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Presépios O passado presente 28novembro06 . 31  jan eiro07 Edifício Central do Município Campo Grande, 25 1    P    r    e    s     é    p    i    o    s  .    O    p    a    s    s    a     d    o    p    r    e    s    e    n    t    e

Catalogo Presepios

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Orgulha-se a Câmara Municipal de Lisboa de, em colaboração como Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional do Azulejo,associando-se-lhes o espólio do Museu da Cidade, dar a ver aos lisboetas,

nesta quadra natalícia, um magnífico conjunto de Presépios.Arte não menor, mostrando a grande liberalidade de imaginaçãode pintores e escultores, estas composições de inspiração franciscana,cuja origem em Portugal remonta ao século XVIII, sãouma importante representação do quotidiano das sucessivas épocas.

Esculpidos, policromados e ornamentados por insignes artistas,como Machado de Castro ou António Ferreira, ou por ignorados

barristas, apresentam-nos quase sempre, num arranjo de distribuiçãoteatral, uma profusão de figuras e cenas do quotidianoque constituem importantes documentos etnográficos,ao mesmo tempo que belíssimas obras de arte.

Fruto das alterações políticas e sociais do séc. XIX, a tradição erudita

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foi interrompida. Serão os artistas populares, esses barristasanónimos, quem dará continuidade a esta manifestação tão do agrado

da generalidade da população.

Conhecemos Presépios arquitectados em grandes camarins,compostos dentro de armaretes, maquinetas ou redomas, como os

que nesta exposição se apresentam, variados nas composições,mas sempre sujeitos a um tipo estético característico, inspirado na sua

forma clássica. As cenas que, como complemento e enquadramentodo núcleo central transmitido pela tradição, nos surgem como

testemunho etnográfico da imaginação e da história dos homens

das diferentes épocas, podem hoje permitir que um públicomuito mais vasto do que o cristão os aprecie.

ANTÓNIO CARMONA RODRIGUES

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 e 

Tradicionalmente o nascimento de Cristo encontra expressão,

desde o século II, tanto nas peregrinações à gruta, em Belém,onde terá ocorrido, como no culto aos fragmentos da manjedouraonde terá sido deitado o Menino. Essa memória subsiste ainda hojena designação dada à representação do nascimento de Jesus,presépio [manjedoura].

A primeira representação escultórica conhecida de um presépio foi criadapara a Basílica Liberiana, em Roma, mais tarde Santa Maria Maggiore,referida desde meados do século VII como Santa Maria ad Praesepem.São de finais do século XIII os primeiros relatos de reconstituiçõesda Natividade, colocados em espaços especialmente vocacionadospara o efeito e com imagens de dimensões próximas do natural.

Com São Francisco de Assis, o conceito associado a estas encenaçõesfoi modificado. Com o presépio criado em Greccio em 1223,

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estas representações deixaram o espaço religioso, fechado, e foramtranspostas para o mundo exterior. A ele não se deve a criação

do primeiro presépio, mas o transpor desta representação para um plano

mais próximo dos fiéis, para a natureza, longe da solenidade das igrejas.Relativamente ao seu culto, são raras as fontes documentais acerca

da existência de esculturas em Portugal figurando a Natividade.A primeira definição portuguesa de presépio será,

muito provavelmente, de Raphael Bluteau que, em 1720, referetratarem de “[...] representaçoens das circunstancias do Nacimento

de Christo Senhor nosso com figuras vivas, ou ao vivo, em casas

particulares, ou nas igrejas. [...] Presepios tambem, ou presepes se chamãohumas lapas com o Menino Jesus, acompanhado dos Anjos, Pastores, & c. ou

humas representações, que a devota industria de alguns curiosos expoem

aos olhos dos espectadores com as causas, motivos, & circunstancias do dito

Nacimento, com varias figuras, apparencias, perspectivas, dialogos,

harmonias, & alegres entretenimentos [...]” .1

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Estas representações encontravam-se, no século XVIII, em capelas,

por vezes designadas “Casa do Presépio” quando albergavam núcleos

de grandes dimensões, como as dos conventos da Madre de Deus,

da Basílica da Estrela ou da extinta Cartuxa de Laveiras,todos em Lisboa. Deste modo, inserido em espaços de clausura,

era o presépio assumido como um [i]móvel litúrgico,

para a adoração dos próprios religiosos e não para os fiéis.

Em Portugal, a organização do espaço nos presépios

é estruturada a partir de um sistema compositivo radioconcêntrico.

Neste, a Sagrada Família é o centro da representação, o ponto

convergente de todas as personagens, que para ela se encaminham

de todos os eixos da composição. Este modelo, próximo

de uma encenação, foi influenciado pelo teatro litúrgico.

A narrativa desenrola-se num espaço similar a um anfiteatro

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tendo ao centro um conjunto de ruínas ou uma gruta, onde ocorre

a Adoração [da Sagrada Família, dos Anjos, dos Pastores e/ou dos

Magos]. Em planos secundários, as restantes figuras intercalam,

quer com cenas evangélicas [o Anúncio aos Pastores, a Fuga para o Egipto

e o Massacre dos Inocentes], quer com apontamentos do quotidiano

associado à quadra festiva [a Matança do Porco]. Exemplos com esta es-

trutura são, entre outros, os presépios dos conventos das Necessidades,

da Madre de Deus ou da Basílica da Estrela.

À organização do presépio corresponde uma relação mimética

com o urbanismo do espaço onde foi criado, pois é possível

estabelecer um paralelismo entre a geografia e a estrutura

compositiva destes núcleos. Os conjuntos executados no norte

do País, nomeadamente no Porto, possuem uma estrutura

radioconcêntrica, com o Nascimento invariavelmente num interior,

por vezes uma habitação popular ou, mais raramente, um templo8

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ou igreja. A cena surge numa gruta, inserida numa encosta,

onde circulam numerosas figuras. Em segundo plano, coroando

o conjunto, os moinhos que pontuam montes e vales, ao gosto do

sul do País, são substituídos por um muro uniformizador, umacintura muralhada para lá da qual se vê a cidade de Belém.

O presépio lisboeta enquadra-se na descrição referida

por um viajante estrangeiro, num jornal de viagem do século

XVIII, acerca da aproximação de barco a Lisboa: “[...] A montante,

o rio alarga. [...] Daí se vê Lisboa, que, erguendo-se como um soberbo

anf iteatro, pela sua elevação, pela extensão e por uma aparente simetria

 natural, oferece um dos mais belos panoramas do mundo [...]”2.

São assim os presépios da capital, semelhantes na sua estruturaem socalcos aos do norte do país, mas aqui pontuados por pequenascasas, moinhos e dezenas de personagens ocupadas nos seusafazeres, alheias ao que se celebra no centro da composição.

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Outro dos aspectos característicos do presépio lisboeta é o facto

da Sagrada Família se encontrar colocada, invariavelmente, no interior

de um palácio arruinado, em que as colunatas, arcos e nichos dão

ao conjunto um pendor erudito, que os faz divergir de conjuntosde outras proveniências. Estas ruínas simbolizam o palácio

do Rei David, ascendente de Jesus por via materna.

Deste modo, a presença do palácio na representação anuncia

a nobreza do Menino e define, simultaneamente, a sua linhagem.

Para o tema da Natividade concorreu o teatro litúrgico,

desde o período medieval e os relatos dos Evangelhos e Apócrifos.

Ao longo do século XVIII em Lisboa, por exemplo, o Teatro dos

Condes, poderá ser responsável pela especificidade e caracterização

de algumas figuras. Assim nos presépios portugueses desta época,

há uma presença constante de determinados tipos: o pastor vestido

com pele de ovelha, a mãe amamentando o filho, o tocador10

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de sanfona, o rapaz do tambor.... Mais que personagens características,

corresponderão a arquétipos perfeitamente codificados, ainda que

o seu sentido iconológico seja pertinente neste contexto.

Se é possível definir configurações mais ou menos específicas,consoante as áreas geográficas de execução, podemos ainda estabelecerduas grandes tipologias para o presépio lisboeta do século XVIII.Estas, por facilidade metodológica, podem ser personificadas por igualnúmero de autores, cujas obras se podem observar nesta exposição.

António Ferreira é o primeiro e o melhor representante

da influência flamenga associada à Natividade. Executante devivências intimistas de feição modesta, nele é patente a intensidadeda vida interior em sintonia com a sensibilidade do observador.A feição arcaizante que a arte da Flandres assumiu na Europado século XVIII não impediu este imaginário, de utilizar gravuras,nomeadamente de Jacques Callot.

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Dos seus imitadores, o mais famoso foi Silvestre Faria Lobo [1725-1786],que evidencia nas suas peças [algumas assinadas] o gosto pela utilização

de olhos de vidro e uma certa teatralização de gestos e expressões.

A segunda grande definição do presépio português do século XVIIIteve como representante máximo Joaquim Machado de Castro [1731-1822].

Discípulo de Alessandro Giusti, exprimiu a vertente italianizante

nas Natividades nacionais. A sua actividade levou-o a executar

conjuntos para a Casa Real, onde são patentes influências italianas,

provavelmente transmitidas pelo seu mestre, mas, igualmente,aspectos de galanterias, ao gosto francês, nomeadamente em grupos

de pastores. Grande coleccionador de gravuras, empregoumuitas vezes este recurso nos seus conjuntos escultóricos.

No presépio monumental da Basílica da Estrela, obra do seu Laboratório,

há influências de Nicolas Dorigny e Jan Saendram.

De entre os discípulos de Machado de Casto, destacaram-se

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na manufactura de presépios

Faustino José Rodrigues [1760-1829].

e Joaquim José de Barros,

Barros Laborão [1762-1820].Ao primeiro dever-se-á

uma sumptuosa maquineta

que se encontra nesta exposição,

onde ecos do Barroco,

presentes nos panejamentos

das figuras contrastam

com as linhas rectas,neoclássicas, do móvel.

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A Ex  p  o  s  i ç  ã  o 

O espaço expositivo,

tendo subjacente,no pavimento, a planta de Lisboa,

reflecte um aspecto determinante

da configuração dos presépios

desta cidade.

A sua geografia específica dá-lhe

uma feição de cidade-presépioa que a toponímia

de alguns locais,

como Belém, acrescenta

uma ligação mais forte.14

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  |   A  ex  p o s i   ç ã  o

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S  a gr  a  d  a Famí li  aSéculo XVIII [início?]

36 cm x 39 cm

Museu Nacional de Arte Antiga, inv. 653

Esta Sagrada Família reproduz a disposição e gestualidade

das figuras que integravam o altar do orago do convento

da Madre de Deus, que se encontrava na igreja desta invocação

e que era uma cena de presépio.

Trata-se, provavelmente, de um dos conjuntos mais antigos

com esta representação e que surpreende pela simplicidadeda policromia dos panejamentos, sem a sumptuosidade

que irá caracterizar as figuras da Virgem e de São José,

nos presépios, ao longo de quase todo o século XVIII.

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indiscutivelmente, para Dionísio e António Ferreira,

os melhores representantes da manufactura do presépio português,

na transição do século XVII para a primeira metade do século XVIII.

Deste último escreveu Joaquim Machado de Castro [1731-1822],no Diccionario arrazoado, ou filosofico... acerca do presépio,

hoje desaparecido, da Cartuxa de Laveiras, que “he huma peça

de grande valor, e estima; assim pela composição e verdade dos objectos,

como pela graça, e toque incomparavel com que são executados”.

Observando este pequeno grupo é possível constatar que os elogios

do Mestre não foram excessivos.

Os dois grupos de pastores integrados em arquitectura, ainda quede manufactura semelhante à da Sagrada Família, deverão ser

de outra autoria. A riqueza dos pormenores não impede que seja

identificada uma sensibilidade distinta e alguma dificuldade

na escala das várias figuras, por vezes um pouco desproporcionadas.

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É perceptível que se trata de um imaginário que conheceu a obrada família Ferreira e que dela retirou inspiração, privilegiando

uma maior animação que a serenidade destes autores transmite.

O movimento e gestualidade de algumas personagens, como a mãeque ergue o filho ou a mulher que apoia o braço no tocador de gaita

de foles, são aspectos que não estão presentes nas figuras de AntónioFerreira. Os panejamentos que envolvem a sua Sagrada Família

são sempre etéreos, contrastando com a indumentáriados pastores que enquadram o conjunto.

O grupo da Fuga para o Egipto deverá ser obra do Laboratório

de Machado de Castro, ao gosto mais italianizante das personagens.A figura de São José, é muito similar a outras que integram conjuntosda sua autoria e pode ser comparada à do grupo da Apresentação

aos Reis Magos. Esta representação, tal como o Anúncio

aos pastores, está invariavelmente presente nos presépios portugueses,

assinalando o período dos festejos natalícios.18

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Inspirado nos Evangelhos apócrifos e na Legenda Áurea, de Santiago

de Voragine, descreve o momento em que uma palmeira oferece

os seus frutos aos fugitivos. Nesta cena, a narrativa foi enriquecida

com a figura do anjo que transporta as tâmaras para a Sagrada Família.

A cidade de Belém, em último plano, é similar a várias outras

composições da época. A sua particularidade é a representação

de uma caçada, imagem que, iconologicamente, representa Cristo

na luta contra todos os Vícios que atormentam o Homem.

O tema encontra-se noutros presépios como o das Necessidades,

no Museu Nacional de Arte Antiga, o do Palácio Nacional

de Queluz ou o do Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima.

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A p  r  es  en  t  a ç  ã  o aos Re  is Ma g  o  sSéculo XVIII [3º quartel]

S. José - 34,4 cm x 14,6 cm x 12,3 cm

Nossa Senhora - 36 cm  x 14,5 cm  x 16 cmRei Mago Baltazar - 35 cm  x 16,5 cm  x 12,8 cmRei Mago Belchior - 23,6 cm  x 13,8 cm  x 23 cm

Rei Mago Gaspar - 21 cm  x 20 cm  x 18,5 cmMuseu Nacional de Arte Antiga Inv. nº 462, 465, 444, 442, 439

A Apresentação aos Reis Magos não segue a versão canónica associada a este momento.Normalmente, as imagens que se encontram nos presépios portugueses

reproduzem o momento da Adoração dos Reis, em que estes se ajoelhame apresentam as oferendas ao Menino, revelado pela Virgem.Aqui, a Adoração transforma-se em Apresentação, tema mais de acordo com o espírito

Barroco de cerimonial régio, no qual o príncipe é apresentado aos seus súbditos.A iconografia desta composição corresponde a uma gravura

de Nicolas Dorigny, da qual se encontra um exemplar no Gabinete de Gravuras do Museu20

A  pr e s  en

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Nacional de Arte Antiga [inv.73 grav.].Os Reis Magos aí representados inspiraram também o conjuntodo presépio da Basílica da Estrela [1783-1784]. Essa gravura

poderá, igualmente, ter influenciado uma pintura, de AndréGonçalves [1685-1762], hoje no Museu Nacional Machadode Castro, Coimbra, e um desenho de 1772 de Francisco Vieirade Matos, dito Vieira Lusitano [1699-1775],que terá influenciado as esculturas que aqui se expõem.Este conjunto poderá ser atribuído a Machado de Castro assimcomo outro em que as figuras são similares, ainda que maisrequintadas, em termos de execução. Actualmente integrados

no Museu Nacional de Arte Antiga, através da Academiade Belas Artes e provenientes dos conventos extintos, a origemde ambos é desconhecida. Os três Reis pertencem ao núcleo maiscuidado, pela modelação e policromia, mas a Sagrada Família, aindaque muito similar à que integra o primeiro conjunto, é menosexpressiva, provavelmente obra de um discípulo do Mestre.

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Ad  o  ra ç  ã  o d  o  s p  a  s  t  or  e  s Maquineta, século XVIII [3º quartel]

52 cm x 65 cm x 32 cm

Museu Nacional de Arte Antiga,em depósito no Museu Nacional do Azulejo, inv. 215

Esta maquineta, de manufactura simples, pertenceu ao convento

das Trinas do Rato. Trata-se de uma Adoração dos pastores, em que

a composição surge num cenário profusamente decorado com flores,

numa verdadeira celebração da Vida. Esta imagem é mimetizada

no vestido da Virgem, cuja decoração designada à Primavera é a mais

característica das peças executadas a partir de meados do século

XVIII, em Portugal. Os três pastores que, em primeiro plano,

adoram o Menino têm correspondência nos Reis Magos que, à direita,

se encaminham para o presépio e, tal como estes, reflectem as três

idades do Homem: juventude, maturidade e velhice.22

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A d  o  r  a çã  o d  o  s p  as  t  o  r  es Século XVIII [1º quartel]

32 cm x 20 cm x 49 cm

Museu Nacional de Arte Antiga,

em depósito no Museu Nacional do Azulejo, inv. 696

O conjunto que, outrora, se encontrava numa maquineta pertenceu

ao espólio do convento da Madre de Deus. Da autoria de Dionísio

ou António Ferreira é um perfeito exemplar da influência flamenga

na execução de peças setecentistas em terracota. Na sua dimensão

miniatural, esta peça permite-nos imaginar o esplendor do grandepresépio que os dois imaginários executaram para a clausura desta

casa e que se encontrava numa sala própria próxima do Coro Alto.

Rodeiam o conjunto, uma série de personagens, arquétipos que

se repetem nos núcleos do século XVIII: o velho pastor com um

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cordeiro, simbolizando o Bom Pastor e o sacrifício de Cristo; e duas

mulheres, uma jovem, rodeada de crianças, e uma velha, memórias

das duas parteiras que, segundo o Proto-Evangelho de São

Bartolomeu e o teatro litúrgico medieval terão auxiliado oNascimento. Estas foram progressivamente esquecidas, após o

Concílio de Trento [1545-1563].

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Sabemos que nos conventos, por vezes, as freiras decoravam

pequenos conjuntos deste modo

e o mesmo labor feminino parece patente nesta peça.

O carácter compósito do conjunto, em que as figuras não sãototalmente proporcionadas e a sua manufactura é mais popular

que a que integra outras maquinetas, parece indiciar

que o móvel foi aproveitado para este propósito. Apesar da menor

erudição na manufactura, o cuidado na encenação do conjunto

e a integração de uma multiplicidade de elementos,

como os espelhos que forram as colunas laterais do espaço onde se

encontra a Sagrada Família, indiciam atenção aos detalhese exprimem o gosto que a justaposição de todos

os componentes deu ao[à] seu[sua] autor[a].

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A  d 

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de gestualidade requintada

e algo teatralizada,

revela uma mestria

que a policromia vem acentuar.Neste conjunto excepcional,

um dos raros exemplares

que podemos imputar

na totalidade

a Faustino José Rodrigues,

é patente uma atmosfera

de melancolia, presságiodo fim de uma época

de esplendor

que os presépios tão bem

souberam assimilar.28

A  d  or

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Sendo o Barroco uma arte total, todos os elementos concorriampara a elaboração de um discurso coerente que exprimiaum gosto pelo simbólico sempre patente na sensibilidade portuguesa.

Nos presépios portugueses esse carácter absolutamente originaldistingue-o de peças similares de outras origens europeias coevas.Também os azulejos são uma das expressões nacionaismais características e muitos núcleos de presépios, comoo da Basílica da Estrela, articulavam a sua representação com cenasem silhares de azulejos que preenchiam os espaçosonde se encontravam.A presença dos azulejos, nesta exposição, procura integrarestas peças no espaço religioso para o qual foram criadas. Assim,privilegiaram-se as duas épocas artísticas patentes nesta exposição:o Barroco, com a Adoração dos Reis Magos, do segundo quarteldo século XVIII, e que integra o conjunto de painéis provenientes

do convento de Santo António da Convalescença [Museu Nacional

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do Azulejo, inv. 864, 198 cm x 293 cm x 4,5 cm]; e o Neoclássico, coma Fuga para o Egipto, de cerca de 1785, que outrora decorava um edifício

na Rua das Amoreiras, 44 [Museu da Cidade, Lisboa, inv.

MC.AZU.R.0008, 152,5 cm x 123,5 cm].Sendo o Barroco a arte do assombro, os presépios portugueses são

dessa afirmação um dos melhores testemunhos. Ainda que possuamfacetas diversas, dos núcleos europeus coevos, há contudo, em todos,

um denominador comum: a sua proximidade com o público, numacriação de espaços apropriados à grandiosidade desta festa cristã.

No  t  a  s 1 BLUTEAU, Raphael, Vocabulário portuguez e latino, Coimbra,

Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1720, tomo VI, p. 719-720.2 O Portugal de D. João V visto por três forasteiros, Lisboa,

Biblioteca Nacional, 1989, p. 38.

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Agra  d  e cim  ento  s Ministério da Cultura . Instituto Português de Conservação e Restauro . Instituto Português de MuseusMuseu Nacional de Arte Antiga . Museu Nacional do Azulejo . Museu da Cidade . Companhia de Seguros Lusitânia

Alexandre Pais . Graça Lima . Henrique Carvalho . José Alberto Seabra . José Dias . Norberto Luís . Teresa Campo

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7/25/2019 Catalogo Presepios

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Fi c  h  a Té cni ca Câmara Municipal de Lisboa . Pelouro Serviços Gerais/Vereadora Gabriela Seara > Edição

Paula Levy . Rui Lourido . Teresa Vilaverde > Concepção e Coordenação

Alexandre Pais > TextoIPM/DDF/José Pessoa . DSG/Isilda Marcelino . Museu da Cidade > Documentação Fotográfica

Isilda Marcelino > Design de Comunicação/Paginação José Dias > Design de Exposição

Fernando Martins . Victor Ribeiro > Coordenação de Montagem/IluminaçãoDAET/António Pereira . Jorge Matos . José Silvério

DGTESM/Alberto Campelo . Claudio Ribeiro . João Pedro Rodrigues . Lourenço Vicente . Marcos Martins

Mário Quaresma . Nicola Djedju . Paulo Messias . Pedro Gomes > Montagem/IluminaçãoDMSC/DSG/Imprensa Municipal > Impressão

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