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Carolina Lopes R3 Pneumologia e Alergia Pediátrica - HIJPII Agosto 2016
§ K.H.R.A
§ SEXO MASCULINO
§ 2ANOS 3MESES
§ NATURAL B. HORIZONTE
§ INTERNAÇÃO 18/07/2016
§ Trata-se de criança transferida da UPA Leste com relato de apresentar há 3 dias quadro de prostração e sonolência.
§ Avó relata que em 16/07, criança apresentou febre e vômitos associados a tremores por todo o corpo, sem perda de esfíncteres ou alteração do nível de consciência, com melhora espontânea (calafrio? crise convulsiva?).
§ Em 17/07, teve o último pico febril pela manhã e permaneceu sonolento durante todo o dia.
§ Em 18/07, devido a piora do estado geral e sonolência, mãe a levou para atendimento em UPA, apresentava-se prostrado, com GC 59 mg/dl, taquipneia leve sem esforço, satO2 98% em ar ambiente e desidratado.
§ Realizado expansão volêmica (SF 0,9% - 750 ml), mantendo quadro de prostração, irritabilidade e ECG 11-12, e então transferido para CGP.
§ HPP: Pré-natal sem intercorrências, parto normal a termo, nasceu bem. Icterícia neonatal tratada com fototerapia.
Vacinas em dia.
Nega: internações prévias, uso de medicamentos, cirurgias ou alergias.
História de episódios de sibilância recorrentes com necessidade de uso de
B2, com boa resposta.
§ HF: Sem patologias familiares conhecidas
• Admitido prostrado, irritado, desidratação moderada, sem esforço respiratório,
• Afebril há mais de 30h, em uso de Ceftriaxona 500 mg 12/12h e em jejum desde noite anterior.
• Realizada expansão volêmica 10 ml/kg devido à mucosa oral mais seca e saliva espessa, sem sinais de choque.
• Apresentou 3 episódios de olhar fixo, associado a ausência de resposta a estimulo tátil de curta duração – cerca de 10 s (crise de ausencia?).
• Já havia sido presenciado logo à admissão 1 episódio de movimentos mastigatórios por cerca de 10 segundos.
§ Exames Complementares:
§ 18/07- PCR 267,1 Ureia 24 Cr 0,3 Na 136 K 3,3
§ Rx de tórax- ausência de consolidações
§ TCC (18/07) - Ausência de sinais de HIC. Presença de área hiperdensa em córtex parietal superior e bilateralmente, aparentemente com menor mielinização, inespecífica segundo o radiologista.
§ ECG: bradicardia sinusal
§ Ao exame: Sonolento, corado, desidratado moderadamente, hipotérmico 35,1C, anictérico, acianótico.
§ SN: nível de consciência oscilante ( ECG 9-14). Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Presença de
rigidez de nuca e Brudzinski positivo.
§ AR: FR: 50 irpm. MVF sem RA, sem esforço respiratório. SatO2: 98%
§ ACV: BNRNF em 2 T. Pulsos periféricos amplos e rítmicos. PCP < 3".FC: 60-80 bpm. PA: 80/50 mmHg.
§ AD: abdome normotenso, sem massas ou visceromegalias, aparentemente indolor.
§ HD: Meningite viral? Bacteriana?
§ CD: Ajustado dose Ceftriaxona 100mg/Kg/dia 12/12h
Aciclovir 500mg/m2 de 8/8h
Hemograma, hemocultura, PCR, gasometria
Solicitado vaga em CTI
Monitorização
Expansão volemica
Dieta suspensa e soro iso AH 100
§ Paciente com quadro de neurológico inalterado, alternando momentos de rebaixamento com momentos acordado.
§ Hemodinamicamente estável, sem uso de aminas. Em ar ambiente. Sem intercorrências.
§ Afebril desde a admissão. Não realizado punção lombar até o momento devido à plaquetopenia importante (11.000),
§ Presença de hipocalemia, realizado correção rápida.. Apresentou 2 episódios de vômitos borráceos.
§ Exames: Hb 9,8, Ht 29,2%. GL 14.100 (mielócitos 1%, 30% bastonetes, 50% segmentados, 2% eosinófilos, 4% monócitos, 13% linfócitos) Plaquetas 11.000
Na 137. K 2,8. Cl 116. Ca 5,94. Lactato 1,20.
RNI 1,36. AP 66%. TP 15". PTTA 28,7".
§ Hipóteses diagnósticas: § - Meningite - viral? bacteriana? § - Hipocalemia em tratamento § - Clinicamente estável
§ Conduta: § - Aguarda transfusão de plaquetas solicitada pela manhã § - Manter transfusão de plaquetas de 12 em 12 horas § - Soroterapia de manutenção K2 § - Iniciado ranitidina 1mg/Kg/dose 6/6h> Omeprazol § - Programar PL amanhã
§ Febre
§ Punção lombar: líquido turvo, amarelado
16000 leucócitos ( L3 S97), 1130 hemácias, glicose < 20, proteina 592
Gram: numorosos cocobacilos gram negativos
Látex negativo
Cultura aguarda > negativa
§ Neurológico: alterna sonolência com estado de alerta. Pupilas isocóricas e fotorreativas. Sinais de irritação meningea presentes.
§ ALO: Edema no MIE, com curativo no joelho esquerdo. Sem limitação de movimento porém com dor à movimentação do membro. Presença de dor à mobilização do MID, com dor e edema local.
§ ACV: RCR 2T, BNF, sopro sistolico II/VI, extremidades aquecidas, pulsos cheios e simétricos, PCP<2s, FC 119 bpm. PA 1108x50 mmHg.
§ AR: MVF, sem RA. FR 24 irpm. SatO2 95-96% em ar ambiente.
§ Abdome plano, normotenso. Fìgado palpável a 2cm de RCD.
§ Períneo íntegro, sem lesoes
§ HD:
§ Meningite bacteriana – em tratamento
§ Artrite septica no joelho E e D – em tratamento em PO de artrotomia
§ Hipocalemia tratada
§ Clinicamente bem
§ CD:
§ - Cobrar resultados de gram e cultura de liquor;
§ - Cobrar resultado de PCR em liquor de amostra enviada para a Funed em 22/07;
§ - Cobrar cultura de secreção do joelho esquerdo (22/07)
§ - Mantidos Oxa (D3) e Ceftriaxona (D7)
§ - Nova avaliação ortopedia edema joelho D: realizada abordagem cirúrgica - artrotomia e lavagem exaustiva, com saída de moderada quantidade de secreção amarelada de joelho direito.
§ Sem sinais de irritação meningea
§ Ortopedia: evoluindo bem
§ Exames: Hb: 8,7. Ht: 26,9. VCM: 73/ HCM: 23,4. GL 20.800 (B2 S68 E L19) Plaq 926.000
PCR: 227,5
Ur: 15. Cr: 0,32. Mg 2,3/ Ca 8,5/ P 4/ Na 144/ K 4,6 / Cl 105
TGO: 20/ TGP: 26/ BT: 0,15 (BD: 0,15 / BI: 0)/ FA: 175/ GGT 61
Proteínas totais: 5,1/ Albumina: 2,5
RNI 1,29/ ativ. 71% // TTP: amostra 35,9
§ 26 e 27/07/2016: Bem clinicamente e mantendo febre
§ 28/07/2016: Resultado de PCR no liquor positivo para Haemophilus influenzae
Piora edema joelho esquerdo: punção de secreção serossanguinolenta
CD: Programação manter Ceftriaxona (D11) e Oxacilina (D7) até 05/08 (21dias)
Punção lombar: 20 leucócitos (L85 S8), 3 hemácias, glicose 23, prot 295
Nova TC crânio: sem evidências de hidrocefalia, abscessos ou empiema,
sem outras alterações.
01/08: PCR 80,5. Hb 9,5. Ht 27. GL8500 (B5 S34 E4 L50) Plaq 989.000
03/08: Mantém febre e sinais flogisticos em joelhos:
§ 03/08: Ecocardiograma: sem alterações
§ Meningite por Haemophilus mesmo após 3 doses de vacina: Imunodeficiência ?
§ 03/08: Perfil imunológico
§ 05/08 Líquor: 410 leucócitos (L49/M9/N42) // Hm 45 // Glicose 33 // Proteinas 146 Latex negativo // Gram ausencia de germes coraveis.
Piora do liquor > Empiema?? > Tc crânio com contraste: sem alteração
§ 08/08 Exames: (02/08) IgA 10 // IgG 422 // IgM 71 // CH50 140
Hipoglobulinemia primária??
Solicitado nova dosagem de Imunoglobulinas (IgG e IgA séricos)//
Solicitado Isoaglutininas, dosagem de IgG e IgM para Rubéola
Solicito Anticorpos para Pneumococo
Reponho Imunoglobulinas: 400 mg/kg/dose
Aguardo Imunofenotipagem
§ Imunofenotipagem de linfócitos : GL 9930
TCD3+ 3702
BCD19+ 17 = 0,41%
CD16+ 391
CD56+ 391
NK 391
NKT81
DIHIDRORODAMINA: oxidação neutrofílica
HD: Hipogamaglobulinemia primária - Síndrome de Bruton
§ Criança ativa, brincando, sorridente, aceitando bem dieta, senta sem apoio, anda com apoio. Joelhos sem sinais flogisticos e boa mobilidade .
§ Alta hospitalar (D10 cloranfenicol completos)
§ Programado Imunoglobulina de 21/21dias
§ Acompanhamento: Neuro, ortopedia, otorrino, fisio, imunologia
QUANDO SUSPEITAR DE IDP?
§ Agamaglobulinemia ligada ao X (ALX), Agamaglobulinemia congênita ou Sindrome de Bruton
§ Primeira imunodeficiência primária descrita
§ 1952 pelo Dr. Ogden Bruton
- menino 8 anos, infecção bacteriana recorrente, eletroforese de proteínas com ausência da fração gamaglobulina > tratado com imunoglobulina SC com melhora
§ Formalmente referida como agamaglobulinemia ligada ao X (XLA) > gene defeituoso foi mapeado para o gene que codifica tirosina-cinase de Bruton (Btk) localizada na banda Xq21.3 do braço longo do cromossomo X (1993)
§ Imunodeficiência hereditária em que há defeito na maturação da célula B
§ Doença é causada por uma mutação da Btk.
§ Mais de 600 mutações foram identificadas – substituições, inserções ou deleções
§ Mutações em BTK são encontrados em todas as áreas do gene.
§ Em alguns casos mais leves de XLA, a proteína Btk é ainda presente, embora numa forma mutada e em quantidades menores.
§ O defeito básico na XLA é uma falha nos precursores dos linfócitos B, que não permite que se transformem em linfócitos B e por fim em plasmócitos.
Uma vez que não possuem as células responsáveis pela produção de imunoglobulinas, estes doentes apresentam graves deficiências de imunoglobulinas
§ Prevalência:
- Estados Unidos: 1 caso por 250.000 indivíduos
- Europa Central e Oriental: 1 caso por 1.400.000
- França: 1 caso por 70.000-90.000
§ Os pacientes que receberam IVIG antes 5 anos têm taxas de morbidade e de mortalidade mais baixas
§ Infecções virais pulmonares e causam mais de 90% de mortalidade.
§ Geralmente vivem 70 anos
§ XLA é um distúrbio que afeta apenas os homens. Nenhuma mulher portadora com qualquer doença clínica relacionada com o alelo mutante foi identificado.
§ Iniciam após queda de Ig materna transferida via placentária § Processos infecciosos a partir do segundo semestre de vida: respiratória, cutânea,
diarréia > bactérias encapsuladas § Casuística em estudo americano: 20% diagnosticado no primeiro ano de vida Idade média 35 meses (desconhecimento ??) História familiar § 30% infecções graves> sepse, abscesso profundo, pioderma gangrenoso, meningite § Maior susceptibilidade a infecções virais. Maior para enterovirus (echo, coxsackie, poliovírus) > encefalite cronica § Micoplasma, ureaplasma > articulação, pulmão, trato urogenital § Giárdia > dor abdominal, diarréia cronica, hipoproteinemia Desnutrição > baixo crescimento
§ Em crianças saudáveis, tecidos linfóides -amígdalas e gânglios linfáticos periféricos são pouco desenvolvidos.
§ Rinite tem sido frequente
§ Doença pulmonar crônica > grande responsável por mortalidade
Ig pouco eficaz
Desenvolve mesmo na ausência de processos infecciosos
Plebani et al: 20% ao diagnóstico e 13% durante seguimento
§ Risco para carcinoma de intestino em idade precoce ??
§ Risco para hipertensão, cardiopatia, tromboembolismo, diabetes, neoplasias > adulto
§ Dado mais característico: redução de todas as Ig
IgG < 200
IgA e IgM < 20
§ Redução de células B periféricas CD19+ < 2% ( VR 5-20%)
§ Neutropenia tem sido descrita
Fonte: Pardini
§ Considerar em qualquer paciente com hipoglobulinemia e cels B CD19+ < 2% em sangue periférico, com infecção de repetição nos primeiros anos de vida
§ 1999: Soc. Europeia para Imunodeficiencias e Grupo Pan-Americano para Imunodeficiencias estabeleceram critérios para diagnóstico, divido em definitivo, provável, possível
§ Reposição de gamaglobulina > principal tratamento
Falha: aumento de morbimortalidade
§ Gamaglobulina venosa e Intramuscular (primeiro uso em 1952), mais recente SC
Mínimo de 1000 doadores, deve conter distribuição de subclasses semelhante à população normal
Pode transmitir doenças infecciosas – especialmente vírus (raro)
Fracionamento de Cohn-Onckley
§ Diferentes marcas de gamaglobulinas para aplicação EV e devem seguir normas conforme recomendação da OMS:
§ Dose inicial: 400mg/kg de Imunoglobulina a cada 4 semanas – individualizar
§ Manter livre de infecções graves e manter nível de IgG ,colhido antes da administração, > 500mg/dL
§ Pouco eficaz para reduzir enteroviroses, sinusite e bronquiectasias
§ Efeitos adversos varia de 1-15% > velocidade de infusão, agregados de IgG, ativação de complemento
- Leve: calafrio, febre, dor muscular, rubor facial, náusea, cefaleia
- Moderada: vômitos, dor torácica, cheira
- Grave: anafilaxia 1: 500 a 1: 1000 infusões
§ Antibioticoterapia profilática ?
Alguns centros recomendam : SMZ/TMP, clavulin
§ Evitar imunizações – vírus vivos
§ Agamaglobulinemia. Rev. Bras. Alerg. Imunopatol. Vol 28, 2005.
§ Bruton Agammaglobulinemia. Medicine.medscape.com, Updated: Jun 08, 2016.
§ Mutações no gene da tirosina quinase de Bruton (Btk) de pacientes brasileiros com agamaglobulinemia ligada ao X (XLA). Braz J Med Biol Res vol.43 no.9 Ribeirão Preto Sept. 2010.
§ Sistema imunitário – Fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B. Rev. Bras. Reumatol. vol.50 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2010.
BOM DIA !!!