smaller, but a proven agility, is a third
national breed: Crioulo. It's a small horse gene-
rally used by cowboys and cowboys, as with cat-
tle is that it stands out: it has accelerated and
stockade, and "understand" the maneuvers of
siege and domination. The Crioulo reproduced na-
turally in the south of Brazil, believing that it de-
rives from animals Andalucian abandoned by
Pedro de Mendoza in Argentina and Alvaro Nunes
268 Brasilian Breeds Historical
on his expedition to Paraguay. These Andalusian
would have returned to the wild, being named po-
pular chimarrões or bagua. After so long of free
crossing, the animals were degenerating, but ac-
quired a high level of adaptation and became fast
and tough.
“Until the appearance of the Thoroughbred horse, theAndalusian breed was the most conceptualized in all courtsof Europe, dominating for more than two centuries as the
best race for both saddle and carriage.The array is in the Andalusian origin of many breeds selected
in Brazil, so that the bulk of our horse herd is somehowconnected to the lineage of North Africa, where the
predominant blood Barbo or Berber, because even theAndalusian derive from that race.”
In addition to our recognized breeds of horses and
domestic, there are some kinds regionalized has
also maintained that his most important traits,
such as, for example, horse Guarapuava, found in
the states of Parana and Santa Catarina, possibly
in the south of Sao Paulo . It is a kind of type or
Bard that Berber influence climate went through a
pasture and received more favorable, and recei-
ves a small contribution from Thoroughbreds.
Segregation was also formed by the Pantanal
horse, a breed native of the Pantanal of Mato
Grosso, which is also called Poconeano or Mimo-
seano. This type of horses would have originated
from Goiás, assuming the contribution of Sout-
hern crioulo. The Pantanal is a horse fit for the
care of the cattle: it is agile, good tempered,
adapted to a region of extreme variations of tem-
perature and humidity.
Another regional type, though not considered a
race of well-defined and improved, is the Nort-
heastern horse. It constitutes a sub-race of the
Arab horse, and was noted for its agility in trans-
lating rough terrain, rocky, steep and thorny, and
its adaptation to a region of scarce water. The so-
called polygon of drought, he is the cowboy's
horse and handle cargo. In general it is a small
animal, reaching 143 cm on average, members
are fleshed with prominent tendons, which gives
the false idea of their fragility. However, the Nort-
heastern horse supports the work of animals and
conditions that other races would not be able to
resist.
Aside from all these types horses so well adapted
that can be considered genuinely Brazilian, one
must consider the important and already traditio-
nal presence in our territory Thoroughbred horse.
The creation of this breed in Brazil began in the
distant year of 1871, but the zoologists in general
has criticized the artificiality with which the horses
were kept PSI, both in diet and in management.
Despite this restriction, the PSI has helped breed
found in the composition of several national
brands through well-planned crossbreeding.
The first genealogical record of Thoroughbred
horse was dated in 1791, but the race had already
been improved in England since the sixteenth cen-
tury, crossing local horses with mares East. It is
assumed that horses Berbers are dominant, alt-
hough two of the three branches of the Arab race
are: the Darley Arabian and the Byerley Turk. Re-
portedly, the Thoroughbred there was also some
sort of infusion in the oldest American breed, the
Quarter Horse. In Brazil, the Quarter Horse has
been much appreciated and valued in the market,
given its strength, poise and good resistance, ho-
wever this is a very specific breed that can’t yet be
considered as a citizen.
“The first Brazilian jockey club was the Fluminense in Rio deJaneiro, founded by Baron de Caxias and Count D'Eu, and
the races where in the Hippodrome Vila Isabel. Thebeginning of the creation of the Thoroughbred horse was in
1871, with the mare named Primavera.In São Paulo, the Jockey Club was created in march 14th,
1875, and its first managers were Raphael de Aguiar Paes deBarros, Paula Souza and Eleutério da Silva Prado, and the
first race only happened one year later, in the lateHippodrome of Mooca.”
Brasilian Breeds Historical 269
Main standards for nationalraces
(According to the basic requirements of farmers
and in accordance with the disclosure made by
Professors. A. P. Torres and W. R. Garden)
MANGALARGAHead straight profile, large eyes, wide apart, ga-
nache delicate and moderately protruding, sligh-
tly long muzzle, nostrils dilated, ears of medium
size and in proportion to head, wide forehead,
wide mouth.
Neck fairly long, muscular torso and detached, lea-
ving the trunk high, pyramidal shape of the trunk.
Stem smooth and sturdy, lined withers, straight
back, good passage of girth, broad and well pro-
tected kidney; arched ribs rump wide and muscu-
lar, full and well down the thigh, tail set smoothly
into the croup.
States with strong joints large and prominent,
long and well laid shoulders, long arms and mus-
cled, long and muscled forearms, shins tendons
with short crisp, full thighs well muscled and
strong pasterns.
Minimum height of 1.48 m for males and 1.42 m
for females. Walking preferred gait with support
trotted diagonally past with stylish, slightly lifted,
long and strong.
CAMPOLINAHead of proportional size, with wide forehead and
dry; ganaches apart and defined; ears of medium
size, parallel and facing forward, eyes averted, full
and expressive, wide mouth with thin lips and
firm; wide nostrils of flapping wings.
Muscular neck, shot, medium length, seamlessly
connected to the head and torso.
Trunk high withers, long and muscled, long and
arched ribs, chest broad and deep, wide rump and
gently sloping with rounded hips, tail set low, con-
tinuing the line of the croup, strong and silky hair.
Muscular limbs, with full shoulder and oblique
long-short arm and forearm, knees straight and
well supported, full and muscular thighs, long
legs, strong and well plumb; pasterns medium,
oblique and strong. Minimum height of 1.57 m for
males and 1.52 m for females. Marching forward
with progress, hit or bite.
CRIOULOHead short and broad pyramidal in shape at the
base, tapering to the nose, jaws strong and well
developed; ganaches well apart, short and wide
muzzle.
Attached to the head and neck by a wide neck,
muscular insertion to the chest, muscled withers,
broad and strong, short loin, broad and muscular,
average croup, muscular and strong, thick tail
with quick and short.
Members upright, long, broad and strong, knees
and shins wide and thick, with sinews strong, pas-
terns strong, broad and moderately inclined.
The average height of 1.45 m in males as for fe-
males.
270 Brasilian Breeds Historical
The Brazilian Cattle
Enormous economic potential of the national herd
is booming.
The market for horse breeding in Brazil moves R$
7.5 billion per year and creates 3.2 million direct
and indirect jobs. Besides this, there was a huge
increase of 769% in the number of export of live
horses between 1996 and 2005, and is currently
in $ 27 million annually. Such indicators, confir-
med by the CNA – Confederação Nacional de Agri-
cultura (NCA - National Confederation of
Agriculture), are evidences that breeding and mar-
keting horses in the country is not a leisure acti-
vity for a few, but business for many.
In this increasing, the Brazilian herd is closely mo-
nitoring the development of the activity. Brazil has
currently the third largest horse herd in the world
with approximately 5.8 million heads, behind only
China and Mexico.
The largest herd is in the southeast region, which
owns about 26.6% of the herd - mainly Minas Ge-
rais, with 860 000 animals, followed by herds in
Bahia, Sao Paulo and Rio Grande do Sul, respec-
tively.
Nowadays, only among the registered animals,
there are 300.000 mangalarga marchador,
278.000 quarter horse, 197.000 Crioulo hor-
ses, 86.000 Mangalarga, 88.000 Campolina,
80.000 arab horses, 30.000 Thoroughbred and
25.000 Appaloosa, among others. There are
more than 20 national associations of pure
breeds in Brazil.
The horse and the man
My kingdom for a horse! Was the desperate cry
that King Richard III launched at the end of the
battle of Leicester which occurred in the distant
year of 1485, according to the dramatic scene
described by the creative Shakespeare. Seeing his
troops almost won, Richard III has an outburst
final, and protected by his strong armor and bea-
ring the royal crown, invests his opponent, Henry
Tudor, to kill him personally. In this decisive ons-
laught, his horse is hit by an arrow and Richard
III falls down to the ground. Stunned and corne-
red the King angrily screams: "A horse, a horse,
my kingdom for a horse. "
The famous phrase immortalized by Shakespeare:
"My kingdom for a horse", means that in a situa-
tion of extreme need a horse can be of great
value, even though Richard III, saying it would re-
place an entire kingdom for one only horse, was
only making a mindless rant, because that was
upset by lost in battle. So the sentence can be
considered only as a figure of speech, though it
contains a subtle representation of how men can
honor the horses.
The appreciation of the horse as a helper of man
found in all historical eras and reaches ancient
times, coming to delight the imagination of the ol-
dest civilizations, such as the legendary Pegasus,
the horse of Zeus believed that so many people live
in the meadows Mount Olympus, Thessaly and Ma-
cedonia between. According to Greek mythology,
Pegasus was all white, sleek and swift, endowed
with wings, which allowed him to fly over the moun-
tains and waters. Past centuries and generations,
the image of Pegasus today attracts the wonder of
people, so that remains a recognized and used as a
symbol of speed, communication and locomotion.
The ability to charm and attraction that horses
have on humans that allowed, for example, Cer-
vantes transform the fragile figure of a nag at the
The Brazilian Cattle The horse and the man 271
magnificent steed called Rocinante, the imposing
mount of the adventures of delusional D. Quixote.
The tradition of medieval chivalry forged the kind
of respectful and courageous man, defender of the
weak and oppressed, an example of honor and
loyalty: the knight.
Such was the ascendancy of social mounted war-
rior and so prolonged in time was his influence
that the ancient religious military orders and re-
mained to them the noble title of knight, a proce-
dure still used today in orders. Knight, therefore,
is a word that defines the fitter the horse, but that
primarily identifies the man who acquires a supe-
rior coated posture of dignity. The honor, courage,
good will and sense of justice that distinguished
the old knights remain as dignified qualities those
men of all time.
“It was in the Middle Ages that proliferated throughoutEurope warriors mounted that became known as knights.
In general, they obeyed strict rules of conduct, a codeof respect that grew honor and justice.
Actual fighting between enemy knights organizedthemselves simulated fights, giving rise to the tournaments
that began to attract large numbers of spectators.Special arenas for these tournaments were attended by
knights who came from more distant principalitiesto participate in fighting and winning a prize
and the admiration of the ladies.In several regions of Brazil today are made parties called
Joust, in fact reminiscent of old Europeantournaments and representations of the Iberian
struggle of Christians against the Moors.Across the country, are also common religious pilgrimages
organizations with horses and mules, which travel longdistances to pay homage to saints and holy places.”
Despite the remarkable prestige equestrian riding
that gave men the most diverse societies, we
can’t forget the fundamental importance of the
utilitarianism of the horse in the development of
civilizations and even in the constitution of mo-
dern life. The first and most immediate benefit to
humans was found in horses that they could be a
good source of food. Across Europe, in ancient
times, the wild horses were hunted for meat con-
sumption and the use of leather.
The people of Europe until the High Middle Ages,
ate horse meat without any restriction, until Pope
Zacharias (741-752), seeking to end the old cus-
toms of paganism, which forbade Christians to eat
meat horses. Later, this restriction on Christians
was also accompanied by the Jews and Muslims.
However, with the Industrial Revolution and the
advent of the world wars, prejudice against horse
meat consumption began to cool down and began
to expand.
The Brazilians hardly feed of horse meat, but its
exports have increased remarkably. In some Eu-
ropean countries, especially in France, horse meat
is the main component of the sausage industry,
because of the color that gives the pulp and low
fat. To serve the foreign market with meat and
offal, as well as the internal market with leather,
bone and horsehair, the slaughter of horses in
Brazil is regulated by law, and the specialized ree-
fers are permanently monitored.
The horse meat is much lower in fat than beef, so
it is easier to digest. Its flavor is slightly sweet be-
cause of the presence of glycogen, with the dark
red color with long thin fibers. It is a quick-cooking
meat and it is said that the cuts of the mules are
more tender and flavorful.
In the case of milk consumption of horses, their
regular use was observed only in the primitive tri-
bes of the steppes in southern Russia and parts of
Asia. Typically, the amount of milk produced by
mares and donkeys to be exploited in feeding
young, whose growth would be harmed if they
were deprived of part of breastfeeding. The ma-
re's milk is thin and sweet, and its composition is
very close to human milk, which is why in some
underdeveloped regions of the mothers who
breastfeed lose the ability to make use of the mil-
king of mares and asses.
“The rodeos festivities are based on evidence that recall theold dressage horses crude, consisting of riding animals
usually are impossible of being domesticated and useless forother functions. Performance evaluation is a result of theamount of time that the pawn can stay on the animal's
back and the reactions of this or leaps.Considering the time of ride and animal behavior, the judges
award the winners with pedestrians bonds and cash.The horses and pedestrians tend to be drawn at
the time of trial, so that the luck factor
272 The horse and the man
can influence the result of the rodeo.Lately, a considerable portion of public opinion
has manifested itself in contrast to theachievement of rodeos, including the possibility of
arguing that animals are mistreated tojump more violently. Moreover,
Dodge parties have increasingly turned toevents to concerts of country music.”
The breeding of horses and mules still brings se-
condary benefits, such as the production of ma-
nure which is used as fertilizer. A horse normally
gets about 20 tons of manure per year, fermented
material containing 0.30 to 0.75% nitrogen and
0.45 to 0.60% of phosphoric anhydride. This N
fertilizer is well suited for pasture establishment,
favoring the physical qualities of soil.
Finally, the horses also result other byproducts,
such as blood, bone, muscle, cartilage and or-
gans, all used in the composition of animal feed.
The leather horse is much appreciated by tanne-
ries, especially the mares; horsehair are used for
stuffing, brushes and ropes. The horses, after all,
are considered suitable laboratory animals, sub-
jected to the processes of manufacture of serums
and vaccines, pathology and pharmacology re-
search in general.
Aside from these plants basic notes on the utilita-
rianism of horses for human beings to transport
function, general ability of the horses that can be
regarded as instrumental in the development of
societies. The potential for working mules and
horses is due to the metabolism in these animals
is much more intense than in other species be-
cause they can store more glycogen, the energy
source of muscle action.
Of true partnership between man and horse, it is
necessary to highlight the sporting activities, such
as racing, horse riding and dressage. The riding,
which consists of a set of jumps of various kinds,
a practice that is just educating horse and rider,
approaching each other. The horse foals has adap-
ted very well in this kind of competition: it has
good balance and is easy to control the trot,
gallop and march, brave and quieter than the
half-bloods.
In recent years there has been an emotional bond
between horse and man: this is a simple ride at a
leisurely pace and monitored for Exceptional Chil-
dren or psychomotor. This sort of equine therapy
has surprisingly positive results achieved, making
children happier and assisting in overcoming their
limitations.
Moreover, the therapeutic usefulness of the horse
does not just apply to people affected by trou-
bles. It is clear that the simple contact with the
horses, a short stroll or a good ride, act power-
fully on people's moods and counteract the evils
of stress. To verify this effect, one need not study
much: just ride a good horse, pick up a beautiful
path, feel the breeze on her face and stroking his
mount which carries one of the simplest pleasu-
res of life!
The horse and the man 273
274
Cavalos, História & RaçasART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY LIFESTYLE CULTURE ART HISTORY
RealizaçãoApoio