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ENTREVISTA COM ELIANE BRUM (PÁG. 03) | UFRR ESTÁ ENTRE AS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO (PÁG. 08) | REDUÇÃO NO CONSUMO DE ENERGIA NA UFRR (PÁG. 08) ANO II | EDIÇÃO 17 | BOA VISTA - RR | ABRIL / MAIO | 2009 | PUBLICAÇÃO DA COORDENADORIA DE IMPRENSA DA UFRR | WWW.UFRR.BR BRASIL, VENEZUELA E GUIANA: EXPANSÃO CCS, Nupepa, Nucele, Insikiran e Eagro ganham nova estrutura Págs. 04 e 05 REFORMA Novo acordo ortográfico em pauta na UFRR Págs. 10 e 11 GERAÇÃO DE EMPREGO O que os olhos não veem Pág. 09 A CAMINHO DE UMA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA

BRASIL, VENEZUELA E GUIANA - UFRR

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Page 1: BRASIL, VENEZUELA E GUIANA - UFRR

ENTREVISTA COM ELIANE BRUM (PÁG. 03) | UFRR ESTÁ ENTRE AS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO (PÁG. 08) | REDUÇÃO NO CONSUMO DE ENERGIA NA UFRR (PÁG. 08)

ANO II | EDIÇÃO 17 | BOA VISTA - RR | ABRIL / MAIO | 2009 | PUBLICAÇÃO DA COORDENADORIA DE IMPRENSA DA UFRR | WWW.UFRR.BR

BRASIL, VENEZUELA E

GUIANA:

EXPANSÃOCCS, Nupepa, Nucele,Insikiran e Eagro ganhamnova estruturaPágs. 04 e 05

REFORMANovo acordo ortográficoem pauta na UFRRPágs. 10 e 11

GERAÇÃO DE EMPREGOO que os olhos não veemPág. 09

A CAMINHO DE UMA INTEGRAÇÃO

LATINO-AMERICANA

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2 | EDITORIAL

ROBERTO RAMOS | REITOR DA UFRR

EXPEDIENTEUFRRNOTÍCIAS

visam a aumentar a produção e melhorar a qualidade dos produtos de origem animal. Este ano alunos do curso de Zootecnia, professores e profissionais da área comemoraram a data com um Dia de Campo em Bovinocultura, em Mucajaí.

ALUNOS DE MEDICINA TÊM TRABALHOS APROVADOS

Alunos do curso de Medicina tiveram três trabalhos aprovados para a 61ª Reunião Anual da SBPC. O evento ocorre de 12 a 17 de julho, em Manaus, com o tema Amazônia, Ciência e Cultura. Os alunos Marjorie Fassanaro, Ivan Junior, Estela Muniz, Victor Manuel, Antonio Adonias Leitão e Carlos Deschamps aprovaram trabalhos que tratam de fatores de risco para internação por doenças respiratórias, aspectos epidemiológicos associados à internação hospitalar de crianças indígenas e atendimentos na Casa do Índio (Casai), em Boa Vista.

REUNIÃO DA SBPC

DIA DE CAMPOUFRR COMEMORA DIA DO ZOOTECNISTA EM MAIO

No dia 13 de maio foi comemorado o Dia do Zootecnista, profissional responsável pelo estudo e controle da reprodução, aprimoramento genético e nutrição de animais criados com fins comerciais, que

ABRIL/MAIO 2009: Coordenação Editorial: Éder Rodrigues - DRT/RR 119/01 | [email protected] Editora Chefe: Michele Parise Mtb 45.158/SP [email protected] Editora Assistente/Revisão: Cristina Oliveira Mtb 10.131/RS | [email protected] Reportagens: Avery Veríssimo Mtb 32.427/SP | Cristina Oliveira l Éder Rodrigues | Gilmara Bezerra | Natacha Portal Estagiários: Bruno Almeida | Gilmara Bezerra | Natacha Portal | Secretaria/Recepção: Keycianne Holanda | Maikel Queiroz Fotografia: Roberto Caleffi Projeto, Arte e Editoração: Hefrayn Lopes | [email protected] Programação Visual/Gerência de Mídias Virtuais: Ruan Krios Ascom Fones: (95) 3621-3106 | (95) 9976-0871 Home Page: www.ufrr.br E-mail: [email protected] Web Master: [email protected]

|

ÚLTIMAS DA UFRR

"Sugerir soluções para os desafios amazônicos e elevar a qualidade de vida na região" são muito mais do que frases contidas na missão oficial da Universidade Federal de Roraima. Isto, desde 2004, tem sido um compromisso real e harmonioso dos que fazem o trabalho produtivo na nossa instituição.

Os benefícios para o estado e para a sociedade vão além da inauguração do novo campus universitário: Murupu, ou das paredes, calçadas e blocos de concreto dos novos prédios do Paricarana e do Cauamé, que foram construídos para resolver problemas históricos de infraestrutura e dar suporte ao atual crescimento da UFRR.

Nesta nova fase da instituição, os avanços percebidos apontam para um futuro ainda melhor. É esta perspectiva de dias melhores, em consonância com os resultados obtidos, que tem gerado mais confiança da comunidade acadêmica, além de ser um orgulho para o povo de Roraima, que acredita não só no papel que desempenhamos de Instituição Ensino Superior pública, mas também o de qualidade.

O amadurecimento da UFRR como instituição de ensino superior tem ocorrido de modo geral. Por exemplo, em seu primeiro processo de vestibular, realizado em 1990, a UFRR ofereceu para ingressos nos cursos de graduação, 330 vagas. Em 2004 foram de 550 e, hoje, o acesso foi ampliado para 1.058. Se somarmos com as vagas destinadas ao vestibular indígena e ao sequencial, o nosso crescimento ultrapassa a casa dos 100%, o que representa, a grosso modo, um claro avanço na democratização do ensino superior público federal no estado de Roraima. Isto sem falar nos benefícios para um maior número de famílias que podem ter seus filhos estudando na UFRR.

Na graduação, entre 2004 e 2009 cresceu de 20 para 26 cursos. Neste mesmo momento, implantou cursos à distância, em parceria com a Univirr e o curso sequencial de

UFRR: EQUILÍBRIO É A NOSSA FORÇA

CAMPUS PARICARANAGEOP REVITALIZA PARTE DA ILUMINAÇÃO

Parte da iluminação do Campus Paricarana foi revitalizada pela Gerência Operacional (Geop) com a colaboração da Superintendência de Iluminação Pública da prefeitura de Boa Vista. A manutenção atingiu parte da iluminação próxima ao Núcleo Insikiran, Colégio de Aplicação e Blocos I e II do campus Paricarana. A Geop forneceu o material para a reposição de lâmpadas e a superintendência da prefeitura colaborou com a mão-de-obra e equipamentos para a manutenção de 25 postes. A UFRR agradece o apoio da equipe da prefeitura.

Secretariado Executivo. Este último voltado para técnicos administrativos.

Nos próximos quatro anos, com o apoio do Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), serão implantados novos cursos de graduação, incluindo os de Licenciatura em Artes e o de Gestão Territorial e Ambiental que vão contribuir para a melhoria do ensino fundamental e médio e o desenvolvimento do estado.

Na pós-graduação foram implantados cinco cursos de mestrados, os primeiros da instituição, que hoje são apoiados com 32 bolsas de estudo. Pelo curto tempo de existência da UFRR, com número reduzido de técnicos, docentes e pela carência de mestres e doutores na sua gênese, considero esse avanço fabuloso, uma vez que mostra que a instituição, apesar das suas enormes dificuldades, procurou refinar conhecimento, deixando de ser apenas uma reprodutora de saberes.

As bolsas do Programa de Iniciação Científica (PIC), também cresceram. Em 2003, as do Pibic somavam 15, hoje são 40. A UFRR oferece mais outras 20, totalizando 60. Temos ainda 35 bolsas do PET, 53 de monitoria e 845 de assistência estudantil. Outras articulações estão sendo feitas para que se tenham mais alunos matriculados nesses e em outros programas. Vale ressaltar o avanço na implantação da infraestrutura para pesquisa e pós-graduação e a capacitação de docentes nos níveis de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Na extensão, o trabalho tem alcançado todos os municípios do estado. VerSus, EJA, Petrobrás Ambiental, Educação em Direitos Humanos, PAIR, Escola que Protege e ainda aqueles contemplados pelo Pronera como: Pedaladas do Saber, Avançar e EJA/PAR-2, são exemplos de programas e projetos que fazem a diferença, envolvendo alunos e elevando a qualidade de vida da população da capital e do interior. Eles refletem a nossa preocupação em buscar soluções para os problemas sociais e econômicos, partindo sempre da

idéia de que o conhecimento constitui um elemento imprescindível à sustentação e ao progresso da humanidade.

Com pouco mais de três anos, a Editora da UFRR (EdUFRR) vive um momento importante de consolidação. A implantação da livraria da EdUFRR, em 2007, faz parte desta história, assim como as 47 obras que abordam os mais diversos temas amazônicos. A EdUFRR é, sem dúvida, um espelho do importante trabalho dos nossos pesquisadores.

A quantidade e a qualidade de eventos realizados na UFRR também marcam um novo tempo. Só para citar alguns exemplos, recebemos para a aula magna do primeiro semestre de 2009 a renomada geógrafa Bertha Becker, que encantou com suas reflexões o público que ali esteve presente. Em maio, aconteceu o V Seminário de Economia Amazônica e Desenvolvimento Sustentável, organizado pelo NECAR. Ainda esse ano, professores e alunos dos cursos de Medicina dos estados da Amazônia estarão envolvidos, no auditório Alexendre Borges, no II Congresso Brasileiro de Educação Médica da Região Norte. Em 2010, sediaremos o Seminário Nacional de Acesso ao Ensino Superior, que é promovido pelas CPVs de todo o país.

Por fim, sabemos que estamos num caminho que precisa ser trilhado com responsabilidade e muita harmonia. Nesta nova caminhada é preciso estarmos cada vez mais juntos, de mãos dadas, comprometidos com o conhecimento que se produz. As idéias e a vontade de trabalhar são o nosso maior patrimônio.

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ELIANE BRUM“SEMPRE CONTEI AS HISTÓRIAS DO JEITO QUE EU GOSTAVA DE LER”

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Eliane Brum é repórter especial da revista Época. Formada em Jornalismo pela PUC do Rio Grande do Sul, ela trabalhou 11 anos no jornal Zero Hora, editado pelo Grupo RBS, a maior afiliada da Globo no sul do país. Eliane já publicou três livros, frutos de sua incansável atividade como repórter. E é exatamente na rua que essa jornalista se completa: entrevistar gente comum, do povo, é seu principal ofício. Confira a entrevista que Eliane concedeu para a jornalista Cristina Oliveira, durante oficina ministrada na Universidade Federal de Roraima nos dias 3 e 4 de abril, na Caravana Rumos Itaú Cultural 2009, promovida pelo Itaú Cultural e pela UFRR.

UFRR NOTÍCIAS: E SOBRE O SEU DIA-A-DIA NA REDAÇÃO DA ÉPOCA, COMO REPÓRTER ESPECIAL?

ELIANE BRUM: Em geral, faço matérias a partir de pautas que eu mesma sugiro, matérias grandes, reportagens. Mas nem sempre é assim. Viajo menos do que gostaria porque toda a imprensa está em crise. Tento me manter o máximo de tempo na rua. Sou um bicho muito avesso à redação, chego a ficar triste se tenho de ficar vários dias seguidos dentro da redação. Eu sou uma repórter de rua mesmo. Agora, eu tenho feito muita matéria em São Paulo e lá tem uma característica peculiar: fazer qualquer coisa pessoalmente na cidade significa que você vai perder pelo menos cinco horas no trânsito. Eu levo duas horas para chegar à casa de alguém e duas horas para voltar, devido ao trânsito. Só que eu sou o tipo de repórter que leva, no mínimo, de três a quatro horas para fazer uma entrevista. Nunca fui de fazer entrevistas curtas, nem de escrever pouco.

UFRR NOTÍCIAS: HÁ UM SEGREDO PARA PROVOCAR O PERSONAGEM A IR ALÉM DO QUE ELE ESTÁ RESPONDENDO?

ELIANE BRUM: Eu não provoco, não arranco nada de ninguém. Sou muito honesta com as pessoas. Eu estou ali, ouvindo. Quando as pessoas sentem que você realmente está ouvindo e prestando atenção na história que elas querem contar, a coisa fica diferente. É isso, eu esgoto cada pedaço da história que a pessoa está me contando, percebo todas as possibilidades e vou perguntando, perguntando... raramente interrompo o entrevistado. Até por isso levo muito tempo com meus entrevistados.

UFRR NOTÍCIAS: VOCÊ JÁ VISITOU RORAIMA EM OUTRA OPORTUNIDADE PARA PRODUZIR UMA MATÉRIA, NÃO FOI?

ELIANE BRUM: Sim, vim em 2001, passei um mês aqui, sou apaixonada por Roraima. Fiz uma matéria que gerou polêmica, andei por todo o estado, passei uma semana com os Yanomami, andei por toda a região da Raposa/Serra do Sol, depois fui para Rorainópolis. Foi uma viagem muito especial. Eu adoro viajar, conhecer outros lugares, outras pessoas, mas sempre tem uma hora que você quer voltar para casa. Nessa viagem, nem eu nem o fotógrafo queríamos voltar. Eu realmente gosto muito daqui. Roraima é um lugar muito rico, muito diverso, tem tanta coisa para se conhecer, para se descobrir. Escrevi isso em um dos meus livros.

UFRR NOTÍCIAS: E QUAL A SUA IMPRESSÃO SOBRE OS PERSONAGENS DAQUI DE RORAIMA E DA AMAZÔNIA? ELIANE BRUM: Tudo é muito rico. É t r i s te que a imprensa que se autodenomina como a “do centro do país” visite pouco a Amazônia. Não existe uma imprensa nacional. Há muitos veículos de comunicação que se dizem nacionais, mas não são. Quando eles vem para a Amazônia, por exemplo, eles querem cobrir alguma coisa específica ou apenas curiosidades da região.

UFRR NOTÍCIAS: EM QUE MOMENTO DA SUA CARREIRA VOCÊ PARTE PARA UM JORNALISMO MAIS “HUMANO”?

ELIANE BRUM: Eu não tinha idéia de ser jornalista, exatamente porque eu achava jornal uma coisa chata. Minha família lia jornal, meu pai principalmente, e eu tentava ler, mas achava muito chato, porque faltavam as coisas que eu queria saber e que eu encontrava na literatura. Sempre fui uma leitora voraz, o livro tinha uma importância muito grande na minha vida. Era como eu viajava para outros mundos. Acabei fazendo vestibular para Biologia, para História e fui me inscrever para Ciências da Computação. Mas como achei que Computação tinha muita matemática, acabei fazendo inscrição para Jornalismo. Cursei Jornalismo e História ao mesmo tempo, com a certeza de que não seria jornalista, porque era muito tímida e não gostava de jornal. No final da faculdade, encontrei um professor chamado Leonan que mudou a minha vida. Ele tinha tanto amor pela reportagem e pelas palavras. Quando ele falava sobre reportagem a gente ficava parado, em êxtase, quase sem respirar. Escrevi um texto para ele sobre as filas, sobre todas as filas que entramos desde que nascemos até a morte. Uma amiga minha inscreveu esse texto num concurso universitário da PUC e eu acabei ganhando o prêmio, um estágio na Zero Hora. Fiquei 11 anos lá e foi nesse jornal que descobri que eu era jornalista. Ganhei esse prêmio porque na comissão julgadora tinha publicitários e jornalistas. Os jornalistas achavam que o que eu fazia não era jornalismo e os publicitários, em maior número, achavam que era e por isso acabei ganhando. Isso foi uma coisa que me acompanhou, de achar que o que eu fazia não era jornalismo. Ouvi muito isso no início da minha carreira, da minha vida de jornalista. Eu sempre contei as histórias do jeito que eu gostava de ler. Em todas as matérias de Polícia, nas matérias de Geral, eu sempre fui desse jeito. Não era uma coisa pensada ou planejada, algo teórico. Era como eu achava que gostaria de ler.

UFRR NOTÍCIAS: COMO TREINAR O OLHAR PARA PERCEBER QUAL O MELHOR “PERSONAGEM” PARA UMA DETERMINADA PAUTA?

ELIANE BRUM: É um exercício cotidiano. Levo muito a sério o que faço. Acredito que o que a gente

faz é documento. Contamos a história contemporânea do país, então, não temos o direito de ser preguiçosos. Temos que contar essa história direito. Eu tento ter esse olhar novo e aberto para o mundo a cada dia. É um exercício cotidiano, não é fácil. Às vezes, eu vou fazer uma matéria e tem um bolo de gente no local. Eu fico observando do outro lado da rua por um tempo, eu sempre olho por outro ângulo para ver se enxergo a cena de um jeito diferente. Eu sempre observo muito, antes de interferir na cena. É um exercício de resistência, não dá para ter preguiça.

UFRR NOTÍCIAS: O CAMINHO SERIA SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO PARA TER ESSA SENSIBILIDADE MELHOR? SE DESPIR DO PRECONCEITO?

ELIANE BRUM: A gente sempre tem que se colocar no lugar do outro. Acho que cada um tem seu caminho. Eu tento ir para a rua despida dos meus preconceitos, da minha visão de mundo. Procuro o que pode me surpreender, é isso que vale a pena. Se tivesse que contar todo dia a mesma história, eu iria fazer outra coisa.

UFRR NOTÍCIAS: EM RELAÇÃO AO DIPLOMA DE JORNALISMO, VOCÊ CONCORDA COM A EXIGÊNCIA DE FORMAÇÃO SUPERIOR PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE JORNALISTA?

ELIANE BRUM: Independentemente do diploma ou não, a universidade precisa melhorar a sua qualidade. Se a universidade tiver uma boa qualidade, as pessoas vão continuar querendo fazer o curso de Jornalismo e a formação superior continuará sendo importante, isto é, a universidade tem que se fazer importante pela sua qualidade. Considero interessante alguns modelos de outros países, nos quais é possível fazer um curso de Humanas e, posteriormente, uma especialização na área do Jornalismo. Há questões muito importantes que precisam ser discutidas para ser jornalista e a universidade é o melhor lugar para esse debate das questões éticas. Nos deparamos com essas questões diariamente em nossa profissão. Agora, eu tenho dúvidas se o melhor é um curso de graduação em jornalismo ou uma especialização a partir de outro curso com uma formação mais completa. De qualquer maneira, acredito que a qualidade da universidade é mais importante.

Eliane ministrou oficina sobre a construção do personagem, em abril, na UFRR

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4 | INAUGURAÇÕES

a solenidade de inauguração, o reitor da UFRR, Roberto NRamos destacou a importância de atender as necessidades das comunidades rurais com a

expansão da educação. “Agora é continuar trabalhando pelo crescimento do ensino voltado para o setor rural e formar profissionais que desenvolvam melhores atividades baseadas na realidade social das pessoas da região”, reforça o reitor.

NOVA UNIDADE DA ESCOLA AGROTÉCNICA INICIA ATIVIDADES NO CAMPUS MURUPU

São 75 alunos aprovados no Ensino Médio integrado ao Curso Técnico em Agropecuária, com duração de três anos em período integral. O curso faz parte do convênio entre a UFRR e o Governo do Estado por meio da Secretaria de Educação (SECD).

Laislane de Sousa mora no Pólo 1 da BR174. É aluna do ensino médio integrado ao profissionalizante, “Pretendo me dedicar bastante e seguir carreira na área de agropecuária”, afirma a aluna.

No Curso Técnico em Agropecuária, com duração de dois anos, estudam 100 alunos. O curso foi desenvolvido em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário/Incra, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). A ferramenta principal de ensino no caso desse curso é a pedagogia de alternância, ou seja, os alunos terão

A inauguração da unidade da Escola Agrotécnica do Projeto de Assentamento Nova Amazônia, localizada no Campus Murupu da UFRR, marcou o início das aulas do primeiro semestre de 2009 e a inauguração oficial do campus Murupu.

15 dias de aulas de forma integral podendo permanecer no alojamento que a escola dispõe e logo após voltar para a comunidade de origem e aplicar os conhecimentos adquiridos nas suas atividades rurais.

De acordo com o diretor da escola, professor Arnoldo Marcílio, esse é um processo importante para promover a integração da escola com as comunidades rurais.

“É uma forma de contextualizar o ensino, aplicando políticas práticas que estimulem a produção de hábitos diários no ambiente de convivência, o meio rural”, explica o diretor.O estudante Amarildo Ribeiro é do município de Amajari e foi aprovado no vestibular para o curso técnico em Agropecuária. “Fiquei quatro anos sem estudar e agora com a escola, tenho a oportunidade de me especializar na área rural e ajudar nossa comunidade”, destaca Amarildo.

Estrutura - O novo bloco pedagógico fica localizado na entrada do campus Murupu e compreende quatro salas de aula, duas salas de estudo para professores, banheiros, área de convivência e acessibilidade para portadores de necessidades especiais. O campus também abriga a Escola de Ensino Fundamental Albino Tavares. Na área estão sendo construídos o alojamento no valor de R$ 128 mil e o refeitório para os estudantes com recursos provenientes da Secretaria de Ensino Tecnológico (Setec).

EDUCAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA EM RORAIMA LANÇA PRIMEIRA OBRA DE INFRAESTRUTURA DO REUNI NO PAÍS

primeira obra de infraestrutura do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das A

Universidades Federais Brasileiras (Reuni)

Núcleo Insikiran de Formação Superior

Indígena, totalizam 600 metros quadrados

de área construída. Desses, 400 metros

quadrados correspondem ao módulo 2.

A obra contou com outros 700 metros

quadrados de estacionamento, jardinagem e

urbanização do espaço. O custo total da obra

é de R$ 509 mil reais, verba garantida por

meio do Reuni. O local é destinado a reforçar as políticas de atendimento aos

alunos indígenas da UFRR.

Outros benefícios - A Administração Superior já anunciou que a próxima obra a

ser inaugurada na UFRR, realizada com

recursos do Reuni, é o bloco de sala de aula,

localizado atrás da Biblioteca Central, no

campus Paricarana. As verbas destinadas

pelo Governo Federal, por meio do Reuni têm contribuído diretamente com a

expansão da infra-estrutura da UFRR. Estas ações são resultado da adesão da

universidade ao Programa de Expansão, fato que teve participação direta e aprovação do

Conselho Universitário (Cuni/UFRR).

em todo o país foi inaugurada no dia 30 de abril, no campus Paricarana da Universidade Federal

de Roraima (UFRR). A ampliação do módulo 1

(já existente) e a construção do módulo 2, do

Inauguração marca o início do ano letivo do curso na Universidade Federal de Roraima

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UFRR inaugurou no dia 8 de abril dois novos centros de estudos e pesquisas no

Campus Paricarana: o Núcleo de Estudos de A

Línguas Estrangeiras (NUCELE) e o Núcleo de Pesquisas Eleitorais e Políticas da

Amazônia (NUPEPA). O objetivo é dar suporte às pesquisas e estudos nessas áreas

do conhecimento, prestando um ensino de melhor qualidade aos alunos e comunidade

UFRR INAUGURA NÚCLEOS DE ESTUDO E PESQUISA NO CAMPUS PARICARANA

em geral. A inauguração contou com a

participação do reitor Roberto Ramos, da vice-

reitora Gioconda Martinez, da deputada federal

Maria Helena Veronese, de técnicos-

administrativos, coordenadores dos núcleos,

professores e alunos.

O NUCELE oferece vários cursos de língua

estrangeira, como Inglês, Francês, Espanhol,

Mandarin e Português para estrangeiros, além de cursos instrumentais para interessados em

cumprir programas de pós-graduação.

O NUPEPA já oferece uma oficina de Etno-História dedicada às pessoas ligadas a

movimentos sociais indígenas. O grupo ainda

pretende oferecer cursos de extensão, nas áreas

de Políticas Públicas, Ciência Política, História

Política, entre outros.

Para o professor Ricardo Oliveira, coordenador

geral do NUCELE, a conclusão da obra veio

suprir a carência de um ensino melhor. “Agora, podemos difundir melhor a cultura da língua

estrangeira. Com isso, viabilizaremos o acesso

da comunidade a um ensino de qualidade”,

afirma. O professor Reginaldo Gomes,

coordenador do NUPEPA, disse que a obra é

um sonho realizado com bastante determinação.

“É um espaço que vem consolidar um anseio de

professores e alunos desde 2004. Hoje, temos o nosso próprio centro de pesquisa e informação para oferecer um ensino digno de respeito à

comunidade acadêmica”, destaca.

O reitor da UFRR, professor Roberto Ramos,

enalteceu a importância das duas obras.

“Esses centros vão tornar a UFRR ainda

mais respeitada no estado de Roraima.

A auto-estima dos professores ficará

evidente com um local próprio, equipado

para as suas pesquisas, propiciando melhor

ensino a seus alunos”, declara. O reitor ainda destacou o cuidado que alunos e professores devem ter com a estrutura física

dos núcleos.

Para a vice-reitora, professora Gioconda

Martinez, o NUCELE será referência em

Roraima. “Este núcleo chegará às pessoas que não têm oportunidade de fazer uma

graduação, que buscam cursos de línguas e

não podem devido à falta de oportunidade.

Aqui, o ensino ficará mais elevado, com uma melhor qualidade e várias turmas

presentes, servindo de exemplo para nosso

estado”, afirma.

Durante o discurso, a deputada federal Maria Helena Veronese ressaltou a

ampliação da infraestrutura da UFRR.

“Cada vez que venho aqui há uma nova

obra. Fico muito mais feliz porque meu trabalho também está contribuindo com o

ensino gratuito do meu estado. Apesar das

complicações em obter recursos, o nosso esforço é recompensado com a realização

desses projetos”, ressalta.

á 15 anos, o curso de Medicina funcionava no Bloco IV da Universidade Federal de Roraima (UFRR), dividindo espaço com o Hcurso de Biologia e a

Administração Superior. Em 2005, o Centro Acadêmico de Medicina, formado por oito alunos e representado pela aluna Dunya Imad, se reuniu junto com professores para tentar solucionar a falta de estrutura física. Na ocasião, também foi realizado o I Fórum dos Estudantes de Medicina com a proposta de discutir melhorias nas condições de estudo. “Nos reunimos para consolidar a idéia do documento assinado pelos interessados na criação do centro, para depois ser entregue ao Senado Federal”, explica Dunya.

Após um longo período de negociações em Brasília, que contou com o apoio da Administração Superior, o senador Augusto Botelho (PT) levou adiante a proposta de criar um prédio próprio para a área de Ciências da Saúde que atendesse às necessidades estruturais dos alunos, professores e técnicos. Por meio de uma emenda parlamentar no valor de R$ 2 milhões foi possível construir o prédio.

“é um passo importante para o fortalecimento do curso de Medicina que vai planejar o projeto pedagógico de ensino para formar médicos de qualidade”, ressalta o reitor da UFRR, Roberto Ramos.

O diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS), professor Alexander Sibajev, destaca também o esforço feito pelos alunos do 6º ano de Medicina. Agora, com as novas condições de estudo, haverá maior motivação para continuarem a expandir a educação.

O prédio, inaugurado no final do mês de março, possui 2.180 metros quadrados de área construída e é composto por três blocos, distribuídos em salas de aula, laboratórios e auditório, além de ampla área destinada ao estacionamento, com 1.161,85 metros quadrados. O lugar também vai dar suporte ao curso de Psicologia, com laboratórios.

O recurso público foi bem aplicado em educação. Este O coordenador do curso de Medicina, Antônio Sansevero, diz que em determinada fase do curso os alunos começam a fazer treinamentos nas chamadas salas de simulação (que auxiliam no aprendizado), por isso os laboratórios vão servir para o treinamento dos alunos dentro das habilidades médicas.

O Centro de Ciências da Saúde, que agrega o curso de Medicina da UFRR, ganha agora um prédio próprio com novas instalações para execução das atividades específicas do curso.

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE GANHA NOVA SEDE

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om tal característica, era de se esperar que no campo acadêmico houvesse entrosamento semelhante ao de setores como comércio, Cturismo e serviços, mas ainda não é

bem assim que as coisas se comportam. Nos campos da educação e da cultura, este processo ainda é tímido e depende de protocolos e convênios que demandam tempo e investimento.

Para o professor doutor Américo de Lyra, secretário local da Associação de Universidades da Amazônia (Unamaz), isso é reflexo da condição sócio-histórica do Brasil,

mais voltado aos países do Cone Sul do que para seus vizinhos do norte. Um modelo de integração cuja face mais visível é o Mercosul.

“Sobre nossos vizinhos, entendo que a Venezuela, diferente da Guiana, tem maior envolvimento histórico com o Brasil. Um histórico um tanto torto já que, enquanto vivíamos um período de ditadura no Brasil, a Venezuela experimentava um governo democrático”, observa, sobre a década de 70.

Américo acredita que no Brasil a Venezuela é “menos esquecida” que a Guiana, mas falta consolidar esse relacionamento, apesar de todos os potenciais elementos de integração. “Além da fronteira física, nós temos uma comunhão de interesses. Pacaraima representa bem essa possibilidade de diálogo Brasil-Venezuela. Temos um fluxo de produtos no aspecto econômico, mas falta suporte estatal para estimular a integração em outras áreas”, diz.

HISTÓRIA E CULTURA

Usando a cultura como exemplo, Américo cita a inexistência, em Roraima, de uma Casa de

Cultura Venezuelana, onde se pudesse falar da história, da literatura e das artes venezuelanas, cursos de línguas e afins. “Poderíamos utilizar mecanismos que o governo brasileiro já tem, como programas de estudantes e convênios de graduação. Na UFRR, poderíamos receber alunos venezuelanos. É nossa intenção fazer com que isso aconteça”, afirma.

Enquanto a integração acadêmica não se consolida, a Universidade Federal de Roraima elabora um termo de cooperação com a Guiana, um dos focos da Administração Superior que vem trabalhando para a consolidação da instituição e agregando valor estratégico da academia para a região. Um pouco mais avançada está a relação da UFRR com a UNEG (Universidad Experimental de Guayana), sediada em Puerto Ordaz, no Estado Bolívar.

“No caso guianense temos acordos, mas falta sensibilizá-los um pouco mais. A UFRR pode contribuir com a Guiana na formação de alunos, em cursos de especialização sobre questões amazônicas e estimular seus professores a realizar pesquisas e reflexões nesse campo. Precisamos enfatizar o elemento cultural, estruturando mecanismos que revelem como os guianenses enxergam o mundo e como veem o nosso país. Muitas vezes nos preocupamos em como pensamos a Guiana, mas é preciso saber como a Guiana pensa o Brasil ”, diz Américo.

UM PAÍS JOVEM

O ano de 2008 marca 40 anos da independência da Guiana e do estabelecimento de relações diplomáticas com o Brasil. Esperava-se que a inauguração da ponte sobre o rio Tacutu

marcasse esse aniversário, mas a ponte ainda espera ser inaugurada oficialmente, pois depende de uma sincronização das agendas dos presidentes Lula e Bharrat Jagdeo.

A integração na fronteira com a Guiana é visível face ao incremento do comércio entre os dois países e o desenvolvimento das cidades de Lethem e Bonfim. O comércio de Lethem vende bicicletas, perfumes, tênis, bebidas e roupas a consumidores que chegam de Boa Vista, Manaus e até de Santa Helena de Uiarén (Venezuela), que é uma área de livre comércio. Segundo o jornal Stabroek News, de Georgetown, Lethem fatura cerca US$ 500 mil por mês com seus preços atrativos.

Para o cônsul honorário da Guiana em Roraima, Paulo Valle, o processo de integração cultural tem uma barreira física a ser vencida: a estrada entre Lethem e Linden, no setentrião guianense. Apesar de linhas rodoviárias diárias, a estrada é precária e carece de pavimentação.

“Infelizmente, o orçamento ainda não contemplou os custos da estrada. Mas essa discussão será retomada no encontro entre o presidente Jagdeo e o presidente Lula na inauguração da ponte. O Brasil já indicou grande interesse em cooperar com a Guiana neste tema”, diz Valle.

Em junho de 2008 a Guiana renovou o acordo bilateral de

cooperação técnica e promoveu um Fórum de Negócios sobre como fazer exportação para o Brasil. “No final de 2009 faremos um segundo fórum de negócios para sensibilizar mais os exportadores guianeses a fazer negócios com o Brasil”, informa o cônsul.

A posição geográfica privilegiada da Guiana, entre o Caribe e o sul do continente americano, reforça essa convicção de crescimento. A Guiana é filiada há 35 anos ao Mercado Comum dos Países do Caribe (Caricom), que reúne ex-colônias européias, tem uma população de 15 milhões de habitantes e um PIB de US$ 28 bilhões.

Com um olhar sobre a África, continente que originou boa parte de sua diversidade étnica, a Guiana organiza junto com Uganda, um grupo de trabalho para a agricultura e o ambiente. Foi organizada uma reunião de cúpula sobre os temas em Georgetown no primeiro trimestre de 2009.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Uma pequena população de professores guianenses atua no ensino de inglês em Boa Vista e há um número indefinido de brasileiros estudando o idioma do lado de lá da fronteira, mas o intercâmbio na educação acaba aí. O curso de Relações Internacionais da UFRR ainda não possui alunos guianenses ou venezuelanos matriculados.

“Ainda não realizamos viagens pelos países fronteiriços, Venezuela e Guiana, mas temos um forte interesse em realizar projetos em conjunto com as universidades desses países”, diz a professora Júlia Camargo, do Departamento de Relações Internacionais da UFRR. Para ela, os projetos poderiam ser intercâmbios estudantis, eventos internacionais, formação de um centro de estudos na área de Relações Internacionais e promoção de cursos para professores, entre outros.

Júlia acrescenta que, na sua área de estudo, esse tipo de interação é muito importante, “pois permite observar na prática aquilo que ensinamos e aprendemos em sala de aula. Fortificar os laços entre as universidades da fronteira norte do Brasil é atividade essencial

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No histórico de relacionamentos entre o Brasil e países do norte da América do Sul (Venezuela, Guiana, Suriname e o território francês da Guiana), Roraima ocupa um importante papel geopolítico: é o único estado a partilhar fronteira com os idiomas mais falados do mundo contemporâneo, o Inglês e o Espanhol.

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BRASIL, VENEZUELA E GUIANA: INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA?

AVERY VERÍSSIMO

Américo de Lyra, secretário local da Associação de

Universidades da Amazônia (Unamaz), na

qual o reitor da UFRR, Roberto Ramos, ocupa a

vice-presidência

Vista parcial do comércio da capital guianense,

Paulo Valle, cônsul honorário da República Cooperativista da Guiana em Roraima

Lésbia Rodriguez, cônsul da Venezuela em Boa Vista

Professora Júlia Camargo, chefe do Departamento de Relações Internacionais da UFRR

para a UFRR, a única instituição pública do norte do país com o curso de Relações Internacionais”, ressalta.

VALORES COMUNS

Para a cônsul da Venezuela em Boa Vista, Lésbia Rodriguez, o espaço geográfico da fronteira é um laboratório natural para o curso de Relações Internacionais. “Os produtos gerados por esse curso poderão ser uma das melhores contribuições que a UFRR pode dar ao processo de integração Brasil-Venezuela”, afirma.

A cônsul acrescenta ainda que parte da história da UFRR coincide com os últimos 10 anos do governo do Presidente Hugo Chávez, que tem se esforçado pela integração continental em ações como a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), uma organização socialista entre países da América do Sul sob a inspiração do libertador Simón Bolívar. A Alba já conta com a adesão de Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica e Honduras. Equador e São Vicente e Granadinas devem ser os próximos associados.

“Considero a UFRR uma ferramenta valiosíssima, não apenas por colaborar, mas participar ativamente do processo de integração entre o sul da Venezuela e o norte do Brasil. O curso de Relações Internacionais certamente participará desse processo, pesquisando, analisando e sugerindo alternativas, unindo seus conhecimentos acadêmicos à dinâmica da realidade da fronteira”, destaca Lésbia.

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8 |RANKING WEB

UFRR ESTÁ PELA PRIMEIRA VEZ ENTREAS SEIS MIL MELHORES UNIVERSIDADES A Universidade Federal de Roraima está classificada com o número 4.677 no Ranking Webde Universidades do Mundo, de acordo com site espanhol especializado no tema

pesquisa é coordenada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), o maior centro Anacional de investigação da

Espanha. Pela primeira vez, a UFRR desponta entre as 5 mil melhores universidades avaliadas pela pesquisa. A UFRR ultrapassa 1.323, das 6 mil instituições inscritas e avaliadas no mundo inteiro.

Para o conselho, os dados na Web são muito úteis para classificar universidades porque não estão apenas baseados apenas em

Eletrobrás vai publicar, nos próximos dias, o edital de licitação para a implantação do Programa de Eficiência Energética na AUniversidade Federal de Roraima.

A informação é da deputada federal Ângela Portela (PT/RR). A parlamentar vem articulando há anos uma solução para o alto custo do consumo de energia que é, hoje, a maior despesa no orçamento de custeio da UFRR.

“Alguns blocos do campus Paricarana têm mais de 20 anos e a perda de energia é responsável por uma das maiores despesas da universidade. Desde que assumi, em fevereiro de 2007, estamos trabalhando junto à Boa Vista Energia, Eletronorte e Eletrobrás para a implantação do programa em Roraima”, explica a deputada.

Programa - O programa pretende recuperar toda a instalação elétrica interna dos blocos, substituindo as luminárias e os aparelhos de ar-condicionado por equipamentos mais econômicos. A implantação foi possível devido ao apoio da deputada que trabalhou para a assinatura do convênio tripartite, envolvendo a empresa Boa Vista Energia, a Eletronorte e a UFRR. O Programa de Eficiência Energética foi criado pela Lei 9.991.

A deputada federal Ângela Portela explicou que, com a publicação do edital de licitação nos próximos dias, em cerca de dois meses a empresa contratada deve iniciar a

renovação da rede elétrica e a substituição de lâmpadas e aparelhos de ar-condicionado da UFRR. "Além de reduzir a despesa da universidade, este é um projeto que tem um aspecto ambiental muito forte, uma vez que vai permitir a redução no consumo de energia”, diz.

O reitor da UFRR, Roberto Ramos, diz que o gasto com energia elétrica chega a cerca de R$ 1,2 milhão por ano. “A ideia é recuperar toda a instalação elétrica interna dos blocos, substituir as luminárias e os aparelhos de ar-condicionado por equipamentos mais econômicos. Esta ação, com certeza, dará um retorno de qualidade no uso da energia no campus Paricarana e significativa redução de custos”, complementa.

números de visitas ou no layout das páginas, mas vão além, permitindo uma avaliação da qualidade e impacto destas universidades na sociedade. Foco do ranking - O ranking publicado pela CSIC analisa o grau de acessibilidade das universidades na web e a qualidade global das instituições acadêmicas, apoiando as iniciativas Open Access e o acesso eletrônico às publicações

científicas e a materiais acadêmicos. O ranking também quer motivar as instituições e professores a ter uma presença maior na web e que suas publicações reflitam de forma precisa suas atividades.

O Ranking Mundial de Universidades na Web é uma iniciativa do Laboratório de Cibermetría, que pertence ao Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC). O CSIC, encontra-se entre as primeiras organizações de investigação básica da Europa. Em 2006 estavam inscritos 126 centros e institutos distribuídos por toda a Espanha.

O CSIC está inscrito ao Ministério de Ciência e Tecnologia daquele país e seu objetivo fundamental é promover investigações que beneficiem o progresso científico e tecnológico, contribuindo com estes trabalhos e melhorando a qualidade de vida da sociedade.

Centro de Ciências Humanas e Sociais, sede do laboratório de Cibermetría, na Espanha

CONFIRA O RANKING E OUTRAS INFORMAÇÕES: www.webometrics.info/index_es.html

AÇÃO PARLAMENTAR

PROGRAMA VAI PERMITIR REDUÇÃO NO CONSUMO DE ENERGIA NA UFRR

Pelo programa, serão investidos 750 mil reais para substituição da rede elétrica, lâmpadas e aparelhos de ar-condicionado e melhorias na iluminação pública do Campus Paricarana

Deputada Federal Ângela Portela: “Este é um projeto que tem um aspecto ambiental muito forte, uma vez que vai permitir a redução no consumo de energia”

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A vice-reitora da UFRR, Gioconda Martinez, afirma que as obras beneficiam todos os cursos. “Estamos reformando, construindo e adquirindo equipamentos. Nossa meta é modernizar equipamentos e laboratórios nos próximos três anos. O Ministério da Educação se compromete a investir na infraestrutura, mas exige ampliação do número de alunos e a criação de mecanismos de combate à evasão”, explica.

O pró-reitor de Administração, Manoel Júnior, é graduado em Ciências Contábeis e administra os custos na ponta do lápis. Ele explica que até o final de 2009 serão investidos mais de R$ 5 milhões. Nos próximos dois anos, mais R$ 9,2 milhões serão investidos em obras e outros R$ 6,5 milhões em equipamentos.

“Antes tínhamos um orçamento anual de apenas R$ 100 mil e precisávamos contar com emendas parlamentares. Agora, os recursos do Reuni deram maiores condições à UFRR”, avalia o pró-reitor. Ele acrescenta também que as obras do Restaurante Universitário e do Centro Amazônico de Fronteira (CAF) já iniciaram no campus Paricarana.

qui um estacionamento, ali um bloco de laboratórios, mais adiante o início do que será o Centro Amazônico de AFronteira (CAF), o maior

centro de convenções do estado. O vocabulário comum classifica o que acontece na Universidade Federal de Roraima como “canteiro de obras”, mas trata-se de uma das mais velozes construções de infraestrutura de ensino e pesquisa que se tem notícia.

Para garantir a universidade do futuro, a Administração Superior resolveu investir pesado no presente. A construção, reforma e ampliação de várias unidades podem ser percebidas nos campi Paricarana e Cauamé. São laboratórios, salas de aula e núcleos de pesquisa, que somados a compra de equipamentos e acervo bibliográfico, constituem investimento total de quase R$ 16 milhões até 2011.

O dinheiro vem do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que além das obras, financia a aquisição de equipamentos e contratação de recursos humanos.

OBRAS MUDAM UFRR E MOVIMENTAM ECONOMIAAVERY VERÍSSIMO

Randir é engenheiro de uma empresa responsável por duas obras no Campus Paricarana

Francisco Nunes da Silva é responsável pelo controle de material

Jurandir, o servente: “Estava desempregado antes de vir para cá”

GERAÇÃO DE RENDA DENTRO E FORA DO CAMPUS: O QUE OS OLHOS NÃO VEEM

Ao contratar empresas locais para as obras, a UFRR colabora na geração de empregos e na circulação de dinheiro no comércio local. É o que acontece quando são contratadas empresas de engenharia e arquitetura e quando são comprados materiais de construção em Boa Vista.

Randir Antunes é engenheiro civil e responsável pela obra do novo Centro de Ciências Humanas. Ele informa que o CCH já está na fase de cobertura, pintura e forro. ”Estamos construindo novas salas de aula, laboratórios, sala de professores, laboratórios de informática e um mini-auditório”, explica.

Francisco Nunes da Silva controla a entrada e saída de material numa das obras do campus. Já trabalhou como servente, agora é apontador. “Agora eu tenho mais responsabilidade. Mas o trabalho está mais fácil, mais leve, e eu estou ganhando mais”, diz.

Outro profissional que ganha a vida com as obras no campus Paricarana é Jurandir Araújo da Silva, servente de pedreiro. “Eu estava desempregado, antes de vir para cá. Gosto do ambiente de trabalho e o salário é melhor que no meu último emprego. É um clima de trabalho sem estresse”, garante.

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ELIMINAÇÃO DE ACENTOS EM DITONGOS

Acaba-se o acento nos ditongos abertos éi e ói em palavras paroxítonas. Exemplo: assembleia, asteroide, boia, colmeia, estreia, joia, paranoia, plateia. Nas palavras paroxítonas ainda cai o acento no i e no u quando aparecem após ditongos. Exemplo: bocaiuva, feiura, raiuna.

LETRAS REPETIDAS NÃO TÊM MAIS CIRCUNFLEXO

O hiato oo deixa de receber acento nas palavras paroxítonas. Exemplo: abençoo, enjoo, perdoo, voo, voos.

O hiato eem da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou subjuntivo dos verbos dar, crer, ler, ver (e seus derivados) não será mais

acentuado. Exemplo: creem, deem, leem, veem.

FIM DO TREMA

O acento é totalmente eliminado. Assim, a palavra freqüente passa a ser escrita frequente. Só nomes estrangeiros, como Müller, manterão o trema.

CAI O ACENTO DIFERENCIAL

Aquele acento que diferenciava palavras idênticas de significados diferentes acaba. As palavras a seguir passam a ser escritas sem acento: pára (verbo) e para (preposição); pélo (verbo), pêlo (substantivo) e pelo (preposição); péla (verbo) e pela (preposição).

O acento diferencial permanecerá nos seguintes casos:

? pode (como presente do indicativo) e pôde (no pretérito)

? por (preposição) e pôr (verbo)

A terceira pessoa do plural dos verbos ter e vir permanece com acento, assim como suas variações. Exemplo: eles têm, eles intervêm.

VEJA ALGUMAS DAS PRINCIPAIS MUDANÇAS PARA O BRASIL:

HÍFEN

・Sai a maioria dos hífens em palavras compostas. Assim pára-quedas vira paraquedas.Quando a palavra seguinte começar pelas consoantes r e s, a letra será duplicada. Assim, contra-regra vira contrarregra.

・Será mantido o hífen em palavras compostas cuja segunda palavra começa com h como pré-história e super-homem.

・Em substantivos compostos cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda palavra são a mesma, será feita a introdução do hífen. Assim microondas vira micro-ondas.

・As palavras que têm os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré e pró ficam com o hífen. Portanto, será escrito como antes: ex-presidente, sem-terra, recém-nascido e pós-graduação.

・Assim como as palavras com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Quem escrevia jacaré-açu vai continuar escrevendo jacaré-açu.

INCLUSÃO DE LETRAS

As letras antes suprimidas do alfabeto português (k, y e w) voltam, mas só valem para manter as grafias de palavras estrangeiras.

DUPLA ACENTUAÇÃO

Há algumas diferenças de acentuação entre o Brasil e Portugal, principalmente quando se fala do acento circunflexo e agudo. Assim, os brasileiros escrevem econômico e os portugueses, económico. Essa diferença foi mantida.

Palestra realizada no hall do Bloco I do campus Paricarana sobre a nova Reforma Ortográfica

A língua portuguesa é a quinta mais falada e a terceira

do mundo ocidental, superada apenas pelo inglês e

pelo espanhol.

Aproximadamente250 milhões de pessoas no mundo falam português. O Brasil responde por cerca de

80% desse total.

Professora Cátia Wankler, do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da UFRR

deia, joia, heroico, feiura... Desde janeiro desse ano é assim que essas e outras palavras da Língua Portuguesa passaram a ser escritas. Com a nova Reforma Ortográfica, em vigor desde o I

mês de janeiro, nosso jeito de escrever o português mudou.

Com o objetivo de simplificar a grafia e unificar as regras, a nova Reforma Ortográfica atinge os países da comunidade lusófona (Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Timor Leste). Ela também quer facilitar as relações entre esses países, uma vez que, embora falem a mesma língua, não a escrevem da mesma maneira.

O Brasil foi o primeiro a ratificar o acordo, em 2007. Os portugueses foram os que mais apresentaram resistência à reforma, justamente o país que deve ter mudanças mais significativas. Portugal só ratificou o acordo em maio de 2008.

Essa é a terceira reforma ortográfica no Brasil, a segunda em Portugal e, mais do que tentar unificar as regras, a reforma apresenta um forte cunho político. “Dessa vez o Brasil não foi tratado como colônia, diferente das outras reformas que foram impostas por Portugal.

Quem ditou grande parte das regras foi o Brasil”, comenta a professora Cátia

Wankler, do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (DLLV), da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) começou a preparar as mudanças

nos livros didáticos em 2007 e pretende que, até o fim de

2009, todos os livros publicados atendam as novas regras gramaticais.

A reforma está em vigor no país desde janeiro de 2009, mas as duas grafias (antiga e nova) podem ser usadas até 2012. Até lá, ambas valem para o vestibular, provas escolares e concursos públicos.

Apesar do prazo ser até 2012, muitos estudantes estão preocupados com a implantação da nova reforma e as dúvidas são frequentes. Para a estudante Vanessa Noronha, aluna do curso de Letras da UFRR e integrante do PET Letras, a língua portuguesa está em constante evolução. “Provavelmente, logo teremos novas regras e novas exceções na nossa gramática”, comenta.

ESTUDANTES E A NOVA REFORMA

Os portugueses terão seis anos para se adaptarem a nova reforma. Os brasileiros, somente quatro. Vanessa diz que o importante é nos acostumarmos a escrever com a nova grafia o quanto antes. “Dessa forma, nos adaptaremos mais rápido e ainda estimulamos os leitores a seguirem o exemplo”, afirma Marcus Miranda, aluno de Comunicação Social na UFRR e estagiário do jornal Roraima Hoje.

Entre todas as mudanças, o uso do hífen e as regras de acentuação dos ditongos são, segundo os estudantes, as que causam maior dificuldade. “Em alguns casos se usa o hífen, em outros não. Some o acento nos ditongos abertos, nos outros não. Esse tipo de coisa vai demorar um pouco para ser fixada”, acredita Marcus.

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10 | REFORMA

PORTUGUÊS DO MESMO JEITONovo acordo ortográfico vai facilitar as relações entre países que falam a Língua Portuguesa

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cerimônia de colação de grau do curso de Licenciatura Intercultural, do Núcleo Insikiran de Formação Superior Indígena, foi marcada pela Aemoção. Familiares, amigos e

professores reuniram-se na Comunidade de Canauanim, município do Cantá, nos dias 27 e 28 de março, para celebrar a conquista do diploma pelos

FORMATURA REÚNE FAMILIARES,E PROFESSORES NA COMUNIDADE DE CANAUANIM

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12 | MOMENTO HISTÓRICO

38 professores indígenas que fizeram parte da primeira turma do curso.

Os alunos da licenciatura pertencem aos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Taurepang, Wai Wai, Ingaricó e Ye'kuana. E foi nessas línguas maternas que eles prestaram o juramento no momento da colação. O reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), professor Roberto Ramos, destacou a emoção desse momento histórico para os povos indígenas e ressaltou a vitória da comunidade universitária, dos estudantes, professores, técnicos administrativos e todos aqueles que abraçaram a causa de defender a educação superior indígena.

O coordenador geral do Núcleo Insikiran, professor Marcos Braga, parabenizou os professores formados e afirmou a importância dos conhecimentos adquiridos durante a formação superior. “Que os conhecimentos adquiridos possam beneficiar as escolas e as comunidades”, disse. O coordenador também fez menção à memória da professora Maria Auxiliadora de Souza Melo, primeira coordenadora do Núcleo Insikiran e que dá nome à primeira turma de alunos formados na Licenciatura Intercultural.

A oradora da turma, Pierlângela Cunha, lembrou das entidades e organizações parceiras que proporcionaram a oportunidade de criação do curso de licenciatura. “De flechas, hoje somos arcos porque vamos contribuir e fortalecer a política educacional de nossos povos”, afirmou.

Também estiveram presentes na cerimônia o então secretário estadual da Educação, Luciano Moreira, o coordenador regional da Funai, Gonçalo Teixeira, e o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito Souza, além de representantes do Ministério da Educação (MEC), pró-reitores e professores da UFRR.

CRISTINA OLIVEIRA

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01 - Formandos assinam livro de presença antes na chegada à cerimônia; 02 - Artefatos indígenas; 03 - Juramento; 04 - Pronunciamento do professor Marcos Braga, coordenador geral do Núcleo Insikiran; 05 - Formando emocionado beija diploma; 06 - Oradora, Pierlângela Cunha; 07 - Cumprimento aos formandos; 08 - Formando da primeira turma e professores do Nûcleo Insikiran.

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