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Texto Helô Machado e Felipe Machado Ilustrações Rodrigo Giraldi

Campanha do Intensivista -

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Livro ilustrado para a Campanha do Intensivista

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Page 1: Campanha do Intensivista -

Texto

Helô Machado e Felipe MachadoIlustrações

Rodrigo Giraldi

Page 2: Campanha do Intensivista -

Helô MachadoFelipe Machado

IlustraçõesRodrigo Giraldi

1ª Edição

São Paulo

Associação de Medicina Intensiva Brasileira

2010

ColaboraçãoÁlvaro Réa-NetoEderlon RezendeWerther Brunow

Page 3: Campanha do Intensivista -

Edição: A vida de quem você ama em boas mãosAutores: Helô Machado e Felipe MachadoIlustrações: Rodrigo Fiorante GiraldiUma publicação da Associação de Medicina Intensiva Brasileira

Copyright ©2010 da Associação de Medicina Intensiva BrasileiraTodos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo de sistemas gráficos e digitais, tanto para versão impressa quanto para a versão digital. A versão digital é livre de distribuição desde que mantida a fonte original disponível no site www.orgulhodeserintensivista.com.br. Proibida a reprodução total ou parcial das ilustrações ou novas representações dos personagens sem autorização prévia do autor. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, conforme Lei nº 10.695, de 07/01/2003) sob pena de reclusão, multa e ou indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2, 3 da Lei nº 9.610, de 19/06/1998, Lei dos Direitos Autorais).

Associação de Medicina Intensiva BrasileiraRua Joaquim Távora, 724 - Vila MarianaSão Paulo - SP - CEP: 04015-011 Telefone/Fax 11 5089-2642www.amib.org.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Machado, HelôMachado, FelipeA vida de quem você ama em boas mãos / Helô Machado e Felipe Machado -- 1ª ed -- São Paulo: Associação de Medicina Intensiva Brasileira - 2010.

ISBN 978-85-63887-00-9

1. Medicina Intensiva - 2. UTI - 3. Intensivista

Consultados:

Álvaro Réa-NetoEderlon Alves de Carvalho RezendeWerther Brunow de Carvalho

Conselho Editorial:

Diretor Editorial: Francisco Raymundo NetoDiretor Comercial: Roseli AndradeCoordenação: Silvia Sanches

Revisão Gramatical: Glair Picolo CoimbraProdução e Revisão Geral: Alexandra Guindani Diagramação: Rodrigo Fiorante Giraldi

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Ester está mais tranquila a cada dia que passa. Percebe que

Cadu, seu marido, está melhorando e tudo vai dar certo. Na

sala de espera da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde

está internado há seis dias, vítima de um grave acidente de

carro, ela folheia uma revista. Vê uma foto de uma linda artista

dando um imenso sorriso e pensa em como a vida da gente

pode mudar de uma hora para outra e como está sendo bom

entender tudo o que se passa com seu marido a cada etapa do

tratamento.

Ester nunca havia entrado numa UTI e, embora achasse

que toda a equipe que trabalha nessa área fosse formada

por pessoas muito bem preparadas, jamais poderia

imaginar que todos fossem tão competentes, cuidadosos,

incansáveis. Não apenas com o doente, no caso, o seu

marido, mas também com ela.

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“Vim para a maternidade com a minha mãe”, diz. “Como eu estava com seis meses de

gestação, não achei que já ficaria internada e que a Gabriela nasceria naquele dia. Jorge, meu

marido, ficou ainda mais nervoso do que eu. Mas Cristina, a psicóloga da UTI, nos acalmou

bastante. É a nossa primeira filha, é tão linda e tão pequenininha... Ela se chama Gabriela e

eu estou triste porque vou sair agora da maternidade e ela ainda vai ficar...”

Ester fica com os olhos cheios d'água. Abraça a moça e diz: “Calma, a Gabriela vai ficar boa logo. E você já viu que

a UTI não é mais aquele bicho-papão que muita gente pensa. Meu marido está aqui há quase uma semana por causa

de um acidente de carro gravíssimo e tenho a maior confiança na equipe que está cuidando dele. São médicos

intensivistas e os demais profissionais são altamente especializados nesse difícil trabalho na UTI. Todos eles

realizam um trabalho sob controle, com muita qualidade e segurança”.

Ester se lembra de tomar um café antes de entrar na UTI para ver seu marido.

Resolve comer um sanduíche de queijo quente: está com uma fome.

Ao sair da lanchonete, ela vê uma jovem loira, de cabelos compridos,

chorando muito. Vai até ela:

“Calma, não fique assim...

O que aconteceu? Como é seu nome”?.

A moça é Júlia. Sua filhinha nasceu prematura e está na

UTI neonatal há quatro dias:

Page 6: Campanha do Intensivista -

Júlia enxuga as lágrimas e pergunta: “Mas como é que você

está nessa calma”?. Ester sorri: “Eu também cheguei aqui

muito nervosa, mas à medida que fui conhecendo toda a

equipe da UTI, fui me acalmando. Dr. Augusto, o médico

intensivista, me explicou detalhadamente a gravidade do

caso e os recursos que estão sendo utilizados para a

recuperação do meu marido. Todos os dias ele fala sobre

os procedimentos que serão feitos e o que ele espera de

cada um, dependendo da reação do Cadu.

Cristina, a psicóloga, também me ajudou muito nos primeiros dias; o fisioterapeuta Ari me dá

atenção redobrada quando eu quero saber sobre os exercícios que ele faz no meu marido;

Mário, o técnico de enfermagem, sempre comenta sobre a importância da higiene

oral e do banho diário no leito, e Kelly, a nutricionista, me anima muito quando

me dá detalhes da alimentação que está sendo utilizada com o Cadu”.

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Júlia mostra-se animada: “É verdade, pensando bem, eu também estou mais confiante. Já notei que a pediatra

intensivista e todos os profissionais que trabalham na UTI são profissionais muito preparados e estão sempre

dispostos a explicar tudo de uma forma bem fácil para a gente entender... Só estou com pena de não levar minha

filha para casa...”.

Por uma feliz coincidência, a Dra. Márcia, pediatra da UTI

neonatal, entra na lanchonete. Ao ver Júlia, dirige-se para ela:

“Não se preocupe, nós vamos cuidar muito bem da Gabi.

Você sabe disso, não sabe?”. Júlia ameaça chorar, mas a médica a tranquiliza: “Já combinamos

que você pode ficar ao lado da Gabi todo o tempo que quiser”.

Ester e Júlia se despedem. Júlia vai ver

sua filhinha e Ester vai ver seu marido.

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Cadu está na mesma. Mário, o técnico de enfermagem, está

aplicando um medicamento. Ester tenta esboçar um sorriso,

mas não consegue. Mário percebe: “Dona Ester, é preciso ter

paciência...”. Dr. Augusto chega com Lucas, o médico-residente,

faz as apresentações e diz: “Nesta fase, o que mais

pedimos aos familiares é que tenham paciência. Seu marido

chegou aqui com um hematoma intracraniano e um

sangramento na pleura. Foi para o Centro Cirúrgico para

drenar os hematomas. Também foi necessário instalar

um cateter intracraniano para monitorar a pressão

intracraniana”.

Ester confessa que às vezes fica nervosa de ver o

marido inconsciente. Enquanto o médico-residente

faz anotações numa prancheta, Dr. Augusto explica

mais uma vez: “Ester, ele está em coma induzido e

nós tivemos que submetê-lo à traqueostomia,

necessária naquele momento. E essa sonda enteral

no nariz é para ele receber a alimentação

adequada por uns dias”.

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Ester interrompe o médico:

“Então, Ester, esse procedimento era necessário. Vai facilitar também na higiene oral”, explica o Dr. Augusto,

referindo-se ao terceiro dia de Cadu na UTI. “Depois de uma reunião de avaliação, nós o encaminhamos

novamente ao Centro Cirúrgico no dia seguinte, para uma nova drenagem do hematoma intracraniano. Lembra?

Hoje é o sexto dia, ele está bem monitorado, recebendo tratamento especializado, medicação adequada,

atenção ininterrupta. Se tudo correr bem, amanhã vamos começar a diminuir a sedação.”

Ester olha para o marido e diz: “Nós vamos reagir bem, Dr. Augusto, o senhor vai ver”.

“Fiquei tão aflita quando o senhor me disse que ele teria de fazer uma traqueostomia...”.

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Na UTI neonatal, Júlia toca delicadamente as costas da

filha por uma das entradas da incubadora. Está bem mais

calma. Gostaria que Jorge, seu marido, ficasse mais com

ela, mas ele está trabalhando e só vem à noite... Lembra

que Ester tem razão: sente-se cada vez mais forte depois

de conversar com a Dra. Márcia, a pediatra intensivista, e

com os outros profissionais que cuidam de sua filha: a

psicóloga Cristina, que tanto a acalmou no início – e

continua acalmando –; o fisioterapeuta Ari, prestativo e

alegre; a nutricionista Kelly, que a deixa tão feliz quando

afirma que logo, logo, a Gabi passará a tomar o seu leite;

Mariana, a enfermeira, que não “desgruda” da Gabi – fica

quase o tempo todo à beira do leito de sua filha. Tudo

isso é uma verdadeira injeção de entusiasmo.

Dra. Márcia entra e dá um sorriso para Júlia. Examina

atentamente o ventilador mecânico, que leva o ar

umidificado para os pulmões do bebê. Júlia tem plena

confiança na médica. Sabe que ela estudou muito para

ocupar aquele posto. A Medicina não é apenas uma

profissão, é uma missão... E quando se trata de médicos

intensivistas, a missão é redobrada.

Page 11: Campanha do Intensivista -

No dia seguinte, Ester chega mais tarde ao hospital. Encontra

o Dr. Augusto, que, naquele momento, está explicando para

Lucas, o médico-residente, que o dreno do tórax do paciente

será retirado. Ela fica contente. Diante deles, Ester confere o

funcionamento de todos os aparelhos. Ela diz que o seu

preferido é o Monitor Beira-leito, que monitora os sinais vitais

do seu marido: saturação de oxigênio no sangue, ritmo

cardíaco, pressão arterial, temperatura, concentração de gás

carbônico na expiração. Ester ri de si mesma. Dr. Augusto e a

equipe da UTI lhe contaram tão bem e tantas vezes como

funcionam esses equipamentos de tamanha precisão, que

parece que ela entende tudo...

Dr. Augusto faz um sinal para Lucas e brinca: “Ester, já que você

está entendendo tanto desse assunto, tenho outra novidade:

vamos começar a diminuir a sedação”.

Ester mostra-se mais alegre ainda. Deixa a UTI para ligar para a

cunhada, que, por sua vez, fica com a responsabilidade de avisar

os outros parentes. Desde o acidente, Ester combinou que

apenas ela entraria na UTI para ver Cadu. A família entendeu.

Duas vezes por dia, Ester faz apenas um telefonema e conta tudo

o que o médico intensivista e os demais profissionais da UTI aos

poucos vão lhe explicando.

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Na UTI neonatal, Júlia retira o leite do peito com uma maquininha

própria, como a enfermeira Mariana lhe ensinou, para doar ao Banco

de Leite da Maternidade. Todo dia a Dra. Márcia lhe diz que, com o

tempo, ela poderá amamentar o bebê. A jovem mãe pensa na dedicação

da médica intensivista, que se preocupa em lhe falar frequentemente

sobre os procedimentos e, principalmente, sobre a segurança da

criança. “Minha filha está segura aqui – lembra –, não devo me queixar

de nada, meu Deus, logo tudo isso vai passar.”

Júlia está muito feliz: seu marido chega a tempo de

ouvir novamente as explicações da Dra. Márcia: “Por

ter nascido antes dos nove meses e com apenas 600

gramas, a Gabi precisa receber todos os cuidados,

minuto a minuto, e por isso está na UTI, para que o

cérebro, os pulmões e os outros órgãos possam se

desenvolver com controle e total segurança”. E a

médica vai explicando as funções de cada equipamento

utilizado para o tratamento do bebê...

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A enfermeira Mariana se aproxima e examina o tubo

de ventilação mecânica, na boquinha do bebê, que leva

o ar umidificado para os pulmões e a sonda do

narizinho para a alimentação enteral:

“A Gabi está aceitando muito bem essa alimentação.

Vocês não acham que ela está mais fortinha?”.

“Acho que sim”, diz Júlia. Jorge aperta a mão de sua mulher e diz sorrindo: “A

nutricionista Kelly comentou hoje que a Gabi está progredindo a cada dia. Mas é difícil

ver a nossa filha tão pequenininha, com tudo isso...”. A enfermeira imediatamente

conforta o casal: “É preciso ter paciência, afinal, a Gabi está em ótimas mãos e dispõe

de todos os recursos para ganhar peso e ficar boa logo

Jorge se despede. Tem de voltar ao trabalho. Beija a testa de Júlia: “Volto à noite,

cuidem bem da Gabizinha...”.

Júlia não sabe como agradecer por poder ficar ao lado da filha. Dra. Márcia havia lhe

explicado: “Em muitas situações, a mãe pode acompanhar a criança hospitalizada,

inclusive quando a criança está internada na UTI”. Era o seu caso e ela podia ficar

perto da Gabriela o tempo que quisesse.

”.

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Ester volta à UTI. O Dr. Augusto havia diminuído a sedação, mas Cadu permanece inconsciente. “Antes que você fique nervosa, diz o médico, quero lhe explicar que isso é normal. Quando seu marido chegou aqui, há uma semana, pensamos em mantê-lo em coma induzido entre 48 e 72 horas, lembra? Mas isso não aconteceu, porque analisamos o estado dele ininterruptamente e tivemos de realizar outros procedimentos importantes. Agora já estamos em uma nova fase, ele apresenta outro quadro e estamos diminuindo a sedação pouco a pouco. Avaliamos o caso de Cadu minuto a minuto, dia a dia. Temos de dar tempo ao tempo.”

Ester se acalma diante das explicações do médico. Dessa vez, sente que nem precisa recorrer à psicóloga Cristina para se tranquilizar. Ela se lembra de que a psicóloga foi uma mão amiga quando, desesperada, viu seu marido na UTI pela primeira vez depois do acidente.

Dr. Augusto continua: “Ester, você deve ter sempre em mente que, apesar de seu marido ter chegado aqui em estado gravíssimo, deve ter toda a confiança na equipe, pois somos especializados em fazer tudo para que ele se restabeleça. E, digo mais uma vez, temos de ter paciência. O nosso compromisso é com a vida e com a saúde. Um desafio que nós enfrentamos diariamente”.

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No dia seguinte, Ester chega cedo ao hospital esperando ver Cadu acordado, mas ele ainda permanece sedado. A nutricionista Kelly

verifica a sonda enteral da alimentação: “Seu marido agora vai receber uma nova alimentação. A senhora sabia que este aparelho seguro e

preciso oferece alimentação contínua para seu marido?”.Ester já havia ouvido essa explicação do Dr. Augusto, mas tenta achar

um sorriso para agradecer a atenção da profissional tão dedicada. A nutricionista adianta: “Não fique chateada, dona Ester, é assim

mesmo. Vamos ter um novo dia hoje!”.

O fisioterapeuta Ari entra nesse momento e depois de um alegre “bom-dia”, completa: “Dona Ester, vamos ter força! A recuperação do seu marido pode parecer lenta, mas o quadro dele se modifica a

cada dia. Essa é a maior experiência que temos aqui na UTI. O Dr. Augusto já deve ter lhe dito isso muitas vezes”.

“Falei, sim”, diz Dr. Augusto entrando. “Que bom que você está mais calma, Ester. O Cadu está reagindo muito bem: a pressão está excelente, os batimentos também, estamos avançando dia a dia, não há com o que se preocupar.”

Ester se anima diante de tanto otimismo. E passa mais três dias, nesse ir e vir constante, dividindo sua esperança diária entre seus afazeres domésticos, seu trabalho na escola e seus momentos na UTI, onde fica ao lado do marido, que permanece sedado.

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Mais um dia se passa e Cadu começa a esboçar alguns movimentos, mas ainda não acorda. Ester está confiante. Sente-se fortalecida pelo procedimento e pelas explicações do Dr. Augusto, o médico intensivista, e de toda a equipe da UTI.

Mário, o técnico de enfermagem, está com um sorriso ainda maior que o de sempre: “Chegou na hora, dona Ester. Seu marido acaba de acordar!” Ester se emociona: Cadu está com os olhos abertos. Isso significa que ele está reagindo! Será que ele a reconhece?.Ari, o fisioterapeuta, está emocionado: “Dona Ester, eu estava fazendo um exercício nos braços dele, falando baixinho sobre a sua melhora, como sempre faço, quando ele abriu os olhos”.Dr. Augusto, ao lado de Lucas, o médico-residente, também está satisfeito: “Nesses 14 dias já vencemos várias etapas, Ester, algumas bem graves. Esse primeiro passo significa que estamos no caminho certo: o Carlos Eduardo tem 43 anos, é um homem forte, saudável, está respondendo muito bem”.

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Ester fica muito animada. Um simples abrir de olhos a deixa muito feliz. Senta-se na poltrona ao lado de Cadu e começa a massagear delicadamente a mão do marido. E pensa que Júlia, como toda pessoa que tem alguém querido na UTI, também deve entender que são necessárias muita calma e total confiança nos médicos intensivistas e na equipe da UTI. A vida de quem a gente ama está em boas mãos.E é exatamente isso que ela quer transmitir para a jovem mãe da Gabi quando bater aquela preocupação incontrolável...

Ester nem sabe como agradecer a todos os profissionais que estão cuidando do seu marido. Era como se todos formassem não uma equipe, mas uma família, uma pequena e unida família, todos juntos em função de uma única pessoa: o seu marido. Mais alguns dias, quantos mesmo? Pelo menos mais uns seis ou sete, antes de Cadu sair da UTI e passar para o quarto.

Ester adormece por uns minutos pensando nisso. E acorda com a presença do Dr. Augusto: “Vejo que você está mais

calma a cada dia. E isso é muito importante para todos nós”. Ester lhe conta sobre a amizade que nasceu do

encontro com a mãe de Gabi, e o médico concorda que essas conversas na lanchonete são muito valiosas: “Os

familiares também podem se ajudar.

Você já percebeu, Ester, que aqui cada dia é um dia a ser vencido. Seu marido, por

exemplo, já está em uma nova fase. A partir de agora, vamos esperar que ele retome

gradativamente os movimentos. Nosso foco é o paciente, mas nossa atenção também está

nas pessoas que o rodeiam”.

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São nove da noite, Cadu está dormindo. Ester estala um beijo na testa do marido, sussurra um “Eu te amo” e vai para casa. Tem de corrigir as provas dos seus alunos. A diretora da escola foi muito compreensiva e lhe deu cinco dias de folga. E Ester já havia voltado ao trabalho há nove dias, assim o tempo passaria mais depressa.Ao sair do elevador, Ester reencontra Júlia, que vai subir para ficar mais um pouco com a sua filhinha. “Como está a Gabi?” Pelo sorriso de Júlia, Ester percebe que ela está cada dia melhor e nem espera a resposta. Aproveita para contar para a nova amiga que seu marido abriu os olhos e já faz alguns movimentos.

Júlia fica contente com a notícia: “Que bom, Ester, nossos queridos estão melhorando. Por enquanto, só posso acariciar um pouco a minha filha pelas cavidades da incubadora, depois de lavar muito bem as mãos e os braços. Mas, daqui a alguns

dias, espero abraçá-la com força”.Não fosse aquele tubo para a ventilação mecânica e a sonda do

narizinho para a alimentação enteral, Gabriela estaria confortável: a incubadora é mais do que um ambiente seguro,

com controle absoluto de temperatura e umidade.Júlia tem vontade de passar a noite inteira sentada na poltrona

ao lado do bebê, mas precisa descansar... Tem a maior confiança de deixar a Gabi nas mãos dos seus anjos: a médica

intensivista e toda a equipe da UTI.

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Às sete horas da manhã, depois do banho no leito, Mário, o técnico de enfermagem, está acomodando melhor o Cadu na cama da UTI quando Ester entra para ver o marido. Cadu está dormindo. Parece que está na mesma... Ester olha atentamente o monitor cardíaco, que marca as batidas do coração de Cadu, e observa também todos os outros equipamentos, que monitoram seu marido minuto a minuto.

Lucas, o médico-residente, continua marcando tudo na sua prancheta. O Dr. Augusto se aproxima e vê que Ester está um pouco desanimada:

“Bom-dia, Ester, aposto que você pensou que ia encontrar hoje seu marido sentado na poltrona tomando café. Mas não é porque

o Carlos Eduardo abriu os olhos anteontem que vai apresentar uma grande transformação dois dias depois.

Seu marido está se recuperando satisfatoriamente. Está sendo monitorado constantemente por

uma equipe altamente especializada”.

“Eu sei, doutor, o senhor tem razão...mas hoje já é o 16° dia que o Cadu está aqui.”

“Entendo a sua preocupação, é natural, mas você deve ter confiança total no atendimento que estamos dando ao Cadu. Para nós, médicos

intensivistas, e para todo o quadro de profissionais da UTI, todos os caminhos seguidos conduzem à vida. E o importante até aqui é que a

vida do seu marido está sendo mantida, com muitos progressos. Confie na gente.”

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Ester agradece as explicações do médico, pega a mão do marido e diz baixinho no seu

ouvido: “O Dr. Augusto nos passa tanta segurança... Prometo ser forte e otimista

como sempre fui. Vamos sair daqui vitoriosos, meu querido. Tenho certeza”.

Dr. Augusto volta: “Ester, me esqueci de dizer uma coisa importantíssima”.

Ester olha surpresa, mas o médico a tranquiliza. “Calma, não fique preocupada. É que

eu me lembrei de uma frase do livro O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que se

aplica perfeitamente ao nosso trabalho e à recuperação do seu marido – 'O essencial é

invisível aos olhos'. Pense nessa frase, pois ela pode explicar muitas coisas. Não fique

apreensiva e angustiada, porque aqui nós trabalhamos além do limite, sempre com a

real possibilidade de cura, tratando do essencial, que, neste caso, é a vida.”

“O essencial é

”invisível aos olhosSaint-Exupéry

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Júlia está tirando leite e comenta com Mariana, a enfermeira da UTI neonatal, como será maravilhoso dar de mamar para a filha. “Logo, logo, a Gabi estará mamando gostoso, você vai ver. Ela já cresceu e está mais gordinha, nem se parece com aquela menina fraquinha que chegou aqui.” As duas dão uma risada pela primeira vez em muitos dias. Júlia vai entregar o frasco com o seu leite para Mariana, mas espera que ela verifique o aparelho que Gabi tem no dedinho. “Já vi que você também está sempre olhando essa medição”, diz a enfermeira. E continua: “Este aparelho é maravilhoso: é o oxímetro e mede o oxigênio no sangue do bebê. O bom é acima de 90% e 92%”. Júlia dá um sorriso: “Eu sei, a Dra. Márcia já havia me explicado sobre esse aparelho. E fico muito feliz quando vejo que a medição da Gabi está sempre acima de 90% e 92%. Agora, 90 e 92 são meus números da sorte”. E as duas dão outra risada, mas bem baixinho.

Júlia está cada dia mais encantada com a enfermeira Mariana. Não apenas pela sua competência, mas também pelo carinho que Mariana dedica à sua filha e a ela também. A Dra. Márcia já havia lhe falado sobre a importância dessa atividade na UTI. Júlia se lembra de cada uma das palavras da médica intensivista: “A enfermagem tem um papel importantíssimo no tratamento do paciente, que requer muita experiência e dedicação. A enfermeira é a única profissional do hospital inteiro que fica à beira do leito do paciente 24 horas por dia. Cabe à enfermeira ou ao enfermeiro planejar, organizar e supervisionar os aparelhos e as atividades diárias do paciente, assim como o seu despertar”.Graças àquela verdadeira aula da Dra. Márcia, ela aprendeu muita coisa... E no caso de Mariana, ela ainda tinha aquele sorriso iluminado, que levantava as forças de Júlia quando ela se abatia.

Page 22: Campanha do Intensivista -

Sentada ao lado de Cadu, Ester pensa em como a vida é mestra

em aproximar as pessoas. Lembra-se da frase de O Pequeno

Príncipe que o Dr. Augusto disse: “O essencial é invisível aos

olhos”. Olhando para seu marido, Ester se lembra de outra frase

do livro: “Tu és responsável por aquilo que cativas”. Ester sorri,

beija o marido e fala baixinho: “Que bom. Você se mexeu um

pouco e está com os olhos abertos!”.

O Dr. Augusto conversa com a nutricionista Kelly

sobre a retirada da ventilação mecânica.

O fisioterapeuta Ari movimenta as pernas de Cadu

e lhe explica sobre a importância da movimentação

passiva nesse momento. Ao seu lado, Lucas, o

médico-residente, faz as suas anotações. Ester sai

por uns instantes e, quando volta, Cadu está

respirando normalmente e consegue atender às

ordens do médico intensivista para levantar os

braços, abrir a boca...

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Ester está muito feliz: “Dr. Augusto, acho que eu vou chorar”.Dr. Augusto brinca: “Só tome cuidado para não inundar a UTI...”.

Os médicos se retiram felizes. Ester pensa na dedicação daquelas pessoas incansáveis e apaixonadas pelo seu trabalho. A alta tecnologia dos equipamentos e os novos e potentes medicamentos são grandes recursos que permitem aos médicos intensivistas e a toda a equipe da UTI realizarem um tratamento com maior qualidade, eficiência, precisão e segurança.

Page 24: Campanha do Intensivista -

Ester chega cedinho ao hospital e ouve a ótima notícia do Dr. Augusto: “Ester, daqui a três dias o Carlos Eduardo vai deixar a UTI e

vai para o quarto. Ainda hoje, vamos iniciar os procedimentos com a fonoaudióloga Beatriz.

Serão exercícios diários e por alguns dias, para ajudarmos o Cadu a voltar

a falar e se alimentar”. Ester fica tão feliz que não sabe se beija o

marido ou... o médico. “Mas é preciso que você continue a ter muita

paciência”, explica o Dr. Augusto. “Seu marido ainda terá um longo caminho pela frente até a recuperação completa. Você

precisa conversar com os outros membros da família para decidir quem poderá ficar com ele

no hospital para que você possa trabalhar.”

Ester estava tão feliz que não via hora de contar a novidade para a sua cunhada, irmã de Cadu, para ela espalhar a boa notícia entre todos os parentes. Afinal, toda a família havia entendido e se portado muito bem: ninguém tentou entrar na UTI, ninguém se desesperou no telefone. Ester até achava que cada um torcia pelo restabelecimento de Cadu de um jeito: as duas irmãs dele rezavam, o cunhado ligava seis vezes por dia para a sua mulher para ter notícias, as tias mais velhas faziam promessa, o tio se afundava no trabalho para nem pensar no caso, os primos se encontravam todo dia para falar nele, os amigos tinham cancelado o futebol semanal, os colegas do trabalho torciam para ele voltar logo para o escritório. E a família inteira de Ester se colocava à disposição para tudo, a qualquer hora do dia ou da noite. Era só pedir.

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Ester ainda está emocionada no meio dos seus pensamentos, olhando para o marido, quando Júlia a chama na sala de espera. Ester enxuga as lágrimas e sai preocupada. Mas, felizmente, encontra Júlia muito alegre: “Ester, fiquei com medo de não te encontrar. E eu queria falar com você agora. O Jorge e eu tivemos uma idéia hoje, quando vínhamos para cá. Não é para hoje, nem para amanhã, vai demorar um tempo, sei lá quanto. Mas nós temos de nos encontrar para pensar em uma forma de agradecer, de homenagear os médicos intensivistas e todos os outros profissionais da UTI. O que você acha?”.

Ester começa a chorar. Júlia se assusta: “O que aconteceu? O Cadu não está bem?”. Ester abraça a amiga: “Ele está ótimo. O Dr. Augusto me disse que ele vai sair da UTI e vai para o quarto daqui a três dias. Vai levar um tempo até que ele deixe o hospital, mas ele está salvo, Júlia! Meu marido vai ficar bom!”. Júlia fica mais alegre ainda: “Que notícia ótima! Vamos marcar esse nosso encontro mais para frente, quando o Cadu e a Gabi estiverem em forma. Não temos pressa”. Ester completa: “É isso mesmo, Júlia, aprendemos na UTI a dar tempo ao tempo. Podemos nos encontrar sim, afinal, ficamos amigas... Mas acho que o maior agradecimento que os nossos queridos médicos intensivistas e os outros profissionais que trabalham na UTI esperam receber é a nossa confiança, o nosso sorriso, a nossa estima, a nossa felicidade de ver o Cadu e a Gabi saudáveis”.Júlia não contém as lágrimas: “Você tem razão, Ester, não teríamos mesmo como agradecer por tudo o que eles fizeram... Talvez a maior homenagem que eles podem receber é ver os seus pacientes de volta à vida!”.

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As duas se abraçam emocionadas. Passaram por tantos momentos difíceis... Graças à competência dos médicos intensivistas, a todos os profissionais que os auxiliam na UTI e aos inúmeros recursos daquele ambiente tão complexo, resumido a apenas três letrinhas – UTI –, elas podem comemorar uma nova existência!

A UTI é um local especial que todo hospital deve proteger com carinho. Um espaço onde há uma busca incansável pela vida, repleto de precisão, controle, qualidade e segurança. E muita confiança, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia. Um lugar onde verdadeiramente se dá tempo ao tempo. E onde muitas famílias nascem de novo.

Fim...

Page 27: Campanha do Intensivista -

Conheça os personagens profissionais da Medicina Intensiva

Médico IntensivistaProfissional especializado e dedicado exclusivamenteao atendimento de pacientes internados em UTIs.Possui amplo conhecimento clínico e cirúrgico e é responsável pelo diagnóstico, pela indicação de medicação e pela realização de procedimentos complexos emergenciais.

EnfermeiraPossui formação para atender pacientes de alta complexidade e com grande dependência no leito. É responsável pela supervisão do grupo de técnicos e auxiliares de enfermagem, assim como pela higienização e pelo controle das medicações e prescrições, tendo papel assistencial fundamental.

Técnico de EnfermagemAtua no apoio ao diagnóstico, educação para a saúde, proteçãoe prevenção, recuperação e reabilitação, bem como na gestãode serviços sempre supervisionada por um enfermeiro.Auxilia diretamente a equipe, estando inserido em suasatividades um conjunto de práticas.

Pediatra IntensivistaPossui as mesmas funções do médico intensivista adulto, sendoespecializado e dedicado exclusivamente ao atendimento depacientes internados em UTIs neonatais e pediátricas. É responsávelpelo diagnóstico, pela indicação de medicação e pela realização deprocedimentos complexos emergenciais.

FisioterapeutaEste profissional é importante para a manutenção e prevenção de vários aspectos da fisiologia, pois pacientes críticos podem desenvolver a Síndrome do Imobilismo em função de sua dependência total ou parcial, com várias consequências, como diminuição do trofismo muscular, emagrecimento, retração de tendões e vícios posturais.

PsicólogoTodos os aspectos emocionais do paciente, da família e daequipe intensivista são avaliados e observados por esseprofissional. Sua presença, principalmente durante as visitas,é fundamental para estabelecer a humanização, a aproximaçãoe o apoio terapêutico necessário.

Médico-residente IntensivistaÉ o profissional com aspiração em medicina intensivacom a função de auxiliar diretamente o coordenadorda UTI, um médico intensivista, no diagnóstico,na indicação de medicação e na realização deprocedimentos complexos.

NutricionistaÉ especializado no diagnóstico e na prescrição nutricional.Diariamente faz avaliações e mantém o aporte calórico,proteico, glicêmico e vitamínico equilibrado para amanutenção das atividades vitais do organismo.

FonoaudiólogoTem como principais objetivos a avaliação, a orientaçãoe a reabilitação. A avaliação tem início com umaanamnese completa, avaliação propriamente ditadirecionada para as alterações fonoaudiológicas,ou seja, linguagem, deglutição, voz e/ou fala.

Dra. MárciaPediatra

Intensivista

MárioTécnico de

Enfermagem

AryFisioterapeuta

Dr. AugustoMédico

Intensivista

CristinaPsicóloga

KellyNutricionista

MarianaEnfermeira

LucasMédico-

residente

BeatrizFonoaudióloga

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A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) comemora 30 anos de atuação. Desde sua fundação vem trabalhando para fortalecer a especialidade e levar informações aos profissionais que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para que possam, a cada dia, melhorar o atendimento dos seus pacientes. Suas ações buscam congregar os médicos e outros profissionais da saúde que abraçam a terapia intensiva e o atendimento a pacientes graves ou de alto risco. E o objetivo da AMIB é sempre oferecer informações e formação para que esse atendimento seja referência em todo o mundo. Por isso, o foco é sempre qualidade e segurança. Hoje, são mais de 6.500 associados e representatividade em 25 Estados. No quadro social, estão cadastrados mais de 24 mil médicos e profissionais de saúde.

Uma de suas importantes missões é levar conhecimento e aperfeiçoamento a todos os profissionais que compõem as equipes de terapia intensiva. E, para isso, promove reuniões e atividades de educação continuada de caráter científico, tais como congressos, simpósios e cursos de atualização. O Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva já está em sua 15ª edição e é considerado o maior da América Latina da especialidade. A valorização da especialidade é outro ponto de destaque, e a AMIB busca ampliar a cada ano o número de médicos intensivistas titulados à frente das coordenações das UTIs brasileiras.

E, para apresentar à população em geral e a outras especialidades médicas o trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar que atua nas UTIs, a AMIB criou a Campanha Nacional Orgulho de Ser Intensivista.

Em 2010, o foco é segurança, e, para levar a mensagem, foram definidas palavras-chaves que estão presentes nas comunicações de materiais criados. São elas: segurança, processos, controle, precisão, prevenção, gestão, titulação, qualidade e especialização. Foram criados pôsteres e o livreto com os personagens que você acaba de conhecer, o qual está disponível nas salas de espera das UTIs de todo o Brasil.

Por meio da Campanha Nacional, a AMIB esclarece a população sobre a importância da atuação desses profissionais para a qualidade e segurança de procedimentos no ambiente das UTIs.

Abrace essa ideia! Ederlon RezendePresidente da AMIB – Biênio 2010-2011

30 anos de história

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Diretoria AMIBBiênio 2010-2011

Ederlon Alves de Carvalho Rezende (SP)

Werther Brunow de Carvalho (SP)

Fernando Osni Machado (SC)

Alberto José de Barros Neto (PE)

Fernando Suparregui Dias (RS)

Álvaro Réa-Neto (PR)

José Mario Meira Teles (BA)

Presidente

Vice-presidente

Secretário-geral

Tesoureiro

Diretor Presidente Fundo AMIB

Presidente Passado AMIB

Presidente Futuro AMIB

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Intensivista: Uma campanha: Apoio:

www.amib.com.brwww.orgulhodeserintensivista.com.br

Segurança para o paciente

Tranquilidade para a família

ISBN 978-85-63887-00-9

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