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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA, VISANDO O REUSO Ronei Tiago Stein Lajeado, novembro de 2012

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE … · Ronei Tiago Stein CARACTERIZAÇÃO E ... ensinamentos de vida. Ao meu irmão, Fabrício, ... 3.6 Principais parâmetros analisados

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA, VISANDO O REUSO

Ronei Tiago Stein

Lajeado, novembro de 2012

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Ronei Tiago Stein

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA, VISANDO O REUSO

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro

Universitário UNIVATES, como parte dos requisitos

para a obtenção do título de bacharel em Engenharia

Ambiental.

Orientador: Ms. Gustavo Reisdörfer

Lajeado, novembro de 2012

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Ronei Tiago Stein

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA, VISANDO O REUSO

A banca examinadora abaixo aprova o trabalho de conclusão de curso II apresentado ao

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, do Centro Universitário Univates, como parte da

exigência para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental:

Prof. Ms. Gustavo Reisdörfer – orientador

UNIVATES

Prof. Dra. Eniz Conceição de Oliveira

UNIVATES

Daniel Henrique Kreutz

Químico Industrial

Lajeado, novembro de 2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, especialmente, a Deus por toda força, saúde e iluminação.

Aos meus pais, Jeremias e Waldi, por toda dedicação, amor, confiança e

ensinamentos de vida.

Ao meu irmão, Fabrício, que sempre me apoiou e ajudou em todas minhas decisões.

A minha namorada, Bárbara, por toda compreensão, amor e carinho nesta

caminhada.

A todos os professores, em especial ao meu orientador Gustavo, e a Eniz, pelo

empenho, incentivo e tempo disposto no auxilio deste trabalho.

A Jerusa Bruxel e Daniel Henrique Kreutz, pelo tempo, compreensão, amizade e

informações passadas.

Ao pessoal do Laboratório de Água e Efluente do Centro Universitário Univates, pela

ajuda e colaboração para realização das analises.

A todos os colegas que de uma forma ou outra, contribuíram com críticas e sugestões

para o enriquecimento deste projeto.

Muito Obrigado!

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RESUMO

Com o aumento das atividades humanas principalmente na agricultura e na indústria, houve

um aumento do consumo de água, a qual está distribuída no planeta terra em apenas 2,53% de

forma doce. Sendo assim, todo e qualquer projeto que envolva a redução ou reuso de água é

de fundamental importância. O reuso planejado já vem sendo adotado em muitas empresas,

favorecendo uma redução no consumo de água, bem como uma redução do grau de poluição

que a mesma possa gerar. Diante disso, o presente estudo buscou caracterizar o efluente de

uma indústria alimentícia do Vale do Taquari - RS, analisando o sistema de tratamento de

efluentes utilizados pela empresa atualmente visando o reaproveitamento do mesmo. Foram

realizadas análises do efluente de todas as etapas de tratamento para diagnosticar o grau de

eficiência da estação de tratamento. Os parâmetros escolhidos para análise físico-química

foram DBO, DQO, Cloretos, Fósforo Total, Nitrogênio Total, Sólidos Suspensos, Sólidos

Voláteis, Sólidos Totais, Sólidos Fixos, pH, Carbono Orgânico Total e turbidez. Para a

caracterização microbiológica, foram analisados Coliformes Totais e Coliformes

Termotolerantes. Através do método jar test, realizou-se testes com o agente coagulante

Sulfato de Alumínio e Cloreto de Ferro, com a intenção de comparar a eficácia no tratamento

do efluente. Com os resultados obtidos, a empresa poderá suprir algumas necessidades de

água não potável com a água de reuso.

Palavras-chave: Água, indústria de alimentos, reuso, JAR TEST, Sulfato de Alumínio,

Cloreto de Ferro.

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ABSTRACT

With the increase of human activities especially in agriculture and industry, there was an

increase in water consumption, which is distributed on planet earth in only 2.53% so sweet.

Therefore, any project that involves the reduction or reuse of water is critical. The planned

reuse already being adopted in many companies, favoring a reduction in water consumption

and a reduction in pollution degree that it can generate. Therefore, this study aimed to

characterize the effluent from a food industry Taquari Valley - RS, analyzing the effluent

treatment system currently used by the company in order to reuse it. Analyses of the effluent

of all the treatment steps for diagnosing the efficiency of the treatment plant. The parameters

chosen for physicochemical analysis were BOD, COD, Chloride, Total Phosphorus, Total

Nitrogen, Suspended Solids, Volatile Solids, Total Solids, Fixed Solids, pH, turbidity and

Total Organic Carbon. For microbiological characterization were analyzed Total Coliforms

and fecal coliform. By the method jar test, testing was conducted with the coagulating agent

aluminum sulphate and ferric chloride, with the intention to compare the efficacy in treating

the effluent. With these results, the company can meet some needs of non-potable water with

reuse water.

Keywords: Water, reuse, JAR TEST, Aluminum Sulfate, Iron Chloride.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Consumo de água per capita pelo homem .............................................................. 19 Quadro 2 - Classificação das águas de acordo com a Resolução nº 357/05 ............................. 21 Quadro 3 - Associação entre os usos da água e os requisitos de qualidade. ............................ 23

Quadro 4 - Principais parâmetros a serem investigados numa análise de água. ...................... 30 Quadro 5 - Graus de tratamento ............................................................................................... 35

Quadro 6 - Operações unitárias de tratamento de efluentes ..................................................... 36 Quadro 7 - Vazão específica média de empresas alimentícias ................................................. 45

Quadro 8 - Vazão específica média de empresas alimentícias ................................................. 54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição da água no planeta ............................................................................... 19

Figura 2 - Distribuição de água no Brasil ................................................................................. 20 Figura 3 - Consumo anual de água por tipo de uso na América Latina. .................................. 22 Figura 4 - Fluxograma das etapas de produção adotadas pela empresa ................................... 50 Figura 5 - Sistema de cascateamento e tanque de aeração ....................................................... 51

Figura 6 - Fluxograma das etapas de tratamento ...................................................................... 52 Figura 7 - Aparelho de Jar Test ................................................................................................ 55 Figura 8 - Comparativo do grau de eficiência do efluente bruto versos gradeamento ............. 62

Figura 9 - Comparativo do grau de eficiência do gradeamento versos tanque de aeração....... 63 Figura 10 - Comparativo do grau de eficiência do tanque de aeração versos decantador de

finos .......................................................................................................................................... 64 Figura 11 - Comparativo do grau de eficiência do decantador de finos versos efluente final . 65 Figura 12 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com

diferentes dosagens de Sulfato de Alumínio (2) ....................................................................... 69

Figura 13 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com

diferentes dosagens de Cloreto de Ferro III anidro (2) ............................................................. 70 Figura 14 – Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com as

dosagens de Sulfato de Alumínio (2) ajustado ......................................................................... 71 Figura 15 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com as

dosagens de Cloreto de Ferro (2) ajustado ............................................................................... 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Padrões de qualidade estabelecidos para reuso de água em descarga sanitária ...... 41 Tabela 2 - Identificação dos pontos de coleta........................................................................... 53 Tabela 3 - Quantidade dos agentes coagulantes ....................................................................... 57

Tabela 4 - Dosagem dos agentes coagulantes ajustados........................................................... 58 Tabela 5 - Resultados obtidos com o grau de eficácia de cada etapa de tratamento ................ 60

Tabela 6 - Comparativos do efluente final da empresa com a Resolução CONSEMA 128/2006

e Manual da FIESP para reuso de água. ................................................................................... 66

Tabela 7 - Resultados com diferentes dosagens de Sulfato de Alumínio ................................. 68 Tabela 8 - Resultados com diferentes concentrações de Cloreto de Ferro III anidro ............... 69 Tabela 9 - Resultados dos testes com o ajuste do coagulante Sulfato de Alumínio ................. 71

Tabela 10 - Resultados dos testes com o ajuste do coagulante Cloreto de Ferro III anidro ..... 72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

%: percentual

ABES: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

a.C.: antes de Cristo

ºC: Grau Celsius

CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONSEMA: Conselho Estadual do Meio Ambiente

Cl-: Cloreto

COT: Carbono Orgânico Total

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO: Demanda Química de Oxigênio

ETE: Estação de Tratamento de Efluente

FEPAM: Fundação Estadual de Proteção Ambiental

FIESP: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

H+: íon hidrogênio

ISO: International Organization Standardization

km³: quilômetro cúbico

L: Litro

m³: metro cúbico

m³/dia: metro cúbico por dia

mg: miligrama

mg/L: miligrama por litro

nº: número

N: Nitrogênio

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NBR: Norma Brasileira

NMP: Número Mais Provável

O: Oxigênio

OD: Oxigênio Dissolvido

OH-: Hidróxido

P: Fósforo

pH: potencial Hidrogeniônico

ppm: partes por milhão

rpm: rotações por minuto

RS: Rio Grande do Sul

SDT: Sólido Dissolvido Total

SS: Sólido Suspenso

SST: Sólido Suspenso Total

TCCII: Trabalho de Conclusão de Curso II

Ton: tonelada

UH: Unidade Hazen

UT: Unidade de Turbidez

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 17

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 17 2.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 18

3.1 Água no Planeta Terra .................................................................................................. 18

3.2 Classificação dos Recursos Hídricos ............................................................................ 20 3.2.1 Uso da Água ................................................................................................................. 22 3.3 Características Qualitativas da Água ............................................................................ 24

3.3.1 Características Físicas................................................................................................... 25

3.3.2 Características Químicas .............................................................................................. 26

3.3.3 Características Microbiológicas ................................................................................... 29

3.4 Efluentes Líquidos ........................................................................................................ 30 3.4.1 Geração de Efluentes .................................................................................................... 30

3.4.2 Sistemas de Tratamento de Efluentes ........................................................................... 31

3.4.2.1 Tratamento Prévio .................................................................................................... 31 3.4.2.2 Tratamento Primário ................................................................................................. 32 3.4.2.3 Tratamento Secundário ............................................................................................. 33 3.4.2.4 Tratamento Terciário ................................................................................................ 34 3.4.3 Processos de Tratamento .............................................................................................. 35

3.4.4 Operações Unitárias ...................................................................................................... 36 3.5 Reuso de Água .............................................................................................................. 37 3.5.1 Reuso de Água na Indústria .......................................................................................... 39 3.5.2 Aspectos legais para reuso de água .............................................................................. 40 3.6 Principais parâmetros analisados visando o reuso ........................................................ 42

3.7 Trabalhos Relacionados ................................................................................................ 43 3.8 Estimativa do consumo de água gasto na empresa ....................................................... 44

3.9 Jar Test .......................................................................................................................... 46 3.10 Principais agentes coagulantes ..................................................................................... 46

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 48

4.1 Local de Estudo ............................................................................................................ 48 4.2 Processo de Industrialização ......................................................................................... 48 4.3 Etapas do Sistema de Tratamento ................................................................................. 50

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4.3.1 Amostragem e conservação das amostras .................................................................... 52

4.4 Ensaios de Tratamento com a adoção de Jar Test ........................................................ 55 4.4.1 Determinação do pH ..................................................................................................... 55 4.4.2 Parâmetros analisados após tratamento físico-químico ................................................ 56 4.4.3 Determinação da dosagem do agente coagulante ......................................................... 56 4.4.4 Realização dos testes com a dosagem dos agentes coagulantes ajustados ................... 57

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 59

5.1 Caracterização do efluente............................................................................................ 59 5.2 Testes comparativos com diferentes dosagens dos agentes coagulantes ...................... 67 5.3 Testes comparativos com os valores dos agentes coagulantes ajustados ..................... 70

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 75

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 77

ANEXOS .................................................................................................................................. 80

ANEXO A – Planta baixa da ETE, com indicativo dos locais de coleta das amostras de

efluente ..................................................................................................................................... 81

ANEXO B – Relatórios de ensaios dos efluentes .................................................................... 83

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1 INTRODUÇÃO

Vida e água: estas duas palavras possuem por si só uma dependência que remete à

importância da água para o dia-a-dia da sociedade. Na prática, a água é uma substância

fundamental para os seres vivos, atuando como veículo de assimilação e eliminação de muitas

substâncias pelos organismos, além de servir para manter estável a temperatura corporal

(TELLES e COSTA, 2007).

Embora o planeta tenha três quartos de sua superfície coberta por água, é necessário

considerar que apenas uma parcela desta quantidade pode ser aproveitada para atividades

humanas, ou seja, deve-se considerar apenas uma pequena parte deste total que refere-se à

água doce (MIERZWA e HESPANHOL, 2005).

A preocupação com o meio ambiente, em especial com a água, tem sido o foco de

diversas ações ambientais, uma vez que este recurso é finito e inclusive já está se tornando

escasso em algumas regiões. As indústrias, em especial da área alimentícia, vêm se

destacando como as maiores consumidoras deste recurso devido à multiplicidade de usos a

que se destina dentro do processamento industrial (RAMJEAWON, 2000).

O Vale do Taquari, localizado no interior do Rio Grande do Sul, contribui de forma

significativa para o desenvolvimento econômico do Sul do país, sendo destaque na área de

produção de alimentos e, consequentemente, grande gerador de efluentes, que devem ser

tratados em Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) a fim de que atinjam os parâmetros

exigidos pela legislação, uma vez que se lançados indevidamente, com os seus poluentes

característicos, causam alteração de qualidade nos corpos receptores, resultando em poluição

(OLIVEIRA; ARAÚJO; FERNANDES, 2009).

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A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros que

expressam as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Na prática, os

efluentes gerados podem variar em função do tipo de empresa geradora, natureza e porte da

indústria, grau de modernidade de seus processos, tipos de matérias-primas empregadas e da

presença ou não de iniciativas de reuso destes (CAVALCANTI, 2009). Por esse motivo não

existe um procedimento único de tratamento de resíduos líquidos que possa ser aplicado em

todas as situações.

Segundo Von Sperling (2005), a classificação dos processos de tratamento de

efluentes pode ser feita de acordo com o seu nível e eficiência, ou seja, de acordo com a

finalidade desejada e sua complexidade, sendo adotadas diferentes tecnologias para a

depuração do efluente.

Figueiredo (1999) ressalta que saber identificar a origem da queda de eficiência das

ETE’s e definir as melhores condições de operação é uma tarefa complexa. O método

tradicional utilizado para avaliação e melhoria de desempenho de ETEs baseia-se em análises

periódicas de parâmetros físico-químicos, as quais fornecem informações indiretas sobre as

condições depurativas do sistema. A avaliação do tipo de efluente a ser tratado é de

fundamental importância para se definir o tipo de processo e o nível de tratamento que uma

ETE deve alcançar (VON SPERLING, 2005).

A maioria das ETEs existentes é antiga e/ou possui baixa automação. As

consequências disso são o elevado custo operacional, a baixa eficiência e o grande

desperdício de produtos químicos utilizados no processo, além dos possíveis problemas com

os órgãos fiscalizadores ambientais (DEZOTTI, 2008).

O presente trabalho fará uma caracterização do efluente de uma Indústria Atacadista

de Frutas e Verduras, localizada no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Será analisada a

eficácia do sistema de tratamento presente na empresa, para uma possível reutilização de água

em fins menos nobres.

O reuso de efluente industrial já ocorre em vários lugares, através da aplicação em

sistema de produção de água quente ou vapor, alimentação de caldeiras, resfriamento, água de

processos sanitários, lavagem de tanques e de peças, lavagem de gases e chaminés (TELLES;

COSTA, 2007).

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A água para reuso poderá ter fins de abastecimento de descargas sanitárias,

arrefecimento do telhado, lavagem de caminhões, lavagem de piso e irrigação de jardins.

Desta forma, espera-se contribuir para a redução do consumo de água potável para fins menos

nobres, bem como a quantidade de efluente a ser descartado, colaborando assim para uma

maior sustentabilidade hídrica na empresa.

Estima-se que atualmente a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da Indústria em

questão, trate cerca de 30 m³/dia. Na empresa não há hidrômetros para saber precisamente o

consumo de água. O efluente que chega até a ETE é oriundo do processamento mínimo de

vegetais antes de serem redistribuídos para supermercados ou outras empresas.

O monitoramento da qualidade dos efluentes da Indústria é baseada na Resolução do

Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) nº 128 de 2006. A Resolução dispõe

sobre a fixação de padrões de emissão de efluentes líquidos para fontes de emissão que

lancem seus efluentes em águas superficiais no estado do Rio Grande do Sul.

Nas redondezas da empresa, não se encontram recursos hídricos favoráveis para

receber a demanda de água. O solo do local é argiloso, dificultando a infiltração da água

tratada. Deste modo, o reuso de água seria uma solução para resolver a problemática da

empresa, desde que sejam atendidos os padrões para não haver riscos à saúde humana ou

danos ao sistema de tratamento.

Cabe ressaltar, que este reuso inicialmente seria de forma parcial, já que não há

demanda para reutilizar 30m³/dia de efluente na empresa. Porém, ao se conseguir resultados

satisfatórios, o reuso poderia ocorrer de forma total num futuro.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar e caracterizar as etapas de tratamento de efluente de uma Indústria Atacadista

de Frutas e Verduras, a fim de verificar a eficácia do sistema de tratamento de efluentes, com

o intuito final da reutilização desta água.

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar o efluente gerado com as atividades da empresa;

Avaliar o atual sistema de tratamento de efluentes da empresa;

Estimar o volume diário de água utilizada em alguns fins menos nobres, como

descargas sanitárias, arrefecimento do telhado, lavagens de caminhões e

limpeza de pisos;

Verificar a Legislação em vigor para reuso de água;

Avaliar a utilização de processos físico-químicos como alternativa para o

tratamento dos efluentes visando o reuso;

Avaliar o reuso da água.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Água no Planeta Terra

A água é de fundamental importância para todos os seres vivos, caso contrário não

haveria vida no planeta Terra. No ser humano, mais de 60% de seu peso são constituídos de

água. Todas as substâncias absorvidas por um organismo são realizadas por via aquosa (VON

SPERLING, 2005; BRANCO, 1993).

Mierzwa e Hespanhol (2005) comentam que o volume total de água no planeta é de

1.385.984.00 km³, porém apenas 2,53% deste total é composto por água doce, um percentual

muito baixo para suprir as necessidades de uma população que chega próxima aos 7 bilhões.

Porém, esta água doce pode ser encontrada de diferentes maneiras no planeta. Sabe-se que

0,29% destas águas estão disponíveis como águas superficiais, e 31,01% como águas

subterrâneas. O restante, 68,70%, esta sob a forma de geleiras ou coberturas de neve. Na

Figura 2 pode-se observar a distribuição de água no planeta Terra.

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Figura 1 - Distribuição da água no planeta

Fonte: Mierzwa e Hespanhol (2005)

Segundo Macêdo (2001) a evolução do homem, ao longo de diferentes períodos da

história, levou a um aumento no consumo per capita de água (QUADRO 1).

Quadro 1 - Consumo de água per capita pelo homem

Homem Volume (Litros/dia)

100 anos a.C. 12

Romano 20

Século XIX (cidades pequenas) 40

Século XIX (cidades grandes) 60

Século XX 800

Fonte: Macêdo (2001)

No ano 2000, 29 países não possuíam água para toda a sua população. Estima-se que

até 2050, cerca de 50 países não terão água suficiente para seus habitantes. Enquanto que em

Nova York se consome cerca de 2.000 litros/habitante/dia, na África este valor cai para 15

litros/habitante/dia (MACÊDO, 2001).

No território brasileiro encontram-se 12% da água doce do mundo, mas a mesma não

está igualmente distribuída. No Norte encontram-se 68,5% dos recursos hídricos, já no

Nordeste apenas 3,3% de água são encontrados, Sudeste 6%, Sul 6,5% e Centro-oeste 15,7%

(TOMAZ, 2001; BOTEGA, 2007). Na Figura 3 tem-se a distribuição de água por região no

Brasil.

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Figura 2 - Distribuição de água no Brasil

Fonte: adaptado de Botega (2007)

Na Amazônia, encontram-se apenas 5% da população brasileira, e cerca de 80% de

água doce. Já no Nordeste, vivem em torno de 1/3 da população nacional com apenas 3,3% de

recursos hídricos (MACÊDO, 2001).

Considerando o crescimento populacional, juntamente com a degradação da qualidade

da água, já se percebe sérios problemas relacionados com a escassez deste bem (TELLES;

COSTA, 2007). No Brasil, apenas 8% dos municípios possuem tratamento adequado de

esgoto e 58% não possuem estação de tratamento de água. Nos hospitais, 72% das internações

são de pacientes vítimas de doenças de origem hídrica (MACÊDO, 2001).

3.2 Classificação dos Recursos Hídricos

Para poder definir critérios e condições para os mananciais hídricos, estabeleceu-se

uma classificação para as águas, em função dos seus usos. Classificação esta descrita na

Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 20/86. Com isto, teve-se

um grande avanço em relação ao controle de poluição, sendo possível o enquadramento dos

recursos hídricos de uma bacia hidrográfica (MOTA, 2003).

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A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, revogou a Resolução

CONAMA nº 20/86, dispondo de diretrizes ambientais e prevendo uma classificação dos

corpos hídricos, além de estabelecer condições e padronizações para o lançamento de

efluentes.

As águas doces, salobras e salinas em território Brasileiro, foram classificadas

segundo a qualidade requerida para diferentes fins. Sendo as mesmas divididas em classes,

conforme Quadro 2.

Quadro 2 - Classificação das águas de acordo com a Resolução nº 357/05

CLASSE USOS

ÁGUAS

DOCES

Classe Especial

Abastecimento doméstico, sem prévia ou com simples desinfecção

Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas

Classe 1

Abastecimento doméstico, após tratamento simplificado

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho)

Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se

desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de

película

Criação natural e/ ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à

alimentação humana

Classe 2

Abastecimento doméstico, após tratamento convencional

Proteção das comunidades aquáticas

Recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho)

Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas

Criação natural e/ ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à

alimentação humana

Classe 3

Abastecimento doméstico, após tratamento convencional

Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras

Dessedentação de animais

Classe 4

Navegação

Harmonia paisagística

Usos menos exigentes

ÁGUAS

SALINAS

Classe 5

Recreação de contato primário

Proteção das comunidades aquáticas

Criação natural e/ ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à

alimentação humana

Classe 6

Navegação comercial

Harmonia paisagística

Recreação de contato secundário

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CLASSE USOS

ÁGUAS

SALOBRAS

Classe 7

Recreação de contato primário

Proteção das comunidades aquáticas

Criação natural e/ ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à

alimentação humana

Classe 8

Navegação comercial

Harmonia paisagística

Recreação de contato secundário

Fonte: Adaptado da Resolução CONAMA nº 357/05

3.2.1 Uso da Água

Von Sperling (2005) e Marengo (2008) ressaltam os principais usos da água, sendo

estes: abastecimento doméstico; abastecimento industrial; irrigação; dessedentação do homem

e animais; preservação da flora e da fauna; recreação e lazer; criação de espécies; geração de

energia elétrica; navegação; harmonia paisagística; diluição e transporte de despejos.

Na América Latina, pode-se destacar a agricultura como principal consumidor de

água. A área industrial ocupa o segundo lugar, seguido do uso doméstico. Estes valores

variam de diferentes continentes e países, devido a inúmeros fatores, como cultura,

disponibilidade hídrica e economia (MACÊDO, 2001).

Figura 3 - Consumo anual de água por tipo de uso na América Latina.

Fonte: Macêdo (2001)

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Von Sperling (2005) associa os principais requisitos de qualidade com os

correspondentes usos da água. Em casos de corpos d’água com usos múltiplos, a qualidade

deve atender aos requisitos dos diversos usos previstos.

Quadro 3 - Associação entre os usos da água e os requisitos de qualidade.

Uso geral Uso específico Qualidade requerida

Abastecimento

de água

doméstico

-

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde

- Isenta de organismos prejudiciais à

saúde

- Adequada para serviços domésticos

- Baixa agressividade e dureza

- Esteticamente agradável (baixa

turbidez, cor, sabor e odor; ausência de

macrorganismos)

Abastecimento

Industrial

Água é incorporada ao produto (ex:

alimentos, bebidas, remédios)

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde

-Isenta de organismos prejudiciais à

saúde

- Esteticamente agradável (baixa

turbidez, cor, sabor e odor)

Água entra em contato com o produto - Variável com o produto

Água não entra em contato com o produto

(ex: refrigeração, caldeiras) - Baixa dureza

- Baixa agressividade

Irrigação

Hortaliças, produtos ingeridos crus ou com

casca

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde

-Isenta de organismos prejudiciais à

saúde

- Salinidade não excessiva

Demais plantações

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais ao solo e às plantações

- Salinidade não excessiva

Dessedentação

de animais -

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde dos animais

- Isenta de organismos prejudiciais à

saúde dos animais

Preservação da

flora e fauna -

- Variável com os requisitos ambientais

da flora e da fauna que se deseja

preservar

Agricultura

Criação de animais

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde dos animais e dos

consumidores

- Isenta de organismos prejudiciais à

saúde dos animais e dos consumidores

- Disponibilidade de nutrientes

Criação de vegetais

- Isenta de substâncias químicas tóxicas

aos vegetais e aos consumidores

- Disponibilidade de nutrientes

Recreação e

lazer

Contato primário (contato direto com o meio

líquido; ex: natação, esqui, surfe)

- Isenta de substâncias químicas

prejudiciais à saúde

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Uso geral Uso específico Qualidade requerida

- Isenta de organismos prejudiciais à

saúde

- Baixos teores de sólidos em suspensão e

óleos e graxas

Contato secundário (não há contato com o

meio líquido; ex: navegação de lazer, pesca,

lazer contemplativo)

- Aparência agradável

Geração de

energia

Usinas hidrelétricas - Baixa agressividade

Usinas nucleares ou termoelétricas (ex: torres

de resfriamento) - Baixa dureza

Transporte - - Baixa presença de material grosseiro

que possa por em risco as embarcações

Diluição de

despejos

- -

Fonte: Adaptado por Von Sperling (2005)

3.3 Características Qualitativas da Água

A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente. Contudo, por ser

considerada um dos melhores solventes existentes, raramente é encontrada em estado absoluto

de pureza. Dos elementos químicos que se tem conhecimento, a maioria é encontrada de

alguma maneira em águas naturais (RICHTER; NETTO, 2005).

Richter e Netto (2005) comentam que a água possui características físicas, químicas e

bacteriológicas, determinadas por uma série de parâmetros. Antes de analisar e identificar os

parâmetros, é preciso saber para qual fim será utilizado esta água.

As características das águas são resultado de uma série de fatores que ocorrem no

corpo hídrico ou na bacia hidrográfica. A capacidade de dissolução varia de acordo com a

substância lançada e com o transporte pelo escoamento superficial e subterrâneo (LIBÂNIO,

2008).

Ao se realizar a análise da água, é preciso associar aos requisitos mínimos exigidos

para cada tipo de aplicação. Os padrões de qualidade devem ser embasados em suporte legal,

através de legislações que definem os requisitos para o uso desta água (TELLES; COSTA,

2007).

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3.3.1 Características Físicas

Macêdo (2001) ressalta que as características físicas podem ser perceptíveis pelo

homem através de seus sentidos. A água deve ser transparente, sem cor e sem cheiro. Segundo

Richter e Netto (2005) as características físicas das águas são de pouca importância na

questão sanitária e normalmente são fáceis de determinar.

A turbidez é a alteração da penetração da luz por partículas em suspensão. O aumento

de turbidez reduz a zona eufótica, ou seja, a zona onde a fotossíntese ocorre (MACÊDO,

2001). Sólidos suspensos, contagem de partículas e turbidez referem-se à mesma

característica e possuem significados semelhantes em termos de qualidade de água

(LIBÂNIO, 2008).

As medidas de turbidez e sólidos em suspensão auxiliam na identificação de possíveis

partículas e colóides que poderiam causar obstruções nas instalações hidráulicas. Pois os

colóides combinados com surfactantes (oriundos de detergentes) podem causar estabilização

na fase sólida (BAZZARELLA, 2005).

A temperatura possui uma grande influência sobre outras propriedades. Por ser uma

medida de intensidade de calor, acelera reações químicas, reduz a solubilidade de gases e

ainda acentua a sensação de sabor e odor (RICHER; NETTO 2005).

Ainda, segundo Mota (2003), a cor é outro ,indicador de qualidade física. Este

indicador é resultante de substâncias em solução com diferentes origens, tais como, matéria

orgânica na água, algas, introdução de esgotos industriais e domésticos ou por dissolução de

ferro e manganês.

Além das características citadas acima, pode-se incluir o sabor e odor, originários da

decomposição da matéria orgânica, atividade de microrganismos ou fontes industriais de

poluição. Sendo este indicador de difícil quantificação, pois depende da sensibilidade dos

sentidos humano (MACÊDO, 2001).

A condutividade elétrica varia de acordo com a quantidade de sais dissolvidos na água.

Em outras palavras, é a capacidade da água de transmitir a corrente elétrica. Normalmente

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este indicador é monitorado em estações de maior porte, não sendo um parâmetro integrante

do padrão de potabilidade brasileiro (LIBÂNIO, 2008).

3.3.2 Características Químicas

Telles e Costa (2007) descrevem as características químicas como substâncias

dissolvidas que podem vir a causar alterações nos valores dos parâmetros de potencial

Hidrogeniônico (pH), alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, nitrogênio,

fósforo, oxigênio dissolvido, matéria orgânica e inorgânica.

Conforme Macêdo (2001) os parâmetros químicos permitem:

- Classificar a água por seu conteúdo mineral, através de íons presentes;

- Determinar o grau de contaminação, permitindo determinar a origem dos principais

poluentes;

- Caracterizar picos de concentração de poluentes tóxicos e as possíveis fontes;

- Avaliar o equilíbrio bioquímico que é necessário para a manutenção da vida

aquática, permitindo avaliar as necessidades de nutrientes (MACÊDO, 2001, p. 36).

O pH representa o potencial hidrogeniônico de uma solução e é calculado pelo

cologarítmo da concentração de H+ (íons hidrogênio) no sistema, sendo sua variação de 0 a

14, onde inferior a 7 indica um pH ácido, 7 neutro e acima de 7 alcalino. Deve-se tomar

cuidado, pois um pH baixo torna a água corrosiva, podendo vir a danificar tubulações ou

partes metálicas de equipamentos utilizados nos sistemas de tratamento. Quando o pH é

elevado, formam-se incrustações nas tubulações, provocando entupimentos. Logo, o indicado

é um pH na faixa de 6 a 9 (MOTA, 2003).

Outro parâmetro químico é a alcalinidade, que segundo Von Sperling (2005) define

como a quantidade de íons presentes na água que reage para neutralizar os íons hidrogênio.

Em outras palavras, é a medição da capacidade da água de neutralizar os íons hidrogênio.

Quando se trata de potabilização das águas para o consumo humano, a alcalinidade

possui uma função primordial. A coagulação reduz de maneira significativa o pH, após a

adição do agente coagulante, reduzindo a dureza e prevenindo contra corrosão em tubulações

(LIBÂNIO, 2008).

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Outro parâmetro químico que merece destaque é a acidez, possuindo capacidade de

alterar bruscamente o pH, devido, basicamente, a concentração de dióxido de carbono (CO2).

Quanto à origem, pode ser natural, pela absorção dos H+ da atmosfera e decomposição da

matéria orgânica, ou antrópica, pelo lançamento de despejos industriais ou domésticos. Do

mesmo modo que a alcalinidade, a acidez pode vir a provocar corrosão em encanamentos e

tubulações (LIBÂNIO 2008).

Mota (2003) comenta que a dureza é resultado da presença de sais alcalinos terrosos,

como cálcio e magnésio, ou de outros metais em concentração menor. Na presença de

quantidades elevadas na água, provocam sabor desagradável e efeitos laxativos, além de

formar incrustações nas tubulações e caldeiras.

Ao se tratar de abastecimento público e tratamento, são necessárias algumas

interpretações. A água com dureza menor que 50 mg.L-1

de CaCO3 é considerada mole ou

branda, entre 50 e 150 mg.L-1

de CaCO3 dureza moderada, de 150 e 300 mg.L-1

de CaCO3 é

considerada dura e com valores acima de 300 mg.L-1

de CaCO3 pode-se dizer que é muito

dura (VON SPERLING, 2005).

Richter e Netto (2005) ressaltam que o ferro e manganês são parâmetros de

fundamental importância. Os mesmo conferem a água um sabor amargo, adstringente e dá a

água uma coloração avermelhada no caso do ferro, ou marrom no caso do manganês, devido à

precipitação de ferro e manganês quando oxidados. São adotados os valores de 0,3 mg.L-1

para a concentração de ferro e inferior a 0,1 mg.L-1

para manganês. Quando os valores

ultrapassam os 0,5 mg.L-1

, causa sabor metálico nas águas, além de ser altamente prejudicial,

principalmente em caldeiras para geração de vapor.

Lenzi et al. (2009), comenta que os cloretos, juntamente com os sulfatos e

bicarbonatos fazem com que a água tenha um sabor salino, além de serem laxativos,

principalmente em concentrações maiores. Os cloretos e sulfatos, combinados com Ca2+

e

Mg2+

, causam dureza permanente da água. Se tolera um valor de 250 mg.L-1

para ambos,

enquanto que para os sólidos totais o limite não pode ultrapassar de 1000 mg.L-1

.

O nitrogênio também faz parte da lista de características químicas, pois é um dos

elementos principais para o crescimento de algas, porém, em excesso, ocasiona um acelerado

crescimento desses organismos. Quando ocorre este fenômeno, temos a chamada

eutrofização. Normalmente, a grande quantidade de nitrogênio está associada à origem

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antrópica, decorrente do lançamento de despejos domésticos, industriais e de criadouros de

animais (MOTA, 2003; LIBÂNIO, 2008).

Do mesmo modo que o nitrogênio, o fósforo também é essencial para crescimento de

algas, mas em grandes quantidades, provoca eutrofização do recurso hídrico. Suas principais

fontes são dissolução dos compostos contendo fósforo do solo, decomposição da matéria

orgânica, esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes e excrementos de animais

(MOTA, 2003; MACÊDO, 2001).

Segundo Von Sperling (2005), alguns valores podem ser utilizados como indicador do

estado de eutrofização de corpos hídricos. Valores de fósforo abaixo de 0,01-0,02 mg L-1

,

considerado não eutrófico, entre 0,01-0,02 e 0,05 mg L-1

tem-se um estado intermediário e

valores acima de 0,05 mg L-1

ocorre um ambiente eutrófico.

Águas superficiais límpidas se encontram saturadas de O2. A concentração do oxigênio

que está dissolvido na água depende diretamente da concentração e da natureza da matéria

orgânica dissolvida na mesma. Esta matéria orgânica consome oxigênio ao se decompor,

principalmente com o aumento da temperatura, e num ambiente anaeróbico, pode vir a matar

os outros organismos por asfixia (LENZI et al., 2009).

A matéria orgânica presente nos corpos d’água e nos esgotos é uma característica de

fundamental importância. Nas análises laboratoriais, há uma grande dificuldade em

determinar os componentes orgânicos, devido sua variedade de formas e compostos em que

esta pode se apresentar. A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química

de Oxigênio (DQO) são os parâmetros mais utilizados, seguido da medição do Carbono

Orgânico Total (COT) (VON SPERLING, 2005).

Von Sperling (2005) comenta ainda que a grande maioria dos poluentes inorgânicos é

tóxica, em especial os metais. Os mais comuns de serem encontrados dissolvidos na água são

o arsênio, cádmio, cromo, chumbo, mercúrio e prata. As atividades antrópicas, como despejos

industriais, atividades mineradoras, atividades de garimpo e agricultura são as responsáveis

por esta origem.

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3.3.3 Características Microbiológicas

As características estão relacionadas aos diversos microrganismos que habitam o

ambiente aquático. Sua importância manifesta-se no controle de transmissão de doenças e na

degradação da matéria orgânica realizada por bactérias (TELLES; COSTA, 2007; LIBÂNIO,

2008).

A biota presente em lagoas de estabilização é formada por algas, bactérias,

protozoários e fungos. Estes organismos reproduzem-se na medida em que há alimento

disponível. Em um ambiente aeróbio, as bactérias metabolizam a matéria orgânica,

convertendo-a em dióxido de carbono e água (KELLNER et al., 1998).

Branco (2010) comenta que as análises laboratoriais verificam a presença ou não de

matéria fecal, através de bactérias pertencentes ao grupo denominado de coliformes

termotolerantes. A presença destas bactérias na água indica sempre a presença de esgotos,

logo, tem-se a possibilidade de haver bactérias patogênicas.

De acordo com Rose et al. (2002) apud Bazzarella (2005), a quantidade de bactérias

aeróbias, como os coliformes termotolerantes, aumenta durante as primeiras 48 horas de

estocagem e depois fica relativamente estabilizada por, aproximadamente, 12 dias.

A água residual, antes de ser lançada em um recurso hídrico, deve passar por

tratamento em Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), a fim de que atinja os parâmetros

exigidos pela legislação, uma vez que se lançada indevidamente com os seus poluentes

característicos, causa alteração de qualidade nos corpos receptores, resultando em

contaminação das águas superficiais e subterrâneas, bem como do solo. (OLIVEIRA;

ARAÚJO; FERNANDES, 2009).

O Quadro 4 apresenta a relação dos principais parâmetros que devem ser analisados

em amostras de água.

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Quadro 4 - Principais parâmetros a serem investigados numa análise de água.

Características

Parâmetro

Águas para abastecimento Águas

residuárias

Corpos

receptores

Água superficial Água subterrânea Bruta

Tratada Rio Lago Bruta Tratada Bruta Tratada

Parâmetros

Físicos

Cor X X X(1) X X X

Turbidez X X X X X X

Sabor e odor X X X X

Temperatura X X X X X

Parâmetros

Químicos

pH X X X X X X X

Alcalinidade X X X

Acidez X X

Dureza X X

Ferro e manganês X X X X

Cloretos X X

Nitrogênio X X X X X X X X

Fósforo X X X X

Oxigênio dissolvido X(2) X X

Matéria orgânica X X X X

Micropol. Inorg.

(diversos)(3) X X X X X X X X

Micropol. Orgân.

(diversos)(3) X X X X X X X X

Parâmetros

Biológicos

Organismos

indicadores X X X X X X X X

Algas (diversas)

X X(2) X

Bactérias decomp.

(diversas) X(2)

Notas: (1) Causada por Fe e Mn; (2) Durante o tratamento, para controle do processo; (3) Devem ser aqueles que

possuírem alguma justificativa, devido ao uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica.

Fonte: VON SPERLING (2005)

3.4 Efluentes Líquidos

3.4.1 Geração de Efluentes

Todas as atividades que envolvem a utilização ou o tratamento de água são capazes de

gerar efluentes, que na maioria das vezes, acaba sendo lançado no meio ambiente. Em se

tratando de solo brasileiro, acredita-se que cerca de 92% do esgoto doméstico gerado seja

lançado em corpos hídricos sem nenhum tratamento (MIERZWA, HESPANHOL, 2005;

METCALF, EDDY, 2005).

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Devido à alteração das características dos efluentes e à imposição de limites mais

restritos sobre as descargas de águas residuais, é dada maior ênfase sobre a caracterização de

águas residuais. Como a modelagem dos processos de tratamento é ampla e é usada em

projetos de otimização de processos de tratamento físico, químico e biológico, a

caracterização completa de águas residuais, principalmente de efluentes contendo resíduos

industriais, é cada vez mais importante, portanto, a compreensão da natureza das águas

residuais é de fundamental importância para o projeto e operação da escolha do tratamento,

instalações necessárias e reuso, quando possível (METCALF; EDDY, 2003).

O adequado gerenciamento dos efluentes é importante para minimizar impactos

ambientais, o que exige uma adoção de procedimentos específicos de coleta e tratamento. Os

efluentes gerados pelas atividades industriais devem ser identificados com base em uma

análise dos processos e operações que utilizam a água, tanto como matéria-prima quanto

como produto auxiliar.

Atualmente, o grau de tratamento necessário para o lançamento em um corpo receptor

de efluentes tratados ou não, oriundos de atividades industriais, leva em conta os padrões

legais de emissão e de qualidade. Os padrões de emissão são reportados às características do

efluente lançado, enquanto os padrões de qualidade dependem das características do corpo

receptor deste efluente. Esses padrões de emissão e qualidade são especificados via

legislação: em nível Federal vige a Resolução CONAMA n° 357 de 17 de março de 2005; e a

nível Estadual, vige a Resolução CONSEMA n° 128 de 24 de novembro de 2006, com

parâmetros mais restritivos que a federal (CAVALCANTI, 2009).

3.4.2 Sistemas de Tratamento de Efluentes

3.4.2.1 Tratamento Prévio

O tratamento prévio ou também conhecido como preliminar é a primeira fase de

separação de sólidos. Nesta etapa de tratamento se removem sólidos grosseiros, detritos

minerais (areia), materiais flutuantes e carreados e, por vezes, óleos e graxas. Os mecanismos

de remoção são de ordem física (TELLES ; COSTA 2007).

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Von Sperling (2005) ressalta que as principais finalidades da remoção destes sólidos

grosseiros incluem a proteção dos dispositivos de transporte dos esgotos (bombas e

tubulações; proteção das unidades de tratamento subseqüentes e a proteção de corpos

receptores).

A remoção da areia do efluente tem por finalidade evitar entupimentos, obstruções,

depósitos de materiais em sistemas como tubulação, tanque, orifícios, sifões, facilitando o

transporte líquido do sistema e a transferência de lodos nas mais diversas fases do tratamento

(TELLES; COSTA, 2007).

A remoção da areia é feita com ajuda de desarenadores. O mecanismo de remoção da

areia basicamente é a sedimentação, onde os grãos de maiores dimensões e densidade vão

para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, por ser mais leve, permanece na

superfície (VON SPERLING, 2005).

3.4.2.2 Tratamento Primário

Basicamente, esta etapa de tratamento é constituída por processos físico-químicos,

onde ocorre à passagem do efluente por uma unidade de sedimentação (decantador primário),

após as unidades de tratamento prévio, colaborando desta forma, para melhorar a remoção de

sólidos sedimentáveis. Acredita-se, que somente com o tratamento prévio e o preliminar,

consiga-se remover cerca de 60 a 70% de sólidos em suspensão (SS), de 20 a 45% da DBO E

30 A 40% de coliformes (TELLES; COSTA, 2007).

No decantador primário (que pode ser tanto retangular como circular), o efluente flui

vagarosamente permitindo que os sólidos em suspensão, os quais possuem maior densidade,

sedimentem gradualmente no fundo. Este material sedimentável recebe o nome de lodo

primário bruto, sendo sua remoção necessária, através de raspadores mecânicos, para não

prejudicar a eficácia do tratamento (VON SPERLING, 2005).

Ainda, segundo Von Sperling (2005), pode-se aumentar a eficácia do tratamento

primário com a ajuda de agentes coagulantes. Estes coagulantes podem ser sulfato de

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alumínio, cloreto férrico, auxiliado por um polímero. Da mesma forma, pode-se reduzir o

fósforo, através da precipitação.

Além do decantador primário, encontram-se nesta etapa de tratamento os floculadores,

onde se adiciona produtos químicos, provocando o agrupamento de partículas a serem

removidas. Quanto mais suave à agitação do efluente, melhor para a formação de flocos.

No processo de flotação, trabalha-se com o princípio básico da adesão de microbolhas

de ar na superfície das partículas. Em seguida, ocorre a remoção através da ajuda de

raspadores manuais ou mecânicos (MALLMANN, 2008).

3.4.2.3 Tratamento Secundário

O tratamento secundário ou biológico visa à transformação da matéria orgânica

presente no efluente em gases e tecido celular (lodo biológico). Neste processo, pode-se ter

ainda a transformação ou remoção de nutrientes por transformação, como é o caso do fósforo

e nitrogênio. Ou ainda, em casos mais isolados, remover constituintes e compostos orgânicos

específicos (METCALF & EDDY, 2003).

Von Sperling (2005) ressalta que nesta etapa de tratamento a remoção da matéria

orgânica é efetuada por reações bioquímicas, realizadas por microorganismos. Estes por sua

vez, transformam a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular. Telles; Costa

(2007) ressaltam que pode haver uma remoção tanto da DBO como para Coliformes de 60 a

99%. Já para os nutrientes, pode haver uma redução de 10 a 50%, podendo este valor ser

superior, caso haja unidades específicas para isso.

Os decantadores secundários normalmente estão presentes no tratamento secundário.

Estes são responsáveis pela separação dos sólidos em suspensão presentes no tanque de

aeração, permitindo a saída de um efluente clarificado, consequentemente, há um aumento do

teor de sólidos em suspensão no fundo do decantador (TELLES; COSTA, 2007).

Estes sólidos em suspensão originam o Lodo Ativado, que apresenta alta eficiência no

que se refere à remoção de matéria orgânica em esgotos domésticos e efluentes industriais.

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São sistemas que apresentam certa versatilidade na operação e se comparados a outros tipos

de sistemas biológicos normalmente utilizados no tratamento de resíduos, ocupam menor

espaço físico para implantação (CLAAS, 2007).

No tratamento secundário, todas as etapas de tratamento ocorrem via ação biológica,

dividida em dois ambientes. O ambiente aeróbio é aplicado a todas as variantes de lodos

ativados e lagoas aeradas, nos quais o oxigênio é introduzido artificialmente. Neste ambiente

produz-se maior quantidade de lodo ao invés do processo anaeróbio. Em comparação com o

processo anaeróbio, tem-se a ação de bactérias que sobrevivem na ausência de oxigênio.

Consequentemente tem-se a produção de biogás (biogás = metano, CO2 e outros gases), que

geram menor quantidade de lodo uma vez que parte da matéria orgânica é transformada em

gases (TELLES; COSTA, 2007).

O tratamento anaeróbio é o processo de decomposição orgânica onde as bactérias

anaeróbias, que sobrevivem na ausência de oxigênio, conseguem rapidamente decompor os

resíduos orgânicos. Este tratamento é normalmente adotado quando a carga de matéria

orgânica encontra-se elevada (VON SPERLING, 2005).

3.4.2.4 Tratamento Terciário

O tratamento terciário ou avançado nem sempre esta presente nas ETEs. Geralmente é

constituída de unidades de tratamento físico-químico, tendo como objetivo a remoção

complementar da matéria orgânica e de compostos não biodegradáveis, nutrientes, poluentes

tóxicos, sólidos inorgânicos dissolvidos e sólidos em suspensão remanescentes, e de

patogenias por desinfecção dos esgotos tratados.

O Quadro 5 apresenta uma breve descrição das principais etapas de tratamento de

efluente.

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Quadro 5 - Graus de tratamento

Tratamento Descrição

Tratamento

preliminar

Remove material de granulometria pequena, sólidos em suspensão e parte da matéria orgânica

de esgoto.

Tratamento

primário

Consistem na remoção de sólidos que permaneceram após a primeira etapa, que principalmente

arrastam sólidos em suspensão e matéria orgânica. Normalmente realizado com adição de

produtos químicos que vai forçar a precipitação de sólidos ou por algum tipo de processo de

filtração que é empregado para a remoção de sólidos em suspensão e material graxo (óleos e

graxas) que não foram removidos na primeira etapa.

Tratamento

secundário

É empregado para a remoção, via ação biológica, do material em solução de natureza

biodegradável. É, portanto, característico de todos os processos de tratamento por ação de

micro-organismos.

Tratamento

terciário

Remoção de resíduos sólidos em suspensão que são arrastados do tratamento secundário ou

qualquer outra etapa anterior, e ocorre geralmente por meio de algum tipo de sistema de

filtração. A desinfecção é também tipicamente uma parte do tratamento terciário. A remoção de

nutrientes, quando não é possível na etapa secundária, pode ocorrer numa etapa terciária.

Também, a remoção de compostos orgânicos recalcitrantes e/ou refratários ou ainda na

remoção da cor, de odor ou até mesmo na desinfecção do despejo.

Fonte: Jordão (1997)

3.4.3 Processos de Tratamento

A remoção de contaminantes presentes em efluentes industriais se dá através de

métodos físicos, químicos e biológicos envolvendo processos e operações unitárias de

natureza física, química e biológica, utilizadas isoladamente ou em uma multiplicidade de

combinações (CAVALCANTI, 2009).

Assim, de acordo com Von Sperling (2005) e Metcalf e Eddy (2003), o tratamento de

efluentes pode ser classificado em:

a) Processos físicos: são os processos em que há predominância dos fenômenos

físicos de um sistema ou dispositivo de tratamento, caracterizando-se

principalmente pela remoção de substâncias fisicamente separáveis dos

efluentes, ou que não se encontram dissolvidos. Os principais processos físicos

adotados são: gradeamento, peneiramento, decantadores, caixas de gordura,

remoção da umidade do lodo, filtração, homogeneização;

b) Processos químicos: são os processos em que há utilização de produtos

químicos. São utilizados quando os processos físicos e biológicos não atendem

a demanda de poluentes que se deseja reduzir ou remover. Os principais

processos químicos adotados são: floculação, coagulação, precipitação,

cloração e neutralização de pH;

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c) Processos biológicos: são os processos que dependem da ação de

microrganismos presentes nos efluentes; os fenômenos inerentes à alimentação

são predominantes na transformação dos componentes complexos em

compostos simples, tais como: sais minerais, gás carbônico e outros. Os

principais processos biológicos de tratamento são: oxidação biológica aeróbia,

como lodos ativados, filtros biológicos, valos de oxidação e lagoas de

estabilização; e anaeróbios como reatores anaeróbios de fluxo ascendente, e

digestão de lodo (aeróbia, anaeróbia e fossas sépticas).

3.4.4 Operações Unitárias

Os processos de tratamento dos efluentes são formados por uma série de operações

unitárias e estas são empregadas para a remoção de substâncias indesejáveis, ou para a

transformação destas substâncias em outras de forma aceitável, ou seja, de forma a atender as

legislações de lançamento.

As mais importantes operações unitárias, empregadas nos sistemas de tratamento são

descritas no Quadro 6 (JORDÃO, 1997).

Quadro 6 - Operações unitárias de tratamento de efluentes

Operação

unitária Processo de operação

Arraste com gás Operação pela qual gases são precipitados no esgoto ou tomados em solução pelo

esgoto a ser tratado, pela sua exposição ao ar sob condição elevada, reduzida ou

normal de pressão;

Gradeamento Operação pela qual o material flutuante e a matéria em suspensão que for maior em

tamanho que as aberturas das grades, são retidas e removidas;

Sedimentação Operação pela qual a capacidade de carreamento e de erosão da água é diminuída,

até que as partículas em suspensão decantem pela ação da gravidade e não possam

mais ser levantadas pela ação de correntes;

Flotação Operação pela qual a capacidade de carreamento da água é diminuída e sua

capacidade de empuxo é então aumentada. Coagulação

química Operação onde há adição de substâncias químicas formadoras de flocos

(coagulantes) ao efluente. Precipitação

química Operação de adição de substâncias químicas como sulfato de alumínio e sais de

ferro, com o objetivo de eliminar nutrientes como o fósforo. Filtração Operação pela qual os fenômenos de coar, sedimentar e de contato interfacial

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Operação

unitária Processo de operação

combinam-se para transferir a matéria em suspensão para grãos de areia, carvão, ou

outro material granular, de onde deverá ser removida;

Desinfecção Operação pela qual os organismos vivos infecciosos em potencial são

exterminados;

Oxidação

biológica

Operação pela qual os micro-organismos decompõem a matéria orgânica contida no

efluente ou no lodo e transformam substâncias complexas em produtos finais

simples. Fonte: Jordão (1997)

3.5 Reuso de Água

Para Fiori et al. (2006) a expansão da rede de água para abastecimento urbano no

Brasil, ainda é insuficiente para atender a elevada demanda de água potável nas grandes e

médias cidades.

Diante desta situação, todo e qualquer projeto relacionado ao aprimoramento do uso

de água é importante para contribuir para uma melhor qualidade de vida para a população. A

conservação da água pode ser realizada por várias atividades, tais como a redução da demanda

da água, melhoramento do seu uso e redução das perdas e desperdícios (TOMAZ, 2001). O

reuso de água é considerado uma das principais alternativas para um uso mais racional da

água (MACÊDO, 2001).

Mierzwa e Hespanhol (2005) definem, de maneira geral, o termo reuso de água como

o uso de efluentes tratados ou não para fins benéficos, tais como irrigação, uso industrial e

fins urbanos não potáveis, em substituição à fonte de água normalmente utilizada.

Segundo Telles e Costa (2007), o reuso da água compreende o aproveitamento de um

efluente após uma extensão do seu tratamento. O autor afirma também que não é necessário

tratar todo o esgoto para reutilizá-lo, apesar de que, em alguns casos, exige-se um tratamento

mais aprimorado. Deve-se, portanto levar em consideração as características próprias de

utilização da água para adequá-lo aos padrões de qualidade de água exigidos.

Lavrador Filho (1987) apud Mancuso e Santos (2003), define a prática de reuso como

o aproveitamento de águas já utilizadas em alguma atividade, para suprir necessidades de

outros fins, podendo este ser, inclusive, o original. Ainda, diz que pode ser realizado de forma

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direta ou indireta com ações planejadas ou não planejadas, gerando assim as seguintes

definições:

a) Reuso indireto não planejado: a água utilizada, uma ou mais vezes, para uma

atividade, ou seja, o efluente de uma atividade é destinado ao meio ambiente e

captado em um ponto a jusante ao lançamento;

b) Reuso indireto planejado: o efluente, depois de passar por tratamento, é

destinado ao meio ambiente de forma planejada e consciente, para ser captado

novamente em um ponto a jusante com a intenção do reuso;

c) Reuso direto: o efluente, após ser tratado, é direcionado diretamente ao ponto

em que o reuso será realizado. Este ocorre sempre de forma planejada.

De acordo com Mierzwa e Hespanhol (2005), a prática de reuso pode ser implantada

de duas maneiras: reuso direto de efluentes e reuso de efluentes tratados. O reuso direto de

efluentes compreende o uso de efluente originado por um processo diretamente em outro,

devido às características compatíveis, podendo-se utilizar parcialmente o efluente ou misturá-

lo com a água de abastecimento. Já no caso do reuso de efluentes tratados utilizam-se

efluentes que tenham sido submetidos a um tratamento. Após o tratamento é verificado se o

efluente atinge as características necessárias, caso contrário realiza-se um novo tratamento.

Ainda, o reuso pode ser classificado em duas grandes categorias: potável e não

potável, dependendo de que atividade será o objetivo do reuso (MANCUSO; SANTOS,

2003). Para Telles e Costa (2007) o reuso de água com características similares ao esgoto

doméstico, decorrentes de atividades como higiene, preparação de comidas, entre outras; deve

ser realizado para fins menos nobres, onde não são exigidos os padrões de qualidade de água

potável, por motivos de segurança à saúde pública. Ainda segundo o autor, o reuso para fins

não potáveis auxilia na redução do problema da escassez, substituindo a exploração de

mananciais. Com isso, volumes de água potável são poupados, usando-se água de qualidade

inferior para estas finalidades.

Para fins deste estudo será adotado o conceito de reuso de água, de forma geral,

apresentado por Mierzwa e Hespanhol (2005). O reuso a ser realizado é classificado como

reuso direto, conforme Lavrador Filho (1987) apud Mancuso e Santos (2003); e um reuso de

efluentes tratados conforme Mierzwa e Hespanhol (2005). Ou seja, o efluente será

encaminhado a um tratamento para atender as características necessárias e então encaminhado

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ao reuso não potável (descargas sanitárias, lavagem dos caminhões, lavagem do piso e

circulação de água no telhado para obter um melhor conforto térmico).

A prática do reuso de água, contribui de forma significativa com a redução do volume

de água captado pelo sistema de abastecimento convencional e do efluente gerado pela prática

da atividade. Sobretudo, deve ser adotada no momento em que as características do efluente

disponível sejam compatíveis com os requisitos de qualidade exigidos para a finalidade de sua

aplicação (MIERZWA; HESPANHOL, 2005).

3.5.1 Reuso de Água na Indústria

Silva (2002) comenta que as principais aplicações industriais de efluentes tratados

podem ser classificadas como: reuso para sistemas de água de resfriamento; reuso para

sistemas de produção de água quente ou vapor – caldeiras; reuso em processos industriais;

outros usos menos nobres, como rega de jardins, lavagem de tanques e pátios.

Silva (2002) complementa que existem outros usos industriais podendo ser incluídos

nas atividades da construção civil (preparação de concreto e compactação do solo); lavagens

de peças nas indústrias mecânicas; lavagem de gases de chaminés.

O reuso de água em nível industrial já é uma realidade, porém associadas a iniciativas

isoladas dentro do setor privado. Principalmente, por ser economicamente viável em função

dos custos e por reduzir o volume de efluentes lançados em recursos hídricos (MACÊDO,

2001; TELLES; COSTA, 2007).

Telles e Costa (2007) comentam que os custos elevados da Água Industrial no Brasil,

são um estimulo para que as indústrias adotem o reuso, viabilizando a maximização da

eficiência no uso dos recursos hídricos. Dentre os benefícios do reuso de água no setor

industrial, pode-se citar a maximização da eficiência na utilização dos recursos hídricos;

benefícios referentes à imagem ambiental da empresa (adoção de postura pró-ativa com o

meio ambiente); garantia na qualidade de água tratada; viabilização de um sistema “fechado”,

com descarte mínimo de efluentes; credenciamento da empresa para futuros processos de

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certificação ambiental (International Organization Standardization - ISO 14.000);

independência do sistema público e de suas instabilidades (garantia no abastecimento).

O reuso de água também vem sendo adotado por algumas empresas como forma de

exploração do marketing verde. Com a minimização do volume de efluente gerado, agrega-se

valor ao produto final, bem como aumenta a competitividade ao cliente e consumidor

(CONSTANZI, 1998).

3.5.2 Aspectos legais para reuso de água

Quando se deseja realizar um projeto que promova o reuso de água, devem-se

considerar medidas efetivas de proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Apesar de ser

uma prática relativamente recente, já existem em outros países diversas legislações

específicas sobre este tema. Porém no Brasil, até o presente momento, não existe legislação

federal que regulamente a utilização de fontes alternativas de água.

O manual de Conservação e reuso de água em edificações, realizado pela FIESP

(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) (SAUTCHUK et al., 2005), e a Norma

Brasileira (NBR) 13.969/1997, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),

apresentam padrões de qualidade necessários para alguns tipos de reuso de água não potáveis.

O manual da FIESP (SAUTCHUK et al., 2005), sugere a divisão dos vários tipos de

reuso de água não potável em classes que então resume os critérios de qualidade necessários

de acordo com a atividade.

Segundo este manual, o reuso de água em descargas sanitárias, por exemplo, não deve

apresentar mau cheiro, não ser abrasiva, não manchar superfícies, não deteriorar os metais

sanitários, não propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à

saúde humana. Neste sentido esta atividade enquadra-se na água de reuso classe 1, que

também compreende atividades como lavagem de pisos, roupas e veículos e fins ornamentais

(chafarizes, espelhos de água, etc.).

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De acordo com a NBR 13.969/1997, no item 5.6, as atividades de reuso de água para

fins não potáveis também podem ser divididas em diferentes classes que então apresentam

parâmetros próprios conforme o tipo de reuso. Nesta norma, adotou-se a classe 3, por ser uma

água para reuso de descargas sanitárias.

A Tabela 1 mostra alguns padrões de qualidade necessários estabelecidos pelas duas

referências citadas acima para o reuso em descarga de vasos sanitários.

O manual da FIESP (SAUTCHUK et al., 2005), traz informações a respeito de

parâmetros necessários para obter a qualidade para o reuso da classe 1, tais como índice

máximo de coliformes fecais como item prioritário para garantir segurança.

Tabela 1 - Padrões de qualidade estabelecidos para reuso de água em descarga sanitária

Parâmetros Manual de Conservação e reuso de água em

edificações FIESP – classe 1

NBR 13.969/ 1997

– classe 3

pH Entre 6,0 e 9,0 -

Cor ≤ 10 UH* -

Turbidez ≤ 2 UT** < 10 UT

Óleos e Graxas ≤ 1 mg/L -

DBO (demanda bioquímica

de oxigênio)

≤ 10 mg/L -

Coliformes Fecais Não detectáveis < 500 NMP/100 mL

Compostos orgânicos

voláteis

Ausentes -

Nitrato < 10 mg/L -

Nitrogênio amoniacal ≤ 20 mg/L -

Nitrito ≤ 1 mg/L -

Fósforo total ≤ 0,1 mg/L -

SST (sólido suspenso total) ≤ 5 mg/L -

SDT (sólido dissolvido

total)

≤ 500 mg/L -

Odor e aparência Não desagradáveis -

*UH: unidade Hazen **UT: unidade de Turbidez

Fonte: SAUTCHUK et al., 2005

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Em relação à demanda bioquímica de oxigênio (DBO), a norma diz que o seu controle

evita a proliferação de microrganismos e cheiro desagradável, em função do processo de

decomposição. O controle de compostos orgânicos voláteis visa evitar odores desagradáveis;

e o controle de fósforo total visa evitar a proliferação de algas e filmes biológicos, que podem

formar depósitos em tubulações, peças hidráulicas e reservatórios.

3.6 Principais parâmetros analisados visando o reuso

São inúmeros os parâmetros avaliados nas estações de tratamento, com o intuito de

atender as legislações em vigor para descarte de efluentes ou reuso do mesmo. Os principais

estão descritos a baixo:

a) DQO: quantidade de oxigênio necessária para haver uma oxidação da matéria

orgânica presente em uma amostra através de um agente químico

(MACÊDO,2001);

b) DBO5: é de fundamental importância para medir o peso (por volume unitário

de água) do oxigênio dissolvido utilizado no decorrer do processo biológico de

degradação de materiais orgânicos (PELLACANI, 2011).

c) Fósforo: possui fundamental importância, pois em elevadas concentrações,

acaba favorecendo a produção de fitoplâcton, além de provocar turbação e odor

na água (MACÊDO, 2001);

d) Sólidos Suspensos: a fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que estão em

suspensão, porém composta por partículas que possuem dimensões muito

pequenas, não possibilitando a sua filtração (TELLES; COSTA, 2007);

e) Sólidos Fixos: partículas orgânicas ou inorgânicas que não se volatilizam.

f) Sólidos Totais: parâmetro no qual se determina a forma como as partículas se

encontram, como tamanho, fração volátil e fixa e sedimentabilidade. É um

parâmetro muito importante no estudo dos possíveis tipos de tratamento de

águas residuárias (NUNES, 2008).

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g) Nitrogênio total: para haver um desenvolvimento de vegetais e /ou organismos

vivos, é um dos parâmetros de principal importância. Pois quando presente em

concentrações elevadas provoca eutrofização do ambiente, ou seja, consome-se

o oxigênio, não havendo possibilidades de haver uma vida aquática (VON

SPERLING, 2005);

h) Coliformes totais: grupo de bactérias, que podem ser anaeróbias ou aeróbias,

responsáveis pela decomposição da matéria orgânica (MACÊDO, 2001);

i) Coliformes Termotolerantes: subgrupo das bactérias do grupo coliforme

(CONSEMA nº 128/2006), também conhecidas como coliformes fecais,

apresentam as características do grupo, porém a uma temperatura de incubação

maior, são indicadores de contaminação fecal (MACÊDO, 2001);

j) Cloretos: são elementos advindos da dissolução de sais, como por exemplo, o

cloreto de sódio (GONÇALVES, 2006);

k) pH: expressa a concentração de íons de hidrogênio na solução, sendo indicador

do seu grau de acidez ou basicidade (TELLES e COSTA, 2007), com isso

pode-se saber a quantidade de produtos químicos necessários para sua

coagulação, bem como o padrão de emissão deste em corpos receptores

(MACÊDO, 2001);

l) Turbidez: definida como o grau de interferência com a passagem da luz através

da água, dando a ela, uma aparência turva;

m) Carbono Orgânico Total: é a analise de contaminação da água ou efluente por

impurezas orgânicas (MACÊDO, 2001).

3.7 Trabalhos Relacionados

Mallmann (2008) realizou estudos sobre o reuso de efluentes oriundos de um posto de

lavagem. Inicialmente coletou amostras de três pontos geradores e do efluente final, com o

objetivo de identificar a variação das cargas contaminantes. Após a coleta das amostras,

determinou parâmetros físico-químicos. pH, Cloretos, Dureza, Surfactantes, Nitrogênio,

Fósforo, DQO, Sólidos Suspensos e Sólidos Sedimentáveis.

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Após analises, havia parâmetros que não atendiam a legislação de reuso, iniciando-se

assim testes físico-químicos com o efluente tratado da empresa, através do aparelho Jar Test.

Utilizou-se como agente coagulante, Cal hidratado, Sulfato de Alumínio e polieletrólito

aniônico. Inicialmente, o pH foi ajustado para 12 com ajuda da solução de cal, em seguida

adicionado o sulfato de alumínio e polieletrólito aniônico, a fim de formar flocos com boas

características de sedimentação.

Filho (2009) analisou o tratamento terciário de uma empresa de refrigerantes, com o

objetivo final de promover o reuso em torres de resfriamento e caldeiras. Os parâmetros

analisados foram DBO, DQO, Sólidos Suspensos Totais, Sólidos Sedimentáveis, óleos e

Graxas, pH e Temperatura. Após as análises, verificou-se que alguns padrões não atendiam as

normas para reuso, sendo assim, o autor empregou filtros, como etapa inicial para remoção de

turbidez e sólidos suspensos.

Como as amostras analisadas não tiveram bons resultados, optou-se em realizar testes

de coagulação/flocultação preliminarmente a filtração. Para realização de tal teste, contou-se

com a ajuda de um parelho Jar Test de bancada. O agente coagulante adotado foi o policloreto

de alumínio. O tempo e a velocidade máxima (início do teste) e mínima foram de 5 minutos e

60 rpm e 20 minutos e 30 rpm. Após as etapas de mistura rápida e lenta, Filho (2009) permitiu

que os flocos formados sedimentassem por 20 minutos. Retirou-se em seguida a alíquota

sobrenadante e analisando os parâmetros pH, sólidos suspensos, turbidez e cor.

Como etapa inicial, corrigiu-se o pH com a ajuda de uma solução composta de ácido

sulfúrico (1,0N), em 6 beckers contendo um litro de efluente e o agente coagulante policloreto

de alumínio na concentração (12 mL de solução PAC 15% v/v). Com o valor do pH ajustado,

Filho (2009) variou a dosagem do agente coagulante entre 7 e 12 mL/L, adotando o mesmo

processo de mistura descrito anteriormente.

3.8 Estimativa do consumo de água gasto na empresa

A vazão de águas residuárias industriais esta ligada ao tipo e porte da indústria,

processo, grau de reciclagem, adoção de práticas de conservação de água e existência de pré-

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tratamento. Sendo assim, mesmo duas indústrias produzindo o mesmo produto, as vazões de

despejo podem apresentar grandes diferenças (VON SPERLING, 2005).

Von Sperling (2005) ressalta ainda que em relação ao consumo de água deve-se

analisar o volume consumido total, por dia ou mês; o volume consumido nas diversas etapas

do processamento; recirculações internas; origem da água, abastecimento público ou poços;

além de eventuais sistemas de tratamento internos.

Quando a empresa ou indústria não dispõe de informações específicas, o Quadro 7

pode servir como orientação para a estimativa da sua provável faixa de vazão.

Quadro 7 - Vazão específica média de empresas alimentícias

Ramo Tipo Unidade Consumo de água por

unidade (m³/unid)

Alimentícia

Frutas e legumes em

conservas 1 ton conserva 4-50

Doces 1 ton produto 5-25

Açúcar de Cana 1 ton açúcar 0,5-10,0

Matadouros 1 boi ou 2,5 porcos 0,5-3,0

Laticínios (leite) 1000 L leite 1-10

Laticínios (queijo ou

manteiga) 1000 L leite 2-10

Margarina 1 ton margarina 20

Cervejaria 1000 l cerveja 2-10

Padaria 1 ton pão 2-4

Refrigerantes 1000 l refrigerante 2-5

Indústriais Geral (uso sanitário) 1 empregado 30-95 L/d

Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).

Para produção de despejos industriais, é fundamental analisar a vazão total, o número

de pontos de lançamento; o regime de lançamento (contínuo ou intermitente, duração e

frequência) de cada ponto de lançamento; pontos de lançamento (rede coletora, curso d’água)

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e ainda a eventual mistura dos despejos com esgotos domésticos e águas pluviais (VON

SPERLING, 2005).

3.9 Jar Test

O Jar Test, ou teste de jarro, é um teste simples e de ótimo resultado. Através da

aplicação de diferentes concentrações de produtos químicos em cada jarro, pode-se estimar a

dosagem e o consumo de produtos para o tratamento de efluentes de maneira rápida e

confiável.

O Jar Test é um dos métodos mais empregados nas empresas de tratamento de água.

Este teste simula e facilita a determinação da dosagem dos produtos químicos que serão

aplicados tanto para o tratamento da água, como efluente. Com uma pequena amostra de água,

se promove a comparação entre o melhor pH e melhor dosagem do agente coagulante para

que essa etapa seja bem sucedida, o que proporciona a eficiência desejada de remoção das

impurezas de forma mais econômica (NUNES, 2008).

O aparelho para o teste do jarro consta de seis cubas com pás misturadoras, nas quais a

velocidade de rotação possa ser ajustada. Sendo a melhor dosagem, da cuba na qual aconteceu

melhor floculação (MACÊDO, 2001).

3.10 Principais agentes coagulantes

O Sulfato de Alumínio pode ser encontrado na forma sólida ou em solução. Possui

baixo custo e fácil disponibilidade. Para tratamento de água, é o eletrólito mais empregado,

porém para o tratamento de efluente industrial, são necessárias dosagens muito elevadas, e os

resultados geralmente não são excelentes, porém ainda é muito utilizado, não interferindo na

coloração final do efluente. O pH ótimo de coagulação situa-se entre 5 e 8 (NUNES, 2008).

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Nunes (2008) ressalta que o Cloreto de Ferro III (FeCl3), possui uma larga faixa de

pH, tendo uma excelente formação de flocos, sendo um dos eletrólitos mais utilizados para o

tratamento de efluentes industriais como coagulante, principalmente para remoção de fósforo

e no condicionamento de lodos. Porém, interfere na coloração do efluente, mas deixando o

mesmo transparente.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Local de Estudo

O presente estudo foi desenvolvido em uma indústria atacadista de frutas e verduras,

localizada no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. As atividades da empresa iniciaram-se no

ano de 2005, sendo atualmente, composta por 190 funcionários. A empresa vem ganhando

espaço no estado, e apesar do pouco tempo de fundação, atualmente é uma das maiores na

distribuição de frutas e verduras, tanto in natura como higienizadas.

4.2 Processo de Industrialização

A empresa possui sua produção dividida em três linhas. Sendo praticamente 70% dos

seus produtos destinados às cozinhas industriais e o restante para varejo, distribuídos no

estado do Rio Grande do Sul.

A primeira linha de produção é dos legumes, onde ocorre a maior parcela da

produtividade e são destinados basicamente para cozinhas industriais. Os mesmos são

descascados por descascadoras automáticas, passando em seguida, para uma esteira, onde por

processo manual, recebem os acabamentos, tirando restos de cascas ou imperfeições. Para

haver a conservação dos alimentos, utilizam-se alguns produtos, como metabissulfito de

sódio, ácido cítrico e cloreto de cálcio, com o objetivo de possibilitar uma maior validade dos

produtos.

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O metabissulfito de sódio é utilizado na proporção de 92 g, equivalente ao volume de

100 mL para 95 litros de água, ficando os alimentos imersos de 3 a 4 minutos. É utilizado

apenas em batatas e morangas, tendo uma ação antioxidante, além de inibir a proliferação de

microrganismos. O restante dos legumes é imerso em uma solução de Hipoclorito de Sódio

200 ppm. Após, os legumes são cortados de acordo com a preferência do cliente, embalados e

resfriados até serem distribuídos.

A segunda linha de produção é de folhosas, como alface, rúcula, agrião e espinafre,

atendendo tanto o varejo como o atacado. As mesmas são selecionadas manualmente, a fim de

retirar folhas murchas ou queimadas. Após, são postas em uma esteira até caírem em um

tanque com sistema de turbilhão, contendo água e cloro ativo na concentração de 200 mg.L-1

.

Em um segundo tanque, as folhas são lavadas apenas com água limpa para retirada do excesso

de cloro. Com este procedimento, aumenta-se a vida útil na prateleira, minimizando a

contaminação inicial. Após passam por uma centrífuga, para secar as folhas, e por fim, são

divididas em dois processos. Uma parte é posta em uma moedeira ou máquina de corte, para

serem picadas de acordo com os pedidos dos clientes, normalmente destinadas a cozinhas

industriais, e outra parte é embalada inteira, para ser colocadas em prateleiras de

supermercados.

A terceira linha de produção inclui especificamente o varejo, ou seja, produtos que

serão distribuídos apenas para supermercados do estado. Nesta produção, alimentos como

cenoura, moranga, chuchu, batata, entre outros, são picados e embalados. Os alimentos

passam por água com cloro 200 ppm e ácido cítrico 0,01% para manter uma maior vida útil. A

moranga e a batata são os únicos a passarem por cloreto de cálcio, melhorando a eficiência na

manutenção das características iniciais do produto e preservando a firmeza.

Para a sanitização dos alimentos, utiliza-se o TOP Kitchen Saniveg P e Hipoclorito de

Sódio. O primeiro age como desinfetante clorado em pó, indicado para hortifrutícolas, água,

superfícies e utensílios. Seu princípio ativo é o diclorocianurato (cloro orgânico), que em

contato com a água sofre hidrólise liberando ácido hipocloroso. Possui também ação

bactericida. O Hipoclorito de Sódio é utilizado para reduzir ou eliminar microrganismos

patogênicos. É adquirido de fornecedores que possuam certificação de qualidade e Registro

no Ministério da Saúde.

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Na higienização das caixas, tanto as que transportam as frutas, verduras e hortaliças,

como as que são utilizadas na linha de produção, utiliza-se somente água e cloro. As mesmas

são lavadas diariamente, ficando as caixas mais sujas de molho 24 horas.

Figura 4 - Fluxograma das etapas de produção adotadas pela empresa

4.3 Etapas do Sistema de Tratamento

O início do tratamento do efluente na empresa na qual o estudo foi realizado, ocorre

no tratamento preliminar ou também conhecido como tratamento prévio. Como etapa deste

tratamento, utiliza-se o gradeamento, com o objetivo de remover materiais sólidos de maior

tamanho e granulometria. Com a ajuda de uma calha Parshall, faz-se a medição e controle da

vazão de água que passa pela ETE, onde diariamente, passam cerca de 30 m³ de efluente.

Linha de produção dos

Legumes Linha de Produção

dos Folhosos

Linha de Produção

do Varejo

Descasque automático

Acabamentos

manualmente

Produtos de

Higenização:

Metabissulfito de sódio

Ácido cítrico

Cloreto de cálcio

Seleção Manual

Tanque de Lavagem

com Cloro (200 mg L-1

)

Tanque de Lavagem

com Água

Máquina de Corte

Secagem por

Centrífuga

Embalamento

a vácuo

Descasque Automático

Acabamento Manual

Tanque de Higenização

com Água e ÁC. Cítrico

Corte e Secção

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A água de uso da lavagem de caminhões pode ser empregada na etapa de tratamento

preliminar. Antes de chegar a ETE, o efluente passa por uma caixa separadora de Óleo e

Graxa, sendo a próxima etapa de tratamento, o tanque de aeração, tendo o mesmo tratamento

do efluente oriundo das atividades mínimas da Empresa. A empresa tem por hábito, realizar a

lavagem dos caminhões em dois dias da semana, normalmente uma parcela dos caminhões é

lavada em quartas-feiras e outra em sábados.

O efluente oriundo da lavagem dos caminhões, antes de ingressar na ETE, passa pela

caixa separadora de óleo e graxa, instalada logo após a rampa de lavagem. Ao chegar ao

sistema de tratamento, o mesmo deságua na caixa coletadora e mistura-se com o efluente

oriundo da lavagem de frutas e verduras, passando em seguida para o tratamento primário.

Em uma segunda etapa, o efluente passa por um tratamento primário. Inclui-se neste

processo, o tanque de equalização, com o intuito de promover a homogeneização do efluente.

Em seguida e efluente passa para o sistema de cascateamento e tanque de aeração, ambos com

o objetivo de promover a oxigenação biológica. Na Figura 5 observa-se o tanque de aeração e

o sistema de cascateameto.

Figura 5 - Sistema de cascateamento e tanque de aeração

No tratamento secundário, ocorre a remoção complementar da matéria orgânica e de

compostos não biodegradáveis ou nutrientes. Sendo a ETE composta por um decantador de

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finos, dois filtros de areia e carvão. Por fim, tem-se a vala de infiltração, sistema este que

auxilia a disposição do efluente a infiltrar no solo.

Na Figura 6 pode-se observar o fluxograma das etapas de tratamento adotadas pela

Empresa.

Figura 6 - Fluxograma das etapas de tratamento

4.3.1 Amostragem e conservação das amostras

Como etapa inicial, para caracterização do efluente da indústria em questão, foram

coletadas amostras de todos os processos de tratamento. Tais pontos foram selecionados com

o objetivo de verificar a eficiência do sistema de tratamento de efluentes, havendo um

comparativo do percentual de eficácia do tratamento após o término das coletas. O local de

coleta de cada amostra pode ser visualizado na planta baixa, que segue no ANEXO A.

Tratamento

Preliminar

Tratamento

Primário

Tratamento

Secundário

Gradeamento

Calha Parshall

Caixa Coletora

Calha de Aeração

Tanque de Aeração

Decantador de

Finos

Filtro de Areia com

Carvão

Vala de Infiltração

Caixa Separadora

de óleo e Graxa

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Tabela 2 - Identificação dos pontos de coleta

Ponto de Coleta Identificação

Ponto 01 Efluente bruto

Ponto02 Pós Gradeamento

Ponto 03 Pós tanque de Aeração

Ponto 04 Pós Decantador de finos

Ponto 05 Pós Filtro (efluente tratado)

O efluente coletado foi encaminhado ao laboratório de prestação de serviços da

Univates, UNIANÁLISES, o qual se encontra cadastrado junto a Fundação Estadual de

Proteção Ambiental (FEPAM) para execução de análises ambientais. Foram coletadas

amostras de todas as etapas de tratamento no dia 29 de agosto de 2012, em um dia de

atividades normais e comuns da empresa. Cabe ressaltar que neste dia ocorreu a lavagem dos

caminhões, fato que poderia interferir nos resultados das amostras. Não houve incidência de

precipitações pluviométricas nos dias anteriores, caso contrário, a eficiência do sistema de

tratamento poderia vir a ficar prejudicada.

Para coleta das amostras, foram utilizados frascos de polietileno de 1000 mL, sendo

levadas para o laboratório em menos de 1 hora após a coleta, não havendo necessidade de

refrigeração. Procedendo a conservação de acordo com a NBR 9898, da Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT). Os resultados da analises encontram-se no ANEXO B.

Coletou-se 5 L de efluente em cada etapa de tratamento, para ser possível analisar a

DBO, DQO, Cloretos, Fósforo Total, Nitrogênio Total, Sólidos Suspensos e pH. Já para

analisar os Coliformes Termotolerantes e Totais, foram necessários 500 mL de efluente.

Adotou-se como metodologia, o Standart Methods for the Examination of Water and

Wastewater (APHA, 2005).

Além dos parâmetros descritos acima, analisou-se também Carbono Orgânico Total

(COT), Sólidos Fixos, Sólidos Totais e Sólidos Voláteis. As análises de sólidos foram

realizadas no laboratório de Biorreatores do Centro Universitário Univates.

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Para a análise de Sólidos Totais, Fixos e Voláteis, calcinaram-se os cadinhos por 1

hora no forno mufla a uma temperatura de 550ºC. Após deixar esfriar até alcançar a

temperatura ambiente, os mesmos foram pesados separadamente, e em seguida adicionado a

amostra e pesado novamente. Durante 24 horas, as amostras ficaram em uma estufa a uma

temperatura de 105ºC, deixando-se esfriar a temperatura ambiente e pesados novamente após

este período.

Após este medimento, as amostras foram calcinadas a 550ºC, em muflas, por 8 horas.

Ao término do processo, as mesmas foram esfriadas a temperatura ambiente e pesadas

novamente. Para realização dos cálculos, adotaram-se as fórmulas descritas no Quadro 8:

Quadro 8 - Vazão específica média de empresas alimentícias

PARÂMETRO FÓRMULA UNIDADE

Sólidos Totais ST=((MS-MR).1000)/VA mg/L

Sólidos Fixos SF=((MC-MR).1000)/VA mg/L

Sólidos Voláteis SV=((ST-SF).1000)/VA mg/L

Onde: MS = Massa da Amostra Seca a 105ºC, em mg; MR = Massa do Recipiente, em mg; VA = Volume da

amostra, em mL; MC = Massa cinza + massa do recipiente (mg); MR = Massa do recipiente, em mg.

Levou-se em consideração a escolha destes parâmetros de acordo com estudo dos

aspectos legais existente para reuso, mais particularmente considerando o Manual da FIESP,

que trata de Conservação e Reuso da Água em Edificações (SAUTCHUK et al., 2005).

Não sendo possível caracterizar todos os parâmetros segundo o Manual da FIESP,

devido o elevado custo financeiro, utilizou-se como critério de escolha dos parâmetros, os já

analisados e monitorados pela empresa em questão. Porém a mesma não analisa os

coliformes, e para haver um futuro reuso de água, tal parâmetro é de fundamental importância

devido às patogenias que pode vir a apresentar.

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4.4 Ensaios de Tratamento com a adoção de Jar Test

Os testes com Jar Test foram realizados nos dias 11 e 16 de outubro de 2012, no

laboratório de Tratamento de Água e Efluente do Centro Universitário Univates. Adotou-se

um aparelho de bancada modelo JT 101, 12 RPM x 10 – agitador múltiplo.

Figura 7 - Aparelho de Jar Test

A escolha do Jar Test levou em conta a facilidade de aplicação, gerando um ótimo

resultado, sendo possível estipular dosagens e consumo de produtos para o tratamento de

efluentes de maneira rápida e confiável.

Para realização dos testes, utilizou-se o efluente tratado da empresa Atacadista de

Frutas e Verduras. Como agente coagulante, optou-se em utilizar o Hidróxido de Cálcio

(Ca(OH)2), para correção do pH, Sulfato de Alumínio (Al2(SO4)3) e Cloreto de Ferro III

(FeCl3) como agentes coagulantes.

4.4.1 Determinação do pH

Primeiramente houve a necessidade de fazer a correção do pH. Para caracterização do

efluente, em todas as etapas de tratamento da empresa, o pH ficou próximo de 5, sendo que o

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ideal seria entre uma faixa de 6 a 9. Para isto, utilizou-se 20g de Hidróxido de Cálcio e

avolumou-se com água destilada até 200 mL do balão volumétrico.

Em seguida, mediu-se 800 mL de efluente em cada bequer do aparelho Jar Test,

totalizando seis Bequer. Por fim, adicionaram-se 8 mL a solução de Hidróxido de Cálcio e

mediu-se o pH com auxílio de um pHMetro, modelo digital Digimed DM-20. Para medição

da turbidez, adotou-se o turbidimetro marca DIOIMED-TU-EBC.

4.4.2 Parâmetros analisados após tratamento físico-químico

Não foram analisados todos os parâmetros adotados na etapa de caracterização do

efluente da empresa. Assim, escolhe-se parâmetros físico-químicos como pH, Turbidez,

Carbono Orgânico, Nitrogênio, Sólidos Fixos, Sólidos Voláteis e Sólidos Totais para

verificação da eficácia de tratamento com agentes coagulantes. Antes de iniciar os testes com

os coagulantes, mediu-se a turbidez com a ajuda de um turbidimetro.

4.4.3 Determinação da dosagem do agente coagulante

Após a correção do pH, realizou-se testes com diferentes dosagens de sulfato de

alumínio para determinação de uma faixa de ótima de coagulação/floculação que possa ser

eficaz para o tratamento físico-químico. As mesmas dosagens foram adotadas separadamente

para o Cloreto de Ferro III e Sulfato de Alumínio, para comparativo de eficácia de cada um

dos agentes coagulantes. Os valores para o teste dos agentes coagulantes estão descritos na

Tabela 3.

O tempo e a velocidade máxima (início do teste) foram de 5 minutos com 60 rpm.

Após este tempo, reduziu-se a velocidade para 30 rpm em um tempo de 20 minutos. Passada

esta etapa, esperou-se 20 minutos para ocorrer à total decantação dos sólidos.

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Tabela 3 - Quantidade dos agentes coagulantes

BEQUER Volume da Amostra

(mL)

Quantidade de Sulfato de

Alumínio (g)

Quantidade de

Cloreto de Ferro III (g)

1 800 0,16 0,16

2 800 0,32 0,32

3 800 0,48 0,48

4 800 0,64 0,64

5 800 0,80 0,80

6 800 0,96 0,96

Em seguida foram analisados os parâmetros pH e Turbidez, para definir qual a melhor

faixa de coagulação/floculação

Desta forma, será possível analisar a eficiência dos agentes coagulantes e comparar

tais resultados, com os parâmetros analisados na caracterização do efluente da empresa em

questão. Por fim, haverá o comparativo destes valores obtidos com os valores descritos no

manual da FIESP, a fim de verificar se este tratamento é a melhor maneira de favorecer o

reuso de água.

4.4.4 Realização dos testes com a dosagem dos agentes coagulantes ajustados

No dia 16 de outubro de 2012, realizaram-se os testes com a melhor faixa de dosagem

encontrado para o Sulfato de Alumínio e para o Cloreto de Ferro Anidro.

As dosagens adotadas para cada agente coagulante estão descritas na Tabela 4. A

metodologia adotada foi idêntica a do testes anterior. Sendo o tempo e a velocidade máxima

(início do teste) de 5 minutos com 60 rpm, e em seguida, reduzindo-se a velocidade para 30

rpm em um tempo de 20 minutos. Para haver a total decantação dos sólidos, esperou-se 20

minutos para analisar o pH e a turbidez. Na Tabela 4 encontram-se as concentrações adotadas

tanto para o Sulfato de Alumínio como para o Cloreto de Ferro.

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Tabela 4 - Dosagem dos agentes coagulantes ajustados

BEQUER Volume da Amostra

(mL)

Quantidade de Sulfato de

Alumínio (g)

Quantidade de

Cloreto de Ferro III (g)

1 800 0,32 0,08

2 800 0,36 0,12

3 800 0,40 0,16

4 800 0,44 0,20

5 800 0,48 0,24

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Caracterização do efluente

A água que abastece a empresa tem sua origem de poço artesiano próprio. Não

existem hidrômetros instalados para saber o consumo de água gasto ao certo diariamente.

Porém, a empresa estima gastar próximo de 35 m³ diários, utilizados em todas as atividades

da empresa. Na ETE, chegam próximos de 30 m³ diários, os restantes, 5 m³, são gastos em

banheiros e lavagem de caminhões, sendo esta última atividade, de uso não diário.

Como etapa inicial, realizou-se a caracterização do efluente em todas as etapas de

tratamento. A Tabela 6 apresenta os resultados encontrados para os parâmetros DBO, DQO,

Cloretos, Fósforo Total, Nitrogênio Total, Sólidos Suspensos, pH, Coliformes

Termotolerantes e Totais, bem como as etapas de tratamento analisadas e a eficiência de

remoção em cada etapa de tratamento.

Alguns parâmetros, como Sólidos Fixos, Sólidos Sedimentavéis, Sólidos Totais e

Carbono Orgânico Total foram analisados apenas no efluente da entrada e da saída da ETE,

sendo os mesmos analisados no laboratório de Águas e Efluentes do Centro Universitário

Univates.

Para calcular a eficácia de remoção de cada etapa de tratamento, os valores foram

comparados com as etapas anteriores. Desta forma, pode-se realizar o comparativo do grau de

eficiência do tratamento.

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Tabela 5 - Resultados obtidos com o grau de eficácia de cada etapa de tratamento

Parâmetros Unidades Efluente

Bruto Gradeamento

% de

remoção

Tanque de

aeração

% de

remoção

Decantador

de finos

% de

remoção

Filtração

(efluente

tratado)

% de

remoção

Carbono Orgânico

Total mg/L 522,3 - - - 481,4

Cloretos mg/L C-1

29,1 29,1 0 34,0 -16,8 38,8 -14,1 19,4 50,0

Coliformes

Termotolerantes

NMP/100

mL 1.100 17.000 2.800 160.000 3.500

Coliformes Totais NMP/ 100

mL >160.000 >160.000 >160.000 >160.000 >160.000

DBO mg/L O2 3371 1.428 57,6 593 58,4 611 3,0 575 5,9

DQO mg/L O2 9.763 3.650 62,6 1.994 45,3 1.938 2,8 1.332 31,2

Fósforo Total mg/L P 18,105 7,953 56,1 7,614 4,2 7,783 -2,2 7,445 4,3

Nitrogênio Total mg/L N 612,6 74,5 87,8 53,2 28,6 53,2 0 43,7 17,8

pH 5,40 5,33 5,08 5,11 4,44

Sólidos Fixos mg/L 4320 220 94,9

Sólidos Suspensos mg/L 6440 640 90,1 300 53,1 130 56,6 114 12,3

Sólidos Voláteis mg/L 42 0,5 98,8

Sólidos Totais mg/L 7201 320 95,5

Turbidez UT 885,00 230,75 73,9 301,00 -30,4 311,00 -3,3 263,75 15,2

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Pode-se perceber pelos resultados obtidos, que o efluente bruto não apresenta valores

muito elevados. Já na primeira etapa de tratamento, no caso o gradeamento, ocorre grandes

melhorias em praticamente todos os parâmetros.

Segundo Telles e Costa (2007), a eficiência esperada no tratamento prévio, para

remoção de Sólidos Suspensos seria 5 a 20%. Na estação de tratamento em questão, ocorre

praticamente a remoção de 90% dos Sólidos Suspensos. Vale ressaltar que o gradeamento é

um processo que visa à remoção física, e por isso tais valores tiveram significativa redução.

Já para a remoção da DBO, espera-se que a remoção seja de 5 a 10 %, valor este

atingido no gradeamento instalado pela ETE, chegando a remover 57%. Mas em se tratando

de coliformes, a ETE apresenta pontos falhos, pois os valores de coliformes termotolerantes

aumentam de 1.100 para 17.000 NMP/100 mL. Já os coliformes Totais apresentam valores

superiores a 160.000 NMP/100 mL. Sendo que o ideal seria o gradeamento remover de 10 a

20%.

A relação DBO/DQO pode ser usada como um indicador do estágio de degradação

biológica do efluente. Segundo Von Sperling (2005), este valor pode variar de 1,2 a 1,6. A

relação apresentada para o efluente em questão é de 0,34, indicando que os compostos

orgânicos encontram dificuldades para serem degradados. O autor ainda comenta que uma

baixa relação indica que os sistemas biológicos não são eficientes, havendo a necessidade de

haver um tratamento com aeração ou físico-químico.

A relação SSV/SST indica a concentração de sólidos voláteis (porção orgânica) e os

sólidos fixos (fração inorgânica), sendo um parâmetro das características orgânicas e

demonstrando a degradação da matéria orgânica. Quanto mais próximo de 1, maior a

possibilidade de degradação biológica do efluente. Como a relação para o efluente estudado

apresentou índice de 0,009, a partir desta etapa o tratamento biológico não seria efetivo,

sugerindo a necessidade de tratamentos que envolvam processos físicos e/ou químicos.

A relação DBO:N:P indica a relação das necessidades nutricionais dos

microrganismos presentes em sistemas aeróbios, sendo a DBO expressa como a quantidade de

carbono como nutriente. Para haver uma relação ideal para desenvolvimento da biomassa, o

valor deve ficar próximo a 100:5:1. Porém, percebe-se um desequilíbrio nesta relação,

apresentando, para o efluente bruto, valores de aproximadamente 100:18:0,5, podendo vir a

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prejudicar o desenvolvimento dos microrganismos presentes na biomassa, interferindo no

tratamento biológico.

Na Figura 8 tem-se o gráfico comparativo do efluente bruto com o efluente após

passagem pelo gradeamento.

Figura 8 - Comparativo do grau de eficiência do efluente bruto versos gradeamento

Pode-se dizer que na primeira etapa de tratamento ocorrem melhoras de Nitrogênio

Total, passando de 612 mg/L para 74,5 mg/L, uma eficácia de aproximadamente 88%. Sendo

que normalmente não ocorre remoção de nutrientes no tratamento prévio.

Antes do efluente chegar ao tanque de aeração, o mesmo passa por um sistema de

cascateamento. Porém a análise individual desta etapa de tratamento não foi possível, pelo

fato de haver um difícil acesso a este sistema, sendo o efluente coletado no tanque de aeração.

O tanque de aeração esta presente no tratamento primário. Nesta etapa, o esperado

seria remover de 25 a 50% da DBO. Valores estes alcançados e superados na ETE, ocorrendo

à remoção de 58% da DBO, comparado com o sistema de tratamento anterior. Comparando-se

com o efluente bruto percebe-se que ocorreu a remoção de 82%.

Já os valores de Coliformes apresentam grandes melhorias ao se analisar os

Coliformes Termotolerantes, sendo o grau de remoção superior a 84% comparado com a

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etapa de tratamento anterior. Porém, ao comparar com o efluente bruto, o mesmo apresenta

pontos falhos, estando os valores superiores a 154% (de 1.100 para 2800 NMP/100 mL). Para

os Coliformes Totais, não ocorreram melhoras no parâmetro, ficando os valores acima de

160.000 NMP/100 mL. Segundo Telles e Costa (2007), os valores para remoção de bactérias

no Tratamento Primário pode variar de 25 a 75%.

A Figura 9 demonstra o comparativo da eficiência da primeira etapa de tratamento

(gradeamento) com a segunda etapa, no caso o tanque de aeração.

Figura 9 - Comparativo do grau de eficiência do gradeamento versos tanque de aeração

Uma possível causa para o não tratamento deste parâmetro se deve provavelmente ao

fato que no dia de coleta das amostras o aerador encontrava-se desligado, devido o não

funcionamento da mesma. Na ETE tem-se apenas um aerador sendo que o ideal seria no

mínimo dois, exatamente para não ocorrer tal problemática. Outro fator que pode ter ocorrido,

é de contaminação da amostra ao se coletar a mesma.

Outro fator importante que se deve levar em conta e que possa ter afetado a eficácia do

tratamento microbiológico, é o fato do pH encontrar-se levemente ácido (valores na faixa de

5), uma vez que a maioria das bactérias atingem sua fase ótima próxima a neutralidade.

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Já no decantador de finos, percebeu-se ao coletar as amostras, que este sistema

encontrava-se saturado, não havendo a limpeza e a retirada do lodo acumulado. O que

provavelmente esteja afetando a eficiência do tratamento.

A partir deste ponto a eficácia no tratamento começa a apresentar problemas, uma vez

que os parâmetros DBO, Cloretos, Fósforo, Nitrogênio e Turbidez possuem valores elevados

comparados com o tanque de aeração. O mau dimensionamento do decantador é outro fator

que pode vir a afetar o tratamento, pois o mesmo foi construído com o objetivo de atender

uma vazão inicial de 10 m³, e atualmente não comporta os 30 m³ que passam pela ETE

diariamente.

O objetivo principal de um decantador é fazer com que ocorra o assentamento de

sólidos. Ao analisar os sólidos separadamente, verifica-se que tal objetivo é alcançado, uma

vez que os valores de sólidos suspensos caem de 300 para 130 mg/L, uma melhora de mais de

56% no grau de remoção (Figura 10).

Figura 10 - Comparativo do grau de eficiência do tanque de aeração versos decantador de

finos

Por fim, a última etapa do tratamento consiste na filtração, sendo o efluente coletado

após passagem pelos filtros, mais precisamente, na Vala de Infiltração, sendo este o efluente

final da estação de tratamento da empresa.

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Todos os parâmetros apresentam grandes melhoras, tanto ao ser comparado com a

etapa de tratamento anterior, como com o efluente bruto, porém, o reuso não seria possível,

pelo não enquadramento com o Manual da FIESP adotado.

A relação entre DBO/DQO como indicador do estágio de degradação biológica,

podendo os valores variar de 0,04 e 0,08 para esgotos, sendo que para despejos industriais

esta faixa pode ser mais ampla, onde quanto menor a relação, melhor a degradabilidade do

efluente. A relação DBO/DQO para o efluente tratado foi de 0,43, sugerindo uma alta

presença de materiais inertes não biodegradáveis, indicando que, para continuidade do

tratamento dos efluentes é necessário uma etapa terciária, de polimento final, envolvendo

processos físico-químicos, tendo em vista que a degradação biológica não é favorecida pelas

condições dos efluentes finais (Figura 11).

Figura 11 - Comparativo do grau de eficiência do decantador de finos versos efluente final

Na Tabela 6, é apresentado o comparativo dos valores encontrados no tratamento do

efluente da empresa Atacadista de Frutas e Verduras, com a Resolução CONSEMA 128/2006,

qual dispõe sobre os padrões de lançamento de efluentes em águas superficiais no estado do

Rio Grande do Sul. Percebe-se que a maior parte dos parâmetros analisados se encontram em

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desacordo com a Resolução, causando danos ao ambiente. Desta forma, a empresa encontra-

se em situação irregular quanto ao lançamento dos efluentes gerados, podendo vir a sofrer

sanções dos órgãos ambientais competentes.

Em comparação com o Manual da FIESP, utilizado como parâmetro para reuso de

água, os valores estão em total desacordo, não havendo possibilidade de reuso atual. Caso

contrário poderia haver danos na canalização da empresa ou contaminações para as pessoas

que teriam contato com esta água.

Tabela 6 - Comparativos do efluente final da empresa com a Resolução CONSEMA 128/2006

e Manual da FIESP para reuso de água.

Parâmetro Unidades Efluente final

Resolução

CONSEMA

128/2006

Manual da

FIESP para

reuso de

água

DBO mg/L O2 575 150 ≤ 10

DQO mg/L O2 1.332 360 -

Cloretos mg/L C-1

19,4 -

Fósforo Total mg/L P 7,445 4 ≤ 0,1

Nitrogênio Total mg/L N 43,7 20 ≤ 20

Sólidos Suspensos mg/L 114 155 -

Turbidez UT 263,75 ≤ 2

pH 4,44 Entre 6 e 9 Entre 6 e 9

Coliforme

Termotolerante NMP 100 mL 35.000 1000

-

Coliforme Total NMP 100 mL >160.000

Não

detectáveis

Um fator que pode estar interferindo na eficiência do tratamento deve-se o mau

dimensionamento da estação de tratamento. A ETE foi planejada para atender 10 m³ de vazão,

e após anos de uso pela empresa, a mesma não teve melhorias estruturais, já que a empresa

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aumentou sua produção e consequentemente, o efluente gerado, apresentando assim, uma

baixa eficiência no tratamento do efluente.

Cabe ressaltar ainda, que em nenhum momento, a empresa realiza a correção do pH,

apresentando no efluente tratado, uma maior acidez comparado com o efluente bruto.

Outro fator que deve ser levado em conta é a má manutenção da ETE. Não ocorre a

limpeza do tanque de aeração, do decantador de finos e do sistema de filtração, desta forma,

todas as etapas de tratamento encontram-se saturadas, não permitindo haver o devido

tratamento.

Tendo em vista o objetivo deste trabalho, no caso o reuso da água, não haveria

possibilidade de ocorrer esta situação. Estando o efluente final em não conformidade com o

manual adotado para reuso.

Assim, testou-se um tratamento complementar que possa ser eficaz para um futuro

reuso deste efluente pela empresa Atacadista de Frutas e Verduras. Inicialmente, realizaram-

se testes com diferentes dosagens de agentes coagulantes para tratamento físico-químico,

através da ajuda do aparelho Jar Test.

5.2 Testes comparativos com diferentes dosagens dos agentes coagulantes

Optou-se em realizar testes físico-químicos através dos agentes coagulantes Sulfato de

Alumínio e Cloreto de Ferro. Porém inicialmente houve a necessidade de correção do pH do

efluente, uma vez que a coagulação exige valor ótimo para ocorrer a formação de flocos. Caso

fosse usado somente o coagulante na água residuária, seriam necessárias grandes quantidades

de produto, exigindo um valor muito além do necessário. Segundo Nunes (2008), a faixa ideal

de pH situa-se entre 6,5 e 8,5 para a maior parte dos agentes coagulantes, faixa esta alcançada

nos testes, definindo o pH ótimo em 6,8.

Em seguida, estipulou-se algumas concentrações para os agentes coagulantes, a fim de

verificar qual das concentrações apresentaria melhores resultados para os padrões pH e

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Turbidez. O objetivo principal nesta etapa do trabalho era apenas encontrar as melhores

concentrações para o Sulfato de Alumínio e para o Cloreto de Ferro III.

Na Tabela 7 são apresentados os valores para o Sulfato de alumínio, como os

resultados encontrados para as diferentes dosagens.

Tabela 7 - Resultados com diferentes dosagens de Sulfato de Alumínio

BEQUER

Quantidade de

Sulfato de

Alumínio(g)

Efluente bruto

Efluente tratado

pH (sem

correção)

pH (com

correção)

Turbidez

(UT) pH

Turbidez

(NTU)

1 0,16 5,91 6,81 226 6,72 38,9

2 0,32 5,91 6,81 226 6,88 5,50

3 0,48 5,91 6,81 226 7,10 1,39

4 0,64 5,91 6,81 226 6,48 1,36

5 0,8 5,91 6,81 226 6,01 1,37

6 0,96 5,91 6,81 226 6,83 1,28

A quantidade que melhor apresentou resultados para o Sulfato de Alumínio foi a de

0,32 g. Mesmo esta concentração não apresentando os melhores resultados para o parâmetro

de turbidez, foi a que melhor apresentou eficiência em se tratando do pH (onde o ideal seria

próximo de 7). Percebe-se que não houve significativas diferenças de valores para os testes de

número 2 a 6 em se tratando de turbidez.

Para o Cloreto de Ferro III, a quantidade a qual melhor se obteve resultados foi de 0,16

g o qual se pode notar visualmente pela Figura 12. Mesmo este teste apresentando um pH

ácido, em relação a turbidez, foi a que melhor apresentou coagulação, com uma boa separação

da fração sólida do efluente clarificado.

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Figura 12 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com

diferentes dosagens de Sulfato de Alumínio (2)

Na etapa seguinte, as quantidades de ambos os agentes coagulantes foram variados no

entorno dos pontos de melhor coagulação/floculação, a fim de verificar uma dosagem ideal

para um correto tratamento físico-químico do efluente. As dosagens utilizadas estão

apresentadas na Tabela 8.

Tabela 8 - Resultados com diferentes concentrações de Cloreto de Ferro III anidro

BEQUER Quantidade de

Cloreto de Ferro (g)

Efluente bruto

Efluente tratado

pH (sem

correção)

pH (com

correção)

Turbidez

(UT) pH

Turbidez

(NTU)

1 0,16 5,91 6,81 226 4,81 4,31

2 0,32 5,91 6,81 226 3,94 181

3 0,48 5,91 6,81 226 6,83 177

4 0,64 5,91 6,81 226 6,55 162

5 0,8 5,91 6,81 226 6,60 150

6 0,96 5,91 6,81 226 6,61 141

1 2

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Figura 13 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com

diferentes dosagens de Cloreto de Ferro III anidro (2)

Na etapa seguinte, as quantidades de ambos os agentes coagulantes foram variados no

entorno dos pontos de melhor coagulação/floculação, a fim de verificar uma dosagem ideal

para um correto tratamento físico-químico do efluente. As dosagens utilizadas estão

apresentadas na Tabela 8.

5.3 Testes comparativos com os valores dos agentes coagulantes ajustados

Após definida uma dosagem aproximada dos agentes coagulantes, buscou-se

quantificar a dosagem ideal para ocorrer à sedimentação de sólidos e haver um tratamento

físico-químico adequado para um reuso deste efluente. Nas Tabelas 9 e 10 são apresentados

os resultados encontrados.

1

2

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Tabela 9 - Resultados dos testes com o ajuste do coagulante Sulfato de Alumínio

BEQUER

Quantidade

de Sulfato de

Alumínio(g)

Efluente Bruto Efluente Tratado com Sulfato de Alumínio

pH (sem

correção)

pH (com

correção)

Turbidez

(UT)

S.F.

mg/L

S.V.

mg/L

S. T.

mg/L

C.O.T

mg/L

N.T

mg/L

N

pH Turbidez

(UT)

S.F.

mg/L

S.V.

mg/L

S.T.

mg/L

C.O.T

mg/L

T.N.

mg/L

N

1 0,32 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 6,19 11,70 50,295 49,704 0,1087 347,4 16,55

2 0,36 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,36 13,63 53,22 86,425 0,011 352,9 17,78

3 0,40 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,41 12,27 53,65 101,735 2,3145 357,9 17,64

4 0,44 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,49 10,98 56,52 43,478 0,0988 365,0 19,99

5 0,48 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,44 4,14 0,275 99,725 20,315 462,5 23,28

Onde: SF: Sólidos Fixos; SV: Sólidos Voláteis; ST: Sólidos Totais; COT: Carbono Orgânico Total; NT: Teor de Nitrogênio

Figura 14 – Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com as dosagens de Sulfato de Alumínio (2) ajustado

1 2

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Tabela 10 - Resultados dos testes com o ajuste do coagulante Cloreto de Ferro III anidro

BEQUER

Quantidade de

Cloreto de Ferro

III (g)

Efluente Bruto Efluente Tratado com Cloreto de Ferro

pH (sem

correção)

pH (com

correção)

Turbidez

(UT)

S.F.

mg/L

S.V.

mg/L

S. T.

mg/L

C.O.T

mg/L

N.T

mg/L

N

pH Turbidez

(UT)

S.F.

mg/L

S.V.

mg/L

S.T.

mg/L

C.O.T

mg/L

T.N.

mg/L

N

1 0,08 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 6,24 23,5 36,11 63,88 0,1365 462,0 24,81

2 0,12 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 6,13 11,29 44,74 55,25 0,1177 431,2 21,02

3 0,16 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,88 4,95 46,27 53,72 0,1230 433,1 20,64

4 0,20 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,92 3,64 53,44 46,55 0,1306 442,0 21,24

5 0,24 5,7 6,25 185 220 0,5 320 481,4 43,7 5,71 5,50 54,37 45,62 0,1303 438,1 20,01

Onde: SF: Sólidos Fixos; SV: Sólidos Voláteis; ST: Sólidos Totais; COT: Carbono Orgânico Total; NT: Teor de Nitrogênio

Figura 15 - Comparação visual do: Efluente bruto (1); Efluente após tratamento com as dosagens de Cloreto de Ferro (2) ajustado

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Avaliando-se os valores encontrados para as diferentes quantidades dos agentes

coagulantes, percebeu-se que não houve diferenças significativas. Ambos os coagulantes

apresentaram semelhanças no grau de tratamento do efluente. Porém, as menores

concentrações de Sulfato de Alumínio apresentaram os melhores valores para os parâmetros

analisados. Diferente do Cloreto do Ferro III, onde as maiores quantidades apresentaram

melhores resultados.

A quantidade mais eficaz de Sulfato de Alumínio foi de 0,32 g, apresentando

melhorias nos parâmetros Carbono Orgânico Total, Teor de Nitrogênio, pH e Sólidos. A

turbidez teve os melhores resultados apresentados na medida em que a dosagem do agente

coagulante foi aumentando, porém, a diferença não foi significativa.

Já para o Cloreto de Ferro III, a quantidade mais eficaz foi de 0,24 g, melhorando

assim, os parâmetros de Carbono Orgânico Total, Teor de Nitrogênio, Turbidez, Sólidos

Totais e Sólidos Voláteis. O pH e Sólidos Fixos apresentaram valores mais elevados a medida

que a dosagem do agente coagulante foi aumentada.

Porém ao se analisar a quantidade de agente coagulante utilizada, com o grau de

remoção dos parâmetros, o Cloreto de Ferro III foi o que melhor apresentou eficiência. Sendo

assim, caso a empresa optasse por um tratamento físico-químico, o custo benefício seria

menor com o Cloreto de Ferro III, já que ambos os coagulantes não apresentam diferenças no

valor do produto.

Mesmo o comparativo de remoção sendo pequeno entre o Sulfato de Alumínio e o

Cloreto de Ferro III, o Cloreto foi mais eficaz devido o fato da melhor formação de flocos. O

teor de Nitrogênio apresentou melhorias de 43,7 mg/L N do efluente tratado na ETE da

empresa, para 20,01 mg/L N do efluente tratado com Cloreto, uma melhoria de 54% de

remoção, atendendo praticamente o Manual da FIESP para reuso de água, o qual recomenda

valores igual ou abaixo de 20 mg/L N.

Ao analisar a Turbidez, houve uma melhora de 97%, de 185 UT do efluente tratado

pela ETE da empresa, para 5,50 UT do efluente tratado com Cloreto de Ferro III. Analisando

os Sólidos Fixos e Totais, percebe-se um grau de melhoria considerável, apresentando uma

redução de 83,58% para Sólidos Fixos e 99,96% para Sólidos Voláteis.

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Porém, cabe ressaltar que apenas o tratamento físico-químico não será eficiente para o

tratamento do efluente. Haveria a necessidade de realizar estudos mais aprofundados,

dimensionando o tamanho do tanque de aeração, a potência e a quantidades de bombas de

aeração, tamanho do decantador de finos e dimensionamento do sistema de filtros. A ETE

presente atualmente na empresa não foi projetada para atender a vazão atual, estando com o

triplo de vazão que o projetado inicialmente. A correção do pH logo no início do tratamento, é

fundamental para o correto tratamento do efluente.

Outro tratamento que precisa ser adotado pela empresa caso o reuso fosse requerido,

seria a desinfecção. Com relação aos vários produtos químicos ou agentes desinfetantes

disponíveis atualmente no mercado, os mais conhecidos e utilizados são os produtos à base de

cloro, tais como o cloro gasoso (Cl2(g)), o hipoclorito de sódio (NaClO(l)) solução aquosa e o

hipoclorito de cálcio (Ca(ClO)2(g)) sólido. Porém, há a necessidade da realização de testes,

para saber a correta dosagem destes produtos.

Como sugestões de melhorias operacionais para o sistema de tratamento de efluentes:

Instalação de um aerador extra no tanque de aeração;

Rever o sistema de filtração, que este possibilite sua limpeza, manutenção ou

retrolavagem;

O decantador de finos deve passar manutenções periódicas, a fim de retirar o

lodo acumulado, melhorando a eficiência no tratamento;

Correção do pH no início do tratamento, visando atingir uma faixa ideal para o

desenvolvimento dos microrganismos;

Prever o cercamento da área, evitando a entrada de animais ou pessoas não

autorizadas;

Substituir as telas danificadas no gradeamento.

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6 CONCLUSÃO

Com base na metodologia adotada, nos resultados obtidos e os parâmetros

monitorados, conclui-se que:

A Estação de Tratamentos de Efluentes (ETE) da Empresa não está bem

dimensionada, o que acaba acarretando em uma baixa eficiência de remoção da carga

orgânica e nutrientes principalmente, bem como os coliformes fecais.

O tratamento de efluentes não atende as exigências do órgão ambiental

Estadual, no caso a Resolução CONSEMA 128/2006 da qual a empresa relata seguir,

estando à empresa em descumprimento a lei, podendo vir a sofrer sanções.

Percebe-se que a eficiência no tratamento do efluente acaba ficando

prejudicada ao chegar ao decantador de finos, que corresponde à terceira etapa no

tratamento do efluente, tendo praticamente todos os parâmetros uma elevação nos seus

índices.

O sistema de tratamento encontra-se saturando, o que está prejudicando o

tratamento. Necessita haver uma manutenção e limpeza constantemente, bem como a

troca dos meios filtrantes.

A ETE só possui um aerador para o tanque de aeração, estando o mesmo

desligado no dia das coletas das amostras. O ideal seria ter dois aeradores, tendo um

de reserva no caso do outro apresentar defeito, não prejudicando assim, a eficiência no

tratamento e não haver aeração constante.

Os filtros encontram-se soterrados, o que ocasiona um difícil acesso aos

mesmos, dificultando a limpeza, manutenção ou mesmo troca do meio filtrante.

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O reuso do efluente final gerado na ETE na empresa é viável, porém, além de

haver a necessidade de acrescentar um tratamento físico-químico e dispor de

manutenções e limpezas constantes, precisa haver uma etapa de desinfecção do

efluente.

O tratamento físico-químico, com a ajuda dos testes com agentes coagulantes

adotados, Sulfato de Alumínio e Cloreto de Ferro III, melhoraram praticamente todos

os parâmetros analisados, indicando que o tratamento foi eficaz, porém, não se

conseguiu atender o Manual da FIESP para reuso da água.

Ambos os coagulantes tiveram eficácia igualitária no tratamento, mas ao se

comparar a quantidade utilizada, o Cloreto de Ferro III foi mais eficaz, devido ao custo

benefício ser menor.

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ANEXOS

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ANEXO A – Planta baixa da ETE, com indicativo dos locais de coleta das

amostras de efluente

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ANEXO B – Relatórios de ensaios dos efluentes