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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
LEONARDO VINICIUS THIESEN
SINOP
MATO GROSSO – BRASIL
2018
MONITORAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DE Spodoptera
frugiperda (J.E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) À
FLUBENDIAMIDA E AO METOMIL NO ESTADO DE MATO
GROSSO
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CURSO DE AGRONOMIA
MONITORAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DE Spodoptera
frugiperda (J.E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) À
FLUBENDIAMIDA E AO METOMIL NO ESTADO DE MATO
GROSSO
LEONARDO VINICIUS THIESEN
Orientador: Rafael Major Pitta
Co-orientador: Ednaldo Antônio de Andrade
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso, câmpus de Sinop, como parte das exigências do Curso para obtenção do título de Bacharel em Agronomia.
SINOP
MATO GROSSO – BRASIL
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)
autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
T439m Thiesen, Leonardo Vinicius.Monitoramento da Suscetibilidade de Spodoptera
frugiperda (J.E. Smith)(Lepidoptera:Noctuide) àFlubendiamida e ao Metomil no Estado de Mato Grosso. /Leonardo Vinicius Thiesen. -- 2018
30 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Rafael Major Pitta.Co-orientador: Ednaldo Antônio de Andrade.TCC (graduação em Agronomia) - Universidade Federal
de Mato Grosso, Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais,Sinop, 2018.
Inclui bibliografia.
1. resistência a inseticidas. 2. bioensaio. 3. diamida. 4.
4
5
Aos meus pais Elcio C. Thiesen e Elisete de A. Thiesen que me ensinaram o
amor incondicional e por serem os meus alicerces.
Aos meus irmãos Eduardo R. Thiesen e Camila A. de A. Guimarães que
sempre me apoiaram em minhas decisões.
À minha avó Ericela Thiesen por ser a minha segunda mãe e me acolher em
sua casa.
DEDICO
6
AGRADECIMENTOS
À Deus, que sempre iluminou os meus caminhos e me amparou nos
momentos de dificuldades.
Ao meu pai Elcio Claudir Thiesen que me incentivou e me ajudou muito
em toda a trajetória.
À minha mãe Elisete de Amorim Thiesen que sempre me deu conselhos,
apoio e seu colo nas horas difíceis.
Aos meus irmãos Eduardo Thiesen e Camila Guimarães por ter me
ajudado a chegar até aqui, sempre depositando sua confiança em mim.
À minha segunda família Enivaldo Rodrigues, Késede Rodrigues,
Magdiel Rodrigues e Mhyrlla Rodrigues que tornou tudo isso possível, não há
palavras para agradecer o tanto que fizeram e fazem por mim até hoje.
Ao meu orientador, Dr. Rafael Major Pitta pelo seus ensinamentos e
paciência, além da grande ajuda na elaboração desse projeto.
Ao meu co-orientador, Prof. Ednaldo Antônio de Andrade por ser um
grande amigo com quem pude aprender e conversar sobre muitas coisas.
À minha parceira de trabalho Fátima Rampelotti Ferreira pela realização
de grande parte desta pesquisa, pelas orientações, pela paciência em conviver
comigo no laboratório e por aceitar a ser membra da banca do meu trabalho de
conclusão, meu muito obrigado.
Aos meus amigos da UFMT que fizeram de mim uma pessoa muito
melhor e feliz, em especial à Aline Deon, Bárbara Fonseca, Diego Berwian,
Gabriel Berton, Jackson Nogueira, Jumara Carvalho, Luciana Cella, Luís Metz
e Sagna Rodrigues que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos
de alegria e tristeza nesse caminho.
7
Aos meus amigos Bruno Omizzollo, Higor Serafim, Hugo Barreto,
Kennedy Rocha, Lucas Bortolanza, Lucas Ryba, Moacir Omizzollo, Pedro
Serafim e Vitor Barreto que me acolheram quando cheguei em Sinop e que
considero meus irmãos.
À toda minha família pelo apoio e por seu amor.
À Embrapa Agrossilvipastoril e ao CNPq pela estrutura e a bolsa
concedida para a realização desse trabalho.
Aos amigos da Entomologia Diogo Alves, Fernando Roza, Luciana Cella,
Luciana Sotolani, Raphael Hydalgo, Sandra Rodrigues e Suellen Barros que
ajudaram na realização deste e dos demais trabalhos.
À Universidade Federal de Mato Grosso pela oportunidade de estudo,
bem como todos os professores que participaram da minha formação.
À todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma a chegar até
aqui, desejo-lhes muito obrigado.
8
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
.....................................................................................................10
........................................................................................................ 9
................................................................................................11
MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................13
......................................................................17
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 22
ANEXO I – Instruções aos Autores – Neotropical Entomology....................... 24
SUMÁRIO
9
RESUMO
O monitoramento da Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) à flubendiamida e ao metomil foi realizado através de bioensaios de ingestão mediante o tratamento superficial de dieta artificial com inseticida em placas plásticas. Para tal, foram coletadas 17 populações de campo em importantes regiões produtoras no Estado do Mato Grosso durante a safra 2017. As populações diferiram entre si para todas as doses testadas (P<0,001), apresentando para algumas, uma alta amplitude na taxa de mortalidade indicando heterogeneidade. Essa amplitude é gerada devido a presença de indivíduos resistentes e suscetíveis numa mesma população, fomentando o aparecimento de populações resistentes caso a suscetibilidade não seja restabelecida ou se o método de controle para essa praga mantenha-se o mesmo. Alto Garças, Diamantino, Nova Mutum e União do Sul foram os municípios com as menores taxas de mortalidade para o inseticida metomil. Portanto, é necessário a implementação de programas para o monitoramento da resistência aos inseticidas metomil e flubendiamida nas regiões avaliadas nesse estudo e a conscientização sobre a rotação de mecanismos de ação afim de evitar a utilização desses inseticidas, tendo em vista que o controle químico é o mais utilizado para essa praga. PALAVRAS-CHAVE: resistência à inseticidas, bioensaios, dose-diagnóstica,
diamida, carbamato
10
MANEJO DE PRAGAS
Monitoramento da Suscetibilidade de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae) à Flubendiamida e ao Metomil no Estado de
Mato Grosso.
FT RAMPELLOTI-FERREIRA¹, LV THIESEN¹, RM PITTA²,
¹ Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT, Brasil
² Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop, MT, Brasil
Correspondência
Leonardo Vinicius Thiesen, Universidade Federal de Mato Grosso, 78557-267, Sinop – MT,
Brasil. [email protected] (+5566) 9-9621-2105.
Abstract
The monitoring of Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) to flubendiamide and
methomyl was carried out through ingestion bioassays by surface treatment of artificial
diet with insecticide on plastic plates. Seventeen field populations were collected in
important producing regions in the State of Mato Grosso during the 2017 harvest.
Populations differed for all tested doses (P <0.001), with some showing a high
amplitude in the mortality rate indicating heterogeneity. This amplitude is generated due
to the presence of resistant and susceptible individuals in the same population,
fomenting the emergence of resistant populations if the susceptibility is not restored or
if the control method for this pest remains the same. Alto Garças, Diamantino, Nova
Mutum and União do Sul were the municipalities with the lowest mortality rates for
methomyl insecticide. Therefore, it is necessary to implement programs for the
monitoring of resistance to methomyl and flubendiamide insecticides in the regions
evaluated in this study and the awareness of the rotation of mechanisms of action in
order to avoid the use of these insecticides, since chemical control is the most used for
this pest.
Keywords: resistance to insecticides, bioassays, dose-diagnostics, diamide, carbamate
11
Introdução
Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera:Noctuidae) conhecida
popularmente como a lagarta-do-cartucho-do-milho é uma das mais importantes pragas
agrícolas (Viana & Costa 1998). É um inseto cosmopolita de grande importância para muitas
culturas. O cultivo do milho durante o ano inteiro em algumas regiões e alguns fatores
bioecológicos do inseto (ciclo curto, alto potencial reprodutivo, grande capacidade de
dispersão), tem facilitado o surgimento de populações resistentes, já que o uso de inseticidas
tem sido a forma de controle mais utilizada (Bortoli et al. 2012). Como consequência do uso
exclusivo de inseticidas para o controle deste inseto há um grande custo envolvido, já que o
número de pulverizações em uma única safra é bastante elevado.
No Estado do Mato Grosso o clima propicia até 3 safras no ano, começando com a
primeira safra na estação chuvosa (Setembro-Dezembro) que pode ser cultivado soja, milho,
algodão, arroz e feijão. Na segunda safra, comumente chamada de safrinha, o plantio é de
verão (Janeiro-Março) coincidindo com o final da estação chuvosa, é cultivado o milho,
milheto, sorgo, algodão e feijão. A terceira safra no Mato Grosso é quase exclusivamente de
feijão sob irrigação, tendo seu plantio de maio a julho (Marcelo et al. 2017). Todas são
plantas hospedeiras para S. frugiperda (Agrofit, 2018), garantido um ciclo ininterrupto da
praga, aumentando a pressão de seleção de indivíduos resistentes aos inseticidas utilizados,
favorecendo o aparecimento de populações resistentes, pois a maioria das moléculas
inseticidas utilizadas se repetem ao longo dos cultivos.
Casos de resistência para essa espécie já foram comprovados para várias moléculas
inseticidas (Nascimento et al., 2015, Busato et al., 2006, Ríos-Díez & Saldamando-
Benjumea, 2011, Díez-Rodríguez & Omoto. 2001), incluindo as toxinas Bt (Santos-Amaya et
12
al., 2015). Portanto, um programa de manejo de resistência é necessário para evitar perdas de
produtividade resultantes da ineficiência de produtos devido à seleção de populações
resistentes.
O monitoramento dos níveis de eficiência dos agrotóxicos às pragas é essencial em
programas de manejo de suscetibilidade de artrópodes a inseticidas, pois permite avaliar a
situação atual de um produto em relação a uma praga, o que possibilita uma correta tomada de
decisão quanto à qual grupo químico deve ser utilizado, além de permitir identificar quando
os níveis de suscetibilidade são reestabelecidos (Dennehy & Granett, 1984). Essa avaliação
pode ser realizada através da dose diagnóstica, sendo esta uma dose pré-determinada de um
inseticida, que resulta em mortalidade para a maioria dos indivíduos suscetíveis de uma
espécie e que não afete os indivíduos resistentes (ffrench-Constant & Roush 1990)
Entre os inseticidas utilizados para o controle de S. frugiperda, pode-se destacar a
flubendiamida que é um composto derivado da diamida do ácido ftálico e segundo a
classificação do Comitê de Ação a Resistência a Inseticidas (IRAC), pertence ao grupo 28:
Moduladores dos receptores de Rianodina (Insecticide Resistance Action Committee 2017).
Essa molécula age sobre uma gama de lepidópteros, tornando-se um inseticida seletivo para
essa família, pois atuam na ativação dos receptores da rianodina, ocasionando uma liberação
descontrolada de Ca+2 no músculo dos insetos (Lahm et al. 2009), causando letargia, paralisia,
suspenção da alimentação e morte (Hannig et al. 2009).
Outra molécula comum para o controle da espécie é o metomil, um carbamato que
pertence ao grupo 1A: Inibidores de acetilcolinesterase (Insecticide Resistance Action
Committee 2017) que atua no sistema nervoso provocando hiperexcitação, tremores, perda de
água e consequentemente a morte (Fukuto 1990). Apresenta baixa seletividade devido ao seu
mecanismo de ação não ser exclusivo dos lepidópteros (da Fonseca et al. 2012) e pertence à
classe dos inseticidas sistêmicos e de contato.
13
Considerando a importância de flubendiamida e metomil para o controle de S.
frugiperda nos sistemas produtivos de Mato Grosso, realizou-se o monitoramento da
suscetibilidade de populações de S frugiperda pertencentes a todas regiões produtoras de
milho do estado a essas duas moléculas.
Material e Métodos
Coleta e manutenção das populações de Spodoptera frugiperda.
População Suscetível de referência: foi utilizada como população suscetível de
referência a população mantida no laboratório Criação Insetos da Embrapa Agrossilvipastoril
(Sinop-MT) em dieta artificial (Parra, 2001) sem pressão de seleção por inseticidas por
gerações sucessivas e proveniente de Sete Lagoas-MG.
Populações para monitoramento: de março a maio de 2017, foram realizadas coletas
de lagartas em 17 municípios do estado de Mato Grosso (Figura 1). Os municípios onde se
realizaram as coletas estão inseridos em regiões de grande importância como produtores de
milho.
Através de coleta manual, as lagartas de S. frugiperda foram retiradas das plantas e
transferidas para recipientes com dieta artificial (Parra, 2001), condicionadas em caixas
térmicas e levadas ao laboratório de Criação de Insetos na Embrapa Agrossilvipastoril em
Sinop-MT.
No laboratório, as lagartas foram transferidas para tubos de criação contendo dieta
artificial, sendo mantidas em sala climatizada (24 ±2ºC, umidade relativa de 70% e fotofase
de 14 h) para obtenção de pupas. Durante o período de desenvolvimento dessas lagartas foram
14
realizadas triagens a cada dois dias para retiradas de insetos mortos e para detecção de
inimigos naturais provenientes do campo.
As pupas foram retiradas da dieta e colocadas em placas de Petri 10 cm de diâmetro,
sendo mantidas em gaiolas de PVC de 20 cm de diâmetro por 25 cm de altura revestida
internamente por papel A4 e cobertas por tecido voil. Ao observar o início da emergência dos
adultos, um frasco contendo solução de mel a 10% (dieta para adultos) foi colocado dentro da
gaiola para alimentação dos insetos. As gaiolas foram mantidas em condições controladas a
23±2ºC, umidade relativa de 70% e fotofase de 14 h.
As posturas obtidas a cada dois dias foram recortadas e colocadas em placas acrílicas
Gerbox contendo uma camada fina de dieta artificial (Parra, 2001). As placas permaneceram
em sala climatizada (24 ±2ºC, umidade relativa de 70% e fotofase de 14 h). As lagartas foram
separadas para dois objetivos: um lote foi individualizado para os bioensaios de dose
diagnóstica e o outro transferido para tubos de criação buscando a manutenção da população
para bioensaios.
Bioensaios
O método utilizado foi de ingestão mediante o tratamento superficial de dieta
artificial com inseticida em placas plásticas (Costar®, Cambridge, Massachusetts, EUA),
com 24 células contendo 1,5 ml de dieta artificial (Parra, 2001) e submetida a luz
ultravioleta até a solidificação da dieta.
Os inseticidas foram diluídos em água obtida por osmose reversa com adição de
0,1% (v/v) do espalhante adesivo Break-thru® a cada concentração testada, e com auxílio
de um dispensador multipette® M4, foi transferido 20 µL da solução inseticida para cada
célula da placa com as concentrações testadas.
15
Os inseticidas testados foram metomil (Lannate®, 215 g I.A./L) e flubendiamida
(Belt®, 480 g I.A./L). Para o preparo das concentrações, diluiu-se os inseticidas em água
ultrapura com adição do espalhante adesivo Break-thru® (copolímero poliéster-polimetil
siloxano 1000 g/L) na concentração de 0,1% (v/v). As placas do tratamento controle
receberam apenas espalhante adesivo a 0,1% (v/v).
Após a contaminação da superfície da dieta com inseticida, as placas foram
mantidas em câmara de fluxo laminar por no mínimo 1 hora até a secagem da solução
inseticida. Posteriormente, uma lagarta em 3º ínstar foi transferida para cada célula com o
auxílio de um pincel e mantidas em câmaras climatizadas com temperatura de 25±2ºC,
umidade relativa de 70±10% e fotofase de 14 horas.
Procedimentos do Bioensaio
Caracterização da suscetibilidade de S. frugiperda a metomil e flubendiamida:
Lagartas em terceiro ínstar da população suscetível de referência foram submetidas ao contato
com sete concentrações distribuídas logaritmamente, visando obter mortalidades entre 5 e
99% para a dose diagnóstica.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco repetições de 24
lagartas cada, sendo testadas 120 lagartas por concentração. As placas contendo as lagartas
foram mantidas em sala climatizada por três (metomil) e quatro (flubendiamida) dias.
Os dados de mortalidade foram submetidos a análise de Probit através do programa
Polo-PC (LeOra Software, 1987) e obteve-se os valores das concentrações letais para 50 e 99
ou 95% (CL50 e CL99 ou CL95).
16
Fig 1. Municípios de Mato Grosso onde foram realizadas coletas de lagartas de Spodoptera
frugiperda para estudos de monitoramento da suscetibilidade a inseticidas, safra 2017. 1.
Alto Garças (186); 2. Brasnorte (90); 3. Campo Novo do Parecis (152); 4. Campo Verde
(172); 5. Nova Xavantina (126); 6. Diamantino (79); 7. Dom Aquino (60); 8. Lucas do Rio
Verde (120); 9. Nova Maringá (77); 10. Nova Mutum (147); 11. Primavera do Leste (137);
12. Rondonópolis (155); 13. Sapezal (138); 14. Sinop (75); 15. Sorriso (119); 16. Tangará da
Serra (150); 17. União do Sul (186). Em parênteses, número de lagartas coletadas por
população.
17
Monitoramento da suscetibilidade de Spodoptera frugiperda a metomil e flubendiamida.
Para a avaliação da suscetibilidade de S. frugiperda, foram avaliadas dezesseis
populações para metomil e dezessete para flubendiamida (Figura 1). Utilizaram-se bioensaios
de ingestão com superfície contaminada para duas concentrações diagnósticas de cada
inseticida (CL50 e CL99 ou CL95) da mesma forma do bioensaio descrito anteriormente. Para
cada concentração utilizou-se 336 lagartas divididas em 14 placas com 24 poços cada.
Os dados foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskall Wallis (Kruskal;
Wallis, 1952) no software estatístico R (Programa R, 2008).
Resultados e Discussão
Caracterização da suscetibilidade de Spodoptera frugiperda a flubendiamida e ao metomil.
A CL50 da população suscetível de referência foi calculada em 576 ppm e a CL95 em
13.968 ppm para a flubendiamida. Para o metomil, a CL50 foi de 375,64 ppm e a CL99
2178,91 ppm. Essas concentrações foram utilizadas como dose diagnóstica dos inseticidas
testados.
Monitoramento da suscetibilidade de Spodoptera frugiperda a flubendiamida e metomil.
Para flubendiamida a mortalidade média de Spodoptera frugiperda a 576 ppm (CL50
da população suscetível de referência) variou de 38,62 a 97,92 % (P<0,001) (Figura 2a). Para
18
13.968 ppm (CL95 da população suscetível de referência) observou-se mortalidades médias
variando de 75,46 a 100% (P<0,001) (Figura 2b).
Fig 2. Porcentagem de mortalidade para 17 populações de Spodoptera frugiperda coletadas
em Mato Grosso e submetidas ao contato com 576 ppm (a) e 13.968 ppm (b) de
flubendiamida. AGA = Alto Garças; BRA = Brasnorte; CNP = Campo Novo do Parecis; CVE
= Campo Verde; DAQ = Dom Aquino; DIA = Diamantino; LRV = Lucas do Rio Verde;
NMA= Nova Maringá; NMU = Nova Mutum; NX = Nova Xavantina; PLE = Primavera do
Leste; RON = Rondonópolis; SPA = Sapezal; SIN = Sinop; SOR = Sorriso; TSE = Tangará
da Serra; USU = União do Sul. Caixas de mesma cor não diferem entre si pelo teste de
comparação múltiplas de Kruskall Wallis a nível de 0,2% de probabilidade.
A população de Diamantino foi que apresentou a menor mortalidade (entre 12,50 e
79,17% para a CL50 e 45,83 a 95,83% na CL95) de lagartas quando submetidas ao contato com
19
o inseticida flubendiamida em ambas concentrações, não diferindo apenas de Brasnorte na
CL95 (P<0.002), contudo uma alta amplitude na mortalidade por ser observada nessa
população, caracterizando uma população heterogênea quanto a resposta as concentrações do
inseticida testado. A população de Alto Garças foi a que apresentou menor variação na
mortalidade em ambas as concentrações do inseticida, portanto, a população pode ser
classificada como homogênea e possivelmente suscetível. Pode-se observar que as populações
de Brasnorte, Campo Novo do Parecis, Rondonópolis e Sapezal tiveram grande amplitude na
mortalidade na CL50, mas que diminuiu consideravelmente para a CL99, resultando em uma
mortalidade similar a observada na população suscetível de referência.
Na China, foram encontradas populações de Spodoptera exigua com resistência
moderada a duas diamidas (flubendiamida e chlorantraniliprole) utilizadas no cultivo de
vegetais. (Zhang et al., 2014). Estudos também mostram que outra espécie de lepidóptero
adquiriu resistência elevada à flubendiamida devido a mutação do receptor da rianodina
G4946E (Troczka et al. 2012, Yan et al. 2014, Sonoda & Kataoka 2016). Esses dados
mostram que é necessário realizar o monitoramento da resistência nos municípios que
apresentaram os menores índices de mortalidade para as doses diagnósticas, visando que são
populações heterogêneas, recomenda-se a não utilização de moléculas deste mesmo grupo
químico, para que ocorra o restabelecimento da suscetibilidade desta população.
Para metomil a mortalidade de S. frugiperda a 375,64 ppm (CL50 da população
suscetível de referência) variou de 8,48 a 92,69 % (P<0,001) (Figura 3a). Para 2.178,91 ppm
(CL99 da população suscetível de referência) observou-se mortalidades variando de 14,00 a
96,73% (P<0,001) (Figura 3b).
20
Fig 3. Porcentagem de mortalidade para 16 populações de Spodoptera frugiperda coletadas
em Mato Grosso e submetidas ao contato com 375,64 ppm (a) e 2178,91 ppm (b) de metomil.
AGA = Alto Garças; BRA = Brasnorte; CNP = Campo Novo do Parecis; CVE = Campo
Verde; DAQ = Dom Aquino; DIA = Diamantino; LRV = Lucas do Rio Verde; NMA= Nova
Maringá; NMU = Nova Mutum; NX = Nova Xavantina; PLE = Primavera do Leste; RON =
Rondonópolis; SPA = Sapezal; SIN = Sinop; TSE = Tangará da Serra; USU = União do Sul.
Caixas de mesma cor não diferem entre si pelo teste de comparação múltiplas de Kruskall
Wallis a nível de 0,2% de probabilidade.
Para o teste com metomil, as populações de Lucas do Rio Verde e Nova Maringá
apresentaram taxas de mortalidade superiores as demais para a CL50 (acima de 62,50%) e não
diferiram das populações de Sapezal e Tangará da Serra para a CL99 (P<0,002), com taxas
acima de 83,33% de mortalidade. Observou-se que as populações de Alto Garças, Diamantino,
Nova Mutum e União do Sul apresentaram os menores valores observados de mortalidade
21
para a CL50, variando de 0 a no máximo 29,17%. Para a CL99, as menores taxas de
mortalidades foram observadas em Diamantino (0 a 37%) e Nova Mutum (18 a 45%), além
disso, as populações de Alto Garças, União do Sul, Dom Aquino, Nova Xavantina, Primavera
do Leste e Campo Verde apresentaram grande amplitude na taxa de mortalidade, indicando
heterogeneidade das populações.
A literatura demonstra que para esse inseticida já foi identificado diversos casos de
resistência para diversas espécies de artrópodes (Michigan State University Center for
Integrated Plant Systems, 2018) e alta resistência de S. frugiperda (Yu 1991, Leon-Garcia et
al. 2012). Esses casos de resistência podem estar relacionados ao tempo de utilização do
produto nas sucessões de cultivo devido ao seu largo espectro de ação, aumentando a pressão
de seleção para esta praga, como mostra no presente trabalho o indicativo de indivíduos
resistentes ao metomil em determinadas populações avaliadas.
O teste de dose diagnóstica é um dos métodos mais utilizados para monitorar a
suscetibilidade no campo (Stanley 2007) devido a praticidade e a eficiência, apresenta uma
resposta clara sobre uma população local ser suscetível ou tolerante afim de programar ações
corretivas a serem tomadas (Roush & Miller 1986). Halliday & Burnham (1990) ressaltam
que se deve ter cuidado para a utilização desta técnica, principalmente em casos que os níveis
de resistência não são elevados ou a resistência é recessiva.
O manejo da resistência de S. frugiperda é dificultado devido aos fatores
bioecológicos do inseto que caracterizam um alto risco de resistência aos inseticidas. Nesse
sentido, fica evidenciado a importância do monitoramento da suscetibilidade para o
diagnóstico das populações de insetos que atacam as culturas de interesse, avaliando a
evolução da resistência, bem como a eficiência de produtos e as medidas de controle que
devem ser tomadas. O presente trabalho fornece informações de suma importância para as
regiões que apresentaram populações heterogêneas com indivíduos resistentes, indicando
22
possivelmente, o aparecimento de populações de S. frugiperda resistentes aos inseticidas
metomil e flubendiamida, com destaque para o metomil que apresenta diversos casos de
resistência já citados. Portanto, esse alerta serve para rever as formas de controle para essa
praga, implementando, sempre que possível, as técnicas de controle do Manejo Integrado de
Pragas (MIP), adotando seus princípios básicos como amostragem, preservação de inimigos
naturais, rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação, tecnologia Bt e refúgio.
Referências
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http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acesso em 09 fev
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This result was later contradicted by Parra & Zucchi (2006).
This effect has been widely studied (Vilela 1991, Moscardi et al 1995, Frey da Silva & Grazia 2006, Moscardi et al 2009).
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o Dissertation Nihei SS (2004) Sistemática e biogeografia de Muscini (Diptera, Muscidae). PhD. Thesis, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil, p 203
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