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1 Luciana Lobato Cardim CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO PARA A ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA NO MUNICÍPIO LAURO DE FREITAS, BAHIA Dissertação apresentada à Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos, na área de Saúde Animal. Orientador: Prof a Dr a Maria Emília Bavia Salvador Bahia 2010

Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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Page 1: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

1

Luciana Lobato Cardim

CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO PARA A

ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA NO MUNICÍPIO LAURO DE

FREITAS, BAHIA

Dissertação apresentada à Escola de Medicina

Veterinária da Universidade Federal da Bahia,

como requisito para a obtenção do título de Mestre

em Ciência Animal nos Trópicos, na área de Saúde

Animal.

Orientador: Prof

a Dr

a Maria Emília Bavia

Salvador – Bahia

2010

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2

FICHA CATALOGRÁFICA

CARDIM, Luciana Lobato.

Caracterização das áreas de risco para a esquistossomose

xx mansônica no município de Lauro de Freitas, Bahia /

xxxxLuciana Lobato Cardim – Salvador: UFBA, Escola de

xxxxMedicina Veterinária, 2010.

85f.:il.

Orientadora: Maria Emília Bavia

Dissertação (mestrado) – UFBA / Escola de Medicina

xxxxVeterinária / Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos,

xxxx2010.

1. Geotecnologias, Esquistossomose Mansônica 2. Saúde

xxxxPública 3. Bahia. I. Bavia, Maria Emília II. Universidade

xxxxFederal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária III.

xxxxTítulo.

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3

DEDICATÓRIA

Aos meus pais pelo exemplo de amor,

determinação, responsabilidade e dignidade;

ao meu marido Vitor pelo companheirismo e

incentivo e a todos aqueles que participaram

direta ou indiretamente da minha vida

acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

- Agradeço, acima de tudo, à minha família que sempre me incentivou a seguir os meus

ideais. Sempre foram meu parâmetro de caráter, dignidade, amor e alegria.

- À Profª. Dra. Maria Emilia Bavia, modelo de competência e dedicação, por todo

carinho e confiança depositada em mim. Meu eterno agradecimento.

- À família LAMDOSIG (Deborah Carneiro, Moara Martins, Marta Nascimento,

Valdirene Brito, Vladimir Lenin, Patrícia Gonzalez, Francisca Ribeiro, Jefferson Costa

e, novamente, a Profª. Dra. Maria Emilia Bavia) por toda amizade, cumplicidade,

carinho e atenção nesse período de convivência.

- Ao Prof. Dr. Antonio Sergio Ferraudo pela orientação, incentivo, carinho e dedicação.

- Ao Dr. Renato Reis pela amizade, orientação e disponibilidade de sempre.

- Ao Departamento de Vigilância à Saúde da Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas

pela oportunidade e viabilidade de desenvolvimento do trabalho.

- À Dra.

Selma Turrioni Azevedo Pacheco pela confiança, acolhimento, carinho,

incentivo e oportunidade diária de aprendizado.

- À Edgar Pinho Cerqueira, pelas milhas acumuladas.

Page 5: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

5

- À Karelma Frontera Acevedo pela imensa ajuda na tradução do trabalho.

- Aos Agentes de Saúde do município de Lauro de Freitas e funcionários da FUNASA

lotados no Programa de Controle da Esquistossomose pelo excelente trabalho

desenvolvido no município.

- Aos funcionários da FUNASA Jorge Santiago e Valdemiro e as Agentes de Saúde Ana

Paula, Rita e Silvania pela disposição e boa vontade para me acompanhar no trabalho de

campo.

- Às pessoas que conheci nas localidades visitadas durante a realização do trabalho, pela

simplicidade e satisfação em servir.

- Ao Dr. Aécio Meireles de Souza Dantas Filho, Coordenador Estadual do Programa da

Esquistossomose, da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, pela atenção.

- À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

auxílio financeiro.

- A todos os colegas, professores e funcionários do mestrado por fazerem parte da

minha história.

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6

“Simplicidade é o comportamento

de quem começa a ser sábio”

Antonio Sergio Ferraudo

Page 7: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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ÍNDICE

Página

LISTA DE ABREVIATURA........................................................................................... x

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS................................................................................................... xii

RESUMO ..................................................................................................................... xiii

SUMARY ..................................................................................................................... xiv

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 4

2.1 A Esquistossomose Mansônica ................................................................................. 4

2.2 Origem da Esquistossomose Mansônica no Brasil .................................................... 6

2.3 Ciclo de Vida do Schistosoma mansoni .................................................................... 7

2.4 Hospedeiros Intermediários do Schistosoma mansoni .............................................. 8

2.5 Manifestações Clínicas ............................................................................................ 10

2.6 Diagnóstico .............................................................................................................. 11

2.7 Tratamento ............................................................................................................... 12

2.8 Evolução Histórica do Programa de Controle da Esquistossomose no Brasil ........ 13

2.9 Vigilância e Controle da Esquistossomose .............................................................. 17

2.10 A Esquistossomose e os Fatores Socioeconômicos e Comportamentais .............. 19

2.11 A Esquistossomose e o Ambiente ......................................................................... 20

2.12 Epidemiologia e Geografia Médica ....................................................................... 22

2.13 As Geotecnologias ................................................................................................. 23

2.13.1 Cartografia Digital .............................................................................................. 24

2.13.2 Sistema de Posicionamento Global .................................................................... 25

2.13.3 Sistema de Informações Geográficas ................................................................. 26

2.14 As Geotecnologias e a Esquistossomose Mansônica ............................................ 28

2.15 Análise Espacial .................................................................................................... 30

2.15.1 Estimador de Intensidade de Kernel ................................................................... 32

2.15.2 Testes para Detecção de Aglomerados ............................................................... 35

2.15.2.1 Técnica Estatística de Varredura ..................................................................... 36

3. ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................................. 38

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 67

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 69

Page 8: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

OMS: Organização Mundial de Saúde

SVS/MS: Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde

PCR: Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase)

OPG: Ovos por Grama de Fezes

SES: Secretaria de Estado da Saúde

DNRu: Departamento Nacional de Endemias Rurais

SUCAM: Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

PECE: Programa Especial de Controle da Esquistossomose

SESP: Serviço Especial de Saúde Pública

SESAB: Secretaria de Saúde do Estado da Bahia

PCE: Programa de Controle da Esquistossomose

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

SISPCE: Sistema de Informação sobre o Programa de Controle da Esquistossomose

GPS: Global Position System (Sistema de Posicionamento Global)

SR: Sensoriamento Remoto

SIG: Sistema de Informações Geográficas

NAVSTAR: Navigation System with Time and Ranging

NDVI: Normalized Difference Vegetation Index (Índice de Vegetação por Diferença

Normalizada)

MLME: Modelo Linear de Mistura Espectral

EVI: Índice de Vegetação Melhorado

OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde

VISAU/LF: Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de

Lauro de Freitas

Page 9: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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UTM: Universal Transversa de Mercator

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMET: Instituto Nacional de Meteorologia

ACM: Análise de Correspondência Múltipla

LAMDOSIG/UFBA: Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de

Informações Geográficas da Universidade Federal da Bahia

Page 10: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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LISTA DE FIGURAS

Artigo

FIGURA 1 – Mapa de localização.

FIGURA 2 - Distribuição espacial dos casos de esquistossomose mansônica

diagnosticados no município de Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008 e

análise de densidade de Kernel. Painel A representa a distribuição espacial dos casos de

esquistossomose no município. Painel B representa a densidade de casos. Painel C

representa a densidade da população. Painel D representa a razão entre as densidades de

caso e população.

FIGURA 3 - Análises espaciais dos casos de esquistossomose mansônica

diagnosticados no município de Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008.

Painel A mostra os aglomerados detectados na análise de Kernel. Painel B mostra os

aglomerados detectados na análise de varredura espaço-temporal.

FIGURA 4 - Características ambientais do município de Lauro de Freitas, Bahia e

distribuição espacial dos casos de esquistossomose mansônica, diagnosticados no

período de 2006 a 2008. Painel A mostra a hipsometria gerada através do Modelo

Digital de Terreno. Painel B mostra a hipsometria e a hidrografia.

FIGURA 5 - Mapa perceptual mostrando padrões de correspondências entre as variáveis

utilizadas na avaliação da esquistossomose mansônica no município de Lauro de

Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008.

Page 11: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

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LISTA DE TABELAS

Artigo

TABELA 1 - Características socioeconômicas dos setores censitários localizados dentro

e fora das áreas de clusters identificadas através da análise de varredura espaço-

temporal dos casos de esquistossomose mansônica diagnosticados no município de

Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008.

TABELA 2 - Importância de cada variável expressa pela inércia retida nas dimensões 1

e 2 da análise de correspondência múltipla.

TABELA 3 - Contribuição do qui-quadrado na avaliação da importância de cada

variável na dimensão 1 da análise de correspondência múltipla no grupo cluster

primário.

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CARDIM, L.L. Caracterização das Áreas de Risco para a Esquistossomose

Mansônica no Município de Lauro de Freitas, Bahia. 2010, 85p. Dissertação

(Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária,

Universidade Federal da Bahia, 2010.

RESUMO

A esquistossomose mansônica apresenta-se como um sério problema de Saúde Pública

com aproximadamente seis milhões de indivíduos infectados no Brasil. Em estudos

recentes, pode-se observar que a dispersão da esquistossomose, no estado da Bahia, que

detém registro de aproximadamente 165,8 internações/ano e 40,2 óbitos/ano, vem

apresentando um padrão comportamental com significativas associações com os fatores

ambientais, socioeconômicos e demográficos, indicando tendência por áreas geográficas

específicas. A metodologia clássica do Programa de Controle da Esquistossomose que

se baseia na busca ativa dos portadores de Schistosoma mansoni por meio de inquéritos

coproscópicos censitários periódicos e tratamento dos portadores com droga específica,

não tem conseguido reduzir a magnitude da doença. A dispersão da endemia vem

colocando em pauta de discussão a metodologia empregada e exigido a adoção de novas

estratégias de ação. Neste contexto, o uso das geotecnologias associadas às análises

espaciais se configura como instrumento valioso para a identificação e a mensuração do

risco, contribuindo para a vigilância e o monitoramento da saúde de populações

específicas. Seguindo a orientação da Organização Mundial de Saúde, que postula o

enfoque de risco para o estudo de doenças endêmicas em países sub-desenvolvidos e em

desenvolvimento econômico, esse trabalho teve como objetivo delimitar as áreas

geográficas de risco para a esquistossomose mansônica no município de Lauro de

Freitas, Bahia através das geotecnologias e das análises espaciais, bem como estabelecer

o perfil epidemiológico e socioeconômico da doença, contribuindo para um processo de

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13

remodelação e adequação das estratégias dos programas de controle dessa endemia no

município. Lauro de Freitas foi eleito para a realização do trabalho por ser classificado,

pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, como município de transmissão focal para

a doença e por apresentar-se em plena ascensão econômica, atraindo intensos

movimentos migratórios aumentando o risco da expansão geográfica da endemia.

Palavras-Chave: Esquistossomose Mansônica, Análises Espaciais, Lauro de Freitas

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CARDIM, L.L. Caracterização das Áreas de Risco para a Esquistossomose

Mansônica no Município de Lauro de Freitas, Bahia. 2010, 85p. Dissertação

(Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária,

Universidade Federal da Bahia, 2010.

SUMARY

Schistosomiasis is considered a serious public health problem, with approximately 6

million people infected in Brazil. Recent studies have demonstrated that the spread of

schistosomiasis in the state of Bahia, which registers approximately 165.8

hospitalizations/year and 40.2 deaths/year, occurs in a pattern associated with

environmental, socioeconomic, and demographic factors, indicating this disease has

specific geographic trends. The Schistosomiasis Control Program’s classic

methodology is based in active search of Schistosoma mansoni carriers by way of

periodic fecal exams and subsequent treatment of carriers with specific drugs, yet has

not been able to reduce disease spread. This endemic expansion has caused discussion

about the methodology used and demanded adoption of new action strategies. In this

context, use of geotechnologies associated to spatial analyses appears as a valuable

instrument for identification and risk measurement, aiding in health monitoring of

specific populations. The World Health Organization advires risk analysis for the

studies of endemic diseases in economically underdeveloped or developing countries.

This study’s objective, following World Health Organization guidelines, is to define

geographic areas at risk for schistosomiasis in the municipality of Lauro de Freitas,

Bahia using geotechnologies and spatial analysis to establish an epidemiologic and

socioeconomic disease profile. In this way it will contribute to the remodeling and

adaptation of municipal control programs for this disease. Lauro de Freitas was chosen

for this work because it is classified, by Bahia State Health Department, as a

Page 15: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

15

municipality with focal disease transmission, and for undergoing rapid economic

development that attracts migrant movements that increase geographic expansion of this

disease.

Keywords: Schistosomiasis Mansoni, Spatial Analysis, Lauro de Freitas

Page 16: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

16

1. INTRODUÇÃO

A esquistossomose mansônica vem se estabelecendo como um sério problema de Saúde

Pública, afetando cerca de 200 milhões de pessoas em várias regiões do mundo. No

Brasil, a doença é considerada endêmica, apresentando aproximadamente seis milhões

de indivíduos infectados, distribuídos em 19 unidades federadas (KATZ & PEIXOTO,

2000; BINA & PRATA, 2003). Dentre as regiões geográficas do país, a Nordeste

apresenta a maior casuística da enfermidade, onde a Bahia é o estado com a segunda

maior área endêmica, com média de 165,8 internações/ano e 40,2 óbitos/ano,

notificados em 65% (271/417) dos seus municípios (BRASIL, 2006a).

Inicialmente, a doença estava circunscrita a ambientes rurais do nordeste do país,

porém, a partir da década de 80, observou-se uma drástica mudança no seu perfil eco-

epidemiológico, com o aparecimento de casos autóctones em zonas periurbanas de

grandes cidades (SILVA et al., 2005; GARGIONI et al., 2008). Entre os fatores que

contribuíram para a propagação da esquistossomose estão os movimentos migratórios

inter e intra-regionais, a hipertrofia dos núcleos urbanos, a exploração inadequada de

recursos hídricos, a ampla distribuição dos hospedeiros intermediários, a longevidade da

doença, a descontinuidade das ações do programa oficial de controle e a falta de

educação sanitária (MARTINS Jr & BARRETO, 2003; RIBEIRO et al., 2004).

O padrão de distribuição espacial da doença indica que a dinâmica de transmissão do

Schistosoma mansoni depende do inter-relacionamento entre o ecossistema, as pessoas e

suas condições sociais (BARBOSA et al., 2002; CARDIM et al., 2008). A forma de

ocupação humana dos espaços urbanos das periferias das grandes cidades, aliados a alta

Page 17: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

17

vulnerabilidade social como desemprego, exclusão e pobreza, e a condições

inadequadas de saneamento e moradia vem causando grande impacto na disseminação

da esquistossomose e de várias doenças emergentes e re-emergentes no país (PEIXOTO

& MACHADO, 2005; ANARUMA FILHO & SANTOS, 2007).

Os altos índices de morbi-mortalidade da esquistossomose mansônica no Brasil

colocam em pauta de discussão as metodologias tradicionalmente empregadas no seu

controle, exigindo a adoção de novas estratégias de ação. A indicação de áreas de risco

para a doença, feita a partir da análise de dados brutos em áreas heterogêneas, não

possui valor estatístico nem referencial, podendo levar a interpretações não realísticas.

Assim, o tratamento estatístico dos dados, sem uma análise sócio-ecológica espaço-

temporal, suprime informações que podem ser cruciais para o entendimento da

dispersão da doença em determinada área geográfica (BEATO-FILHO et al., 2001).

A espacialização das informações, através das geotecnologias, permite agregar o evento

ao local em que ele aconteceu ou foi produzido, enriquecendo a qualidade das

informações obtidas sobre o estudo, além de possibilitar avaliar a troca de influências

com os elementos atuantes na sua cadeia epidemiológica (CAMARA et al., 2002;

TAVARES, 2006). Por sua vez, a associação das geotecnologias com as análises

espaciais se transforma em um instrumento fundamental na avaliação do impacto dos

processos ambientais, socioeconômicos e demográficos na determinação e mensuração

do risco de infecção.

Assim, seguindo a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que postula o

enfoque de risco para o estudo de doenças endêmicas em países sub-desenvolvidos e em

Page 18: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

18

desenvolvimento econômico, esse trabalho teve como objetivo delimitar as áreas

geográficas de risco para a Esquistossomose Mansônica no município de Lauro de

Freitas, Bahia, através das geotecnologias e das análises espaciais, e estabelecer o perfil

epidemiológico e socioeconômico da doença contribuindo assim, para o

redirecionamento das estratégias dos programas de controle dessa endemia no

município.

Page 19: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

19

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Esquistossomose Mansônica

A esquistossomose mansônica, doença parasitária de veiculação hídrica, de caráter

crônico ou agudo, causada pelo trematódeo digenético Schistosoma mansoni apresenta o

homem como principal reservatório e caramujos do gênero Biomphalaria como

hospedeiros intermediários. O período médio de incubação requer um a dois meses após

a infecção. No Brasil, a doença é conhecida popularmente como xistossomose, xistosa,

doença do caramujo ou barriga d’água, em conseqüência da ascite que acompanha as

formas mais graves (ALVES et al., 1998; SILVA et al., 2005; BRASIL, 2009).

As maiores prevalências da doença são encontradas em populações de áreas rurais e nos

grupos sociais de menor poder aquisitivo, que vivem em precárias condições sócio-

ambientais e culturais nos grandes centros urbanos. O fenômeno da expansão urbana da

esquistossomose pode ser atribuído à ocupação desordenada das cidades, invadindo

áreas naturalmente habitadas pelos moluscos hospedeiros intermediários; aos

movimentos migratórios de pessoas infectadas, especialmente para as áreas periféricas

das grandes cidades e à escassez de investimentos em áreas sociais, como saúde,

educação e saneamento básico (BARBOSA & BARBOSA, 1998; BARATA et al.,

2000; SILVA et al., 2000).

A esquistossomose mansônica é considerada uma das doenças endêmicas mais

importantes e mais difundidas no mundo. Estimativas da Organização Mundial da

Saúde apontam à existência de 200 milhões de pessoas infectadas na América do Sul,

Page 20: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

20

África e Ásia, num total de 75 países (NEVES, 1999; BINA & PRATA, 2003). No

continente americano, além do Brasil, existem focos na Colômbia, Venezuela, Porto

Rico, República Dominicana, Santa Lúcia, Guadalupe, Martinica, St. Kitts, Suriname,

Montserrat, Haiti e San Martin (OLIVEIRA & SANTOS, 2002; SOUZA et al., 2007).

No Brasil, essa endemia se constitui num dos mais sérios problemas de saúde pública,

sendo responsável pela contaminação de aproximadamente seis milhões de indivíduos

(ALVES et al., 1998; KATZ & PEIXOTO, 2000; KATZ & ALMEIDA, 2003). Estima-

se que 25 milhões de pessoas vivem em áreas sob risco de contrair a doença. Segundo a

Portaria da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) nº 5 de

21 de fevereiro de 2006, acredita-se que o número de pessoas infectadas seja muito

maior do que o número de casos registrados, apesar de ser uma doença de notificação

compulsória nas áreas não endêmicas (PASSOS & AMARAL, 1998; TELES, 2005;

BRASIL, 2009).

Atualmente, a presença de portadores da parasitose é observada em 19 unidades

federadas, em todas as regiões do país, com uma média de 1.059 internações e 491

óbitos, no período de 1998 a 2007 (CARMO, 2009). A área endêmica mais importante

está localizada em uma faixa de terra contínua ao longo do litoral, atingindo os estados

de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe, na região

Nordeste, e Espírito Santos e Minas Gerais na região Sudeste (KATZ & PEIXOTO,

2000; LENGELER et al., 2002; BINA & PRATA, 2003; BRASIL, 2009).

A Bahia é o estado com a segunda maior área endêmica, com registro da doença em 271

dos 417 municípios e prevalência média no período de 2002 a 2006 em torno de 5,4%.

Page 21: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

21

As localidades com as prevalências mais elevadas encontram-se nos municípios das

Bacias dos Rios Jequiriçá, Itapicurú, Contas, Jaguaribe e Paraguaçu (BRASIL, 2006a;

CARMO, 2009).

2.2 Origem da Esquistossomose Mansônica no Brasil

A humanidade convive com a esquistossomose desde a antiguidade, fato comprovado

por estudos que verificaram a presença de ovos de Schistosoma em vísceras de múmias

egípcias cuja origem remonta a 3.500a.C. Originando-se provavelmente no Egito, essa

endemia espalhou-se por vasta área do território africano seguindo o curso dos grandes

rios (CHIEFFI & WALDMAN, 1988; BRASIL, 1998; COURA & AMARAL, 2004).

A introdução da esquistossomose no Brasil deu-se no período colonial, em meados do

século XVI, pelo tráfico de escravos trazidos da costa da Guiné, Angola, antigo Congo e

Moçambique, para trabalho nas plantações de cana-de-açúcar na região Nordeste do

país, através dos portos de Recife e Salvador (MAGALHÃES & DIAS, 1944;

PARAENSE, 1959; BARBOSA et al., 1996; RIBEIRO et al., 2004).

A utilização da mão-de-obra escrava na lavoura canavieira, cultura que utilizava grande

aporte hídrico, associada às péssimas condições de salubridade e à existência dos

caramujos do gênero Biomphalaria, criou as condições bio-ecológicas para que se

completasse o ciclo evolutivo do parasita (BARRETO, 1982; SILVEIRA, 1989).

A expansão da esquistossomose em território brasileiro acompanhou os sucessivos

fluxos migratórios inter e intra-regionais, orientados pelo desenvolvimento de

Page 22: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

22

determinados ciclos econômicos, como expansão agrícola, criação de gado, descobertas

de jazidas auríferas e industrialização. A precária condição de vida e trabalho em

diferentes áreas, a exploração inadequada dos recursos hídricos, a ampla distribuição

dos hospedeiros intermediários e a longevidade da doença favoreceram a disseminação

da enfermidade (BINA, 1976; CHIEFFI & WALDMAN, 1988; RIBEIRO et al., 2004).

Essa forma originária de organização social, com sistema de latifúndios e exploração da

força humana de trabalho, vem se perpetuando até os dias atuais, onde as periferias das

grandes cidades ou capitais, locais onde residem as populações de baixa renda,

reproduzem as más condições de saneamento que permitem a instalação da miséria e de

novos focos da doença (BARBOSA et al., 1996; KATZ & PEIXOTO, 2000).

2.3 Ciclo de Vida do Schistosoma mansoni

O S. mansoni tem ciclo de vida complexo que requer caramujos de água doce, parada ou

com pouca correnteza (até 29 cm/s) como hospedeiros intermediários. Os caramujos

pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria são os organismos que

possibilitam a reprodução assexuada do helminto (DIAS et al., 1994; OLIVEIRA &

SANTOS, 2002; MOURA et al., 2005).

O homem é o principal hospedeiro definitivo, nele o parasita apresenta a forma adulta

que se reproduz sexuadamente. Os primatas, marsupiais (gambá), ruminantes, roedores,

lagomorfos (lebres e coelhos), são considerados hospedeiros permissivos ou

reservatórios, porém, não está clara a participação desses animais na transmissão e

Page 23: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

23

epidemiologia da doença, apesar da capacidade de todos em eliminar ovos nas fezes

(SOUZA & LIMA, 1997; BRASIL, 2005b; BRASIL, 2009).

Os ovos do S. mansoni são eliminados junto com as fezes do hospedeiro infectado e,

quando alcançam uma coleção hídrica, eclodem e liberam larvas ciliadas denominadas

miracídios, que nadam ativamente e penetram nos moluscos. No molusco, transformam-

se em esporocistos primários e secundários, dando origem às cercárias de cauda

bifurcada, após 25 a 35 dias. Estas cercárias saem do corpo do molusco e ao entrarem

em contato com o hospedeiro definitivo penetram através da pele, perdendo a cauda e

transformando-se em esquistossômulos. Os esquistossômulos migram via circulação

sanguínea e linfática, para o coração, pulmão, fígado e veias mesentéricas, onde

alcançam a maturidade em 28 a 48 dias após a penetração. Nas veias mesentéricas

inferiores ocorre a cópula, seguida de oviposição (COUTINHO & DOMINGUES,

1993; SOUZA & LIMA, 1997; CARVALHO et al., 2005a).

O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni a partir de cinco semanas

após a infecção e por um período de seis a 10 anos, podendo chegar até mais de 20

anos. Os hospedeiros intermediários começam a eliminar cercárias após quatro a sete

semanas da infecção pelos miracídios. Os caramujos infectados eliminam cercárias por

toda a vida, que é de aproximadamente um ano (BRASIL, 1998; BRASIL, 2009).

2.4 Hospedeiros Intermediários do Schistosoma mansoni

No Brasil, as espécies envolvidas na disseminação da esquistossomose são:

Biomphalaria glabrata (Say, 1818), Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) e

Page 24: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

24

Biomphalaria tenagophila (D’Orbigny, 1835). Pelo menos uma dessas três espécies é

notificada em todos os estados, com exceção do Amapá e Rondônia, que até o momento

não foi verificada a presença desses moluscos (PARAENSE, 1975; TELES, 1996;

SOUZA et al., 2007; BRASIL, 2008).

A espécie B. glabrata é o mais importante hospedeiro intermediário do S. mansoni nas

Américas, em decorrência de sua extensa distribuição geográfica, altos índices de

infecção e eficiência na transmissão da esquistossomose (REY, 1993; CARVALHO et

al., 2005a; COUTO, 2005; GUIMARÃES et al., 2007). A presença desse molusco já foi

notificada em 16 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e em 806 municípios de

uma área delimitada pelos paralelos 0º53’S (Quatipuru, PA), 29º51’S (Esteio, RS),

53º44’S (Toledo, PR) e a linha costeira. As maiores prevalências abrangem a Região

Nordeste, ao longo da faixa litorânea e áreas interiores adjacentes dos Estados do Rio

Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, até o sudeste da Bahia

(CARVALHO, O. et al., 1998; CARVALHO et al., 2005b).

A B. straminea é a espécie de maior distribuição, sendo encontrada em quase todas as

bacias hidrográficas (PARAENSE, 1975). A sua presença já foi registrada em 1.327

municípios, distribuídos por 24 estados brasileiros, além do Distrito Federal,

apresentando maior domínio na região de clima seco do Nordeste, principalmente nos

estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e

Bahia (CARVALHO et al., 2005b; BRASIL,2008).

A B. tenagophila possui importância epidemiológica no sul do país e já foi notificada

em 603 municípios de 10 estados brasileiros, além do Distrito Federal, em um quadrante

Page 25: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

25

delimitado pelos paralelos 10º12’ e 33º41’S, pelo meridiano 57º05’W e a linha litorânea

(CARVALHO et al., 2005b; BRASIL,2008).

Na Bahia, a espécie B. straminea está presente em todos os municípios, a espécie B.

glabrata está mais concentrada nas regiões leste e centro-leste do estado, inclusive no

município de Lauro de Freitas e a espécie B. tenagophila está presente apenas no

extremo sul do estado, abrangendo os municípios de Canavieiras, Caravelas, Itabela,

Itamaraju, Mucuri, Nova Viçosa, Prado e Santa Luzia (BRASIL, 2008; DANTAS-

FILHO, 2008).

Os planorbídeos podem ser encontrados em uma grande variedade de habitats tais como

lagoas, poças, cisternas, pântanos, remansos de rios, riachos, córregos, valas, canais de

irrigação e de drenagem, esgotos domésticos, caixa d’ água, dentre outras. Os biótopos

com moluscos apresentam, em sua maioria, riqueza de microflora e matéria orgânica,

pouca turbidez, boa insolação, pH entre 6,0 e 8,0, teor de cloreto de sódio abaixo de 3%

e temperatura média entre 20 e 25ºC (FREITAS et al., 1987; SOUZA & LIMA, 1997;

BORGES et al., 2009).

2.5 Manifestações Clínicas

A maioria das pessoas infectadas em áreas endêmicas pode permanecer assintomática,

dependendo da intensidade da infecção. O curso da doença depende do tipo de reações

ocorridas na fase da invasão das cercárias ou do estágio de desenvolvimento do parasita

no hospedeiro (REY, 1991; TANABRE et al., 1997; SOUZA et al., 2007).

Page 26: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

26

Clinicamente a esquistossomose pode ser classificada em fase inicial e fase tardia. A

fase inicial corresponde à penetração das cercárias na pele. Nessa fase, as manifestações

alérgicas predominam caracterizadas por micropápulas eritematosas e pruriginosas,

semelhantes à picada de inseto. A fase tardia inicia-se a partir de seis meses após a

infecção, podendo surgir sinais de comprometimento de vários órgãos, com graus

extremos de severidade como: hipertensão pulmonar e portal, ascite e ruptura de varizes

do esôfago, que é o quadro irreversível da doença. As manifestações clínicas variam de

acordo com a idade em que ocorreu a primeira exposição, a freqüência de exposições, a

localização e intensidade do parasitismo e o estado imunológico do indivíduo (KATZ &

ALMEIDA, 2003; BRASIL, 2009).

2.6 Diagnóstico

Os métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da esquistossomose podem ser

classificados em diretos e indiretos. Os métodos diretos detectam o parasito, ovos,

substâncias antigênicas ou fragmentos celulares, podendo ser feitos através do exame

parasitológico de fezes, eclosão de miracídios, biópsia retal, biópsia hepática,

determinação e identificação de antígenos e anticorpos circulantes e reação em cadeia

da polimerase (PCR - Polymerase Chain Reaction). Os métodos indiretos dependem de

marcadores bioquímicos e imunológicos associadas à infecção pelo S. mansoni, dentre

os quais se destacam os exames ultrassonográficos e os testes imunológicos de reação

intradérmica (BRASIL, 1998; BRASIL, 2009).

Em geral, nos programas de controle da esquistossomose no Brasil, o exame

parasitológico de fezes, vem sendo utilizado como método único para selecionar os

Page 27: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

27

indivíduos a serem submetidos à quimioterapia (FAVRE, et al., 2001; GARGIONI et

al., 2008).

A OMS recomenda a utilização da técnica de Kato-Katz (KATZ et al., 1972) nos

inquéritos epidemiológicos, por ser um exame parasitológico mais sensível, rápido e de

fácil execução, além de permitir avaliar a eficácia do tratamento e a intensidade da

infecção pela contagem de ovos em quantidade padronizada de fezes, expressa em ovos

por grama de fezes (opg) (WHO, 1985; KATZ & ALMEIDA, 2003; GONÇALVES et

al., 2005; SOUZA et al.,2007). No entanto, nas áreas onde a doença é de pouca

gravidade, com manifestações leves e pouco específicas, a maioria dos portadores

elimina pequeno número de ovos e a prevalência real da doença fica subestimada, tendo

em vista a baixa eficiência desse método para detectar casos com pequeno número de

ovos (DEVLAS & GRYSSELS, 1992; NOYA et al., 1999; RABELLO, 1997;

DOENHOFF et al., 2004).

2.7 Tratamento

Existem dois medicamentos disponíveis para tratamento de crianças e adultos

portadores de S. mansoni: o praziquantel e a oxaminiquina. Os dois medicamentos se

equivalem quanto à eficácia e a segurança. Atualmente, o praziquantel é a droga de

escolha, em função do menor custo/tratamento, sendo administrado por via oral, em

dose única de 50mg/Kg de peso para adultos e 60mg/Kg de peso para crianças (KATZ

& ALMEIDA, 2003; BRASIL, 2005b; MATOS et al., 2007).

Page 28: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

28

A distribuição dos medicamentos é gratuita e repassada para as Secretarias de Estado da

Saúde (SES), pela Secretaria de Vigilância em Saúde, ficando disponível na rede de

Atenção Básica a Saúde dos municípios ou nas unidades de referência para tratamento

da esquistossomose (BRASIL, 2009).

2.8 Evolução Histórica do Programa de Controle da Esquistossomose no Brasil

O primeiro relato da infecção humana pelo S. mansoni no Brasil foi feito no ano de

1908 por Pirajá da Silva, no estado da Bahia (ANDRADE, 2002). Todavia, a

importância da esquistossomose só foi evidenciada a partir do primeiro grande inquérito

nacional de prevalência dessa endemia realizado pela Divisão de Organização Sanitária

sob direção dos sanitaristas Pellon e Teixeira em 1950. Esse levantamento foi realizado

em escolares de sete a 14 anos de idade, das sedes de pequenas cidades dos estados de

Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe,

Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, através do exame parasitológico de fezes pela

técnica de sedimentação em água. Nesse inquérito, foram examinadas 440.786 pessoas,

identificando 44.478 indivíduos positivos, resultando em uma prevalência média de

10,1%. Na Bahia, foram registrados 12.345 casos de esquistossomose dos 91.320

escolares examinados, residentes em 221 localidades, equivalendo a um índice de

infecção de 16,6%. (HOFFMAN et al., 1934; PELLON & TEIXEIRA, 1950).

No ano de 1953, esses mesmos autores estudaram áreas supostamente não endêmicas do

sul e sudeste do país, englobando os estados do Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina,

Mato Grosso e Goiás, observando que 0,08% das amostras fecais eram positivas para a

esquistossomose (PELLON & TEIXEIRA, 1953).

Page 29: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

29

Em março de 1956, o presidente da república Juscelino Kubitschek criou no Ministério

da Saúde o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNRu), com o objetivo de

organizar e executar os serviços de investigação e promover o combate à Malária,

Leishmaniose, Doença de Chagas, Peste, Brucelose, Febre Amarela, Esquistossomose,

Ancilostomose, Filariose, Hidatidose, Bouba Endêmica, Tracoma e outras existentes no

país, não só na área rural mas em todas as áreas do território nacional. No entanto, o

financiamento não era suficiente para a cobertura completa de todas as endemias,

cabendo à Malária, pelo seu impacto de doença aguda explosiva, a maior parcela,

ficando as outras doenças em segundo plano (BRASIL, 1956; COURA, 1993).

No ano de 1970, foi criada a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

(SUCAM), resultado da fusão do Departamento Nacional de Endemias Rurais, da

Campanha de Erradicação da Varíola e da Campanha de Erradicação da Malária, com o

objetivo de executar as ações de erradicação e controle de endemias nas áreas de

transmissão potencial (BRASIL, 1970).

O controle nacional da esquistossomose só foi implementado em 1975 pela SUCAM,

com a criação do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE). Iniciou-

se aí um modelo de controle centrado fundamentalmente na realização de grandes

inquéritos coproscópicos na população de sete a 14 anos de idade, nos estados do

Nordeste, e no posterior tratamento quimioterápico em massa com oxamniquine

(BARBOSA & BARBOSA, 1995; FAVRE et al., 2001). O controle de moluscos

vetores, através da aplicação de moluscicida (niclosamida), foi levado a efeito em

menor escala e de forma irregular. Saneamento, abastecimento de água e educação em

saúde foram implementados esporadicamente (CAMARGO, 1980). Para as atividades

Page 30: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

30

de educação em saúde, adotava-se um modelo tradicional baseado no repasse de

conhecimento pelos guardas sanitários da SUCAM, que em visitas domiciliares, faziam

descrições orais padronizadas das formas de transmissão e meios de prevenir a doença

(BRASIL, 1976). Ainda que não tenham sido executados com a mesma frequência em

todos os estados, tais inquéritos possibilitaram o conhecimento da prevalência da

esquistossomose na região, bem como uma avaliação do efeito das medidas de controle

adotadas (CARMO & BARRETO, 1994).

A implantação do PECE na Bahia ocorreu no ano de 1979, em uma única área

endêmica, a Bacia do Paraguaçu. Nessa bacia, foram concluídos no ano de 1980,

482.509 exames coproscópicos, com 75.696 resultados positivos para o Schistosoma

mansoni, correspondendo a 15,7% de índice de positividade. As ações de quimioterapia

e tratamento de criadouros com moluscicidas tiveram início no ano seguinte, atingindo

todos os municípios da região (VIEIRA, 1993).

No início do PECE na Bahia foram previstas, por convênio, ações da Fundação SESP

(Serviço Especial de Saúde Pública) na implantação de saneamento básico e

abastecimento de água na área e ações de educação sanitária por parte da Secretaria de

Saúde do Estado da Bahia (SESAB). No entanto, somente a SUCAM manteve as

funções que lhe couberam de reconhecimento geográfico, coproscopia, malacologia e

tratamento, assumindo ainda as atividades de educação sanitária (OLIVEIRA &

SANTOS, 2002).

Em 1980, o PECE deixou de ser um programa especial da SUCAM e passou a ser

denominado de Programa de Controle da Esquistossomose (PCE), implementado pela

Page 31: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

31

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). O PCE, nome pelo qual é conhecido até hoje,

manteve as principais características do modelo anterior: levantamento espacial

domiciliar, censo da população inicial, diagnóstico coprológico em massa, pelo método

de Kato-Katz, intensa medicalização com oxamniquine e controle da população de

caramujos através do uso de moluscicidas (SANTANA et al., 1997; CARVALHO, E et

al., 1998; OLIVEIRA & SANTOS, 2002; QUININO et al., 2009).

Em 1999, ocorreu a oficialização da descentralização das ações de vigilância e controle

de doenças do nível federal (FUNASA) para os municípios (BRASIL, 1999). Nesta

ocasião fizeram-se necessárias a normatização e implementação de atividades a serem

realizadas pelos municípios, com destaque para a delimitação epidemiológica,

inquéritos coproscópicos censitários, tratamento de infectados, controle de

planorbídeos, medidas de saneamento ambiental, educação em saúde, vigilância

epidemiológica e a alimentação anual do Sistema de Informação sobre o PCE

(SISPCE), com o preenchimento dos campos do sistema de informação, inclusive dos

que tratam a localização geográfica, como nome e código do logradouro e bairro de

residência (BARCELLOS & RAMALHO, 2002; BRASIL, 2004; BRASIL, 2005a;

BRASIL, 2009).

Após a descentralização, a implantação do PCE no município de Lauro de Freitas

ocorreu apenas em setembro de 2005, com o objetivo geral de interromper o ciclo de

transmissão da esquistossomose pela identificação do homem doente, através do

inquérito coproscópico censitário pelo método de Kato-Katz; tratamento dos positivos

com praziquantel, segundo as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003)

e pesquisa malacológica.

Page 32: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

32

As equipes estaduais foram responsáveis pela capacitação do município nas atividades

do PCE, inclusive aquelas relacionadas à inclusão dos dados no sistema, que são

encaminhados mensalmente para a Gerência Técnica da Esquistossomose da Secretaria

de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

2.9 Vigilância e Controle da Esquistossomose

Um dos itens do Programa de Controle da Esquistossomose é a Vigilância

Epidemiológica, cujos objetivos são reduzir a prevalência da infecção em áreas

endêmicas; reduzir a morbidade e a mortalidade; evitar a ocorrência de formas graves

da patologia e reduzir o risco de expansão da doença. Para atingir esses objetivos, o

Ministério da Saúde tem como estratégias básicas o reconhecimento geográfico; a busca

ativa dos portadores de S. mansoni por meio de inquéritos coproscópicos periódicos; o

tratamento dos portadores com droga específica; as atividades de malacologia e as

medidas de educação em saúde e de saneamento básico. No entanto, atualmente, a

integração das ações de saneamento e as ações de informação, educação, comunicação e

mobilização comunitária não estão sendo priorizadas (FARIAS et al., 2007; DANTAS

FILHO, 2008; AMARAL, 2008).

As medidas de controle até então empregadas não tem surtido o efeito esperado na

redução da prevalência da doença. Os exames coproscópicos normalmente não são

executados com periodicidade. Cada município realiza essa atividade de acordo com

critérios próprios, dependendo da disponibilidade de equipamento e de pessoal,

variando também a metodologia adotada, podendo ser inquérito censitário,

Page 33: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

33

levantamento em escolares, ou resultado dos exames decorrentes das demandas locais

dos serviços de saúde (BARBOSA et al., 1996; FAVRE et al., 2001; BRASIL, 2005a).

O reconhecimento geográfico dos criadouros de planorbídeos do gênero Biomphalaria é

bastante útil ao controle e vigilância epidemiológica, na medida em que permite o

planejamento adequado das atividades previstas nos programas de controle da

esquistossomose (TELES, 1996; PEIXOTO & MACHADO, 2005). No entanto, a

distribuição real das espécies não esta bem esclarecida, dificultada pela grande extensão

territorial e pela carência de recursos humanos (DANTAS FILHO, 2008; AMARAL,

2008).

O aparecimento de drogas esquistossomicidas administradas em dose única e por via

oral fez da quimioterapia a principal medida de controle da esquistossomose na década

de 80 (KATZ et al., 1989). No Brasil, sucessivas campanhas de controle vêm utilizando

apenas a quimioterapia seletiva como forma de combate à esquistossomose, com

resultados instantâneos otimistas, reduzindo significativamente as formas graves e letais

e a prevalência em determinadas áreas. Porém, o sucesso da quimioterapia em regiões

de alta prevalência não tem sido duradouro, havendo rápida re-infecção na ausência de

fatores que interrompam a transmissão (COURA, 1995; SANTANA et al., 1997;

CARVALHO, E et al., 1998).

Para Katz (1986) a abordagem puramente médica no controle da doença esta fadada ao

insucesso, pois a esquistossomose não pode ser entendida como um fenômeno biológico

individual, mas como um fenômeno social e biológico, que ocorre dentro de contextos

sociais, políticos, econômicos e sanitários.

Page 34: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

34

Alguns autores afirmam que o controle eficaz e duradouro da esquistossomose depende

do desenvolvimento conjunto de medidas profiláticas (diagnóstico e tratamento de

portadores humanos) e de ações governamentais como obras de engenharia sanitária

(saneamento básico, instalação de rede de água e esgoto nas casas), mudanças no meio

ambiente e educação para a saúde das comunidades (COURA-FILHO, 1998; KATZ &

ALMEIDA, 2003; TELES, 2005; VASCONCELOS et al., 2009).

2.10 A Esquistossomose e os Fatores Socioeconômicos e Comportamentais

A transmissão do Schistosoma mansoni depende do inter-relacionamento entre o

ecossistema, as pessoas e suas condições sociais. Os elementos do meio físico podem

constituir as condições ecológicas favoráveis ao desenvolvimento da doença, porém, ela

só se manifesta quando combinada com os aspectos sócio-culturais. Isso decorre da

forma como o homem, organizado socialmente, se apropria do espaço natural

(BARRETO, 1982; LIMA, 1995; MARTINS Jr & BARRETO, 2003; PEIXOTO &

MACHADO, 2005).

As precárias condições de vida a que estão submetidas amplas parcelas da população do

Brasil, sobretudo as urbanas, têm inegavelmente repercutido em seus níveis de saúde. A

acentuação da desigualdade na distribuição de renda, acompanhada por um importante

crescimento na concentração residencial da pobreza, aumentou as disparidades sociais

nas grandes cidades e as variações intra-urbanas das condições de saúde (BRAGA et al.,

2001; ANDRADE & SZWARCWALD, 2001).

Page 35: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

35

O modo de ocupação dos ambientes urbanos periféricos, de maneira caótica e

desordenada, a presença de pessoas parasitadas, os hábitos de poluição fecal e a

precariedade da qualidade de vida como a ausência de moradias adequadas, falta de

saneamento básico, baixa escolaridade, escasso lazer e falta de informação têm

favorecido o contato humano com as coleções de água doce e de superfície, adequada à

vida dos moluscos hospedeiros intermediários, determinando em diferentes níveis, a

infecção pelo S. mansoni (CARVALHO, E., et al., 1998; ALVES et al., 1998;

BARBOSA et al., 2000).

2.11 A Esquistossomose e o Ambiente

Desde épocas remotas que as relações entre saúde e ambiente têm sido observadas na

ocorrência de diversas doenças. Aproximadamente 400a.C., Hipócrates com seu

trabalho “Ares, Água e Lugares”, já ponderava que, para estudar corretamente a ciência

da medicina era necessário considerar os efeitos ambientais. Ele pregava a influência

desses fatores como um dos protagonistas na produção de doenças em seres humanos,

tanto em caráter endêmico, quanto epidêmico em determinado espaço geográfico

(ALVES & RABELO, 1998; ANDRADE, apud BARRADAS, 2000).

O termo ambiente é definido pela Organização Mundial de Saúde como “a totalidade de

elementos externos que influem nas condições de saúde e qualidade de vida dos

indivíduos ou das comunidades”. Portanto, para o entendimento dos fatores que

intervêm na incidência e propagação das doenças infecciosas e parasitárias em uma

região, não basta descrever as características das populações, é necessário localizar onde

estão acontecendo os agravos, que serviços a população está procurando, o local de

Page 36: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

36

potencial risco ambiental e as áreas onde se concentram as situações sociais mais

vulneráveis (CARVALHO et al., 2000; BARBOSA et al., 2002).

As relações entre saúde e ambiente podem ser evidenciadas através da análise de

características epidemiológicas das áreas próximas às fontes de contaminação e pela

identificação de fatores ambientais adversos em locais onde há concentração de agravos

à saúde (ELIAS & TINEM, 1995).

Nas últimas décadas, as ações antrópicas com transformações das paisagens naturais

têm sido intensas, ocasionando impactos de diferentes naturezas no solo, na água, na

atmosfera, na biodiversidade e na população humana, contribuindo para o surgimento e

a expansão de diversas doenças (LUNA, 2002; GURGEL, 2003). Vários autores já

apontaram que o avanço e a disseminação da esquistossomose nas cidades brasileiras

estão relacionados com a forma de ocupação e organização do espaço, desempenhando

papel fundamental no processo de propagação da endemia (BARBOSA et al., 2000;

PEIXOTO & MACHADO, 2005; ARAUJO et al., 2007; MARTINS et al., 2007).

Vários modelos explicativos e aplicados a elaboração de políticas sanitárias têm sido

sugeridos com o intuito de sanar ou minimizar os impactos negativos a saúde humana,

oriundos de suas relações com o ambiente. Os modelos de vigilância e controle das

doenças metaxênicas estão entre os mais conhecidos, visto que, para que estas doenças

se estabeleçam numa determinada área geográfica, há uma forte dependência tanto das

características biológicas dos elementos envolvidos no ciclo de transmissão, como da

maneira como se processa a ocupação da paisagem pelo homem, seja ela natural ou

artificial (FORATTINI, 1992; SANTOS & MARÇAL Jr, 2004).

Page 37: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

37

Para ampliação da capacidade do setor saúde no controle de endemias é indispensável

que ocorra o desenvolvimento de novas ferramentas para a vigilância epidemiológica

capazes de congregar aspectos do meio-ambiente, identificadores de riscos, e métodos

automáticos e semi-automáticos que permitam a detecção de surtos epidêmicos e o seu

acompanhamento no tempo e no espaço (KILLICK-KENDRICK, 1989; PELLEGRINI,

2002; BAVIA et al., 2005).

2.12 Epidemiologia e Geografia Médica

A Epidemiologia tem como preocupação compreender e explicar o processo saúde-

doença nos indivíduos e em populações. A Geografia da Saúde por sua vez, procura

identificar na estrutura espacial e nas relações sociais que ela encerra associações

plausíveis com os processos de adoecimento e morte nas coletividades. Ambas aceitam

como premissa geral que os padrões de morbi-mortalidade e saúde não ocorrem de

forma aleatória em populações humanas, mas sim em padrões ordenados que refletem

causas subjacentes (CURSON, 1986, apud BRASIL, 2006).

Um dos estudos pioneiros que intuitivamente incorporou o uso de mapas na ciência

médica foi realizado pelo médico inglês John Snow que, em 1854, estudou a

transmissão da cólera, epidemia que na época fez muitas vítimas em Londres, através da

localização geográfica das residências dos óbitos ocasionados pela doença e das bombas

de água que abasteciam a cidade, visualizando claramente que uma destas – em Broad

Street – era o epicentro da epidemia (OPAS, 2002; CAMARA et al., 2002; BAVIA,

2004).

Page 38: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

38

A importância da Geografia Médica nos estudos da Epidemiologia pode ser percebida

desde que a teoria da unicausalidade deixou de ser a única forma de explicação da

disseminação de doenças e passou a ser aceito o conceito da multicausalidade. Pode-se

afirmar que o objetivo da Geografia Médica é esclarecer a importância do meio

geográfico no aparecimento e distribuição das doenças, visando fornecer subsídios para

programas de vigilância ambiental tanto no aspecto preventivo como no controle de

endemias (COSTA & TEIXEIRA, 1999; LEMOS & LIMA, 2002).

A geografia médica desenvolveu-se mais recentemente em função da tecnologia

computacional que abriu um universo de possibilidades para a pesquisa, disponível

através de um conjunto de recursos denominado Geotecnologias, que permitem a

análise de grandes bases de dados sobre saúde de forma simples, imediata e econômica

e que requer a formação de equipes multidisciplinares e interinstitucionais para a sua

execução (CAMARA & MEDEIROS, 1996; CARVALHO et al., 2000; COSTA, 2002).

2.13 As Geotecnologias

As Geotecnologias podem ser definidas como um conjunto de técnicas computacionais

de coleta, tratamento, manipulação e exibição de informações referenciadas

geograficamente, funcionando como uma ferramenta de visualização dos eventos de

saúde em mapas, para auxiliar no planejamento, monitoramento e avaliação das ações,

direcionando as intervenções para diminuir as iniqüidades (BARCELLOS &

RAMALHO, 2002; CHIESA et al., 2002; SANTOS et al., 2004). Dentre as principais

tecnologias empregadas destacam-se: a Cartografia Digital, o Sistema de

Page 39: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

39

Posicionamento Global (GPS - Global Position System), o Sensoriamento Remoto (SR)

e o Sistema de Informações Geográficas (SIG) (CARVALHO et al., 2000).

2.13.1 Cartografia Digital

A cartografia digital consiste em uma técnica para a produção de mapas através de

sistemas computacionais onde os elementos que compõem determinada carta são

convertidos em pontos, linhas ou polígonos em um plano cartesiano com posições

geograficamente referenciadas (SILVA, 2003).

A escolha da escala a ser trabalhada, que cartograficamente consiste em uma razão entre

a medida efetuada sobre o mapa e sua verdadeira medida na superfície terrestre

(CARVALHO et al., 2000), é indiscutível para o correto desenvolvimento de qualquer

atividade que exija a presença de mapas. O nível de detalhamento do mapa esta

relacionado ao tamanho de sua escala, quanto maior for à escala menor será a superfície

representada e maior os detalhes a serem visualizados (BRASIL, 2006b).

A construção de mapas contendo dados de saúde depende da compatibilização das

informações tabulares epidemiológicas com as bases cartográficas digitalizadas, cuja

disponibilidade depende da unidade espacial escolhida. Dentre as possíveis unidades

espaciais de referência para dados ambientais e sanitários encontram-se o setor

censitário, o bairro, a bacia hidrográfica, o distrito sanitário, o distrito administrativo e o

município (BARCELLOS & SANTOS, 1996; ROJAS et al., 1999). A vantagem do uso

de unidades territoriais de agregação de dados é a possibilidade de se obter

denominadores para a construção de taxas utilizadas como indicadores epidemiológicos,

Page 40: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

40

cuja interpretação esta subordinada a uma concepção prévia do processo saúde/doença e

do próprio espaço representado (BARCELLOS et al., 1998; BARCELLOS &

RAMALHO, 2002; GRIPP Jr & SOARES, 2006).

2.13.2 Sistema de Posicionamento Global

O Sistema de Posicionamento Global foi projetado pelo Departamento de Defesa dos

Estados Unidos da América, no início da década de l960, sob o nome “Projeto

NAVSTAR” (Navigation System with Time and Ranging), para oferecer posição

instantânea, bem como a velocidade e o horário de um ponto qualquer sobre a superfície

terrestre ou bem próxima a ela num referencial tridimensional. Esse sistema foi

originalmente planejado para aplicações militares, mas nos anos 80, o governo fez o

sistema disponível para uso civil, sendo declarado totalmente operacional em l995

(LETHAM, 1996; GORGULHO, 2001; TEIXEIRA & FERREIRA, 2005).

O satélite GPS transmite continuamente sinais de rádio, que viajam a velocidade da luz,

levando somente seis centésimos de segundo para atingir o receptor no solo. O sistema é

composto por 24 satélites não geostáticos, a uma altitude de 20.200 Km, distribuídos em

seis planos orbitais com uma inclinação de 55° em relação ao equador. Essa

configuração garante que, no mínimo, quatro satélites estejam sobre o céu do receptor

de um usuário em qualquer local da superfície terrestre a qualquer hora do dia, emitindo

sinais codificados (MONICO 2000; TOLENTINO, 2003).

Nos últimos anos, o GPS tem sido muito requisitado nas ações de vigilância em saúde,

na etapa de coletas de dados, para georreferenciar os endereços dos eventos mórbidos,

Page 41: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

41

gerando mapas que formam nuvens de pontos e possibilitando a identificação e a

delimitação de áreas de risco de diferentes tipos de agravos à saúde (BAVIA, 2004; ALI

et al., 2004).

O georreferenciamento dos eventos de saúde tem sido descrito como uma ferramenta

importante na análise e avaliação de riscos à saúde coletiva, particularmente os

relacionados ao meio-ambiente e ao perfil socioeconômico da população (SKABA et

al., 2004; BARCELLOS et al., 2005). Tal recurso participa na investigação em que se

verificam fatores determinantes de agravo à saúde, auxiliando na identificação da

interdependência de processos espaciais, que se refletem na sua configuração social,

ambiental e epidemiológica (BARCELLOS & BASTOS, 1996).

A principal vantagem dessa estratégia de georreferenciamento dos endereços é a

possibilidade de produzir diferentes formas de agregação de dados, construindo-se

indicadores em diferentes unidades espaciais, conforme o interesse do estudo. Um

mesmo ponto (evento de saúde) pode estar contido em diferentes tipos de unidades

espaciais: bairro, distrito sanitário, setor censitário, bacia hidrográfica, etc., definidos

por polígonos nos mapas (BARCELLOS & RAMALHO, 2002).

2.13.3 Sistema de Informações Geográficas

O Sistema de Informações Geográficas pode ser entendido como a mais completa das

geotecnologias, pela sua capacidade de englobar todas as técnicas descritas

anteriormente. É definido como um sistema computacional, que envolve softwares

específicos usados para capturar, armazenar, recuperar, transmitir e manipular

Page 42: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

42

informações geográficas que podem ser relacionadas entre si e com outros dados não

espaciais como registros alfanuméricos de um banco de dados, gerando informações

que podem ser visualizados sobre um mundo real com objetivo específico (CASTRO et

al., 2003; D’ARCO et al., 2003; BAVIA, 2004; PAULA & DEPPE, 2005).

Os SIG’s organizam as informações de um mapa em bases de dados geográficos que

são constituídas por layers (camadas ou níveis). Cada uma destas camadas contém

feições gráficas relacionadas espacialmente, e representam um tema ou classe de

informações, com características homogêneas relacionadas entre si através de um

sistema de coordenadas comum, organizados de acordo com o interesse da pesquisa

(dados edafoclimáticos, topográficos, tipos de vegetação, geologia, hidrologia, etc.). A

escolha dos temas que irão compor a base de dados faz parte do processo de modelagem

do sistema e estão subordinados aos objetivos do projeto. O modelo de organização irá

caracterizar a estratificação das informações em níveis diferentes, permitindo a

flexibilidade e a eficiência no acesso (PINA, 1999; ROB, 2003). Este recurso é valido

para auxiliar a construção de mapas, evidenciando as desigualdades existentes num

dado território, e para auxiliar no planejamento, monitoramento e avaliação das ações

em saúde, direcionando as intervenções para diminuir as iniqüidades (BARCELLOS &

BASTOS, 1996; CAMARGO-NEVES et al., 2001; CHIESA et al., 2002).

No âmbito dos serviços de saúde, a identificação de áreas homogêneas, nas quais os

moradores compartilham condições socioeconômicas, ambientais e de vida similares,

pode auxiliar na priorização de territórios, onde as iniqüidades são maiores e em que as

ações coletivas voltadas para a prevenção das doenças possam ser enfatizadas,

Page 43: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

43

resultando em maior impacto sobre as condições de risco e sobre os indicadores das

doenças (ROJAS et al., 1999; CHISA et al., 2002).

A espacialização dos agravos a saúde tem contribuído para orientar a formulação de

hipóteses sobre a gênese das doenças, considerando as variáveis espaciais de fatores

sócio-ambientais. A facilidade com que um SIG consegue processar e integrar uma

volumosa quantidade de dados de diferentes fontes, modelar situações ambientais e

confeccionar mapas de modo dinâmico, contribui para potencializar a análise e síntese

de informação sobre a saúde pública. Os resultados adquiridos pelas análises

georreferenciadas (hipóteses novas ou conclusões) provém à retroalimentação do

sistema, ampliando a qualidade da informação, essencial para o processo decisório

(OPAS, 2002).

O ambiente SIG tem funcionado como uma ferramenta de consolidação e análise

epidemiológica de grandes bases de dados para descrição da magnitude dos problemas

de saúde e para detecção de determinantes específicos e grupos populacionais

prioritários para suporte a tomada de decisões. No entanto, a avaliação do pesquisador é

imprescindível, pois não há mecanismo automático para a interpretação dos resultados

construídos (ROJAS et al., 1999; SANTOS et al., 2001; BURSTEIN, 2002; SANTOS,

2005).

2.14 As Geotecnologias e a Esquistossomose Mansônica

Uma vez que a esquistossomose é uma doença determinada no espaço e no tempo por

fatores sócio-ambientais, as Geotecnologias são ferramentas imprescindíveis no seu

Page 44: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

44

estudo, podendo ser empregadas para melhor conhecer a distribuição da prevalência da

doença e de seus hospedeiros intermediários em mapas de representação espacial

(CARVALHO et al., 2005b; FONSECA et al., 2007; MARTINS et al., 2007).

O estudo da epidemiologia paisagística da Esquistossomose Mansônica através do uso

das geotecnologias tem se mostrado extremamente eficiente na delimitação das áreas de

risco, trazendo novas perspectivas para a reformulação das estratégias de controle

realizadas pelos órgãos de saúde (BAVIA et al., 1999; BARCELLOS & RAMALHO,

2002; GURGEL, 2003; BAVIA, 2004; LOPES, 2005; GUO-JING et al., 2005).

Diversos autores têm demonstrado a utilidade das geotecnologias na identificação e

monitoramento da Esquistossomose Mansônica como: Bavia (1996), que utilizou um

SIG para estudar a dinâmica espacial e temporal da infecção e identificar os fatores

ambientais que influenciavam na distribuição da doença em trinta municípios da Bahia,

verificando ser a longevidade dos períodos de seca e tipos de solo, potencialmente mais

influentes na distribuição e nas taxas de prevalência que as variações de temperatura e

precipitação pluviométrica; Malone et al. (2001), que utilizaram um SIG e o SR para

descrever a relação entre o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e a

Temperatura Máxima da Superfície na distribuição e abundância do Schistosoma

mansoni e do hospedeiro intermediário Biomphalaria pfeifferi na Etiópia, extrapolando

esse modelo para o leste da África para prever áreas de risco para a ocorrência da

esquistossomose, observando que a composição anual da Temperatura Máxima da

Superfície variando entre 20 e 33°C e as estações chuvosas com temperaturas variando

entre 18 e 29°C definem a distribuição do S. mansoni na Etiópia; McNally (2003), que

desenvolveu mapas de modelos de risco para o Schistosoma baseado nas condições

Page 45: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

45

climáticas e no uso de SR no Kenya, observando que Temperaturas Máximas da

Superfície entre 15 e 28°C e NDVI entre 0,130 e 0,157 favoreciam a potencial

distribuição do hospedeiro intermediário e, consequentemente, a ocorrência da doença;

Araújo (2004) desenvolveu um SIG para a localização dos focos de esquistossomose,

identificou grupos expostos ao risco de infecção e contribuiu para a vigilância e o

monitoramento da saúde da população da Ilha de Itamaracá, Pernambuco; Moura et al.

(2005) determinaram as relações entre as variáveis ambientais e a distribuição da

doença e dos moluscos, no Estado de Minas Gerais com o objetivo de desenvolver

modelos que pudessem ser utilizados, por extrapolação, para prever o risco da

esquistossomose em áreas nas quais não existissem dados disponíveis; Araujo et al.

(2007) avaliaram o risco de transmissão da esquistossomose em Porto de Galinhas,

Pernambuco através da correlação espacial dos focos de caramujos com os casos

humanos da doença; Cardim et al. (2008) utilizaram técnicas de geoprocessamento,

análise de agrupamento hierárquico e análise de componentes principais para a

identificação de grupos sociais homogêneos, verificando a presença de grupos

diferenciados discriminados pelas características destino do lixo, educação e fonte de

abastecimento de água.

2.15 Análise Espacial

Bailey (1994, apud Rocha, 2004) define análise espacial como uma ferramenta que

possibilita manipular dados espaciais de diferentes formas e extrair conhecimento

adicional como resposta. Incluindo funções básicas como consulta de informações

espaciais dentro de áreas de interesse definidas, manipulação de mapas e a produção de

alguns breves sumários estatísticos dessa informação; incorporando também funções

Page 46: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

46

como a investigação de padrões e relacionamentos dos dados na região de interesse,

buscando, assim, um melhor entendimento do fenômeno e a possibilidade de se fazer

predições.

O objetivo da análise espacial é mensurar propriedades e relacionamentos levando em

consideração a localização espacial do fenômeno em estudo. É constituída por um grupo

de procedimentos interligados cujo propósito é a escolha de um modelo inferencial que

considera explicitamente as relações espaciais presentes no fenômeno (DRUCK et al.,

2004; GOODCHILD & HAINING, 2004; CRUZ & CAMPOS, 2009).

A noção de dependência espacial parte do conceito de Waldo Tobler, que se

convencionou chamar de primeira lei da geografia: “todas as coisas são parecidas, mas

coisas mais próximas se parecem mais que coisas mais distantes”. Desse conceito se

retira a premissa de que numa dada situação, observações próximas no espaço

compartilham condições sócio-ambientais semelhantes, indicando a correlação de

atributos e, a partir daí, medir-se-á quantitativamente esse relacionamento (CAMARA

et al., 2000; CARNEIRO & SANTOS, 2001; CARNEIRO & SANTOS, 2003).

Os métodos de análise espaciais são particularmente úteis para a criação ou delimitação

de áreas homogêneas, definição de critérios de monitoramento e avaliação para uma

determinada intervenção, estabelecimento de prioridades para planejamento e alocação

de recursos (CRUZ, 1996).

O interesse da Saúde Pública, mais especificamente a epidemiologia na análise da

distribuição espacial das doenças e sua relação com fatores de risco tem impulsionado o

Page 47: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

47

uso dos métodos de análise espacial. Organizações como Organização Pan-Americana

da Saúde (OPAS), OMS e Instituições de Saúde de diversos países vêm incentivando a

utilização de mapas que permitam visualizar áreas de risco para doença como forma de

orientar as atividades de controle (OPAS, 2002; COSTA et al., 2006).

2.15.1. Estimador de Intensidade de Kernel

O estimador de intensidade de Kernel permite estimar a quantidade de eventos por

unidade de área, em cada célula de uma grade regular que recobre a região estudada

(BAILEY & GATRELL, 1995; SANTOS & ASSUNÇÃO, 2006). Essa função realiza

uma contagem de todos os pontos dentro de uma região de influência, ponderando-os

pela distância de cada um à localização de interesse (CAMARA & CARVALHO,

2002). É uma técnica de interpolação exploratória que gera uma superfície de densidade

para a identificação visual de “áreas quentes”, a partir da qual se considera que os

pontos formam um aglomerado (LEVINE, 2002; BRASIL, 2007).

Vale ressaltar que o estimador de Kernel não é um método de detecção de aglomerados

por si, mas, um método para explorar e mostrar o padrão de pontos de dados em saúde,

muito útil a partir do momento que gera uma superfície contínua a partir de dados

pontuais (CROMLEY & MCLAFFERTY, 2002).

Essa técnica não paramétrica, além de estimar a intensidade de ocorrência de casos em

toda a superfície analisada, promove o alisamento ou suavização estatística, o que

permite filtrar a variabilidade de um conjunto de dados, retendo as características locais

principais dos dados. O valor do alisamento em cada ponto é uma probabilidade de

Page 48: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

48

encontrar um evento (caso), ponderada pela distância para a localização dos eventos

observados. Desse modo, faz-se a estimativa alisada da intensidade local dos eventos

sobre a área estudada, obtendo-se uma “superfície de risco” para a sua ocorrência

(BAILEY & GATRELL, 1995; LANA, 2009).

Diversas funções de suavização podem ser usadas, como, por exemplo, Kernel quártico

ou gaussiano, todas com formatos que atribuem maior peso aos eventos mais próximos

e reduzida importância aos mais afastados. O grau de suavização é controlado mediante

a escolha de um parâmetro conhecido como largura de banda (bandwidth), que deve ser

definida visando refletir a escala geográfica da hipótese de interesse, ou otimamente

estimada como parte de um processo de suavização por técnicas de validação cruzada

(BAILEY & GATRELL, 1995; GATREL et al., 1996). A estimativa básica para a

intensidade do padrão de pontos na posição s é:

Onde:

k ( ) - função Kernel de alisamento;

τ - largura de banda;

s - centro da área a ser estimada;

si - localização dos eventos;

n - número total de pontos (eventos);

λ(s) - estimador de intensidade.

Page 49: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

49

Para cada k ( ) escolhido e banda τ, o λ(s) é estimado em cada ponto a região R

(SANTOS et al., 2001; CAMARA et al., 2002). No entanto, a interpretação de

resultados de Kernel deve ser feita com cautela, dependendo de conhecimentos técnicos

acerca da dinâmica da doença naquele momento e no local de ocorrência, sempre

levando em consideração as possíveis relações espaciais (ARAÚJO et al., 2007).

A escolha do raio de influência ou largura de banda é crucial e depende do objetivo do

estudo e do tipo de evento estudado, produzindo significantes alterações da estimativa

final (BRASIL, 2007). Para identificar áreas específicas e de menor abrangência para

atuação, valores menores de raio de influência podem ser mais indicados (ex: doenças

transmitidas por insetos), contudo esta abordagem pode gerar áreas múltiplas e

pulverizadas de atuação. Se o objetivo é identificar áreas mais abrangentes para otimizar

intervenções, a largura de banda mais ampla torna-se a melhor opção. Se o objetivo do

estudo é explorar os dados para a formulação de hipóteses, diferentes raios de influência

devem ser empregados (SILVERMAN, 1986). Na prática, para o cálculo do estimador

de Kernel, o investigador pode experimentar diferentes valores de largura de banda,

gerando assim variações de intensidade até encontrar o padrão que melhor se adapte à

região estudada refletindo a densidade local dos eventos (BAILEY & GATRELL, 1995;

CROMLEY & MCLAFFERTY, 2002).

Quando a população tem distribuição espacial heterogênea, apenas um mapa de

suavização dos eventos não é suficiente para determinar as possíveis áreas de risco,

sendo necessário ponderar a ocorrência dos eventos por um processo representativo da

variação da população (BAILEY & GATRELL, 1995). Nesse caso estima-se a

densidade populacional para a mesma grade, também por meio de Kernel, criando-se a

Page 50: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

50

superfície “a risco” usada no denominador (PELLEGRINI, 2002; BARCELLOS &

RAMALHO, 2002; TASSINARI et al., 2004).

2.15.2. Testes para Detecção de Aglomerados

Na saúde coletiva, a apropriação dos métodos estatísticos de análise espacial vem

ocorrendo principalmente em estudos ecológicos, na detecção de aglomerados espaciais

(cluster) ou espaço-temporais, na avaliação e monitoramento ambiental e aplicado ao

planejamento e avaliação de uso de serviços de saúde (BAILEY, 2001; ELLIOTT &

WARTENBERG, 2004; CARNEIRO et al., 2008).

O termo cluster ou agrupamento de eventos pode ser definido como foco particular de

alta incidência ou como um grupo delimitado de ocorrências relacionadas entre si

mediante algum mecanismo social ou biológico, ou tendo em comum a relação com

outro evento ou circunstância. O seu valor, entretanto, está no entendimento do impacto

dos processos e das estruturas de organização social na determinação dos eventos de

saúde (KNOX, 1988, apud SANTOS et al., 2001).

Os testes estatísticos para detecção de aglomerados de risco mais elevado distinguem-se

em duas categorias: focados e genéricos (LAWSON & KULLDORFF, 1999). Os testes

genéricos são aqueles cujo procedimento visa identificar a existência de aglomerados

sem conhecimento a priori da localização deste. Os testes focados, no entanto, visam

avaliar a presença de aglomerados de casos em torno de uma fonte suspeita. A

localização desta fonte é realizada antes de se iniciar a varredura (BEATO-FILHO, et

al., 2001; BALIEIRO, 2008).

Page 51: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

51

2.15.2.1 Técnica Estatística de Varredura

A estatística espacial de varredura estima a probabilidade de que a freqüência observada

dos eventos em cada área da região de estudo supere a esperada, devido sua ocorrência

ser aleatória no espaço. Nessa técnica, processos pontuais são testados através de uma

janela circular com raio de tamanho variável de zero a um percentual arbitrado da

população, que não deve ultrapassar o correspondente a 50% da população total. Cria-

se, assim, um grande número de janelas circulares diferentes, cada uma contendo um

conjunto de vizinhos. Para cada círculo são calculados o risco relativo e a razão de

probabilidade, baseados no total de casos observados e esperados dentro do seu raio de

abrangência. A função de probabilidade é maximizada sobre todas as janelas,

identificando-se aquela que constitui o agrupamento mais provável, ou seja, o

agrupamento que tem a menor probabilidade de ter ocorrido ao acaso. A distribuição da

razão de probabilidade máxima sob a hipótese nula e seu valor de “p” simulado

correspondente é obtida pela repetição do mesmo exercício analítico, num grande

número de réplicas aleatórias do conjunto de dados agregados. Além do aglomerado

mais verossímil, o método também identifica aglomerados secundários com altos

valores de verossimilhança (SILVA et al., 2006; BRASIL, 2007).

A estatística espaço-temporal é análoga à espacial, sendo definida por uma janela

cilíndrica com uma base geográfica circular e peso correspondente ao tempo. A base é

centrada nos vários centróides da região de estudo, com os raios variando

constantemente em tamanho. O peso é determinado por um intervalo de tempo menor

ou igual à metade do período total de estudo. Como resultado obtém-se um número

infinito de cilindros sobrepostos de diferentes tamanhos e formas, cobrindo

Page 52: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

52

conjuntamente a região de estudo como um todo. Para cada cilindro o número de casos

da doença dentro e fora do cilindro é verificado juntamente com o número de casos

esperados, o que reflete a população sob risco (KULLDORFF, 1997; KULLDORFF et

al., 1998).

As principais vantagens atribuídas à aplicação do teste de varredura são: considerar a

densidade da população não constante na área; procurar aglomerados sem especificar

previamente a localização e tamanho; se a hipótese nula (ausência de conglomerados ou

aleatoriedade completa) é rejeitada, o teste fornece a localização do aglomerado mais

verossímil que levou à rejeição; evitar o problema de testes múltiplos fornecendo um p-

valor real (PELLEGRINI, 2002; BRASIL, 2007).

Para Assunção (2001), as desvantagens do teste são: os aglomerados são sempre

definidos como círculos, isto tende a criar aglomerados compactos englobando muitas

vezes áreas que, de fato, não fazem parte do aglomerado; baixo poder de detecção em

situações onde há um grande número de pequenos aglomerados localizados em posições

bastante diferentes.

Page 53: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

53

3. ARTIGO CIENTÍFICO

ANÁLISES ESPACIAIS NA IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO PARA

A ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA NO MUNICÍPIO DE LAURO DE

FREITAS, BAHIA.

SCHISTOSOMIASIS RISK AREAS IDENTIFICATION USING SPATIAL

ANALISYS IN THE MUNICIPALITY OF LAURO DE FREITAS, BAHIA.

Luciana Lobato Cardim1, Antonio Sergio Ferraudo

2, Selma Turrioni Azevedo Pacheco

3,

Renato Barbosa Reis4, Marta Mariana Nascimento Silva

1, Deborah Daniela Madureira

Trabuco Carneiro1, Maria Emilia Bavia

1

1 Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia;

2 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista,

Campus Jaboticabal;

3 Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Lauro de

Freitas, Bahia;

4 Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz.

RESUMO

A disseminação e a manutenção da esquistossomose mansônica vêm desafiando o

sistema de saúde brasileiro, deixando clara a necessidade da reavaliação das estratégias

do programa de controle da endemia no país. O objetivo deste trabalho foi delimitar as

Page 54: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

54

áreas geográficas de risco para a esquistossomose mansônica em Lauro de Freitas e

estabelecer o perfil epidemiológico e socioeconômico da doença no município.

Utilizou-se a análise exploratória do estimador de densidade de Kernel para a

identificação visual de áreas consideradas de risco para a doença e a análise de

varredura espaço-temporal de Kulldorff & Nagarwalla para a obtenção de aglomerados

com significância estatística e mensuração do risco. As duas técnicas de análises

espaciais identificaram quatro áreas de risco para a esquistossomose no município.

Observou-se que as áreas pertencentes aos clusters apresentaram indicadores

socioeconômicos mais baixos, altitudes mais baixas e menor distância dos domicílios

para os corpos d’água. Em complemento às análises espaciais, utilizou-se a Análise de

Correspondência Múltipla para investigar a estrutura multivariada contida nas variáveis,

notando-se um perfil diferenciado nos pacientes positivos para a esquistossomose

pertencentes ao cluster primário. As técnicas empregadas poderão vir a se configurar

em uma importante aquisição metodológica para a vigilância e controle da doença no

município.

Palavras-Chave: Esquistossomose Mansônica, Análises Espaciais, Lauro de Freitas.

Page 55: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

55

ANÁLISES ESPACIAIS NA IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO PARA

A ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA NO MUNICÍPIO DE LAURO DE

FREITAS, BAHIA.

Luciana Lobato Cardim1, Antonio Sergio Ferraudo

2, Selma Turrioni Azevedo Pacheco

3,

Renato Barbosa Reis4, Marta Mariana Nascimento Silva

1, Deborah Daniela Madureira

Trabuco Carneiro1, Maria Emilia Bavia

1

1 Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, Brasil;

2 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista,

Campus Jaboticabal;

3 Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Lauro de

Freitas, Bahia;

4 Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz.

ABSTRACT

The dissemination and maintenance of schistosomiasis defy the work of Brazilian health

care system, demonstrating the need for revaluating endemic control programs in the

country. The objective of this work was to delineate geographic areas at risk for

schistosomiasis in Lauro de Freitas and to establish the epidemiologic and

socioeconomic profile for the disease in the municipality. Kernel density estimator

exploratory analysis was used for visual identification of areas considered at risk for

disease. Kulldorff and Nagarwalla’s spatial analysis was used to obtain statistical

significant clusters and measure risk. These technologies identified four risk areas for

Page 56: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

56

schistosomiasis in the municipality. Clusters identified on the risk areas were composed

by lower altitudes, less distance to water sources and lower socioeconomic conditions.

Multiple correspondence analysis was used along with the spatial analysis to investigate

multivariate structure contained in the variables, and a distinct profile was noted for

positive patients in the primary cluster. The employed techniques can be configure in

an important methodological acquisition for tracking and controlling the disease in the

municipality.

Key-words: Schistosomiasis Mansoni, Spatial Analysis, Lauro de Freitas.

Page 57: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

57

INTRODUÇÃO

A esquistossomose mansônica é uma das principais doenças parasitárias de veiculação

hídrica no mundo, estimando-se a existência de aproximadamente 200 milhões de

pessoas infectadas na América do Sul, Ásia e África (NEVES, 1999; BINA & PRATA,

2003). Causada pelo trematódeo digenético Schistosoma mansoni apresenta o homem

como principal reservatório e caramujos do gênero Biomphalaria como hospedeiros

intermediários.

No Brasil, esta doença ainda se constitui em um dos mais sérios problemas de saúde

pública, tendo em vista seu potencial de expansão. Atualmente, a presença de

portadores da parasitose é observada em 19 das 27 unidades da federação, distribuídas

em todas as regiões do país, com áreas de concentração no Nordeste e no Estado de

Minas Gerais (LENGELER et al., 2002; CARMO, 2009).

Na Bahia, a doença é notificada em 65% (271/417) dos municípios, com média de 165,8

internações/ano, 40,2 óbitos/ano e prevalência de 5,4% (BRASIL, 2006; CARMO,

2009). O município de Lauro de Freitas vem se transformando em uma preocupação dos

responsáveis pelo Programa de Controle da Esquistossomose por ser classificado pela

Secretaria de Saúde do Estado da Bahia como de transmissão focal para a doença e por

apresentar-se em plena ascensão econômica, atraindo intensos movimentos migratórios,

com ocupação populacional descontrolada no espaço urbano e com conseqüentes

distúrbios ambientais que aumentam o risco da expansão geográfica da endemia.

A vigilância epidemiológica da esquistossomose mansônica tem como objetivos

principais: reduzir a prevalência da infecção em áreas endêmicas; reduzir a morbidade e

Page 58: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

58

a mortalidade; evitar a ocorrência de formas graves da patologia e reduzir o risco de

expansão (FARIAS et al., 2007; AMARAL, 2008). No entanto, a diversidade dos

fatores que envolvem a transmissão da doença dificulta de forma marcante o seu

controle pelos serviços de saúde, deixando clara a necessidade do desenvolvimento de

novas ferramentas capazes de congregar aspectos sociais, ambientais, identificadores de

riscos e métodos automáticos e semi-automáticos que permitam à detecção de surtos

epidêmicos e o seu acompanhamento no tempo e no espaço, minimizando os possíveis

danos à população exposta (KILLICK-KENDRICK, 1989; PELLEGRINI, 2002).

Nesta atual conjuntura, obedecendo à metodologia do enfoque de risco preconizado pela

Organização Mundial de Saúde que objetiva a detecção de grupos específicos para o

direcionamento das ações de saúde com maior eficiência na aplicação de recursos

públicos em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento econômico, surgem as

geotecnologias e as análises espaciais, capazes de delimitar áreas homogêneas e

mensurar o risco de infecção dentro dessas áreas (BAVIA et al., 2005; CLEMENTS et

al., 2006).

Assim, a partir da identificação do perfil da distribuição espaço-temporal da

esquistossomose mansônica no município de Lauro de Freitas, esse trabalho tem como

objetivo delimitar, através das análises espaciais, suas áreas geográficas de risco.

Page 59: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

59

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O estudo foi conduzido no município de Lauro de Freitas, Bahia, situado na região

metropolitana de Salvador, a aproximadamente 100m de altitude acima do nível do mar

e com uma população de 156.936 habitantes, distribuída em 07 distritos sanitários

(BRASIL, 2009). O município apresenta uma dinâmica econômica importante para a

economia estadual, baseada no comércio e no turismo (Figura 1).

Figura 1. Mapa de Localização

Page 60: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

60

Os Dados

O período de estudo compreende os anos de 2006 a 2008, tendo como definição de caso

para a esquistossomose mansônica, os indivíduos positivos para a doença,

diagnosticados através da Campanha de Controle dessa endemia no município através

do exame coproparasitológico pelo método Kato-Katz. Os casos esquistossomóticos

foram descritos segundo as variáveis: endereço de residência, localidade, idade, sexo,

tratamento, mês e ano da detecção do caso.

O levantamento dos dados foi realizado por meio de consulta direta a cada uma das

fichas de notificação existentes no Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria

Municipal de Saúde de Lauro de Freitas (VISAU/LF). As fichas com dados incompletos

foram eliminadas.

Para a localização espacial dos endereços foi utilizado o receptor GPS (Global Position

System), cuja captura de coordenadas foi feita em sistema de projeção UTM (Universal

Transversa de Mercador) e de referência elipsoidal SAD69, etapa que contou com o

auxílio dos agentes de endemias do município.

Os dados socioeconômicos e sócio-demográficos por setor censitário foram adquiridos

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2000) em formato digital.

As informações referentes à altitude dos domicílios georreferenciados foram extraídas

da base cartográfica de planialtimetria, através do software ArcGIS (versão 9.1). O

Modelo Digital de Terreno foi executado com o auxílio da extensão 3D Analyst. O

cálculo da distância média entre os casos positivos e as coleções hídricas presentes no

Page 61: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

61

município foi realizado através do software ArcGIS (versão 9.1). As informações

mensais de precipitação pluviométrica foram fornecidas pelo Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET).

Análises Espaciais

Os setores censitários foram considerados unidades básicas de análise por constituírem

unidades espaciais com o maior nível de desagregação disponível e, portanto,

relativamente mais homogêneas, para os quais há disponibilidade de dados censitários

(FLAUZINO et al., 2009).

As análises de densidade para a identificação de “áreas quentes” foram feitas através do

estimador de densidade de Kernel (SANTOS & ASSUNÇÃO, 2006) em função da

distribuição espacial dos casos. Foi definida uma largura de banda de 1Km, a partir da

qual foram construídas superfícies para os casos, para a população e, para a razão entre

as densidades de casos e população, sendo esta última uma aproximação das áreas de

risco uma vez que, seus valores encontram-se ponderados pela relação caso/população.

Para a identificação de clusters espaço-temporais estatisticamente significantes foi

utilizado o método de varredura proposto por Kulldorff & Nagarwalla (1995),

processado pelo software SaTScan (versão 8.0). A distribuição dos casos foi

considerada a de Poisson. Foi apontada como 30% a percentagem máxima da população

total exposta ao risco.

Page 62: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

62

Análise Multivariada

A Análise de Correspondência Múltipla (ACM) foi utilizada, em complemento às

análises espaciais, para investigar a existência de associação entre as variáveis

categóricas: grupo etário, sexo, ano da detecção do caso, precipitação pluviométrica,

distância média entre os casos de esquistossomose e as coleções hídricas e clusters. Os

dados foram processados pelo software Statistica (versão 7.0) e os resultados foram

representados graficamente no mapa perceptual/intuitivo, cuja interpretação é baseada

na localização dos pontos e nas medidas de similaridades criadas conforme

padronização da tabela de contingência pelo valor do qui-quadrado de cada célula

(HAIR et al., 2005).

RESULTADOS

Entre os anos de 2006 e 2008 foram notificados 1006 casos de esquistossomose

mansônica no município de Lauro de Freitas, sendo 37,6% (378/1006) no ano de 2006,

25,8% (260/1006) no ano de 2007 e 36,6% (368/1006) no ano de 2008. A média de

idade foi de 30,9 anos, variando de 3 a 80 anos. O sexo masculino representou 63,4%

(638/1006) dos casos. Do total de indivíduos positivos, 66,8% (672/1006) foram

tratados com praziquantel.

Como não foi possível localizar o endereço de 209 registros, nas análises espaciais

foram utilizados apenas 797 casos, cuja distribuição espacial no município encontra-se

na Figura 2A. A densidade dos casos, obtidas através do estimador de Kernel,

encontra-se na Figura 2B. As regiões com tons mais avermelhados mostram as áreas

Page 63: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

63

com maior densidade de casos. A densidade da população e a razão entre as densidades

de casos e população (razão de Kernel) encontram-se na Figura 2C e 2D,

respectivamente.

Figura 2. Distribuição espacial dos casos de esquistossomose mansônica diagnosticados no município

de Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008 e análise de densidade de Kernel. Painel A

representa a distribuição espacial dos casos de esquistossomose no município. Painel B representa a

densidade de casos. Painel C representa a densidade da população. Painel D representa a razão entre as

densidades de caso e população.

±

Page 64: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

64

Os resultados da análise da razão de Kernel apontam a existência de quatro áreas

principais de risco para a esquistossomose mansônica no município: a primeira,

caracterizada visualmente pelo aglomerado com maior densidade de casos, encontra-se

no distrito sanitário de Portão; a segunda e a terceira encontram-se no distrito de Caji-

Picuaia e a quarta no distrito de Ipitanga (Figura 2D).

A análise de varredura espaço-temporal confirmou os aglomerados espaciais observados

por Kernel (Figura 3). Os resultados dessa análise apontam a existência de quatro

grupos de aglomerados com forte significância estatística (p=0,001), sendo o primeiro

considerado o aglomerado mais verossímil (ou primário) e os demais secundários

(Figura 3B).

Figura 3. Análises espaciais dos casos de esquistossomose mansônica diagnosticados no município de

Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a 2008. Painel A mostra os aglomerados detectados na

análise de Kernel. Painel B mostra os aglomerados detectados na análise de varredura espaço-temporal.

±

Page 65: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

65

O aglomerado de maior razão de probabilidade de ocorrência, designado cluster

primário, foi detectado no ano de 2006, com uma área de aproximadamente 1,5 Km2,

distribuída em cinco setores censitários do distrito sanitário de Portão. Para o período,

sob a hipótese nula da casualidade, eram esperados cerca de 16,0 casos da enfermidade,

e foram notificados 285, numa relação entre observados e esperados de 17,8. A taxa de

risco anual foi estimada em 3.148,7 para cada grupo de 100 mil habitantes e o risco

relativo em 27,2.

Os aglomerados secundários foram detectados no ano de 2008. O aglomerado

designado cluster secundário I englobou dez setores censitários dos distritos sanitários

de Ipitanga e Centro, com uma área de aproximadamente 1,8 Km2. O número de casos

encontrados nessa área foi de 151, esperando-se sob a hipótese nula o número de 31,3

casos, numa relação entre observados e esperados de 4,8. A região apresentou risco

relativo estimado em 5,7.

O aglomerado designado cluster secundário II abrangeu uma área de aproximadamente

0,2 Km2, referente a dois setores censitários do distrito sanitário de Caji-Picuaia,

apresentando 45 casos contra os 4,8 esperados sob hipótese nula, numa relação entre

observados e esperados de 9,4. O risco relativo foi estimado em 9,9.

Por sua vez, a região do aglomerado designado cluster secundário III envolveu apenas

um setor censitário do distrito sanitário de Caji-Picuaia, com aproximadamente 2,4 Km2

de área e risco relativo de 5,8. Nesta área foram notificados 14 casos contra os 2,4

esperados sob hipótese nula, numa relação entre observados e esperados de 5,7.

Page 66: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

66

A Tabela 1 mostra as características socioeconômicas observadas nas áreas de clusters

e nas áreas fora de clusters. Nota-se que os setores censitários pertencentes às áreas de

clusters apresentam indicadores socioeconômicos mais baixos quanto à forma de

abastecimento de água, a presença de sanitários, ao destino do lixo, a proporção de

pessoas alfabetizadas, ao grau escolaridade e ao rendimento mensal das pessoas

responsáveis pelos domicílios.

Variável Cluster Não Cluster

Proporção de Domicílios

Abastecimento de água via rede geral 80,6 86,4

Abastecimento de água via poço ou nascente 9,3 8,2

Com sanitário 90,8 93,3

Sem sanitário 8,3 3,8

Destino do lixo coletado 83,1 87,7

Destino do lixo jogado em terreno baldio 12,4 5,0

Proporção de Pessoas Responsáveis pelos Domicílios

Alfabetizadas 81,1 86,9

Não alfabetizadas 18,0 10,2

Curso mais elevado = ensino médio 15,4 23,2

Curso mais elevado = ensino fundamental 42,2 30,6

Rendimento mensal até 3 salários mínimos 60,1 51,6

Rendimento mensal maior que 3 salários mínimos 20,1 32,3

A distribuição espacial dos casos de esquistossomose sobre o Modelo Digital de

Terreno encontra-se na Figura 4A. A altitude média dos endereços georreferenciados

foi de 14,3m, variando de 3,2 a 48m, com maior concentração de casos a

aproximadamente 20m de altitude acima do nível do mar. Ao comparar a altitude dos

casos pertencentes às áreas de clusters com a altitude dos casos fora das áreas de

clusters, não foi observada diferença estatística significante (p>0,05).

Tabela 1. Características socioeconômicas dos setores censitários localizados

dentro e fora das áreas de clusters identificadas através da análise de

varredura espaço-temporal dos casos de esquistossomose mansônica

diagnosticados no município de Lauro de Freitas, Bahia, no período de 2006 a

2008.

Page 67: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

67

A Figura 4B mostra a hidrografia do município e a distribuição dos casos de

esquistossomose. A distância média entre os casos positivos e as coleções hídricas

presentes em Lauro de Freitas foi de 86,6m, com maior concentração de casos na

distância de 119,2m. Não houve diferença estatística significante entre as distâncias das

coleções hídricas dos casos dentro e fora das áreas de clusters (p>0,05).

A Figura 5 mostra o mapa perceptual resultante da análise de correspondência múltipla.

A qualidade do mapa perceptual é expressa pela inércia de cada dimensão, que juntas

condensaram 36,71% (20,84% na dimensão 1 e 15,17% na dimensão 2). O mapa

perceptual discriminou as variáveis em quatro grupos, sendo o mais importante o grupo

discriminado a esquerda na dimensão 1, pois possui correspondências específicas,

envolvendo as variáveis idade de 0 a 14 anos, precipitação pluviométrica maior que

Figura 4. Características ambientais do município de Lauro de Freitas, Bahia e distribuição espacial

dos casos de esquistossomose mansônica, diagnosticados no período de 2006 a 2008. Painel A mostra a

hipsometria gerada através do Modelo Digital de Terreno. Painel B mostra a hipsometria e a

hidrografia.

±

Page 68: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

68

200mm, ano de 2006 e cluster primário. O segundo grupo contém variáveis com

correspondências entre idade de 15 a 29 anos, distância para água de 51 a 100m, sexo

feminino, sexo masculino, precipitação pluviométrica de 0 a 100mm, idade maior que

29 anos, distância para a água maior que 100m, precipitação pluviométrica de 101 a

200mm e distância para a água de 0 a 50m que por localizarem-se na região central do

mapa perceptual não apresentam características específicas. O terceiro grupo contém

variáveis com correspondências entre cluster secundário e ano de 2008 e finalmente o

quarto grupo contém correspondências entre as variáveis não cluster e ano de 2007.

A Tabela 2 mostra as variáveis, em ordem de importância da inércia, em cada

dimensão. Nota-se nessa tabela que as seis primeiras variáveis da coluna 1 são

exatamente aquelas discriminadas na dimensão 1 (horizontal) do mapa perceptual, ou

seja, idade de 0 a 14 anos, precipitação pluviométrica maior que 200mm, ano de 2006 e

Figura 5. Mapa perceptual mostrando padrões de correspondências entre as variáveis utilizadas na

avaliação da esquistossomose mansônica no município de Lauro de Freitas, Bahia, no período de

2006 a 2008.

Page 69: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

69

cluster primário localizadas a esquerda e cluster secundário e ano de 2008 localizadas a

direita da Figura 5, enquanto que as quatro primeiras variáveis da coluna 3 são aquelas

discriminadas na dimensão 2 (vertical), ou seja, cluster secundário e ano de 2008

localizadas acima e não cluster e ano de 2007 localizadas abaixo.

Variável Dimensão 1 Variável Dimensão 2

CLUSTER PRIM 0,236 ANO 2007 0,355

ANO 2006 0,224 NÃO CLUSTER 0,257

ANO 2008 0,134 CLUSTER SEC 0,211

CLUSTER SEC 0,114 ANO 2008 0,126

CHUVA > 200 0,073 CLUSTER PRIM 0,016

IDADE 0 A 14 0,055 ANO 2006 0,009

NÃO CLUSTER 0,036 IDADE 0 A 14 0,009

IDADE > 29 0,031 IDADE 15 A 29 0,008

CHUVA 101 A 200 0,027 DIST AGUA 0 A 50 0,002

ANO 2007 0,024 DIST AGUA > 100 0,002

DIST AGUA > 100 0,022 SEXO FEM 0,002

DIST AGUA 51 A 100 0,008 IDADE > 29 0,001

SEXO FEM 0,005 SEXO MASC 0,001

DIST AGUA 0 A 50 0,004 CHUVA 101 A 200 0,001

IDADE 15 A 29 0,003 CHUVA > 200 0,001

SEXO MASC 0,002 CHUVA 0 A 100 0,001

CHUVA 0 A 100 0,001 DIST AGUA 51 A 100 0,001

A Tabela 3 mostra os valores do qui-quadrado entre cada variável e o grupo cluster

primário. Observa-se que os maiores valores do qui-quadrado nas diferenças positivas

entre cada valor observado e esperado foram para as variáveis ano de 2006 (259,9),

idade de 0 a 14 anos (31,3) e precipitação pluviométrica maior que 200mm (29,6), o que

confirma a associação observada a esquerda da dimensão 1 do mapa perceptivo da

Figura 5. O sinal (+) indica valores positivos da diferença entre observado e esperado.

Tabela 2. Importância de cada variável expressa pela inércia retida nas

dimensões 1 e 2 da análise de correspondência múltipla.

Page 70: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

70

DISCUSSÃO

No período estudado foram diagnosticados 1006 indivíduos positivos para a doença, no

entanto, acredita-se que o número de casos seja maior do que o observado, pois a

metodologia recomendada pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 1985) e

utilizada no Programa de Controle da Esquistossomose do município baseada apenas

em uma lâmina por amostra de fezes pelo método Kato-Katz apresenta baixa

sensibilidade diagnóstica em áreas onde a doença é de pouca gravidade, com

manifestações leves e pouco específicas, em que os pacientes positivos eliminam

pequenas quantidades de ovos (NOYA et al., 1999; DOENHOFF et al., 2004; ENK et

al., 2008), como ocorre no município de Lauro de Freitas. Essa observação é muito

importante porque, ainda que as infecções leves, não diagnosticadas, não sejam

responsáveis pelo aparecimento da patologia grave, podem vir a ser responsáveis pela

persistência da transmissão da doença no município.

Variáveis Cluster Primário

IDADE 0 A 14 31,3 (+)

IDADE 15 A 29 2,1 (+)

IDADE > 29 17,4

SEXO MASC 0,81 (+)

SEXO FEM 1,5

ANO 2006 259,9 (+)

ANO 2007 62,9

ANO 2008 108,7

CHUVA 0 A 100 0,0

CHUVA 101 A 200 15,1

CHUVA > 200 29,6 (+)

DIST AGUA 0 A 50 1,4 (+)

DIST AGUA 51 A 100 3,8 (+)

DIST AGUA > 100 9,3

Tabela 3. Contribuição do qui-quadrado na avaliação da

importância de cada variável na dimensão 1 da análise de

correspondência múltipla no grupo cluster primário.

Page 71: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

71

Em relação à faixa etária, observou-se que 75% dos casos ocorreram na faixa

economicamente ativa. No entanto, esses casos, possivelmente, não prejudicaram a

economia local, uma vez que foram todos assintomáticos. Neste estudo, a infecção pelo

Schistosoma mansoni entre os homens foi aproximadamente duas vezes superior que a

encontrada entre as mulheres, corroborando com os achados de outros autores, como

Nomura et al (2007) que identificaram 28 pacientes do sexo masculino entre os 31

examinados no município de Parauapebas, Pará; Cardim et al (2008) que encontraram

58% dos pacientes positivos para o Schistosoma no município de Jacobina, Bahia

pertencentes ao sexo masculino e Vasconcelos et al (2009) que verificaram 21 homens

do total de 38 indivíduos examinados no município de Sabará, Minas Gerais. O tipo de

atividade econômica a que se encontra inserida a população de Lauro de Freitas afasta a

possibilidade da infecção entre os homens ser maior em virtude das atividades laborais.

O tratamento quimioterápico com praziquantel, em dose única, vem sendo utilizado

como forma de combate à esquistossomose, com resultados instantâneos otimistas,

reduzindo significativamente as formas graves e letais e a prevalência em determinadas

áreas (COURA, 1995; SANTANA et al., 1997; CARVALHO et al., 1998), apesar disso,

observou-se que 33,2% (334/1006) dos pacientes positivos diagnosticados na área de

estudo não compareceram às Unidades de Saúde para serem medicados, o que acaba

contribuindo para a persistência da doença no município. Desta forma, é vigente a

necessidade da realização de programas educativos nas escolas e nas comunidades

reforçando não só a profilaxia, mas também a importância do tratamento para a redução

da prevalência da doença no município.

Page 72: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

72

Por se tratar de dados secundários, um dos principais problemas metodológicos desse

estudo foi o georreferenciamento dos dados. Houve uma perda de 20,8% do

georreferenciamento das residências dos casos positivos, em função preenchimento

incompleto do campo referente ao endereço nas fichas cadastrais e pelo fato dos

moradores mudarem de residência com freqüência.

A vasta extensão territorial dos municípios, de um modo geral, tem aparecido como um

grande fator limitante no cenário do controle das doenças endêmicas, em virtude da

demanda de um grande número de recursos humanos e custos operacionais envolvidos

no processo. Assim, a utilização das análises espaciais vem se firmando no campo da

Saúde Pública por se distinguirem das demais técnicas empregadas em análise

estatística possibilitando a identificação de áreas de risco e de grupos prioritários para a

intervenção.

Os resultados das análises espaciais sugerem que a distribuição de casos de

esquistossomose mansônica no município de Lauro de Freitas segue um padrão

tendencial para a formação de aglomerados (Figura 3). Ao comparar os resultados dos

dois métodos de análises espaciais utilizados nesse artigo, verificou-se que o de

Kulldorff & Nagarwalla (1995) mostrou-se extremamente útil ao confirmar que os

achados de Kernel podem ser apropriados para os serviços de saúde do município,

apesar de caracterizar-se como um método subjetivo e exploratório que depende da

percepção do pesquisador na definição de parâmetros.

O método de varredura espaço-temporal proposto por Kulldorff & Nagarwalla

identificou quatro grupos de aglomerados com forte significância estatística. Outros

Page 73: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

73

aglomerados foram encontrados, mas não entraram na faixa de significância maior que

95%, estipulada pelo método de replicação de Monte Carlo, tendo, portanto, a

probabilidade de ocorrência atribuída ao acaso.

O esperado seria que a análise de varredura espaço-temporal fosse capaz de localizar

aglomerados em todos os anos de estudo. No entanto, somente foram detectados

clusters nos anos de 2006 e 2008, provavelmente em função do maior número de casos

registrados nesses anos. Essa mesma tendência foi observada em outros estudos, como o

de Pellegrini (2002) que ao estudar a leptospirose no município do Rio de Janeiro entre

os anos de 1995 e 1999, utilizando a técnica de detecção de aglomerados baseada em

estatística de varredura, identificou apenas aglomerado no ano epidêmico de 1996; e o

de Carneiro et al (2008) que detectou aglomerados de riscos espaço-temporais para a

Leishmaniose Visceral em 26 municípios da região centro-leste do estado da Bahia

apenas nos anos de 1996 e 2001, apesar do período de estudo ter sido entre os anos de

1994 a 2004.

A população humana dentro dos clusters não suscita a suposição de um viés na análise

epidemiológica dos resultados, o que poderia ser atribuído a um elevado número de

pessoas. No cluster primário, existem 9.258 habitantes, que corresponde a apenas 6,3%

da população total do município. No cluster secundário I encontram-se 17.357

residentes (11,3%), no secundário II existem 2.662 pessoas (1,7%) e, no secundário III,

1.355 habitantes (0,9%), perfazendo um total de 20,2%, que representa menos de um

terço da população total do município para os anos de referência.

Page 74: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

74

As observações feitas a partir da análise de varredura mostram que o aglomerado

primário, considerado de risco mais elevado para a esquistossomose mansônica, inseriu

os setores censitários localizados no distrito sanitário de Portão e abrigou 35,8% dos

casos de esquistossomose georreferenciados. As pessoas que habitam essa área possuem

uma chance 27 vezes maior de adquirir a doença do que os que habitam as áreas fora do

cluster (Figura 3B).

O aglomerado secundário I foi composto por setores censitários localizados nos distritos

sanitários de Ipitanga e do Centro. Nessa área, o risco de ocorrência da doença é

aproximadamente seis vezes maior do que nas áreas não pertencentes aos aglomerados.

O aglomerado secundário II envolveu os setores censitários do distrito sanitário de Caji-

Picuaia e apresentou risco relativo maior que o aglomerado secundário I, esta situação

provavelmente ocorreu em função do menor número de setores censitários envolvidos

neste cluster, o que reduziu o seu raio e, consequentemente, concentrou o seu risco.

O aglomerado secundário III envolveu apenas um setor, também do distrito sanitário de

Caji-Picuaia. Nele o risco de ocorrência da doença foi aproximadamente seis vezes

maior que nas áreas fora dos clusters.

Apesar dos indicadores socioeconômicos serem positivos para todos os setores

censitários do município no que concerne à proporção de domicílios com abastecimento

de água via rede geral, à proporção de domicílios com sanitário, à proporção de

domicílios com destino do lixo coletado e à proporção de pessoas responsáveis pelos

domicílios alfabetizadas, ultrapassando a casa dos 80% das moradias, observou-se in

Page 75: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

75

loco, que a maioria dos endereços georreferenciados apresentava fatores de

susceptibilidade para a ocorrência da doença, como presença de habitações em áreas

próximas às aguadas com a presença dos caramujos do gênero Biomphalaria,

precariedade da qualidade de vida, baixa escolaridade e escasso lazer. Tais evidências

são concordantes com outras pesquisas pertinentes ao tema (BARBOSA et al., 2000;

OLIVEIRA & SANTOS, 2002; GRAZZINELLI et al., 2006; CARDIM et al., 2008).

A semelhança do que observamos no município de Lauro de Freitas, a grande maioria

dos trabalhos que abordam os fatores socioeconômicos tem mostrado que o avanço e a

disseminação da esquistossomose nas cidades brasileiras estão diretamente relacionados

com a pobreza e com a forma de ocupação e organização do espaço (XIMENES et al.,

2003; PEIXOTO & MACHADO, 2005; ANARUMA FILHO & SANTOS, 2007). No

nosso estudo observou-se que os estratos sociais com maior risco de contrair a doença

possuem 9,3% dos domicílios com abastecimento de água via poço ou nascente; 8,3%

dos domicílios sem sanitário; 12,4% do lixo jogado em terreno baldio, 18,0% das

pessoas responsáveis pelos domicílios não alfabetizadas; 42,2% com o ensino

fundamental representando o curso mais elevado e 60,1% com rendimento mensal até

três salários mínimos.

Com relação aos aspectos fisiográficos da área, apesar de não haver diferença estatística

significante entre a altitude e a distância dos endereços georreferenciados para as

coleções hídricas dos casos pertencentes às áreas de clusters e dos casos fora das áreas

de clusters notou-se a predominância de altitudes mais baixas (13 a 18m) e distâncias

menores para os corpos hídricos (66 a 116m) entre os indivíduos pertencentes às áreas

de clusters. Estudos realizados por Kabateraine et al (2004) e por Stensgaard et al

Page 76: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

76

(2005) em Uganda mostraram que a distribuição geográfica do Schistosoma mansoni é

restrita a áreas com altitudes inferiores a 1.400m. Em contraposição aos achados

anteriores, John et al (2008) descreveram que 27,8% da prevalência da esquistossomose

na Uganda Ocidental ocorreram no intervalo de 1.487 a 1.682m acima do nível do mar.

Na Etiópia reportou-se que a altitude máxima para a ocorrência do Schistosoma

encontra-se no intervalo de 2.000 a 2.225m (GHEBREYESUS et al., 2002), o que,

somado as demais observações, nos leva a inferir sobre a alta adaptabilidade e

versatilidade do gênero Biomphalaria, fatores esses que intervêm na manutenção da

classificação dessa doença como uma das seis grandes endemias que afligem o mundo

(COURA-FILHO, 1997).

O resultado da análise de correspondência múltipla permitiu uma distinção de quatro

grupos de variáveis com características próprias, estabelecendo um perfil diferenciado

nos pacientes positivos para a esquistossomose mansônica pertencentes ao cluster

primário.

A associação observada entre a doença, no grupo pertencente ao cluster primário, e

escolares com faixa etária entre 0 e 14 anos reforça o postulado da Organização

Mundial da Saúde em que os programas de controle de parasitoses devem dar prioridade

às crianças em idade escolar, em função da alta vulnerabilidade dos jovens no risco de

infecção (WHO, 1993).

Apesar da análise de correlação ter mostrado, no período de estudo, que a ocorrência da

doença independe da precipitação pluviométrica, observou-se que precipitações acima

de 200mm apareceram como fator de importância para o cluster primário. Pode-se

Page 77: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

77

inferir que nos meses chuvosos os criadouros de moluscos transbordam, possibilitando a

invasão de ruas e quintais pelos planorbídeos do gênero Biomphalaria com conseqüente

promoção da infecção em pessoas sadias.

As associações observadas entre os casos positivos que compuseram o cluster primário

e ano de 2006, cluster secundário e ano de 2008 e não cluster e ano de 2007 já eram

esperadas, pois a análise de correspondência múltipla foi feita de acordo com os

resultados da análise espaço-temporal que já havia identificado essa correlação.

A abordagem metodológica utilizada neste estudo mostrou-se eficiente para o Programa

de Controle da Esquistossomose desenvolvido no município de Lauro de Freitas por

identificar e delimitar as áreas de risco e as populações prioritárias para as ações de

intervenção, possibilitando um processo de remodelação e adequação das estratégias do

programa de controle da endemia, otimizando suas atividades e recursos e minimizando

os danos às populações expostas aos riscos.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

auxílio financeiro; ao Departamento de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de

Saúde de Lauro de Freitas pela disponibilidade e viabilidade de desenvolvimento do

trabalho; Aos agentes de endemias lotados no Programa de Controle de

Esquistossomose do município pelo trabalho desenvolvido; e aos integrantes do

Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo Sistema de Informações Geográficas

(LAMDOSIG/UFBA) por participarem da elaboração do artigo.

Page 78: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, R. O cuidado e controle da esquistossomose pela equipe da Saúde da

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso das geotecnologias possibilitou a visualização da distribuição espacial dos casos

de esquistossomose mansônica diagnosticados no município de Lauro de Freitas no

período de 2006 a 2008.

A análise através do estimador de densidade de Kernel, apesar de não fazer inferência

estatística, mostrou-se útil na obtenção de uma análise global da situação da doença e na

identificação visual de aglomerados de risco para a esquistossomose mansônica no

município de Lauro de Freitas no período de 2006 a 2008.

A análise de varredura espaço-temporal possibilitou a identificação de quatro

aglomerados espaciais para a esquistossomose mansônica estatisticamente significantes

e a mensuração do risco desses aglomerados.

Os setores censitários pertencentes às áreas de clusters apresentaram indicadores

socioeconômicos mais baixos quanto à forma de abastecimento de água, a presença de

sanitários, ao destino do lixo, a proporção de pessoas alfabetizadas, ao grau de

escolaridade e a renda mensal das pessoas responsáveis pelos domicílios.

Os casos de esquistossomose pertencentes às áreas de clusters encontravam-se em áreas

com altitudes mais baixas e com menor distância dos domicílios para os corpos d’água

presentes no município.

Page 83: Caracterização das áreas de riso para a esquistossomose mansônica

83

A Análise de Correspondência Múltipla distinguiu a relação dos grupos, estabelecendo

um perfil diferenciado nos pacientes positivos para a esquistossomose mansônica

pertencentes ao cluster primário.

O estudo envolvendo as geotecnologias e as análises espaciais é de grande valia na

busca de conhecimento que possa subsidiar o sistema de vigilância de base territorial,

através da identificação de áreas prioritárias para as ações do Programa de Controle da

Esquistossomose no município.

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