Catalogo Povos Comunidades Tradicionais

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho de cartografia social e antropologia visual - Sandro Juliati (Núcleo Rizoma) publicado no Catálogo de povos e comunidades tradicionais do Brasil. Centro de Estudos Superiores do Tropico Umido – CESTU / UEA / Fundacao Ford, 2013.

Citation preview

  • organizadores

    Alfredo Wagner Berno de Almeida

    Emmanuel de Almeida Farias Jnior

    Povos E comunidAdEs trAdicionAis

    nova cartografia social

    manaus, 2013

  • Projeto Novas Cartografias Antropolgicas da Amaznia PNCAA

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    Projeto Instituto Nova Cartografia Social INCS

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    Fundao Ford

    Projeto Nova Cartografia Social da Amaznia PNCSA

    Programa de Ps-Graduao em Antropologia social PPGAs / uFAm

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    Fundao Ford

    Mapeamento Social como Instrumento de Gesto Territorial contra o Desmatamento e a Devastao: Processos de capacitao de povos e comunidades tradicionais

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    Fundo Amaznia / BndEs

    Projeto Novas Cartografias Antropolgicas da Amaznia PNCAA

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    cnPq

    Projeto Referncia Cultural e Mapeamento Social de Povos e Comunidades Tradicionais

    centro de Estudos superiores do trpico mido cEstu / uEA

    Fundao Ford

    Projeto Nova Cartografia Social da Amaznia PNCSA

    Programa de Ps-Graduao em sociedade e cultura na Amaznia PPGscA / uFAm

    Programa de Ps-Graduao em Antropologia social PPGAs / uFAm

    Fundao Ford

    Processos de Territorializao, Conflito e Movimentos Sociais na Amaznia

    Programa de Ps-Graduao em sociedade e cultura na Amaznia PPGscA / uFAm

    FAPEAm

    cnPq

    Projeto Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil PNCSPCTB

    Programa de Ps-Graduao em sociedade e cultura na Amaznia PPGscA / uFAm

    Programa de Ps-Graduao em Antropologia social PPGAs / uFAm

    Projeto Transformaes Scio-Econmicas no Rio Madeira

    Programa de Ps-Graduao em sociedade e cultura na Amaznia PPGscA / uFAm

    instituto internacional de Educao do Brasil iEB parceria em 2008/2009

    Mapeamento Social de Povos e Comunidades Tradicionais na Pan-Amaznia: Uma rede social em consolidao

    Associao de universidades Amaznicas unAmAZ

    Fundao Ford

    Instituto Nova Cartografia Social: Referncia cultural e mapeamento social de povos e comunidades tradicionais

    Programa de Ps-Graduao em Antropologia social PPGAs / uFAm

    Fundao Ford

    GRUPOS DE PESQUISA EM REDELaboratrio Nova Cartografia Social: Processos de territorializao, identidades coletivas e movimentos sociais

    universidade do Estado do Amazonas uEA

    cnPq

    Diversit

    universidade de Pernambuco uPE

    cnPq

    Estudos de Fronteiras Latino-americanas

    universidade do Estado de mato Grosso unEmAt

    cnPq

    Grupo de Estudos Scio-Econmicos da Amaznia

    universidade Estadual do maranho uEmA

    cnPq

    Grupo de Pesquisa sobre Identidades Coletivas, Conhecimentos Tradicionais e Processos de Territorializao

    universidade Federal de roraima uFrr

    cnPq

    Grupo de Pesquisa e Extenso Territorialidades do Madeira GPETM

    universidade Federal de rondnia unir

    Laboratrio de Antropologia e Florestas AFLORA

    universidade Federal do Acre uFAc

    cnPq

    Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares Afro-amaznicos GEPIAA

    universidade Federal de rondnia unir

    cnPq

    Ncleo de Estudos em Comunidades e Povos Tradicionais e Aes Socioambientais NECTAS

    universidade do Estado da Bahia unEB

    cnPq

    Ncleo de Estudos de Identidades e Relaes Intertnicas NUER

    universidade Federal de santa catarina uFsc

    cnPq

    Ncleo de Estudos de Polticas Territoriais na Amaznia NEPTA

    universidade Federal do Amazonas uFAm

    cnPq

    PPGSCAPNCSA

    PNCAA GESEA AFLORA DEAB

    APOIO

    GEPIAAGPETM

  • I 11 apresentao

    12 Soberania, democracia e cidadania joo pacheco de oliveira

    15 Participantes de atividades e de diferentes etapas dos projetos Nova Cartografia Social da Amaznia e Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil

    24 A Nova Cartografia e os movimentos sociais jos srgio leite lopes

    II 25 oficinas de mapas e fascculos

    27 Palabras introductorias charles r. hale

    28 Mapas situacionais e categorias de identidade na Amaznia alfredo wagner berno de almeida

    III 93 mapas situacionais

    95 Mais que um catlogo aurlio vianna jr.

    IV 101 boletins informativos

    103 A cartografia social consiste num recurso de descrio etnogrfica. O fascculo nossa etnografia rosa elizabeth acevedo marin

    V 107 livros

    109 Mapeamentos e tramas territoriais henri acselrad

    VI 131 repercusso

    VII 139 exposies

    VIII 143 eventos

    IX 149 filmes e documentrios

    X 155 Nova Cartografia Social: territorialidades especficas e politizao da conscincia das fronteiras alfredo wagner berno de almeida

    sumrio

  • 8

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    9

    I

    apresentao

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    10

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    11

    O Projeto nova cartografia social da Amaznia PncsA vem sendo executado a partir de uma atividade combinada entre o Proje-to novas cartografias Antropolgicas da Amaznia PncAA, do centro de Estudos superiores do trpico mido da universidade do Estado do Amazonas e dois Programas de Ps-Graduao da universidade Federal do Amazonas, quais sejam: PPGAs (Programa de Ps-Graduao em Antropolo-gia social) e PPGscA (Programa de Ps-Graduao em sociedade e cultura na Amazonia). As aes derivadas da execuo da atividade mencionada conver-giram para a aprovao, no segundo semestre de 2012, do Programa de Ps--Graduao em cartografia social e Poltica da Amaznia (PPGcsPA) numa parceria entre a universidade Estadual do maranho (uEmA) e a universidade Federal de minas Gerais.

    A equipe de pesquisadores do PncsA trabalha tambm junto Associao de universidades Amaznicas unAmAZ, atravs do Projeto mapeamento social de Povos e comunidades tradicionais da Pan-Amaznia uma rede social em consolidao, e vem sendo coordenada desde 2005 pelo antroplogo Alfre-do Wagner Berno de Almeida e pela historiadora rosa Acevedo marin tendo sua expresso nacional atravs do Projeto nova cartografia social do Brasil, que abrange tanto regies amaznicas, quanto do cerrado e da floresta atln-tica, agrupando pesquisadores de diferentes instituies de ensino superior (universidade do Estado do Amazonas uEA, universidade Federal do Amazo-nas uFAm, universidade Federal do Acre uFAc, universidade Federal do Amap uFAP, universidade Federal do oeste do Par uFoPA, universidade Federal do Par uFPA, universidade Estadual do maranho uEmA, univer-sidade Federal do maranho uFmA, universidade Federal de santa catari-na uFsc, universidade Federal de rondnia unir, universidade do Estado do Bahia unEB, universidade Federal da Bahia uFBA) e de distintas forma-es acadmicas. na consecuo destas atividades o PncsA usufrui de finan-ciamentos da Fundao Ford e do cnPq, bem como da FAPEAm, entre 2005 e 2008, atravs do projeto intitulado Processos de territorializao, conflitos e movimentos sociais na Amaznia.

    desde outubro de 2011 vem sendo executado pela rede de pesquisadores e movimentos sociais da Amaznia vinculados ao PncsA o Projeto mapeamen-to social como instrumento de Gesto territorial contra o desmatamento e a devastao: Processo de capacitao de Povos e comunidades tradicionais, financiado pelo Fundo Amaznia BndEs.

    o Grupo de trabalho sobre conhecimentos tradicionais foi criado, em 2007, por socilogos, advogados, bilogos, agrnomos, gegrafos e antroplogos, e tambm funciona informalmente no mbito do prprio PncsA.

    uma outra frente de trabalho do PncsA, vem se dando atravs da articulao entre pesquisadores de instituies de ensino superior e participantes de movi-mentos sociais na Pan-Amaznia, com o objetivo de reforar direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais. um dos resultados desta articulao concerne

    implementao, desde 2009, das atividades do Projeto territrios, identidades coletivas e direitos dos Povos tradicionais face s intervenes desenvolvimen-tistas na Pan-Amaznia coordenado juntamente pelos professores rosa Elizabe-th Acevedo marin (uFPA) e Alfredo Wagner Berno de Almeida (uEA).

    At dezembro de 2012 os produtos deste conjunto de projetos perfaziam 40 livros, 129 fascculos (116 publicados, incluindo 4 em ingls e 1 em espanhol, e 13 no prelo), 5 mapas-snteses, 5 Boletins informativos, 3 cadernos de debates nova cartografia social e 16 vdeos exibidos pela tv Futura e pelos programas Globo Ecologia e Globo cincia e pelo prprio PncsA, totalizando entre livros e fascculos mais de 200 mil exemplares. os fascculos esto organizados em onze colees, assim distribudas: movimentos sociais, identidades cole-tivas e conflitos (39), movimentos sociais e conflitos nas cidades da Amaz-nia (30), crianas e Adolescentes em comunidades tradicionais da Amaznia (3), Povos e comunidades tradicionais do Brasil (19), Faxinalenses do sul do Brasil (4), Quilombolas do sul (3), Pescadores e Pescadoras Artesanais do rio so Francisco (4), Povos e comunidades tradicionais do Brasil central (1), Povos indgenas do nordeste (8), direitos e identidades (1) e nueva carto-grafa social de Pueblos y comunidades tradicionales (1).

    Em resumo pode-se asseverar que a rede de pesquisadores e de represen-tantes de movimentos sociais referida produo ora apresentada neste catlogo corresponde a 255 pesquisadores e 212 formas organizativas com 142 entidades apoiadoras na produo de fascculos, mapas e boletins infor-mativos. Alm destes pesquisadores importa mencionar mais de uma deze-na de pesquisadores consagrados por diferentes instancias de legitimao universitria (PPGAs museu nacional / uFrJ, mAst, universidade Livre de Berlin, universidade da Florida, universidade do texas-Austin, universidade de milo-Bicocca, universidade General sarmiento-Buenos Aires, universida-de de Antioquia-medelin, EHEss Paris, universidade nacional da colmbia, universidade central da venezuela) que foram convidados pela coordenao do PncsA para participar como observadores externos dos seminrios, col-quios e encontros realizados entre 2006 e 2012. dentre eles cabe citar: moacir Palmeira (mn), srgio costa (Fu Berlin), Helosa Bertol (mAst), maria rosilene Alvin (iFcs), carlos vainer (iPPur), oswaldo sev (unicAmP), dina Picotti (uGs), Antnio carlos de souza Lima (mn), Eliane odwyer (uFF), roberto malighet-ti (um Bicocca) e Bjorn sletto (ut Austin); e uma meno especial concerne Lygia sigaud, Bruna dAlmeida, Francisco Ferreira rodrigues, ivan costa e magno cruz, todos in memorian. Alm destes pesquisadores importa mencio-nar aqueles que se pronunciaram pblica e explicitamente quanto ao PncsA, cujos depoimentos e artigos aqui esto publicados, bem como mais de uma dezena de pesquisadores

    o PPGcsPA foi criado a partir de discusses iniciadas em 2009 entre as coorde-naes do Projeto nova cartografia social da Amazonia (PncsA) e do Projeto democracia Participativa (ProdEP) e do observatrio da Justia Brasileira (oJB) do departamento de cincia Poltica da uFmG.

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    12

    Elaborar mapas nunca foi uma atividade menor ou livre na histria do ociden-te. traar os limites da nao assim como organizar os seus espaos interiores era uma tarefa que cabia exclusivamente ao rei enquanto vontade unificadora e expresso legtima do corpo vivo da nao. os conhecimentos sobre o territrio eram assim um estrito privilgio dos monarcas e das suas estruturas de governo.

    desde a Escola de sagres at o sculo Xvii, por quase dois sculos, Portugal contou com vrias geraes de cartgrafos que produziram mapas detalhados de suas colnias. os minuciosos levantamentos do litoral do Brasil destinavam-se a servir como cartas de navegao, contendo tambm informaes de interesse militar e administrativo. os cartgrafos eram destacados funcionrios do rei e a sua produo era sigilosa e reservada, s circulando em esferas oficiais e restritas.

    muitos outros mapas sobre as terras do futuro Brasil foram desenhados por espa-nhis, ingleses, franceses e italianos, por cartgrafos e navegadores servio das potncias martimas rivais de Portugal. os mapas refletiam, claro, os inte-resses naquelas terras e o conhecimento direto que os navegadores daquela bandeira tinham atingido concretamente. deste material se destaca a coleo de mapas elaborados por J. vingboons para a companhia das ndias ociden-tais em consequncia da ocupao holandesa no nordeste (1630-1654). nestas cartas se buscava explorar no apenas os aspectos geogrficos, mas tambm descrever a dimenso econmica e poltica da colnia que ali os holandeses tentaram implantar.

    Em relao as suas duas colnias na Amrica Brasil, com sede em salvador, e Gro-Par e maranho, com sede em Belm Portugal adotou a poltica das cortinas fechadas, no permitindo a entrada de expedies cientficas estran-geiras. A famosa viagem de Humboldt, que inspirou naturalistas viajantes, etn-grafos, arquelogos e americanistas em geral, se realizou alm de nossas fron-teiras. sobre a Amaznia mais especialmente os grandes estudos e inventrios do sculo Xviii, como os do Pe. Joo daniel e a viagem de Alexandre rodrigues Ferreira, foram realizados por sditos da coroa portuguesa e em atividades dire-tamente a ela ligadas.

    com a vinda da famlia real para o Brasil, a abertura dos portos e depois a inde-pendncia, o cenrio se modificou bastante. As alianas matrimoniais da casa de Bragana com outras dinastias europias permitiram a vinda de misses estrangeiras e expedies cientficas (franceses, bvaros, russos). no sculo XiX floresceram ainda os relatos de outros naturalistas viajantes estrangeiros (ingle-ses, italianos, americanos) sobre muitas partes do territrio brasileiro, contendo informaes sobre a flora, a fauna e a etnografia.

    tudo isso gerou uma extraordinria e indita possibilidade de acmulo de conhecimentos sobre o pas, que no entanto repercutiu muito pouco em avan-os efetivos e em transformaes mais profundos. Longe de serem partilhados no prprio pas, tais conhecimentos eram divulgados a um pblico letrado euro-peu em produtos aos quais s a elite imperial latifundiria e escravagista tinha acesso.

    Em alguns momentos esta prpria elite tentou assumir o controle das explora-es cientficas, como ocorreu com a comisso cientfica do imprio e com as comisses geolgicas. Em outras ocasies criou instituies (associaes, acade-mias e museus) que puderam, em parcerias mais equilibradas com os pesquisa-dores estrangeiros, conduzir e/ou divulgar a pesquisa cientfica (foi o que ocor-reu com o iHGB na capital e nas provncias, com o museu nacional, o museu Goeldi, etc.).

    A repblica trouxe uma maior preocupao com o controle do territrio. muitos militares, como Gomes carneiro e destacadamente candido mariano da silva rondon, patrono da engenharia do exrcito e de cujo nome deriva a denomi-nao atual do antigo estado do Guapor, tiveram um lugar importante no desbravamento dos sertes e fizeram importantes trabalhos cartogrficos e em termos de comunicaes. A chamada marcha para o oeste, descrita por clau-dio e orlando villas Boas atravs da epopia da Expedio roncador Xingu, no abriu somente estradas e construiu pontes e campos de pouso no Brasil central, tambm permitiu segurana nas comunicaes areas com a Amaznia e com a Amrica central e do norte.

    Em 1964, com a interrupo do processo democrtico por mais de duas dcadas, o atrelamento do Brasil aos interesses externos sintomaticamente se iniciou com uma autorizao para que a aviao norte-americana realizasse o levantamento aerofotogramtrico de todo o territrio nacional, produzindo e retendo informa-es inditas e de valor estratgico relativas ao espao fsico e ao mapeamento de recurso. As tecnologias e os produtos cognitivos se alteraram bastante entre os sculos XiX e XX, aperfeioando-se muitssimo, enquanto os novos senhores do mundo se tornavam um grupo ainda menor e mais controlador.

    mas h alguma outra histria a contar sobre mapas que no seja a da dispu-ta entre os poderes sobre o monoplio do conhecimento dos territrios e das populaes? Algo que no envolva apenas a monopolizao de saberes e as suas tentativas de roubo, favorecimentos, segredos, subornos? Acho, apostei e conti-nuo a apostar firmemente que sim!

    Soberania, democracia e cidadania joo pacheco de oliveira antroplogo; professor titular do mn-ppgas-ufrj

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    13

    nesta estrada as lutas indgenas tiveram um papel pioneiro, pois foi ali que foram primeiro valorizados os conhecimentos dos agentes histricos sobre as suas terras enquanto prova de direitos (ancestrais e contemporneos). os mapas construdos por antroplogos e agrimensores (mais tarde contando tambm com ambientalistas), compunham parte essencial dos relatrios de identificao e se transformavam em peas comprobatrias da tradicionalidade da ocupa-o sobre uma terra. serviam assim para garantir direitos que estavam sendo negados na economia de mercado e nas prticas administrativas, ao contrrio de legitimar que as populaes fossem separadas de seus recursos bsicos de reproduo econmica e social.

    o que o indigenismo tutelar nunca entendeu que as plantas de delimitao no eram mudos pedaos de papis inseridos em processos administrativos, nelas pulsavam muitas falas, memrias, mitos, confidncias, ritos proferidos pelos nativos, ouvidos e transcritos pelos antroplogos nos longos relatrios de identificao. nada disto ficava restrito e aferrolhado ao mundo dos funcion-rios e dos documentos escritos. Eram mapas vivos, capazes de serem atualizados por seus prprios sujeitos-narradores, no desafio das prticas sociais e muito longe das estantes da burocracia.

    Em 1986 um projeto intitulado Projeto Estudo das terras indgenas, que coorde-namos no museu nacional (uFrJ), adotou como meta resgatar para o universo das aldeias e o cotidiano indgena a documentao adormecida nas prateleiras da FunAi e de outros rgos pblicos. A construo de tais mapas por si s j criara nos nativos a conscincia quanto a direitos coletivos e o comprometimen-to em buscar a sua concretizao. Agora tratava-se de reunir aquilo que a buro-cracia estatal, rigorosamente presa a uma perspectiva tutelar, desmobilizadora e concentracionista, houvera por bem separar.

    uma vitria importante foi obtida no Alto solimes, onde os mapas de delimi-tao de cada uma das terras indgenas se transformaram em arma importante nas mos dos indgenas. Foi assim que as lideranas do conselho Geral da tribo ticuna cGtt, imbudas de deciso e coragem, faziam respeitar tais plantas por madeireiros, pescadores, prefeitos e at pelo ento chamado Projeto calha norte. o enorme mapa que ocupava toda uma parede do museu maguta, fruto de anos de conversas entre os lderes do cGtt, virou um Atlas da terras ticunas e ganhou at formato digital. iniciativa semelhante ocorreu no nordeste, onde 300 exemplares do Atlas das terras indgenas do nordeste foram no incio da dca-da de 90 entregues ao lder Xico, ajudando a consolidar a rede de mobilizao poltica da Articulao dos Povos e organizaes indgenas do nordeste, minas Gerais e Esprito santo APoinmE.

    o que posso contar, claro, limita-se quele esforo em que estive diretamen-te envolvido. mas nas ltimas trs dcadas foram muitas as experincias neste sentido realizadas no Brasil (com os seringueiros e outros extratores, como o fez chico mendes; com indgenas e quilombolas; com camponeses ameaados por grandes projetos e nas aes do mst) e em outros pases da Amrica, abrindo

    caminho para o momento atual. o projeto nova cartografia uma contribuio importantssima nessa direo, ocupando agora uma posio mpar, de grande destaque e visibilidade (e no s na Amaznia, como diz o seu nome, mas em muitas outras partes do Brasil e mesmo em iniciativas circunscritas no exterior).

    o PncsA est mostrando hoje em dia como fazer mapas pode ser uma ativi-dade essencial na luta por direitos, permitindo s populaes locais (indgenas, quilombolas, populaes tradicionais) lavrarem por escrito, e com apoio da mais moderna e sofisticada tecnologia (GPs, etc), os seus direitos sobre as terras que ocupam. so as prprias comunidades que se mobilizam para construir seus mapas, para elaborar os seus fascculos, para distribuir as publicaes e celebrar seus avanos.

    Atravs dos mapas, o que o projeto permite que as comunidades locais cons-truam suas memrias e estabeleam suas identidades. so as discusses livres dentro das comunidades - e no o inqurito conduzido por funcionrios gover-namentais apoiados em classificaes arbitrrias e exteriores que levam ao delineamento de estratgias polticas e identitrias bem como a definio de polticas de memria. a prpria comunidade local que se constitui como sujei-to de conhecimento e ao poltica, funcionando tambm como comunidade argumentativa.

    Que tenha vida longa este projeto, que se estenda a comunidades cada vez mais numerosas, sem esquecer-se daquelas menores em tamanho (mas no em diversidade e riqueza). ou seja, que possa contribuir em muito para limpar e semear os campos para uma nova colheita, onde a virtude da cidadania seja uma atitude geral e constante, onde o conhecimento no se faa pela anulao dos saberes locais, onde a definio de direitos para alguns no seja um meio de subjugar e explorar a outras pessoas e coletividades.

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    Da esquerda para a direita: II, III e IV encontros entre pesquisadores e movimentos sociais, respectivamente em janeiro 2008, novembro 2008 e novembro 2009.

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    15

    COORDENAO DO PROjETO

    Novas Cartografias Antropolgicas da Amaznia e Nova Cartografia Social da Amaznia

    Alfredo Wagner Berno de Almeida

    Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil

    Alfredo Wagner Berno de Almeida

    Rosa Elizabeth Acevedo Marin

    EQUIPES DE PESQUISA

    ACRE

    Mariana Ciavatta Pantoja Franco UFAC

    Terri Valle de Aquino FUNAI

    Amilton Pellegrino de Mattos UFAC

    Billy Shelby Fequis dos Santos CPI-AC

    Jos Frankneile de Melo Silva CPI-AC

    Jos Carlos Meirelles Jnior FUNAI

    AMAP

    Maria de Lourdes Sanchez Vulco UFAP

    AMAZONAS

    UEA Manaus

    Alfredo Wagner Berno de Almeida UEA

    Erika Matsuno Nakazono

    Joaquim Shiraishi Neto

    Ana Paulina Aguiar Soares ENS-UEA

    Emmanuel de Almeida Farias Jnior UEA-PPGAS/UFAM

    Lus Augusto Pereira Lima UEA

    Claudina Azevedo Maximiano UEA-PPGAS/UFAM

    Glucia Maria Quintino Barana UEA-PPGAS/UFAM

    Elieyd Sousa de Menezes UEA-PPGAS/UFAM

    Glademir Sales dos Santos UEA-PPGSCA/UFAM

    Altaci Correa Rubim UEA

    Sheilla Borges Dourado UEA/PPGD-UFPA

    RomyGuimares Cabral UEA

    Clayton de Souza Rodrigues UEA

    Gabriel Locke UEA

    Carolina Pinto da Silva UEA

    Maria Flvia Helena Besera Brito UEA

    Andresa Lima Pinheiro UEA

    Carlos Jean Gomes UEA

    Sabrina Arajo de Almeida

    Suziany Costa de Freitas

    UEA Centro de Estudos Superiores de Tabatinga

    Reginaldo Conceio da Silva CESTB/UEA

    Jos Francisco da Silva Neves CESTB/UEA

    Francisco de Assis Nogueira de Matos CEST/UEA

    Suzana Carvalho Lima CESTB/UEA

    Antonio Caldas da Luz CESTB/UEA

    Marcleiser Oliveira Bentes CESTB/UEA

    UEA-Centro de Estudos Superiores de Parintins CESP

    Reginaldo Luiz Fernandes de Souza CESP-UEA

    Mnica Xavier de Medeiros CESP-UEA

    UFAM Manaus

    Ana Carla dos Santos Bruno INPA-PPGAS/UFAM

    Thereza Cristina Cardoso Menezes PPGAS/UFAM

    Maria Helena Ortolan Matos PPGAS/UFAM

    Cloves Farias Pereira PPGAS/UFAM

    Rancejanio Silva Guimares PPGAS/UFAM

    Willas Dias da Costa PPGAS/UFAM

    Raiana Mendes Ferrugem PPGAS/UFAM

    Mislene Metchacuna Martins Mendes PPGAS/UFAM

    Neon Solimes Paiva Pinheiro PPGAS/UFAM

    Inara do Nascimento Tavares PPGAS/UFAM

    Katiane Silva PPGAS/MN/UFRJ

    Luana Mesquita Rodrigues PPGAS/UFAM

    UFAM Campus Vale do Rio Madeira

    Jordeanes do Nascimento Arajo IEAA/UFAM

    Ednailda Santos IEAA/UFAM

    UFAM Campus do Plo Alto Solimes

    Rodrigo Oliveira Braga Reis INC/UFAM

    BAHIA

    Ncleo de Salvador UFBA

    Franklin Plessmann de Carvalho PPGA/UFBA

    Genny Magna Mota Ayres Estudos Afro-orientais/UFBA

    Participantes de atividades e de diferentes etapas dos projetos Nova Cartografia Social da Amaznia e Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    16

    Greice Bezerra Viana Educao Ambiental/UEFS

    Helen Catalina Ubinger PPGA/ UFBA

    Hugo Prudente Cincias Sociais/ UFBA

    Rosana Paiva PPGA/UFBA

    Tatiana Pereira Muniz PPGA/ UFBA

    Umeru Bahia Azevedo PPGA/ UFBA

    Equipe NECTAS-UNEB

    Alzen de Freitas Tomz NECTAS/ UNEB

    Aline Franco Sampaio Brito NECTAS/ UNEB

    Ana Paula Arruda NECTAS/ UNEB

    Paulo Wataru Morimitsu NECTAS/ UNEB

    Glaide Pereira da Silva NECTAS/UNEB

    Silvia Janaina de Oliveira Veriato NECTAS/UNEB

    Danilo Cardoso da Silva NECTAS/UNEB

    Robson Marques dos Santos NECTAS/UNEB

    Juracy Marques dos Santos NECTAS/UNEB

    Leonardo da Silva Carneiro Souza NECTAS/UNEB

    Salomo David Vergne Cardoso NECTAS/UNEB

    Charliton Fernandes Tony Terreiro de Candombl de Paulo Afonso

    Sandro Emanuel Cruz dos Santos TUXA

    Patricia Pankarar PANKARAR

    Maria Jos Gomes Marinheiro TUMBALAL

    MARANHO

    Pesquisadores

    Cynthia Carvalho Martins UEMA

    Davi Pereira Jnior PPGAS/UFBA

    Aniceto Cantanhde Filho UEMA

    Arydimar Vasconcelos Gaioso UEMA

    Helciane de Ftima Abreu Araujo UEMA

    Benjamim Alvino de Mesquita UFMA

    Adaildo Pereira dos Santos UEMA

    Gyordanna Patrcia Pereira da Silva UEMA

    Polyana Souza Nascimento UEMA

    Jhuliane Mendes de Abreu UEMA

    Dorival dos Santos UEMA

    Gardnia Mota Aires UEMA

    Horcio Antunes SantAna UFMA

    Luis Fernando Linhares

    Raimundo Mauricio Paixo UEMA

    Luciana Railza Cunha Alves UFMA

    Jssica Cristina Aguiar Ribeiro UEMA

    Edjane Viera Silva UEMA

    Mariana Leal Santos

    Ana Carolina Mendes MIQCB

    Agentes sociais/ pesquisadores

    Centro de Cultura Negra CCN

    Ivo Fonseca

    Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcntara MABE

    Leonardo dos Anjos

    Danilo da Conceio Serejo

    Dorinete Serejo Morais

    Incio Silva Diniz

    Sebastio Cosme Almeida Ramos

    Jos Werberth Ramos Ribeiro

    Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB

    Maria de Jesus Bringelo (Dona Dije)

    Maria Nice Machado Aires

    Maria Querubina Silva Neta

    Alades Alves

    Cledeneuza Maria Bezerra Oliveira

    Eunice da Conceio Costa

    Sindicato dos Trabalhadores Rurais ALCNTARA

    Aniceto Arajo

    Samuel Arajo

    Gregrio Xavier

    Associao de Camaputiua

    Ednaldo Padilha Cabea

    Associao de Moradores de Bairro Novo

    Maria Nice Machado Aires

    Centro de Educao e Cultura do Trabalhador Rural CENTRU

    Denise Leal

    Manuel da Conceio Santos

    Il Ax Olodumare

    Venina Carneiro Barbosa

    Milson Santo

    Katiana Silva

    Clia Sampaio

    Apoiadores

    Luiz Alves Ferreira UFMA-CCN

    Jos Antnio Ribeiro Carvalho UEMA

    Nbia Berg Cutrim

    Manuel Moura ACONERUQ

    Pesquisadores colaboradores

    Camila do Valle UFRRJ

    Patrcia Portela Nunes

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    17

    Assistentes de pesquisa So Lus

    Tacilvan Silva Alves UEMA

    Jhullienny Silva Santos UEMA

    Cliciane Costa Frana UEMA

    Assistentes de pesquisa Santa Ins

    Francisco Mota Paiva UEMA

    Aldy Mary Ilrio da Silva UEMA

    Valdean da Silva Rodrigues UEMA

    Mrio Pereira de Arajo Jnior UEMA

    Josilia da Conceio Vieira UEMA

    Assistente de pesquisa Cod

    Claudiana Duarte UFMA

    MATO GROSSO

    Antonio Joo Castrillon Fernndez PNCSA

    Joo Ivo Puhl UNEMAT/ Cceres

    Solange Ikeda UNEMAT/ Cceres

    Laudemir Zart UNEMAT/ Cceres

    Vera Hiroko Vieira UNEMAT/ Cceres

    Jos Ricardo Castrillon Fernndez IFMT/ Cceres

    Ronei Mendes de Arruda IFMT/ Cceres

    Mateus de Mesquita e Pontes IFMT/Cceres

    Admilson Costa da Cunha IFMT/ Cceres

    Esvanei Matucari Professor da Rede Pblica Municipal Vila Bela da Santssima Trindade

    Fernando Jesus da Silva Professor da Rede Pblica Estadual

    Zenildo da Silva Professor da Rede Pblica Municipal Vila Bela da Santssima Trindade

    Esteban Tabanashe Professor da Rede Pblica Municipal Vila Bela da Santssima Trindade

    Claudia de Pinho PNCSA

    Associao dos Kanelas do Araguaia Ncleo do Rio Preto

    Antonio Silva Santos Kanela

    Joana Silva Santos Kanela

    Joo Silva Santos kanela

    Albertina Santos Cardoso Kanela

    Ribamar Silva Santos kanela

    PAR

    Eliana Teles Rodrigues PPGA/UFPA-SEDUC Par

    Rita de Cssia Pereira da Costa UFPA Campus de Marab

    Mayka Danielle Brito Amaral PPGGH/USP-SEDUC Par

    Irislane Pereira de Moraes PPGA/UFPA-SEDUC Marab

    Bruno Cesar Pereira Malheiro UFPA Campus de Marab

    Maria Betanha Barbosa UFOPA

    Joseline Simone Barreto Trindade PPGA/UFPA-UFPA Campus de Marab

    Maria Luisa Fernandes Alves CPT

    Camila do Valle UFRRJ

    Rosa Elizabeth Acevedo Marin NAEA/ PPGA/ UFPA

    Lucio Flvio de Farias Pinto

    Maria do Socorro da Conceio Cardoso ICSA-UFPA

    Beatriz Ribeiro UFPA Campus de Marab

    Thamirys Di Paula Cassiano de Matos UFPA

    Jurandir Santos de Novaes PPGGH/USP

    Solange Maria Gayoso da Costa UFPA

    Marcos Vinicius Costa Lima PPGEO/UFPA Faculdade Ipiranga

    Raimunda Negro SEDUC

    Ulisses Silva Guimares SIPAM

    Rodrigo Macedo Lopes IAGUA

    Judith Costa Vieira UFOPA

    Bruno Alberto Paracampo Milo UFOPA

    Jefferson Costa Vieira FIT

    Marcos Vinicius da Costa Lima UFPA

    Jefferson Costa Vieira

    Colaboradores

    Neusa Santana Pressler UNAMA

    Galvanda Queiroz Galvo

    Luis Tayand Associao Cultural Afro Brasileira de Oxagui ACAO

    Mametu Nangetu U Nzambi Instituto Nangetu de Tradio Afro-religiosa e Desenvolvimento Social

    Maria Backhouse LAI FU-BERLIN

    Loyde Deize Melo UFPA

    PARAN

    Jos Carlos Vandresen PS-GEOGRAFIA/ Unicentro

    Roberto Martins de Souza Docente IFPR Telmaco Borba

    Mayra Lafoz Bertussi

    Taisa Lewitski UNILA

    Hamilton Jos da Silva

    Rmulo Barroso Miranda FPRMA/ Rede Puxiro

    Dimas Gusso Faxinalense/ Discente Campo Real

    Jorge Ramon Montenegro Gmez UFPR

    Douglas Antunes Ladik UDESC

    Thiago Vinicius de Almeida da Silva UFPR

    Eloah Caroline Pereira Vargas UFPR

    Emilio Romanini Netto UFPR

    Suyan Roberta Isaka UFPR

    Danielle Willemann Sutil de Oliveira UFPR

    Ralph Medeiros de Albuquerque UFPR

    Laura dos Santos Rougemont UFPR

    Juliana Rodrigues Cordeiro UFPR

    Gustavo Felipe Olesko UFPR

    Maria Armstrong de Oliveira UFPR

    Mercedes Sol Prez UFPR

    Mara Edilara Batista de Oliveira UFPR

    Sandra Andra Engelmann UFPR

    Jorge Luiz Fvaro UFPR

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    18

    Willian Simes UFPR

    Otvio Gomes Rocha UFPR

    Renato Alves Ribeiro Junior UFPR

    Leonardo Silva Alves UDESC

    Tiago Marques Pinto UDESC

    Erwin Becker Marques

    Joo Luis Dreminski IFPR Telmaco Borba

    Wilian Simes UFPR

    Marquiana Freitas Vilas Boas Gomes UNICENTRO

    Ismael Kloster

    Acir Tlio

    Antonio Michel Kuller Meira

    PERNAMBUCO

    Vnia Fialho PPGA-UFPE/UPE

    Hosana Celi dos Santos DIVERSIT-UPE / NEPE-UFPE

    Maria Jaidene Pires UPE

    Mariana Carneiro Leo Figueiroa TJPE/ Faculdade de Direito de Olinda

    Rita de Cssia Maria Neves UFRN

    Nadia Patria Novena UPE

    Paulo Leonardo Fialho de Paiva e Souza DIVERSIT-UPE

    RONDNIA

    Ncleo GEPIAA

    Marco Antonio Domingues Teixeira UNIR

    Gustavo Gurgel do Amaral, geogrfo UNIR

    Almeida Andrade Correa UNIR

    Kare Jean Falco Gonalves FINCA/ ULBRA

    Elvira Mauriene Velasco Frana UNIR

    Adonai Krauze de Frana UNIR

    Laura Jane Correa Marques

    Ederson Lauri UNIR

    Rafael Jorge Prado UFRR

    Cris Bianca Armnio da Silva UNIR

    Jssica Caroline Gomes Souza UNIR

    Rosalino Pereira UNIR

    Manuel Joo Madeira Coelho UNIR

    Andria Silva Andrade Ravani UNIR

    Ncleo GPETM

    Luis Fernando Novoa Garzon UNIR

    Paula Stolerman UNIR

    Estefnia Monteiro UNIR

    Ina Nogueira Level UNIR

    Eliaquim Timteo da Cunha UNIR

    Walisson Rodrigues Movimento dos Atingidos por Barragens MAB

    Mrcio Santana Movimento dos Atingidos por Barragens MAB

    Miquias Amore Movimento dos Atingidos por Barragens MAB

    RORAIMA

    Carmen Lcia Silva Lima UFRR

    Arlene Oliveira Souza UFRR

    Nelita Frank

    SANTA CATARINA

    Ilka Boaventura Leite NUER/UFSC

    Raquel Mombelli NUER/PPGAS/UFSC

    Rosa Elizabeth Acevedo Marin UNAMAZ/UFPA

    Erika M. Nakazono PNCSA/UFAM

    Nazareno Jos de Campos LABRural/UFSC

    Douglas Antunes UDESC

    Marcos Farias de Almeida NUER/PPGAS/UFSC

    Formas Organizativas e diferentes Movimentos Sociais que realizaram oficinas de mapas

    Articulao Estadual de Fundos de Pastos

    Articulao Puxiro dos Povos de Faxinais APF

    Articulao Sindical Rural da Regio do Lago de Sobradinho ASS

    Assoc. Amazonense de Gays, Lsbicas e Travesti AAGLT

    Assoc. Comunitria do Main

    Assoc. Cultural Capoeira Quilombola

    Assoc. Cultural de Capoeira Ajagun de Palmares

    Assoc. Cultural Ilha de Palmares

    Assoc. das Mulheres do Buriti AMB

    Assoc. das Mulheres Indgenas Sater Maw AMISM

    Assoc. das Mulheres Quebradeiras de Coco de Capinzal do Norte

    Assoc. das Mulheres Quebradeiras de Coco e Trabalhadoras Rurais

    da Micro Regio do Baixo Parnaba Piauiense

    Assoc. das Mulheres Trabalhadoras do Bico do Papagaio ASMUBIP

    Assoc. das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Mearim AMTR

    Assoc. das Trabalhadoras Rurais, Pescadoras da Ilha de Itacozinho, Igarap Caixo e Igarap Genipaba ASMAMI

    Assoc. das Travestis do Amazonas ATRAAM

    Assoc. de Agricultores e Agricultoras Familiares Quilombolas do Municpio de Coelho Neto

    Assoc. de Aprendizes da Sabedoria de Medicinais e Agroecologia

    Assoc. de Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranho ACONERUQ.

    Assoc. de Cultura e Lazer Banda de Congo Panela de Barro

    Assoc. de Desenvolvimento Comunitrio dos Produtores Rurais do Lago do Antnio

    Assoc. de Desenvolvimento Rural da Comunidade So Joo dos Cordeiros

    Assoc. de Desenvolvimento Rural dos Produtores da Comunidade So Francisco do Cururu

    Assoc. de Moradores da rea do Agrisal

    Assoc. de Moradores da Comunidade Parque Residencial So Pedro

    Assoc. de Moradores do Bairro Novo Penalva Maranho

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    19

    Assoc. de Moradores Francisco Coelho

    Assoc. de Moradores Remanescentes de Quilombo da Comunidade do Tambor

    Assoc. de Moradores, Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade de Urucura

    Assoc. de Mulheres de So Domingos do Araguaia ASMUDA

    Assoc. de Mulheres Indgenas do Alto Rio Negro AMARN

    Assoc. de Mulheres Indgenas e Ribeirinhas de Barcelos AMIRB

    Assoc. de Mulheres Pescadoras Trabalhadoras Rurais da Ilha de Itacozinho, Igarap Caixo e Igarap Genipaba

    Assoc. de Pequenos Produtores Pr-Desenvolvimento de Linharinho

    Assoc. de Pescadores de Rede de Arrastro Boeira

    Assoc. de Quebradeiras de Coco da Estrada do Arroz

    Assoc. de Quebradeiras de Coco de Bairro Novo

    Assoc. de Quebradeiras de Coco de Peritor

    Assoc. de Quebradeiras de Coco de Petrolina

    Assoc. de Quebradeiras de Coco do Amarante

    Assoc. de Remanescentes de Quilombos de Nova Esperana de Concrdia ARQUINEC

    Assoc. de Remanescentes de Quilombos Oxal Bujaru ARQUIOB

    Assoc. do Povo Indgena Kanela do Araguaia

    Assoc. dos Apicultores do Bico do Papagaio ABIPA

    Assoc. dos Artesos de Novo Airo AANA

    Assoc. dos Artesos do Rio Jauaperi AARJ.

    Assoc. dos Carvoeiros de Rondon do Par

    Assoc. dos Ilhus Atingidos pelo Parque Nacional da Ilha Grande

    Assoc. dos Indgenas da rea Metropolitana de Belm

    Assoc. dos Moradores da Comunidade Remanescente de Quilombo de Cachoeira Porteira AMOCREQ-CPT

    Assoc. dos Moradores da Costa da Lagoa AMOCOSTA

    Assoc. dos Moradores de Frechal

    Assoc. dos Moradores de So Pedro de Joselndia

    Assoc. dos Moradores do Bairro Novo

    Assoc. dos Moradores do Parque Riachuelo II

    Assoc. dos Moradores do Povoado Arenhengaua

    Assoc. dos Moradores e Amigos da Comunidade Rural de Jatuarana

    Assoc. dos Moradores e Amigos de Campo Sales

    Assoc. dos Oradores da Pimenteira

    Assoc. dos Pequenos Produtores Agrcolas do Tocantins APA-TO

    Assoc. dos Pescadores e Extrativistas das Ilhas ao Sul de Belm: Maracuj, Papagaio e Combu

    Assoc. dos Produtores Agroextrativistas da Assemblia de Deus do Rio Ituxi

    Assoc. dos Produtores Rurais Extrativistas do Quilombo Lagoa Mirim

    Assoc. dos Remanescentes de Quilombo do Bairro Joo Sur

    Assoc. dos Trabalhadores Agroextrativistas da Reserva da Mata Grande ATRAMAG

    Assoc. dos Trabalhadores Agroextrativistas da Reserva do Extremo Norte ARENT

    Assoc. dos Trabalhadores Agroextrativistas da Reserva Extrativista do Ciriaco ATARECO

    Assoc. em reas de Assentamento no Estado do Maranho ASSEMA

    Assoc. Etno-ambiental Beija-flor

    Assoc. GLBT Orqudea

    Assoc. Indgena Karapan ASSIKA

    Assoc. Intermunicipal de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agroextrativistas

    do Municpio de Imperatriz ASSINTI

    Assoc. Katir Ncleo de Estudos e Pesquisas Relacionado Orientao Sexual e Identidade de Gnero

    Assoc. Poterkara Numi APN

    Assoc. Pr Reintegrao Invernada Paiol de Telha

    Assoc. Quilombola Adelaide Maria Trindade Batista

    Assoc. Quilombola Castorina Maria da Conceio

    Assoc. Quilombola da Conceio das Crioulas AQCC

    Assoc. Quilombola de Santa F

    Assoc. Quilombola do Morro do Boi

    Assoc. Quilombola Invernada Paiol de Telha Fundo

    Assoc. Quilombola Tobias Ferreira

    Assoc. Quilombolas Unidos do Rio Capim

    Central Catarinense de Capoeira Angola

    Central das Associaes Agroextrativistas de Democracia, Manicor

    Central de Cooperativas dos Pequenos Agroextrativistas do Sul e Oeste do Maranho CCAMA

    Centro de Educao e Cultura do Trabalhador Rural CENTRU

    Centro de Educao Popular de Esperantina CEPES

    Clube Agrcola de Sete Barracas CASB

    Clube de Mes de Morada Nova

    Comiso Pastoral da Terra-Ar TOC

    Comisso de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nossa Senhora dos Remdios

    Comisso de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de So Luis Gonzaga

    Comisso dos Ex-moradores do Parque Nacional do Ja

    Comisso Pastoral da Terra Regio do Z Au AM

    Comisso Pastoral da Terra AM

    Comit Ambiental do Tucunduba

    Comunidade Baixa Verde

    Comunidade Bararu

    Comunidade Boa Esperana

    Comunidade Bom Jardim

    Comunidade de Artesos do Cip Imb de Garuva

    Comunidade de Cait

    Comunidade do Beco dos Pretos Morro da Liberdade

    Comunidade Indgena Iapyrehyt

    Comunidade Indgena Maw

    Comunidade Indgena Sahu-pe,

    Comunidade Indgena Waikiru

    Comunidade Indgena Waran

    Comunidade Jacapari Santo Antnio

    Comunidade Jacaperi Perptua

    Comunidade Negra de So Benedito da Praa 14 de Janeiro

    Comunidade Prosperidade

    Comunidade So Pedro do Copeu

    Conselho das Associaes de Remanescentes de Quilombo de Moj

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    20

    Conselho dos Assentados da Gleba Vila Amaznica

    Conselho Indgena Tapajs Arapiuns CITA

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Amarante COOPRAMA

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Balsas

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinpolis COOPAESP

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Imperatriz COOPAI

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Joo Lisboa COOPAJOL

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco COPPALJ

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Loreto

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Montes Altos COOPEME

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de So Raimundo das Mangabeiras COOPEVIDA

    Cooperativa de Pequenos Produtores Agroextrativistas de Viana COOPPAV

    Cooperativista Mista Agroextrativista dos Povos Tradicionais do Mdio Rio Negro COMAGEPT

    Coordenao Estadual das Associaes de Remanescentes de Quilombos do Estado do Par Malungu

    Departamento de Adolescentes e Jovens Indgenas do Rio Negro DJIRN/FOIRN

    Eco Recicla

    Equipe Itinerante

    Federao das Organizaes Indgenas do Alto Rio Negro FOIRN

    Federao das Organizaes Quilombolas de Santarm FOQS

    Fundo de Arraieira de Caravelas APESCA

    Grupo Centro

    Grupo de Capoeira Angola Palmares

    Grupo de Donas de Casas de Viana

    Grupo de Estudo das Quebradeiras de Coco

    Grupo de Mes de Presidente Sarney

    Grupo de Mulheres a Vila Santana

    Grupo de Mulheres da Vila Metade

    Grupo de Mulheres da Vila So Jos

    Grupo de Mulheres de Cantinho

    Grupo de Mulheres de Itacoaritiua

    Grupo de Mulheres de Joca Marques

    Grupo de Mulheres de Olho Dgua dos Pires

    Grupo de Mulheres de Santana

    Grupo de Mulheres de Tenda do Coco

    Grupo de Mulheres do P.A. Fortaleza

    Grupo de Mulheres Guerreiras Ribeirinha

    Grupo de Quebradeiras de Coco da Palestina

    Grupo de Quebradeiras de Coco de Goiabal

    Grupo de Quebradeiras de Coco de Retiro

    Grupo de Quebradeiras de Coco de Santa Rita

    Grupo de Quebradeiras de Coco de Santo Antnio

    Grupo do Jorge Teixeira

    Grupo do Rio Piorini

    Grupo dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Submdio

    e Baixo So Francisco

    Grupo Glria e So Raimundo

    Grupo Mauazinho I

    Grupo Mauazinho II

    Grupo Mulheres Guerreiras Ribeirinhas CMGR

    Grupo Terra Nova III

    Grupo Vapet

    I Frum da Juventude do Baixo Tocantins

    Ii Ax Alagbed Olodumare

    Instituto Amaznico de Planejamento, Gesto Urbana e Ambiental IAGUA

    Instituto de Assessoria s Comunidades Remanescentes de Quilombos IACOREQ

    Instituto Equipe de Educadores Populares IEEP

    Instituto Nacional da Tradio e Cultura Afro-brasileira

    Irmandade de So Pedro

    Kuntanawa do Alto Rio Tejo Aldeias Sete Estrelas

    Movimento das Pessoas com Deficincia de Belm

    Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcntara MABE

    Movimento dos Atingidos por Barragens MAB

    Movimento dos Catadores de Belm

    Movimento dos Ilhus do Rio Paran

    Movimento dos Pescadores Artesanais do Litoral do Paran

    Movimento dos Ribeirinhos e Ribeirinhas das Ilhas e Vrzeas de Abaetetuba MORIVA

    Movimento em Defesa dos Portos Pblicos de Belm

    Movimento GLTB do Par

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Baixada Ocidental

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Bico do Papagaio

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Esperantina

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Imperatriz

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Mearim

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB Coord. Par

    Movimento Lsbicas Manaus MLM

    Movimento dos Atingidos Pela Base Espacial de Alcntara

    Mulheres Unidas do Artesanato MUA

    Parquia So Pedro Apstolo

    Pescadoras Artesanais do Submdio e Baixo So Francisco

    Pescadores e Pescadoras Artesanais da Comunidade de Resina

    Pescadores e Pescadoras Artesanais da Comunidade de Saramm

    Pescadores e Pescadoras Artesanais do Aude Pblico Cocorob

    Pescadores e Pescadoras Artesanais do Cnion do So Francisco

    Povo de Tux de Rodelas

    Povo Kambiw

    Povo Kariri-Xoc

    Povo Pankararu

    Povo Pipip

    Povo Truk

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    21

    Povo Tumbalal

    Povo Xoc

    Rede Puxiro dos Povos e Comunidades Tradicionais

    Servio de Ao, Reflexo e Educao Social SARES

    Setorial de Negras e Negras do Estado do Par

    Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcntara

    Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airo

    Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos SMDH

    Unio de Associaes de Fundo de Pasto de Casa Nova UNASFP

    Organizaes apoiadoras das atividades dos movimentos sociais realizadores dos fascculos

    Actionaid

    Agncia de Defesa Sanitria Agrosilvopastoril do Estado de Rondnia

    Articulao dos Povos Indgenas do Nodeste, Minas Gerais e Esprito Santo APOINME

    Articulao Puxiro dos Povos Faxinalenses

    Assessoria e Gesto em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia AGENDHA

    Associao Bujarense de Agricultores e Agricultoras ABAA

    Assoc. Comunitria da Bairro da Mangueira ASCOBAM

    Assoc. da Agricultura Familiar-Regional Baixada Maranhense

    Assoc. das Quebradeiras de Coco do Bairro Novo

    Assoc. de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Estado de Rondnia EMATER

    Assoc. de Bares e Restaurantes da Costa da Lagoa

    Assoc. de Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranho ACONERUQ

    Assoc. de Mulheres de So Domingos do Araguaia AMUSDA

    Assoc. de Mulheres do Bico do Papaguaio ASMUBIP

    Assoc. de Mulheres Indgenas e Ribeirinhas de Barcelos AMIRB

    Assoc. de Universidades Amaznicas UNAMAZ

    Assoc. do Grupo de Jovens do Bairro Novo

    Assoc. dos Advogados de Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia

    Assoc. dos Advogados dos Trabalhadores Rurais AATR

    Assoc. dos Moradores de Bairo Novo

    Assoc. dos Pesquisadores da Amaznia ASPA

    Assoc. em reas de Assentamento no Estado do Maranho ASSEMA

    Assoc. Quilombola do Forte ASQFORTE

    ASW

    Brot fur die welt

    Critas Brasileira

    Critas de Manaus

    CCNP

    CEAPS

    CEMPO

    Centre de Recherche et de Documentation sur lAmrique Latine CREDAL

    Centro de Cultura Negra do Maranho CCN.

    Centro de Defesa dos Direitos Humanos-CDDH-ES

    Centro de Educao e Cultura do Trabalhador Rural CENTRU

    Centro de Educao Popular Esperantinense CEPES

    Centro de Estudos do Trpico mido CESTU-UEA

    Centro de Referncia de Combate a Homofobia Adamor Guedes

    Centro de Valorizao na Arte do Social e Cultural CEVASC

    Centro pelo Direito Moradia contra Despejos COHRE

    Colnia Z-26 Delmiro Gouveia

    Comisso dos Assentados da Gleba Vila Amaznia

    Comisso dos Ex-Moradores do Parque Nacional do Ja.

    Comisso Pastoral da Pesca CPP

    Comisso Pastoral da Terra CPT- PR

    Comisso Pastoral da Terra Regio Guajarina

    Comisso Pastoral da Terra Lbrea

    Comisso Pastoral da Terra AM

    Comisso Pr-ndio Acre

    Comunidade do Tiririca

    Comunidade Europeia

    Comunidade So Francisco do Tabocal

    Comunidade So Raimundo

    Conselho Indigenista Missionrio CIMI

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq

    Conselho Nacional dos Seringueiros CNS

    Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativista de Viana

    Coordenao Nacional de Articulao das Comunidades Negras Rurais Quilombolas CONAQ

    Coordenadoria Ecumnica de Servio CESE

    CSE/UFPA

    Diocese de Humait- Pastoral Ribeirinha

    Duramaz

    EDUCAAMAZNIA

    E-Jovem

    ELIMU

    EPAGRE

    Equipe de Educadores Populares IEEP

    Escola Desdobrada e N.E.I. Costa da Lagoa

    Escola Municipal Sagrado Corao de Jesus Polo de Democracia Manicor-AM

    Escola Normal Superior ENS-UEA

    Federao das Associaes Comunitrias e quilombolas do Vale do Guapor FACQVALE

    Fiocruz Amaznia

    Frum Permanente Afro-descendente do Amazonas-FOPAAM

    Fundao Alfredo da Mata

    Fundao de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    do Maranho FAPEMA

    Fundao de Amparo a Pesquisa no Estado do Amazonas FAPEAM

    Fundao Ford

    Fundo de Gnero Brasil/ Canad

    Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA

    Grupo de Estudos e Pesquisa Interdisciplinares Afro-Amaznicas GEPIAA

  • POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

    22

    Grupo de Estudos Socioeconmicos da Amaznia-GESEA/UEMA

    Grupo de Pesquisa e Extenso Territorialidades do Madeira GPETM/UNIR

    Grupo GeografAR UFBA

    Grupo Inter Ao

    HEIFER Internacional

    Instituto Amaznico de Planejamento, Gesto Urbana e Ambiental IAGUA

    Instituto Baleia Jubarte

    Instituto Equipe de Educadores Populares IEEP

    Instituto Internacional de Educao no Brasil IEB

    Instituto Livre Universidade Rios do Amanh IARA

    Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria INCRA-RO

    Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia INPA

    Liga de Desporto de Costa Marques LDCM

    Ministrio do Meio Ambiente MMA

    Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Alcntara MONTRA

    Mov. Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau MIQCB

    Mov. Nacional de Luta pela Moradia MNLM

    Museu Amaznico

    NPFT

    Ncleo de Estudos em Comunidades e Povos Tradicionais e Aes

    Ncleo de Estudos em Economia Solidria CSE-UFSC

    Ncleo de Estudos Rurais e Urbanos

    Ncleo de Estudos sobre Identidade e Relaes Intertnicas-NUER

    Ncleo de Pesquisa em Povos e Comunidades Tradicionais e Aes Socioambientais NECTAS/UNEB

    Parquia de Santa F, Costa Marques, Rondnia

    Parquia de Sobradinho

    Parquia So Joo Batista

    Pastoral da Juventude

    Pastoral da Terra Guarapuava

    Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Manaus PIAM

    Prefeitura Municipal de Coelho Neto

    Prelzia de Camet

    Programa de Apoio Reforma Urbana PARU-UFPA

    Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social PPGAS-UFAM

    Programa de Ps-Graduao em Direiro Ambiental PPGDA-UEA

    Programa de Ps-Graduao em Sociologia PPGS-UFAM

    Programa Integrado de Recursos Aquticos e da Varza PYR-UFAM

    Projeto GeografAR UFBA

    Projeto Sade e Alegria

    Projeto Territrios Quilombolas no Esprito Santo UFES

    Rede Puxiro dos Povos e Comunidades Tradidionais

    Rede Social de Justia e Direitos Humanos

    Representao de Ensino SEDUC-COSTA MARQUES

    Secretaria do Desenvolvimento Ambiental-SEDAM/RO

    Secretaria do Estado de Cincia, Tecnologia e Ensino Superior SETI

    SIMA UEMA

    Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airo

    Sind. dos Trabalhadores Rurais de Santarm

    Sind. dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar SINTRAF

    Sind. de Trabalhadores Rurais de Pilo Arcado, Remanso e Campo Alegre de Lourdes

    Unicef

    Universidade do Estado da Bahia UNEB

    Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

    Universidade do Estado do Amazonas UEA

    Universidade do Estado do Maranho UEMA

    Universidade Federal da Bahia UFBA

    Universidade Federal do Amazonas UFAM

    Universidade Federal do Maranho UFMA

    Universidade Federal do Paran UFPR Litoral

    Universidade Federal do Par UFPA

    Universidade Federal do Rondnia UNIR

    Universidade Sem fronteiras

    War on Want

    CARTOGRAFIA E MAPAS

    pesquisadores que participaram da elaborao dos mapas situacionais publicados nos fascculos e mapas snteses publicados nos livros e boletins informativos

    Adaildo Pereira dos Santos

    Adase Lopes Gouva

    Adriano Elisei

    Aldemir Moraes Gonalves

    lvaro Ribas

    Alzen Tomz

    Bruno Bezerra de Andrade

    Bruno Henrique Costa Toledo

    Carlos Alberto Castro

    Carlos Hagge

    Ctia Magalhes

    Claudia I. S. dos Santos

    Cristiane da Silva Nogueira

    Cristiane Julio Pankararu

    Cynthia Carvalho Martins

    Davi Pereira Jnior

    Delmo Roncarati Vilela

    Elder Marinho

    Eliana Teles

    Emmanuel de Almeida Farias Jnior

    Erika Matsuno Nakazono

    Erwin Becker Marques

    Fabiano Saraiva

    Franklin Plessmann de Carvalho

    Gabriel Marcila

    Gleidy Marianelli

    Grupo GeograFAR

    Isaias Arajo Cunha

    Jos Frankneile de Melo Silva

    Juracy Marques

    Laura Adriana Chamo

    Leonardo Wedekin

    Lucas Martins dos Santos

    Luis Augusto Pereira Lima

    Marcelo Paustein Moreira

    Marcos Vinicius da Costa Lima

    Maria Betanha Cardoso Barbosa

    Mayka Danielle Brito Amaral

    Milson Santos

    Patrcia Miranda Mendes

    Paulo Leonardo Fialho

    Ricardo Folhes

    Rita de Cssia Pereira da Costa

    Rodrigo Macedo Lopes

    Romano Ramos

    Rosa E. Acevedo Marin

    Stephanie Nasuti

    Tadeu Miquiles da Paz

    Ticiano Rodrigo

    Ulisses Guimares

    Uriel Pinheiro

    Vnia Fialho

    FOTOGRAFIAS PUBLICADAS

    NOS FASCCULOS, LIVROS

    E BOLETINS INFORMATIVOS

    Adaildo Pereira dos Santos

    Adalmir Jos

    Alan Boccato

    Aldevan Brazo Elias

    Aldo Luciano Lima

    Alduvar Hurtado Guerrero

    Dorival dos Santos

    Carolina Pinto da Silva

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    23

    Alenilza de Nazar Brazo

    Alessandra Queiroz

    Alexandre Baxter

    Alexandro Santana de Souza

    Alfredo Wagner Berno de Almeida

    Alzen Tomz

    Ana Felisa Hurtado Guerrero

    Ana Paulina Aguiar Soares

    Anderson Lima Marinho

    Anelise Rondon de Campos

    Antnio Barbosa de Melo

    Antnio Fonseca

    Antnio Joo Castrilln Fernandez

    Aroldo Chellei Brito Amaral

    Arquivo Alemo

    Arquivo do Centro de Referncia em Direitos Humanos de Preveno e Combate Homofobia Adamor Guedes

    Arquivo IEEP/MASA

    Arquivo Projeto Cip Imb

    Arquivos fotogrficos da comunidade

    Arquivos Ilhus

    Arthur Lima da Silva

    Arydimar Vasconcelos Gaioso

    Bamba do Grupo de Jovens de Bairro Novo

    Brbara de O. Miranda

    Bruna Graziela Cordeiro dos Santos

    Bruno Henrique Costa Toledo

    Carlos Alberto Castro

    Carlos Eduardo Miranda

    Ccero Mendes

    Claudina Azevedo Maximiano

    Cleonice Meireles de Macedo

    Clcio Mrcio do N. Gonalves

    Coordenao Nacional de Articulao das Comunidades Negras Rurais Quilombolas CONAQ

    Cristiane Martins

    Cynthia Carvalho Martins

    Davi Pereira Junior

    Delmo Roncarati

    Diana Antonaz

    Dulcilene Gomes Batista

    Edeney Barroso

    Elieyd Sousa de Menezes

    Elizanilde Alves

    Emmanuel de Almeida Farias Jnior

    Erika Matsuno Nakazono

    Esmael de Oliveira

    Fbio Eduardo

    Fernando de Andrade Pereira

    Franciclia dos Santos Azevedo

    Francinete Pereira da Cruz

    Francisca das Chagas Fonseca

    Francisco Flores Ferreira

    Franklin Plessmann de Carvalho

    Glademir Sales dos Santos

    Glucia Maria Quintino Barana

    Gustavo Falsetti

    Gyordanna Patrcia P. da Silva

    ndios Online

    Irislane Pereira de Moraes

    Itaciara Prestes da Silva

    Itamara dos Anjos Oliveira

    Jefferson de Oliveira Salles

    Joo Carlos Barrozo

    Joo Zinclar

    Joaquim Shiraishi Neto

    Jos Carlos Vandresen

    Jos Elias Torres Ferreira

    Jos Flvio Haru Xin

    Jos Incio Aiala

    Joseline S. Barreto Trindade

    Judith C. Vieira

    Juliana Barros

    Jlio Cavalheiro

    Juracy Marques dos Santos

    Jurandir Santos de Novaes

    Leonardo Wedekin

    Lilian Carolina de Arajo Santana

    Lourival Fidelis

    Luciana Railza Cunha Alves

    Luciane da Silva Costa Marinho

    Luciene de Menezes Simo

    Lus Augusto Pereira Lima

    M. Cristina Guimares Ferreira

    Marcelo Messias Franco

    Marcos N. Pereira

    Marcos Rossi Santos

    Marcos Vinicius da Costa Lima

    Maria Betenha Cardoso Barbosa

    Maria de Jesus Tolosa Galvo

    Mariana Ciavatta Pantoja

    Mason Mathews

    Mayara Pereira da Silva

    Mayka Danielle Brito Amaral

    Mila Petrilla

    Milene Padilha

    Nadja Christine de Castro Souza

    Nivaldo Rodrigues e Silva

    Otto Mendes

    Patrcia Miranda Mendes

    Pedro de Deus

    Pedro Maciel DAlbuquerque

    Poliana de Souza Nascimento

    Queops Silva

    Raimundo Lcio Ferreira da Silva

    Richelma Carvalho

    Rita Auxiliadora G. Ferreira

    Rita de Cssia Pereira da Costa

    Roberto Filizola

    Roberto Martins de Souza

    Rodrigo Macedo Lopes

    Rodrigo Rodrigues Colares

    Rosa Elizabeth Acevedo Marn

    Rosiane Martins

    Sandro Jos da Silva

    Sandro Juliati

    Sebastio Cosme Almeida Ramos

    Srvulo de Jesus Morais Borges

    Sheilla Borges Dourado

    Silvana Compton Barroso

    Simone Gayoso

    Solange Maria Gayoso da Costa

    Taisa Lewitzki

    Thas Brianezi

    Thais Fernanda Silva

    Tiago Kramer Oliveira

    Ticiano Rodrigues

    Txai Terri Aquino

    Vabderlcia da Silva Ponte

    Valdelanda de Paula Alves

    Vanderlia Gadelha

    Vnia Fialho

    Vilma Costa Rodrigues

    Vilson Arajo Serejo

    Willas Dias da Costa

    TRADUO

    Portugus-Ingls

    liVro

    Mason Clay Mathews

    Sheilla Borges Dourado

    Portugus-Alemo

    liVro

    Jrg J. Ohly

    Portugus-japons

    apresentao site

    William Shiguero Farias Tashiro

    Portugus-Alemo

    apresentao site

    Eva Bochkor

    Portugus-Ingls

    apresentao site

    Gabriel Locke Suchodolski

    Mason Clay Mathews

    Portugus-Ingls

    fasCCulos

    Gabriel Locke Suchodolski

    Helen Catalina Ubinger

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    24

    A nova cartografia e os movimentos sociaisjos srgio leite lopes antroplogo professor assoCiado ppgas-mn-ufrj, pesquisador do Cnpq

    sou testemunha da importncia do PncsA como formulador e produtor de pesquisas originais sobre a identidade social e a territorialidade de grupos sociais na Amaznia e em diversas reas do pas; como formador de pesquisado-res e de uma relao permanente com diferentes movimentos sociais. A eficcia na consecuo simultnea dessas tarefas faz desta experincia de pesquisa uma experincia nica, ao meu conhecimento, em termos nacionais e internacio-nais. o PncsA fruto da reunio de pesquisadores cuja origem se produz em decorrncia de diferentes projetos de pesquisa e da militncia antropolgica de Alfredo Wagner no maranho desde a segunda metade dos anos 1970 (onde so reconhecidos seus projetos com o territrio quilombola de Alcntara, bem como a parte regional do movimento de mulheres quebradeiras de coco babau), no Par (onde entre outras pesquisas como a famosa da Guerra dos mapas no carajs, assessorou projetos de secretarias municipais dinmicas de Belm entre 1997 e 2005) e no estado do Amazonas. nestes diferentes estados pesquisadores foram sendo formados e se uniram de forma estvel nos ltimos anos abriga-dos na uFAm e na uEA, quando o PncsA propriamente dito d condies para que haja uma multiplicao de pesquisas coordenadas entre si. sob esta lti-ma forma mais estvel esta rede de pesquisadores vai aumentando seu alcance com a adeso de jovens pesquisadores, mestrandos, doutorandos e docentes no somente nestes estados do norte, mas tambm de outras regies. A combi-nao de pesquisas de uma etnografia de longa durao com pesquisas mais pontuais segundo a demanda de grupos e movimentos sociais mobilizados em oficinas de auto-pesquisa e de instrumentos de uma cartografia social (incluindo os meios tecnolgicos atuais de localizao espacial como o GPs), proporcio-na a produo de resultados de pesquisa com a devoluo social permanente aos grupos pesquisados. Embora tais resultados possam eventualmente inco-modar foras dominantes locais, nacionais ou de escala internacional, o projeto tem tido reconhecimento acadmico no menos nacional (como o da Associa-o Brasileira de Antropologia) e internacional, passando pelo crivo seletivo de financiamentos tais como os da Fundao Ford e de editais do BndEs. A gama de publicaes do projeto impressionante, e de outros resultados do PncsA se ouvir falar mais no futuro. A produo conjunta de uma qualificao dos movimentos sociais de grande diversidade postos em conjunto entre si e uma qualificao dos pesquisadores um resultado que est trazendo contribuies inestimveis ao panorama da pesquisa antropolgica brasileira.

    24

  • 1nova cartografia social

    da amaznia

    II

    oficinas de mapas e fascculos

  • 27

    fascculos povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    Palabras introductorias charles r. hale diretor do teresa lozano long institute of latin ameriCan studies and benson latin ameriCan ColleCtion uniVersity of texas, austin

    Es un honor haber sido invitado a ofrecer estas breves palabras introductorias para la presente compilacin de trabajos realizados por el equipo Nova Cartografa Social desde su fundacin hasta el presente. Es para mi especialmente significante porque tuve la oportunidad de conocer a Alfredo Wagner Berno de Almeida en el ao 1990 en Austin, Texas, cuando el proyecto fue todava incipiente. Me acuerdo bien de su energa, carisma, y enfoque intenso en aquel entonces igual que tiene hoy en da pero con menos experiencia de haber puesto las ideas en prctica. Ahora, unos dos dcadas despus, hay una trayectoria variada, profunda, y prodi-giosa para apreciar. Desde los fascculos hasta los libros, mapas y pelculas, es un acervo sumamente rico, y cada pieza cuenta su propia historia de un proceso colaborativo entre un grupo organizado para reclamar derechos, y un equipo de especialistas que ofrece las tcnicas y los mtodos de mapeo participativo como respaldo para esa lucha. La segunda razn por la cual esta coleccin es significa-tiva para mi es justamente esta combinacin creativa entre empeo acadmico y compromiso social. Hecha bien, esta combinacin es, en mi juicio, es el logro ms noble de las ciencias sociales; y no puedo pensar en mejor ejemplo de su ejecucin consistente y consecuente a travs de tanto tiempo, que la produccin de la Nova Cartografia Social. Por ltimo, es significativo para mi porque tuve la oportuni-dad de visitar el equipo en diciembre en Manaus, de acompaar algunas visitas de campo, y apreciar en persona el trabajo que hacen. Aunque supe algo ya por interacciones en conferencias y lecturas, no hay sustituto para interaccin directa, la cual me dejo sumamente impresionado.

    En lo sustantivo, adems de su metodologa participativa, lo que me impresiona ms del equipo Nova Cartografia es su capacidad constante y profunda de innova-cin. Una cosa es desarrollar una especialidad tcnica, y aplicarla de manera conse-cuente a travs de los aos. Pero el resultado es muy diferente cuando el equipo apli-ca la tcnica, y a la vez sujeta la prctica a escrutinio y reflexin critico, para mejorar las rutinas, expandir su aplicacin a mbitos nuevos, y adaptar la metodologa a los emergentes desafos econmico-polticos del entorno. Sea una revisin de los ttulos de los fascculos, o una apreciacin ms profunda del anlisis ofrecido en los libros, uno rpidamente se da cuenta que el adjetivo nova es bien puesto: es una practica de mapeo en plena evolucin, cuyo curso arroja mltiples aprendizajes tanto tcni-cos como tericos que han sido, en cada etapa, sustantivamente nuevos.

    En nuestro propio ncleo de estudio y prctica del mapeo participativo en Austin, Texas hemos propuesto la existencia de tres fases de experiencia con la materia. La primera asociamos con apertura y oportunidad: cuando la tecnologa satelital se desclasifica y democratiza de tal manera que comienza a ser apropiado por conjun-tos de investigadores y protagonistas; y simultneamente, un momento cuando el contexto poltico-econmico ofrece modestas posibilidades para la demarcacin y hasta titulacin de territorios reclamados desde abajo. La segunda fase asocia-mos con la reflexin critica, cuando acumula una serie de complejidades, tensiones, consecuencias inesperadas que obligan pausa y anlisis detenido. Los temas son variados, desde la tensin entre experto y protagonista hasta las premisas iden-titarias subyacentes en los procesos de mapeo, y muchos ms. En su conjunto, no sirvieron tanto para cuestionar el valor del trabajo de mapeo en s, sino un nimo de proseguir de manera ms consciente y reflexiva, incorporando los aprendizajes crti-cos en nuevas formas de prctica. La tercera fase, que recin comienza, asociamos mayormente con la amenaza. Transformaciones en los marcos legales y legislativos; nuevos patrones de acumulacin y explotacin capitalista; nuevos predadores que tienen los territorios tenga o no sus ttulos formales en la mira. Es un momen-to que exige nuevos usos la cartografa social, como son el mapeo de conflictos y amenazas, o el uso del mapeo para ordenar y afianzar un territorio ya concedido.

    Lo impresionante de la Nova Cartografia Social, en relacin a este anlisis de las tres fases, es la manera en que anticipa e incorpora las tendencias nuevas, antes de que sean visibles en general al nivel de la regin. No tengo explicacin cabal para esta audacia y previsin. Me imagino que tiene que ver con la estrecha relacin para ellos entre teora y prctica, la insistencia de que cada experiencia sea sujetada a reflexin crtica, cuyas conclusiones se incorpora en la siguiente ronda de prctica. Sea lo que sea la explicacin, lo importante es que el equipo de Nova Cartografa Social se ubica sin lugar de duda en la avanzada al nivel del hemisferio en este campo profesional. Con esa compilacin tenemos amplia evidencia para probar esta aseveracin y ms importante aun, el material que nos permite aprender del rico acervo de su praxis, y participar junto con ellos en los siguientes ciclos de elabo-racin terica e innovacin tcnica.

    Austin, texas agosto 2012

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    28

    fascculos

    Nova Cartografia Social da Amazniaalfredo wagner berno de almeida antroplogo; professor-Visitante Cestu uea, ppgsCa e ppgas ufam; Coordenador do projeto noVa Cartografia soCial da amaznia; pesquisador Cnpq

    A partir de tcnicas de mapeamento social, os trabalhos de pesquisa do Projeto nova cartografia social da Amaznia (PncsA) visam analisar os processos dife-renciados de territorializao, hoje em pauta na Amaznia, e sua relao com a emergncia de identidades coletivas objetivadas em movimentos sociais. tais identidades so mltiplas e configuram uma diversidade sociocultural amaz-nica. Elas so expressas por diferentes identidades coletivas, aglutinadas conso-ante denominaes locais, tais como: ribeirinhos, seringueiros, quilombolas, indgenas, piaabeiros, pescadores artesanais, castanheiros, artesos e artess (do arum, do tucum, do cip amb e das palhas e sementes), indgenas que residem em cidades, quebradeiras de cco babau e peconheiros (coletores de aa) dentre outras. cada uma destas categorias de identidade acha-se agru-pada segundo uma forma organizativa prpria, construindo, mediante mobili-zaes sucessivas, suas territorialidades especficas. Atravs de uma crescente autoconscincia cultural elas tem mobilizado foras para defender suas terri-torialidades daqueles interesses predatrios, responsveis maiores pela devas-tao ambiental e, sobretudo, pelos desmatamentos e pela contaminao dos recursos hdricos. Para tanto elas desencadeiam campanhas contra madeireiras, projetos agropecurios, usinas de ferro-gusa e mineradoras que devastam os recursos naturais.

    o objetivo do PncsA consiste justamente em mapear estes esforos mobilizat-rios, descrevendo-os e georeferenciando-os, com base no que considerado rele-vante pelas prprias comunidades estudadas. o trabalho de mapeamento pressu-pe, alm disto, o treinamento e a capacitao de membros destas comunidades, que so os sujeitos na seleo do que dever constar dos mapas produzidos e no registro de pontos a eles referidos. o aprendizado de dispositivos constitucio-nais, da legislao ambiental pertinente e de tcnicas elementares de uso do GPs consiste numa etapa inicial do trabalho do PncsA. tal capacitao consolida-da pelas oficinas de mapas realizadas nas prprias comunidades. de acordo com uma composio definida pelos seus prprios membros tais oficinas resultam em atividades que delimitam permetros e consolidam as informaes obtidas por meio de observao direta e de diferentes tipos de relatos, contribuindo para uma descrio etnogrfica suficientemente precisa. Para fins de divulgao ampla e difusa, os resultados dos trabalhos relativos a cada situao social so publica-dos em forma de fascculos, contendo um mapa, excertos de depoimentos de

    membros das comunidades pesquisadas e as demandas do grupo. Este fascculos, coligidos pelas respectivas equipes de pesquisadores, so distribudos principal-mente pelos prprios membros das comunidades mapeadas.

    DIREITOS TERRITORIAIS

    verificamos, no decorrer das atividades de campo, uma recorrncia da expres-so terras tradicionalmente ocupadas 1 nas pautas reivindicatrias dos movi-mentos sociais. trata-se de uma referncia constante, reveladora de como cada unidade social tem conscincia das suas fronteiras. isto pode indicar no apenas um aumento da percepo que os agentes sociais tem de seus direitos territo-riais, mas tambm elementos de uma autoconscincia cultural. mencione-se a propsito o uso difuso do Art. 231 da cF, que rompe com o sentido historicista das terras imemoriais. mencione-se tambm as constituies estaduais e as leis municipais que tem assegurado o livre acesso aos recursos bsicos 2 e que foram sancionadas a partir de reivindicaes dos movimentos sociais. completam este quadro jurdico-formal o decreto presidencial n 6.040 de 7 de fevereiro de 2007 e a conveno 169 da organizao internacional do trabalho oit, de junho de 1989, que foi ratificada pelo Brasil em junho de 2003, e que corrobora o crit-rio de autodefinio e da conscincia que um grupo social ou povo tem de sua prpria situao objetiva.

    o decreto 6.040 define, no seu Art. 2, a competncia da comisso nacional de desenvolvimento sustentvel dos Povos e comunidades tradicionais, da qual participam trinta movimentos sociais diretamente referidos a campanhas contra os desmatamentos e luta contra a expanso das terras dos grandes empreen-dimentos vinculados ao mercado de commodities. Partem do princpio de que as terras indgenas e de quilombos, bem como aquelas sob controle efetivo de povos e comunidades tradicionais, encontram-se ameaadas por esta expanso justamente por serem as reas mais preservadas ambientalmente e com uma cobertura botnica mais expressiva. o mapeamento social traduz esta consci-ncia ambiental aguada e seus efeitos sobre a representao cartogrfica que as comunidades produzem acerca de suas prprias territorialidades especficas.

    1 Cf. Almeida, 2008.

    2 Cf. Shiraishi, 2006.

  • 29

    fascculos povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    CENSO E MAPA

    Benedict Anderson 3, em comunidades imaginadas, sublinha que trs insti-tuies moldaram profundamente a maneira como o Estado nacional projetou seu poder: a classificao das categorias de identidade dos agentes sociais por ele governados, a geografia delimitadora de seus domnios e a legitimidade de sua linhagem. o recenseamento, o mapa e os museus constituem os instrumentos efetivos desta dominao. Aqui irei me deter justamente em questes que concer-nem aos dois primeiros, mesmo sabendo que tais instrumentos historicamente tem passado por transformaes, que redefinem seu sentido e importncia.

    Foi a partir de categorias de identidade e da produo de mapas que discutimos preliminarmente, em 2004-05, o PncsA e suas iniciativas de mapeamento social, analisando a devastao nos babauais. As quebradeiras de coco babau parti-ciparam do trabalho de campo e contriburam decisivamente na elaborao dos seis primeiros fascculos e do livro que trata da Guerra Ecolgica nos Babauais. As quebradeiras de coco babau participaram das oficinas, marcaram os pontos com GPs e auxiliaram os pesquisadores na seleo dos trechos dos depoimentos que deveriam constar dos fascculos. igual procedimento ocorreu com as comu-nidades quilombolas, que se aproximaram do PncsA a partir de conflitos que ameaavam seus territrios. Procedemos de uma maneira aberta, livres da rigi-dez burocrtica de qualquer metodologia de mapeamento participativo, reali-zada por agencias multilaterais, por organismos da cooperao internacional ou por rgos governamentais que necessitam do aval ou dos termos de anuncia das comunidades para implantar seus empreendimentos. cabe destacar que tais iniciativas se dispem num intrincado campo de disputas. Este campo parece ir se estruturando num momento em que o Estado vai perdendo o monoplio de classificar pessoas, grupos e objetos e quando as categorias de identidade, adotadas pelo recenseamento oficial e apoiadas em critrios de cor (brancos, pretos, amarelos, pardos), j no tem mais a fora explicativa que usufruam no primeiro censo demogrfico do Brasil, de 1872. o mito de origem do povo brasileiro, apoiado na interpretao positiva da miscigenao das trs raas populao autctone, escravos africanos e colonos portugueses 4 e na apolo-gia da mistura, negando as diferenas, est sendo deslocado pela valorizao da diversidade cultural (oliveira, 1999). Emergem concomitantemente territoria-lidades especficas,em todo o Brasil, que redesenham mapas, ao mesmo tempo so criados pequenos museus, por associaes voluntrias e outras formas asso-ciativas encetadas pelos movimentos sociais, que traduzem as expresses cultu-rais intrnsecas e demandam o reconhecimento daquela diversidade.

    o PncsA inicia suas atividades consoante estas condies de possibilidade. surge no incio da primeira dcada do sculo XXi, sucedendo s transformaes profundas do final do sculo XX, quando ocorreu o advento de novos movimen-tos sociais (Hobsbawm, 1995) e de formas organizativas, que denotam antago-

    3 Cf. Anderson, 1983.

    4 Consulte-se a propsito Oliveira, 1999.

    nismos em torno das classificaes, das categorias de identidade, dos mapas e demais instrumentos histricos de dominao.

    como se estrutura esta competio? Ela teria como base as aes de agencias multilaterais (Bird, Bid, omc), de grandes onGs e de empresas de consultoria e de sensoriamente remoto, com tecnologias em siG, GPs, pesquisa eletromagn-tica e mapeamento. numa quadra em que as empresas estariam se apropriando do repertrio de prticas do terceiro setor usualmente referido s onGs , ao incorporarem princpios de gesto, que compreendem fins ambientais e obje-tivos sociais, verifica-se no apenas uma retrica difusa de ambientalizao, como se o respeito ao meio ambiente fosse um princpio universal, mas tambm uma nfase em atividades designadas como comunitrias, participativas e/ou de parceria. concomitantemente verifica-se que as agencias multilaterais reeditam uma noo de etnia, de fundamento primordialista. melhor explican-do: elas preconizam o que chamam de multiculturalismo, considerando como cultura os traos tnicos de grupos cuja identidade definida pela comunida-de de sangue, pela raa, pelos costumes e pela lngua. Assim, tem-se que so vrios e bem disseminados, pelas agencias multilaterais e pelas grandes onGs, os projetos ditos de mapeamento participativo ou de mapeamento comuni-trio. Eles propalam idealmente o que chamam de incluso, isto , incluir nas atividades de elaborao de mapas a populao local. Estas prticas ganha-ram corpo a partir do final dos anos 1980-90, sobretudo com as polticas de zoneamento ecolgico-econmico financiadas pelo Bird. Foram disseminados softwares e incentivados cursos de capacitao, privilegiando as tecnologias de mapeamento e informao geogrfica 5.

    o mapeamento participativo tornou-se, concomitantemente, um quesito dos manuais das agencias multilaterais do mesmo modo que a participao comu-nitria. A implementao de projetos, programas e planos no mais prescinde deste instrumento que idealmente permite populao local se manifestar atravs de audincias e consultas pblicas, quanto aos trabalhos de interveno.. A adoo dos mecanismos chamados de participativos confere legitimidade a estes projetos e programas. Embora sejam chamadas de comunitrias tais experincias consideram, entretanto, os agentes sociais mais como indivduos, cujo somatrio resultaria na comunidade. Para fins de ilustrao consulte-se o manual de orientaes do subprograma de urbanizao de assentamentos subnormais, do Banco interamericano de desenvolvimento, que est sendo adotado em Belm nas obras de saneamento no tucunduva e em manaus no projeto de urbanizao das reas palafitadas. consulte-se tambm os traba-lhos do zoneamento ecolgico-econmico realizados no mbito do PPG-7. As mencionadas experincias, deste modo, afirmam uma existncia serial, no havendo propriamente um coletivo ou uma existncia coletiva, seno uma soma de agentes individualizados, cristalizada numa associao ou forma simi-lar. As consultas e os termos de anuncia so, em decorrncia, produzidos em termos individuais. Prepondera uma viso idealizada de comunidade, a qual

    5 Para maiores detalhes consulte-se Acselrad, 2008.

  • povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    30

    fascculos

    aparece, em verdade, como resultante de uma ao oficial engendrada de cima para baixo. Para Bourdieu esta imposio de comunidade, para que o grupo possa se beneficiar de programas governamentais, trata-se de um trabalho pol-tico 6, que cria condies para uma destruio sistemtica dos coletivos (Bour-dieu, 1998:137).

    nesta ordem pode-se asseverar que o PncsA se distingue dos chamados mape-amentos participativos e da serialidade que propem. Evita confundir audincia pblica com consulta, mostrando que so fases distintas do processo de parti-cipao. Para efeito de contraste verifica-se, em primeiro lugar, que no define ou prope como devem participar e nem to pouco possui uma metodologia que discipline a ao dos membros da comunidade nas atividades do proje-to 7. Exerce tambm uma anlise crtica tanto com respeito abordagem primor-dialista, apontando-a como esttica e naturalizadora, quanto com respeito abordagem instrumentalista, que reduz a etnicidade a uma fonte de vantagens materiais atendendo a interesses de diferentes grupos sociais. o PncsA critica o arbitrrio das classificaes externas e, ao contrrio destas abordagens, ao aten-der s demandas de povos e comunidades tradicionais, propicia condies de possibilidade para que cada comunidade possa ter acesso a instrumentos que lhes permitam uma representao cartogrfica intrnseca. Efetiva isto ao minis-trar noes elementares de GPs ou propiciar meios para que alguns membros destas comunidades, por elas mesmas selecionados, tenham noes de ArcGis e de outras ferramentas tecnolgicas para se auto-cartografarem. Para tanto que o PncsA promove oficinas de mapas, que estimulam uma discusso aber-ta, e condies de possibilidades para uma autodefinio 8 coletiva. Quem defi-ne a elaborao do mapa, quem participa de sua construo, quando e como, selecionando o que relevante para ser nele inserido, so os participantes da prpria oficina realizada na comunidade escolhida e aqueles que com eles se agruparam. o mapa consiste, nesta ordem, num produto desta atividade cole-tiva que autnoma e independente do prprio PncsA. A ao do PncsA se restringe s relaes de pesquisa construdas com os grupos estudados, base-adas na confiana mtua, e aos critrios de competncia e saber acadmicos ora inspirados na antropologia e na sociologia, ora na geografia e na prpria cartografia social que aparece articulada com a pesquisa etnogrfica. As relaes de pesquisa j consolidadas asseguram a fidedignidade das informaes levan-tadas e evidenciam os critrios seletivos, sobre quais dados so relevantes para integrar o mapa, adotados pelos membros das comunidades.

    6 Cf. Bourdieu, 1998.

    7 Cf. Almeida, 2003.

    8 Cf. Barth, 1969.

    MONOPLIO DA ARTE DE MAPEAR

    cabe lembrar que historicamente o monoplio de produzir mapas consistia num atributo das formaes militares e dos famosos colgios de cartgrafos de que tanto nos fala o literato argentino Borges:

    En aquel Imperio, el arte de la Cartografia logro tal perfeccin que el mapa de una sola provincia ocupaba toda una ciudad, y el mapa del Imperio, toda una provincia. Con el tiempo, esos mapas desmesurados no satisfi-cieron y los colegios de cartgrafos levantaron uno mapa del Imperio, que tena el tamao del Imperio y coincida puntualmente con l. Menos adic-tas al estudio de la Cartografia, las generaciones siguientes entendieron que ese dilatado mapa era intil (suarez miranda: viajes de varones prudentes, libro cuarto, cap. XLv. Lrida,1658) 9

    Foucault 10, Bourdieu 11 e rancire 12, no obstante as diferenas entre eles, foram leitores atentos de Borges e refletiram sobre as relaes entre classificao e territrio, cartografia e identidade regional e tnica. Em suas interpretaes discutem como a produo destes mapas imperiais estava ligada aos Estados dinsticos e aos seus interesses de conquista militar e de apropriao de recursos naturais estratgicos. A incorporao de novos territrios aos Estados nacionais articulava-se com esta capacidade cartogrfica militar. rancire toma-a como instrumento analtico para discutir o quo absurdos foram os critrios institudos pelas cabeas pensantes das grandes potncias para criar identidades tnicas na guerra da Bsnia e no bombardeio de sarajevo em 1991.

    COMPETIO E MERCADO: QUEBRA DO MONOPLIO?

    mais recentemente o monoplio das formaes militares e geogrficas em produzir mapas comeou a ser quebrado. As agencias multilaterais, acompa-nhando o desenvolvimento das foras produtivas, que instituram o mercado dos equipamentos para cartografia visando sua circulao em massa para um pblico amplo e difuso estabeleceram as bases de cooperao com onGs. A primeira iniciativa desta ordem concerne s atividades referidas ao zonea-

    9 Cf. Jorge Luis Borges, El hacedor. Buenos Aires. Alianza Editorial, 2006, p.119.

    10 Cf. Foucault, 1966.

    11 Cf. Bourdieu, 2005.

    12 Apparemment la raison occidentale a fait des progrs depuis lors. Et les ttes politiques pensantes des grandes puissances ont rcemment parrain un accord de paix pour lex-Yougoslavie recon-naissant de facto le partage de la Bosnie-Herzgovine entre trois ethnies: l ethnie serbe, lethnie croate et lethnie musulmane. La liste est certes moins riche en imagination que celle invente par Borges mais pas moins aberrante. Dans quelle genre commun un philosophe pourrait-il nous apprendre distinguer lespce croate de lespce musulmane? Nous pourrions imaginer bien des variations sur un tel modle. Par exemple une nation amricaine dcoupe en ethnie chrtienne, ethnie fminine, ethnie athe et ethnie immigre. On dira quil ny a pas l matire plaisanterie. Jen suis bien convaincu. (Rancire, 2005;15)

  • 31

    fascculos povos e comunidades tradicionais nova cartografia social

    mento ecolgico-econmico (ZEE), coordenado por rgos governamentais, que passaram a contratar servios de consultoria diversos. mesmo no caso do sivAm/siPAm 13 as empresas produtoras de software, com suas patentes e direi-tos de propriedade intelectual, se pronunciaram resolutas exigindo o cumpri-mento de contratos de uso. Estas iniciativas convergem para uma nova forma de monoplio, manifesta atravs da propriedade intelectual de programas e equipamentos, no atrelada aos Estados burocrtico-racionais, mas s empre-sas privadas. As agencias multilaterais dinamizaram, inclusive, a ao de uma instituio especfica: a organizao mundial de Propriedade intelectual omPi vinculada diretamente omc. tem-se um captulo de novas tenses, sobretudo quando instituies acadmicas e universidades pblicas comeam a se colocar neste campo de conhecimentos com suas tcnicas e programas de mapeamen-to de acesso gratuito.

    Ao mesmo tempo, como j foi assinalado, tem-se iniciativas de atualizao de projetos de cartografia militar em reas consideradas estratgicas do ponto de vista ambiental e dos recursos naturais. no caso da regio amaznica brasileira, especificamente, o governo brasileiro instituiu, a partir de 2008, o Projeto carto-grafia da Amaznia 14, mobilizando as foras armadas e indstria de aerolevan-tamento. trata-se de uma tentativa oficial de retomar e atualizar levantamentos cartogrficos que haviam sido paralisados dcadas antes 15.

    constata-se que tenses com as novas estratgias empresariais de sensoria-mento remoto marcam os aparatos de estado, que buscam no perder as suas prerrogativas institucionais. As tentativas de redefinio do Estado explicitam ademais uma tendncia na ao dos planejadores, que sacrifica as funes sociais do prprio Estado. neste sentido, os povos e comunidades tradicionais ainda esto ausentes dos trabalhos oficiais de mapeamento. de igual modo os censos demogrficos persistem com categorias censitrias que reproduzem os critrios cromticos de 1872, dificultando a publicizao da diversidade cultural

    13 O SIPAM (Sistema de Proteo da Amaznia) executa o projeto de cartografias terrestres, geolgi-cas e nuticas para tentar acabar com vazios cartogrficos existentes na regio amaznica. O servio de sensoriamento foi iniciado pelo Municpio de So Gabriel da Cachoeira (AM) no final de 2008, na regio conhecida como Cabea do Cachorro, fronteira com a Colmbia e a Vene-zuela. O Projeto Cartografia da Amaznia coordenado pelo SIPAM e vinculado Casa Civil da Presidncia da Repblica e sua execuo envolve as Foras Armadas e a Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM).

    14 O Subprojeto cartografia terrestre, sob responsabilidade tcnica do Servio Geogrfico do Exrcito assim apresentado em folder oficial: A rea da Amaznia Legal superior a 5 milhes de km2. Ela possui 1/3 das florestas tropicais da Terra. Acolhe a maior diversidade biolgica do planeta e abriga o maior rio e a maior bacia de gua doce do mundo. Todas essas caractersti-cas evidenciam esta regio como rea estratgica de alto interesse para os brasileiros. Impe-se a necessidade de continuar sua integrao ao ambiente nacional. Para isso, o governo federal oficializou em 2008, o Projeto de Implantao do Sistema de Cartografia da Amaznia, com intui-to de mapear a rea de 1,8 milhes de km2 que no possui informaes cartogrficas terrestres adequadas: o chamado Vazio cartogrfico (...)

    15 Importa sublinhar que desde 1988 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE vem produ-zindo estimativas anuais das taxas de desflorestamento da Amaznia Legal. Trata-se de um dos dispositivos mais significativos de monitoramento da Amaznia.

    na regio amaznica. no se relativiza, em decorrncia a persistncia dos vazios demogrficos nos planos oficiais. tal ausncia consiste numa constante nas aes governamentais relativas Amaznia. As tentativas dos representantes dos movimentos sociais na comisso nacional de desenvolvimento sustentvel de Povos e comunidades tradicionais de instituir uma pesquisa nacional acerca de quais e quantos so estes povos e comunidades, objetivando chegar a um novo elenco de categorias de identidade, no tem logrado xito.

    As tenses e antagonismos tornam-se, em decorrncia, freqentes nos gabine-tes governamentais, refletindo os conflitos sociais que abalam a estrutura agrria. Aumentam as incertezas sobre o destino do incrA e o iBAmA tem suas compe-tncias rediscutidas, sem dizer das presses conservadoras no legislativo, visan-do alterar o cdigo Florestal e reduzir a rea de reserva legal nos imveis rurais. Juntamente com este anteprojeto de lei (APL) cabe citar a Ao de inconstitucio-nalidade (Adin) do ex-PFL contra o decreto 4887, que define os procedimentos de demarcao das terras de quilombos. os interesses ligados ao mer