Cadeia Produtiva Do Milho Diagnostico e Demandas Atuais No

Embed Size (px)

Citation preview

DOCUMENTO, 20

CADEIA PRODUTIVA DO MILHODIAGNSTICO E DEMANDAS ATUAIS NO PARAN1Antnio Carlos Gerage2 Michel Jorge Samaha3 Carlos Roberto Bittencourt4 Valmor Jos Corra5

INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN - LONDRINA-PR

1 2 3 4 5

Trabalho elaborado no perodo 1997/1998. Eng. Agr, M.Sc, pesquisador da rea de Melhoramento Gentico. IAPAR. Eng. Agr., M.Sc., ex-pesquisador da rea de Socioeconomia. IAPAR. Eng. Agr., Tcnico do Departamento de Economia Rural da Seab. Eng. Agr., Tcnico da Emater-PR.

INSTITUTO AGRONMICO DO PARAN VINCULADO SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43) 376-2101 Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARAN-BRASIL

Visite o site do IAPAR: http://www.pr.gov.br/iapar

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-Presidente: Florindo Dalberto PRODUO Arte-final e capa: Slvio Czar Boralli Coordenao Grfica: Mrcio Rosa de Oliveira Impresso na rea de Reprodues Grficas Tiragem: 700 exemplares Todos os direitos reservados ao Instituto Agronmico do Paran. permitida a reproduo parcial, desde que citada a fonte. proibida a reproduo total desta obra.

Cadeia produtiva do milho: diagnstico e demandas atuais no Paran/ C122 por Antnio Carlos Gerage e outros. Londrina : IAPAR, 1999. 56 p. 1. (IAPAR. Documento, 20) econmicos-Brasil-PR. 2. Cadeias

Milho-Aspectos

produtivas. 3. Agronegcio-Brasil-PR. I. Gerage, Antnio Carlos. II. Samaha, Michel Jorge, Colab. III. Bittencourt, Carlos Roberto, colab. IV. Corra, Valmor Jos, Colf b. V. Instituto Agronmico do Paran, Londrina, PR. VI. Ttulo. VII. Srie. CDD AGRIS 338.17315 E10 0120 G514

APRESENTAOOs desafios que se apresentam s organizaes hoje, sejam elas pblicas ou privadas, impem a elas a necessidade de desenvolverem mecanismos dinmicos de leitura do ambiente onde atuam. Com isso procuram compreender a complexidade das mudanas que esto ocorrendo em todos os setores (poltico, econmico, tecnolgico, etc.) e o impacto que geram na estratgia organizacional. As organizaes que atuam nas cadeias produtivas no esto imunes a esse processo. Por essa razo, o Paran, atravs da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, empreendeu o Estudo das Cadeias Produtivas do Agronegcio Paranaense, entre 1995 e 1998, sob coordenao do Instituto Agronmico do Paran - IAPAR. O Projeto estudou as cadeias produtivas dos principais produtos agropecurios do Paran, entre eles o milho, com p objetivo principal de gerar uma base de informaes para referenciar as polticas pblicas e o planejamento das organizaes pblicas e privadas que atuam no agronegcio paranaense, em particular as do Sistema Estadual de Agricultura - SEAGRI. O atendimento s necessidades dos consumidores exige qualidade dos produtos e eficincia interna e externa dos agentes das cadeias. A eficincia interna refere-se s tcnicas e mtodos da prpria*, empresa e a externa se traduz na capacidade de coordenao da cadeia, o que depende de todos os agentes envolvidos. Essa articulao do sistema pode garantir melhores condies de competitividade para o milho, a qual crescentemente est sendo definida por fatores externos produo agrcola e prpria cadeia produtiva. Este estudo procurou caracterizar os pontos crticos e as necessidades de interveno para minimizar esses fatores. Tambm identificou necessidades especficas de cada agente da cadeia, apesar de haver maior concentrao nos aspectos relacionados aos sistemas de produo agropecurios. O estudo envolveu tcnicos de diferentes formaes e instituies do Paran. Em especial participaram tcnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB e da Empresa Paranaense de Assistncia. Tcnica e Extenso Rural EMATER-PR e pesquisadores do Instituto Agronmico do Paran IAPAR. A metodologia adotada incorpora os princpios de prospeco, segmentao e enfoque sistmico. Como estratgia o estudo adotou a consulta aos agentes produtivos para identificar os gargalos e oportunidades da cadeia.

No estudo da cadeia produtiva do milho, foram identificadas demandas de trs nveis: a) tecnolgicas cuja soluo j foi desenvolvida em algum centro de pesquisa, mas que ainda no chegou ao usurio; b) tecnolgicas cuja soluo ainda no foi desenvolvida pela pesquisa e c) no tecnolgicas (leis, normas, tributos, crdito, infra-estrutura etc). O texto apresenta necessidades de aes articuladas, que foram identificadas junto aos atores consultados. Dadas as caractersticas da cadeia do milho, historicamente, a coordenao esteve mais vinculada aos mecanismos de mercado em detrimento dos demais. Contudo, as inovaes tecnolgicas e as mudanas recentes do mercado evidenciam a necessidade de se 'construir' instrumentos inovadores de coordenao dos interesses da cadeia no Paran, a exemplo das cmaras intersetoriais. Aspecto para o qual este estudo oferece uma contribuio importante, em complemento a outros trabalhos j efetuados, para os formuladores de polticas para a cadeia do milho.Eng. Agr. Adelar Antonio MotterCoordenador do Projeto Estudo de Cadeias Produtivas do Agronegcio Paranaense

SUMRIOPg.1 -INTRODUO 1.1-O MILHO NO CENRIO MUNDIAL 1 2 - CENRIO NACIONAL 1.3 - CENRIO ESTADUAL 2 - FLUXOGRAMA DA CADEIA PRODUTIVA 3 - OBJETIVOS E LIMITES DO ESTUDO 4 - COMPONENTES EXTERNOS RELEVANTES AO ESTUDO 5 - COMPONENTES DA CADEIA PRODUTIVA E SUAS RELAES E FLUXOS DE MATERIAIS 5.1 - PRODUO E OFERTA DE INSUMOS 5.1.1 - FERTILIZANTES E CORRETIVOS 5.1.2-SEMENTES 5.1.3-AGROTXICOS 5.1.4-MQUINAS E IMPLEMENTOS 5.2 - OS SISTEMAS PRODUTIVOS 5.2.1 -A SAFRINHA DE MILHO 5.3-ARMAZENAGEM 5.4-CONSUMO 5.4.1-MILHO VERDE '. 5.4.2 - SILAGEM 5.4.3 - GROS SECOS 5.5 - AS PERDAS QUE OCORREM NA CADEIA 6 - INSUMOS E PRODUTOS 6.1 -INSUMOS 6.2-PRODUTOS 7 - CENRIOS: ATUAL E PROSPECTIVO 8 - PONTOS CRTICOS E RELEVANTES 8.1 -ANTES DA PROPRIEDADE 8.2 - NA PROPRIEDADE RURAL 8.3 - DEPOIS DA PROPRIEDADE 9 - DEMANDAS ATUAIS E PROSPECTIVAS PARA REDUZIR IMPACTOS E DAR MAIOR COMPETITIVIDADE CADEIA .' 53 54 55 ' 7 7 11 14 23 24 25

26 26 26 27 29 30 31 36 38 39 39 40 40 42 44 44 45 49 50 50 50 52

10 - NECESSIDADES DE CADA SETOR/AGENTE E/OU DA CADEIA PRODUTIVA 11 -BIBLIOGRAFIA

1 - INTRODUO 1.1- O MILHO NO CENRIO MUNDIALA produo mdia mundial de milho dos ltimos 5 anos situouse em torno de 525 milhes de toneladas, cabendo aos Estados Unidos mais de 40% desta produo, China 20% e ao Brasil, 3o produtor mundial, 6%. A Tabela 1 mostra a rea, rendimento mdio e produo dos principais produtores mundiais de milho. .

7

8

A produtividade mdia mundial prxima de 4.000 kg/ha, com a Itlia ocupando o primeiro lugar (cerca 9.000 kg/ha), porm com rea cultivada com milho inferior a 1 milho de hectares. Frana e Estados Unidos apresentaram produtividade mdia de 7.500 kg/ha. A produtividade mdia brasileira tem se situado em torno de 2.400/2.600 kg/ha., inferior vizinha Argentina que possui a mdia de 4.200 kg/ha. importante assinalar que no perodo considerada, a produo americana de milho apresentou certa oscilao, ocasionada por adversidades climticas. O total produzido na safra (95/96), comparado ao de 94/95, diminuiu em 27%, causando, consequentemente, drstica reduo nos estoques mundiais. Dados do USDA estimaram em 56 milhes de toneladas o estoque mundial de milho existente em fevereiro/96, ou seja, o mais baixo dos ltimos 20 anos, trazendo aumento significativo nas cotaes internacionais do produto. Na safra 1996/97 a produo norte americana voltou a crescer, normalizando, em parte, os estoques mundiais e pressionando os preos do produto para baixo, com reflexos diretos na comercializao interna brasileira. Na Tabela 2 apresentada uma estimativa de suprimento mundial de milho, considerando a produo total, o consumo mundial, as exportaes realizadas e o estoque de passagem. Os dados comprovam a queda ns estoques mundiais, na safra 95/96.

Quanto s exportaes, consideradas as duas ltimas safras, perto de 80% foram assumidas pelos Estados Unidos (ver Tabela 3), alis, pas este que praticamente dita as regras do comrcio internacional do milho. Quando produz bem, os preos internacionais caem; ocorrendo o contrrio estes se elevam, conforme j salientado. No mesmo perodo, a Argentina foi o 2o exportador mundial do produto, com as exportaes perfazendo 50% de sua produo. A relao dos principais pases exportadores apresentada na Tabela 3.

No segmento de pases importadores lideram o Japo e o Taiwan, conforme demonstrado na Tabela 4.

10

A China, o Brasil e o Mxico, apesar de grandes produtores, constituem-se tambm em grandes consumidores de milho e, como no conseguem produzir o suficiente para atender a demanda interna, tornaram-se tradicionais importadores de milho, embora o primeiro apresente estimativa de importao reduzida para esta ltima safra. 1.2 - CENRIO NACIONAL Como j destacado, o Brasil detm o terceiro lugar na produo mundial de milho. Essa produo est bastante concentrada em propriedades com rea menor que 50 hectares(ha), as quais representam cerca de 80% dos estabelecimentos produtores do cereal e participam com percentual dessa mesma ordem do volume total produzido. A produo mdia brasileira na ltima dcada situou-se em torno de 23,5 milhes de toneladas, numa rea mdia de 12,4 milhes de hectares, para um consumo mdio de 24,0 milhes de toneladas. Considerando, entretanto, as quatro ltimas safras, a produo nacional saltou para mais de 30 milhes de toneladas, o mesmo ocorrendo com o consumo (Tabelas 5 e 6)11

12

A Regio Centro-Sul foi responsvel por 89% da produo nacional de milho. As Regies Norte/Nordeste participaram com 26% da rea nacional de plantio, e com 10% da produo nacional. Cabe ainda ressaltar que apenas a Regio Sul do pas foi responsvel por 53,3% da produo e 50% do consumo nacional de milho. O Paran lidera a produo nacional , com uma participao equivalente a 25% do total produzido no pas. Estima-se que de todo o milho produzido no Brasil, apenas 59% comercializado, sendo o segmento agroindustrial de fabricao de raes o maior consumidor. O restante destina-se ao consumo rural, ficando retido nas propriedades . Segundo dados da ABIMILHO(1995),do total comercializado, o segmento da avicultura consome 49,0%, o da suinocultura 29,0%, o da pecuria 4%, 5 % consumido pela industria de semente e outros segmentos enquanto 13% processado pelas industrias moageiras. A mesma ABIMILHO estima que do total do milho destinado ao consumo industrial (13,0%), a maior parte dirige-se aos segmentos de moagem a seco (37,5%) e moagem mida (30%); o restante processado pelos pequenos moinhos. A Tabela 6 apresenta um comparativo entre o consumo total de milho no pas e o consumo industrial, no perodo 83/84 a 1994/95.

13

1.3 - CENRIO ESTADUAL O milho se reveste de grande importncia social e econmica para o Paran, quer pelo nmero de pessoas envolvidas em sua cadeia produtiva, pelo valor da produo, pela rea cultivada ou pela contribuio na gerao de receita para o Estado. No ano de 1992, o milho participou com 18,3% do valor bruto da produo agrcola do Estado. Em 1994, o milho participou com 11,3% do valor da arrecadao total de ICMS, proveniente dos produtos agrcolas. Alm de ser o principal estado produtor, com 25% do total, a produtividade paranaense tambm se destaca no plano nacional, devido ao perfil da produo com 60% da rea plantada voltada explorao comercial, empregando-se para isto moderna tecnologia. Evidentemente que esta situao no se aplica totalidade dos produtores, muitos dos quais encontram-se em outro extremo e altamente fragilizados. Na Tabela 7 apresentada a evoluo da rea, rendimento e produo total de milho no Estado, considerando-se a safra normal e a "safrinha", para as ltimas 12 safras.

14

15

Alm de liderar a produo nacional de milho, o Paran tradicional exportador deste cereal para os estados de So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conforme mostrado na Tabela 8 que apresenta o balano de oferta e demanda do cereal no Estado, considerando-se o perodo 1993/94 a 1995/96.

A produo paranaense de milho est basicamente voltada para o mercado, isto , apenas 20% da produo retida na propriedade; o restante colocado no mercado estadual, que absorve 65% da oferta, sendo 12% comercializado com os estados do Sul e Sudeste. Segundo estimativas da OCEPAR (Organizao das Cooperativas do Estado do Paran), cerca de 45% da produo estadual do cereal comercializada pelas cooperativas. 16

No que se refere ao setor agroindustrial, o Paran detm 47,4% da capacidade total de moagem de milho instalada no pas. As cooperativas paranaenses possuem em conjunto uma capacidade de moagem de milho igual a 681 t/dia, destacando-se a Cooperativa Agropecuria de Cascavel Ltda. que detm 88,1% da capacidade, conforme mostrado na Tabela 9.

A Tabela 10 mostra a distribuio da rea, rendimento e produo de milho no Paran, safras 1995/96 e 1996/97, considerando-se os ncleos regionais. Nas Tabelas 11 e 12 so mostradas estimativas dos custos de produo do milho para dois nveis de rendimento de gros no Estado.

17

18

19

20

21

22

23

3 - OBJETIVOS E LIMITES DO ESTUDO- Objetivos. Ampliar a viso dos diversos componentes da cadeia produtiva do milho sobre os processos que ocorrem nos vrios elos da mesma, bem como suas potencialidades, necessidades e dificuldades; . Dispor de instrumento que faculte a interveno nos componentes da cadeia produtiva, no sentido de remover os pontos de estrangulamento que afetam a competitividade do produto milho; . Incentivar o estabelecimento de parcerias entre os agentes da cadeia, visando uma interao mais eficaz entre os mesmos , a melhoria da qualidade do produto, a diminuio de perdas, a melhoria da rentabilidade dos diferentes agentes da cadeia e uma distribuio mais eqitativa dos benefcios gerados pela mesma; . Identificar pontos crticos passveis de atuao prioritria por parte do Estado.

- LimitesPara efeito do presente estudo foi considerado como limite o Estado do Paran. Como elo inicial foi definido a oferta de insumos agrcolas e como elo final a entrada da matria-prima na industria de transformao.

- Objetivo geral da cadeia produtivaDesconsiderando objetivos especficos de segmentos, definiu-se como objetivo geral da cadeia "Satisfazer as exigncias e necessidades dos consumidores, atravs da oferta de servios e produtos/subprodutos com qualidade e competitividade, garantindo justa apropriao dos benefcios econmicos gerados pelos seus componentes ao longo de toda a cadeia". 24

4. COMPONENTES EXTERNOS RELEVANTES AO ESTUDOIAPAR COODETEC EMBRAPA EMATER-PR BANCOS CONAB CLASPAR CODAPAR SEAB - Desenvolvimento de Pesquisa. - Desenvolvimento de Pesquisa. - Desenvolvimento/Coordenao da Pesquisa Nacional. - Assistncia Tcnica e Extenso Rural. - Financiamento Agricultura. - Recebimento da Produo / Controle de Estoques. - Classificao da Produo. - Armazenamento da Produo. - Fiscalizao da Produo e/ou Comrcio de Insumos. - Apoio aos Produtores. - Gerao e Informao de Preos/Mercado. - Transformao da Produo. - Definio de Polticas Para o Setor. - Normatizao Produo Sementes. - Representantes de Classe. - Assistncia Tcnica. - Apoio Estrutural - Assistncia Tcnica. - Assistncia Tcnica / Fornecimento de Insumos. - Recebimento da Produo. - Transformao da Produo. - Assistncia Tcnica / Fornecimento de Insumos. - Recebimento da Produo. - Transformao da Produo. - Formao de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisa25

ABIMILHO MAARA CESM OCEPAR PREFEITURAS MUNICIPAIS APEPA COOPERATIVAS

INDSTRIAS INTEGRADORAS UNIVERSIDADE

5 - COMPONENTES DA CADEIA: RELAES E FLUXOS DE MATERIAIS E RENDAA anlise do fluxograma da cadeia produtiva do milho (Figura 3) revela ser esta uma integrao complexa entre muitos setores, especialmente considerando os aspectos jusante da unidade produtiva, em funo dos mltiplos usos que se faz do cereal, quer seja na forma de gros ou espigas verdes, silagem ou gros secos. Enquanto matria-prima para a indstria, o milho possibilita o obteno de cerca de 600 subprodutos destinados alimentao humana e animal, e como componente de produtos gerados pela indstria qumica, mecnica, txtil, de minerao e outras. Isso faz com que a cadeia produtiva do milho tenha importantes inter-relaes com outras cadeias produtivas, tendo maior participao como insumo para as das carnes (sunos, aves e bovinos), do leite e derivados. montante da propriedade, a produo de milho est alicerada num competente setor de fornecimentos de insumos concentrado em grandes empresas, com elevado poder de mercado, onde destacam-se os subsetores de fertilizantes e corretivos, sementes, defensivos, mquinas e equipamentos. 5.1 - PRODUO E OFERTA DE INSUMOS 5.1.1 - Fertilizantes e Corretivos A rea cultivada com milho, no Brasil e no Paran, encontra-se praticamente estagnada nos ltimos anos e os aumentos no volume total produzido devem-se principalmente aos ganhos em produtividade. Nesse particular, a contribuio da indstria de fertilizantes bastante significativa, visto que a demanda por maiores quantidades tem sido prontamente atendida. Segundo dados da Associao Nacional de Defensivos Agrcolas (1994), o consumo efetivo de fertilizantes no Brasil foi de 9.280.000 t em 1992; 10.543.000 t em 1993 e 11.959.000 t em 1994. Desse total, a cultura do milho consumiu 1.600.000 t em 1992; 1.900.000 em 1993 e 2.325.000 em 1994, sendo o Paran o 3o Estado maior consumidor de fertilizantes, atrs somente de So Paulo e Rio Grande do Sul. Considerando a expresso do Estado em termos de rea cultivada e produo total de milho, pode-se inferir que grande parte dos fertilizantes comercializados no Paran destinada cultura que 26

utiliza preferencialmente as frmulas 4-14-8, 8-28-16, 10-20-20, 420,20, 4-30-10, 5-25-15 e outras que mantm propores dos nutrientes N-P-K similares a estas. Alm dessas formulaes utilizadas como adubao de base, ou na semeadura, significativo o volume de uria e sulfato de amnio empregado em adubaes de cobertura. H que se acrescentar ainda que tem sido crescente a oferta de frmulas compostas por N-P-K + micronutrientes, especialmente Zn, que em certas regies j se faz sentir a necessidade de sua utilizao. O que tem comprometido uma maior taxa de utilizao de fertilizantes na cultura do milho so as relaes de preos produto/insumo, que em certas safras desestimula o produtor, pelos baixos preos praticados para o produto, enquanto os fertilizantes, via de regra, sofrem correes at mesmo acima daquelas que o mercado financeiro determina. Exemplo marcante ocorreu na safra 1994/95 quando o milho foi comercializado abaixo do preo mnimo no pico da colheita, enquanto os fertilizantes, principalmente a uria, tiveram reajustes de preos de mais de 50%. Em decorrncia, a taxa de utilizao na safra 1995/96 foi menor, comprometendo, em parte , a produtividade mdia da cultura. Quanto aos corretivos, embora no se disponha de dados estatsticos, notrio o incremento na sua utilizao, em grande parte sustentado por Programas de Governo, que vm implantando os chamados "Terminais de Calcrio" para facilitar o escoamento e distribuio da produo, alm de criar linhas especiais de crdito para aquisio desse importante insumo, necessrio em todo o estado, mas principalmente nas extensas reas onde predominam os solos cidos. Em que pese esse fato, ainda insuficiente a utilizao desse insumo, constituindo-se em importante gargalo para auferir ganhos maiores em produtividade. O custo do frete tido como limitante a uma maior taxa de utilizao. 5.1.2 -Sementes Este segmento da cadeia produtiva do milho caracterizado por um grande nmero de empresas que atuam no setor. Atualmente mais de 150 hbridos de milho, e umas poucas variedades de polinizao aberta, so comercializados no Estado do Paran, e a cada ano novos lanamentos ocorrem, aumentando o leque de opes de cultivares para semeadura. Em que pese o potencial produtivo das cultivares disponveis ser bastante elevado e, geralmente, no explorado no seu todo na lavoura, outras caractersticas importantes 27

vm sendo buscadas e incorporadas s novas cultivares, como porte e ciclo mais apropriados aos sistemas de produo tecnificados, caractersticas de gros que atendam s demandas da indstria e do consumidor final, sanidade de folha, colmo e gros, etc. Quanto ao volume total de sementes ofertado, pode-se afirmar que o Estado poderia cultivar toda a rea de milho com sementes melhoradas, j que tem sido rotineira a sobra de sementes fiscalizadas a cada ano. Sabe-se, entretanto, que uma parcela considervel de produtores, menos capitalizados e, por conseguinte, menos tecnificados, recorrem ao uso de sementes prprias, muitas vezes geraes F2 ou F3 de hbridos ou, ainda, populaes crioulas, cultivadas a longo tempo na propriedade. De qualquer forma, o subsetor Sementes acha-se bastante estruturado no Estado, fazendose sentir uma acirrada competio entre as empresas que atuam neste segmento para conquistar espao no mercado. Atualmente mais de 25 marcas de sementes de milho so comercializadas no Paran, com predominncia, em ordem de participao no mercado, das empresas Agroceres, Cargill, Unimilho (sementes Br, oriundas da Embrapa-CNPs), Pioneer, Braskalb, Novartis Seeds, Dinamilho-Carol, Zeneca, Agromem, Colorado, FTSementes, Hat, Ocepar (Coodetec), Agroeste, IAPAR e Indusem. Ressalte-se que a Unimilho congrega vrias empresas franqueadas no sistema de produo dos hbridos BR, estimando-se que muitas delas comercializam sementes nos trs estados da regio Sul, principalmente no Paran. A Tabela 13 apresenta como o mercado nacional de sementes de milho est distribudo.

Estima-se que o Paran consome cerca de 1.600.000 sacas de 20 kg a cada ano, j que vem mantendo taxa de utilizao de sementes melhoradas da ordem de 80% em sua rea cultivada, em torno de 2.000.000 ha, sem considerar o plantio da "safrinha" que para o ano 28

de 1997 foi previsto em 670.000 ha. Aplicando-se o percentual de utilizao de sementes melhoradas nessa segunda safra (60%) tem-se um consumo adicional de 400.000 sacas de 20 kg, totalizando um consumo de 2.000.000 sacas de sementes melhoradas de milho/ano.

5.1.3 - AgrotxicosAt bem pouco tempo, o milho era tido como uma das culturas de menor intensidade de utilizao de agrotxicos, restrita.ao emprego de herbicidas somente pelos chamados "agricultores de ponta". Essa realidade mudou rapidamente nos anos recentes, detectando-se uso cada vez mais intenso de herbicidas e inseticidas. As empresas que atuam nesse segmento tem respondido demanda crescente, ofertando ao mercado opes que contemplam praticamente todas suas exigncias. Quanto aos herbicidas, foram desenvolvidos produtos eficientes no controle das plantas daninhas, dispondo-se inclusive, de opes para uso em ps-emergncia seletivos para a cultura, em que pese alguns problemas de fitotoxidade que tem ocorrido em determinados hbridos por produtos no devidamente testados para toda a gama; de cultivares comercializada. De um modo geral, os produtos de largo espectro de ao, que controlam plantas daninhas de folha larga e estreita, predominam no mercado, sendo mais comum suas utilizaes em pr-emergncia, logo aps a semeadura da cultura. So mais representativos para uso em pr-emergncia herbicidas dos grupos qumicos das triazinas e acetanilidas, em mistura de fbrica ou de tanque. Para aplicao em ps-emergncia tardia, em jato dirigido, largamente utilizado o herbicida do grupo dos bipirdilios (paraquat), surgindo ultimamente um grupo qumico bastante promissor, o das sulfonlureias, como opo para ps-emergncia precoce, com boa seletividade para a cultura, podendo, portanto, ser utilizado em rea total. No que se refere aos inseticidas, uma ampla gama de opes de lagarticidas esto disponveis, visando principalmente o controle da principal praga da cultura - a lagarta do cartucho. Permanece amplamente utilizado o inseticida base de chlorpyrifos, embora sua eficincia esteja em xeque, uma vez que h evidncias de que a praga j desenvolveu alguma resistncia ao produto. Produtos opcionais esto sendo desenvolvidos ou encontramse em fase de registro, prevendo-se disponibilidade no curto prazo. 29

Alm dos produtos lagarticidas, geralmente utilizados quando da ocorrncia das pragas nas lavouras j instaladas, desenvolveram-se vrios inseticidas destinados ao tratamento de sementes, realizado imediatamente antes da semeadura, visando um controle preventivo das pragas iniciais. A eficincia e necessidade de uso rotineiro desses produtos ainda questionvel, embora constate-se aumento na freqncia de utilizao, especialmente pelos produtores mais tecnificados. 5.1.4 - Mquinas e Implementos Embora a capacidade industrial instalada no pas para atender a demanda do complexo agrcola como um todo seja suficiente, inclusive com possibilidade de gerar excedentes exportveis, a conjuntura econmica do setor agrcola, caracterizada por endividamento do produtor e taxas de juros elevados, tem resultado em queda de vendas no mercado interno nos ltimos anos, evidenciando a no renovao do parque de mquinas, considerando-se tratores, cultivadores motorizados e colhedeiras (ANFAVEA, 1996). Essa situao genrica na agricultura brasileira tem reflexos na cultura do milho no Estado do Paran, onde verificou-se incremento acentuado da motomecanizao nas duas ltimas dcadas, conseqncia da escassez cada vez mais acentuada da mo-de-obra disponvel no campo. Houve evidente avano tecnolgico no setor, com produo de mquinas e equipamentos mais apropriados s condies especficas dos sistemas produtivos. Merecem destaque, nesse aspecto, para a cultura do milho, o desenvolvimento de semeadeiras e pulverizadores de maior preciso e de colhedeiras que permitem reduzir os ndices de perdas na colheita, atravs de sistemas mais eficientes de debulha e limpeza dos gros e regulagens mais versteis s condies da lavoura. Quanto s semeadeiras, foram desenvolvidos sistemas mais precisos de distribuio das sementes, com nfase para as pneumticas, e mesmo melhorias nos tradicionais sistemas de discos. De modo geral, deve ser referido tambm que as indstrias de equipamentos, deram nfase ao desenvolvimento de produtos que fossem aptos a atender o modelo conservacionista dos solos, implementado em grande parte da rea agricultvel do Paran. Nesse sentido, houve aumento da oferta de escarificadores, subsoladores, rolos-facas, semeadeiras de dupla aptido (plantio direto e30

convencional), cultivadores e aplicadores de corretivos e fertilizantes em cobertura. 5.2. OS SISTEMAS PRODUTIVOS O milho, face sua ampla adaptao, no apresenta restries de cultivo no Estado, estando presente, em maior ou menor escala, em todas as regies fisiogrficas que compem o territrio paranaense. Isso resulta em uma diversidade marcante de sistemas de produo entre regies e at numa mesma regio. A grande diversidade de cultivares disponveis, aliada a essa adaptao ampla, possibilita uma disperso acentuada quanto a poca de semeadura ao longo do ano, constatando-se plantios durante o ano todo, especialmente nas regies de clima mais tropical, onde se pratica a chamada "safrinha". Apesar disso, a concentrao da parcela mais significativa da rea plantada ocorre nos meses de setembro/outubro, perodo de maior probabilidade de se obter boas colheitas na primeira safra, e fevereiro e maro para a "safrinha". Do ponto de vista tcnico no seria recomendvel essa amplitude no perodo de semeadura, que aumenta o risco de insucesso e vem resultando em problemas como o aumento de pragas e doenas, entre outros. As informaes mais recentes sobre o perfil da produo de milho no Estado foram divulgadas pelo IBGE (1998) e referem-se safra 1995/96. De acordo com os dados desse Censo, o grande contingente de produtores de milho semeia de 1 a 10 ha, mas a maior quantidade produzida est concentrada em reas de 10 a 100 ha (Tabela 14). Acima de 100 ha, embora o nmero de produtores seja proporcionalmente bastante inferior aos demais segmentos, o volume produzido expressivo, o que aponta que nesses estratos de rea o emprego de tecnologia mais acentuado. Observa-se tambm, pelos dados contidos nessa tabela, que a produo tende a ser mais direcionada ao mercado medida que a rea aumenta. H que se observar que essas informaes referem-se safra de vero de milho, mas que de alguma forma tambm expressam a realidade que ocorre na safrinha.

31

Na Tabela 15 esto agrupados os dados relativos ao destino da produo e tipos de cultivo. Observa-se que, do total produzido, perto de 80% direcionado ao comrcio, tendo como canais principais de comercializao as cooperativas e os intermedirios. O destino final da produo, em grande parte atende a demanda dos setores da avicultura e suinocultura, estimando-se que cerca de 65% do volume comercializado direcionado a esse setores. As indstrias que processam o milho para consumo humano e para outros fins, absorvem, diretamente, pouco mais de 10 % do total produzido. H que se destacar que o Paran tradicional exportador do cereal para os estados vizinhos de So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os quais, em mdia, absorvem perto de 20% da produo paranaense. Quanto ao tipo de cultivo, o perfil da produo paranaense alterou-se muito nas ltimas duas dcadas, passando de parte32

significativa de associada e intercalada para praticamente a totalidade em sistema simples de cultivo.

Para descrever os principais sistemas produtivos, didaticamente optou-se pela diviso dos produtores em quatro segmentos, segundo a tecnologia empregada, principalmente a fora de trabalho e o manejo do solo: Plantio Direto Motomecanizado: incluem-se nesta categoria os produtores altamente tecnificados, que mantm o controle quase completo dos fatores de produo. Utilizam-se sementes de hbridos simples ou triplos, de alto potencial produtivo e elevado custo, semeados na densidade recomendada. Fazem manejo do solo correto do ponto de vista qumico e fsico, com emprego de corretivos e33

fertilizantes em altas dosagens, com parcelamento de N em at duas vezes, e muitos destes adotam o sistema de rotao de culturas. O controle de plantas daninhas feito atravs de herbicidas e as infestaes de pragas so prontamente controladas, muitas vezes mesmo antes de atingirem o nvel de dano econmico. Um dos nicos fatores de produo que escapa-lhes do controle a gua, uma vez que a maioria no dispe de sistemas de irrigao, embora realizem a semeadura na poca de menor risco. A colheita totalmente mecanizada e realizada com grau de umidade geralmente elevado. Alguns desses produtores possuem sistemas de secagem e armazenamento na propriedade, mas a maioria destina a produo para cooperativas. A produtividade mdia atingida por esse segmento de produtores, via de regra, superior a 6000 kg/ha, observando-se com freqncia ndices de 8000 a 10000 kg/ha. A concentrao destes produtores est em alguns "bolses" localizados nos Campos Gerais de Ponta Grossa e Guarapuava, e nas regies de solos mais frteis, originrios do derramamento de basalto, que compreende as regies Norte, Centro-Oeste, Extremo-Oeste e Sudoeste do Estado. Estima-se que esse grupo de produtores participe com 15 a 20% do volume total da produo paranaense de milho. Motomecanizado com preparo convencional do solo: Representado por um nmero bastante significativo de produtores, este segmento caracteriza-se por exercer controle em grande parte dos fatores de produo, muito embora situaes momentneas de mercado e a no independncia financeira completa limitem a utilizao plena desses fatores em quantidade e qualidade desejveis. Utilizam-se geralmente de hbridos triplos ou at duplos de alto potencial produtivo, de custo pouco inferior aos hbridos simples, semeando-os nas populaes recomendadas. O manejo do solo realizado dentro das prescries conservacionistas e a fertilizao, normalmente, prxima da preconizada, com acentuada taxa de emprego de N em cobertura, em muitos casos parcelada em duas vezes. O controle das plantas daninhas feito atravs de herbicida, ou conjugao de controle qumico e mecnico, e na ocorrncia de pragas tambm realizado controle sempre que necessrio. A colheita executada mecanicamente com colhedeiras prprias ou atravs da contratao de terceiros. A produo prontamente entregue nas cooperatiras ou aos grandes intermedirios, incluindo-se nesta categoria alguns grupos de integrao que processam o produto retornando-o aos produtores, inseridos na cadeia produtiva de carnes, na forma de rao. As produtividades obtidas geralmente so elevadas, 34

na faixa de 5 a 6000 kg/ha, encontrando-se neste segmento produtores em todos os estratos de rea cultivada. A disperso no Estado generalizada, exceo do Noroeste e no 1o Planalto. Presume-se que este segmento seja responsvel por cerca de 30% da produo total de milho comercializada no Estado. Motomecanizado, conjugado com trao animal: Numericamente esse o segmento mais representativo da cadeia produtiva. Caracteriza-se por produtores que controlam apenas parcialmente os fatores de produo, por no adotarem de forma plena as tecnologias preconizadas para a cultura devido a restries de capital ou insuficincia de informaes. Normalmente a varivel preo determinante na deciso de aquisio de insumos bsicos, levando-os aplicao parcial desses nas lavouras. Predomina a semeadura de hbridos duplos ou triplos de menor custo, muitas vezes tambm de menor potencial produtivo, embora a taxa de utilizao de semenes melhoradas seja da ordem de 100%. Os cuidados com a obteno de populaes adequadas de plantas no so plenamente tomados por limitaes de equipamentos (semeadoras de maior preciso) ou mesmo restries edafoclimticas, como solos no plenamente corrigidos e corretamente preparados, semeaduras em pocas no as mais propcias etc. A fertilizao usualmente empregada, na maioria das vezes em quantidade aqum do recomendado e nem sempre complementada pelas adubaes de cobertura com Nitrognio. O controle de plantas daninhas e pragas no realizado de forma sistemtica, fazendo-se sentir, com freqncia, suas interferncias na produtividade final obtida. No caso de plantas daninhas, predomina o controle integrado qumico e mecnico. A colheita em grande parte realizada mecanicamente, atravs da contratao de servios de terceiros, muito embora parcela da rea seja colhida manualmente com posterior debulha mecnica. A produo no necessariamente toda comercializada. Uma parcela dos produtores mantm parte dela para consumo prprio, armazenando-a na propriedade em paiis geralmente rsticos, ou depositam o milho em empresas integradoras, retirando-o medida de suas necessidades. Estima-se que esse segmento responsvel por perto de 40 % do milho comercializado no Estado. A produtividade bastante varivel neste estrato de produtores, inferindo-se contudo que a mdia fica prxima estadual (3500-3600 kg/ha). Trao Animal + Manual: Em termos absolutos, concentra-se grande contingente de produtores, muitos deles no participantes de mercado ou com participaes espordicas quando h excesso de 35

produo na propriedade, uma vez que essa parcela de produtores tem como objetivo bsico o autoconsumo. O uso de tecnologia incipiente por tradicionalismo e/ou falta de capital e pouco acesso informao. O emprego de sementes melhoradas baixo, haja vista que em 20% da rea cultivada com milho no Estado utilizam-se gros como sementes. A fertilizao mnima ou inexistente, restringindo-se muitas vezes cobertura com Nitrognio em doses baixas. Predominam as operaes de preparo do solo, semeadura e tratos culturais (cultivo) com trao animal ou mquinas e equipamentos alugados, principalmente para a primeira. Operaes manuais de semeadura com matraca e capinas com enxadas tambm so freqentes. O controle de pragas praticamente inexistente e a colheita na sua grande maioria realizada tardiamente e de forma manual com posterior armazenamento em espigas em paiis rsticos ou tulhas onde a presena de insetos dos gros armazenados e roedores freqente. Como j salientado, apenas parte da produo debulhada mecanicamente e comercializada. 5.2.1 - A "Safrinha" de Milho Iniciada no comeo dos anos 80 e antes restrita ao extremooeste paranaense, essa modalidade de cultivo expandiu-se rapidamente para toda a faixa de clima tropical do Estado, estimandose, para o ano de 1998, uma rea cultivada de 780.000 ha. No incio, o uso de tecnologia era incipiente, com baixa taxa de utilizao de sementes fiscalizadas, aproveitando a adubao residual da cultura anterior, principalmente da soja, e com pouco ou nenhum uso de outras insumos. Nos ltimos anos j se nota uma alta taxa de utilizao de sementes adquiridas especificamente para esse cultivo, o emprego freqente de adubao (de base e cobertura), e tambm de herbicidas e inseticidas para controle das plantas daninhas e pragas. A finalidade maior, que antes restringia-se ao consumo da propriedade, passou a ser o mercado consumidor, com a oferta do produto em perodo de relativa escassez e bons preos. As produtividades alcanadas, embora bem inferiores quelas obtidas na safra normal, principalmente por limitaes de ordem climtica, tm sido compensadoras, tornando o segmento atraente s empresas fornecedoras de insumos, aos produtores e s prprias empresas consumidoras que tm oferta mais constante do cereal (Tabela 16).36

37

5.3 - ARMAZENAGEM Se considerada a capacidade esttica de armazenagem existente no Estado, da ordem de 16 milhes de toneladas, no deveriam haver problemas nesse setor. No entanto, as dificuldades surgem quando se analisam fatores como localizao, qualidade, tipo e utilizao. Somase a isso as deficincias de recepo e secagem, que influem fortemente na qualidade do produto. Cabe salientar que 50% da capacidade instalada de armazenagem pertence iniciativa privada. A falta de mo-de-obra capacitada, bem como a ausncia de recursos destinados sua capacitao para o sistema de armazenagem, aliados aos problemas de localizao e inadequao dos armazns em funcionamento, encarecem o custo final de armazenamento da produo. A estrutura de armazenagem existente, principalmente na pequena propriedade apresenta srias deficincias, responsveis por elevadas perdas do cereal.

38

5.4 - CONSUMO A produo de milho, oriunda da lavoura direcionada ao consumo diretamente ou aps algum processamento industrial de trs formas bsicas: espigas verdes, silagem ou gros secos. 5.4.1 - Milho Verde Destinado basicamente ao consumo humano, a comercializao ocorre em espigas verdes que podem seguir no fluxo da cadeia at o consumidor final nessa forma, ou ento passar por processamento industrial para retirada dos gros e enlatamento ou supercongelamento. Em espigas, o processo de distribuio normalmente passa pelos intermedirios, que abastecem as redes de supermercados, CEASAS, feiras livres, sacoles e outros setores que formam o mercado varejista, atingindo assim o consumidor final. Tem-se observado ultimamente um crescimento na participao do produtor na comercializao direta ao mercado varejista ou at ao consumidor final, na busca de aumentar seus ganhos pela eliminao dos intermedirios. As formas de consumo so variveis, com maior expresso em espigas cozidas ou assadas, pamonha, curau, bolos, broas, sopas, angus etc. Deve ser lembrada a existncia, no fluxo, de casas especializadas no preparo desses produtos e venda ao consumidor final. Outra modalidade de consumo dos gros "verdes" aps processamento pelas indstrias de conservas, onde so envasados ou congelados e distribudos ao mercado varejista para aquisio pelo consumidor. Nesse processo, as indstrias geralmente celebram contratos de parceria com os produtores mais especializados, garantindo assim o abastecimento em quantidades e qualidade necessrias. Vale realar que boa parte desses produtos oriunda de cultivares especiais, os chamados milhos doces, que tem maior concentrao de acares no endosperma. Algumas cultivares de endosperma normal tambm so comercializadas especificamente para esse fim.

39

5.4.2 - Silagem A utilizao do milho como silagem est, invariavelmente, associada produo animal, entendendo-se aqui seu destino para alimentao de bovinos de leite ou de corte e sunos. Quanto alimentao de bovinos de leite, bastante tradicional a ensilagem da planta inteira de milho, complementada ou no com uma fonte de suplementao protica. Nos anos recentes foi significativo o incremento do confinamento de bovinos para engorda (corte), tendo na silagem de milho uma importante fonte energtica. Alm desses, o desenvolvimento de tecnologia de preparo da chamada silagem de gros midos propiciou aumentar o uso do milho para sunos e vacas leiteiras, pela oferta de um produto de melhor qualidade, com o conseqente desempenho superior dos animais. Esse processo se faz sentir em maior escala nos sistemas produtivos mais intensivos, onde a produtividade, de leite ou carne, objeto de constante aprimoramento. De qualquer forma, em ambas as situaes, o uso do milho como silagem vem adquirindo cada vez mais importncia e a preocupao com aspectos de conduo da lavoura notria. Assim, a eleio de cultivares de alto potencial produtivo e boa sanidade de folhas e gros, aliada fertilizao adequada, manejo da populao de plantas e colheita em poca de rendimento timo so pontos considerados na produo. Na fase de ensilagem propriamente dita, merecem ateno aspectos como: tamanho das partculas, compactao, vedao e proteo do silo e tempo de ensilagem. A silagem assim produzida passa a ser importante insumo para a cadeia produtiva do leite e da carne suna e bovina. A comercializao do milho para a produo de silagem, da planta inteira ou gro mido, embora ocorra, pouco significativa no fluxo da cadeia produtiva. Geralmente, os sistemas produtivos que fazem uso dessa modalidade de alimentao destinam rea prpria para a produo do milho que ser utilizado como matria-prima para ensilagem. 5.4.3 - Gros Secos na forma de gro seco que a maior parte da produo do cereal consumida. Conforme j abordado anteriormente, a versatilidade do gro de milho, enquanto matria-prima, possibilita seu desdobramento em mais de 600 subprodutos. 40

Aps colhidos na lavoura, os gros de milho tm dois destinos bsicos: o consumo na prpria propriedade, que representa menos de 20% do total produzido no Estado, ou a comercializao, principalmente para processamento industrial no prprio Estado ou fora dele. O consumo na propriedade basicamente destinado alimentao animal (animais de trao, bovinos de leite e corte, sunos e aves), com pequena parcela voltada alimentao humana, principalmente na forma de fub integral. A produo de gros, comercializada basicamente atravs de intermedirios, cooperativas (que podem atuar como intermedirios), agroindstrias e cerealistas, passa pelo processo simples de transporte, secagem e armazenamento. Segue no fluxo da cadeia para as indstrias de rao, que representam os maiores consumidores, para indstrias moageiras voltadas para a alimentao humana, fornecedoras de subprodutos para outras indstrias como de medicamentos, qumica, txtil, cosmtica, de bebidas etc. A rao produzida, com cerca de 65% de milho em sua composio, passa a ser insumo bsico para as cadeias produtivas, em ordem de importncia , das aves, sunos e bovinos, atingindo o consumidor final principalmente atravs das carnes e seus derivados, leite e seus derivados e ovos. Destina-se ainda, em menor escala, alimentao de outros animais domsticos. Nas indstrias moageiras voltadas ao consumo humano ou como fornecedoras de subprodutos para outros fins industriais, o milho processado basicamente de duas maneiras: por via mida, um processo qumico, ou por via seca, um processo fsico. Na moagem a seco, que representa perto de 40% do milho destinado ao consumo industrial desse segmento, que em 1994 teve um consumo total de 4.150.000 t no Brasil (o Paran tem uma capacidade instalada de 1.800.000 t/ano, sendo o maior complexo industrial do pas), o milho desdobrado inicialmente em canjica (endosperma), que representa 70% do gro, grmen (25%) e "quebra" (5%). Da canjica, resultam as canjiquinhas, grits, fub mimoso mdio e fino, creme de milho e outros subprodutos secundrios; e, do grmen, o leo e o farelo (comercializado para fbrica de raes). Da moagem via mida (cerca de 30% do milho processado), o principal produto extrado o amido, que o maior componente do endosperma, seguido do glten (concentrado protico com 60% de protena), do farelo ,(composto pelo pericarpo, fibras, resduos de amido e 20% de protenas) e o grmen. O glten e o farelo so direcionados s fbricas de raes para animais, 41

e do grmen se extrai o leo que, aps refinado, comercializado como leo comestvel. O amido, que representa cerca de 60% do gro, comercializado in natura, inclusive para o exterior, ou transformado em glicose, dextrina e amido modificado. O amido e seus derivados so utilizados na alimentao para a produo de biscoitos, pes, macarro, ps para pudim, fermento em p, produtos farmacuticos, balas, doces, compotas, sorvetes, bebidas (cervejas, refrigerantes, usque), sopas, achocolatados, aromas e essncias, embutidos etc. Na indstria no alimentcia, o amido e seus derivados so utilizados na fabricao de papel, papelo, tecidos, adesivos, fitas gomadas, peas de fundio, minerao etc. Como se denota do exposto, os produtos derivados do processamento do gro de milho podem seguir diretamente para o comrcio atacadista e varejista, atingindo assim o consumidor final, ou ento serem direcionados a outros segmentos industriais onde fazem parte na composio de outros produtos, integrando-se assim no fluxo de outras cadeias produtivas. Ambas as situaes determinam uma grande importncia do produto que origina, justificando a afirmativa de que o milho o cereal do passado, do presente e do futuro.

5 5 - AS PERDAS QUE OCORREM NA CADEIA .Embora possam ocorrer perdas em todas as etapas do processo, inclusive nos segmentos montante da unidade produtiva, (sementes, corretivos, fertilizantes, etc), sero consideradas neste tpico apenas aquelas detectadas para o produto final (gros) e que acontecem na propriedade, no transporte, na recepo e na armazenagem do produto. Essas so, sem dvida, as mais significativas, no se constituindo em exclusividade para o milho. As perdas podem ser consideradas como de duas naturezas: qualitativa e quantitativa. A primeira tem se acentuado nos ltimos anos em conseqncia da maior ocorrncia do ataque de fungos causadores dos chamados gros ardidos, enquanto a segunda tradicional entrave no processo produtivo do cereal. Em termos quantitativos, SANTOS et al. (s.d.), ao estimarem, atravs de levantamento, as perdas ocorridas, de 1988 a 1992, detectaram que o Paran perde, em mdia, 16,78% de sua produo de milho, o que representa perto de 1.300.000 toneladas a cada ano. Estas perdas esto assim distribudas: pr-colheita, 4%; colheita mecnica, 8%; colheita manual, 1,5%; transporte, 0,5%; armazenagem a granel, 2% e armazenagem em espigas (paiis), 15%. Os ndices 42

levantados, que retratam uma realidade que pouco se alterou at o presente, so alarmantes e exigem a adoo de medidas eficazes para reduzi-los significativamente, tais como: - escolha de cultivares com porte, ciclo e empalhamento adequados ao sistema de produo e resistentes ao acamamento e quebramento de plantas; - utilizao de espaamento e populao de plantas condizente com a cultivar escolhida e sistema de colheita empregado; - controle de plantas daninhas e pragas; - colheita no momento correto, atentando-se para aspectos de regulagem e velocidade da colhedeira e teor de gua ds gros; e - controle das pragas e roedores dos gros armazenados, atravs de expurgos e produtos qumicos adequados, principalmente na propriedade. As perdas de natureza qualitativa, tambm muito importantes, iniciam-se na lavoura, devido ao ataque de pragas e fungos, estendendo-se ao longo das demais fases da cadeia, podendo atingir, em determinadas condies, at o consumidor final, especialmente quando o milho atacado por fungos que produzem as micotoxinas. Tem sido cada vez mais constante a rejeio, por parte das indstrias processadoras do produto, de partidas de milho com ndices elevados de gros ardidos. Nesse particular, torna-se imperioso o estabelecimento de critrios mais apropriados classificao do produto, aliado a medidas que visem reduzir os problemas. Dentre estas ltimas, pode-se preconizar: a) rotao de culturas, evitando-se o plantio de milho sobre milho; b) desestimulo safrinha, que tem propiciado o aumento de pragas e doenas; c) realizao da colheita com grau de gua no elevado (na faixa de 16 a 22%); d) adequadao da malha viria, para permitir o rpido escoamento do produto da propriedade s unidade de recepo; e e) aparelhamento das estruturas de recepo, secagem e armazenagem, em quantidade e qualidade, evitando o excessivo tempo de permanncia do produto; nos veculos de transporte, a mistura de partidas com qualidade variveis nos pontos de recepo, a secagem em condies inadequadas e o armazenamento em unidades no, preparadas para esse fim. Aliando-se as medidas preconizadas, poder-se-ia reduzir em pelo menos 50% as perdas quantitativas e obter um produto de 43

qualidade adequada para atender os requisitos e padres industriais e do consumidor final. Embora outros pontos de estrangulamento na cadeia produtiva do milho meream imediata interveno, a reduo de perdas , sem dvida, o de maior relevncia e que maior impacto positivo traria, se devidamente equacionado.

6 - INSUMOS E PRODUTOSApresenta-se, a seguir, uma sntese dos principais insumos que integram a cadeia produtiva e os principais produtos, que so gerados ao longo do processo. 6.1 - INSUMOS - Terra - Mo-de-obra - Corretivos - Sementes - Fertilizantes - Herbicidas - Inseticidas - Fungicidas - Tratores - Arados - Escarificadores - Sub-soladores - Rolos-faca - Pulverizadores - Semeadeiras - Cultivadores - Colhedeiras - Trilhadeiras - Equipamentos manuais - Equipamentos trao animal - leos - Lubrificantes - Combustveis - Energia eltrica - Pesquisa 44 - Estrutura de armazenagem - Estrutura de beneficiamento - Estrutura de transformao - Estrutura de transporte - Estrutura de classificao - Estrutura de fiscalizao - Estrutura de anlise de qualidade - Estrutura de distribuio - Estrutura de embalagem - Estrutura de pesagem

- Estrutura de importao - Estrutura preo/mercado - Estrutura marketing - Conservantes - Aditivos qumicos - gua

- Assistncia Tcnica - Crdito - Estrutura de secagem

6.2 - PRODUTOSJ foi enfatizado anteriormente o imenso nmero de aplicaes do milho no cotidiano do brasileiro, quer de forma direta, como alimento, ou indiretamente como componente importantssimo na alimentao de animais domsticos, proporcionando carne, leite, ovos, etc. Analisando o "Catlogo Industrial do Paran 1996", verifica-se que encontram-se instaladas no Estado diversas indstrias que tm no milho s,ua principal matria-prima. Tais indstrias so responsveis pelo fornecimentos dos seguintes produtos: farelo de milho, leo de. milho bruto e refinado, quirera de milho, raes (aves, bovinos, sunos), farinha de milho, fub, canjica, pipoca, gritz de milho, grmen de milho, milho beneficiado e empacotado, milho verde, etc. O maior nmero destas indstrias est ligado produo de farinha de milho (145), seguido do fub (126), quirera (55) e raes animais (50). Independente da capacidade instalada destas indstrias e de sua efetiva produo, todas tm desempenhado importante papel na cadeia produtiva do milho, quer pela absoro da produo da matriaprima, gerao de empregos, arrecadao de impostos, etc. Obviamente que todo esse processo envolvendo os produtos e subprodutos obtidos do milho complexo, abrange inmeras etapas, estando assim, cada uma delas sujeitas a perdas quali-quantitativas. A seguir so apresentados alguns grficos ilustrativos de parte da agroindstria do milho.FONTE: SEBRAE-PR.

45

46

47

48

7 - CENRIOS: ATUAL E PROSPECTIVOA crise econmica que assolou o pas nos ltimos anos, limitou o crescimento do consumo de carne pelas camadas mais pobres da populao. Atualmente, decorrente das medidas do plano de estabilizao econmica do Governo, essas camadas voltaram gradativamente a utilizar esta fonte de protena em sua dieta alimentar. Esse fato, positivo social e economicamente, est relacionado ao aumento da necessidade de milho. A permanncia desta situao, dever reduzir a capacidade ociosa das indstrias de rao do sul do pas e ampliar a demanda das mesmas por gros, principalmente o milho. O aumento no uso de tecnologia por parte daqueles, produtores que se encontram margem do processo produtivo poderia incrementar a produo brasileira de gros em 52%. Deste incremento, 49% deveria ser originado dos trs Estados do sul. A tendncia observada para o consumo industrial acentua a necessidade de uma produo mais moderna, resultando em produto com padro competitivo de qualidade. Na possibilidade de exportao do produto "in natura", a curto prazo, os dificultadores so a baixa qualidade, os altos custos de produo e a carga tributria, que colocam o pas em desvantagem no cenrio internacional. A desonerao do ICMS representa importante avano para aumentar a competitividade do produto brasileiro no cenrio internacional. A especializao de grupos de produtores organizados para atender demandas especficas das indstrias, como por exemplo milho para conserva, milho com maior teor de glicose, milho de melhor qualidade proteca, maior teor de leo etc. um fato que est se concretizando. Um trabalho de informao dirigido ao consumidor brasileiro, aliado readequao de processos no setor de transformao, poder resultar em aumento da contribuio do milho na alimentao; humana. Independente dos caminhos que o setor seguir o indispensvel o apoio do governo, de forma direta, aos produtores menos capitalizados, proporcionando-lhes acesso tecnologia de correo e fertilizao do solo e armazenagem, principalmente. 49

tambm fundamental reforar as estruturas de Pesquisa e Extenso Rural e intensificar parcerias com outras entidades privadas, criando condies para apoio efetivo aos produtores do Estado, notadamente aqueles marginalizados. O Estado possui boas experincias de realizaes (subsdio ao calcrio, distribuio de sementes) que necessitam ser ampliadas.

8 - PONTOS CRTICOS E RELEVANTES DA CADEIA DO MILHO8.1 - ANTES DA PROPRIEDADE Se considerada apenas a rede de distribuio de insumos, mquinas e equipamentos, pode-se classific-la como adequada s necessidades das regies produtoras, no se constituindo, a disponibilidade desses bens, em obstculos sua utilizao pelos produtores rurais. Entretanto, em determinadas reas utilizadas por pequenos produtores, embora carentes de correo e fertilizantes, praticamente no h utilizao destas prticas, quer por motivos operacionais (topografia) quer por dificuldades financeiras desses produtores. O uso isolado de sementes melhoradas no surtir o incremento esperado; combinado com a correo do solo, os resultados sero mais expressivos. Ocorre que o custo do corretivo (que tem grande participao do transporte) tem tornado impeditivo a sua utilizao por esses produtores. A distncia, ainda presente, entre os fornecedores de insumos, produtores e indstrias de transformao, no facilita a negociao entre estes agentes, , gerando constantes reclamaes, ou seja, os pontos de interesse para uns no so reconhecidos pelos demais. A falta de definio de regras mais claras para a agricultura nacional tem mantido os produtores em processo de espera, dificultando a adoo de tecnologia de produo mais avanada. 8.2 - NA PROPRIEDADE RURAL Principalmente na pequena propriedade a utilizao de reas inaptas, sem manejo dos recursos naturais, tem intensificado os50

problemas de eroso do solo e implicado em baixa populao de plantas por rea. A reduzida fertilidade natural destes solos, aliada baixa aplicao de corretivos e fertilizantes, resulta na baixa produtividade das lavouras. A qualidade do produto colhido tambm afetada pelas condies das sementes empregadas no plantio, dificultando a obteno de gros em padres aceitveis e com uniformidade. A colheita, realizada tardiamente, tem proporcionado condies favorveis ao ataque de insetos e roedores, alm do desenvolvimento de fungos, resultando em srios prejuzos produo. A inexistncia de estrutura de secagem artificial nas propriedades condiciona o produtor a manter o milho na lavoura, aproveitando a secagem natural, processada na prpria planta por influncia da radiao solar, da temperatura do ar e da velocidade do vento. Esta secagem poderia ocorrer at o ponto em que no prejudicasse a. qualidade e produtividade do produto. Dados de campo apontam que a reduo do teor de gua dos gros de espigas deixadas na "roa" foi reduzido praticamente metade nos primeiros 30 dias aps a maturao, ou seja, de 35% para 18%. Sessenta dias aps a maturao, a umidade era de 17%, praticamente sem alterao em relao aos primeiros 30 dias. . Logo, no h justificativas para a permanncia do milho na lavoura por longos perodos, como ocorre atualmente em diversas regies. As condies inadequadas para armazenagem da produo so responsveis por significativas perdas, principalmente nas pequenas propriedades. Insetos, roedores e fungos vm prejudicando sensivelmente a produo, tanto em quantidade como em qualidade, pondo em risco a sade do homem e dos animais domsticos. Todos esses fatores podem explicar os baixos nveis de produtividade e renda obtidos por grande nmero de produtores, muitas vezes com rendimento inferior a 2 t/ha. Num outro extremo, depara-se com ndices de produtividade at trs a quatro vezes superiores. Porm, mesmo com esse rendimento, as perdas na colheita e ps-colheita no podem ser desconsideradas. Parece estar clara que praticamente todo o esforo de tcnicos e produtores esteve, e continua em direo exclusiva ao aumento da quantidade produzida por rea, sem ateno maior melhoria da qualidade e conservao. Outro aspecto a ser considerado o fato da predominncia absoluta do autoconsumo na pequena propriedade. Provavelmente esta 51

realidade leva o produtor a um certo descaso no controle do que produz e ao resultado econmico desta produo. 8.3 - DEPOIS DA PROPRIEDADE Se analisada a modalidade rodoviria de transporte, pode-se concluir que a distribuio da mesma satisfatria, no se constituindo em problemas para o escoamento da produo. O que se constitui em principal problema o estado de conservao da malha rodoviria, a qual apresenta elevados nveis de desgaste do pavimento devido idade elevada, sobrecarga de veculos e falta de manuteno. Frise-se ainda que a opo nacional por esta modalidade de transporte encarece sobremaneira o produto, reduzindo-lhe a competitividade, conforme pode ser visualizado na Tabela abaixo.

Embora em nveis menores que na armazenagem, no transporte ocorre tambm perda da produo, verificando-se o mesmo na movimentao porturia. Alm dos problemas decorrentes das ms condies de armazenagem na propriedade, os mesmos continuam a existir posteriormente em unidades cerealistas, industriais e do prprio governo, conforme tem sido periodicamente veiculado nos meios de comunicao. O sucateamento da estrutura de armazenagem coletora e reguladora, e o estrangulamento na movimentao de safras, contribuem para o agravamento do problema.

52

9 - DEMANDAS ATUAIS E PROSPECTIVAS PARA REDUZIR IMPACTOS E DAR COMPETITIVIDADE CADEIA- Menor taxao e maiores facilidades na importao de matrias primas destinadas produo de insumos. - Ampliao de pesquisas visando maior conhecimento dos efeitos da utilizao de insumos sobre o meio ambiente. - Melhor aproveitamento dos resduos orgnicos produzidos na propriedade, objetivando a melhoria das caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do solo. - Maior investimento em treinamento e profissionalizao dos recursos humanos inseridos na cadeia produtiva. - Ampliao das aes do Governo do Estado nos programas de apoio ao pequeno e mdio produtor rural. - Valorizao da anlise qumica do solo como fator determinante da quantidade de insumos a ser utilizado. - Exigncia s indstrias do fornecimento de produtos dentro das especificaes tcnicas. - Maiores investimentos em pesquisa de processos de transformao e agroindustrializao do milho. - Desenvolvimento de cultivares com caractersticas de gro que atendam as necessidades das indstrias e consumidores finais; e de cultivares rsticas e produtivas, com baixo custo das sementes, acessveis ao segmento que no utiliza sementes melhoradas. - Eliminao dos atuais problemas causados por gros ardidos, que veiculam as micotoxinas, pelo desenvolvimento de cultivar.es resistentes aos fungos que atacam os gros e aparelhamento das estruturas de recepo, secagem, separao e armazenagem. - Gerao de alternativas destinadas ao segmento de produtores sem condies de competitividade (reconverso produtiva). - Desenvolvimento de equipamentos de maior preciso para a aplicao de fertilizantes, corretivos e agrotxicos e para a semeadura.

53

10- NECESSIDADES ESPECFICAS DOS AGENTES CADEIA PRODUTIVA- Aes governamentais que facilitem maior taxa de utilizao de insumos e tecnologias pelo segmento produtivo (Pesquisa - ATER Crdito). - Escoamento da produo a menor custo (viabilizao de transporte ferrovirio e hidrovirio). - Reforar as estruturas governamentais envolvidas na Cadeia Produtiva do Milho (Pesquisa - ATER - Fiscalizao - Armazenagem Classificao etc). - Organizao dos produtores para permitir maior poder de barganha na comercializao da produo e na aquisio de insumos bsicos. - Abertura de linha de crdito ao produtor on organizaes de produtores para investimentos em mquinas, equipamentos, estrutura de secagem e armazenamento ("dentro e fora da porteira" tal como em plos estratgicos mais descentralizados e que facilitem a recepo e a secagem da produo). - Reviso da carga tributria incidente sobre todos os segmentos da Cadeia Produtiva. - Estabelecimento de padres de classificao que atendam os requisitos demandados pela indstria, porm dentro de limites suportveis pelos produtores rurais. Investimentos na estruturao de cooperativas, proporcionando-lhes maiores possibilidades para recebimento e processamento do produto. Estabelecimento de Programas de Qualidade Total, abrangendo todos os elos da Cadeia Produtiva. - Criao de Cmara Setorial que envolva todos os representantes dos segmentos da Cadeia Produtiva, objetivando o encaminhamento de solues aos problemas1 detectados e como foro de decises que mantenha/preserve a eqidade no fluxo de capital.

54

BIBLIOGRAFIA

AGROCERES - C.A.I. O "Agrobusiness"Brasileiro - 1990 - S.Paulo 237 p. ANDA - Anurio Estatstico do Setor de Fertilizantes, 1994. So Paulo, ANDA, 1987- 1995. DEPAL - Informao Pessoal EMATER-PR - Fluxogramas das Cadeias Produtivas, Paran - CuritibaPR-1995 EPAGRI - Estudo de Cadeias Produtivas - Milho - 1995 - Chapec-SC 64 p. IPARDES - Estudos de Poltica Agrcola - No. 19 - 1994 - Curitiba-PR 94 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA, Rio de Janeiro. Censo agropecurio: 1995-1996, Paran, Rio de Janeiro : IBGE, 1998. 320p. MACHADO FILHO,C.A.P. e MATIAS, A. B. - Embrapa/Unimilho: Franquia em gentica vegetal. In: Revista de Administrao, So Paulo, v.30, p.51-64, outubro.dezembro, 1995. SEAB - A Cultura do Milho no Brasil - Curitiba-PR - 1993 - DERAL 15 p. 1996. SOUZA, NS e SANSON, JR - A Agroindstria Brasileira do Milho Porto Alegre-RS - UFRS - 1993 - 96 p.55