CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA - Rede Mobilizadores - Uma ... · PDF fileA palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era ... Através

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  • COLABORADORES Texto e pesquisa

    Ana Carolina Vinholi - Cientista SocialLuzia Pereira - Irm FranciscanaMarcos Jos de Abreu - Eng. Agrnomo

    (Cepagro) Paloma Gallegos - Biloga

    Tratamento de imagens e editorao eletrnica

    Fernando Angeoletto - Jornalista (Cepagro)

    CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA Com enfoque agroecolgico

    IlustraesEugnio de Faria Neves

    Apoio publicaoAo Social Arquidiocesana (ASA) e

    Ao Social So Joo Evangelista (Biguau) e Ao Social So Vicente (Itajai)Pesquisa e fotos

    acervo CEPAGROData de Impresso

    Outubro de 2009

    FOTO DA CAPA Horta Comunitria no Bairro Espinheiros - Comunidade do Portal (Itaja, SC)

  • CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA

  • APRESENTAO

    preciso cuidar da vida! E para isto precisamos fazer uma revoluo. Mas qual? A revoluo tica. Quando falamos de tica, falamos de comportamentos.

    Esta cartilha a colheita de vrias experincias de pessoas e grupos que assumiram uma atitude de cuidado para com as diversas formas de vida, acreditando que, como diz um provrbio africano, muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudar a face da terra.

    Cada pgina dela quer provocar em ns um olhar para nossa maneira de nos relacionarmos entre ns e com todas as formas de vida que existem no planeta. Ns humanos, no somos os nicos seres vivos que habitam a terra. Somos convidados e convidadas a ter uma atitude de respeito e de contemplao, de cuidado e de compromisso com a vida em todas as suas formas e expresses. O convite buscar um novo jeito de se relacionar com as pessoas, com a natureza, com os meios de produo e chama prtica cotidiana do consumo consciente e solidrio. Outra provocao apostar nas redes solidrias,

    que ligam pessoas e grupos que propem e praticam uma forma solidria de produzir, de distribuir, de consumir e organizar a vida no planeta.

    A cidade espao de oportunidade de troca e convivncia com o diferente. Estamos muito prximos com o que pblico: a rua, a praa, a gua, a terra, o direito vida digna...So as coisas que pertencem a todos/as. A cidade o espao onde possvel organizar a vida de forma coletiva nas coisas pblicas. a possibilidade de juntos/as criar espaos e formas para resgatar nossas histrias e sabedoria de vida. Quantos de ns saimos do rural e agora vivemos na cidade. Continuamos carregando nossos sonhos. O desafio recri-los nesse novo contexto, que a vida urbana. Continuamos na nossa casa comum, cuidando da natureza e da vida nas diversas expresses. No mudamos de casa. Mas o espao diferente. Talvez menor, mais apertado... mas a casa a mesma.

    Eis o grande convite: respeitar a terra e a vida em toda sua diversidade, assumindo atitudes de cuidado, respeito,

    A TERRA NOSSA ME

    Comece por voc mesmo a mudana que prope ao mundo (Gandhi)

    Com enfoque agroecolgico

  • responsabilidade e solidariedade, sabendo que no temos outra casa para morar coletivamente seno esta, o planeta terra.

    Eis tambm o grande apelo, que nos vem da Carta da Terra: que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverncia face vida, pelo compromisso firme de alcanar a sustentabilidade, intensificao da luta pela justia e pela paz, e a celebrao alegre da vida.

    Que possamos, a exemplo de So Francisco de Assis, homem universal e amante da vida, a cultivarmos sempre mais uma atitude de reverncia e cuidado, na vivncia da irmandade entre ns e com a criao. Que possamos dizer com ele: Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irm e me Terra, que nos sustenta e governa, e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas.

    Irm Luzia Pereira

    CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA

  • SUMRIO

    APRESENTAO...................................................................................3

    HISTRICO DA AGRICULTURA ..............................................................7

    AGRICULTURA TRADICIONAL DOS INDGENAS BRASILEIROS ................9

    AGRICULTURA NO PERODO COLONIAL..............................................10

    REVOLUO INDUSTRIAL...................................................................10

    PS-GUERRA......................................................................................11

    REVOLUO VERDE .......................................................................12

    URBANIZAO / LITORALIZAO NO BRASIL......................................15

    AGRICULTURA URBANA.......................................................................17

    AGROECOLOGIA..................................................................................19

    CONTROLE BIOLGICO.........................................................................26

    BIBLIOGRAFIA................................................................................................36

    Com enfoque agroecolgico

  • CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA

  • Durante milhes de anos, o ser humano se alimentou atravs da caca, da pesca e da coleta de frutos e razes.

    Na pr-histria, em torno de 12000

    A.C., Comearam a surgir as primeiras formas de agricultura (domesticao de espcies de vegetais) e pecuria (domesticao de animais), junto com a formao das primeiras aldeias agrcolas. Nesse perodo, o uso do fogo e de algumas ferramentas, assim como do esterco animal, passaram a fazer parte do cotidiano dos aglomerados urbanos, os quais deram origem s cidades.

    No Brasil, antes da chegada dos portugueses, as populaes indgenas que viviam no litoral alimentavam-se, basicamente, de peixes e crustceos, abundantes na costa brasileira. Esses restos alimentares deram origem aos fsseis chamados de sambaquis. Alm disso, consumiam razes (mandioca, car, tais), frutas (pitanga, jabuticaba, ara) e praticavam a caa de pequenos animais nas reas prximas Mata Atlntica.

    HISTRICO DA AGRICULTURA

    Com enfoque agroecolgico

  • Os colonizadores europeus, a partir de 1500, realizaram a devastao das vegetaes litorneas brasileiras, iniciadas com a exportao do pau-brasil como matria-prima para tingir tecidos. A explorao continuou devastando a floresta para plantar, produzir e extrair:

    E para onde iam estes produtos? Cruzavam o Oceano com destino Europa, com muitos pases vidos pelo consumo.

    Os colonizadores encontraram condies timas de fertilidade, gua em abundncia que favoreceram o sucesso na produo e o enriquecimento dessas naes que exploraram os recursos que durante milhares de anos os ndios cuidaram, manejaram, observando e conhecendo os ciclos naturais. Pois tinham a Terra como uma me e um ser vivo. Mesmo assim foram mortos e/ou escravizados pelos colonizadores que apenas visavam o lucro.

    Levaram muitos produtos e trouxeram seus modelos de construo das cidades, com a idia que tanto quanto riquezas e poderes polticos se concentrem na mo de poucos.

    Caf Cana Gado Ouro

    CARTILHA DE AGRICULTURA URBANA

  • AGRICULTURA TRADICIONAL DOS INDGENAS BRASILEIROS Antes da chegada dos europeus

    Amrica, havia aproximadamente 100 milhes de ndios no continente. S em territrio brasileiro, esse nmero chegava a 5 milhes de nativos, aproximadamente.

    O primeiro contato entre ndios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos c o m p l e t a m e n t e distintos.

    Os indgenas nessa poca viviam da caa, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijo, abbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada com sabedoria, tendo como base o respeito aos ciclos naturais. Para o plantio, a colheita e cuidados observavam sempre os perodos da lua, tambm utilizavam a tcnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio) com rotao das reas.

    Os ndios domesticavam animais de pequeno porte como, porco do mato e capivara. No conheciam o cavalo, o boi e a galinha.

    As tribos indgenas possuam uma relao baseada em regras sociais, polticas e religiosas, especfica para cada grupo. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimnias de enterro e ao estabelecer alianas contra um inimigo comum.

    Os ndios faziam objetos utilizando as matrias-primas da natureza. Vale lembrar que ndio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessrio para a sua sobrevivncia. Desta maneira, construam canoas, arcos e flechas

    e suas habitaes (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cermica tambm era muito utilizada para fazer potes, panelas e utenslios domsticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimnias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo. (Fonte: www.suapesquisa.com)

    CURIOSIDADE: Voc sabia que o URUCUM

    usado pelos ndios, usado no lugar do extrato de tomate industrializado?

    Com enfoque agroecolgico

  • A maioria dos grandes proprietrios acreditava na explorao extensiva dos sistemas de produo, atravs da expanso das fronteiras agrcolas, abandonando as lavouras atuais quando estas no tivessem mais produtividade satisfatria e indo em busca de novas reas reiniciando, assim, o ciclo de explorao da fertilidade dos solos. Esta era a cultura nmade de expropriao do solo brasileiro, na qual pouco se pensava nas consequncias negativas dos manejos agropecurios empregados, especialmente no que diz respeito destruio florestal.

    AGRICULTURA NO PERODO COLONIAL

    (Fonte: www.planetaorganico.com.br)Em meados do sculo XVIII e no sculo

    XIX, aps um crescimento contnuo da grande lavoura de exportao ( cana-de-aucar), que se confundiu com a expanso do caf pelas serras e vales do interior da provncia do Rio de Janeiro, comearam a aparecer sinais evidentes de que a agricultu