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CRIAÇÃO DE CABRAS Maria das Graças Carvalho Moura e Silva 1 1 Introdução Desde os tempos coloniais, o Nordeste vem sendo o grande difusor da caprinocultura no Brasil. Entretanto, só a partir da década de 70 é que a atividade recebeu maior incentivo, es- tabelecendo, assim, opção econômica para os pequenos e mé- dios proprietários das outras regiões, além da classe rural nor- destina. As criações especializadas em caprinos no Brasil vêm aumentando consideravelmente, principalmente nas regiões Su- deste, Sul e Centro-Oeste. A rápida difusão da espécie caprina só foi possível graças à grande facilidade de adaptação aos dife- rentes ambientes. A cabra é um dos poucos animais capazes de sobreviver e produzir em condições adversas, como as observa- das em regiões de clima extremamente quente ou frio e com poucos recursos naturais. Daí, tornou-se ao mesmo tempo uma atividade agradável, rentável e com alto valor social, contribuin- do com carne e leite na alimentação familiar. 1 Professora do Departamento de Zootecnia

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CRIAÇÃO DE CABRAS

Maria das Graças Carvalho Moura e Silva1

1 Introdução

Desde os tempos coloniais, o Nordeste vem sendo o

grande difusor da caprinocultura no Brasil. Entretanto, só a partir

da década de 70 é que a atividade recebeu maior incentivo, es-

tabelecendo, assim, opção econômica para os pequenos e mé-

dios proprietários das outras regiões, além da classe rural nor-

destina. As criações especializadas em caprinos no Brasil vêm

aumentando consideravelmente, principalmente nas regiões Su-

deste, Sul e Centro-Oeste. A rápida difusão da espécie caprina

só foi possível graças à grande facilidade de adaptação aos dife-

rentes ambientes. A cabra é um dos poucos animais capazes de

sobreviver e produzir em condições adversas, como as observa-

das em regiões de clima extremamente quente ou frio e com

poucos recursos naturais. Daí, tornou-se ao mesmo tempo uma

atividade agradável, rentável e com alto valor social, contribuin-

do com carne e leite na alimentação familiar.

1Professora do Departamento de Zootecnia

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2 Objetivos da Criação

A cabra ( Capra hircus) é um ruminante doméstico, e é

sabido que o rebanho caprino brasileiro alcança cerca de 11,9

milhões de cabeças, conforme estimativa do ANUALPEC (1998).

O Nordeste concentra 89,8% desse total, com 10,7 milhões de

animais. É importante definir o tipo de exploração a que esses

animais serão submetidos, pois eles fornecem vários produtos,

como: carne, leite, pele, pêlo e esterco.

Seja qual for a finalidade da exploração, a localização do

criatório deve ser nas proximidades de um bom centro consumi-

dor.

2.1 Carne

Provavelmente, a demanda está limitada pela oferta, ou

seja, constitui-se em um mercado pouco explorado. Em média, a

carcaça representa 54% do peso vivo; as vísceras comestíveis,

11,2%; outros produtos não comestíveis, 11,6%, e o sangue e

as perdas constituem 6,9%.

O odor da carne está relacionado, especialmente, ao mo-

mento da esfola. O odor não é próprio da carne, e sim transmiti-

do pela pele. Daí, a necessidade de se ter o maior cuidado por

ocasião da esfola, a fim de que não haja contato da parte externa

da pele com a carne.

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2.2 Leite

É um alimento de alto valor nutritivo (exceto ferro) e de fá-

cil digestão; isso justifica sua freqüente utilização na alimentação

de pessoas idosas com problemas gástricos.

O leite de cabra contém os cinco elementos necessários à

nutrição: (1) o açúcar, (2) a proteína, (3) a gordura, (4) as vitami-

nas e (5) os sais minerais. Apresenta também uma alta digestibi-

lidade em função do tamanho (3 microns) e dispersão de seus

glóbulos de gordura, bem como das características de sua caseí-

na. (principalmente a beta caseína, o que confere um coágulo

mais macio e quebradiço quando acidificado; além disso, os coá-

gulos menores e mais quebradiços são mais rapidamente ataca-

dos pelas proteases estomacais, facilitando a digestão).

Como em qualquer tipo de leite, a composição química do

leite de cabra varia com a genética, estado fisiológico, ordenha e

posteriores manipulações do produto.

O leite de cabra, de vaca e de mulher apresenta diferen-

ças entre si, tanto na quantidade como na classe de proteína.

Contudo, existem alguns trabalhos científicos que indicam o leite

de cabra como o ideal para ser usado por crianças alérgicas ao

leite de vaca e pessoas que fazem tratamentos quimioterápicos,

porque o mesmo pode diminuir a queda de cabelos, o que é uma

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característica desse tipo de tratamento. Obviamente, o leite pode

ser consumido também como alimento por qualquer pessoa.

Do leite de cabra, fabricam-se deliciosos queijos, doces,

iogurtes, sorvetes, etc.

2.3 Pele

A cabra é o animal doméstico que possui a pele mais re-

sistente e bem mais forte que qualquer outra pele, representando

importante fonte de renda. Essas peles são destinadas para pro-

dutos refinados de couro, como: bolsas, sapatos, luvas, etc.

A pele deve ser cuidada convenientemente no abate, es-

fola e conservação.

2.3.1 Abate

Os métodos modernos utilizam eletricidade e punção. São

métodos empregados para o animal sofrer o menos possível.

Não dispondo desses métodos, o criador deverá usar o sistema

tradicional de abate, que consiste em pendurar o animal pelas

patas traseiras, procedendo-se à sangria, com um corte seguro e

profundo na veia jugular, deixando escorrer todo o sangue (Figu-

ra 1).

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Antes do abate, os animais devem ficar 24 horas em lo-

cais com bastante água e com pouca ou nenhuma ração.

O local do abate deve ser limpo e permitir que o sangue

seja recolhido facilmente num vasilhame qualquer, ou em uma

vala pela qual escorra livremente.

2.3.2 Esfola

A esfola consiste em fazer um corte ao redor de cada um

dos cotovelos e outro na cabeça, na altura das orelhas (Figura

2). Retira-se a pele com o maior cuidado possível, evitando-se

que seja furada ou rasgada pela faca. Para isso, usam-se facas

de ponta recurvada, e nunca uma faca de ponta fina.

Para evitar cortes e furos, usa-se também o ar comprimi-

do, o que pode ser feito por processo de soprobucal direto, ou

então empregando-se a pressão do punho (Figura 3).

Figura 2: Figura 3:

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2.3.3 Conservação

Para que a pele não se estrague após ser tirada do ani-

mal, deve ser lavada em uma solução de salmoura bem concen-

trada, para retirar algum sangue restante, pedaço de carne e

gordura, pois estas deixam manchas na pele (Figura 4) ou em

grade (Figura 5).

Figura 4: Figura 5:

No caso de se empregar varas, estas devem ser coloca-

das do lado do pêlo e não do lado interno. Deve-se ser seca à

sombra, em lugar bem arejado e fora do alcance de animais que

possam estragá-la.

Para curtir a pele com pêlo ou cabelo, deve-se esfregar,

pelo lado carnal, uma mistura em partes iguais de sal comum e

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pedra ume, pulverizando para formar uma cobertura bem unifor-

me sobre ela.

Depois de seca, a pele deve ser tirada das varas ou da

grade; logo após, deve ser borrifada com uma solução à base de

naftalina, ou produto similar, para evitar a pulilha (traça). Isso a-

judará a sua conservação. A maneira correta de guardá-la e do-

brá-la é no sentido do comprimento, deixando a parte do cabelo

para dentro.

2.4 Pêlos

Usa-se pêlo de caprinos para diversos fins, dependendo

da raça, comprimento do fio, maciez, etc.

Com o pêlo fabricam-se feltros, tecidos aveludados, pin-

céis, escovas, tapetes, etc.

2.5 Esterco

Sendo rico em nitrogênio, fósforo e potássio, é indicado

para adubação em culturas agrícolas em geral.

A produção média de esterco de uma cabra é de 600

kg/ano, o que pode representar uma economia considerável na

compra de adubos químicos.

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3 Características dos Caprinos

3.1 Dentição

É possível, na prática, fazer-se a avaliação da idade dos

caprinos pela observação e exame da arcada dentária (Figura

6).

Os ruminantes não possuem caninos e os caprinos nas-

cem sem dentes.

A primeira dentição dos caprinos é constituída de 20 den-

tes, sendo 8 incisivos e 12 molares, todos chamados de dente de

leite ou caducos. Na dentição permanente, as arcadas dentárias

ficam assim formadas:

superior com 12 molares, 6 de cada lado.

inferior com 12 molares, 6 de cada lado e 8 inci-

sivos (divididos em: pinças, 10 médios, 20 médios e

cantos).

Figura 6: Avaliação da idade pelos dentes.

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Determinação aproximada da idade pelos dentes

1 – um ano; 2 – 18 meses; 3 – 2 anos; 4 – 2 ½ a 3 anos; 5 – 3 ½ a 4 a-nos

(adaptado de Sá, 1990)

Aos 4 anos a dentição está completa e os cantos atingem

o seu máximo desenvolvimento.

Aos 4 ½ anos começa o desgaste dos cantos

Aos 5 anos rasam os 10 médios

Aos 6 anos rasam os 20 médios

Aos 7 anos rasam os cantos

3.2 Aparelho Digestivo

A cabra apreende ou capta os alimentos com os dentes; o

resultado prático disso é que a cabra é capaz de cortar as forra-

geiras bem rente ao solo, mas também comer cascas de árvores,

cortar galhos mais tenros, etc. Sendo animais ruminantes ou po-

ligástricos, o estômago tem quatro divertículos: rúmen, retículo,

omaso e abomaso (Figura 7). Relativamente, a capacidade gás-

trica dos caprinos é superior à dos ovinos e bovinos, em torno de

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50% do peso vivo, o que explica o grande apetite ou voracidade

das cabras.

A temperatura corporal normal da cabra está sempre

compreendida entre 390 e 400 Celsius ( C ) em animais adultos e

410 Celsius (C), em animais jovens. Essa temperatura é comu-

mente mais elevada meio grau pela tarde do que pela manhã.

A pulsação normal varia de 70 a 85 por minuto entre os

adultos e de 90 a 100 entre os cabritos, tomada na face interna

do antebraço (Figura 8).

A freqüência respiratória varia de 12 a 15 respirações por

minuto, um pouco mais entre os animais jovens.

Figura 7 Figura 8

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4 Raças

Raça pode ser definida como um grupo de animais que

possuem o mesmo conjunto de caracteres fixos e transmissíveis

aos descendentes.

A escolha da raça é um fator de sucesso na exploração de

caprinos. Devem ser adquiridos animais provenientes de locais

de venda que sejam idôneos, conforme o tipo de exploração de-

sejada e que se adaptem às condições climáticas da região onde

serão criados.

Na Figura 9 tem-se a representação de todas as partes do

corpo do animal, com sua respectiva denominação zootécnica.

Figura 9:

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4.1 Raças Produtoras de Leite

São animais que geralmente apresentam conformação ge-

ral para a clássica forma de cunha, aspecto descarnado, feminili-

dade acentuada nas fêmeas e, sobretudo, um úbere bem desen-

volvido e glanduloso. Os membros devem ser curtos, de prefe-

rência bem aprumados e fortes.

As raças caprinas especializadas são: Saanen, Alpina,

Toggenburg, Murciana, La Mancha Americana, Nubiana.

SAANEM

ALPINA

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4.2 Raças Produtoras de Carne

São animais obtidos por cruzamentos com a raça Anglo-

nubiana, e são enviados para o abate os cabritos machos ou

com características raciais indesejáveis. No Brasil as raças espe-

cializadas são: Anglonubiana, Bhuj, Mambrina, Jamnapari, Boer

TOGGENBURG MURCIANA

NUBIANA

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4.3 Raças Produtoras de Pele e Pêlo

São raças nativas, cuja produção de peles garante a ren-

tabilidade para o produtor, principalmente o nordestino. De apti-

dão mista para carne e pele. Temos: Moxotó, Canindé, Marota,

Repartida, Angorá ( Mohair).

ANGLONUBIANA BHUJ

MAMBRINA JAMNAPARI

BOER

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5 Instalações

Existem vários sistemas de criação de caprinos: intensivo,

semi-intensivo, extensivo e de subsistência.

Sistema Intensivo: os animais permanecem confinados

durante todo o tempo, tendo acesso a uma área para tomarem

sol e fazerem exercícios. Eles recebem toda alimentação em co-

cho. As instalações são mais sofisticadas e, portanto, mais caras,

uma vez que tendem a proporcionar um mínimo conforto aos a-

nimais.

Sistema Semi-intensivo: os animais saem do abrigo para

o pasto pela manhã e retornam à tarde para receberem ração

volumosa e concentrada, dependendo das necessidades. As ins-

MOXOTÓ CANINDÉ

REPARTIDA

ANGORÁ

MAROTA

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talações são intermediárias entre os sistemas intensivo e exten-

sivo.

Sistema Extensivo: neste sistema, os animais são manti-

dos no campo na quase totalidade do tempo, sendo o alimento

obtido quase que exclusivamente no pastoreio direto. Este siste-

ma é típico da maioria dos criatórios do Nordeste brasileiro, onde

as condições são precárias, principalmente as de alimentação,

com a criação de animais de baixa produtividade, porém com alta

rusticidade. As instalações são simples, compostas de um galpão

ou mesmo de um cercado, onde os animais são recolhidos à noi-

te ou para alguma prática de manejo.

Criação de Subsistência: esta criação está localizada na

periferia dos grandes centros urbanos. O proprietário do animal

leva-o para pastar em terrenos baldios e o deixa amarrado em

corda.

Para a exploração leiteira, são aconselhados os sistemas

intensivos e semi-intensivo, e entre esses, o intensivo é o melhor.

Para as raças especializadas em produção de leite e com a cria-

ção em média e grande escala, torna-se necessário o planeja-

mento de instalações (capril, aprisco, cabril) funcionais, práticas e

econômicas que atendam às necessidades dos animais.

5.1 Local de Escolha

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As instalações destinadas ao abrigo dos animais devem

ser localizadas em áreas de fácil acesso, bem drenadas, orienta-

ção Leste para Oeste e fechado ao Sul (para evitar as correntes

de ventos mais frios), ensolaradas, bem ventiladas, claras, com

facilidade de limpeza, água de boa qualidade e protegidas contra

chuvas, radiação solar, predadores, etc, e a produção deve ter

fácil acesso ao centro consumidor.

5.2 Tipo de Instalação

Tipo Gaiola: as baias podem ser individuais ou para dois

animais, com piso suspenso suficiente para uma boa limpeza

diária. São mais econômicas e versáteis (bambu, madeira, etc),

Figura 10.

Tipo Galpão ou Cabanha: este tipo é o mais usado pela

maioria dos criadores. A cobertura varia de acordo com a conve-

niência do criador, desde que seja impermeável à água e proteja

os animais do sol sem aumentar a temperatura interna (Figura

11).

Figura 10 Figura 11

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As baias para as cabras em lactação ou secas podem ser

de dois tipos: individuais, quando em criações de pequeno porte,

ou coletivas,

A área total da construção é calculada bastando multiplicar

o número de cabras existentes por 2,0 m2 . De posse desses da-

dos e com o número de animais, o criador poderá calcular a área

total e as subdivisões do capril a ser construído. A altura do pé

direito deve ser de pelo menos 2 m até o piso; deste ao solo, a

altura deve permitir uma limpeza fácil, sendo recomendado de 80

a 100 cm. As divisões internas poderão ser de madeira ou de

alvenaria, numa altura de 1,4m para reprodutores e 1,2 m para

as demais categorias. Recomenda-se o piso ripado, sendo as

ripas espaçadas entre si 1,5 cm para animais com até 3 meses

de idade e 2,0 cm para animais acima dessa idade, para evitar

que machuquem as patas entre os espaços das ripas (Figura 12)

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Figura 12 : Esquema de piso ripado.

a = para animais jovens1,5cm; para animais adultos: 2,0cm.

5.3 Solário

Deve-se prever uma área externa para exercícios e cobri-

ção, sendo esta de 2m2/ fêmea ou 4m2/ reprodutor. O piso pode

ser cimentado (mais indicado) ou de terra batida (difícil de ser

higienizado).

5.4 Bebedouros

Localizados no lado externo das baias, podem ser do tipo

fixo (caixa d’água central com bóia mantendo o mesmo nível de

água para todos os bebedouros), baldes de plástico ou automáti-

co para leitão. No campo, proteger bóias e fazer limpeza periódi-

ca. Os bebedouros devem ficar no nível da altura da garupa dos

animais, para evitar que esses defequem dentro deles.

5.5 Comedouros ou Cochos

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Devem ficar do lado externo das baias, com separação pa-

ra volumosos e concentrados. Usar ripas de proteção para evitar

que os animais subam nos cochos. Área de chegada no cocho é

de 0,50 m/cabra As manjedouras ou fenis: 0,50 m de altura do

solo e devem estar na divisória das baias. Os saleiros em campo:

cobertos (1,20 - 1,50 m de pé direito), elevado entre 0,50 a 0,60

m do solo e de 0,20 x 0,40 ( largura x profundidade).

Figura 13: Esquema das dimensões do cocho com suas angulaçöes

5.6 Plataforma ou Sala de Ordenha

Sala de ordenha é recomendada para rebanhos com mais

de 40 cabras. Podendo ser do tipo de ordenha lateral ou ordenha

por trás. A ordenha mecânica é viável para rebanhos com mais

de 80 cabras em lactação.

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A plataforma de ordenha consta de um estrado de madei-

ra elevado do solo, com rampa de subida para a cabra e destina-

da a oferecer maior conforto e segurança ao ordenhador e ao

animal durante a ordenha (Figura 14). É recomendável para re-

banhos menores.

Figura 14: Esquema da plataforma de ordenha.

5.7 Esterqueira

Um animal adulto excreta de 1,5 a 2,0 kg de fezes por dia

ou 550 a 700 kg por ano, o que corresponde aproximadamente a

1 m3 / animal/ adulto/ ano.

As dimensões da esterqueira dependem do número de a-

nimais e do número de descargas por ano.

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5.8 Pedilúvio

A finalidade é fazer a desinfecção dos cascos dos ani-

mais. Essa desinfecção poderá ser feita com solução de formol

comercial a 10% ou sulfato de cobre a 10%. Na ausência desses

produtos químicos, a cal virgem diluída em água funciona como

um bom desinfetante.

Os pedilúvios deverão ser construídos na entrada dos cur-

rais, cabris ou apriscos, com as seguintes dimensões:

2,0 metros de comprimento

10 cm de profundidade

largura correspondente à largura da porteira.

5.9 Piquetes

Fácil manejo das pastagens ( escolher a forrageira de a-

cordo com o hábito de pastejo, seletividade, etc), fácil rotação,

diversidade de forrageira (é melhor), bem drenados, bebedouros

bem distribuídos, comedouros, cochos para sal e fenis.

O tempo de utilização é de 3 a 5 dias, com um período de

descanso de 35 dias. Esse manejo visa a diminuir a infecção

parasitária nos animais e o uso de vermífugos.

5.10 Cercas

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São proteções feitas para evitar que os caprinos saiam de

sua área de pastejo. Podem ser de troncos, tábuas, telas, arame

liso ou farpado (não é muito recomendado) e cercas elétricas.

Esses tipos variam conforme a possibilidade de aquisição do ma-

terial (Figura 15).

A altura das cercas dependerá da idade dos animais; em

geral, usa-se cercar com 1,5m de altura, composta por 8 a 9 fios

de arame. Se já existirem cercas para bovinos, basta passar 2

fios a mais entre cada um dos primeiros fios de baixo. A distância

entre mourões deve ser de 2 em 2 metros.

Portões, porteiras e colchetes devem ser de acordo com o

tipo de maquinaria que vai entrar no piquete. As cercas elétricas,

além da economia no custo, é feita com apenas 2 fios e mantêm

os animais no pasto. São energizados a uma baixa amperagem

(2,5 milésimos de ampère), carga que não provoca danos nem

aos animais e nem ao ser humano.

Figura 15: Tipos de cercas

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5.11 Quarentenário

Consiste em uma baia isolada do criatório (aproximada-

mente 100 metros) a fim de que se possa deixar o animal a ser

introduzido no rebanho em observação, isolar animais com doen-

ças contagiosas e acostumar os animais ao manejo nutricional.

5.12 Outras Instalações

Deve-se prever áreas para farmácia, sala de máquinas,

depósito de ração, depósito de materiais, área para guardar feno,

etc.

6 Manejo Alimentar

A nutrição adequada é um dos principais fatores respon-

sáveis pela produtividade de um rebanho.

Animais bem nutridos têm condições de expressar todo

seu potencial genético e são mais resistentes a doenças e para-

sitas.

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Ainda é comum observar que as cabras são alimentadas

como pequenas vacas. Entretanto, apesar de requererem os

mesmos princípios nutricionais, as exigências são diferentes, por

causa da diferença entre as espécies. Diferenças essas, a saber:

hábitos alimentares, atividades físicas, exigências de água, com-

posição do leite, seleção de alimentos, composição de carcaça,

desordens metabólicas e parasitas.

6.1 Hábito Alimentar

Os caprinos têm hábitos alimentares diferentes de bovinos

e ovinos, sendo, provavelmente, a principal razão de sua capaci-

dade de sobreviver e produzir em áreas de pobre cobertura vege-

tal.

6.2 Consumo de Alimentos

A determinação do nível de consumo de alimentos tem

importância para o balanceamento de dietas e para estabelecer

um programa alimentar para os animais.

Os caprinos, por triturarem melhor o alimento, aproveitam

mais a fibra.

O consumo de alimentos depende de:

6.2.1 Fatores Relacionados ao Animal

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Raça, aptidão zootécnica e estado fisiológico.

Animais de raças leiteiras normalmente consomem mais

do que as raças nativas; por exemplo, animais em lactação con-

somem mais do que animais em final de gestação.

6.2.2 Fatores Relacionados ao Meio

Tipo de forragem, idade da forragem, grau de moagem,

método de conservação, quantidade da ração concentrada,

quantidade oferecida e temperatura ambiente.

6.2.3 Seletividade

Os caprinos são muito seletivos e buscam variar a inges-

tão de verde, preferindo vegetação arbustiva, folhas largas, bro-

tos e as leguminosas. Quando as forragens forem fornecidas no

cocho, convém oferecê-las picadas em pedaços grandes ao in-

vés de trituradas, pois são mais bem apreciadas. Quanto ao tipo

de pasto e à qualidade das pastagens, quanto maior a diversida-

de de forrageiras, melhor será o resultado.

6.2.4 Ingestão de Matéria Seca

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Em clima temperado, as cabras ingerem 5 - 6% do peso

vivo. Em clima tropical, a ingestão é de 3 - 5% do peso vivo,

conforme o estado fisiológico do animal (Devendra & McLeroy,

1983).

Para mantença, o animal ingere 3% do peso vivo, e na

gestação, a ingestão é de 2,2 - 2,8% do peso vivo.

6.2.5 Recomendações Práticas

É difícil fazer uma recomendação única de alimentação

por causa dos recursos que cada propriedade dispõe. Portanto,

deve-se estabelecer um programa alimentar para cada situação,

levando-se em conta a categoria animal ( Tabela 5 ).

Tabela 5: Esquema prático para cálculo do teor de Proteína Bru-

ta no concentrado.

Tipo de Volumoso

% de PB no Volumosos

% de PB no Concen-trado a ser oferecido

Categorias a serem suplementadas

Rico > 14 12 a 16 Cabras em lactação e cabrito em crescimento

Médio 10 a 14 16 a 18 Cabras em lactação, cabrito em crescimento e cabras em gestação.

Pobre 5 a 10 18 a 22 Todas as categorias Muito po-bre

< 5 22 a 24 Todas as categorias.

Fonte: Adaptado de SANCHES (1985)

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Observação:

Tipo Rico = forrageiras em crescimento, silagens ou fenos

muito bons, com grande percentagem de leguminosas (teor de

PB acima de 14% na MS);

Tipo Médio = forrageira não madura, silagens ou fenos

bons, com alguma leguminosa (teor de PB de 10 a 14% na MS);

Tipo Pobre = forrageira em início de maturação, silagens

ou fenos de gramíneas medíocres (teor de PB de 5 a 10% na

MS);

Tipo Muito Pobre = forrageira madura, cana picada, sila-

gem ou feno de baixa qualidade (teor de PB inferior a 5% na MS)

e palhadas.

Na época da seca, aumenta o número de espécies pasto-

readas, e nos países tropicais, onde a luminosidade é favorável,

a alta temperatura e umidade proporcionam grande crescimento

das gramíneas tropicais, fazendo com que seu valor nutritivo seja

baixo. E na região do Nordeste, a umidade é baixa e isso limita o

crescimento.

Deve-se fornecer quantidades de volumosos que permi-

tam uma seleção e que o índice de sobra seja de 30% para vo-

lumosos de média qualidade e 50% de baixa qualidade; para o

feno de boa qualidade, 10% e picado 15%; para silagem ótima, a

sobra deve ser em torno de 15%. Portanto, a média de sobra

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deverá ser em torno de 15 a 20% do oferecido. Para as cabras

em lactação, o concentrado poderá ser fornecido no ato da orde-

nha.

6.2.6 Alimentos para Cabras

Leguminosas: guandu, algarroba, soja perene, mucuna-

preta, cunhã, alfafa, amendoim-forrageiro, feijão-de-porco, etc.

Gramíneas: capim-pangola, jaraguá, colonião, gordura,

coast-cross, pangolão, setária, cameron, estrela-africana, napier

e outros.

Hortículas: folhas de nabo, beterraba , cenoura, etc.

Raízes e Tubérculos: mandioca, batata-doce, beterraba,

etc.

Cereais: milho, centeio, milheto, sorgo, trigo, etc.

Outras Folhas: erva-cidreira, anis, bananeira, pitangueira,

goiabeira, confrei, etc.

6.2.7 Alimentação por Categoria

τ Cabritos em Aleitamento:

Assegurar ao recém-nascido a ingestão de colostro nas 6

primeiras horas de vida até 36 horas (durante 5 dias), a quanti-

dade de 100 a 150g/kg de peso vivo ou 0,5 a 0,8 kg/dia (3 a 5

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34

refeições/dia), possibilitando a absorção de anticorpos pelo cabri-

to, que ocorre mais intensamente nesse período. Essa medida é

importante para a prevenção de futuras doenças. Em caso de

morte da matriz, podemos utilizar colostro fresco de outra matriz

e colostro congelado, após aquecido à temperatura de 35 a 370

Celsius (C). Em razão da CAE (artrite encefalite caprina viral), o

colostro natural ou artificial de cabra deve ser pasteurizado antes

de ser oferecido ao cabrito, para que o vírus possa ser inativado;

também pode ser utilizado o colostro bovino. O cabritinho, a partir

do 30 dia de vida, deve ter à sua disposição concentrado, mistura

mineral e água de boa qualidade.

Colostro Artificial:

½ litro de água;

1 ovo;

½ colher de óleo de rícino;

½ litro de leite;

Vitaminas e minerais (premix para crias).

Misturar bem e dar três vezes ao dia, durante 6 ou 7 dias

seguidos, na mesma dosagem.

O aleitamento artificial deve ser feito após o colostro de 3

a 5 dias, em baldes coletivos, mamadeiras (melhor controle), for-

necendo leite de vaca aos animais com 4 a 5 dias, durante 14 a

28 dias (1,0 a 1,5 litros/cabeça/dia). O desaleitamento deverá

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35

ocorrer com 2 a 3 meses de vida; porém, para garantir a saúde

desses animais, devemos ter à disposição um piquete bem cer-

cado, formado com boas gramíneas e que não tenha sido pasto-

reado por animais adultos.

Após a 1ª semana, fornecer concentrado (12 a 18% de

PB), e feno de boa qualidade, da 2ª à 3ª semana. O leite de soja

(no máximo até 30%) pode ser utilizado da seguinte maneira: o

fubá do grão (1 kg/8 litros de água) deve ser fervido por 20 minu-

tos e coado em peneira, acrescentar 1g de sal mineralizado/litro

leite + 1 g de fosfato/litro leite + 300 U.I. vitamina A/litro leite.

Dentre as vantagens em se fazer desmama precoce, te-

mos: menor infestação verminótica melhor desenvolvimento ru-

minal e corporal das crias.

τ Desmama Precoce:

Exemplo 1: Desmama precoce com 35 dias

Idade (dias)

Alimento Número de refeições

Quantidade Total (l)

Observação

1 a 5 Colostro ou substituto

5 0,5

Água à vontade

6 a 11 leite cabra ou cabra + vaca ou de soja

3 1,0 Nos cochos: capins ou feno, ração, á-gua, sal e farinha de osso

12 a 30 leite de vaca 2 1,5 Idem 31 a 33 leite de vaca 2 1,0 idem 34 a 35 leite de vaca 1 0,6 idem

Outro aspecto importante é a urolitíase, que pode apare-

cer em animais machos mesmo em aleitamento; portanto, cuida-

do com a relação Ca : P, que deve ser de 2:1.

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36

Exemplo 2: Desmama tardia com 90 dias

Idade (dias) Alimento Número de refeições

Quantidade total (l)

Observação

1 a 5 colostro 5 0,5 água à vontade 6 a 11 leite de cabra +

vaca 3 1,0 nos cochos, capins

ou fenos, ração, água, sal e farinha de osso

12 a 30 leite de vaca 2 1,5 idem 31 a 60 leite de vaca 2 2,0 idem 61 a 80 leite de vaca 2 1,0 idem 81 a 90 leite de vaca 1 0,5 idem

τ Cabritos em Crescimento:

Fornecer um bom volumoso e 300 - 400 g de concentrado

/cabeça /dia (14 - 16% de PB) e mistura mineral.

τ Cabras:

1- Cabras no final da gestação

Nos últimos meses, deve-se diminuir o consumo e aumen-

tar a exigência. Como volumoso, fornecer de preferência o feno e

a ração concentrada na quantidade de 400 a 600g/cab /dia (20 -

22% de PB) e suplementação mineral. Quando é fornecido volu-

moso de baixa qualidade, aparece uma doença metabólica de-

nominada “Toxemia da Gestação”, na maioria dos casos letal à

matriz e fetos.

2 - Cabras em lactação

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37

Ingerem de 4 - 5% peso vivo de matéria seca (MS). Na ra-

ção concentrada para cabras de menor potencial, o teor de prote-

ína bruta (PB) é de 14%.

Quando os volumosos forem do tipo rico ou médio, o con-

centrado deverá conter 16 - 18% de PB e 60 - 70% de Nutrien-

tes Digestíveis Totais (NDT) e o consumo é de 200 a 300g/kg

leite + 300g mantença; a relação Ca e P é 2:1 (1,2:1,0) e os co-

chos devem ter contenção individual.

τ Reprodutores:

Bodes adultos devem receber volumosos e mistura mine-

ral à vontade, 500 - 800 g/dia de concentrado com 16 - 18% de

PB. Manter a relação Ca : P por causa da grande incidência de

cálculos urinários.

6.3 Minerais

É de suma importância que os animais tenham acesso di-

ário e consumo à vontade de mistura mineral.

Para cabras com alta produção de leite, deve-se incluir 1%

de sal mineral na ração concentrada.

Quando a mistura for feita na propriedade, devem ser le-

vados em consideração o sistema de criação, a qualidade da

pastagem, feno ou silagem, tipo de solo, etc., para a definição de

sua composição e seus ingredientes.

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38

7 Práticas de Manejo

7.1 Descorna

A descorna significa eliminar os chifres dos caprinos adul-

tos ou impedir que os chifres cresçam nos animais jovens.

A descorna deve ser feita entre 1 a 3 meses de idade. O

processo de queimar os botões do chifre com ferro quente é o

mais prático e menos estressante, sendo indicado para cabritos

com idade inferior a 10 dias (Figura 16), ou por aplicação da

pasta caústica (Figura 17)

Figura 16: Descorna com ferro quente

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39

Figura 17: Descorna com pasta química

Os animais adultos são descornados com fio serra ou ci-

rurgicamente; porém, este método causa forte hemorragia e po-

de formar bicheiras no local da descorna; portanto, deve-se usar

ungüento ou repelente.

7.2 Marcação

A marcação pode ser feita, usando-se: 1) tatuagem (na

orelha do animal com auxílio de um alicate apropriado, de acordo

com a legislação vigente); 2) colar (chapas de lata ou plástico);

3) brinco (desvantagem de ser mastigado pelos animais; para

solucionar, basta colocar o número de identificação para dentro

da orelha) e 4) ferro quente (não é usado porque deprecia a pele

do animal).

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40

7.3 Corte de Casco

Deve ser feito com intervalo de 30 dias, variando de acor-

do com o tipo de instalação. Os cascos de animais confinados

em baias de piso de madeira crescem normalmente, porém eles

não são lixados, ocasionando um crescimento exagerado, que

pode perturbar os aprumos (Figura 18).

Figura 18: Casqueamento:

7.4 Castração

Consiste na eliminação dos testículos dos cabritos por reti-

rada completa dos mesmos, abrindo-se o saco escrotal ou por

meio do corte dos cordões dentro do mesmo, para anular as fun-

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41

ções dos testículos; assim, os cabritos perdem a função reprodu-

tiva.

Deve ser feita de preferência no primeiro mês de vida. En-

tretanto, quando a criação tem objetivo de reprodutores, pode-se

fazer essa prática mais tarde.

A castração também é importante para não deixar sabor e

odor na carne. Os processos são:

1) Fita elástica – corta a circulação dos testículos, necro-

sando-os, até que se desprendam; é indicado para ca-

britos jovens (Figura 19).

Figura 19: Castração com fita elástica.

2) Burdizzo - esmaga os cordões sem cortar ou ferir. Po-

de ser feito em qualquer época (Figura 20).

Figura 20: Castração com Burdizzo.

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42

3) Cirúrgico - depois que o cabrito estiver contido (seguro),

faz-se um corte com bisturi, canivete ou faca bem limpa e desin-

fetada na parte inferior da bolsa escrotal, fazendo-se uma abertu-

ra suficiente para a saída do testículo. Em seguida, os testículos

(um de cada vez) são puxados para baixo, juntamente com o

cordão, e raspado até o rompimento total do cordão espermático.

Em cabritos mais jovens, é preferível arrancar o cordão com o

testículo. Antes da operação, a região deve ser lavada e desinfe-

tada. Após a operação, tratar a região com solução anti-séptica

ou pomada, para evitar instalações de bicheira na incisão.

7.5 Tratamento do Umbigo

O corte do cordão umbilical deve ser feito a uma distância

de aproximadamente 2cm do abdômen, utilizando-se uma tesou-

ra esterilizada. Para a desinfecção, mergulhar o restante do cor-

dão umbilical em tintura de iodo a 10%, repetindo esse procedi-

mento durante 2 a 3 dias.

7.6 Separação dos Lotes por Idade

Page 39: bol_19

43

A finalidade é diminuir a contaminação parasitária dos a-

nimais mais jovens e evitar a transmissão de doenças. No paste-

jo rotacionado, os animais jovens entram primeiro.

A taxa de lotação : 1 bovino = 8 caprinos ou ovinos / hec-

tare.

Uma cabra leiteira em pico de lactação pode ingerir até

7% do seu peso vivo.

O período de ocupação de um pasto deve ser de 5 - 6 di-

as. Após esse período, pode prejudicar a rebrota.

8 Manejo Sanitário

A sanidade dos rebanhos é de fundamental importância

para o sucesso da exploração caprina.

É preciso que os animais estejam sadios para que possam

expressar seu potencial genético e ter maior resistência às a-

gressões impostas pelo meio ambiente. Higiene e boa alimenta-

ção são importantes para que um programa sanitário seja bem-

sucedido. A nutrição adequada, isto é, o atendimento das exi-

gências nutricionais de cada categoria animal, torna-os mais re-

sistentes às doenças.

Os animais adquiridos devem passar por um quarentená-

rio, de uso exclusivo, com controle de endoparasitos e ectopara-

sitos, brucelose, toxoplasmose, tuberculose, leptospirose e de

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44

micoplasmose. No caso de fêmeas de alto valor, fazer inspeção

adicional, palpação, CMT ou exames laboratoriais. Após esse

período, devem ser enquadradas na rotina com aferições dos

índices zootécnicos. Outra medida é evitar que o rebanho per-

maneça ou paste em regiões úmidas, que são focos de infesta-

ções verminóticas.

É importante a não-promiscuidade com outras espécies

animais para evitar a transmissão de doenças. No caso de inci-

dência de doenças infecto-contagiosas, deve-se isolar os animais

afetados.

8.1 Desinfecção das Instalações

Não lavar o piso ripado , a não ser que haja doença infecto-

contagiosa.

Deve-se raspar e varrer os dejetos diariamente.

Os comedouros devem estar bem limpos.

Bebedouros sempre devem lavados e secos, pelo menos 1

vez por semana.

Quando possível, usar lança-chamas.

Evitar entrada de pessoas provenientes de criatórios suspeitos,

e ter sempre pedilúvio na entrada.

8.2 Controle de Ectoparasitas

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45

Deve-se fazer sempre inspeções freqüentes para observar

a presença de sarnas, piolhos, berne, bicheira e carrapatos ,

causados por artrópodes, que atacam pêlos, pele ou aparecem

sob a pele dos animais.

Esses parasitas causam queda significativa na produção

das cabras, podendo veicular doenças; provocar queda do pêlo,

danificar a pele, e provocar em alguns animais, inclusive, anemia,

etc.

A ocorrência pode ser devida à alta densidade tanto nas

baias quanto nos piquetes e solários, e à falta de higiene (fezes

em comedouros e/ ou bebedouros, cama, etc).

Prevenção:

ω Separar animais por faixa etária, em baias ou piquetes;

ω Fazer rodízio de pastagens, e os mais jovens

devem pastar primeiro do que os adultos;

ω Deve-se evitar a superlotação;

ω Manter limpos os bebedouros e comedouros (devem fi-

car acima do nível da garupa dos animais);

ω Evitar pastejar em lugares úmidos ou alagadiços;

ω Deixar as fezes curtirem, antes de colocá-las como es-

terco na plantação, e

ω Bom manejo alimentar.

8.3 Controle de Endoparasitas

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46

Constitui as doenças provocadas pelos protozoários, pla-

telmintos e nematelmintos.

Estes parasitas são encontrados freqüentemente nos ca-

prinos, estando localizados nos órgãos como abomaso, pulmões,

intestino delgado e grosso, etc.

A falta de higiene nos comedouros e bebedouros, alta

densidade nas baias e piquetes, pastejo em áreas alagadiças e

nas primeiras horas do dia e acesso a forrageiras de baixo porte

favorecem ao alastramento dessas doenças (Figura 21)

Figura 21:. Ciclos vegetativos de vermes pulmonares e gastrintestinais

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47

Tratamentos Estratégicos Contra Vermes:

1- Medicar os animais no pasto, depois da ocorrência de

chuvas;

2- Realizar exames de fezes (10% do rebanho) a cada 50-

60 dias;

3- Fazer rotação de anti-helmínticos ( princípio ativo);

4- Quando vermifugar os animais, repetir o tratamento aos

19 ou 20 dias depois;

5- Usar a dose recomendada. Nunca usar sub ou super-

dosagens;

6- Não introduzir animais novos no rebanho sem antes ha-

ver passado por um período de quarentena;

7- Não medicar apenas uma parte do rebanho. Todos os

animais devem ser tratados com vermífugos, mesmo os de boa

aparência (portadores sãos);

8- Não vermifugar fêmeas nos 45 dias iniciais e nos últi-

mos 60 dias de gestação, e nos animais com idade inferior a 15

dias.

8.4 Mamite

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48

A principal causa é a falta de higiene na ordenha. Outras

causas são as traumáticas (chifrada dos filhotes ou a própria ca-

bra ou outra pisa no úbere do tipo pendular, quando deitada) e as

predispostas (úbere grande e mal-inserido, válvula do mamilo

relaxada, tetos duplos).

Com esta doença ocorre inflamação de parte ou de todo o

úbere, provocando diminuição da produção de leite.

Como medida preventiva, lavar o úbere da cabra em lac-

tação e a mão do ordenhador, antes de cada ordenha, com solu-

ção desinfetante; fazer uso da caneca telada e do CMT (Califor-

nia Mastite Test); evitar ordenha desnecessárias; imergir o teto

em solução de iodo glicerinado (10g de iodo metálico, 7g de iode-

to de potássio, 160 ml de glicerina e 840 ml de água destilada);

dar preferência ao aleitamento artificial e eliminar animais com

tetos extras.

8.5 Profilaxia de Doenças Infecto-Contagiosas

Comprar animais sadios

Fazer exames de rotina e deixá-los em quarentena

Fazer vacinações

Deve-se fazer os seguintes exames:

tuberculose e brucelose (a cada 6 meses), leptospirose

toxoplasmose e micoplasmose, quando apresentarem sinto-

mas

Isolar os animais

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49

Evitar promiscuidade de espécies

8.6 Desinfetantes Utilizados em Caprinocultura

Desinfetante é todo agente físico ou químico capaz de e-

liminar os germes patogênicos.

O termo bactericida é aplicado à substância capaz de des-

truir bactérias sob a forma vegetativa, enquanto germicida é apli-

cado à substância capaz de destruir todos os microorganismos,

incluindo as formas de resistência ( esporos ).

Existem dois tipos de desinfetantes:

1) Desinfetante químico, por exemplo, cresol (creolina): é

desodorizante, de baixo custo, eficaz contra agente da tuberculo-

se, possui pequeno efeito residual e inativa-se em parte frente à

matéria orgânica; fenol (pinhosol): é estável frente à luz solar e

ar, possui toxidez e não tem bom efeito sobre esporos, sendo

irritante para a pele; cal: é ideal para obstruir gretas de madeiras

dos alojamentos, possui baixo custo e facilidade de aplicação, é

de baixo poder desinfetante e é irritante para mucosas oculares e

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50

do trato respiratório; yodofor (biocid): perde ação frente à matéria

orgânica, etc.

2) Desinfetante físico : lança-chama, que é utilizado para

fazer a desinfecção de toda a instalação, atua em qualquer situa-

ção, sem ser inativado por matéria orgânica. É de baixo custo;

entretanto, não possui efeito residual e necessita de mão-de-obra

especializada.

ESQUEMA DE VACINAÇÕES DOENÇA CONDIÇÕES PERÍODO Aftosa em regiões onde ocorre a

doença ou em casos de risco, como exposições, transportes, contato direto ou indireto com outros animais.

Conforme recomendação prescrita para os bovinos da região.

Carbúnculo sintomático Em regiões onde há a doença ou em condições de risco.

Anualmente. Filhotes: com 4 meses de idade e repetir aos 12 meses de idade. Gestantes: 50 a 40 dias antes do parto.

Ectima contagioso ---------- Rebanho Indene: não vacinar. Rebanho que já apresen-tou a doença, fazer a vacinação da seguinte forma:filhotes, 3o mês de idade; fêmeas, 3o mês de gestação.

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51

vacinação da seguinte forma:filhotes, 3o mês de idade; fêmeas, 3o mês de gestação. Rebanho Anualmente.

Enterotoxemia Identificada a doença no criatório, utilizar toxóides e bacterinas autóctones.

Cabras: inicialmente duas doses com intervalos de duas semanas. Reforço no final da prenhez (3 semanas antes do parto). Cabritos: 1a dose com 3 a 4 semanas de idade e a 2a dose, duas semanas depois. Machos: duas doses anualmente. Revacinar todo o rebanho 1 vez ao ano.

Leptospirose Em caso de sorologia positiva no rebanho.

Semestralmente ou con-forme recomendação do veterinário.

Linfadenite caseosa Em rebanhos problema Conforme recomendação do fabricante.

Colibacilose Pasteurelose Salmonelose

Ocorrendo o problema, o técnico deverá julgar a conveniência do uso de bacterinas autóctones

Inicialmente duas doses com intervalo de duas semanas em todos os animais. Posteriormente em fêmeas no último mês de gestação.

Raiva _____________________ Tétano

Em caso de ocorrência da doença, num raio de 15 km (herbívora) _____________________

Vacinar todo o rebanho 1 vez por ano em regiões onde há surto da doença. _____________________ Filhotes: 3o mês de idade; Fêmeas: 4o mês de ges-tação. Obs: Quando houver feri-mento ou se fizer cirurgia, é bom vacinar.

Fonte: Sanches, 1982

REGRAS PARA UMA BOA VACINAÇÃO:

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52

É de suma importância que na aplicação de uma vacina o

vacinador observe alguns cuidados fundamentais, tais como:

Observar a data de validade da vacina;

Cumprir rigorosamente as instruções do fabricante;

Manter a vacina gelada até o momento da aplicação;

Fazer assepsia no local e material empregado;

Evitar vacinar os animais cansados ou debilitados, submeti-

dos a esforços excessivos durante ou após a vacinação;

Fazer a aplicação com tranqüilidade.

ONDE VACINAR:

Os locais mais recomendados para aplicações de vacinas

e injeções de medicamentos são:

1 - ENDOVENOSA ( veias) : na jugular;

2 - SUBCUTÂNEA ( entre a pele e a carne): de preferência na

tábua do pescoço, atrás da paleta e face interna da coxa;

3 - INTRAMUSCULAR ( no músculo): de preferência na anca,

peito ou pescoço;

4 – INTRADÉRMICA (entre as camadas da pele): na orelha.

4

1 2

3 2

3

3

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53

9 Manejo Reprodutivo

O controle reprodutivo é fundamental para que, por meio

de um planejamento de monta bem estruturado, possa dar ao

criador uma produtividade durante todo o ano. Ao adquirir matri-

zes, deve-se verificar principalmente a conformação do úbere,

produção leiteira, genitália externa, idade e características raciais

(quando registrada), ausência de CAEV, Linfadenite caseosa e

Ectima contagioso.

9.1 Reprodutor

Um macho não deve ser adquirido antes dos 6 (seis) me-

ses de idade, pois é nessa idade que ele atinge a puberdade.

9.1.1 Aparelho Reprodutor Masculino

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54

9.1.2 Puberdade

A puberdade é a idade em que os animais começam a a-

presentar diferenças sexuais secundárias. Fisiologicamente os

machos apresentam maturidade sexual entre os 4 - 5 meses de

idade (40 a 50% do peso vivo), quando começam a produzir es-

permatozóides e o apêndice vermiforme (apêndice existente na

ponta do pênis - glande) se desprende da glande.

9.1.3 Idade para Iniciar na Reprodução

Em geral, aos 10 - 12 meses pode-se iniciar como repro-

dutor, dependendo do seu desenvolvimento, cobrindo de uma a

duas fêmeas por dia e descansando no dia seguinte. Os machos

que iniciam a atividade reprodutiva muito cedo devem dispor de

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55

uma alimentação excelente, para que possam cruzar e continuar

tendo um bom desenvolvimento corporal. A prática de estação de

monta é altamente desejável e consiste em deixar o reprodutor

cobrir as fêmeas por apenas um determinado período de tempo

por ano.

9.1.4 Monta Natural

O bode, ao entrar em contato com a fêmea no cio, produz

um odor (odor hircino) que é característico e produzido por uma

glândula existente atrás dos chifres. O animal passa a urinar por

toda a face, cheira e lambe a vulva da fêmea, levanta o lábio in-

ferior, retrai o superior e cheira o ar (Reflexo de Flehman).

9.1.5 Relação Macho - Fêmea

A quantidade de machos a serem mantidos no plantel, pa-

ra uma eficiente cobertura de todas as fêmeas, é de um macho

para cada 25 matrizes (4%), quando os animais são jovens, e de

um macho para 35 fêmeas (3%), quando os reprodutores são

mais velhos.

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56

No sistema intensivo, é indicado um bode para 15 matri-

zes.

A quantidade de cobertura para um reprodutor já totalmen-

te desenvolvido não deve exceder a 6 saltos por dia, tendo como

uma boa média 3 a 4 coberturas por dia. Quando for muito exigi-

do, deverá descansar no dia seguinte.

9.1.6 Estacionalidade

O bode puro pode apresentar estacionalidade, isto é, cru-

za somente em um período do ano (janeiro a abril), mesmo que

tenha fêmeas no cio perto dele. Esse fenômeno é causado por

fatores ambientais, manejo alimentar e individual (peso, idade,

raça).

9.1.7 Inseminação Artificial

Atualmente só é realizada com sêmen de machos que

possuem teste de progênie, que é obtido controlando a produção

das filhas do bode e verificando o quanto ele pode melhorar em

um rebanho.

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57

9.2. Fêmea

Em todo o rebanho é importante identificar e eliminar os

animais improdutivos, como fêmeas velhas, fêmeas que falharam

2 (dois) anos consecutivos, fêmeas que rejeitam ou não criam

bem suas crias ou têm problemas de úbere (mamite, falta de

tetas, tetas entupidas ou cortadas, etc), apresentem deformação

no aparelho genital externo e doenças crônicas.

9.2.1. Aparelho Reprodutor Feminino

9.2.2 Puberdade

Neste período a fêmea tem o primeiro cio, que geralmente

aparece fisiologicamente entre 4 a 5 meses (40 a 50% do peso

vivo), porém não se deve colocá-la em atividade sexual porque

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58

ainda não atingiu um peso mínimo para manter a gestação, cres-

cer ao mesmo tempo e produzir leite. Normalmente esse peso é

atingido próximo aos 8 meses de idade (raças leiteiras).

9.2.3 Época Ideal de Reprodução

Para raças leiteiras, o peso ideal para a primeira cobertura

é em torno de 30 a 35 kg, ou seja, 60% do peso adulto. Normal-

mente, esse peso é atingido próximo aos 8 meses de idade (ra-

ças leiteiras).

9.2.4 Cio

A duração do ciclo estral é de 19 a 21 dias em média, ou

seja, a cabra apresenta cio de 21 em 21 dias aproximadamente,

podendo ter uma variação normal de 18 a 22 dias.

O cio tem uma duração média de 36 h, com uma variação

normal de 24 a 48 h (aceita o macho ± 14 a 36 h). A ovulação

ocorre 12 a 18 h após o início da aceitação da monta (difícil é

saber quando se iniciou a aceitação). Daí, recomendam-se: ca-

bras, inicialmente encontradas em cio pela manhã, devem ser

cobertas na mesma manhã e à tarde do mesmo dia; cabras que

são encontradas em cio à tarde, devem ser cobertas neste perí-

odo e na manhã seguinte do dia seguinte. Dessa maneira, ca-

bras com cio curto serão cruzadas, evitando-se perda de cio.

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59

0 h ±± 14 h ±± 26 h ±±

36 h

Não aceita monta ||aceita monta ||

⟨⟨ Ovulação

Melhor Momento para Cobertura ⟨⟨ ( ±± 6 h)

(muco leitoso) ⟨⟨ Já não aceita monta

A fêmea no cio deve ser levada ao reprodutor 2 vezes ao

dia, com intervalos de 10 a 14h entre uma monta e outra.

Comportamento da Cabra no Cio:

Queda de apetite;

Inquietação;

Monta e deixa-se montar pelas companheiras;

Bale constantemente;

Procura pelo macho;

Movimentos laterais rápidos da cauda;

Vulva edemaciada e avermelhada, com muco cristalino no iní-

cio;

Reflexo da micção (urinar) é mais constante e,

Passa a aceitar o macho após a ovulação.

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60

9.2.5 Gestação

Tem um período de 150 dias em média, influenciado bas-

tante pela alimentação, fatores mecânicos, medicamentos, etc.

Em virtude do pequeno porte dos caprinos e da impossibi-

lidade de fazer o toque retal, o diagnóstico da gestação se dá

pelo desaparecimento dos cios, e no final da gestação, pelo en-

chimento do úbere e a palpação externa do feto (Figura 22).

Não devemos vermifugar as cabras nos dois últimos me-

ses de gestação por causa do risco de aborto.

Os principais cuidados com a gestante resumem-se em

secar o leite 60 dias antes do parto e fornecer alimentação equi-

librada para evitar abortos e toxemia.

Figura 22: Várias posições do feto

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61

9.2.6 Parto

Durante este período, a cabra apresenta os seguintes si-

nais: a cauda e as ancas afundadas, o úbere torna-se brilhante, a

respiração fica mais difícil, o olhar mostra-se assustado, a cabra

mostra-se mais afetuosa com seu criador, o animal fica inquieto,

as patas dianteiras dobram-se como querendo acamar-se, berra

muito e olha para trás, às vezes, para a frente, enfim, no momen-

to do parto, a cabra deita-se (Figura 23).

Page 58: bol_19

62

O parto inicia-se entre 1 e 10 h após o início das contra-

ções uterinas. No máximo 3 h após o nascimento do primeiro,

todos os filhotes já devem ter sido expulsos, e até 2 h após o

nascimento do último, a placenta deverá ser expulsa. Após o

nascimento de cada filhote, a cabra o lambe e o enxuga.

Depois de 10 a 30 minutos do nascimento, o filhote deverá

estar de pé, devendo ser estimulado a mamar o colostro no má-

ximo até 6 h após o nascimento. Se a cabra não lamber o filhote,

este deverá ser enxuto com um pano limpo.

Não há necessidade de ajudar a fêmea durante o parto, só

se houver algum problema com o filhote. Caso haja, quem for

fazer o parto deverá cortar bem as unhas para evitar ferir o ani-

mal, lavar as mãos com sabão, untando-as com óleo.

Todos os movimentos deverão ser muito cuidadosos, pois

o útero da cabra é frágil e rompe com muita facilidade.

9.2.7 Aborto

A cabra é um animal que aborta com muita facilidade. Vá-

rias são as causas que provocam o aborto, como, por exemplo:

as causas mecânicas, cujo aborto é provocado por pancadas,

golpes, pedradas, correrias, choques, etc.; as causas de ordem

nutritivas, como má alimentação, fome e ração alimentícia defici-

ente e insuficiente; as causas provocadas por ordem patológica,

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como febre, infecções, brucelose, etc, e as causas provocadas

por plantas tóxicas abortivas.

Vistas as causas que provocam o aborto da cabra, caberá

ao criador dispensar, para este animal, todo o cuidado durante o

período de gestação.

9.2.8 Ordenha

Para as cabras leiteiras, são recomendadas duas orde-

nhas diárias, sempre no mesmo horário, para condicionar os a-

nimais a liberarem leite.

O local de ordenha deve ser limpo, com facilidade de á-

guas de boa qualidade, tranqüilo e sem barulhos.

A ordenha pode ser manual ou mecânica; no entanto, os

cuidados de higiene devem ser: 1) o ordenhador deve lavar bem

as mãos; 2) lavagem do úbere em água corrente; 3) secagem do

úbere com papel-toalha. Deve-se desprezar os três primeiros

jatos para diagnosticar mastites clínicas.

A maneira correta de segurar o peito da cabra é também

fator importante para provocar uma saída normal do leite (Figura

24).

Figura 24 Ordenha manual

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9.2.9 Indução de Cio

A indução e/ou sincronização de cio são feitas com uso de

esponja impregnada com progesterona sintética, que é introduzi-

da na vagina da cabra, aí permanecendo por 11 a 21 dias, de-

pendendo do tratamento utilizado. (Tabela 6).

Tabela 6: Tratamento Curto: esta técnica apresenta melhores

resultados

Dia 1

Dia 11

Esponja com 45mg de FGA (fluorogestona)

48 horas antes de retirar, aplicar 400 a 500UI de PMSG + 5 a 10µg de prostaglan-dina natural (lutalyse) ou 100 a 200µg de clo- prostenol sódico (ciosin)

Retirada da esponja

97% das fêmeas entram no cio 24horas após a retirada da esponja

OBS: Apesar de a literatura recomendar a utilização de 400 a

500 UI de PMSG (soro de égua prenhe), essa dosagem tem pro-

vocado superovulação nas condições tropicais; assim, essa do-

sagem deve ser reduzida para 250 a 300 UI.

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65

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