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Brochura (em formato de livro) sobre a Áreas Marinhas Protegidas da Costa Alentejana, elaborado no âmbito do Projeto “PROTECT - Estudos Científicos para a Protecção Marinha na Costa Alentejana (operação número 31-03-05-FEP-12), cofinanciado pelo Programa Operacional Pesca 2007-2013 (PROMAR), desenvolvido pelo Laboratório de Ciências do Mar (CIEMAR) e promovido pela Universidade de Évora. Maquetizado e publicado pela GOBIUS.
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Título da brochura: “Áreas marinhas protegidas da costa alentejana”.
Subtítulo da brochura: “Estudos científicos sobre os seus efeitos – o projeto PROTECT”.
Autores da brochura: João J. Castro, Pedro Raposo de Almeida, José Lino Costa, Bernardo Quintella, Teresa Cruz, Nuno Castro, Tadeu Pereira, André Costa.
Outros investigadores do projeto: Ana Filipa Belo, Ana Filipa Silva, António Fernandes, David Jacinto, Filipe Romão, Joana Manique, Joana Sertório, Maria João Tavares, Maria José Costa, Nélia Penteado, Nuno Mamede, Rita Reis, Sílvia Pedro, Susana Celestino, Teresa Silva, Vera Viegas.
Agradece-se às pessoas e entidades que colaboraram no desenvolvimento do projeto PROTECT, como a Capitania do Porto de Sines, a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, as empresas ECOALGA e SEEMARSINES, e vários pescadores da costa alentejana e alunos das Universidades de Évora e de Lisboa.
Edição: GOBIUS Comunicação e Ciência 2014Tiragem: 1000 exemplares
DL: 376938/14 ISBN: 978-989-97260
ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS DA COSTA ALENTEJANAEstudos científicos sobre os seus efeitos –
o projeto protect
CENTRO DE OCEANOGRAFIA
Cofinanciamento Promoção Parceria
PROTECT Brochura Capa_AF.indd 1 20/06/14 16:42
1protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Caraterização de capturas e atividades pesqueiras
• Avaliaçãodoesforçodepescaedas capturase rejeiçõesatravés de observações diretas de atividades de pescacomercialelúdica,edeinquéritosdiretosapescadores.
Avaliação da abundância e distribuição de recursos pesqueiros
• Estudodaabundância,distribuiçãoeestruturadimensionalde peixes e mariscos com maior interesse para a pescacomercial e lúdica através de censos visuais diretosem fundos rochosos entre marés e permanentementeimersos, e de ações de pesca experimental em fundosrochososearenosos.EsteestudoincidiunasAMPdaIlhadoPessegueiroedoCaboSardão,considerandoáreasdecontrolo(nãoprotegidas)adjacentesanorteeasul.
• Marcaçãodepeixes(sargos,safiosemoreias)naAMPdaIlhadoPessegueiroparaavaliarasuafidelidadeespacial,osseusmovimentosealigaçãoentreáreas.
NaáreamarinhadoParqueNaturaldoSudoesteAlentejanoe Costa Vicentina (PNSACV), que se estende até 2 km dalinha de costa, foram criadas em 2011 áreas de proteção(áreasmarinhas protegidas -AMP) onde a pesca é total ouparcialmenteinterdita,eondeoutrasatividadeshumanassãocondicionadas.
Na restante área marinha do PNSACV, designada por áreade proteção complementar, bem como em áreas marinhasadjacentes, a pesca é regularmente exercida com finscomerciais,delazeroudesubsistênciaalimentar,epodeserintensa em determinados períodos e locais. Nalgumas AMPdeste parque, como as da Ilha do Pessegueiro e do CaboSardão,situadasnacostaalentejana,apescalúdicaéinterditadesde2009.
Considerandoestaproteçãomarinha,podemosfazerperguntascomoasseguintes:
•que efeitos tem esta proteção no ambiente marinho e na pesca?
•esta proteção aumenta a quantidade e o tamanho dos peixes e dos mariscos nas AMP?
•e no exterior das AMP, estes efeitos também se fazem sentir?
OprojetoPROTECT,desenvolvidoentre2010e2014,pretenderesponderaestasperguntasatravésdeestudoscientíficosqueavaliem os efeitos da proteçãomarinha na costa alentejanadoPNSACV(maisinformaçõesemwww.protect.uevora.pt).
OprogramaPROMARcofinanciouoprojetoPROTECT,queépromovidopelaUniversidadedeÉvoraatravésdoLaboratóriodeCiênciasdoMar,comaparceriadasseguintesentidades:a Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade deLisboa, através do Centro de Oceanografia, e a Associaçãode Armadores da Pesca Artesanal e do Cerco do SudoesteAlentejanoeCostaVicentina.
Esta brochura pretende apresentar os principais resultadosdeste projeto, nomeadamente dos obtidos nos seguintesestudos.
CostaalentejanadoPNSACVeAMPdaIlhadoPessegueiroedoCaboSardão(áreasdeproteçãoparcialdotipoI,segundoorespetivoPlanodeOrdenamento);fotografiasdeJJCastro.
Inquéritoaapanhadordemariscono litoral rochosoalentejano;fotografiadeJJCastro.
INTRODUÇÃO
PROTECT Brochura 4.indd 1 20/06/14 16:18
2 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Caraterização de capturas e atividades pesqueiras – pesca comercialQuantas embarcações de pesca profissional operam na costa alentejana do PNSACV, que artes utilizam e com que frequência? Qual o esforço de pesca exercido pelas mesmas? Que quantidade de pescado é capturada, vendida e rejeitada por essa frota? Que espécies são mais capturadas, vendidas e rejeitadas?
Obtiveram-sedadosoficiaisdaDGRMsobreafrotadepescaa operar na região (tipo de embarcação, artes utilizadas eporto de registo). Realizaram-se entrevistas a 78 mestresde embarcações de pesca comercial nos diferentes portosdepescadaregiãoparadeterminaraáreadefaina,asartesde pesca utilizadas e a sua sazonalidade, e averiguar a suadisponibilidadeparacolaborarnoestudo.
Medianteaanálisedessainformação,determinou-sequaisasembarcaçõesqueoperavamna costa alentejanadoPNSACVe que artes utilizavam, considerando os seguintes gruposde artes: armadilhas (de abrigo e gaiola); redes (emalho etresmalho);palangre(linhaeanzol,canaeaparelho),cercoemultiartes(maisdoqueumdosreferidosgrupos).
Pararecolhermaisinformaçõessobreasatividadespesqueirasna costa alentejana do PNSACV e respetivas capturas erejeições,realizaram-seinquéritosaosmestresquemostraramreceptividade em colaborar e observações a bordo das suasembarcações.Aamostragemfoiseparadaemtermostemporais(verãomarítimo, de abril a setembro; invernomarítimo, deoutubroamarço)eespaciais(áreanorte-entreSineseCaboSardão, amostrada em 2011/2012; e área sul - entre o CaboSardãoeaRibeiradeOdeceixe,amostradaem2012/2013).
Em cada área, selecionaram-se as embarcações a amostrartendoemcontaasartesdepescautilizadas(24naáreanorte;8naáreasul).Realizaram-seinquéritostelefónicosquinzenais(totalde391)paraobterinformaçõessobreonúmerodediasde pesca realizados na costa alentejana do PNSACV, artesempreguesequantidadescapturadasporespécie.Observaram-seas capturase rejeiçõesdepescadoefetuadasabordodasembarcaçõesacercadasquaisseobteveportelefoneareferidainformaçãoquinzenal(56naáreanorte;18naáreasul),tendosidotambémobtidainformaçãoacercadopescadodestinadoàprimeiravendaemlota.
Calculou-seototaldepescadocapturado,porgrupodearteeépocadepesca,multiplicandoosvaloresmédiosobservadosnosembarquesemcadaáreapelonúmeromédiodediasdepescacomessetipodearteemigualáreaeperíodo,segundoosinquéritosquinzenais.
Afrotaaoperarnaáreanorte,entreSineseoCaboSardão,foi mais numerosa que na área sul. As duas áreas foramdominadasporembarcaçõesmultiartes,queutilizavamartesdepescadosváriosgruposconsiderados.
Asartesdepescautilizadaspormaisembarcaçõesemtodaaregiãosãoopalangre(64),asarmadilhas(59)easredes(52).
LocalizaçãodasobservaçõesefetuadasabordodeembarcaçõesdepescacomercialnacostaalentejanadoPNSACV(azul–áreanorte;vermelho–áreasul).
Número de embarcações em atividade
2
43
17
81
19
Umgrupodeartes Multiartes Total
38
Norte Sul
Número de embarcações em atividade por arte de pesca
Armadilhas RedesPalangre Cerco
13
46
17
47
12
40
011
Norte Sul
Número médio de dias de pesca por embarcação, arte, área e época
Armadilhas RedesPalangre Cerco Total
NorteInverno NorteVerão SulInverno SulVerão
5
6340
98
121940
12 29134628
02 0146
97126139
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3protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Norte SulInverno Verão Inverno Verão Total
Armadilhas Capturas 123,2 306,9 3,4 18,1 451,6Vendas 88,1 262,0 3,0 14,3 367,4Rejeições 35,1 44,9 0,5 3,8 84,3
Redes Capturas 33,5 33,3 9,8 5,9 82,5Vendas 29,5 29,3 8,5 4,9 72,2Rejeições 4,0 4,0 1,3 1,0 10,3
Palangre Capturas 16,6 3,9 0,6 5,4 26,5Vendas 13,5 3,5 0,6 5,4 23,0Rejeições 3,1 0,4 0,0 0,0 3,5
Cerco Capturas 0,0 64,0 0,0 0,0 64,0Vendas 0,0 61,0 0,0 0,0 61,0Rejeições 0,0 3,0 0,0 0,0 3,0
Estimativa de peso total capturado, vendido e rejeitado por arte, área e época de pesca (toneladas, peso fresco).
Fotografias:VeraViegas
Na área norte, a soma do número médio de dias de pescaestimado por embarcação foi de 97 e 139 no inverno everão marítimos, respetivamente. Na área sul, os valorescorrespondentes foram de 46 e 126. No respeitante a estesvalores,asdiferençasentreáreasforammaioresnoinverno,possivelmente devido às piores condições de abrigo que osportosasuldeSinesconferemnestaépoca,relativamenteàsdadas pelo porto de pesca de Sines. As armadilhas e redesforamas artesdepescamais frequentementeutilizadasnasáreasnorteesul,respectivamente.
Asarmadilhaseasredessãoasartesquefornecerammaiorquantidadedepescado.Ascapturas forammais importantesnaáreanorte,devidoaomaioresforçodepescadesenvolvidonesta área (maiornúmerodeembarcações ediasdepesca).Nas duas áreas, as capturas forammais elevadas no verão,épocaemqueascondiçõesatmosféricasemarítimassãomaisfavoráveisepermitemexerceraatividadedepescaemmaisdias.
Estimou-sequeoperaramnaáreamarinhadacostaalentejanadoPNSACV 100embarcaçõesdepesca comercial.As artesmais utilizadas são as armadilhas, o palangre e as redes. Oesforçodepescafoimaisintensonoverão,emqueasomadonúmerodediasdefainaporembarcaçãofoide139e126nasáreasnortee sul, respetivamente, tendo sidode97e46noinverno.Calculou-sequetenhamsidocapturadasanualmentena costa alentejana do PNSACV cerca de 625 toneladas depescado.Asespéciesmaiscapturadasevendidasforam:polvoe safio (armadilhas), abrótea e corvina (redes), abrótea epargo(palangre),ecavalaesardinha(cerco).Asespéciesmaisrejeitadas, por seu turno, foram: polvo e safio (armadilhas),cavala e rascasso (redes), safio e garoupinha (palangre), ecarapauecavala(cerco).
Capturas
outros[n=19]3%
moreia1%
abrótea2%
safio7%
polvo87%
Rejeições
polvo52%
safio43%
outros[n=12]3%
choupa1%
garoupinha1%
Armadilhas
Capturas
Redes
outros[n=53]54%
safia7%
rascasso10%
abrótea14%
corvina15% cavala30%
rascasso13%
outros[n=51]44%
bodião6%
santola7% Rejeições
Capturas Rejeições
Palangre
outros[n=18]41%
robalo11%
sargo14%
pargo16%
abrótea18% safio59%
garoupinha16%
outros[n=4]6%
safia4%
sargo15%
Capturas Rejeições
Cerco
cavala46%
sardinha43%
carapau11%
boga1%
carapau93%
cavala6%
peixeagulha<1%
Pescado capturado com diferentes artes de pesca e rejeitado –percentagemporpeso(n-númerodeespéciesdepeixeoumarisco).
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4 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Caraterização de capturas e atividades pesqueiras– pesca lúdicaQual a intensidade e o rendimento da pesca no litoral rochoso alentejano? Os seus valores são diferentes dentro e fora do PNSACV?
Pararesponderaestasperguntasecaraterizarascapturaseatividadesdepesca lúdica, foramfeitas observaçõesdiretasde atividades de pesca em várias áreas do litoral rochosoalentejano,emperíodosdebaixa-mardemarésvivasecomomarpoucoagitado,eforaminquiridaspessoasquepescavamnestelitoral(inquéritosdiretosrealizadosanualmente,entre2011e2014).
Amaioriadospescadoresinquiridosafirmouqueestaatividadeé importanteparao seu lazer (cercade67%)ealimentação(cerca de 63%), tendo sido poucos (cerca de 6%) os queafirmaramqueiamvenderparteouatotalidadedopescadocapturado(resultadosde276inquéritos).
A intensidade(númerodepescadores)variouentreasáreasamostradas,masnãofoisignificativamentediferentedentroeforadoPNSACV,considerandoasobservaçõesefetuadasentre2011e2013,emdiasúteisenãoúteis,eemdiferentesestaçõesdo ano. Emdias úteis do verão de 2013, o número total depescadores por km de linha de costa foi, emmédia, de 2,1emáreasdoPNSACVede1,6emáreasdeforadesteparque,emboraestadiferençanãosejaestatisticamentesignificativa.
Considerando as duas atividades de pesca que são maisfrequentes e envolvem mais pessoas no litoral rochosoalentejano-omarisqueioeapescaàlinha-,oseurendimentonão foi diferente dentro e fora do PNSACV (resultados de227 inquéritos). A duração média destas atividades foi decercade2,1 (marisqueio, 88 inquéritos) e2,6 (pescaà linha,38 inquéritos) horas, segundo informações obtidas junto depescadoresque tinham terminado a sua atividadeno litoralrochosoalentejano.
Cabo de Sines
Vale Marim
Amoreiras/Casca/Oliveirinha
Burrinho/Porto Covo
Nascedios
Almograve
Áreasdolitoralrochosoalentejanoondeforamfeitasobservaçõesdiretasdeatividadesdepescaeinquéritosapescadores(amarelo–áreasexterioresaoPNSACV;laranja–áreasdoPNSACV).
Fotografias:JJCastro
20
0
Amoreiras/Casca/
Oliveirinha
Burrinho/PortoCovo
CabodeSines ValeMarim
N.o depescadoresporkm
Diasúteis,2013-númerototaldepescadores(média+erropadrão;n=3)
20
0
N.o depescadoresporkm
Diasnãoúteis,2013-númerototaldepescadores(média+erropadrão;n=3)
5
0
N.o depescadoresporkm
Diasúteis,verãode2013-númerototaldepescadores(média+erropadrão;n=7)
10
0
N.o depescadoresporkm
Diasnãoúteis,inverno-númerototaldepescadores(média+erropadrão;n=4)
1,5
0
N.o depescadoresporkm
Marisqueio-pescadoobtidoporpescadoreporhora(média+erropadrão)
0,4
0
N.o depescadoresporkm
Pescaàlinha-pescadoobtidoporpescadoreporhora(média+erropadrão)
CabodeSines
ValeMarim
Amoreiras/Casca/
Oliveirinha
Burrinho/PortoCovo
Nascedios Almograve
2011 2012 2013
foradoPNSACV(n=49)
PNSACV(n=88)
foradoPNSACV(n=50)
PNSACV(n=40)
Amoreiras/Casca/
Oliveirinha
Burrinho/PortoCovo
CabodeSines ValeMarim
InvernoPrimaveraVerãoOutono
InvernoPrimaveraVerãoOutono
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5protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Os pescadores comerciais e lúdicos com atividade na costa alentejana do PNSACV sabem que em 2011 foram aplicadas medidas de gestão da pesca neste parque, como a criação de AMP?
Estes pescadores concordam com a criação destas AMP? Esta proteção afeta negativamente a sua atividade de pescador? Como classificam a gestão da área marinha do PNSACV? Deveria haver maior participação pública nesta gestão?
Pararesponderaestasperguntas,foramdiretamenteinquiridospescadores comerciais que trabalhavam em embarcações apartirdeportosdacostaalentejanadoPNSACV,epessoasquepescavamnolitoralrochosoalentejano,amaioriadasquaisofaziaparaoseulazerealimentação(veracima).
Em 2012 e 2013 foram inquiridos 77 pescadores comerciaiscujasembarcaçõesoperavamsobretudoapartirdosseguintesportos (número de pescadores inquiridos): Sines (45), VilaNovadeMilfontes (18),ZambujeiradoMar (1) eAzenhadoMar(13).
De2011 a 2014, foram feitos 264 inquéritos apescadoresdolitoralrochosoalentejano,entreoCabodeSineseAlmograve(númerodeinquéritosefetuados):2011(79),2012(75),2013(58)e2014(52).
Amaioriadospescadoresinquiridossabiaqueem2011foramcriadasAMPnoPNSACVeconcordoucomestamedida,emboraalgunspescadores,comerciaiselúdicos,tenhamafirmadoquedesconheciamasuaaplicação.Ospescadoresquediscordaramcom a criação de AMP no PNSACV apresentaram diversasrazões para a sua opinião, tendo sido comum a referênciaao aumento do número de pescadores em áreas de pesca eà ineficácia desta proteção, devido sobretudo à ocorrênciadepescafurtivanasAMP.Osqueafirmaramconcordarcomestaproteçãojustificaramfrequentementeasuaopiniãocompotenciaisbenefíciosaoníveldosrecursospesqueiros.
A insatisfação dos pescadores em relação à gestão da áreamarinha do PNSACV foi apresentada pela maioria dospescadores comerciais inquiridos, tendo a respetiva opiniãode pescadores lúdicos sido mais variável. Ao aumento daparticipaçãopúblicanestagestãofoifavorávelamaioriadospescadores inquiridos, tendo sido referido com frequênciaque deveria haver um maior envolvimento das autarquiase das associações de pescadores, designadamente através dacogestão.
Opinião de pescadores sobre a gestão da área marinha do PNSACV
Conhece as medidas de gestão de pesca aplicadas no PNSACV em 2011?
SIM66%
NÃO 29%
Mais ou menos5%
Pescadorescomerciais(77inquéritos)
Sabe que em 2011 foram criadas AMP no PNSACV?
SIM82%
NÃO 16%
Não sabe / Não responde2%
Pescadoreslúdicos(185inquéritos)
A criação destas AMP afeta negativamente a sua atividade de pescador no PNSACV?
Não63%
Não sabe / Não responde12%
SIM 25%
Pescadoreslúdicos(171inquéritos)
50 500
Pescadorescomerciais(77inquéritos)
Na sua opinião, a gestão da área marinha do PNSACV tem sido:
muitoboa satisfatória insatisfatória muitomá nãosabe/nãoresponde
Pescadoreslúdicos(189inquéritos)
Deveria haver maior participação pública na gestão da área marinha do PNSACV?
SIM86%
SIM77%
NÃO 5%
Não sabe / Não responde18%
NÃO 14%
Pescadorescomerciais(77inquéritos) Pescadoreslúdicos(189inquéritos)
Concorda com a criação de AMP no PNSACV?
SIM66%
NÃO 34%
Pescadorescomerciais(77inquéritos)
NÃO 33%SIM
55%
Não sabe / Não responde12%
Pescadoreslúdicos(179inquéritos)
Concorda com a criação destas AMP no PNSACV?
PROTECT Brochura 4.indd 5 20/06/14 16:18
6 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Avaliação da abundância e distribuição de recursos pesqueiros – censos em fundos rochososOs peixes e mariscos são mais abundantes e maiores em fundos rochosos das AMP? Estes efeitos também se fazem sentir fora das AMP, e mudaram desde a criação das AMP em 2011?
Para responder a estas perguntas, a abundância, a distribuiçãoe o tamanhodepeixes emariscos commaior interessepara apescacomercialelúdicaforamavaliadosatravésdecensosvisuaisdiretos em fundos rochosos entre marés e permanentementeimersos (com baixa profundidade, junto ao litoral, ou comprofundidademédiade10m).Tambémforamestudadasespéciesde peixes com interesse reduzido ou nulo para a pesca (porexemplo,peixescrípticos,comopequenoscabozesebodiões),demodoaavaliareventuaisefeitos indiretosdareferidaproteção.EsteestudoincidiunasAMPdaIlhadoPessegueiroedoCaboSardão,eutilizouáreasdecontroloadjacentesanorteea sul,localizadasforadasAMP,masnoPNSACV.Naamostragemdasdiferentesáreasforamescolhidoslocaiscomcaraterísticasfísicassemelhantes,porexemplonorespeitanteàdominânciadefundosrochosos,àexposição,àondulação,aodecliveeàirregularidadedo fundo. Estas semelhanças físicas foram comprovadas comanálises estatísticas nalguns casos (por exemplo, na análise decomunidades de peixes). A escala espacial do local (dezenas acentenasdemetros,consoanteoscasos)foiutilizadanamaioriadasanálises.
Considerando uma determinada espécie ou um determinadoconjunto de espécies, a comparação das áreas amostradas foiefetuadacomonúmero totalde indivíduos,eo tamanhoouonúmerototaldeindivíduoscomtamanhocomercialobservados.
Atravésdediversasanálisesestatísticas,nãoforamencontradosefeitossignificativosdestaproteçãonaquasetotalidadedoscasosestudados.Estesefeitosforamapenasencontradosnaanálisedacomunidadedepeixescrípticos,cujaabundânciafoigeralmentemenoselevadanasAMPestudadas(IlhadoPessegueiroeCaboSardão).Estamenorabundânciadepeixes crípticosnasAMPpodeserdevidaaumamaiorabundânciadepeixescommaiordimensão, seus potenciais predadores, como foi observadonoutrasAMP.Noentanto,naanálisedacomunidadedepeixesnãocrípticos,geralmentecommaiordimensão,estesefeitosnãoforamsignificativos.Poroutrolado,aanálisedacomunidadedepeixes crípticosnão reveloudiferenças significativasentreosanosamostrados(2011e2012).
Estes resultados podem ser devidos ao facto de que a proteção analisada é bastante recente. É necessário continuar a analisar estes efeitos, de modo a avaliar a evolução e o sucesso da proteção marinha implementada na costa alentejana do PNSACV.
Censo visual de peixes em fundorochoso através de mergulho comescafandro autónomo (fotografia de TSilva).
Medição de uma navalheira (Necora puber) capturada em fundo rochosojuntoaolitoralatravésdemergulholivre(fotografiadeJJCastro).
Amostragem da abundância e dotamanho de lapas em níveis inferioresentremarés(fotografiadeJJCastro).
Ouriço-do-marParacentrotus lividus (fotografiadeNMamede).
NavalheiraNecora puber (fotografiadeNMamede).
Polvo-vulgar Octopus vulgaris(fotografiadeNMamede).
Exemplares de safia (Diplodus vulgaris), um peixe não críptico(fotografiadeNMamede);
Caboz da espécie Parablennius pilicornis,umpeixecríptico(fotografiadeNMamede).
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7protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Foram encontrados efeitos da proteção das AMP na abundância e no tamanho de peixes e mariscos de fundos rochosos?(-nãoanalisado;AMC-alturamáximadaconcha;CMC-comprimentomáximodaconcha;DE–diâmetroequatorial;LMC–larguramáximadacarapaça)
AMOSTRAGEM RESULTADOS
Habitat Profundidade Espécie(s) Períodos AMP Áreasdecontrolo
Númerototaldeindivíduos
Indivíduoscomtamanhocomercial Abundânciaecomposiçãodediversasespécieseclassesde
tamanho(comunidade)Númerototal Tamanho
Entremarés
Níveissuperiores
Burriés(Phorcus;
Gibbula)
2011e2012/13Queimado(Ilhado
Pessegueiro)
OliveirinhaBurrinhoQueimadoAlmograve
Não(AMC≥10mm)
Não(AMC≥12mm)
Não(AMC≥12mm) -
Níveisinferiores
Lapas(Patella) NãoNão
(CMC≥20mm)Não
(CMC≥20mm) -
Ouriço-do-mar(Paracentrotus
lividus)2011e2012
Queimado(IlhadoPessegueiro)CaboSardão
OliveirinhaBurrinhoQueimadoNascediosAlmograveC.Inácio
P.N.SenhoraAlteirinhos
NãoNão
(DE≥50mm)Não
(DE≥50mm) -
Perm
anentementeim
erso
Baixaprofundidade,
juntoaolitoral
Ouriço-do-mar(Paracentrotus
lividus)-
Não(DE≥50mm)
Não(DE≥50mm) -
Navalheira(Necora puber)
2011,2012e2013
NãoNão
(LMC≥50mm)Não
(LMC≥50mm) -
Polvo-vulgar(Octopus
vulgaris)Não
Não(≥750g) - -
Profundidademédiade10m
Mariscosepeixes(emfrestas*)
2011e2012IlhadoPessegueiro
CaboSardão
BurrinhoPortoCovoAivados
M.CompridoP.PercebeiraP.Amália
Não Não - Não
Peixescrípticos(21espécies)
Não - - Sim
Peixesnãocrípticos(30espécies)
Não Não - Não
*Espéciesdemariscoepeixeamostradasemfrestasdefundosrochososcomprofundidademédiade10m:bruxa(Scyllarus arctus),moreia(Muraena helena),navalheira(Necora puber),polvo-vulgar(Octopus
vulgaris),safio(Conger conger)esantola(Maja brachydactyla).
Oliveirinha Burrinho N
Nascedios
Almograve N
Burrinho S
Queimado S Queimado N
Queimado
Almograve S
Cabo Sardão N
Cabo Sardão S
Cerca do Inácio Praia de Nossa Senhora
Alteirinhos N Alteirinhos S
Burrinho
Medo Comprido
Porto Covo Ilha do
Pessegueiro
Aivados
Cabo Sardão
Pedra da Percebeira
Praia da Amália
Áreasondeforamfeitoscensosvisuaisdiretosemfundosrochosos:azul–AMPdaIlhadoPessegueiro;verde–AMPdoCaboSardão;laranja–áreasdoPNSACVexterioresàsAMP(áreasdecontrolo).Àesquerda,áreasamostradasemfundosentremarésoucombaixaprofundidade.Àdireita,áreasamostradasemfundoscomprofundidademédiade10m.
PROTECT Brochura 4.indd 7 20/06/14 16:18
8 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
No respeitante ao número de peixes por espécie e ao número de espécies, as capturas efetuadas nas AMP não apresentaram diferenças importantes em relação às efetuadas nas áreas de controlo adjacentes.
Os efeitos da proteção foram apenas notórios no caso do tamanho dos linguados capturados com uma das artes utilizadas (arrasto de portas), tendo sido observados exemplares maiores nas AMP, mas apenas em 2013, o ano amostrado mais distante do início desta proteção.
Como foi acima referido, estes resultados podem ser devidos à reduzida idade da proteção analisada, sendo necessário continuar a analisar estes efeitos, de modo a avaliar a evolução e o sucesso destas medidas na costa alentejana do PNSACV.
Avaliação da abundância e distribuição de recursos pesqueiros – pesca experimental com redes e arrastoUtilizando artes de pesca comercial, capturam-se peixes em maior quantidade e com maior tamanho nas AMP? Estes efeitos também se fazem sentir fora das AMP, e mudaram desde a criação das AMP em 2011?
Pararesponderaestasperguntas,utilizaram-seredesdetresmalhoeumarrastodeportasparaavaliaraabundânciaeotamanhodepeixesemfundosrochososearenosospermanentementeimersos.Esteestudo incidiunasAMPda IlhadoPessegueiroedoCaboSardão, e utilizou áreas de controlo adjacentes a norte e a sul,localizadasforadasAMP,masnoPNSACV.Asáreasdeamostragemforamdistribuídasnumaregiãonorte,queincluiaAMPdaIlhadoPessegueiro,enumaregiãosul,queincluiaAMPdoCaboSardão.Emcadaregião,foramassimamostradastrêsáreas:umanaAMP,umaanorteeoutraasul.
A região norte foi amostrada com redes de tresmalho e umarrastodeportas.Naregiãosul,aamostragemfoifeitacomredesdetresmalho,nãotendosidoencontradosfundosarenososcomextensãosuficienteparaautilizaçãodoarrasto.Naamostragemcomredesdetresmalho,foramusadasemcadaáreaquatrocaçadasde200mdecomprimentocada(duasemfundosrochososeduasemfundosarenosos),duranteanoiteenumperíodomínimode12horas.Aamostragemcomarrasto,efetuadaemfundosarenosos,incluiuemcadaáreaarealizaçãodetrêsarrastosde15minutoscada,feitosgeralmentedas06:00às14:00horas.Aprofundidadedosfundosamostradosvariouentre15e25m.
Foramrealizadasquatrocampanhasdeamostragememperíodosdeverãoeinvernomarítimo(verãomarítimo,deabrilasetembro;invernomarítimo,deoutubroamarço):duasem2011/2012(agostode2011efevereirode2012)eduasem2013(agostoedezembro).
Capturaram-se61espéciesdepeixe:49naregiãonortee40naregiãosul.
Considerando na mesma análise estatística as diversas espéciescapturadaseorespetivonúmerodeexemplarescapturados,quercomredesdetresmalho(emfundosarenososourochosos),quercomarrastodeportas,nãoforamencontradosefeitossignificativosdaproteção.
Do mesmo modo, noutras análises estatísticas, o número totalde espécies e exemplares capturados com as diferentes artesutilizadas não foi significativamente influenciado pela proteçãodasAMPestudadas.Considerando a amostragemcom redesdetresmalho,onúmero totaldeexemplarescapturadosaumentousignificativamentede2011/2012para2013.
No que diz respeito ao tamanho de espécies com interessecomercial,foramencontradosefeitossignificativosdaproteçãonocasodoslinguadoscapturadoscomarrastodeportas.Estesefeitosforamsignificativosem2013,quandoforamcapturadoslinguadosmaiores nas AMP. Considerando a amostragem com redes detresmalho,osexemplaresdesargocapturadosem2011/2012foramsignificativamente maiores que em 2013, tendo-se verificado oopostonascapturasderaiaselinguados.
Áreasdeamostragemcomartesdepescacomercial:azul–AMPdaIlhadoPessegueiro;verde–AMPdoCaboSardão;laranja–áreasdoPNSACVexterioresàsAMP(áreasdecontrolo).
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9protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Tamanho(valormédio+desviopadrão)dealgumasespéciesdepeixescominteressecomercialemcadaregiãoamostrada:sargo–Diplodus sargus;safia–Diplodus vulgaris;bodião–Labrus bergylta;salmonete–Mullus surmuletus;raias–Raja;linguados–Solea;verão–verãomarítimo;inverno–invernomarítimo;azul–AMPdaIlhadoPessegueiro;verde–AMPdoCaboSardão;laranja–áreasdoPNSACVexterioresàsAMP(áreasdecontrolo).
Númerototaldeespéciesedeexemplares(valormédio+desviopadrão)capturadosemcadaregiãoamostrada:verão–verãomarítimo;inverno–invernomarítimo;azul–AMPdaIlhadoPessegueiro;verde–AMPdoCaboSardão;laranja–áreasdoPNSACVexterioresàsAMP(áreasdecontrolo).
RegiãoNorte|Arrastodeportas
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Núm
erodeespécies 20
0
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Núm
erodeexemplares 50
0
RegiãoNorte|Arrastodeportas
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Núm
erodeespécies 20
0
RegiãoSul|RedesdeTresmalho
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Núm
erodeexemplares 50
0
RegiãoSul|RedesdeTresmalho
Núm
erodeespécies 20
0
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
RegiãoNorte|RedesdeTresmalho
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Núm
erodeexemplares 50
0
RegiãoNorte|RedesdeTresmalho
Comprimentoto
tal(cm
) 40
20
Sargo|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
40
20
Sargo|RegiãoSul|RedesdeTresmalho
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
Verão2011
Inverno2012
Verão2013
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
35
15
Safia|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
35
15
Safia|RegiãoSul|RedesdeTresmalho
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Bodião|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho40
25Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Bodião|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho40
25Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Bodião|RegiãoSul|RedesdeTresmalho40
25Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Salmonete|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho40
20 Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Salmonete|RegiãoSul|RedesdeTresmalho40
20Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Comprimentoto
tal(cm
)
Raias|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho100
30Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Raias|RegiãoSul|RedesdeTresmalho100
30 Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Comprimentoto
tal(cm
)
Linguados|RegiãoNorte|RedesdeTresmalho45
10 Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
45
10
Linguados|RegiãoSul|RedesdeTresmalho
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Raias|RegiãoNorte|Arrastodeportas100
30 Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)Linguados|RegiãoNorte|Arrastodeportas45
10 Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(IlhadoPessegueiro) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
Bodião|RegiãoSul|RedesdeTresmalho40
25
Inverno2013
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Verão2011
Verão2013
Inverno2012
Inverno2013
AMP(CaboSardão) Áreasdecontrolo
Comprimentoto
tal(cm
)
PROTECT Brochura 4.indd 9 20/06/14 16:18
10 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Considerando uma determinada espécie ou um determinadoconjunto de espécies, a comparação das áreas amostradas foiefetuadacomonúmeroouopesototaldeindivíduos,eonúmeroouopesototaldeindivíduoscomtamanhocomercialcapturados.
Através de diversas análises estatísticas, não foram encontradosefeitossignificativosdestaproteçãonaquasetotalidadedoscasosestudados.Estesefeitosforamapenasencontradosnaanálisedopesototaldeindivíduoscapturadoscompescaapartirdeterra,quefoimaiselevadonaAMPestudada(IlhadoPessegueiro).
Como acima foi referido, estes resultados podem ser devidos ao facto de que a proteção analisada é bastante recente. É necessário continuar a analisar estes efeitos, de modo a avaliar a evolução e o sucesso da proteção marinha implementada na costa alentejana do PNSACV.
Avaliação da abundância e distribuição de recursos pesqueiros – pesca experimental com linha, anzol e canaUtilizando linha, anzol e cana, capturam-se peixes em maior quantidade e com maior tamanho nas AMP? Estes efeitos também se fazem sentir fora das AMP, e mudaram desde a criação das AMP em 2011?
Pararesponderaestasperguntas,utilizaram-setécnicasdepescaàcana,comlinhaeanzol,habitualmenteusadasporpescadoreslúdicos,comvistaaavaliaraabundânciaeotamanhodepeixesemfundos rochosospermanentemente imersos. Este estudo incidiunasAMPdaIlhadoPessegueiroedoCaboSardão,eutilizouáreasdecontroloadjacentesanorteeasul,localizadasforadasAMP,masnoPNSACV.
Aamostragemfoi feitaapartirde terraedeumaembarcação,por diversos pescadores experientes neste tipo de pesca econhecedores da região.Na amostragem apartir de terra, cadapescador engodou e iscou com sardinha fresca durante cercade90minutosporárea,emtrêsperíodosdejulhoanovembro
Áreas de amostragem com linha, anzol e cana: azul – AMP da Ilha doPessegueiro;verde–AMPdoCaboSardão;laranja–áreasdoPNSACVexterioresàsAMP(áreasdecontrolo).Àesquerda,áreas amostradasapartirde terra.Àdireita,áreasamostradasapartirdeumaembarcação.FotografiasdepescaexperimentalemediçãodeexemplaresporJJCastro.
Foram encontrados efeitos da proteção das AMP na abundância e peso do pescado experimentalmente capturado com linha, anzol e cana?
AMOSTRAGEM RESULTADOS
Atividade Profundidade Períodos AMP Áreasdecontrolo
Númerototaldeindivíduos
Pesototaldeindivíduos
Indivíduoscomtamanhocomercial
Abundânciaecomposiçãodediversasespécieseclassesde
tamanho(comunidade)
Númerototal Pesototal Númerototal Pesototal
Pescaa
partirde
terra Baixa
profundidade,juntoaolitoral
2013Ilhado
Pessegueiro
SamouqueiraCaniceiraQueimadoMalhão
Não Sim Não Não Não Não
Pescaapartirdeum
aem
barcação
Profundidademédiade17,6m
2012e2013(verão)
IlhadoPessegueiro
BurrinhoPortoCovoAivadosNAivadosS
Não Não Não Não Não Não
2013(verão)
IlhadoPessegueiro
eCaboSardão
BurrinhoPortoCovoAivadosNAivadosSL.PombasP.CarracaP.BarcasC.Inácio
Não Não Não Não Não Não
Samouqueira
Caniceira
Queimado
Caniceira
Queimado
Malhão
Burrinho
Lapa das Pombas
Porto Covo
Ilha do
Pessegueiro
Aivados N
Cabo
Sardão
Porto das Barcas Cerca do Inácio
N
S
Aivados S
Ponta da Carraca
N
S
de 2013. A amostragem a partir de uma embarcaçãofoi feita com iscos frescos (camarão, lula, amêijoa, ououtros),naqualcadapescadoratuoudurantecercade60minutosporárea,noverãode2012e2013,emquatroperíodosescolhidosaleatoriamenteemcadaano,eemfundoscom7,5a27mdeprofundidade(profundidademédia de 17,6m). Logo após a captura, cadapeixe ouinvertebradofoiidentificadoatéàespécieemedidooupesado,respetivamente.OpescadocapturadonasAMPfoidevolvidoaomar,logoapósasuamediçãoesemprequeasuarecuperaçãofoipossível.Opesodecadapeixecapturadofoiestimadoatravésdarelaçãocomprimento-pesodeterminadaparaasuaespécieedimensão.
Foramcapturadas14espéciesdepeixenapescaapartirdeterra,e24espéciesdepeixeeumademarisco(polvo-vulgar)napescaapartirdeumaembarcação.Noprimeirotipodepesca,asespéciesmaiscapturadassão,porordemdecrescentedeabundância,osargo(Diplodus sargus),orobalo(Dicentrarchus labrax)easafia(Diplodus vulgaris).Pela mesma ordem, as espécies mais capturadas napescaapartirdeumaembarcaçãosãoasafia,achoupa(Spondyliosoma cantharus)eacavala(Scomber colias).
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11protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
Avaliação da abundância e distribuição de recursos pesqueiros – telemetria acústica e marcação convencionalPeixes como sargos, safias, moreias e safios permanecem muito tempo na AMP da Ilha do Pessegueiro? Como se deslocam entre diferentes zonas desta área?O que fazem nessas zonas?Quando saem da AMP, vão para onde?Depois de saírem da AMP, voltam?
Telemetriaacústica
Para responder a estas perguntas, colocaram-se 20 recetoresacústicosautomáticossubaquáticosemposiçõesfixasnaAMPdaIlhadoPessegueiroemjulhode2012paramonitorizaçãodosmovimentosdossargos.Capturaram-senestaárea19sargos(Diplodus sargus),nosquais foramcolocados transmissoresacústicosquepermitemidentificar a suaposição a cada60 segundos.Emseguida, foramlibertadosemonitorizadospelosrecetoresacústicosduranteoverãode2012.Aofimdedoismeses,osrecetoresforamrecuperadoseos seus dados foram descarregados num computador. A análisedesta informação permitiu estudar em detalhe os movimentosdestespeixesnaAMPdaIlhadoPessegueiro.Noverãode2013,esteprocedimento foi repetido com 19moreias (Muraena helena) e 6safios(Conger conger),marcadoscomtransmissoresidênticose,apósarecolocaçãodos20recetoresemjulhodesteano,monitorizadosdurantedoismeses.
Deste modo, foi possível observar que os sargos marcados comtransmissores acústicos permaneceram a maior parte do tempodentrodoslimitesdaAMPdaIlhadoPessegueiro(Figura3a,páginaseguinte).Estessargosmovimentaram-separazonasmaispróximasdailhaembuscadealimentoeafastaram-seembuscadeabrigo,ondepermanecerammenostempo(figura3b,páginaseguinte).
Identificaram-se três tipos de zona desta AMP com diferenteutilizaçãopelossargosassimmarcados(figura3c,páginaseguinte):zonasdepermanência,depassagememistas.
Noquedizrespeitoàsmoreiaseaossafios,osdadosreferentesaosmovimentosepadrõesdeutilizaçãoestãoaseranalisados.
Marcaçãoconvencional
Comoobjetivodeestudarmovimentosefetuadosporsargose safias (Diplodus vulgaris) para fora da AMP da Ilha doPessegueiro,foramcapturados,eprontamentemarcadoscometiquetasdeplástico,1224peixesdestasespéciesentrejunhoeoutubrode2012e2013,numtotalde15dias,comcanadepescaeapartirdestailha.
Asetiquetasforaminseridasnodorsodospeixes,porbaixodabarbatanadorsal,tendoosmesmossidolibertadosdeimediatonolocalondeforamcapturados.
Foiefetuadaumacampanhadedivulgaçãodestatarefajuntode pescadores lúdicos e profissionais, ao longo das costasalentejanaealgarvia,comoformadesolicitarasuacolaboraçãocasorecapturassemalgumexemplarmarcado.
Destespeixesmarcados,foramrecapturadosnestaAMP28em2012,e3em2013.Foiaindarecapturado1sargoanortedestaAMPe1napraiadeFaro,noAlgarve(figura3d).
LegendasdaFigura1:a–RecetoracústicoautomáticosubaquáticoVR2w;b–ColocaçãodeumapoitadecimentocomaamarraçãodeumVR2w;c–PoitadecimentocomamarraçãodeumVR2wnoleitomarinho;d–ColocaçãodeumVR2wnaamarração;e–CapturadesargoscomcanadepescanaIlhadoPessegueiro;f–Capturademoreiasesafioscomcovos;g-Transmissoresacústicos;h–Implantaçãodeumtransmissoracústiconoabdómendeumsargo;i–Implantaçãodeumtransmissoracústiconoabdómendeumsafio;j–Implantaçãodeumtransmissoracústiconoabdómendeumamoreia;k–Libertaçãodeumsargomarcado;l–Libertaçãodeumsafiomarcado;m–Libertaçãodeumamoreiamarcada.
a b c d e f g
h i j k l m
Figura1-Telemetriaacústica
a b c d
LegendasdaFigura2:a-Marcaçãodeumsargocomumaetiquetadeplásticoatravésdeumapistolaaplicadora,depoisdetersidomedido;b–Sargomarcadocometiquetadeplástico;c–Sargocometiquetadeplásticoapóstersidolibertado;d–SargorecapturadonazonadaIlhadoPessegueiro,cercadeumanodepoisdetersidomarcadoelibertadonomesmolocal;e–Cartazdedivulgaçãodacampanhademarcaçãodistribuídojuntodepescadoreslúdicoseprofissionaisaolongodascostasalentejanaealgarvia.
Figura2-Marcaçãoconvencional
ea
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12 protect estudos científicos para a proteção marinha na costa alentejana
A AMP da Ilha do Pessegueiro tem grande importância para os sargos, que permanecem largos períodos de tempo nesta área. Deslocam-se com frequência entre zonas mais próximas, onde se alimentam, e mais afastadas da ilha, onde se refugiam.
Efetuam também deslocações entre a AMP e áreas envolventes. No entanto, alguns sargos também são capazes de efetuar maiores deslocações, como prova a recaptura de um exemplar na praia de Faro, após uma deslocação de, pelo menos, 250 km.
Legendas da Figura 3:a –Mapa da utilização espacial efetuada por umdossargosmarcados( -localizaçãodosVR2w; -zonasdeutilizaçãopreferencial; -zonasdeutilizaçãoocasional); b–Mapacomosmovimentospreferenciaisdeumdossargosmarcados,ondeaslinhasmaisgrossasindicamumamaiorfrequênciademovimentosentrezonas,eotamanhodoscírculosazuisaumentacomotempoduranteoqualomesmoexemplarpermaneceunas zonas assinaladas;c –Mapaque representa as zonasde acordo comautilizaçãoquefoifeitapelossargosmarcados( -zonasdepermanência, -zonasdepassageme -zonasmistas);d–Locaisderecapturadossargosmarcadoscometiquetasdeplástico.
Figura3-Resultados
b
a
d
c
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Título da brochura: “Áreas marinhas protegidas da costa alentejana”.
Subtítulo da brochura: “Estudos científicos sobre os seus efeitos – o projeto PROTECT”.
Autores da brochura: João J. Castro, Pedro Raposo de Almeida, José Lino Costa, Bernardo Quintella, Teresa Cruz, Nuno Castro, Tadeu Pereira, André Costa.
Outros investigadores do projeto: Ana Filipa Belo, Ana Filipa Silva, António Fernandes, David Jacinto, Filipe Romão, Joana Manique, Joana Sertório, Maria João Tavares, Maria José Costa, Nélia Penteado, Nuno Mamede, Rita Reis, Sílvia Pedro, Susana Celestino, Teresa Silva, Vera Viegas.
Agradece-se às pessoas e entidades que colaboraram no desenvolvimento do projeto PROTECT, como a Capitania do Porto de Sines, a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, as empresas ECOALGA e SEEMARSINES, e vários pescadores da costa alentejana e alunos das Universidades de Évora e de Lisboa.
Edição: GOBIUS Comunicação e Ciência 2014Tiragem: 1000 exemplares
DL: 376938/14 ISBN: 978-989-97260
ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS DA COSTA ALENTEJANAEstudos científicos sobre os seus efeitos –
o projeto protect
CENTRO DE OCEANOGRAFIA
Cofinanciamento Promoção Parceria
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