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Estudio crítico. Camilo Cavalcanti y Camillo Cavalcanti. Gênesis de Cecília Meireles, hologramas do panteísmo.
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7/21/2019 Camilo Cavalcanti y Camillo Cavalcanti. Gênesis de Cecília Meireles, Hologramas Do Panteísmo.
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Gênesis de Cecília Meireles: hologramas do panteísmoAuthor(s): Camillo Cavalcanti and Camilo CavalcantiSource: Revista de Letras, Vol. 44, No. 2, Literatura de Autoria Feminina (Jul. - Dec., 2004),pp. 47-67Published by: UNESP Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho
Stable URL: http://www.jstor.org/stable/27666798 .
Accessed: 20/03/2013 16:59
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para si,
a
funda??o do modernismo, utilizando-se, para tanto, de
insultos
e
grosserias
que,
freqiientemente,
extrapolavam
os
limites
literarios:
Mas
o
que
sobretudo
comprometeu
a
campanha
de
"Festa"
e,
em
particular,
os
escritos antimode mistas de
Tasso
da
Silveira,
foi
a
falta
de
respeito
intelectual.
Encarar,
mesmo em
1927,
Mario
de
Andrade
c?mo
um
"maluco de talento"
ou
tudo
o
que
se
fazia
em
S?o
Paulo
como uma
"enxurrada"
a
passar
pela
esta??o
de
tratamento
de
"Festa"
revelava
urna
pobreza
de
sensibilidade
literaria
e urna
carencia
de
liberalismo de
espirito que explicam,
com
efeito,
muita
coisa
(MARTINS,
1973,
p.
107).
Outrossim,
o
papel
de
Cecilia
era
determinante
para
a
formula??o
e
exposi??o
da
ideolog?a
do
grupo,
pois
foi
a
"revista
Festa,
criada
em casa
de
Cecilia
Meireles"
(MARTINS,
1978,
v.
6,
p.
406).
S?o
episodios
da
vida
literaria
que
n?o
interessam
ao exame
cr?tico
da obra ceciliana.
A
posi?ao
de
Cecilia
Meireles
extrapola
as
f?rmulas
de
historiograf?a
literaria.
Antes
mesmo
da
Semana de Arte Moderna
de
1922, a poetisa estr?ia, em 1919, com a publica?ao de Espectros, livro
"jamais
reeditado
e
que
desapareceu
discretamente
das
suas
poemas
chamadas
'completas"' (MARTINS,
1978,
v.
6,
p.
139).
Mesma
supress?o,
na
edi??o
de
1967,
sofreram
Nunca
mais... e
Poema dos
poemas,
de
1923,
e
Baladas
para
el-7ei,
de
1925,
livras
publicados
em
pleno
fervor
dos
reflexos
da
Semana
de
22,
antes,
mesmo,
do her?i
m?rio-andradiano
Macuna?ma
e
do
Manifesto antrop?fago
oswaldiano
(ambos,
de
1928).
Essa
atitude,
al?m de
ignorar
a
produ?ao
ceciliana mais
afinada
com o
simbolismo
e
com o
esplritualismo, pretende
empurrar,
para
1939,
a
presen?a
e
a
participa??o
da
poetisa
na
vida
literaria,
afastando,
definitivamente,
mas
sem um
resultado
satisfat?rio,
a
problem?tica
que
circunda
a
Festa. Mas
ser?
a
mentalidade
"pr?
modernista"
que
dominar?
toda
a
produ?ao
po?tica
de
Cecilia
Meireles,
deflagrada
desde
Espectros
e
Nunca
mais,
e
consubstanciada
nos
livros ulteriores.
Adem?is,
a
distancia
entre
as
Baladas
e
Viagem,
correspondente
a
catorze
anos,
era
outro
pretexto
para
a
elimina??o
dos
tres
primeiros
livros.
No
intuito de
se
situar
a
poetisa
no
momento
p?s-her?ico
do
modernismo,
Viagpm
ganha
ares
de
primeira
obra
(apoiando-se,
tamb?m, na
consagra??o
na Academia).
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Letras,
Sao
Paulo,
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A
t?o estudada
nota
espiritual, que percorre toda
a
poesia de
Cecilia
Meireles,
tem
sua
g?nese
nos
livros
"esquecidos",
que
reclama,
muito
justamente,
uma
an?lise
mais
detida, infelizmente,
desconsiderada
nos
estudos
sobre
a
autora,
e
que
explica,
com
enorme
propriedade,
a
espiritualidade
concernente
?
sua
poesia.
Quanto
a seu
livro de
estr?ia,
nada
se
pode
achar,
nem
na
Academia
Brasileira de
Letras,
nem no
Real Gabinete
Portugu?s
de
Leitura,
sequer
na
Biblioteca Nacional:
nao
houve meios de
se
encontrar
um
s?
verso
de
Espectros,
de
1919
-
?
muito
lament?vel.
A
cr?tica da
?poca
nao se
manifestou
a
respeito
do
livro-estr?ia.
Felizmente,
a Poesia
completa,
organizada,
h?
pouco, por
Antonio
Carlos
Secchin,
recuperou
esse
registro
quase
espectral,
cujos
versos
ser?o
examinados
num
estudo mais
ampio
e
vindouro.
Nao
obstante,
antes,
ainda,
de
Viagem
(portanto,
dentre
os
tres
primeiros
livros),
Agrippino
Grieco
dep?e
sobre Nunca mais
e
Poema
dos
poemas...,
de
1923:
(...)
surgiu,
a
vacillar
entre
o
parnasianismo
e
o
symbolismo,
a
sra.
Cecilia
Meirelles.
Mas
a
sra.
Cecilia Meirelles
?
pouco
original,
por
isso
que
imitadora
dos
que
aqui
imitam
Leopardi
e
Anthero
de
Quental:
?
uma
copia
de
copia,
e
j?
enfraquecida,
como
as
reproduc??es
de
agua-forte
do
numero
dez
em
deante.
Para
empregar
a
linguagem
do
seu
livro "Nunca
mais...",
a
"chuva
chove"
constantemente
em
seus versos.
D?
a
impressao
de
estar
mettida
num
hypogeu, longe
do azul
e
da belleza
das coisas.
Suas
traduc??es
da
natureza
quasi
n?o
tomam
corpo,
s?o
pouco
pl?sticas.
Faltam-lhe
essas
palavras
cantantes
que parecem
conduzir-nos
por
um
caminho
florido;
falta-lhe
certa
fluidez,
certa
inconsistencia,
certa
flexibilidade,
que
d?o
?
estrophe
o
encanto
supremo.
Ignora
a
sedu??o
do
sorriso. ?
uma
artista
que
parece
ter
abdicado de toda
alegr?a,
de toda
esperan?a
de felicidade.
Alias,
no
que
concerne
?
express?o
das
suas
amarguras,
ha nella
uma
vontade visivel
de
emocionar-se
po?ticamente,
mais talvez
que
emo?ao espontanea.
?
elegiaca
atrav?s
de
uma
disciplina
judiciosa.
N?o
possue
o
dorn
de
inflammar
os
assumptos
em
que
toca:
a
falta
de
sinceridade verbal
paralysa-lhe
qualquer
tentativa
de
alto
lyrismo.
N?o
consegue
animar
os
fantasmas desconexos
do
seu
espirito.
Nem
nos
int?ressa
a
sua
apparente
desordem,
desordem
calculada,
labyrinto
com
guarda
(...).
Al?m do
mais,
seus
cacoetes
de
repeti?ao
acabam
fatigando.
Ainda
ere a sra. Cecilia Meirelles no effeito de certas assonancias e
onomatop?as
que
s?
podem
dar
em
resultado
dissonancias
e
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de
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S?o
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desafina??es insupportaveis,
fazendo
com
que
se
oi?a,
ao
inv?s
de
Bach
ou
Schumann,
um
tan-tan
seivagem
(GRIECO,
1932,
p.
201
203).
H?
muitas verdades
emaranhadas
com uma
enxurrada
de
cr?ticas
desacertadas,
que,
logo, ganham
um
torn
de
disforia,
por
se
alinharem
a
certa
pressa
em
desvendar
o
fundo
po?tico
que,
t?o
somente,
permanece
impenetr?vel,
para
o
desgosto
dos
olhos
do
analista.
A
poes?a
de
Cecilia
Meireles
nao
aceita
an?lise
ligeira.
A
primeira problem?tica, levantada por, Grieco diz respeito ?
originalidade
da
poes?a
ceciliana,
numa
afirmativa muito
infeliz,
a
mais
insensata
porque
a
mais
ligeira.
Nao
se
far?
oposi??o
?
autoridade de
um
Otto
Maria
Garpeaux:
A
sra.
Cecilia
Meireles ?
poeta
inconfundivelmente
brasileiro.
Mas
parece-me
muito dif?cil
enquadrar
sua
arte
na
evolu?ao
hist?rica
da
poesia
brasileira.
Sua
arte
nao
?
parnasiana
nem
pertence
ao
ciclo
da
revolu?ao
modernista
nem se
enquadra
em
qualquer
conceito
poss?vel
de
p?s-modernismo.
E
poesia
que
ocupa
lugar
certo
dentro
da poesia brasileira sem ter participado da evolu?ao d?la. Eis o grao
de
verdade
naquele
erro
("j?.ouvi
a
afirma??o
de
que
a
poesia
da
sra.
Cecilia Meireles
nao
seria
bastante
'brasileira'"),
-que
de?iniu
de
maneira
negativa
a
mais
alta
qualidade
da
poesia
da
sra.
Cecilia
Meireles
(...).
A
posi?ao
hist?rica
daquela
poesia
nao
pode
ser
determinada
pela
demonstra??o
de
"fontes",
que
sempre
?
hipot?tica
(CARPEAUX,
1960,
p.
205).
Talvez,
o
erro,
constatado
por
Garpeaux,
fa?a
referencia
a
um
julgamento
de
Jos?
Os?rio
de
Oliveira,
de
consider?vel
repercuss?o
na ?poca, a ponto de, ainda, figurar no estudo cr?tico de Darcy
Damasceno
as
edi?oes
Aguilan
"Cecilia
Meireles ?
das
ilhas
[de
Acores],
t?o
di?fana
e serena
que
se
faz
angustiosa,
[por
causa
de]
aquele
clima
temperado
e
t?o
di?fano
que
acaba
por
constituir
uma
inquieta??o permanente"
pAMASCENO,^wrfMILLIET,
1952,
p.
74).
Portanto,
a
substancia
primacial
de
sua
poesia
nao
est?,
como
quer
a
cr?tica,
na
angustia
insular
nem
na
imita??o
de
Leopardi
ou
Quental,
e,
sim,
na
metaf?sica,
cujo
casamento
com
a
po?tica
acentuou
a
sondagem
do
territorio
?ntimo
-
heran?a
do
simbolismo
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-
e
deu
o
tonus
das
obras
po?ticas
anteriores
?
Semana
de
22,
como
?
o
caso
de
Mario
Pederneiras:
Desola??o
Pela estrada da Vida
ampia
-
coberta
De
um
longo
velo
pesaroso
e
ba?o,
Has
de encontra-la
muita
vez
alerta
Na
longa
rota
do
teu
longo
passo.
Por
caminhos de
pedras
e
sarga?o
H? de levar-te pela m?o incerta,
At?
exausto
em
M?goas
e
cansa?o
Te
seja
a
Vida
int?rmina
e
deserta.
Ver?s
em
tudo Solid?o
e
Escolhos
E
da
Tristeza,
a
t?trica
figura,
Estampada
trar?s
nos
pr?prios
Olhos.
E
ent?o,
em
M?goas
e
Pavor
clamando,
Has
de ve-la
passar,
na
Noite
escura,
A
mortalha
dos sonhos arrastando
(PEDERNEIRAS,
1958,
p.
27).
Esta
tendencia,
que
se
combina
com
uma
nota
pessimista,
permanece,
inclusive,
em
1922,
por
meio
da
voz
de Raul de
Leoni:
P?rtico
Na
orla
do
mar,
seguindo
a curva
ondeante
Do
velho cais
esguio
e
deslumbrante,
Quando
o
horizonte
e
o
c?u,
em
lusco-fusco,
Somem
na
porcelana
dos
ocasos.
Silhuetas
fugitivas
De
lindas
cortesas
de
Agrigento
e
de
Chipre,
Como
a
sonhar,
olham,
perdidamente,
A
volta das
trirremes
e
das
naves,
Que
lhes
trazem
o
espirito
do
Oriente,
Em
pedrarias,
lendas
e
perfumes...
Ent?o,
ondulant
no
ar
di?fano
e
?luente
Suavidades
id?licas,
acordes
De
avenas,
cornamusas
e
ocarinas
Que
v?m
de
longe,
da alma branca dos
pastores,
Revista de
Letras,
Sao
Paulo,
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Trazidas
pelos
ventos transmontanos
E
espiritualizados
em
surdinas
(LEONI,
2002,
p.
17).
N?o
obstante,
um
dos
m?ritos
de Grieco foi
perceber,
n?o
menos
do
que
pelo
exposto
a
seguir,
uma
"desafina??o
formal".
As
palavras
cantantes
faltam ?
poesia
de
Cecilia
Meireles,
cujo
ritmo
?
pesado
como a nuvem
negra que
intoxica
os
amargurados;
afinal,
"a
chuva
chove".
Exempio
disso
sao as extensas
enumera?oes
(Odio?
Amor?
Ele? Tu? Sim?
N?o?
Riso?
Lamento?),
que
traduzem
o
esfor?o
em
extravasar
a
resigna??o
que
corro?
a
alma,
na
conturba??o
sentimental
t?pica
do melanc?lico. Mario de Andrade,
tamb?m,
identifica tal deficiencia
na
poesia
de
Cecilia,
quando
fala
de
"um
poema
duro,
rijo,
em
que
certas
frases muito
secas
batem
com uma
firmeza
cl?ssica
de
pedra,
entre
frases
emolientes,
cheias
dessa sensibilidade
sensual,
que
faz
nascer
o
adjetivo" (ANDRADE,
1972,
p.
72).
Mas
as
enumera?oes,
realmente,
n?o
s?o ocasion?is
em
Nunca
mais...:
Agitato
Sombras. A c?mara apagada...
Sombras...
Meu
vulto
?
longe...
ausente...
Silencio... Calma... Sonho...
Nada...
Vago,
leve,
indecisamente...
(MEIRELES,
1973).
Panorama al?m..
Silencio.
Eternidade.
Infinito.
Segredo
Onde,
as
almas irm?s?
Onde,
Deus?
Que
degredo
Ningu?m...
O
ermo
atr?s
do
ermo:
-
?
a
paisagem daqui.
Tudo
opaco...
E
sem
luz...
E
sem
treva...
O
ar
absorto...
Tudo
em
paz...
Tudo s?...
Tudo
irreal... Tudo
morto...
Por
que
foi
que
eu
moni?
Quando
foi
que
eu
moni?
(MEIRELES,
1973).
Noturno
de
amor
Sugere,
mas
nao
laies...
Porque
a
frase
?
v?,
no
amor...
Misterio...
So?olencia...
O
esquecimento,
quase...
A
morte,
quase...
Intui??es...
Irrealismos... Inconsciencia...
(MEIRELES,
1973).
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de
Letras.
S?o
Paulo,
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A
irw?r?id
Leve...
-
Pluma... Surdina...
Aroma...
Gra?a...
Qualquer
coisa
infinita.?. Amor...
Pureza...
C?belo
em
sombra,
olhar
ausente,
passa
como
a
bruma
que
vai
na
aragem
presa...
Silenciosa.
Imprecisa.
Et?rea
taca
em
que
adormece
o
luar... Delicadeza...
Nao
se
diz... Nao
se
exprime...
Nao
se
tra?a...
Fluido... Poesia...
N?voa...
Flor...
Beleza...
(MEIRELES,
1973).
A
contribuir
com
o
prosa?smo
descririvo
dos
poemas
cecilianos,
encontram-se,
ao
lado das
enumera??es
prolixas,
os
paralelismos,
que,
na
tentativa de
provocar
algum
efeito
estil?stico
(pr?ximo
ao
refri?
ou ao
bord?o),
cansam
o
poema
pelo
excesso.
Tal
fen?meno
?
patente,
ainda,
no mesmo
Nunca
nuis...:
Beatitude
Sobre
o
meu
grande
desalent?,
tudo,
mas
tudo,
passa
breve,
breve,
alto
e
longe
como o
vento...
Tudo,
mas
tudo,
passa
leve,
numa
sombra
muito
fugace
-
sombra
de
nev?
sobre
nev?...
-
(MEIRELES,
1973).
A
dega
do
fantasma
Por
que
eu te
quero
tanto,
tanto,
depois
de
tanto
desencanto,
depois de tanto, tanto pranto?
(...)
Na
grave
treva
que
amedronta,
rninha
alma
tonta, tonta,
tonta,
os
sonhos
mortos, morros,
conta...
(MEIRELES,
1973).
O
que,
tamb?m,
confirmam,
em
in?meros
poemas,
as
Baladas
para
d-rei; contudo, basta,
para
demonstrar
como
a
poesia
de
Cecilia
Meireles
se
deixa,
por
vezes,
sobrecarregar
numa
linguagem
pesada
(como
bem
disse Mario
de
Andrade),
o
poema
"Inicial"
(que,
evidentemente,
contrasta com o
"Finar,
analisado neste
artigo):
Revista de
Letras,
S?o
Paulo,
44
(2):
47
-
67,
2004
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7/21/2019 Camilo Cavalcanti y Camillo Cavalcanti. Gênesis de Cecília Meireles, Hologramas Do Panteísmo.
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L?
na
distancia,
no
fugir das perspectivas,
por que
vagueiam,
como o
sonho
sobre
o
son?,
aquelas
formas
de neblinas
fugitivas?
L?
na
distancia,
no
fugir
das
perspectivas,
l?
no
infinito,
l?
no
extremo...
no
abandono...
Aquelas
sombras,
na
vagueza
da
paisagem,
que
tem
brancuras
de
crep?sculos
do
Norte,
d?o-me
a
impress?o
de
vir
de
outrora...
de
uma
viagem...
Aquelas
sombras, na
vagueza
da
paisagem,
d?o-me
a
impress?o
do
que
se
ve
depois
da
morte...
L?
muito
longe,
muito
longe,
muito
longe,
anda
um
fantasma
(sic)
espiritual
de
um
peregrino...
Lembra
um
rei-mago,
lembra
um
santo,
lembra
um
monge...
L?
muito
longe,
muito
longe,
muito
longe
anda
o
fantasma
espiritual
do
meu
destino...
Anda
em
silencio: alma do
luar...
forma do
aroma...
Lembran?a
morta
de
uma
historia
reticente
que
nos
contaram
noutra
vida
e
noutro
idioma...
Anda
em
silencio:
alma do
luar...
forma do
aroma...
L?
na
distancia...
O
meu
destino...
Vagamente...
Sentei-me
?
porta
do
meu
sonho,
h?
muito,
nessa
d?vida
triste de
um
infante
pequenino,
a
quem
fizeram,
certa
vez,
uma
promessa...
?ue
?
que
trazes
de
t?o
longe?
Vem
depressa
? meu destino ? meu destino O meu destino ... (MEIRELES,
1973).
Bem
se
v?
que
se
juntam,
ainda,
ao
paralelismo
abusivo,
constru??es
anaf?ricas
e/ou
epistr?ficas.
Essas
t?cnicas
po?ticas
n?o
constam,
parece,
das obras
ap?s
Viagem;
como
se
v?,
h?
um
salto de
qualidade
dos
tres
primeiros
livros
para
os
livros
da dita
"obra
po?tica"
de
Cecilia,
mas,
de
forma
alguma,
um
deslocamento
de
temas
e
aspira??es:
tudo
o
que
respeita
?
espinha
dorsal
de
sua
poesia
-
mentalidade,
universo
po?tico,
utopias,
territorio ?ntimo
-,
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Paulo.
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67,
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apenas,
cresce e
evolui, pois
o
eu-l?rico ganha maturidade e,
a
partir
de
Viagem,
expressa
melhor
os seus
sentimentos.
Um
segundo
apontamento
de
Grieco
que,
de
fato,
conf?re ?
a
falta
de
plasticidade
da
natureza
que
constitu?
o
universo
po?tico
ceciliano,
mas,
nunca,
pelas
raz?es
evocadas.
Enfraquecida
como
as
reprodu??es
de
?gua-forte,
a
poesia
de
Cecilia Meireles
traz,
ao
contrario
da
inconsistencia
que pensa
Grieco,
um
universo
lacrimejado
pela
melancol?a:
preso
a um
amor
do
passado,
o
eu
l?rico
transborda
em
tristeza
s?lida
e
insistente
-
eis
o
motivo do
destom.
As
experiencias
com o
objeto
amado
pairam
na
ordern do
sonho
e
da
imagina?ao,
e a escolha
por
se fixar em um ente
querido
irrealizavel,
com
quern
o
sujeito
estabelece
uma
rela?ao
problem?tica,
j?
se
firma
em
A
hora
emque
os
sinos
cantan,
de
Nunca
mais...
e
Poema dos
poemas-.
Nem
palavras.
Nem
choro.
A
mudez. Pensativas
Abstra??es.
V?o
temor
(sic)
de saber.
Lento,
lento
Volver de
olhos,
em
torno,
augurais
e
espectrais...
Todas
as
nega??es.
Todas
as
negativas.
Odio? Amor? Ele? Tu? Sim?N?o? Riso? Lamento?
-
Nenhum
mais.
Ningu?m
mais. Nada mais. Nunca
mais...
(MEIRELES,1973).
Note-se,
por
exemplo,
que
as
indaga??es
permanecem,
ao
longo
de toda
a
obra,
como
deflagradoras
da ansia
por
entender
a
vida,
que
se
confunde
com o
pr?prio
sofrimento
melanc?lico
(envolvendo
quest?es
tanto amorosas
quanto
existenciais),
transmitindo
uma enorme
incerteza
perante
tudo,
na
qual
o
eu-l?rico
j?
n?o
sabe
se ama
ou
se
odeia,
e
n?o
consegue
determinar
se
o
amante
pertence
ao
passado
(ele)
ou
se
permanece
como
objeto
de
desejo
(tu),
alimentando
mais
e
mais
a
melancol?a.
Tamb?m,
quando
busca
uma
introspec??o
que
rememore o
que
se
passou
para
melhor
compreender
o
presente
e se
posicionar
quanto
ao
futuro,
toda
essa
quest?o
metaf?sica
se
Ihe estabelece
por
meio
de
imagens
como um
ermo,
um
pa?o
abandonado,
cujo
?nico
sinal
de
vida
paira
sobre
as
chuvas
e
por
entre
os
ventos.
Se
a
chuva
chove,
constantemente,
neste
pa?o,
n?o
?
porque
falte,
?
poetisa,
a
paleta
de
cores,
como,
talvez,
pensasse
Grieco,
mas
por optar pela diafanidade das imagens que vivem, exclusivamente,
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de
Letras.
S?o
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na lembran?a do eu-l?rico, destonadas pelo sofrimento melanc?lico
plangente:
A
chuza
choie
A
chuva chove
mansamente...
como
um sono
Que
tranq?ilize,
pacifique,
resserene...
A
chuva
chove
mansamente...
Que
abandono
A
chuva ?
a
m?sica
de
um
poema
de Verlaine...
E
vem-me o
sonho de
uma
v?spera
sole
ne,
Em certo pa?o, j? sem data e j? sem dono...
V?spera
triste
como a
noite,
que
envenene
A
alma,
evocando coisas
l?ricas de
outono...
...
Num
velho
pa?o,
muito
longe,
em
terra
estranha,
Com
muita
n?voa
pelos
ombros da montanha...
Pa?o
de
imensos
corredores
espectrais,
Onde
murmurem,
velhos
?rgaos,
arias
mortas,
Enquanto
o
vento,
estrepidando pelas
portas,
Revira
in-folios,
cancioneiros
e
missais...
(MEIRELES, 1973).
Esse
pa?o
abandonado,
que
o
sonho
resgata,
sustenta-se
na
tristeza de
v?spera,
que
cobre
os
arredores de
um
outono
pardacento.
O
apego
aos
fen?menos
naturais
come?a,
tamb?m,
nesta
primeira
fase da
poesia
cec?iana,
concedendo,
?
chuva,
a
?nica
ternura,
ainda
que
?nfima,
do universo
po?tico
-
e
a
homenagem
a
Verlaine
?,
ent?o,
das
mais
espetaculares.
A
influencia
da
metaf?sica
?
patente.
A
meta-referencia
ao
precursor
do simbolismo
explica
grande
parte da est?tica que se entreve nos poemas de Cecilia Meireles, mas
n?o
chega
a
lhe revelar
a
face,
sen?o,
que
esbo?a,
apenas,
na
incompletude
de todos
os
rascunhos,
alguns
tra?os
marcantes,
mas
n?o,
ainda,
derradeiros.
A
tendencia
?
?materialidade,
observada, claramente,
na
carencia
de
detalhes,
ou,
mesmo,
de
contornos,
aproxima
nossa
poetisa
dos
simbolistas
finesseculares,
mas
?
a
pr?pria
servent?a
desse
recurso
que
autonomiza
a
escritora:
enquanto
o
simbolismo
sugestionava
o
Absoluto-Inexor?vel
por
meio do
car?ter
et?reo,
Cecilia
Meireles
domina
essa
ferramenta de modo
que opere
no
territorio
?ntimo,
mais
precisamente,
na
confiss?o
amorosa
e
na
rela?ao
entre
o
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S?o
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intang?vel
e a
materia. Por isso,
a
compara?ao usual
com
os
menestr?is,
cuja
l?rica,
se
t?o
magoada
e
respeitosa
quanto
a
ceciliana,
carece
das
imagens
que,
de maneira
complexa
mas
harm?nica,
enriquecem
o
lirismo da
poetisa
e
o
diferencian
do
trovadorismo
tout court.
H?
quem
diga,
a
respeito
desse
aspecto
da
poesia
ceciliana,
que
o
car?ter abstrato
de
suas
imagens respeitam
menos
? est?tica
simbolista do
que
?
impregna??o
de
um
espirituahsmo
universal,
i.e.,
atemporal.
Resta
saber
o
quanto
dessa
concep??o
espiritualista,
realmente,
foge
as
tendencias
simbolistas,
principalmente,
em
se
tratando
de
uma obra
que
se
inicia sob
forte influencia
do
simbolismo,
n?o
esgotada
por
completo
at?
a
Semana
de
Arte
Moderna
Talvez,
seja
mais
coneto
dizer
que
Cecilia
Meireles sofre
influencia dos
modelos
simbolistas,
mas,
a
partir
de
uma
variante
pessoal,
reformula
os
conceitos
e
recha?a
os
padr?es
da
escola,
confundindo-se,
portanto,
com
o
espiritualismo
puro,
cujo
credo,
n?o
obstante, ela,
tamb?m,
n?o
reza
inteiramente.
Sao,
exatamente,
os
Elementais
alqu?micos
que
subsistent
na
express?o
primaria
e,
ao mesmo
tempo,
colossal
da
vida,
pois,
antes
deles, s? h? o vazio. A Terra ("montanha") guarda, no cimo, toda a
Agua
-
rar?ssima
-,
suspensa
em
part?culas
a?reas
("n?voa").
Por
dentro,
o
palacio
?
fluido
("corredores
espectrais"),
mesclando-se
as
correntes
do
Ar.
Nesse
edificio
des?rtico,
abandonado,
a
Poesia
("cancioneiros")
e a
M?sica
("missais"),
somente,
sob
revive
ram
como
lementais,
ou
seja,
no
mais
puro
conceito
que
as
autonomize
do
contato
humano
-
afinal,
s?o
produzidas
pelos
"velhos
?rgaos"
independentes
da
a?ao
humana.
A
for?a
criadora
ou o
car?ter
m?gico
emanam
das
substancias
cosmog?nicas
que,
sendo
um
primeiro
recorte
do
mundo,
abrangem,
gen?ricamente,
todas
as
partes
da
M?e Natureza Essa
profunda
rela?ao
com
a natureza
bruta
e
primitiva,
na
obra
ceciliana,
deflagra
um
pante?smo,
?e,
a
identifica??o
da
energ?a
de
theos
no
mundo
inanimado,
que passa,
por
conseguinte,
da
materia bruta
?
viva,
j?
que
forma
o
corpo
de theos.
Desse
modo,
colocando,
lado
a
lado,
esse
pante?smo
da
reitera?ao
de
imagens
fluidas,
abstra?as
e
imateriais,
pode-se
verificar
que
as
figuras
se
comportam
como
hologramas pairando
nesse
universo
pante?sta
Eis
o
motivo
da autonomia
da
po?tica
ceciliana
frente ? est?tica simbolista tout court: a identifica??o de theos no nosso
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mundo sens?vel (pante?smo) rejeita
o
pensamento do simbolismo
sobre
a
inexorabilidade de theos
(transcendentalismo).
Como
caracter?stica
marcante
da
poesia
de
Cecilia
Meireles,
os
hologramas
e
o
pante?smo podem
ser
observados, tamb?m,
em
Baladas
para
d-rei:
P?rtico
-
Lembram
planicies
desertas...
Ao
longe,
distancias
ermas...
Em tudo
quanto
se
abarca,
h?
ligeirezas
enfermas
de l?as da Dinamarca...
-
Ao
longe,
distancias
ermas...
E
sob
olhares
em
pranto
de estrelas
alucinadas,
vais,
c
coroa,
cetro
e
manto,
? Rei
das
minhas baladas
(MEIRELES,
1973).
"Dos
pobrezinhos"
?as
tardes
momas e
sombr?as,
de
c?us
pesados,
mares
ermos,
e
horas
mon?tonas
e
iguais,
eu
pens?
nos
enfermos,
na
escuridao
das
enfermar?as
tristes
e
mudas de
hospitals...
(MEIRELES,
1973).
Suadssinu
E
silenciosas,
como
algu?m
que
se
acostuma
a
caminhar
sobre
penumbras,
mansamente,
meus
sonhos
surgem,
fr?geis,
leves
como
espuma...
(MEIRELES,
1973).
Note-se
que
sua
liga??o
com
o
mar
n?o
respeita,
de
modo
algum,
as
?lhas de
Acores,
local
em
que
ela,
at?
ent?o,
nunca
estivera.
A
pungencia
do
mar,
na
obra
ceciliana,
?
t?o
not?vel
quanto
a
da
terra,
do
c?u,
do ar e do
fogo.
Por entre Nunca
mais...,
Poema dos
poemas
e
Baladas
para
d-rei,
o
eu-l?rico,
de
fato,
n?o
experimenta,
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ainda,
um
Mar
absoluto
(1945),
nem
mesmo, aquele
mar
j?
t?o
pungente
de
Viagem,
mas
identifica,
no
entanto,
a
ess?ncia
da
Agua
no
choro,
na
n?voa,
na
chuva
-
eis
porque
Grieco
falava
em
?gua
forte,
sem
entender
essa
concentrac?o
de
Agua
em
condensa??o
por
sobre
a
Terra. Trata-se
de
apreender
a
natureza
por
meio
do
pante?smo
e
da
inicia??o
alqu?mica,
t?o-somente, isto,
o
que,
tamb?m,
n?o
responde,
como
quer
Grieco,
a
imita??es
de
Leopardi
ou
Quental,
nem
mesmo,
com
quer
Darcy
Damasceno,
a
climas
e
eventos
a?orianos.
Tanto
Nunca mais...
quanto
Baladas
para
d-r?
j?
apresentam
o
mar como
imagem
t?o bem
definida
como em e
depois
de
Viagem
a
diferen?a
?,
apenas,
de
foco,
como se
ver?,
mais
adiante,
pelo
degredo
da Terra
e
pelo
refugio
no
mar
(que
n?o
constant
dos
tres
livros
"esquecidos").
E
que
o
momento
?
de
purga??o
das
angustias
vivenciadas
sob
o
dominio
da
Tena
Note-se
que
n?o
se
trata,
apenas,
de
uma
men??o
ocasional,
a
imagem
do
mar
desempenha
um
papel importante
no
poema,
nao
sem,
antes,
respeitar
o
equilibrio
pante?sta
das
for?as
alqu?micas.
Este
poema,
de
Nunca
mais...,
nao
so
icice?a
a
nnagciii
do
mar,
como,
tamb?m,
funde
alguns
Elementais
como
testemunho do
pante?smo que se tem defendido neste artigo:
A
rrinha
princesa
branca
Estendo
os
olhos
aos mares:
ela anda
pelas
espumas...
-
Serenidades
lunares,
tristezas
suaves
de
brumas...
Ela
anda
nos
c?us
vazios,
em
brancas
noites
morosas:
mira-se na agua dos rios,
dorme
na
seda das
rosas...
Passa
em
tudo,
grave
e
mansa...
E,
do
seu
gesto
profundo,
solta-se
a
grande
esperan?a
de
coisas fora do mundo...
Por
sobre
as
almas
vagueia:
almas
santas...
Almas
boas...
E
um
palor
de
l?a
cheia,
na
agua
morta
das
lagoas...
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Letras,
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Quando contemplo
as
encostas,
de
alma
ansiosa
por
vence-las,
vejo-a
no
alto,
de
m?os
postas,
muda
e
coroada de
estrelas...
E
vou,
sofrendo
degredos,
a
dominar
os
espa?os...
S?
quero
beijar-lhe
os
dedos
e
adormecer-lhe
nos
bracos
(MEIRELES,
1973).
Note-se
que
o
eu-l?rico
profetiza
seu
porvir:
conhecer?
o
mar,
na
sua
plenitude,
gra?as
?
Viagem,
e,
ao mesmo
tempo,
conscientizar-se-?
de
que
sua
rela?ao
com a
Terra
propicia
sofrimento.
Ainda
assim,
antes
dessa
fuga
para
o
mar,
o
eu-l?rico
j?
revela
sua
intimidade
com
mares,
rios
e
lagoas;
pranto,
neblina
e
chuva
-
todos,
porc?es
de
Agua
O
monismo
ou
te?smo
(misto
de
espiritualismo
e
pante?smo
de
Cecilia
Meireles)
-
ainda
se
pode
considerar
como
messianismo
primitivo
-
aciona
as
mesmas
t?cnicas
simbolistas
quanto
?
colora??o
do
pathos
por
meio
de
sintagmas
cujo
adjetivo
ou
substantivo ? abstrato, mas com resultados bastante diferentes afins
?
sutileza
de
concep??es
e
de
aspira?oes.
Por
exempio,
voltando
a
Baladas,
os
componentes
do
universo
po?tico
sao,
de
fato,
amalgamados
em
elementos
abstratos,
como o
poema
Final
testifica
Eu sei
de
algu?m,
de
um
pobre algu?m
desconhecido,
Que,
em certa
noite
de imortal
deslumbramento,
H?
de
surgir
da
n?voa
pl?cida
do
olvido,
E
h?
de
me
ver,
depois
de
tanto
sofrimento,
Na
paz
de
quem,
nunca
tivesse
padecido...
Eu
sei de
algu?m,
de
um
pobre
algu?m
que
n?o
conhece
A
minha
vida,
a
minha
sorte,
o meu
destino,
E
que
nessa
noite,
num
total
d?sint?resse,
H? de fazer
chorar
por
mim,
?
alma de
um
sino,
O
largo
choro
funerario de
uma
prece...
Eu
sei de
algu?m
que,
muito
longe
ou
muito
perto,
Me
h?
de
trazer
como
presente
o
longo
cofre,
Que
todo de oiro e
panos
roxos vem coberto,
60
Revista de
Letras,
S?o
Paulo.
44
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67,
2004
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E
onde
se
esquece
o
que
se
goza
e
o
que
se
sofre,
Depois
da
in?til
caminhada
no
Deserto...
Eu
sei
de
algu?m,
de
um
pobre algu?m
p?lido
e
grave,
Que,
nessa
noite
numa
semi-sonol?ncia,
Talvez,
moroso,
maquinal, paciente,
cave
O
meu
caminho
para
lora
da existencia...
O
meu
caminho
muito
acerbo
ou
muito
suave...
Eu
sei de
Algu?m
que
tinha
n'aima
eremiterios
Para o silencio dos meus extases de monge,
Que
talvez
sofra,
de olhos
tristes,
labios
serios,
Pensando
em
mim,
pensando
em
mim,
que
estou
t?o
longe,
Nas
noites brancas
em
que
h?
luar
nos
cemit?rios...
Oh
todos
vos,
?
meus
irm?os,
que,
tarde
ou
cedo,
Piedosamente haveis de vir
em
meu
socorro,
Para
que
linde
este
trist?ssimo
Degredo,
Que
a vossa morte
seja
a
Morte
de
que
morro:
Morte
sem
mal,
Morte
sem
dor,
Morte
sem
medo ...
(MEIRELES,
1973).
Percebe-se
que
as
primeiras
estrofes
det?m
a
escassa
descri?ao
de
um
universo
po?tico
j?
rarefeito. Como
j?
foi
dito,
o
referente
abstrato
caracteriza
os
elementos
paisag?sticos:
(na
primeira estrofe)
a)
"imortal
deslumbramento"
qualifica
"noite";
b)
"n?voa
pl?cida"
cerca o
"olvido";
(na
segunda
estrofe)
c)
"quem
n?o
padeceu"
?
"dono
da
paz"; (quarta estrofe) d)
"um
sino"
possui
"alma"
etc.
Tem-se
a
enuncia?ao
do
abstrato
por
meio do
termo
regente
ou
do
termo
regido.
O
pante?smo
permanece
na
totalidade
com
que
se
apreende
a
physis,
servindo-se
de
distin??es
primarias,
que
realizara
um
recorte
ling??stico
por
meio
dos
element?is
alqu?micos.
Nesse
sentido,
esses
blocos
ganham
uma
unidade n?o
fragmentaria,
ie.,
em
que
a
maneira
de
se
perceber
o
objeto
n?o
causa
fissuras
pela
an?lise do
detalhe,
pela
identifica??o
do
multifacetado
ou
pela
aferi??o
da
pkiralidade
-
o
mundo
?
plenamente
conhecido
nas
quatro
manifesta??es
b?sicas:
Terra, Ar,
Fogo
e
Agua
(mar);
alias,
a
pr?pria
harmon?a dos
Revista
de
Letras.
S?o
Paulo,
44
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-
(;
".
2?04
61
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elementos alqu?micos denuncia uma fragmenta??o, apenas, aparente:
o
cosmos
?
uno
e
total.
Por
exemplo,
a
"noite"
(segundo
verso)
apreende
toda
a
imensid?o
celeste;
a
kia,
as
estrelas,
o
sereno,
as
nuvens,
todos
esses
componentes
n?o
se
distinguem
entre
si;
pelo
contrario,
formam
uma
grande
massa
informe
e,
portant
o,
n?o
fragmentaria
do
c?u,
j?
que
n?o s?o
discriminados,
ou,
melhor,
nomeados. Trata-se
de
uma
compreens?o
do mundo
ligada,
intr?nsecamente,
ao
m?gico
e ao
mito,
cuja
percep??o
unificadora
-
tudo
se
ins?re
nos
quatro
element?is,
e
estes,
juntos,
representam
theos
-
estaciona
a
fragmenta??o
respons?vel
pela
amplia??o
e
pela
profundidade
do
recorte
ling??stico
e
revela,
a
todo
instante,
o
inoniin?vel,
o
estranho,
o
enigm?tico
que,
logo, integram
o
corpo
dos
quatro
gigantes
pante?stas
j?
conhecidos.
Em
seguida,
"n?voa
pl?cida
do olvido"
(terceiro verso)
parte
do
material
di?fano,
intang?vel,
para
o
superlativo
do
abstrato,
do
incognosc?vel.
O
primeiro
elemento
paisag?stico,
"noite
de
imortal
deslumbramento",
do
segundo
verso,
?cima
referido,
denuncia
a
problem?tica
do
contraste entre
a
falta de luz
{des
mais lumbre
equivale ? noite) e amaravilha (deslumbre, por extens?o), te?ricamente
opostas.
Entender
a
poesia
de
Cecilia
Meireles
por
meio
das
matrizes
configuradas
em
seus
tres
primeiros
livros,
ainda
que
suprimidos,
permite
que
se
desfa?am
os erros
de
julgamento
cr?tico
a
respeito
de
sua
est?tica
e
de
sua
posi?ao
na
literatura brasileira.
Como
herdeira
de
nosso
"1900",
a
poetisa
jamais
poderia
ser
entendida
como
part?cipe
da
segunda
gera??o
modernista:
o
fato
de
que
ela
se
encontra
alinhada
com
Drummond
e
Murrio
Mendes,
no
recorte
que
Alfredo
Bosi
inferiu
na
literatura brasileira
(BOSI,
1994,
p.
386),
?
flagelar
a
espinha
dorsal
que
organiza
o estilo de
Cecilia:
a
tradi?ao
simbolista,
ou,
mais
espec?ficamente,
decadentista
-
desvirtuando
para
o
monismo
-,
da
autora
de
Viagpn
Este livro
ser?
entendido
como marco
para
um
n?o
mais
do
que
amadurecimento
da
mesma
est?tica
j?
esbo?ada
nos
tr?s
primeiros
livros.
Este
argumento,
no
final
das
contas,
surge
como
principal
raz?o
para
n?o
se
distinguir
duas
fases,
substancialmente,
aut?nomas,
nem,
muito
menos,
desconsiderar-se
os
livros,
por
assim
dizer,
"imaturos"
(o
que
n?o
s?o),
em
favor da
recupera??o
da
obra de
fato
completa.
Viagem, de 1939, representa (e,mais urna vez, ? preciso dizer)
um
grande
salto
qualitativo
na
poesia
de
Cecilia
Meireles,
mas
n?o
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Revista
de Letras,
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Paulo,
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um
desvio de estilo. ? que
o
eu-l?rico passa
a
conhecer
a
natureza
de
uma
forma
mais
intensa,
principalmente,
o
mar,
que
lhe
era um
tanto
distante.
Sua
poesia,
que
sofria
daquela
tens?o
forma-conte?do
j?
referida,
passa,
agora,
a se
apoiar
em
estruturas
mais
simples,
tanto
de
pensamento
quanto
de
ret?rica
Entretanto,
impregna-se,
com
grande
intensidade
ainda,
da
metaf?sica,
a
qual,
como em
toda
boa
poesia,
prescinde
da
organiza?ao
e
do
m?todo
cient?ficos
(at?
porque
seria
tratado,
caso
houvesse)
-fen?meno,
este,
deflagrado,
desde
os
primeiros
livros,
ao
lado do
pante?smo
como
forma
de
se
perceber
o
"em
torno". O
resultado
desse
recuo
filos?fico
e
ret?rico
se
reflete
na
recep?ao,
pois
d?
uma maior acessibilidade aos
versos,
e
na
po?tica,
pois
soluciona
os
problemas
formais
gerados
pelos
paralelismos,
como
no caso
de "Motivo":
Eu
canto
porque
o
instante
existe
e
a
minha vida
est?
completa.
N?o
sou
alegre
nem
sou
triste:
sou
poeta.
Irm?o
das
coisas
fugidias,
n?o sinto
gozo
nem tormento
Atravesso
noites
e
dias
no
vento.
Se
desmorono
ou
se
edifico,
se
permane?o
ou
me
disfa?o
c
n?o
sei,
n?o
sei.
N?o sei
se
fico
ou
passo.
Sei
que
canto.
E
a
canc?o
?
tudo.
Tem
sangue
eterno
a asa
ritmada.
E
um
dia sei
que
estarei
mudo:
-
mais nada
(MEIRELES,
?pwrfZAGURY,
1973,
p.
106-107).
Cl?ssico
poema
de Cecilia
Meireles,
obligatorio
em
qualquer
antolog?a,
por
meio
dele,
tem-se
a
confirma??o
da
mesma
vis?o de
mundo
dos
livros
anteriores:
o
pante?smo
afasta
sua
poesia
dos
credos
simbolistas ?
medida
que
se
oferece
como
terreno
f?rtil
para
a
explos?o
metaf?sica,
sob
uma
condi?ao
apenas:
a
totaliza??o
das
coisas
e,
com
efeito,
a
emana??o pura
e
sens?vel
da
for?a
teol?gica
a
partir das pr?prias coisas criadas (alquimia e pante?smo).
Revista de
Letras,
Sao
Paulo.
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Se,
em
"A chu
va
chove",
o
eu-l?rico s? conhece
o
c?u noturno,
aqui,
ele
atravessa
noites
e
dias,
le,
conhece dois
c?us:
o
azul
radiante
e o
escuro-cintilante
-
atrav?s
do
Ar.
Al?m
dessa
complexidade,
que
acompanha
o
amadurecimento do
eu-l?rico,
a
autocompreens?o
desse
sujeito
?
t?o
metaf?sica
como
antes:
"eu
canto
porque
o
instante
existe".
Outra
liga??o
entre
os
livros
at?
1925
e
Viagem (catorze
anos
depois)
aparece
no
reino
absoluto
da
Poesia
e
da
M?sica
depois
de todo
o
Caos,
entidades
que,
nesse
momento
apocal?ptico,
autonomizam-se de
toda
a
a??o
humana
("e
um
d?a
sei
que
estarei
mudo"),
exatamente,
como em
"A
chuva
chove".
De
toda
a
natureza
exuberante
e
colossal,
o
eu-l?rico
experimenta,
com
maior
profundidade,
o mar.
H?
quem possa
dizer
da
divida
com
a
biograf?a
da
autora,
que,
pouco
antes,
empreende
viagem
a
Portugal:
n?o
arrisco
nenhuma
vincula?ao
entre
vida
e
obra.
Em
todo
o
caso,
o
mar
?
tema
central
dessa
Viagem,
principalmente,
em
poemas
como
"Can??o",
que,
tamb?m,
?
antol?gico:
Pus
o
meu
sonho
num
navio
e
o
navio
em
cima
do
mar;
-
depois,
abri
o
mar
com
as
m?os,
para
o
meu
sonho
naufragar.
Minhas
mao
ainda est?o
molhadas
do azul
das
ondas
entreabertas,
e a
cor
que
escorre
dos
meus
dedos
colore
as
areias
desertas.
O
vento vem
vindo de
longe,
a noite se curva de fri?;
debaixo
da
agua
vai
morrendo
meu
sonho,
dentro
de
um
navio...
Chorarei
quanto
for
preciso,
para
fazer
com
que
o mar
cres?a,
e
o meu
navio
chegue
ao
fundo
e o
meu
sonho
desapare?a.
Depois,
tudo estar?
perfeito:
praia lisa, aguas ordenadas,
meus
olhos
secos
como
pedras
64
Revista de Letras.
S?o
Paulo.
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e
as
minhas duas m?os quebradas (MEIRELES, apud ZAGURY,
1973,
p.
107-108).
Percebe-se
que
o
eu-l?rico
realiza
o
contato entre
Tena
e
Agua:
"e
a
cor
que
escorre
dos
meus
dedos
/
colore
as
areias
desertas".
O
Ar
anuncia
o
car?ter ind?mito
da
natureza,
pela
imin?ncia de
uma
intemp?rie.
A
intera??o
entre
o
eu-l?rico
e
a
natureza
aparece
na
rela?ao
"sexualizada"
entre
Terra
e
Agua,
servindo
de
ve?culo
para
a
germina??o
da
Terra
pela
Agua
Desta
vez,
o
navegante
rep?e,
?
Agua,
as
gotas
de
que
se
serviu
para
molhar
a
Terra
por
meio
do
choro,
mas
n?o,
apenas, para
encher o mar, e,
sim,
de modo
aut?fago,
para
naufragar
o
seu
pr?prio
navio,
prestando,
ainda,
sob
outro
?ngulo,
servent?a
ao
Ar,
que,
primeiro,
disp?s-se
a
afundar
o
navegante.
Note-se,
portanto,
que
o
eu-l?rico
tem
a
capacidade
de
entrar
em
simbiose
com os
Elementais.
Ele, inclusive,
manipula
a
Agua
e
o
Ar
e,
numa
leitura
simb?lica,
abandona
a
Terra O
empreendimento
denuncia
a
renuncia
a
conviver
com a
Terra,
Elemental
jamais
sob
seu
dominio,
e a
escolha
pela
Agua,
muito
mais
misteriosa
e
perigosa porque
mais
distante
da
experiencia
humana
(arraigada
na
Terra).
A
decis?o
pela migra??o
da
Tetra
para
a
Agua j?
se
escond?a,
em
germe,
no
"Final" de Baladas
para
d-r?:
quando
a
T?rra
j?
representa, para
o
eu-l?rico,
solid?o,
sofrimento
e
desola??o.
As
"areias desertas"
(nono
verso)
s?o
uma
reitera?ao
da "in?til
caminhada
no
Deserto",
que,
de
certa
forma,
aparece,
sutilmente,
em
"A
chuva chove"
("em
certo
pa?o,
j?
sem
data
e
j?
sem
dono").
A
op??o pelo
mar se
confirma
no
livro
seguinte,
ratificada
j?
pelo
t?tulo
Mar
absoluto
e
outros
poemzs,
de
1945,
que,
ap?s
Vaga
m?sica,
de
1942,
abre
caminho
para
Retrato
natural,
de
1949,
e
Amor
em Leonoreta, de 1951. A
cumplicidade
do eu-l?rico com o Ar, na
ansia
autodestrutiva,
?
extremamente
intensa,
a
ponto
de dominar
-
como
o nome
indica
-
o
poema
"O
aeronauta",
de
1952,
que
divide
o
t?tulo do
mesmo
op?sculo
com
Doze
noturnos
da
Holanda,
para
os
quais,
infelizmente,
n?o
h?
espa?o para
an?lise.
De
toda
a
sua
obra
po?tica,
a
autora,
ainda,
ve
pub
lie
ados
Romancevro da
Incorfid?n?a,
em
1953,
Poemas
escritos
na
India,
sem
data
precisa,
Peque?o
oratorio
de
Santa
Clara,
de
1955,
Pist?a,
cerrit?riomilitar
brasilero,
de
1955,
Can?oes,
de
1956,
Romance
de Santa
Ced?a,
de
1957,
A
rosa,
de
1957,
Cbra
po?tica,
de
1958
(reeditada
em
1967),
Metal
rosicler,
de
1960,
Solombra,
de
1963,
e
Ou
isto
ou
aquilo,
de
1964
Revista
de
Letras,
S?o
Paulo.
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(reeditado
em
1969). S?o postumos
os
livros Cr?nica trovada da cidade
de
Sam
Sebastiam do
Rio
de]andr?
no
quarto
centenario de
sua
funda?ao pelo
captaomor
Estado de
Sa,
de
1965,
e
Poemas
italianos,
de
1968,
al?m de
diversas
antolog?as.
H?, tamb?m,
uma
separata,
n?o mencionada
na
grande
maioria
dos
estudos
cecilianos:
"Espelho
ceg?;
poema
/
Errata:
quase
s?tira
ao
'Espelho Ceg?'
dedicada
ao
editor
sem
culpa",
de
1955.
Parece,
entretanto,
que
o
artigo
cumpriu
seu
objetivo
de
demonstrar
que
as
caracter?sticas
marcantes
da obra
po?tica
dita
"completa"
de
Cecilia
Meireles,
i.e.,
a
partir
de
Viagem,
de
1939,
aparecem
com a mesma intensidade nos tres
primeiros
livros
suprimidos;
por
conseguinte, Espectros,
de
1919,
Nunca mais...
e
Poema
dos
poemas,
de
1923
e
Baladas
para
d-r?,
de
1925,
devem
constar
de
sua
poesia,
pois
fazem
parte
do
mesmo
patrimonio
deixado
pela poetisa,
como o
bem
julgou
Antonio Garlos Secchin
na
organiza?ao
da
Poes?a
completa
de
Cecilia
Meireles.
Agradecimientos:
Agrade?o
a
Deus,
por
tudo
que
tem
feito
por
mim.
CAVALCANTI,
G
The
genesis
of
Cecilia
Meireles:
holograms
of
pantheism.
Revista
de
Letras,
S?o
Paulo,
v.44, n.2,
p.
47
-
67,
2004.
ABSTRA
CT: This
is
a
study
on
the
first
publications by
Cecilia
M
ardes.
The
gjal
is
to
show the
strong
irfluence
of
rretaphysk subjectivism
inworks such
as
Nunca
nuis...
epcerm
dos
poerrus
(1923)
andBaladis
para
el-rei
(1925),
becoming
the
most
important
trend
in
M
?reles'
poetry
rom
the
publication
of
Viagem (1939).
The
article also
explains
how
pantheism
-the
organization
of
metaphysk rruterials
-
answers to thisprofound relationbetween the egoand the
cosmos
(the
latter
msinterpreted
as
theos,
as a
mythical
power
andprcn?ple of
Creation).
Melandody
interacts
in
tint
universe,
instigating
an
existential
problem,
depicting
a
love
conflict
and
stealing
he
odors
of
?
landscapes.
Since
a
high
leid
of
spirituality
is
perceied,
the
tension
between
spintualism
and
symbolism
was
not
saved,
as
the
ca?es
say,
thratgh
the
extremities,
but
through
a
new
and
distinct
spiritual
configuration
rwnism
and/or
tl?sm,
akin
to
pantheism.
KE
YWDRDS:
Brazilian
poetry;
women
s
writing
rdigosity;
spintualism
66
Revista
de
Letras. S?o
Paulo.
44
(2):
47
-
67.
2004
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7/21/2019 Camilo Cavalcanti y Camillo Cavalcanti. Gênesis de Cecília Meireles, Hologramas Do Panteísmo.
http://slidepdf.com/reader/full/camilo-cavalcanti-y-camillo-cavalcanti-genesis-de-cecilia-meireles-hologramas 22/22
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